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Auditoria e Finanças do SUS
Gestão do 
Financiamento na 
Saúde
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
JULIANA APARECIDA PEREIRA MEDEIROS
AUTORIA
Juliana Aparecida Pereira Medeiros
Olá! Sou graduada em Serviço Social (ULBRA) e especialista 
em Qualidade de Saúde e Segurança do Paciente (ENSP/FIOCRUZ). 
Possuo experiência técnico-profissional em serviço social hospitalar, 
hotelaria hospitalar e segurança do paciente. Estou aqui para contribuir 
no desenvolvimento da cultura, da qualidade, e da segurança em saúde, 
auxiliando profissionais e organizações a melhorarem continuamente. 
Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens, a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase 
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
A Gestão dos Custos da Saúde Pública ............................................ 10
Custos Assistenciais em Saúde ............................................................................................ 10
O Financiamento do SUS e seu Controle .......................................... 12
Blocos de Financiamento e Despesas em Saúde .................................................. 12
Emendas Parlamentares ............................................................................................................ 16
Instrumentos de Gestão do SUS ......................................................................................... 17
Ferramentas de Fiscalização, Controle e Avaliação..................... 19
Auditoria e Fiscalização .............................................................................................................. 19
Sistemas Oficiais de Controle ...............................................................................................23
Auditorias no SUS ......................................................................................29
Auditoria no Sistema Único de Saúde - SUS .............................................................. 31
Auditoria em Serviços de Saúde Particulares e Conveniados .......................33
Auditoria e Custos Hospitalares ...........................................................................................33
Auditoria e Gestão de Custos Hospitalares .................................................................35
7
UNIDADE
04
Gestão do Financiamento na Saúde
8
INTRODUÇÃO
Sabe-se que, historicamente, o sistema público de saúde do Brasil é 
marcado pela carência de recursos, tidos sempre como insuficientes para 
suprir a demanda crescente da população. A gestão pública brasileira, 
em todos os seus setores, carrega consigo a marca da precariedade 
administrativa e da corrupção, o que acaba por impedir que se cumpra a 
legislação e se concretize as políticas de saúde. Veremos como a aplicação 
dos princípios da gestão, buscando a profissionalização administrativa 
no setor público, será capaz de mudar o paradigma vigente de uma 
saúde deficitária e ineficiente. Analisaremos o atual cenário da gestão em 
qualidade de vida no Brasil e como essa questão de gerenciamento e 
financiamento afetam a realização das políticas de saúde públicas levando 
o Estado ao descumprimento de seu próprio ordenamento jurídico com 
impactos negativos e severos na saúde e qualidade de vida de seu povo. 
Convidamos você a adentrar no universo da saúde brasileira, 
entendendo seus fundamentos e suas políticas, identificando desafios 
e contribuindo para a evolução de um sistema de saúde considerado 
padrão, altamente dinâmico, em contínua construção. Entendeu? Bons 
estudos!
Gestão do Financiamento na Saúde
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OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Auditoria e finanças do SUS. 
Até o término desta etapa de estudos, nosso objetivo é auxiliar você no 
desenvolvimento das seguintes competências profissionais:
1. Reconhecer os blocos de financiamento do SUS.
2. Interpretar os instrumentos de gestão do SUS.
3. Explicar a fiscalização e o controle dos gastos no SUS. 
4. Aplicar a auditoria na fiscalização e controle do SUS. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Gestão do Financiamento na Saúde
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A Gestão dos Custos da Saúde Pública 
OBJETIVO:
Ao finalizarmos este capítulo, você irá compreender como 
acontece, pela legislação e na prática, o financiamento do 
SUS por meio dos blocos de incentivo e, como os órgãos 
reguladores e de fiscalização realizam o controle dos gastos 
e da aplicação dos recursos da saúde utilizando-se de 
ferramentas e sistemas oficiais. Animado para desenvolver 
esta competência? Então vamos em frente!.
Custos Assistenciais em Saúde
A gestão de custos no setor da saúde pública, proporciona ao 
gestor uma visão ampla da realidade financeira por permitir analisar 
como são aplicados os recursos disponíveis, identificando os exageros 
e destinando os recursos na quantidade certa para serem aplicados nas 
atividades prioritárias. 
IMPORTANTE:
Nesse caso, os gastos são definidos pelo modelo de 
assistência que norteou a elaboração das políticas de 
saúde. A gestão de custos não tem como objetivo somente 
gastar menos, mas sim otimizar despesas. (ALMEIDA; 
BORBA; FLORES, 2009) 
Gestão do Financiamento na Saúde
11
Figura 1 - A otimização financeira é responsabilidade da gestão da saúde pública e deve ser 
uma das prioridades do planejamento e da avaliação 
Fonte: Freepik.
A gestão de custos nos entes públicos é critério fundamental na 
tomada de decisão, pois, é indispensável na programação adequada dos 
limitados recursos financeiros disponíveis para a execução das políticas de 
saúde, sem que uma otimização de gastos reflita no aumento da quantidade 
e qualidade dos serviços prestados. (ALMEIDA; BORBA; FLORES, 2009) 
RESUMINDO:
Podemos dizer que, no setor público, a gestão de recursos 
permite melhor visualização do cenário financeiro, 
aplicação nas estratégias e ações de saúde e a busca pela 
melhoria contínua no direcionamento dos recursos. (SILVA; 
SILVA; PEREIRA, 2016) 
Estudos do setor público brasileiro, em geral, demonstram a 
necessidade da gestão de custos. A saúde, por ser bastante complexa 
e composta por diversos tipos de ações, procedimentos, profissionais e 
inúmeros empreendimentos, realizados dentro de uma única organização, 
possui características muito próprias, o que torna a apuração e análise 
de custos uma tarefa desafiadora para os gestores, que buscam o 
planejamento e a implementação de um modelo de assistência coerente. 
