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Em análises multimodais, busca-se identificar os atributos e suas funções correspondentes, de acordo com a semiose acionada (no caso, o poder analítico do modelo acima é restrito às imagens estáticas). Vejamos o seguinte exemplo: Fonte: PETERMANN, J. A publicidade Bom Bril: o segredo do sucesso. 99 f. Dissertação (mestrado em Letras) – Faculdade de Letras, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2006. O anúncio, da marca Bombril, mostra seu garoto-propaganda numa posição central da página (trata- se de um anúncio para revista), segurando o produto de maneira a colocá-lo em destaque. Caso desejemos analisar as manifestações da metafunção interpessoal, por exemplo, levamos em conta, em primeiro lugar, a dimensão do contato. Como mostra Petermann (2006), ao analisar anúncios, o contato se estabelece (ou não) a partir das linhas de olho que se formam entre o participante representado (aquele que está retratado ou aparece na imagem) e o participante interativo (o leitor ou consumidor do anúncio). Neste caso, ocorre a chamada interpelação, isto é, o anúncio de alguma maneira espera uma reação do seu leitor, pois o participante representado (o garoto-propaganda) olha diretamente para o consumidor. Em outros casos, há a relação de oferta, quando o olhar do participante representado não se dirige diretamente ao consumidor. Se observarmos o corte da fotografia, veremos que o “Garoto Bom Bril” está em plano médio (o corte nem é tão distante a ponto de mostrar seu corpo inteiro, nem é tão próximo ao ponto de se constituir como close). Essa escolha de planos demonstra a busca por uma distância social intermediária, respeitosa. Quanto à atitude, trata-se de um caso de subjetividade, já que a imagem nos dá a conhecer apenas um ponto de vista possível, o do produtor da imagem. Assim, é negada ao leitor a sensação de poder observar a imagem por diversos pontos de vista, como se faz, por exemplo, em imagens técnicas como diagramas, mapas e esquemas. Por fim, examina-se a chamada modalidade, ou valor de verdade da imagem, atributo capaz de codificar o nível de realidade que a imagem representa (num determinado contexto sócio-cultural), do mais real ao menos real. São vários os aspectos levados em conta nesse caso: luz, cenário, profundidade, brilho. No caso em questão, nota-se a ausência de profundidade no cenário e a excessiva iluminação do “Garoto Bom Bril” e do produto, caracterizando esse anúncio como “menos real”, numa primeira análise. Na prática, o exame de todos os aspectos pode ser exaustivo, na medida em que os objetos semióticos que circulam em nossa sociedade são, em muitos casos, bastante complexos. É preciso que o analista defina que modos – e que aspectos dos modos – são os mais operacionais para uma análise. Em sala de aula, o professor precisa discernir, nos gêneros escolhidos para suas atividades, que relações 35