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Auditoria e Finanças do SUS Gestão do Financiamento na Saúde Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autoria JULIANA APARECIDA PEREIRA MEDEIROS AUTORIA Juliana Aparecida Pereira Medeiros Olá! Sou graduada em Serviço Social (ULBRA) e especialista em Qualidade de Saúde e Segurança do Paciente (ENSP/FIOCRUZ). Possuo experiência técnico-profissional em serviço social hospitalar, hotelaria hospitalar e segurança do paciente. Estou aqui para contribuir no desenvolvimento da cultura, da qualidade, e da segurança em saúde, auxiliando profissionais e organizações a melhorarem continuamente. Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens, a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: OBJETIVO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO A Gestão dos Custos da Saúde Pública ............................................ 10 Custos Assistenciais em Saúde ............................................................................................ 10 O Financiamento do SUS e seu Controle .......................................... 12 Blocos de Financiamento e Despesas em Saúde .................................................. 12 Emendas Parlamentares ............................................................................................................ 16 Instrumentos de Gestão do SUS ......................................................................................... 17 Ferramentas de Fiscalização, Controle e Avaliação..................... 19 Auditoria e Fiscalização .............................................................................................................. 19 Sistemas Oficiais de Controle ...............................................................................................23 Auditorias no SUS ......................................................................................29 Auditoria no Sistema Único de Saúde - SUS .............................................................. 31 Auditoria em Serviços de Saúde Particulares e Conveniados .......................33 Auditoria e Custos Hospitalares ...........................................................................................33 Auditoria e Gestão de Custos Hospitalares .................................................................35 7 UNIDADE 04 Gestão do Financiamento na Saúde 8 INTRODUÇÃO Sabe-se que, historicamente, o sistema público de saúde do Brasil é marcado pela carência de recursos, tidos sempre como insuficientes para suprir a demanda crescente da população. A gestão pública brasileira, em todos os seus setores, carrega consigo a marca da precariedade administrativa e da corrupção, o que acaba por impedir que se cumpra a legislação e se concretize as políticas de saúde. Veremos como a aplicação dos princípios da gestão, buscando a profissionalização administrativa no setor público, será capaz de mudar o paradigma vigente de uma saúde deficitária e ineficiente. Analisaremos o atual cenário da gestão em qualidade de vida no Brasil e como essa questão de gerenciamento e financiamento afetam a realização das políticas de saúde públicas levando o Estado ao descumprimento de seu próprio ordenamento jurídico com impactos negativos e severos na saúde e qualidade de vida de seu povo. Convidamos você a adentrar no universo da saúde brasileira, entendendo seus fundamentos e suas políticas, identificando desafios e contribuindo para a evolução de um sistema de saúde considerado padrão, altamente dinâmico, em contínua construção. Entendeu? Bons estudos! Gestão do Financiamento na Saúde 9 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Auditoria e finanças do SUS. Até o término desta etapa de estudos, nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais: 1. Reconhecer os blocos de financiamento do SUS. 2. Interpretar os instrumentos de gestão do SUS. 3. Explicar a fiscalização e o controle dos gastos no SUS. 4. Aplicar a auditoria na fiscalização e controle do SUS. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Gestão do Financiamento na Saúde 10 A Gestão dos Custos da Saúde Pública OBJETIVO: Ao finalizarmos este capítulo, você irá compreender como acontece, pela legislação e na prática, o financiamento do SUS por meio dos blocos de incentivo e, como os órgãos reguladores e de fiscalização realizam o controle dos gastos e da aplicação dos recursos da saúde utilizando-se de ferramentas e sistemas oficiais. Animado para desenvolver esta competência? Então vamos em frente!. Custos Assistenciais em Saúde A gestão de custos no setor da saúde pública, proporciona ao gestor uma visão ampla da realidade financeira por permitir analisar como são aplicados os recursos disponíveis, identificando os exageros e destinando os recursos na quantidade certa para serem aplicados nas atividades prioritárias. IMPORTANTE: Nesse caso, os gastos são definidos pelo modelo de assistência que norteou a elaboração das políticas de saúde. A gestão de custos não tem como objetivo somente gastar menos, mas sim otimizar despesas. (ALMEIDA; BORBA; FLORES, 2009) Gestão do Financiamento na Saúde 11 Figura 1 - A