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A Economia na Gestão da Saúde 
Gestão do 
Financiamento na 
Saúde
Diretor Executivo
DAVID LIRA STEPHEN BARROS
Gerente Editorial
CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA
Projeto Gráfico
TIAGO DA ROCHA
Autoria
JULIANA APARECIDA PEREIRA MEDEIROS
AUTORIA
Juliana Aparecida Pereira Medeiros
Olá! Sou graduada em Serviço Social (ULBRA) e especialista 
em Qualidade de Saúde e Segurança do Paciente (ENSP/FIOCRUZ). 
Possuo experiência técnico-profissional em serviço social hospitalar, 
hotelaria hospitalar e segurança do paciente. Estou aqui para contribuir 
no desenvolvimento da cultura, da qualidade, e da segurança em saúde, 
auxiliando profissionais e organizações a melhorarem continuamente. 
Por isso, fui convidada pela Editora Telesapiens, a integrar seu elenco de 
autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase 
de muito estudo e trabalho. Conte comigo!
ICONOGRÁFICOS
Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez 
que:
OBJETIVO:
para o início do 
desenvolvimento de 
uma nova compe-
tência;
DEFINIÇÃO:
houver necessidade 
de se apresentar um 
novo conceito;
NOTA:
quando forem 
necessários obser-
vações ou comple-
mentações para o 
seu conhecimento;
IMPORTANTE:
as observações 
escritas tiveram que 
ser priorizadas para 
você;
EXPLICANDO 
MELHOR: 
algo precisa ser 
melhor explicado ou 
detalhado;
VOCÊ SABIA?
curiosidades e 
indagações lúdicas 
sobre o tema em 
estudo, se forem 
necessárias;
SAIBA MAIS: 
textos, referências 
bibliográficas e links 
para aprofundamen-
to do seu conheci-
mento;
REFLITA:
se houver a neces-
sidade de chamar a 
atenção sobre algo 
a ser refletido ou dis-
cutido sobre;
ACESSE: 
se for preciso aces-
sar um ou mais sites 
para fazer download, 
assistir vídeos, ler 
textos, ouvir podcast;
RESUMINDO:
quando for preciso 
se fazer um resumo 
acumulativo das últi-
mas abordagens;
ATIVIDADES: 
quando alguma 
atividade de au-
toaprendizagem for 
aplicada;
TESTANDO:
quando o desen-
volvimento de uma 
competência for 
concluído e questões 
forem explicadas;
SUMÁRIO
A Economia da Saúde ............................................................................... 10
Fundamentos da Economia da Saúde ............................................................................ 10
A Questão da Economia e do Financiamento da Saúde no Brasil e no 
Mundo....................................................................................................................................................... 11
Estudos de Avaliação Econômica em Saúde ............................................................. 15
Níveis e Atenção à Saúde, Custos e Financiamento..................... 18
Incorporação Tecnológica em Saúde ............................................................................. 20
Avaliação de Tecnologia em Saúde (ATS) ....................................................................23
Financiamento da Incorporação Tecnológica ..........................................................25
Financiamento e Operacionalização da Assistência em Saúde 
no Brasil ..........................................................................................................27
Operacionalização da Assistência em Saúde ............................................................28
Análise Crítica dos Modelos de Assistência em Saúde ..................................... 30
Resultados e Impactos ................................................................................................................32
Custos nos Modelos de Assistência ................................................................................33
A Alocação de Recursos em Saúde .....................................................36
A Necessidade, o Merecimento e a Efetividade ......................................................37
O Processo Decisório Ético na Alocação de Recursos ...................................... 39
7
UNIDADE
02
Gestão do Financiamento na Saúde
8
INTRODUÇÃO
Sabe-se que, historicamente, o sistema público de saúde do Brasil é 
marcado pela carência de recursos, tidos sempre como insuficientes para 
suprir a demanda crescente da população. A gestão pública brasileira, 
em todos os seus setores, carrega consigo a marca da precariedade 
administrativa e da corrupção, o que acaba por impedir que se cumpra a 
legislação e se concretize as políticas de saúde. Veremos como a aplicação 
dos princípios da gestão, buscando a profissionalização administrativa no 
setor público, será capaz de mudar o paradigma vigente de uma saúde 
deficitária e ineficiente. Analisaremos o atual cenário da gestão no Brasil 
e como essa questão de gerência e financiamento afetam a execução 
das políticas de saúde públicas levando o Estado ao descumprimento de 
seu próprio ordenamento jurídico com impactos negativos e severos na 
qualidade de vida de seu povo. 
