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AVALIAÇÃO N2 EDUCAÇÃO - Pamelly Soares de Jesus RA - 125111374283

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI 
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA 
 
 
 
 
 
 
Pamelly Soares de Jesus – RA: 125111374283 
 
 
 
 
 
 
N2 INTERVENÇÕES EM CONTEXTOS ESCOLARES EDUCACIONAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
SÃO PAULO – SP 
2022
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Questão 1 
 
O termo “dificuldade de aprendizagem” sugere que o aluno é, exclusivamente, responsável 
pelo seu desempenho escolar ou fracasso do mesmo, desconsiderando os fatores 
econômicos, sociais e pessoais que este aluno enfrenta. 
No Brasil, o processo de escolarização se desenvolveu sendo focado em atender os 
interesses da classe dominante, ou seja, conduzir a classe explorada a produzir recursos para 
atendê-los, favorecendo o que vemos atualmente com a desigualdade entre as classes e a 
grande defasagem no processo de escolarização nas escolas públicas, onde a maior parte da 
classe mais pobre está concentrada. 
Essa concentração retrata claramente o objetivo da formação escolar das classes inferiores 
dentro do sistema capitalista, que não tem o objetivo de libertá-la de sua condição de 
exploração, e sim, usá-la como uma ferramenta de contribuição na formação de mais 
mercadoria e produção de riqueza a classe dominante. Sendo assim, a escola exerce um 
papel fundamental dentro do sistema, na qual Mészáros (1981) expõe: 
 
A educação tem duas funções principais numa sociedade capitalista: (1) a 
produção das qualificações necessárias ao funcionamento da economia, e (2) 
a formação de quadros de elaboração dos métodos para um controle político. 
(MÉSZÁROS, 1981, p. 273) 
 
Considerando o papel da escola e das classes dentro da sociedade, podemos refletir que o 
termo “dificuldade de aprendizagem” carrega um conceito reducionista e individualizante 
dentro do processo de escolarização, esse termo atualmente deve ser substituído para 
“dificuldades no processo de ensino-aprendizagem”, pois considerando a escola como 
instituição com membros que as atravessam, podemos olhar esse processo de forma mais 
ampla, no cotidiano, por exemplo, os professores lidando com o sucateamento das escolas, 
não tendo infraestrutura no ambiente escolar para trabalhar, atrasos no pagamento, falta de 
apoio técnico, dentre outros fatores que os levam a desmotivação, os impossibilitando de 
proporcionar uma boa qualidade no ensino. Já na visão dos alunos, pode-se citar as diversas 
situações humilhantes e estigmatizastes que muitos enfrentam, principalmente por virem de 
famílias de classes exploradas que não detêm poderes aquisitivos, são vistos como sujeitos 
marginalizados detentores de pouco intelecto ou capacidade para desenvolver tarefas bem-
sucedidas, afetando sua confiança no processo de aprendizagem e configurando o discurso 
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de inferioridade que o sistema capitalista propõe, como destacado em Orientação à Queixa 
Escolar (SOUZA, 2007). 
 
Estamos aqui no terreno da ideologia, isto é, de um discurso que só tem função 
a manutenção da estrutura social desigual e injusta do capitalismo. A 
disseminação desses estereótipos negativos tende a ter como efeito a 
submissão e o conformismo dos dominados, a partir da aceitação de sua 
suposta inferioridade. (SOUZA, 2007, p. 267) 
 
Desta forma, é possível analisar que o processo de ensino aprendizagem esteja 
comprometido com a transformação social e autorrealizadora do sujeito, de forma com que 
estes “sofrimentos decorrentes do processo de escolarização”, sejam ressignificados com 
práticas emancipatórias, considerando a visão de mundo das pessoas e a partir dessa visão, 
proporcionar uma aprendizagem eficaz e inclusiva dentro da sociedade. “Ninguém educa 
ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo 
mundo.” (FREIRE, Paulo,1987.) 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
István, Mészáros. (1981). A teoria da alienação em Marx. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 
 
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 17ª. ed.1987 
 
SOUZA, Beatriz de Paula. Funcionamentos escolares e produção de fracasso escolar e 
sofrimento. Em: SOUZA, Beatriz de Paula. (Org.) Orientação à Queixa Escolar. São Paulo: 
Portal de livros abertos da USP, 2020. 1ª. ed. 2007. 
 