otimização financeira é responsabilidade da gestão da saúde pública e deve ser uma das prioridades do planejamento e da avaliação Fonte: Freepik. A gestão de custos nos entes públicos é critério fundamental na tomada de decisão, pois, é indispensável na programação adequada dos limitados recursos financeiros disponíveis para a execução das políticas de saúde, sem que uma otimização de gastos reflita no aumento da quantidade e qualidade dos serviços prestados. (ALMEIDA; BORBA; FLORES, 2009) RESUMINDO: Podemos dizer que, no setor público, a gestão de recursos permite melhor visualização do cenário financeiro, aplicação nas estratégias e ações de saúde e a busca pela melhoria contínua no direcionamento dos recursos. (SILVA; SILVA; PEREIRA, 2016) Estudos do setor público brasileiro, em geral, demonstram a necessidade da gestão de custos. A saúde, por ser bastante complexa e composta por diversos tipos de ações, procedimentos, profissionais e inúmeros empreendimentos, realizados dentro de uma única organização, possui características muito próprias, o que torna a apuração e análise de custos uma tarefa desafiadora para os gestores, que buscam o planejamento e a implementação de um modelo de assistência coerente. (POSSOLI, 2017) Essa importante atividade, componente da gestão de custos, pode ser realizada por meio da auditoria de gastos. Gestão do Financiamento na Saúde 12 O Financiamento doSUS e seu Controle OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você irá reconhecer os blocos de financiamento do SUS.. O financiamento das políticas e ações de saúde, são realizadas por meio de blocos de incentivo tendo órgãos reguladores para a avaliação e controle desses gastos. Blocos de Financiamento e Despesas em Saúde Para que esteja apto a receber os recursos oriundos dos governos estaduais e federais, os municípios precisam atender à algumas condições legais. São elas: 1. Pelo artigo 3º da Lei nº 8142/1990 (BRASIL, 1990b): • Apresentar relatório de gestão. • Demonstrar a contrapartida de recursos para a saúde. • Aprovação do Conselho Municipal de Saúde dos instrumentos de gestão de planejamento e prestação de contas. 2. De acordo com o art. 3º da Lei nº 8142/1990 e art. 22º da Lei Complementar nº 141/2012 o município precisa ter. (BRASIL, 1990b; 2012). • Fundo municipal de Saúde – FMS. • Conselho Municipal de Saúde – CMS. • Plano Municipal de Saúde – PMS. Gestão do Financiamento na Saúde 13 3. Pelo artigo nº30 da Lei Complementar nº141/2012, o município possui apresentar (BRASIL, 2012): • Plano Plurianual – PPA. • Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO. • Lei Orçamentária Anual – LOA. 1. Artigo nº 39 da Lei Complementar nº141/2012 (BRASIL, 2012): • Alimentação regular do SIOPS. 2. Portaria GM/MS nº 3992/2017: • Alimentação regular e atualização dos sistemas de informações da base nacional do SUS. De acordo com o artigo 3º da LC 141/2012 são consideradas despesas em saúde (BRASIL, 2012): • Vigilância em saúde. • Atenção integral e universal à saúde em todos os níveis de complexidade, assistência terapêutica e recuperação de deficiências nutricionais. • Capacitação pessoal de saúde do SUS. • Desenvolvimento científico e tecnológico e controle de qualidade. • Insumos específicos dos serviços de saúde, como: imunobiológicos, sangue e hemoderivados, medicamentos e equipamentos médico-odontológicos. • Saneamento básico aprovado pelo Conselho de Saúde, de acordo com legislação vigente. • Saneamento básico de comunidades indígenas e quilombolas. • Manejo ambiental, para controle de vetores de doenças. • Investimento na rede física do SUS, para recuperação, reforma, ampliação e construção de estabelecimentos públicos de saúde. Gestão do Financiamento na Saúde 14 • Remuneração do pessoal ativo da área da saúde, incluindo os encargos sociais. • Apoio administrativo realizado pelas instituições públicas do SUS e imprescindíveis à execução das ações e dos serviços públicos de saúde. • Gestão do sistema público e operação de unidades prestadoras de serviços públicos de saúde. IMPORTANTE: Quando os recursos não são aplicados da maneira pactuada em convênio, ou seja, destinadas em objeto diferente do contratado, o município deve proceder a devolução dos recursos, de acordo com o art. 27 da LC 141/2012. (BRASIL, 2012) No ano de 2017, a Portaria de Consolidação 6/2017, estabeleceu normas sobre o financiamento, a transferência dos recursos federais para as ações e os serviços de saúde do SUS. (BRASIL, 2017a) A Portaria 3.992/2017 alterou a Portaria de Consolidação 6/2017 para adequação das transferências federais à LC 141/2012, fundindo os blocos de financiamento do SUS anteriormente existentes em somente dois blocos: custeio e investimento. (BRASIL, 2017a;2017b) NOTA: Assim, estabeleceu-se a transferências de recursos financeiros em apenas duas contas-correntes, uma para cada bloco. O Bloco de custeio das ações e dos serviços públicos de saúde, é o somatório de recursos oriundos dos programas, das estratégias e das ações que integravam os grupos de atenção básica, assistência farmacêutica, média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar, vigilância em saúde e gestão. (BRASIL, 