Convidamos você a adentrar no universo da saúde brasileira, 
entendendo seus fundamentos e suas políticas, identificando desafios 
e contribuindo para a evolução de um sistema considerado padrão, 
altamente dinâmico, em contínua construção. Entendeu? Bons estudos!
Gestão do Financiamento na Saúde
9
OBJETIVOS
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 2 – A economia na gestão da 
saúde. Até o término desta etapa de estudos, nosso objetivo é auxiliar você 
no desenvolvimento das seguintes competências profissionais:
1. Definir os conceitos e fundamentos da Economia da Saúde.
2. Interpretar análises econômicas em saúde.
3. Identificar a alocação de recursos em saúde.
4. Realizar análise crítica da incorporação de tecnologias e a sua 
relação com os custos em saúde. 
Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? 
Ao trabalho!
Gestão do Financiamento na Saúde
10
A Economia da Saúde 
OBJETIVO:
Ao finalizar este capítulo, você irá compreender como a 
economia da saúde é uma ciência que auxilia os gestores 
públicos no processo decisório sobre a alocação dos 
limitados recursos na saúde. Também veremos como se 
procede a análise da incorporação de tecnologias, seus 
custos agregados e a viabilidade a partir das avaliações 
econômicas em saúde. Animado para desenvolver esta 
competência? Então vamos em frente!
Fundamentos da Economia da Saúde
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2018):
DEFINIÇÃO:
A Economia da Saúde é responsável por promover o uso 
racional e eficiente dos recursos públicos na área, a partir 
da construção de uma cultura do uso de indicadores e 
parâmetros econômicos para a tomada de decisão racional.
Trata-se de uma ciência multiprofissional e interdisciplinar, que 
engloba profissionais da área de Saúde, Administração, Economia, 
Sociologia, entre outros, com o objetivo de promover as condições para 
que as ações e serviços de saúde sejam prestados de forma eficiente, 
equitativa e com qualidade para melhor acesso da população, respeitando 
assim os princípios da universalidade, igualdade e integralidade, 
estabelecidos na Constituição Federal e na Lei Orgânica da Saúde.
Outra questão importante na alocação e otimização dos recursos 
em saúde é a compreensão da demanda. 
Gestão do Financiamento na Saúde
11
DEFINIÇÃO:
Entende-se por demanda um bem ou serviço pode ser 
conceituado como sendo como a quantidade do mesmo 
que os usuários desejam consumir em um período de 
tempo definido. (IUNES, 1995)Considerando-se as restrições 
orçamentárias em uma realidade em que as demandas 
por bens e serviços de saúde são crescentes, opta-se 
por realizar análises econômicas para que a aplicação 
dos escassos recursos se faça de maneira racional e 
maximizada. 