(POSSOLI, 2017) Essa importante atividade, componente da gestão de 
custos, pode ser realizada por meio da auditoria de gastos. 
Gestão do Financiamento na Saúde
12
O Financiamento doSUS e seu Controle
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você irá reconhecer os blocos de 
financiamento do SUS..
O financiamento das políticas e ações de saúde, são realizadas por 
meio de blocos de incentivo tendo órgãos reguladores para a avaliação e 
controle desses gastos.
Blocos de Financiamento e Despesas em 
Saúde
Para que esteja apto a receber os recursos oriundos dos governos 
estaduais e federais, os municípios precisam atender à algumas condições 
legais. São elas:
1. Pelo artigo 3º da Lei nº 8142/1990 (BRASIL, 1990b):
 • Apresentar relatório de gestão.
 • Demonstrar a contrapartida de recursos para a saúde.
 • Aprovação do Conselho Municipal de Saúde dos instrumentos de 
gestão de planejamento e prestação de contas.
2. De acordo com o art. 3º da Lei nº 8142/1990 e art. 22º da Lei 
Complementar nº 141/2012 o município precisa ter. (BRASIL, 
1990b; 2012).
 • Fundo municipal de Saúde – FMS.
 • Conselho Municipal de Saúde – CMS. 
 • Plano Municipal de Saúde – PMS. 
Gestão do Financiamento na Saúde
13
3. Pelo artigo nº30 da Lei Complementar nº141/2012, o município 
possui apresentar (BRASIL, 2012):
 • Plano Plurianual – PPA.
 • Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO.
 • Lei Orçamentária Anual – LOA.
1. Artigo nº 39 da Lei Complementar nº141/2012 (BRASIL, 2012):
 • Alimentação regular do SIOPS.
2. Portaria GM/MS nº 3992/2017:
 • Alimentação regular e atualização dos sistemas de informações 
da base nacional do SUS.
De acordo com o artigo 3º da LC 141/2012 são consideradas 
despesas em saúde (BRASIL, 2012):
 • Vigilância em saúde.
 • Atenção integral e universal à saúde em todos os níveis de 
complexidade, assistência terapêutica e recuperação de 
deficiências nutricionais.
 • Capacitação pessoal de saúde do SUS.
 • Desenvolvimento científico e tecnológico e controle de qualidade.
 • Insumos específicos dos serviços de saúde, como: imunobiológicos, 
sangue e hemoderivados, medicamentos e equipamentos 
médico-odontológicos.
 • Saneamento básico aprovado pelo Conselho de Saúde, de acordo 
com legislação vigente.
 • Saneamento básico de comunidades indígenas e quilombolas.
 • Manejo ambiental, para controle de vetores de doenças.
 • Investimento na rede física do SUS, para recuperação, reforma, 
ampliação e construção de estabelecimentos públicos de saúde.
Gestão do Financiamento na Saúde
14
 • Remuneração do pessoal ativo da área da saúde, incluindo os 
encargos sociais.
 • Apoio administrativo realizado pelas instituições públicas do SUS 
e imprescindíveis à execução das ações e dos serviços públicos 
de saúde.
 • Gestão do sistema público e operação de unidades prestadoras 
de serviços públicos de saúde.
IMPORTANTE:
Quando os recursos não são aplicados da maneira pactuada 
em convênio, ou seja, destinadas em objeto diferente do 
contratado, o município deve proceder a devolução dos 
recursos, de acordo com o art. 27 da LC 141/2012. (BRASIL, 2012)
No ano de 2017, a Portaria de Consolidação 6/2017, estabeleceu 
normas sobre o financiamento, a transferência dos recursos federais para 
as ações e os serviços de saúde do SUS. (BRASIL, 2017a) 
A Portaria 3.992/2017 alterou a Portaria de Consolidação 6/2017 
para adequação das transferências federais à LC 141/2012, fundindo os 
blocos de financiamento do SUS anteriormente existentes em somente 
dois blocos: custeio e investimento. (BRASIL, 2017a;2017b)
NOTA:
Assim, estabeleceu-se a transferências de recursos 
financeiros em apenas duas contas-correntes, uma para 
cada bloco.
O Bloco de custeio das ações e dos serviços públicos de saúde, 
é o somatório de recursos oriundos dos programas, das estratégias e 
das ações que integravam os grupos de atenção básica, assistência 
farmacêutica, média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, 
vigilância em saúde e gestão. (BRASIL, 2017b)
Gestão do Financiamento na Saúde
15
Figura 2 - Despesas custeadas com o bloco custeio
Fonte: CNM.
Já o Bloco de investimento é composto pelos recursos destinados 
à obras novas, reformas, ampliações e adequações de unidades já 
existentes, bem como os recursos destinados à aquisição de equipamentos 
e mobiliários. 
Figura 3 - Bloco custeio e bloco investimento
Fonte: CNM. 
Gestão do Financiamento na Saúde
16
IMPORTANTE:
Quando os recursos, transferidos pela União ou pelos 
Estados, destinados às ações e aos serviços públicos de 
saúde forem utilizados de forma diversa do previsto no 
art. 3º da LC 141/2012, ou em objeto de saúde diverso do 
originalmente pactuado, os recursos financeiros deverão ser 
devolvidos ao Fundo de Saúde do Ente beneficiário, visando 
ao cumprimento do objetivo do repasse (BRASIL, 2017b).