2017b) Gestão do Financiamento na Saúde 15 Figura 2 - Despesas custeadas com o bloco custeio Fonte: CNM. Já o Bloco de investimento é composto pelos recursos destinados à obras novas, reformas, ampliações e adequações de unidades já existentes, bem como os recursos destinados à aquisição de equipamentos e mobiliários. Figura 3 - Bloco custeio e bloco investimento Fonte: CNM. Gestão do Financiamento na Saúde 16 IMPORTANTE: Quando os recursos, transferidos pela União ou pelos Estados, destinados às ações e aos serviços públicos de saúde forem utilizados de forma diversa do previsto no art. 3º da LC 141/2012, ou em objeto de saúde diverso do originalmente pactuado, os recursos financeiros deverão ser devolvidos ao Fundo de Saúde do Ente beneficiário, visando ao cumprimento do objetivo do repasse (BRASIL, 2017b). Emendas Parlamentares Tema controverso apresentado pelo artigo 166 da CF 1988, as emendas parlamentares são grande polêmica ainda hoje. IMPORTANTE: A aplicação correta dos recursos provenientes dessa fonte, geram muitas dúvidas nos gestores do SUS quanto à sua correta aplicação. De acordo com a redação da CF, as Emendas Parlamentares Individuais (BRASIL, 1988): DEFINIÇÃO: São emendas individuais ao Projeto de Lei Orçamentária da União equivalentes a 1,2% da Receita Corrente Líquida executada no exercício anterior. Deste valor, 50% serão obrigatoriamente destinados à saúde pública. Os recursos provenientes de emendas parlamentares poderão ser destinadas ao custeio das ações e dos serviços de saúde. Gestão do Financiamento na Saúde 17 IMPORTANTE: As emendas devem ser executadas nas mesmas condições dos recursos federais transferidos no Bloco de Custeio das Ações e Serviços de Saúde, exceto para pagamento de pessoal ou encargos sociais, conforme vedação da Constituição Federal (§ 10, art. 166). (BRASIL, 1988; 2017b) Instrumentos de Gestão do SUS Os seguintes instrumentos são obrigatórios aos municípios para o planejamento e a prestação de conta das ações de saúde e dos recursos envolvidos: • Conferência Municipal de Saúde: deve ser realizada a cada 4 anos com a participação ativa da comunidade. No evento, serão discutidas as situações de qualidade de vida no município e construídas as prioridades para a elaboração do Plano Municipal de Saúde. Marco legal: Lei nº 8080/1990. • Plano Municipal de Saúde (PMS): elaborado após a realização da Conferência Municipal de Saúde. Trata-se de um planejamento de qualidade de vida para quatro anos e elaborado com base nas diretrizes dispostas pelo Conselho Municipal de Saúde oriundos das deliberações da Conferência Municipal de Saúde. Marco legal: Lei nº 8080/1990. • Plano Anual de Saúde (PAS): elaborado anualmente, respeitando as diretrizes do Plano Municipal de Saúde. Deve ser aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde. Gestão do Financiamento na Saúde 18 Marco legal: LC nº 141/2012. • Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO): a LDO deve ser encaminhada à Câmara Municipal de Vereadores para aprovação e execução no ano subsequente. Marco legal: CF 1988. • SISPACTO: registro anual da pactuação das diretrizes, objetivos, metas e indicadores da saúde municipal. Marco legal: Resolução nº 5/2013. • Relatório Detalhado do Quadrimestre Anterior (RDQA): relatório de indicadores de ações e recursos deve ser apresentado, com periodicidade quadrimestral, para o Conselho de Saúde e a Câmara Municipal de Vereadores. Deve apresentar os dados inseridos no SIOPS. Marco legal: LC nº 141/2012. • Relatório Anual de gestão (RAG): relatório detalhado de todas as ações de saúde, incluindo os indicadores assistenciais, administrativos e financeiros do exercício anterior. Deve ser encaminhado ao Conselho Municipal de Saúde e à Câmara Municipal de vereadores. Deve apresentar os dados inseridos no SIOPS. Marco legal: LC nº 141/2012. • Programação Pactuada e Integrada (PPI): define, quantifica e direciona as ações de saúde para população dentro de um território, considerando pelo Plano Diretor de Regionalização (PDR). Muito importante para organizar e direcionaros recursos destinados ao apoio ao diagnóstico e procedimentos hospitalares. RESUMINDO: Devemos entender como se dá o financiamento do SUS e seu controle. Gestão do Financiamento na Saúde 19 Ferramentas de Fiscalização, Controle e Avaliação. OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você irá saber interpretar os instrumentos de gestão do SUS. Auditoria e Fiscalização A auditoria assume na atualidade uma importância ímpar nos sistemas de saúde, por auxiliarem na busca da sustentabilidade e da eficiência administrativa, em um cenário marcado historicamente pela precariedade administrativa e o subfinanciamento. IMPORTANTE: Desse modo, a auditoria configura uma ferramenta utilizada por aqueles gestores de saúde que buscam se conhecer e promover melhorias contínuas na segurança e qualidade de seus processos de assistência aos pacientes. Veremos também que as organizações passam por constantes processos de auditoria, fiscalização e avaliações por órgãos reguladores, fontes pagadoras de serviços, tribunais de contas, entre outros. Gestão do Financiamento na Saúde 20 De