A Questão da Economia e do 
Financiamento da Saúde no Brasil e no 
Mundo
A economia da Saúde pode ser aplicada no SUS, no apoio e 
desenvolvimento das políticas de atenção em todos os seus níveis, 
representando subsídio importante na tomada de decisões no que tange 
ao planejamento da qualidade de vida pública. (SULPINO, 2016)Asaúde 
possui um valor diferenciado entre as necessidades humanas e altos 
gastos envolvidos no atendimento das suas necessidades. Assim existe 
a real necessidade de que os julgamentos para a alocação de recursos 
sejam realizados de maneira técnica com parâmetros bem definidos e 
que a avaliação de custos e benefícios das diferentes opções disponíveis 
sejam aplicadas em todos os níveis da assistência, para que os recursos 
sejam racionalmente direcionados. (SULPINO, 2016)Pela relevância do 
tema, pesquisadores da saúde pública de todo o mundo vêm analisando 
os aspectos teóricos e conceituais da Economia da Saúde, principalmente 
em relação ao financiamento, analisando alternativas de fontes de custeio 
público e privado para a execução das políticas públicas bem como a 
base tributária direta ou indireta. (SOUSA, 2005)
Gestão do Financiamento na Saúde
12
IMPORTANTE:
Os estudos enfocam ainda na expansão, racionalização 
do financiamento e dos gastos em saúde, evidenciando 
a elevação dos custos, levando a uma reflexão sobre 
quanto custa a saúde pública. (SOUSA, 2005)A questão do 
financiamento da saúde pública no Brasil é um processo 
complicado e desgastante no contexto do capitalismo 
contemporâneo. Nos últimos 30 anos, após a criação do 
SUS, a temática tem sido marcada por uma trajetória 
de persistência por causa dos limitados montantes de 
recursos destinados, constituindo o subfinanciamento 
estrutural como uma das principais falhas do sistema de 
saúde nacional. (MENDES; CARNUT; GUERRA, 2018)NOTA: 
Uma estratégia da Organização Mundial de Saúde (OMS) visando 
o fortalecimento dos sistemas de saúde das nações, é a realização de 
pesquisas em economia nessa área, para divulgação com objetivo 
que seja realizado para subsídio, na gestão e financiamento da saúde 
(SULPINO, 2016).
A OMS ressalta que o fortalecimento dos sistemas de saúde, passam 
por uma tomada racional de decisão visando a obtenção do melhor valor 
dos recursos limitados disponíveis e que a economia da saúde deve ser 
observada como parâmetro, a ciência da alocação dos recursos, ajudando 
na quantificação dos custos e dos benefícios relacionados nas opções 
disponíveis. (SULPINO, 2016)
Gestão do Financiamento na Saúde
13
IMPORTANTE:
A questão do financiamento da saúde pública pode ser bem 
mais complexa do que parece. O histórico internacional 
evidencia irrefutavelmente que políticas de austeridade 
em qualidade pública de vida, acabam sendo responsáveis 
por um massacre das populações e também resultam 
em consequências econômicas igualmente desastrosas. 
(GARCIA, 2016)Logo, a austeridade torna-se a principal 
ameaça à saúde da população. Deve-se solucionar os 
problemas econômicos dos países minimizando o risco 
ao bem-estar da população por meio do financiamento de 
políticas públicas adequadas. Cabe aos governos tomar as 
melhores decisões possíveis sobre o rumo da economia 
arcando com as consequências de suas escolhas sem 
prejudicar a saúde da população (GARCIA, 2016). 