 
 
 
 
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Questão 2 
O tema apresentado no seminário trouxe a perspectiva da Psicologia da Arte como 
instrumento humanizador de transformação para afetar o potencial do sujeito e como o 
psicólogo pode trabalhar com essa perspectiva através do conceito Histórico-Cultural de 
Vigotski (1925/1999) onde afirma que o homem se constitui na interação com o meio em que 
está inserido e, através da arte e cultura, o sujeito pode confrontar emoções sobre si e sobre 
o mundo, criando uma alteração psíquica através de elementos artísticos. 
O objetivo da intervenção foi confrontar e estimular os adolescentes do ensino médio a 
expressarem suas emoções com suas ideologias pessoais e de mundo, através de fotografias 
e algumas pinturas artísticas. Em seguida, a partir dessas observações, eles foram indagados 
com perguntas geradoras sobre o tema para facilitar a construção de um diálogo reflexivo 
entre os estudantes e psicólogos que aplicavam a intervenção. Durante o processo de 
aplicação e resultados obtidos com a metodologia proposta, pôde-se chegar à conclusão que, 
os elementos artísticos quando usados e apresentados ao adolescente como ferramenta de 
aprendizagem e expressão, proporciona um papel interdisciplinar na vida do sujeito, isso 
também se mostra presente no documentário “Pro dia Nascer Feliz”, apresentado em uma 
das aulas do semestre, onde é perceptível o processo de consciência e reflexão do 
adolescente quando este se apropria de algum elemento artístico, estimulando a imaginação 
do mesmo e consequentemente alterando suas funções cognitivas e transformando seu 
potencial como sujeito dentro da sociedade. 
 Além disso, quando apresentamos aos adolescentes, principalmente aqueles que estão em 
situação de vulnerabilidade e com dificuldades no processo de ensino aprendizagem, 
elementos que o ajudem a expressar seus sentimentos dentro do ambiente escolar, é notável 
a mudança de seu comportamento dentro do ambiente, os professores também passam a 
olhar o aluno além daquela dificuldade e percebe sua qualidade em outras áreas, o que torna 
a relação de ambos mais compreensível e menos estigmatizante, bem como foi apresentado 
por outro grupo em “O uso dos jogos cognitivos no contexto escolar: contribuições às funções 
executivas”, onde relata o uso de jogos para estimular as funções cognitivas, sociais e 
emocionais das crianças, tornando o processo de ensino aprendizagem mais lúdico e 
adaptativo, desmistificando o processo de ensino aprendizagem tradicional aplicado nas 
escolas e a prática patologizante do psicólogo dentro do ambiente escolar. Neste sentido, o 
resultado da intervenção colaborou para cumprir a função compensatória da escola, a qual 
visa contribuir para atenuar os efeitos das desigualdades e preparar o sujeito para se defender 
e atuar no cenário social (Pérez Gómez, 1998). 
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Ademais, considerando o cenário atual das escolas no Brasil, principalmente nas escolas 
públicas e estaduais onde o ensino, o ambiente e os professores se encontram negligenciados 
pelo estado, o psicólogo pode contribuir como agente de transformação, trazendo novas 
ideias e repertório aos alunos e professores de como tornar a escola e o processo de ensino 
mais inclusivo e emancipatório, através da grande variedade de técnicas e abordagens 
psicológicas presentes na área, colaborando para que o ambiente escolar tenha um papel 
importante na formação dos alunos como sujeitos conscientes e críticos dentro da sociedade, 
como foi relatado em Orientação à Queixa Escolar (SOUZA, 2007). 
 
Em termos mais específicos, cabe à categoria dos psicólogos identificar os 
conhecimentos e práticas psicológicas consideradas relevantes, para que 
possam colocar em serviço deste empreendimento histórico queé a luta pela 
construção de uma escola democrática, inclusiva e de boa qualidade, 
marcando, enfim, o nosso caminho de participação no processo de construção 
de uma sociedade mais justa, solidaria e humana. (LEITE, 2007, p. 304) 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas: 
 
Documentário “Pro dia Nascer Feliz”. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-
wzF9xFRt20&t=1s. 
 
Pérez Gómez, A. I. (1998). As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica 
do conhecimento e da experiência. Em: J., Gimeno Sacristán ;& A. I., Pérez 
Gómez(Orgs.), Compreender e transformar o ensino (4a. ed., pp. 13-26). Porto Alegre: 
ArtMed 
 
Ramos, Daniela Karine et al. O uso de jogos cognitivos no contexto escolar: 
contribuições às funções executivas. Psicologia Escolar e Educacional [online]. 2017, v. 
21, n. 2 [Acessado 14 junho 2022], pp. 265-275. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/2175-
3539201702121113>. Epub May-Aug 2017. ISSN 2175-3539 
 
SOUZA, Beatriz de Paula. Funcionamentos escolares e produção de fracasso escolar e 
sofrimento. Em: SOUZA, Beatriz de Paula. (Org.) Orientação à Queixa Escolar. São Paulo: 
Portal de livros abertos da USP, 2020. 1ª. ed. 2007. 
 
Vigotski, L. S. (1999). Psicologia da arte. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente 
publicado em 1925). 
 
https://www.youtube.com/watch?v=-wzF9xFRt20&t=1s
https://www.youtube.com/watch?v=-wzF9xFRt20&t=1s

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