acordo com Chiavenato (2006): DEFINIÇÃO: A auditoria é um sistema de revisão de controle, que fornece informações para a administração da empresa sobre a eficiência, a eficácia e a efetividade na execução das ações de saúde. Sua função não é indicar apenas problemas e falhas, mas, também sugerir e apontar soluções. Desta forma, assume, um caráter também educacional junto à gestão e a operacionalização das políticas de saúde. NOTA: Controlar é submeter à exame e vigilância, determinado objeto ou assunto. A auditoria visa informar à gestão sobre o cumprimento de normas e diretrizes, metas e regularidade, evidenciando a eficiência, eficácia e efetividade das atividades executadas. Figura 4 - A auditoria auxilia os gestores ao SUS a analisar os gastos em saúde Fonte: Pixabay. Gestão do Financiamento na Saúde 21 Para BRASIL, 2017c: DEFINIÇÃO: A auditoria é o exame das operações, atividades e sistemas de determinada entidade, com vistas a verificar se são executados ou funcionam em conformidade com determinados objetivos, orçamentos, metas, regras e normas. Já em Brasil (2001): DEFINIÇÃO: A auditoria é um conjunto de técnicas para avaliar a gestão, pelos processos e resultados e a aplicação de recursos, mediante a confrontação entre uma situação encontrada com um determinado critério pré-estabelecido, que pode ser técnico, operacional ou legal. De um modo geral, todos os conceitos de auditoria, apresentados por órgãos reguladores ou executores em diversos setores e organizações, demonstram que se trata de uma ferramenta de controle de processos e gastos. Outro conceito presente em Brasil (2011), ele afirma que: DEFINIÇÃO: Auditar é examinar, de forma independente e objetiva uma situação ou processo, comparando-o com um critério estabelecido preliminarmente, para que, dessa forma, se consiga emitir uma opinião ou um comentário a respeito dessa comparação entre a situação e o critério, e encaminhar para um destinatário predeterminado. Gestão do Financiamento na Saúde 22 IMPORTANTE: Auditoria e fiscalização são processos diferentes quanto aos seus objetivos. Assim, é importante saber diferenciá- los. A fiscalização, por sua vez, consiste apenas na verificação, se algum processo está sendo executado de acordo com o previamente preconizado e definido como regra e/ou legislação. Figura 5 - A fiscalização é ferramenta muito utilizada por órgãos reguladores como o Tribunal de Contas da União (TCU) Fonte: Pixabay. Gestão do Financiamento na Saúde 23 RESUMINDO: A auditoria é um sistema, um processo de trabalho. A fiscalização é uma verificação com o que foi pré- determinado em norma. A auditoria de avaliação de gestão, conhecida também como auditoria de gestão, tem por objeto o trabalho do gestor. Nela são verificadas a execução das atividades, os resultados obtidos, a regularidade das contas e das prestações de contas, o adequado cumprimento dos contratos e convênios firmados, aplicando- se aqui aqueles firmados entre os entes públicos. Sistemas Oficiais de Controle No Brasil, diversos sistemas foram criados para fornecer, de forma rápida e prática, uma ferramenta de publicização de informações de saúde. Podemos citar, pela relevância, os seguintes sistemas e bancos de dados oficiais. • CNES: O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) é base para operacionalizar os Sistemas de Informações em Saúde, sendo estes imprescindíveis a um gerenciamento eficaz e eficiente do SUS. Fornece informações sobre todos os estabelecimentos de saúde cadastrados sendo eles públicos, privados ou filantrópicos. Disponibiliza informações de infraestrutura, tipo de atendimento prestado, serviços especializados, credenciamentos e profissionais de saúde existentes nos estabelecimentos de saúde. Acesse aqui. • SIOPS: Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde. É um instrumento que permite o acompanhamento da aplicação mínima de recursos em ações e serviços públicos de saúde. Acesse aqui. Gestão do Financiamento na Saúde http://cnes.datasus.gov.br/ http://www.saude.gov.br/repasses-financeiros/siops 24 • TABNET: Sistema que permite elaborar relatórios diversos contendo informações em saúde. Acesse aqui. • FNS (Fundo Nacional de Saúde): informa os repasses de verbas federais, destinadas à saúde, para os municípios. Acesse aqui. • SARGSUS: Sistema de Apoio à Construção do Relatório de Gestão. Neste sistema, além do Relatório de Gestão, encontramos o Plano Municipal de Saúde e a Programação Anual de Saúde. Acesse aqui. Figura 6 - A alimentação regular dos dados nos sistemas oficiais do SUS promove a publicidade e a transparência Fonte: Pixabay • e-SUS: referência a um SUS eletrônico, cujo objetivo é sobretudo facilitar e contribuir com a organização do trabalho dos profissionais da área, elemento decisivo para a qualidade da atenção prestada à saúde da população. Existem o e-SUS AB, e-SUS Hospitalar o e-SUS SAMU. Gestão do Financiamento na Saúde http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/https://scorm.onilearning.com.br/item-trilha.php?Componente=14739159cf6888f1e601bd507273fc26&sessao=ivcjukqlg1vchik4f283u9p1pl&aberto=true?area=02 http://portalfns.saude.gov.br/ http://datasus.saude.gov.br/informacoes-de-saude/sistemas-de-gestao/sargsus 25 Acesse aqui. • DIGISUS: a estratégia do Ministério da Saúde (MS) de incorporação da saúde digital (e-Saúde) como uma dimensão fundamental para o Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio da disponibilização e uso de informação abrangente, de forma precisa e segura, a ação visa a melhoria constante da qualidade dos serviços, dos processos e da atenção à saúde. Acesse aqui. • Sala de Situação Municipal: A Sala de Situação Municipal consiste numa consolidação de dados em saúde de base municipal voltada para consulta pública e de interesse de múltiplos atores, tanto dos gestores e técnicos municipais quanto dos profissionais de saúde, pesquisadores, estudantes e cidadãos. Acesse aqui. • Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (SICONV): O Siconv é o sistema aberto à consulta pública, disponível na internet, e que tem por objetivo permitir a realização dos atos e procedimentos relativos a formalização, execução, acompanhamento, prestação de contas e informações acerca de tomada de contas especial dos convênios, contratos de repasse e termos de parceria celebrados pela União. O Siconv foi regulamentado pelo Decreto nº 6.170, de 25 de julho de 2007, que tornou o seu uso obrigatório por todos os gestores de recursos públicos executados de forma descentralizada (convênios e contratos de repasse). NOTA: O Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse do Governo Federal (Siconv) é uma ferramenta online que agrega e processa informações sobre as transferências de RecursosFederais para Órgãos Públicos e Privados sem fins lucrativos. Gestão do Financiamento na Saúde http://datasus.saude.gov.br/projetos/50-e-sus http://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/digisus http://www.saude.mg.gov.br/cidadao/sala-de-situacao-municipal 26 Para entender melhor, esses repasses ocorrem por meio de contratos e convênios indicados à execução de programas, projetos e ações de interesse comum. Através do Siconv definida pela Portaria Interministerial nº 127/2008 o processo é definido pelas seguintes etapas: 1. Seleção. 2. Formalização. 3. Execução. 4. Acompanhamento e Prestação de Contas dos contratos e convênios. Para consultar informações específicas sobre os processos de seleção, apresentar propostas de trabalho e celebrar esses instrumentos, os estados, municípios e entidades envolvidas devem fazer o credenciamento para utilizar o sistema. Acesse aqui. • • Plataforma + Brasil: O Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse (SICONV), será integrado à Plataforma + Brasil, ferramenta web que vai integrar as bases de gestão de transferências de recursos da União. O objetivo é que o sistema online seja também um instrumento de acompanhamento das políticas públicas. Acesse aqui NOTA: Dessa forma, o SICONV será incorporado à plataforma e permanecerá em seu ciclo de evolução como um módulo. O objetivo é que, com uma base única, sejam aprimoradas as medidas de integridade e transparência. Gestão do Financiamento na Saúde https://plataformamaisbrasil.org/siconv-o-que-e/ http://plataformamaisbrasil.gov.br/ 27 Com maior transparência e controle social, a plataforma integra diferentes sistemas de cada uma das transferências da União, facilitando a operacionalização das diversas modalidades de transferências e descentralizações de recursos. A Plataforma +Brasil nasce como uma resposta à necessidade de melhoria da gestão dos diversos tipos de transferências de recursos pela União. IMPORTANTE: A Plataforma + Brasil nasce como uma resposta à necessidade de melhoria da gestão dos diversos tipos de transferências de recursos pela União: Para o gestor: O acesso a uma plataforma centralizada promove uma gestão pública mais íntegra, inovadora, simples, efetiva e transparente. Para o cidadão: Com dados abertos e atualizados diariamente, ele poderá acompanhar a execução de políticas públicas. • BPS (Banco de preços em saúde): O Banco de Preços em Saúde é um sistema criado pelo Ministério da Saúde, com objetivo de registrar e disponibilizar online as informações das compras públicas e privadas de medicamentos e produtos para a saúde. NOTA: O BPS é gratuito e qualquer cidadão, órgão ou instituição pública ou privada pode acessá-lo para consultar preços de medicamentos e produtos para a saúde. Criado em 1998, atualmente é gerenciado pela Coordenação Geral de Economia da Saúde (CGES), do Departamento da Economia da Saúde, Investimentos e Desenvolvimento (DESID), da Secretaria Executiva (SE), do Ministério da Saúde. Gestão do Financiamento na Saúde 28 O BPS foi desenvolvido a partir de quatro objetivos prioritários: • Atuar como ferramenta de acompanhamento do comportamento dos preços no mercado de medicamentos e produtos para a saúde. • Fornecer subsídios ao gestor público para a tomada de decisão. • Aumentar a transparência e a visibilidade no que se refere à utilização dos recursos do SUS para a aquisição de medicamentos e produtos para a saúde. • Disponibilizar dados que possam subsidiar o controle social quanto aos gastos públicos em saúde. Acesse aqui Gestão do Financiamento na Saúde