Gestão do Financiamento na Saúde
14
SAIBA MAIS:
O livro A economia desumana: porque mata a 
austeridade foi elaborado com o propósito de divulgar 
- para um público mais amplo e por meio de uma 
linguagem acessível - evidências de que escolhas 
políticas inteligentes podem impulsionar o crescimento 
e solucionar o problema da dívida dos países sem pôr 
em risco a saúde das populações (STUCKLER; BASU, 
2014). O livro traz, além de uma síntese de evidências de 
centenas de estudos, histórias reais de vidas humanas 
perdidas em consequência de escolhas econômicas 
desumanas. (STUCKLER; BASU, 2014 apud GARCIA, 2016, 
p.1)Os subfinanciamento do SUS pode ser evidenciado 
por meio da própria legislação do país. Mendes, Carnut e 
Guerra destacam que: 
Se o art. 55 das Disposições Constitucionais 
Transitórias da Constituição Federal fosse aplicado, 
30% dos recursos da Seguridade Social deveriam 
ser destinados à saúde, mas isso nunca foi feito. Em 
2015, o Orçamento da Seguridade Social foi de R$ 
694,5 bilhões, sendo que se 30% fossem destinados 
à saúde, considerando os gastos do governo 
federal, corresponderiam a R$ 208,4 bilhões, mas 
a dotação foi a metade disso. Entre 1995 e 2015, o 
gasto do Ministério da Saúde (MS) não foi alterado, 
mantendo-se em 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB), 
enquanto o gasto com juros da dívida representou, 
em média, 7,1%. (MENDES; CARNUT; GUERRA, 
2018, p. 225)A Emenda Constitucional nº 95 de 
2016 congela os gastos da União com despesas 
primárias por 20 anos, corrigidos pela inflação 
medida pelo IPCA. Entende-se que a mesma acaba 
por ser inconstitucional uma vez que fere o núcleo 
essencial do direito que é a garantia de recursos 
orçamentários para a sua sustentabilidade. Nesse 
aspecto, o SUS e a saúde pública serão fortemente 
impactados, de maneira negativa nos próximos 
anos. (FIOCRUZ, 2019)REFLITA: 
Gestão do Financiamento na Saúde
15
Gestores e pesquisadores em saúde pública consideram a EC nº 95 
uma violação de direitos fundamentais, como os da saúde e educação. 
(FIOCRUZ, 2019)Entende-se que, pela EC nº 95, o subfinanciamento do 
SUS certamente evoluirá para o desfinanciamento. Os recursos federais 
para o SUS devem reduzir de 1,7% do PIB (2016) para 1,0% até 2036, 
acumulando perdas superiores a três orçamentos anuais nesse período 
de 20 anos de que trata. Em um cenário retrospectivo, entre 2003 e 2015, 
essa perda seria de R$ 135 bilhões, a preços médios de 2015, diminuindo 
os recursos federais do SUS de 1,7% do PIB para 1,1%. (MENDES; CARNUT; 
GUERRA, 2018) 
Estudos de Avaliação Econômica em Saúde
A teoria do bem-estar é a base metodológica da avaliação 
econômica em saúde. Sua base teórica é aplicada na busca da 
maximização da satisfação da população a partir da alocação racional dos 
recursos disponíveis. 
Nessa avaliação, a eficiência alocativa tem como fundamento 
doutrinário garantir que alguns indivíduos possam melhorar sem que 
outros necessitem piorar seus estados de saúde e qualidade de vida. 
A avaliação econômica engloba quatro tipos de estudo:
i) Custo-efetividade.
ii) Custo-utilidade. 
iii) Custo-benefício.
iv) Custo-minimização. 
EXPLICANDO MELHOR:
A diferença entre as análises é a forma de se mensurar os 
resultados em saúde. (SILVA; SILVA; PEREIRA, 2016) 
Gestão do Financiamento na Saúde
16
REFLITA:
O papel fundamental do Estado na reafirmação da saúde 
como direito constitucional em plena tendência mundial 
da mercantilização da saúde (CORREIA; OMENA, 2013). 
Leia mais sobre o assunto aqui. Brasil (2008), explica os 
parâmetros da avaliação econômica em saúde, a saber: 
 • A análise de minimização de custos é a análise 
mais simples e considera a economia de recursos 
monetários quando permanecem os mesmos 
desfechos clínicos na saúde dos usuários.
 • A análise de custo-benefício é considerada a mais 
abrangente e contempla todos os aspectos da 
eficiência alocativa, no qual os custos e benefícios 
são relatados usando uma métrica comum 
(unidades monetárias).
NOTA:
Esse estudo permite avaliar os benefícios à saúde por 
unidade monetária aplicada.
 • Na análise de custo-efetividade não se atribui 
valor monetário aos impactos das intervenções em 
saúde, considerando número de doenças evitadas, 
internações prevenidas, casos detectados, número 
de vidas salvas ou anos de vida salvos.