Emendas Parlamentares
Tema controverso apresentado pelo artigo 166 da CF 1988, as 
emendas parlamentares são grande polêmica ainda hoje.
IMPORTANTE:
A aplicação correta dos recursos provenientes dessa fonte, 
geram muitas dúvidas nos gestores do SUS quanto à sua 
correta aplicação.
De acordo com a redação da CF, as Emendas Parlamentares 
Individuais (BRASIL, 1988):
DEFINIÇÃO:
São emendas individuais ao Projeto de Lei Orçamentária 
da União equivalentes a 1,2% da Receita Corrente Líquida 
executada no exercício anterior. Deste valor, 50% serão 
obrigatoriamente destinados à saúde pública.
Os recursos provenientes de emendas parlamentares poderão ser 
destinadas ao custeio das ações e dos serviços de saúde.
Gestão do Financiamento na Saúde
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IMPORTANTE:
As emendas devem ser executadas nas mesmas condições 
dos recursos federais transferidos no Bloco de Custeio 
das Ações e Serviços de Saúde, exceto para pagamento 
de pessoal ou encargos sociais, conforme vedação da 
Constituição Federal (§ 10, art. 166). (BRASIL, 1988; 2017b)
Instrumentos de Gestão do SUS
Os seguintes instrumentos são obrigatórios aos municípios para o 
planejamento e a prestação de conta das ações de saúde e dos recursos 
envolvidos:
 • Conferência Municipal de Saúde: deve ser realizada a cada 4 anos 
com a participação ativa da comunidade. 
No evento, serão discutidas as situações de qualidade de vida 
no município e construídas as prioridades para a elaboração do Plano 
Municipal de Saúde.
Marco legal: Lei nº 8080/1990.
 • Plano Municipal de Saúde (PMS): elaborado após a realização da 
Conferência Municipal de Saúde. Trata-se de um planejamento de 
qualidade de vida para quatro anos e elaborado com base nas 
diretrizes dispostas pelo Conselho Municipal de Saúde oriundos 
das deliberações da Conferência Municipal de Saúde. 
Marco legal: Lei nº 8080/1990.
 • Plano Anual de Saúde (PAS): elaborado anualmente, respeitando 
as diretrizes do Plano Municipal de Saúde. Deve ser aprovado pelo 
Conselho Municipal de Saúde.
Gestão do Financiamento na Saúde
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Marco legal: LC nº 141/2012.
 • Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): a LDO deve ser encaminhada 
à Câmara Municipal de Vereadores para aprovação e execução no 
ano subsequente.
Marco legal: CF 1988.
 • SISPACTO: registro anual da pactuação das diretrizes, objetivos, 
metas e indicadores da saúde municipal.
Marco legal: Resolução nº 5/2013.
 • Relatório Detalhado do Quadrimestre Anterior (RDQA): relatório 
de indicadores de ações e recursos deve ser apresentado, com 
periodicidade quadrimestral, para o Conselho de Saúde e a 
Câmara Municipal de Vereadores.
Deve apresentar os dados inseridos no SIOPS.
Marco legal: LC nº 141/2012.
 • Relatório Anual de gestão (RAG): relatório detalhado de todas 
as ações de saúde, incluindo os indicadores assistenciais, 
administrativos e financeiros do exercício anterior. Deve ser 
encaminhado ao Conselho Municipal de Saúde e à Câmara 
Municipal de vereadores.
Deve apresentar os dados inseridos no SIOPS.
Marco legal: LC nº 141/2012.
 • Programação Pactuada e Integrada (PPI): define, quantifica e 
direciona as ações de saúde para população dentro de um 
território, considerando pelo Plano Diretor de Regionalização 
(PDR). Muito importante para organizar e direcionaros recursos 
destinados ao apoio ao diagnóstico e procedimentos hospitalares. 
RESUMINDO:
Devemos entender como se dá o financiamento do SUS e 
seu controle.
Gestão do Financiamento na Saúde
19
Ferramentas de Fiscalização, Controle e 
Avaliação.
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você irá saber interpretar os 
instrumentos de gestão do SUS.
Auditoria e Fiscalização
A auditoria assume na atualidade uma importância ímpar nos 
sistemas de saúde, por auxiliarem na busca da sustentabilidade e da 
eficiência administrativa, em um cenário marcado historicamente pela 
precariedade administrativa e o subfinanciamento.
IMPORTANTE:
Desse modo, a auditoria configura uma ferramenta utilizada 
por aqueles gestores de saúde que buscam se conhecer 
e promover melhorias contínuas na segurança e qualidade 
de seus processos de assistência aos pacientes.
Veremos também que as organizações passam por constantes 
processos de auditoria, fiscalização e avaliações por órgãos reguladores, 
fontes pagadoras de serviços, tribunais de contas, entre outros. 
Gestão do Financiamento na Saúde
20
De acordo com Chiavenato (2006):
DEFINIÇÃO:
A auditoria é um sistema de revisão de controle, que fornece 
informações para a administração da empresa sobre a 
eficiência, a eficácia e a efetividade na execução das ações 
de saúde. Sua função não é indicar apenas problemas e 
falhas, mas, também sugerir e apontar soluções. Desta 
forma, assume, um caráter também educacional junto à 
gestão e a operacionalização das políticas de saúde. 