http://www.saude.gov.br/gestao-do-sus/economia-da-saude/banco-de-precos-em-saude 29 Auditorias no SUS OBJETIVO: Ao final deste capítulo, você irá compreender como se aplica a auditoria na fiscalização e controle do SUS.. Gerir e financiar o SUS é um grande desafio. Seus princípios e o modo como foi idealizado, claramente visível através da leitura de sua legislação de constituição e posteriores, faz com que a sua redação seja considerada como um exemplo para o mundo. REFLITA: Porém, será que esses fundamentos estão sendo respeitados ou o SUS não passa de um sistema teórico e impraticável? Esse fato já seria um objeto de verificação por meio de auditorias nos serviços de saúde públicos do Brasil. Com a criação do SUS e a posterior expansão do setor de saúde suplementar (planos de saúde), a aplicação de grandes volumes de recursos financeiros trouxeram a necessidade de verificações para se avaliar os resultados do setor. Assim, por meio de auditorias nos serviços públicos de saúde pode- se verificar se os recursos estão sendo bem aplicados e se os usuários do SUS estão tendo o seu direito à saúde respeitado, dentro do que preconiza a Constituição Federal, a Lei Orgânica da Saúde e documentos normativos posteriores, principalmente no que tange aos princípios e diretrizes do SUS. (BRASIL, 1998; BRASIL, 1990a) Gestão do Financiamento na Saúde 30 REFLITA: A saúde pública não pode ser sinônimo de precariedade administrativa e baixa qualidade dos serviços ofertados aos usuários do SUS. Por ser em serviços públicos, a auditoria segue os mesmos padrões de quando é realizada em organizações privadas. É importante lembrar que as Redes de Assistência à Saúde (RAS) que prestam serviços de qualidade de vida aos usuários do SUS são compostas por estabelecimentos públicos e privados, muitos desses últimos filantrópicos, e importantes na composição do sistema dentro da complexidade da atenção em saúde. NOTA: A concretização da fiscalização social se dá através da constituição dos Conselhos e Conferências de Saúde, para a discutir, a formulação de estratégias, a efetivação do controle e avaliação da execução das políticas de saúde. Figura 7 - A auditoria segue os mesmos padrões de quando é realizada em organizações privadas Fonte: Freepik Gestão do Financiamento na Saúde 31 ACESSE: O controle social no SUS exercido pelos conselhos de saúde é pauta de um vasto conjunto de normas reguladoras. Entenda a ação de fiscalização dos conselhos lendo o manual “Para entender o Controle Social na Saúde” disponibilizado aqui. Auditoria no Sistema Único de Saúde - SUS A auditoria dos serviços do SUS surgiu com o intuito de realizar a verificação quanto ao cumprimento e respeito aos princípios do sistema de saúde, sendo criado o Sistema Nacional de Auditoria do SUS (SNA) para a execução dessa atribuição (SANTOS et al., 2012). SAIBA MAIS: Saiba mais sobre o SNA acessando aqui. De acordo com o SNA (BRASIL, 2017c): DEFINIÇÃO: Meu caro, a auditoria é um instrumento de gestão para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), contribuindo para a alocação e utilização adequada dos recursos, a garantia do acesso e a qualidade da atenção à saúde oferecida aos cidadãos e conceitualmente é o conjunto de técnicas que visam avaliar a gestão pública, de forma preventiva e operacional, sob os aspectos da aplicação dos recursos, dos processos, das atividades, do desempenho e dos resultados mediante a confrontação entre uma situação encontrada e um determinado critério técnico, operacional ou legal. Gestão do Financiamento na Saúde http://conselho.saude.gov.br/biblioteca/livros/Manual_Para_Entender_Controle_Social.pdf http://www.saude.gov.br/participacao-e-controle-social/auditoria-do-sus/sistema-nacional-de-auditoria 32 O SNA possui a atribuição de realizar a verificação técnico-científica, contábil, financeira e patrimonial do SUS. As suas ações de auditoria visam o diagnóstico e a transparência, com estímulo ao controle social. (BRASIL, 2017c)Na atenção básica, destaca-se o Programa de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ-AB), que tem como principal meta incentivar os gestores e as equipes de saúde a melhorar a qualidade dos serviços oferecidos aos usuários no âmbito do SUS. NOTA: Para tal, propõem-se um grupode estratégias de qualificação, acompanhamento e avaliação das ações e do trabalho das equipes de saúde. O programa baseia-se no incentivo financeiro federal para os municípios participantes que atingirem melhorias no padrão de qualidade no atendimento, verificados por meio de auditorias periódicas, realizadas em ciclos (BRASIL, 2015). Alguns pontos se destacam entre os objetivos gerais e específicos do PMAQ: inicialmente, explicita objetivos finalísticos como a promoção da mudança, tanto no modelo de atenção quanto de gestão, impactando no cenário da saúde da população, promovendo o desenvolvimento dos trabalhadores e orientando quanto aos serviços em função das necessidades e satisfação dos usuários do SUS (PINTO; SOUSA; FERLA, 2014). Pode-se observar claramente na política do PMAQ a busca da implementação de ações de saúde de qualidade, baseadas em um modelo assistencial em coerência com as necessidades dos usuários