 • As análises de custo-utilidade são um tipo especial 
de custo-efetividade, na qual a medida dos efeitos 
de uma intervenção considera a medição de 
qualidade de vida relacionada com a saúde em que 
a unidade de medida do desfecho clínico utilizada 
é a “expectativa de vida ajustada para qualidade” 
ou “anos de vida ajustados pela qualidade”.
Gestão do Financiamento na Saúde
http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2013/JornadaEixo2013/anais-eixo3-estadolutassociaisepoliticaspublicas/pdf/amercantilizacaodasaudeeapoliticadesaudebrasileira.pdf
17
Assim, através da avaliação econômicaem saúde pode-se 
promover uma alocação dos recursos limitados frente a uma realidade de 
demanda crescente de bens e serviços de saúde, na busca da eficiência 
e na otimização dos custos operacionais do sistema de saúde. 
TESTANDO:
O Secretário de Saúde da cidade de Matinha recebe seu 
farmacêutico da equipe de ESF em uma reunião para tratar 
da padronização de medicamentos para a Relação Municipal 
de Medicamentos Essenciais (REMUME). O farmacêutico 
apresenta uma proposta desenhada por ele e o médico da 
equipe para modernizar o elenco de medicamentos que, 
de acordo com ambos, é antiga e obsoleta. O farmacêutico 
argumenta que o município precisa tratar melhor seus 
usuários e que uma maneira de fazer isso e demonstrar 
respeito aos princípios constitucionais do SUS, seria 
ofertar aos usuários, na farmácia municipal, medicamentos 
modernos disponíveis no mercado mudando a “cara” do 
serviço atualmente realizado. Na opinião do farmacêutico, 
é um desrespeito oferecer medicamentos tão “fora de 
moda” uma vez que a indústria farmacêutica apresenta 
novas opções de tratamento. O secretário não discorda 
do argumento da equipe, porém a proposta apresenta 
a desvantagem de gerar um ônus aos cofres públicos. 
Ele então, estudioso da gestão em saúde sabe que, no 
entanto, na economia da saúde, nem sempre a opção 
inicialmente mais onerosa, é aquela que apresenta o menor 
valor final por tratamento. Logo, não descarta a sugestão, 
porém solicita ao farmacêutico um relatório apresentando 
a avaliação econômica das opções de tratamento das 
patologias tratadas, baseando-se nos critérios de custo-
benefício, custo-efetividade e custo-utilidade.
RESUMINDO:
Devemos entender que a economia da saúde é uma ciência 
que auxilia os gestores públicos no processo decisório 
sobre a alocação dos limitados recursos na saúde. 
Gestão do Financiamento na Saúde
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Níveis e Atenção à Saúde, Custos e 
Financiamento.
OBJETIVO:
Ao finalizar este capítulo, você irá compreender como se 
dá a interpretação das análises econômicas da saúde, além 
de entender os níveis e a atenção à saúde, seus custos e 
financiamentos.
As ações da atenção primária são conhecidas pelas baixas 
complexidade, tecnologia e custos. Porém, os níveis secundário e 
terciário envolvem incremento tecnológico, especialização profissional e 
consequente aumento de custos em escala. 
É desafiador enfrentar o aumento dos gastos em saúde, 
gerados pela incorporação tecnológica, utilização de medicamentos 
mais avançados, entre outros. Esses fatores geram ganhos e custos, 
aumentando a eficiência e simplificando os processos. (SOLLA; CHIORO, 
2012)2.1 Economia de escala 
A economia de escala representa aumento da produção total 
de serviços de saúde sem um aumento proporcional no custo dessa 
produção. Assim, o gasto médio por serviço e/ou produto tende a reduzir 
com o aumento da produção. (SOLLA; CHIORO, 2012) 
REFLITA:
A economia de escala representa um desafio para os 
gestores de saúde pública, porque aumenta a necessidade 
de planejamento, regulação do sistema e o desenho de 
redes assistenciais que incluam, de maneira eficiente, 
os serviços de saúde dos três níveis de atenção. (SOLLA; 
CHIORO, 2012)Essa economia visa à sustentabilidade, 
por permitir aumento da oferta com redução de custo 
operacional ou do produto ofertado, acarretando na 
otimização da alocação de recursos. 