NOTA:
Controlar é submeter à exame e vigilância, determinado 
objeto ou assunto. 
A auditoria visa informar à gestão sobre o cumprimento de normas 
e diretrizes, metas e regularidade, evidenciando a eficiência, eficácia e 
efetividade das atividades executadas.
Figura 4 - A auditoria auxilia os gestores ao SUS a analisar os gastos em saúde
Fonte: Pixabay. 
Gestão do Financiamento na Saúde
21
Para BRASIL, 2017c:
DEFINIÇÃO:
A auditoria é o exame das operações, atividades e 
sistemas de determinada entidade, com vistas a verificar 
se são executados ou funcionam em conformidade com 
determinados objetivos, orçamentos, metas, regras e 
normas.
Já em Brasil (2001):
DEFINIÇÃO:
A auditoria é um conjunto de técnicas para avaliar a gestão, 
pelos processos e resultados e a aplicação de recursos, 
mediante a confrontação entre uma situação encontrada 
com um determinado critério pré-estabelecido, que pode 
ser técnico, operacional ou legal. 
De um modo geral, todos os conceitos de auditoria, apresentados 
por órgãos reguladores ou executores em diversos setores e organizações, 
demonstram que se trata de uma ferramenta de controle de processos e 
gastos. 
Outro conceito presente em Brasil (2011), ele afirma que:
DEFINIÇÃO:
Auditar é examinar, de forma independente e objetiva 
uma situação ou processo, comparando-o com um 
critério estabelecido preliminarmente, para que, dessa 
forma, se consiga emitir uma opinião ou um comentário a 
respeito dessa comparação entre a situação e o critério, e 
encaminhar para um destinatário predeterminado.
Gestão do Financiamento na Saúde
22
IMPORTANTE:
Auditoria e fiscalização são processos diferentes quanto 
aos seus objetivos. Assim, é importante saber diferenciá-
los. 
A fiscalização, por sua vez, consiste apenas na verificação, se 
algum processo está sendo executado de acordo com o previamente 
preconizado e definido como regra e/ou legislação. 
Figura 5 - A fiscalização é ferramenta muito utilizada por órgãos reguladores como o 
Tribunal de Contas da União (TCU)
Fonte: Pixabay. 
Gestão do Financiamento na Saúde
23
RESUMINDO:
A auditoria é um sistema, um processo de trabalho. 
A fiscalização é uma verificação com o que foi pré-
determinado em norma. 
A auditoria de avaliação de gestão, conhecida também como 
auditoria de gestão, tem por objeto o trabalho do gestor. 
Nela são verificadas a execução das atividades, os resultados 
obtidos, a regularidade das contas e das prestações de contas, o 
adequado cumprimento dos contratos e convênios firmados, aplicando-
se aqui aqueles firmados entre os entes públicos.
Sistemas Oficiais de Controle 
No Brasil, diversos sistemas foram criados para fornecer, de forma 
rápida e prática, uma ferramenta de publicização de informações de 
saúde. Podemos citar, pela relevância, os seguintes sistemas e bancos de 
dados oficiais. 
 • CNES: O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) 
é base para operacionalizar os Sistemas de Informações em Saúde, 
sendo estes imprescindíveis a um gerenciamento eficaz e eficiente 
do SUS. Fornece informações sobre todos os estabelecimentos de 
saúde cadastrados sendo eles públicos, privados ou filantrópicos. 
Disponibiliza informações de infraestrutura, tipo de atendimento 
prestado, serviços especializados, credenciamentos e profissionais 
de saúde existentes nos estabelecimentos de saúde.
Acesse aqui.
 • SIOPS: Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em 
Saúde. É um instrumento que permite o acompanhamento da 
aplicação mínima de recursos em ações e serviços públicos de 
saúde.
Acesse aqui. 
Gestão do Financiamento na Saúde
http://cnes.datasus.gov.br/
http://www.saude.gov.br/repasses-financeiros/siops
24
 • TABNET: Sistema que permite elaborar relatórios diversos 
contendo informações em saúde.
Acesse aqui. 
 • FNS (Fundo Nacional de Saúde): informa os repasses de verbas 
federais, destinadas à saúde, para os municípios.
Acesse aqui.
 • SARGSUS: Sistema de Apoio à Construção do Relatório de Gestão. 
Neste sistema, além do Relatório de Gestão, encontramos o Plano 
Municipal de Saúde e a Programação Anual de Saúde.
Acesse aqui. 
Figura 6 - A alimentação regular dos dados nos sistemas oficiais do SUS promove a 
publicidade e a transparência 
Fonte: Pixabay 
 • e-SUS: referência a um SUS eletrônico, cujo objetivo é sobretudo 
facilitar e contribuir com a organização do trabalho dos profissionais 
da área, elemento decisivo para a qualidade da atenção prestada 
à saúde da população. Existem o e-SUS AB, e-SUS Hospitalar o 
e-SUS SAMU.
Gestão do Financiamento na Saúde
http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/https://scorm.onilearning.com.br/item-trilha.php?Componente=14739159cf6888f1e601bd507273fc26&sessao=ivcjukqlg1vchik4f283u9p1pl&aberto=true?area=02
http://portalfns.saude.gov.br/
http://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude/sistemas-de-gestao/sargsus
25
Acesse aqui.
 • DIGISUS: a estratégia do Ministério da Saúde (MS) de incorporação 
da saúde digital (e-Saúde) como uma dimensão fundamental para 
o Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio da disponibilização 
e uso de informação abrangente, de forma precisa e segura, a 
ação visa a melhoria constante da qualidade dos serviços, dos 
processos e da atenção à saúde.