e respeitando os princípios e diretrizes do SUS. Gestão do Financiamento na Saúde 33 Auditoria em Serviços de Saúde Particulares e Conveniados A auditoria nos serviços públicos de saúde deve ser realizada nas unidades que possuem gestão pública propriamente dita, mas também se aplica aos serviços particulares e conveniados que compõem a RAS. NOTA: Por participarem da rede de atenção à saúde, destinada a prover os serviços aos usuários do SUS, as instituições, hospitais e demais empresas particulares, filantrópicas e conveniadas também estão sujeitas as auditorias por receberem recursos públicos pode meio do SUS, convênios e emendas parlamentares. Nos serviços públicos as auditorias geralmente se destinam a avaliar a execução das políticas de saúde e a alocação de recursos financeiros. Nos particulares, por sua vez, busca a qualidade e a redução dos custos operacionais por meio da adequação de processos. EXEMPLO: A auditoria de contas hospitalares, por exemplo, é prática rotineira para o pagamento de serviços prestados, tanto para o SUS quanto para as operadoras de planos de saúde. Auditoria e Custos Hospitalares As auditorias hospitalares, além de focarem na verificação do respeito à legislação e no atendimento de normas de qualidade certificáveis, são muito utilizadas atualmente por essas organizações no faturamento e no controle de custos operacionais. Esse tipo de auditoria, por sua vez, tem sido amplamente utilizado pelos hospitais, por operadoras de planos de saúde suplementar e pelos órgãos reguladores do SUS para avaliar as cobranças hospitalares, minimizando prejuízos e, obviamente, maximizando os lucros nos processos de assistência e faturamento. Gestão do Financiamento na Saúde 34 A caracterização dos hospitais envolve a competência da organização para se manter eficiente, sustentável, e permitir o bom desenvolvimento e desempenho da mesma no mercado competitivo da saúde. Assim sendo, a dinâmica dos hospitais exige um rigoroso controle de seu faturamento e custos (LUONGO, 2011). Figura 7 - A gestão de custos é fundamental na assistência à saúde pública, uma vez que o setor demanda altos custos governamentais. Fonte: Freepik Os crescentes gastos e custos na área da saúde geram preocupação, principalmente para os gestores públicos. Estudos demonstram que os gestores em saúde pública possuem pouco conhecimento sobre os custos hospitalares, sendo as informações e relatórios disponibilizados pouco aproveitados na gestão. Inicialmente, percebe-se que a alteração desse cenário abarca uma evidente necessidade de capacitação e conscientização dos gestores quanto aos custos operacionais, processos e ferramentas de gestão. (BONACIM; ARAÚJO, 2010) Gestão do Financiamento na Saúde 35 IMPORTANTE: Realizar a gestão de custos dentro de orçamentos restritos e, principalmente, de recursos escassos, característicos de serviços públicos de saúde, significa buscar o equilíbrio entre despesas, custos e receitas, garantindo a sobrevivência da organização e a manutenção da prestação de serviços à população. Auditoria e Gestão de Custos Hospitalares A excelência hospitalar logicamente envolve a eficácia e a eficiência da gestão de custos. Logo uma administração eficiente, aliada à qualidade do serviço prestado, é a garantia de satisfação dos clientes. A análise de custos auxilia no gerenciamento dos resultados organizacionais uma vez que proporciona o cálculo e a análise de todos os aspectos relacionados aos custos operacionais do cuidado, como margens por procedimento, recursos humanos, espaços e serviços ociosos, entre outros. Uma vez que a apuração dos custos hospitalares é uma atividade complexa, ferramentas como a auditoria são largamente utilizadas e com ampla efetividade nesse sentido. (BONACIM; ARAÚJO, 2010) SAIBA MAIS: Peter Drucker (1909 – 2005) é um escritor e administrador austríaco considerado o pai da administração moderna e responsável por grandes avanços, ferramentas e metodologias adaptados para a gestão em saúde (LODI, 1968). Leia mais aqui. Gestão do Financiamento na Saúde https://goo.gl/2MEm6q 36 Espera-se que a auditoria auxilie na conferência e controle dos custos e faturamento com a finalidade de verificar os gastos, os processos de pagamentos, estatísticas, os indicadores hospitalares específicos, além de conferir a metodologia do faturamento das contas médicas, proporcionando, além de redução de custos, maximização da receita. (RODRIGUES et al., 2018; POSSOLI, 2017) Figura 8 - A gestão de custos é um importante foco da gestão hospitalar pelo cenário historicamente marcado por déficits e recursos escassos Fonte: Freepik. Pela caracterização dos hospitais, a gestão de custos necessita utilizar instrumentos gerenciais e o controle de todos os gastos da organização. Para isso é necessária a apuração dos custos referente a processos executados em todos os setores (centros de despesas) do hospital, bem como o cálculo dos gastos por procedimento hospitalar. (LEONCINE; BORNIA; ABBAS, 2013) NOTA: Desse modo, a auditoria de custos e de qualidade deve ocorrer em todos os setores da organização. Gestão do Financiamento na Saúde 37 Os hospitais são organizações complexas, compostos