Gestão do Financiamento na Saúde
19
Para que isso aconteça no conceito de redes de saúde, faz-se 
necessário uma articulação adequada dos serviços regionalizados que 
viabilizem a continuidade das ações de saúde e efetivem a integralidade. 
(TESSER; POLI NETO, 2017)
NOTA:
Vale lembrar que esta integração necessita partir da atenção 
primária, porta de entrada do sistema, e que essa ordene os 
fluxos e contra fluxos, referências e contra referências do 
sistema. 
É fato que essa integração trará vantagens como a 
melhoria da qualidade da atenção, a redução de custos 
com economia de escala e o aumento da eficiência do SUS. 
(MENDES, 2011)
Figura 1 – Integração
Fonte: Freepik
Gestão do Financiamento na Saúde
20
Incorporação Tecnológica em Saúde
A área de atenção especializada envolve um conjunto de ações, 
práticas e técnicas assistenciais de cuidado conhecidas pela incorporação 
de metodologia, que envolve cada vez uma maior densidade tecnológica, 
denominada tecnologia especializada.
DEFINIÇÃO:
A tecnologia em saúde é tida como aquela relacionada 
à promoção do bem estar, prevenção e tratamento de 
doenças e reabilitação de indivíduos. Como exemplos de 
tecnologias em saúde temos medicamentos, produtos 
biomédicos, procedimentos, exames e sistemas de 
informação utilizados nas ações e serviços ofertados à 
população. (BRASIL, 2016) 
As tecnologias em saúde são aplicadas desde a prevenção de 
doenças até o tratamento e recuperação dos indivíduos. Sua utilização 
correta por parte dos profissionais, é fundamental para aumentar o 
benefício para os usuários. (BRASIL, 2016) 
Figura 2 - Aparelho de ressonância magnética: alta tecnologia médica 
Fonte: Pixabay
Gestão do Financiamento na Saúde
21
IMPORTANTE:
Nem sempre um menor preço individual por produto/
serviço em saúde acarreta em um menor custo total por 
procedimento/tratamento. 
Nas redes de assistência encontramos serviços com grande 
diversificação das ações, tecnologia e custos agregados. Geralmente, os 
serviços de menor densidade tecnológica, marcadamente provenientes 
da atenção primária, devem ser dispersos no território, em contraposição 
àqueles de maior densidade tecnológica, como hospitais e serviços de 
diagnóstico por imagem que tendem a ser concentrados. 
Desse modo, serviços de saúde coordenam-se numa rede 
estratégica, composta por distintas densidades tecnológicas que devem 
ser distribuídos, espacialmente, de forma otimizada. (OMS, 2000; BRASIL, 
2015)
Figura 3 – Serviços de imagenologia são exemplos de tecnologia biomédica de alto custo
Fonte: Freepik
Gestão do Financiamento na Saúde
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Os serviços que compõem as Redes de Atenção à Saúde (RAS) 
devem ter capacidade técnica e operacional dentro do que prevê a sua 
complexidade. Tais tecnologias também são suficientes para garantir que 
os problemas de saúde dos usuários que procuram aquele ponto de 
assistência com segurança e qualidade sejam resolvidos. 
Considerando-se a sustentabilidade econômico-financeira, esses 
serviços necessitam de incremento tecnológico em conformidade com 
as variáveis de planejamento baseados em necessidades de saúde da 
população por ele atendidas, seja na atenção primária ou referenciados 
por ela para os níveis secundário e terciário. (BRASIL, 2012)Os indivíduos 
que enfrentam uma doença necessitam de exames, tratamentos e 
cuidados adequados ao seu tipo de patologia para que possa restabelecer 
sua saúde. 