Acesse aqui.
 • Sala de Situação Municipal: A Sala de Situação Municipal consiste 
numa consolidação de dados em saúde de base municipal voltada 
para consulta pública e de interesse de múltiplos atores, tanto dos 
gestores e técnicos municipais quanto dos profissionais de saúde, 
pesquisadores, estudantes e cidadãos. 
Acesse aqui.
 • Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse 
(SICONV): O Siconv é o sistema aberto à consulta pública, 
disponível na internet, e que tem por objetivo permitir a realização 
dos atos e procedimentos relativos a formalização, execução, 
acompanhamento, prestação de contas e informações acerca 
de tomada de contas especial dos convênios, contratos de 
repasse e termos de parceria celebrados pela União. O Siconv foi 
regulamentado pelo Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007, que 
tornou o seu uso obrigatório por todos os gestores de recursos 
públicos executados de forma descentralizada (convênios e 
contratos de repasse).
NOTA:
O Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse 
do Governo Federal (Siconv) é uma ferramenta online que 
agrega e processa informações sobre as transferências de 
RecursosFederais para Órgãos Públicos e Privados sem 
fins lucrativos.
Gestão do Financiamento na Saúde
http://datasus.saude.gov.br/projetos/50-e-sus
http://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/digisus
http://www.saude.mg.gov.br/cidadao/sala-de-situacao-municipal
26
Para entender melhor, esses repasses ocorrem por meio de 
contratos e convênios indicados à execução de programas, projetos e 
ações de interesse comum.
Através do Siconv definida pela Portaria Interministerial nº 127/2008 
o processo é definido pelas seguintes etapas:
1. Seleção.
2. Formalização.
3. Execução.
4. Acompanhamento e Prestação de Contas dos contratos e 
convênios.
Para consultar informações específicas sobre os processos de 
seleção, apresentar propostas de trabalho e celebrar esses instrumentos, 
os estados, municípios e entidades envolvidas devem fazer o 
credenciamento para utilizar o sistema.
Acesse aqui. •
 • Plataforma + Brasil: O Sistema de Gestão de Convênios e 
Contratos de Repasse (SICONV), será integrado à Plataforma 
+ Brasil, ferramenta web que vai integrar as bases de gestão de 
transferências de recursos da União. O objetivo é que o sistema 
online seja também um instrumento de acompanhamento das 
políticas públicas.
Acesse aqui
NOTA:
Dessa forma, o SICONV será incorporado à plataforma e 
permanecerá em seu ciclo de evolução como um módulo. 
O objetivo é que, com uma base única, sejam aprimoradas 
as medidas de integridade e transparência. 
Gestão do Financiamento na Saúde
https://plataformamaisbrasil.org/siconv-o-que-e/
http://plataformamaisbrasil.gov.br/
27
Com maior transparência e controle social, a plataforma integra 
diferentes sistemas de cada uma das transferências da União, facilitando 
a operacionalização das diversas modalidades de transferências e 
descentralizações de recursos.
A Plataforma +Brasil nasce como uma resposta à necessidade de 
melhoria da gestão dos diversos tipos de transferências de recursos pela 
União.
IMPORTANTE:
A Plataforma + Brasil nasce como uma resposta à 
necessidade de melhoria da gestão dos diversos tipos de 
transferências de recursos pela União:
Para o gestor: O acesso a uma plataforma centralizada promove uma 
gestão pública mais íntegra, inovadora, simples, efetiva e transparente.
Para o cidadão: Com dados abertos e atualizados diariamente, ele 
poderá acompanhar a execução de políticas públicas.
 • BPS (Banco de preços em saúde): O Banco de Preços em Saúde 
é um sistema criado pelo Ministério da Saúde, com objetivo de 
registrar e disponibilizar online as informações das compras 
públicas e privadas de medicamentos e produtos para a saúde.
NOTA:
O BPS é gratuito e qualquer cidadão, órgão ou instituição 
pública ou privada pode acessá-lo para consultar preços 
de medicamentos e produtos para a saúde.
Criado em 1998, atualmente é gerenciado pela Coordenação Geral 
de Economia da Saúde (CGES), do Departamento da Economia da Saúde, 
Investimentos e Desenvolvimento (DESID), da Secretaria Executiva (SE), 
do Ministério da Saúde.
Gestão do Financiamento na Saúde
28
O BPS foi desenvolvido a partir de quatro objetivos prioritários:
 • Atuar como ferramenta de acompanhamento do comportamento 
dos preços no mercado de medicamentos e produtos para a 
saúde.
 • Fornecer subsídios ao gestor público para a tomada de decisão.
 • Aumentar a transparência e a visibilidade no que se refere à 
utilização dos recursos do SUS para a aquisição de medicamentos 
e produtos para a saúde.
 • Disponibilizar dados que possam subsidiar o controle social quanto 
aos gastos públicos em saúde.
Acesse aqui
Gestão do Financiamento na Saúde
http://www.saude.gov.br/gestao-do-sus/economia-da-saude/banco-de-precos-em-saude
29
Auditorias no SUS 
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você irá compreender como se 
aplica a auditoria na fiscalização e controle do SUS..
Gerir e financiar o SUS é um grande desafio. Seus princípios e o 
modo como foi idealizado, claramente visível através da leitura de sua 
legislação de constituição e posteriores, faz com que a sua redação seja 
considerada como um exemplo para o mundo. 