por diversos setores, que possuem íntima relação entre si e contribuem, de maneiras distintas, com o cuidado prestado ao paciente. Por representarem, direta ou indiretamente, influência sobre o serviço prestado aos usuários, apresentam igual necessidade de gerenciamento e devem ser foco das auditorias hospitalares, de qualidade e de custos. A auditoria de contas hospitalares é um processo amplamente utilizado nas instituições de saúde. A ferramenta de controle de custos é consumida pelo prestador de serviços para maximizar sua receita e pelo demandante (principalmente operadoras de planos de saúde) para a averiguação e controle dos custos da assistência prestada aos clientes. (RODRIGUES et al., 2018)A atividade de auditoria de contas hospitalares é realizada por meio da verificação da conformidade dos documentos do paciente (prontuários, solicitações de exames, prescrições médicas, procedimentos realizados, diárias, medicamentos, honorários etc.). Esses dados são confrontados com as informações registradas com solicitações, autorizações e demais evidências relacionadas à execução das ações de cuidado. (SANTOS; ROSA, 2013) EXPLICANDO MELHOR: Tantos os hospitais, o SUS, quanto as operadoras de planos de saúde têm interesse no processo de faturamento de contas hospitalares. A verificação da qualidade e exatidão das anotações contidas nos prontuários é importante ferramenta de controle do processo de faturamento hospitalar. A ausência, inconformidade ou problemas de legibilidade dos documentos podem representar motivos de glosas e, por conseguinte, prejuízos financeiros para as organizações. Gestão do Financiamento na Saúde 38 DEFINIÇÃO: As glosas são definidas como cancelamentoou recusa parcial ou total de um orçamento, conta ou verba, uma vez que a verificação considerou a cobrança indevida, ou mesmo ilegal, tendo como base os contratos e normas que regem a prestação dos serviços. (GUERRER; LIMA; CASTILHO, 2015) Assim, as glosas hospitalares representam o cancelamento do pagamento da fatura hospitalar. Esse cancelamento é justificado pela análise do auditor da demandante, quando este considera a cobrança irregular e não existe possibilidade de correção por parte do hospital. Havendo essa possibilidade, os hospitais podem proceder à correção e reapresentar a conta em um processo chamado de recurso de glosa. (RODRIGUES et al., 2018)As glosas podem ser classificadas em administrativas ou técnicas. As administrativas são aquelas relacionadas com as falhas operacionais no faturamento ou na auditoria de contas. Já as técnicas são aquelas que ocorrem quando as contas apresentam cobranças não-conformes relacionadas diretamente à assistência prestada ao paciente. Nesse caso, podem englobar exames solicitados e indicação, procedimentos realizados e sua autorização, tempo de permanência, medicamentos prescritos e administrados, informações inexistentes, incompletas ou ilegíveis, entre outros. (SANTOS; ROSA, 2013) SAIBA MAIS: Um estudo analisou as glosas hospitalares e demonstrou que as glosas técnicas representam as maiores frequências (cerca de 82%) quando comparadas às administrativas (18%). Leia mais no estudo Glosas em contas hospitalares: um desafio à gestão. (RODRIGUES et al., 2018) Disponível aqui. Gestão do Financiamento na Saúde http://www.scielo.br/pdf/reben/v71n5/pt_0034-7167-reben-71-05-2511.pdf 39 Constata-se que as contas hospitalares acabam por apresentar diversas glosas, sendo importante que as partes envolvidas (hospitais, SUS e operadoras de planos de saúde) implantem a auditoria de contas como ferramenta para gestão desse processo, constituindo equipe auditora para evitar prejuízos. RESUMINDO: Nessa unidade vimos como se processa o financiamento das ações de saúde e quais as fontes dos recursos destinados à execução de tais atos públicos no Brasil. Aprendemos também sobre os instrumentos de gestão (planejamento e prestação de contas) que os municípios precisam apresentar para estarem aptos a receberem regularmente os recursos da União e dos estados. Apresentamos também ferramentas que podem auxiliar o gestor a controlar seus gastos, otimizando os recursos e aumentando a efetividade das ações de saúde. Gestão do Financiamento na Saúde 40 REFERÊNCIAS ALMEIDA, A. G.; BORBA, J. A.; FLORES, L. C. S. A utilização das informações de custos na gestão da saúde pública: um estudo preliminar em secretarias municipais de saúde do estado de Santa Catarina. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 43, n. 3, p. 579-607, 2009. BONACIM, C. A. G.; ARAUJO, A. M. P. Gestão de custos aplicada a hospitais universitários públicos: a experiência do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 44, n. 4, p. 903-931, ago., 2010. BRASIL. Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012. Regulamenta o § 3o do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis nos 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 set. 2012. BRASIL. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 20 set. 1990. BRASIL. Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990. 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Disponível Gestão do Financiamento na Saúde