Mesmo que as ações da atenção primária possuam grande 
efetividade, não possuímos o conhecimento que evite o envelhecimento 
e o desenvolvimento de doenças particulares que irão demandar de 
incremento de especialização profissional e tecnologia biomédica que 
representam, atualmente, elevados custos aos sistemas de saúde. 
(BRASIL, 2016)
IMPORTANTE:
Por esse motivo e considerando-se que os recursos 
disponíveis para a qualidade de vida são limitados e 
carecem de aplicação racional e maximizada, faz-se 
extremamente pertinentes às avaliações de tecnologia em 
saúde. 
Gestão do Financiamento na Saúde
23
Avaliação de Tecnologia em Saúde (ATS)
A avaliação tecnológica em saúde (ATS) é um processo com base 
em evidências, que buscam analisar opções e desfechos da utilização 
de tecnologias, considerando a assistência profissional, social, questões 
financeiras, econômicas e éticas. (BRASIL, 2016) 
EXPLICANDO MELHOR:
A avaliação de tecnologia engloba as análises e decisões 
sobre quais opções em saúde devem ser ofertados, 
baseando-se na necessidade da população, nos benefícios, 
efetividade, utilidade, e os custoseconômicos.
A tomada de decisões sobre as opções de tratamentos, 
medicamentos, procedimentos e exames, por exemplo, fornecidos pelo 
sistema público de saúde devem ser racionalmente tomados baseando-
se em custos e evidências clínicas de resultados aos usuários. (BRASIL, 
2012) 
Algumas perguntas podem ajudar na escolha da tecnologia ser 
padronizada, como apresenta o Quadro 1.
Quadro 1 - Evidências científicas utilizadas na avaliação de tecnologias em saúde
Fonte: BRASIL, 2016. 
Gestão do Financiamento na Saúde
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A ATS é uma forma de pesquisa que avalia as consequências em 
curto e longo prazo do uso das tecnologias em saúde. É um processo 
multidisciplinar que resume informações sobre as questões clínicas, 
sociais, econômicas éticas e organizacionais relacionadas ao uso da 
tecnologia em saúde de uma maneira robusta, imparcial, transparente e 
sistemática, que segue métodos adequados para a tomada de decisão. 
(BRASIL, 2016) 
EXEMPLO: 
Para a padronização de um medicamento, por exemplo, deve-se 
analisar seu custo relacionado à eficácia (resultado clínico), segurança 
(risco de malefícios à saúde), efetividade (como ele age no contexto real), 
utilidade (anos de vidas ganhos e qualidade de vida associada em casos 
de tratamento crônico) e impacto social. 
NOTA:
A aplicação da economia da saúde nas análises de 
medicamentos otimizando custos e desfechos é chamada 
Farmacoeconomia. (PACKEISER; REST, 2014)
Figura 4 - Farmacoeconomia
Fonte: Freepik
Gestão do Financiamento na Saúde
25
A partir do resultado das análises da avaliação de tecnologias em 
saúde se define a viabilidade da incorporação tecnológica no âmbito do SUS. 
Financiamento da Incorporação 
Tecnológica 
Grande parte dos esforços de pesquisas científicas e industriais que 
visam o desenvolvimento e a produção de novas tecnologias em saúde 
se destina a atender os serviços de atenção especializada (ambulatorial 
e hospitalar). 
IMPORTANTE:
Diversos estudos demonstram grande aumento do 
número de tecnologias produzidas e incorporadas 
nos últimos anos associadas à queda das taxas de 
mortalidade geral, materno-infantil, cardiovascular, 
entre outras, demonstrando eficiência nos investimentos 
governamentais. (BRASIL, 2012) 
Vale ressaltar que a incorporação tecnológica em saúde extrapola 
o uso de equipamentos e medicamentos e o âmbito da atenção 
especializada, englobando pesquisa acadêmica, produção de serviços 
de saúde, condutas e mudanças nos processos de trabalho. 