REFLITA:
Porém, será que esses fundamentos estão sendo 
respeitados ou o SUS não passa de um sistema teórico e 
impraticável? Esse fato já seria um objeto de verificação 
por meio de auditorias nos serviços de saúde públicos do 
Brasil.
Com a criação do SUS e a posterior expansão do setor de saúde 
suplementar (planos de saúde), a aplicação de grandes volumes de 
recursos financeiros trouxeram a necessidade de verificações para se 
avaliar os resultados do setor.
Assim, por meio de auditorias nos serviços públicos de saúde pode-
se verificar se os recursos estão sendo bem aplicados e se os usuários 
do SUS estão tendo o seu direito à saúde respeitado, dentro do que 
preconiza a Constituição Federal, a Lei Orgânica da Saúde e documentos 
normativos posteriores, principalmente no que tange aos princípios e 
diretrizes do SUS. (BRASIL, 1998; BRASIL, 1990a)
Gestão do Financiamento na Saúde
30
REFLITA:
A saúde pública não pode ser sinônimo de precariedade 
administrativa e baixa qualidade dos serviços ofertados aos 
usuários do SUS.
Por ser em serviços públicos, a auditoria segue os mesmos padrões 
de quando é realizada em organizações privadas. É importante lembrar que 
as Redes de Assistência à Saúde (RAS) que prestam serviços de qualidade 
de vida aos usuários do SUS são compostas por estabelecimentos 
públicos e privados, muitos desses últimos filantrópicos, e importantes na 
composição do sistema dentro da complexidade da atenção em saúde. 
NOTA:
A concretização da fiscalização social se dá através da 
constituição dos Conselhos e Conferências de Saúde, para 
a discutir, a formulação de estratégias, a efetivação do 
controle e avaliação da execução das políticas de saúde.
Figura 7 - A auditoria segue os mesmos padrões de quando é realizada em organizações 
privadas
Fonte: Freepik 
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ACESSE:
O controle social no SUS exercido pelos conselhos 
de saúde é pauta de um vasto conjunto de normas 
reguladoras. Entenda a ação de fiscalização dos conselhos 
lendo o manual “Para entender o Controle Social na Saúde” 
disponibilizado aqui.
Auditoria no Sistema Único de Saúde - 
SUS
A auditoria dos serviços do SUS surgiu com o intuito de realizar a 
verificação quanto ao cumprimento e respeito aos princípios do sistema 
de saúde, sendo criado o Sistema Nacional de Auditoria do SUS (SNA) 
para a execução dessa atribuição (SANTOS et al., 2012).
SAIBA MAIS:
 Saiba mais sobre o SNA acessando aqui.
De acordo com o SNA (BRASIL, 2017c):
DEFINIÇÃO:
Meu caro, a auditoria é um instrumento de gestão para 
fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo 
para a alocação e utilização adequada dos recursos, a 
garantia do acesso e a qualidade da atenção à saúde 
oferecida aos cidadãos e conceitualmente é o conjunto 
de técnicas que visam avaliar a gestão pública, de forma 
preventiva e operacional, sob os aspectos da aplicação dos 
recursos, dos processos, das atividades, do desempenho 
e dos resultados mediante a confrontação entre uma 
situação encontrada e um determinado critério técnico, 
operacional ou legal.
Gestão do Financiamento na Saúde
http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Manual_Para_Entender_Controle_Social.pdf
http://www.saude.gov.br/participacao-e-controle-social/auditoria-do-sus/sistema-nacional-de-auditoria
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O SNA possui a atribuição de realizar a verificação técnico-científica, 
contábil, financeira e patrimonial do SUS. As suas ações de auditoria visam 
o diagnóstico e a transparência, com estímulo ao controle social. (BRASIL, 
2017c)Na atenção básica, destaca-se o Programa de Melhoria do Acesso 
e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB), que tem como principal 
meta incentivar os gestores e as equipes de saúde a melhorar a qualidade 
dos serviços oferecidos aos usuários no âmbito do SUS. 
NOTA:
Para tal, propõem-se um grupode estratégias de 
qualificação, acompanhamento e avaliação das ações e do 
trabalho das equipes de saúde. O programa baseia-se no 
incentivo financeiro federal para os municípios participantes 
que atingirem melhorias no padrão de qualidade no 
atendimento, verificados por meio de auditorias periódicas, 
realizadas em ciclos (BRASIL, 2015). 
Alguns pontos se destacam entre os objetivos gerais e específicos 
do PMAQ: inicialmente, explicita objetivos finalísticos como a promoção 
da mudança, tanto no modelo de atenção quanto de gestão, impactando 
no cenário da saúde da população, promovendo o desenvolvimento 
dos trabalhadores e orientando quanto aos serviços em função das 
necessidades e satisfação dos usuários do SUS (PINTO; SOUSA; FERLA, 
2014). 
Pode-se observar claramente na política do PMAQ a busca da 
implementação de ações de saúde de qualidade, baseadas em um 
modelo assistencial em coerência com as necessidades dos usuários e 
respeitando os princípios e diretrizes do SUS.
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Auditoria em Serviços de Saúde 
Particulares e Conveniados
A auditoria nos serviços públicos de saúde deve ser realizada nas 
unidades que possuem gestão pública propriamente dita, mas também 
se aplica aos serviços particulares e conveniados que compõem a RAS. 
NOTA:
Por participarem da rede de atenção à saúde, destinada 
a prover os serviços aos usuários do SUS, as instituições, 
hospitais e demais empresas particulares, filantrópicas 
e conveniadas também estão sujeitas as auditorias por 
receberem recursos públicos pode meio do SUS, convênios 
e emendas parlamentares. 
Nos serviços públicos as auditorias geralmente se destinam a avaliar 
a execução das políticas de saúde e a alocação de recursos financeiros. 
Nos particulares, por sua vez, busca a qualidade e a redução dos custos 
operacionais por meio da adequação de processos.
EXEMPLO: 
A auditoria de contas hospitalares, por exemplo, é prática rotineira 
para o pagamento de serviços prestados, tanto para o SUS quanto para as 
operadoras de planos de saúde. 
Auditoria e Custos Hospitalares
As auditorias hospitalares, além de focarem na verificação 
do respeito à legislação e no atendimento de normas de qualidade 
certificáveis, são muito utilizadas atualmente por essas organizações no 
faturamento e no controle de custos operacionais. 
Esse tipo de auditoria, por sua vez, tem sido amplamente utilizado 
pelos hospitais, por operadoras de planos de saúde suplementar e 
pelos órgãos reguladores do SUS para avaliar as cobranças hospitalares, 
minimizando prejuízos e, obviamente, maximizando os lucros nos 
processos de assistência e faturamento. 
Gestão do Financiamento na Saúde
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A caracterização dos hospitais envolve a competência da 
organização para se manter eficiente, sustentável, e permitir o bom 
desenvolvimento e desempenho da mesma no mercado competitivo da 
saúde. Assim sendo, a dinâmica dos hospitais exige um rigoroso controle 
de seu faturamento e custos (LUONGO, 2011).
Figura 7 - A gestão de custos é fundamental na assistência à saúde pública, uma vez que o 
setor demanda altos custos governamentais. 
Fonte: Freepik
Os crescentes gastos e custos na área da saúde geram preocupação, 
principalmente para os gestores públicos. Estudos demonstram que 
os gestores em saúde pública possuem pouco conhecimento sobre os 
custos hospitalares, sendo as informações e relatórios disponibilizados 
pouco aproveitados na gestão. Inicialmente, percebe-se que a alteração 
desse cenário abarca uma evidente necessidade de capacitação e 
conscientização dos gestores quanto aos custos operacionais, processos 
e ferramentas de gestão. (BONACIM; ARAÚJO, 2010)
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IMPORTANTE:
Realizar a gestão de custos dentro de orçamentos restritos 
e, principalmente, de recursos escassos, característicos de 
serviços públicos de saúde, significa buscar o equilíbrio entre 
despesas, custos e receitas, garantindo a sobrevivência da 
organização e a manutenção da prestação de serviços à 
população. 
Auditoria e Gestão de Custos Hospitalares
A excelência hospitalar logicamente envolve a eficácia e a eficiência 
da gestão de custos. Logo uma administração eficiente, aliada à qualidade 
do serviço prestado, é a garantia de satisfação dos clientes. 
A análise de custos auxilia no gerenciamento dos resultados 
organizacionais uma vez que proporciona o cálculo e a análise de todos 
os aspectos relacionados aos custos operacionais do cuidado, como 
margens por procedimento, recursos humanos, espaços e serviços 
ociosos, entre outros. Uma vez que a apuração dos custos hospitalares 
é uma atividade complexa, ferramentas como a auditoria são largamente 
utilizadas e com ampla efetividade nesse sentido. (BONACIM; ARAÚJO, 
2010)
SAIBA MAIS:
Peter Drucker (1909 – 2005) é um escritor e administrador 
austríaco considerado o pai da administração moderna 
e responsável por grandes avanços, ferramentas e 
metodologias adaptados para a gestão em saúde (LODI, 
1968). Leia mais aqui. 
Gestão do Financiamento na Saúde
https://goo.gl/2MEm6q
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Espera-se que a auditoria auxilie na conferência e controle dos 
custos e faturamento com a finalidade de verificar os gastos, os processos 
de pagamentos, estatísticas, os indicadores hospitalares específicos, 
além de conferir a metodologia do faturamento das contas médicas, 
proporcionando, além de redução de custos, maximização da receita. 
(RODRIGUES et al., 2018; POSSOLI, 2017)
Figura 8 - A gestão de custos é um importante foco da gestão hospitalar pelo cenário 
historicamente marcado por déficits e recursos escassos
Fonte: Freepik.
Pela caracterização dos hospitais, a gestão de custos necessita 
utilizar instrumentos gerenciais e o controle de todos os gastos da 
organização. Para isso é necessária a apuração dos custos referente a 
processos executados em todos os setores (centros de despesas) do 
hospital, bem como o cálculo dos gastos por procedimento hospitalar. 
(LEONCINE; BORNIA; ABBAS, 2013)
NOTA:
Desse modo, a auditoria de custos e de qualidade deve 
ocorrer em todos os setores da organização. 
Gestão do Financiamento na Saúde
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Os hospitais são organizações complexas, compostos por diversos 
setores, que possuem íntima relação entre si e contribuem, de maneiras 
distintas, com o cuidado prestado ao paciente. 
Por representarem, direta ou indiretamente, influência sobre o serviço 
prestado aos usuários, apresentam igual necessidade de gerenciamento 
e devem ser foco das auditorias hospitalares, de qualidade e de custos. 
A auditoria de contas hospitalares é um processo amplamente 
utilizado nas instituições de saúde. A ferramenta de controle de custos 
é consumida pelo prestador de serviços para maximizar sua receita e 
pelo demandante (principalmente operadoras de planos de saúde) para 
a averiguação e controle dos custos da assistência prestada aos clientes. 
(RODRIGUES et al., 2018)A atividade de auditoria de contas hospitalares 
é realizada por meio da verificação da conformidade dos documentos 
do paciente (prontuários, solicitações de exames, prescrições médicas, 
procedimentos realizados, diárias, medicamentos, honorários etc.). Esses 
dados são confrontados com as informações registradas com solicitações, 
autorizações e demais evidências relacionadas à execução das ações de 
cuidado. (SANTOS; ROSA, 2013)
EXPLICANDO MELHOR:
Tantos os hospitais, o SUS, quanto as operadoras de planos 
de saúde têm interesse no processo de faturamento de 
contas hospitalares. A verificação da qualidade e exatidão 
das anotações contidas nos prontuários é importante 
ferramenta de controle do processo de faturamento 
hospitalar. A ausência, inconformidade ou problemas de 
legibilidade dos documentos podem representar motivos 
de glosas e, por conseguinte, prejuízos financeiros para as 
organizações. 
Gestão do Financiamento na Saúde
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DEFINIÇÃO:
As glosas são definidas como cancelamentoou recusa 
parcial ou total de um orçamento, conta ou verba, uma 
vez que a verificação considerou a cobrança indevida, ou 
mesmo ilegal, tendo como base os contratos e normas 
que regem a prestação dos serviços. (GUERRER; LIMA; 
CASTILHO, 2015)
Assim, as glosas hospitalares representam o cancelamento do 
pagamento da fatura hospitalar. Esse cancelamento é justificado pela 
análise do auditor da demandante, quando este considera a cobrança 
irregular e não existe possibilidade de correção por parte do hospital. 
Havendo essa possibilidade, os hospitais podem proceder à correção 
e reapresentar a conta em um processo chamado de recurso de 
glosa. (RODRIGUES et al., 2018)As glosas podem ser classificadas em 
administrativas ou técnicas. As administrativas são aquelas relacionadas 
com as falhas operacionais no faturamento ou na auditoria de contas. 
Já as técnicas são aquelas que ocorrem quando as contas 
apresentam cobranças não-conformes relacionadas diretamente à 
assistência prestada ao paciente. 
Nesse caso, podem englobar exames solicitados e indicação, 
procedimentos realizados e sua autorização, tempo de permanência, 
medicamentos prescritos e administrados, informações inexistentes, 
incompletas ou ilegíveis, entre outros. (SANTOS; ROSA, 2013)
SAIBA MAIS:
Um estudo analisou as glosas hospitalares e demonstrou 
que as glosas técnicas representam as maiores frequências 
(cerca de 82%) quando comparadas às administrativas (18%). 
Leia mais no estudo Glosas em contas hospitalares: um 
desafio à gestão. (RODRIGUES et al., 2018) Disponível aqui.
Gestão do Financiamento na Saúde
http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n5/pt_0034-7167-reben-71-05-2511.pdf
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Constata-se que as contas hospitalares acabam por apresentar 
diversas glosas, sendo importante que as partes envolvidas (hospitais, 
SUS e operadoras de planos de saúde) implantem a auditoria de contas 
como ferramenta para gestão desse processo, constituindo equipe 
auditora para evitar prejuízos. 
RESUMINDO:
Nessa unidade vimos como se processa o financiamento 
das ações de saúde e quais as fontes dos recursos 
destinados à execução de tais atos públicos no Brasil. 
Aprendemos também sobre os instrumentos de gestão 
(planejamento e prestação de contas) que os municípios 
precisam apresentar para estarem aptos a receberem 
regularmente os recursos da União e dos estados. 
Apresentamos também ferramentas que podem auxiliar 
o gestor a controlar seus gastos, otimizando os recursos e 
aumentando a efetividade das ações de saúde. 
Gestão do Financiamento na Saúde
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REFERÊNCIAS
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informações de custos na gestão da saúde pública: um estudo preliminar 
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BONACIM, C. A. G.; ARAUJO, A. M. P. Gestão de custos aplicada a 
hospitais universitários públicos: a experiência do Hospital das Clínicas da 
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Rev. Adm. Pública, Rio 
de Janeiro, v. 44, n. 4, p. 903-931, ago., 2010. 
BRASIL. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. 
Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre 
os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; 
estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a 
saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas 
com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis 
nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e 
dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 set. 2012.
BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre 
as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a 
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras 
providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990. 
BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. Dispõe sobre a 
participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) 
e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na 
área da saúde e dá outras providências. Diário Oficial União, Brasília, DF, 
29 dez., 1990.
BRASIL. Ministério da Fazenda. Secretaria Federal de Controle 
Interno. Instrução Normativa nº 01, 06 de abril de 2001. Define diretrizes, 
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Sanitária. Portaria GM/MS nº 2.616, de 12 de maio de 1998. expede, na 
forma dos anexos I, II, III, IV e V, diretrizes e normas para a prevenção e o 
controle das infecções hospitalares. Diário Oficial União, Brasília, DF, 13 
mai. 1998 
BRASIL. Ministério da Saúde. Carta dos direitos dos usuários da 
saúde. 3. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.645, de 02 de outubro 
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de setembro de 2017, para dispor sobre o financiamento e a transferência 
dos recursos federais para as ações e os serviços públicos de saúde do 
Sistema Único de Saúde. Diário Oficial União, Brasília, DF, 29 dez. 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 06, de 28 
de setembro de 2017. Consolidação das normas sobre o financiamento e a 
transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde 
do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial União, Brasília, DF, 29 set. 2017.
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