Porém, o processo de incorporação tecnológica vem acontecendo 
de modo acelerado e desregulado, modulado pelo mercado da saúde 
que nem sempre age eticamente no mundo competitivo, e gerando 
grandes desigualdades nos tratamentos de saúde devido às restrições 
de orçamento. (BRASIL, 2016) 
Gestão do Financiamento na Saúde
26
Figura 5 – As restrições de orçamentárias geram desigualdades nos tratamentos de saúde 
no setor público e particular
Fonte: Pixabay. 
NOTA:
É importante lembrar que a oferta de tecnologias em saúde 
excede a capacidade de oferta do SUS, fazendo assim, com 
que seja necessária a adoção de escolhas difíceis quanto à 
alocação de recursos escassos em saúde. 
Esse fato se agrava quando as regras decisórias existentes são 
inadequadas para orientar a escolha oferecida aos maiores usuários. 
Agregando-se às falhas de planejamento e regulação, a incorporação 
de novas tecnologias biomédicas levam a resultados economicamente 
desastrosos, sem resultar no benefício almejado. (BRASIL, 2012)
RESUMINDO:
Devemos entender os serviços que compõem as Redes de 
Atenção à Saúde (RAS) e como se dá a avaliação tecnológica 
em saúde (ATS), processo com base em evidências, que 
buscam analisar opções e desfechos da utilização de 
tecnologias, considerando a assistência profissional, social, 
questões financeiras, econômicas e éticas.
Gestão do Financiamento na Saúde
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Financiamento e Operacionalização da 
Assistência em Saúde no Brasil 
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você vai compreender como é 
realizar a análise crítica da incorporação de tecnologias e a 
sua relação com os custos em saúde..
A operacionalização da assistência idealizada nos modelos e 
preconizada nas políticas de saúde é etapa essencial para a efetivação 
dos direitos constitucionais do cidadão brasileiro, já que possuímos um 
sistema de qualidade de vida que trabalha teoricamente a redução das 
desigualdades sociais com grandes problemas de concretização prática. 
REFLITA:
Vamos lá: nesse contexto, não seria uma gestão profissional, 
que busque a eficiência alocativa de recursos e a qualidade 
dos serviços prestados, à solução para os problemas do 
SUS? 
Fonte: Freepik
Gestão do Financiamento na Saúde
28
Sabemos que a gestão em saúde tenta utilizar-se de modelos 
administrativos exitosos na área privada e já testados previamente em 
outros países, porém ainda com grandes dificuldades de aceitação e 
operacionalização no país. 
REFLITA:
Os gestores devem procurar utilizar-se dessas ferramentas 
modernas da Administração na busca da gestão adequada 
do SUS ou as características do setor público brasileiro não 
permitem tal ensejo?
Veremos nesse capítulo como a gestão da qualidade na saúde 
pública e o árduo trabalho de gestão de equipes, podem ser importantes 
fatores de melhoria da qualidade das ações de saúde contribuindo para a 
construção e implementação daquele modelo de assistência idealizado 
por todos e coerente com as bases doutrinárias do SUS. 
Operacionalização da Assistência em 
Saúde
As Normas Operacionais Básicas do SUS, NOB-SUS (BRASIL,1991; 
BRASIL, 1992; BRASIL, 1993; BRASIL, 1996), promoveram integração das 
ações de saúde entre as três esferas de governo e desencadearam o 
processo de descentralização, delegando, principalmente aos municípios, 
responsabilidades e recursos para a operacionalização do SUS, antes 
centralizadas no nível federal.
Com o advento da Norma Operacional da Assistência à Saúde, 
NOAS-SUS (BRASIL, 2001; BRASIL, 2002), apresentou-se a confirmação 
de algumas diretrizes e ampliação de outras. 
Gestão do Financiamento na Saúde
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IMPORTANTE:
Podemos dizer que foi de grande repercussão na NOAS-
SUS as diretrizes de descentralização; regionalização; 
ampliação de acesso à saúde com a definição de áreas 
estratégicas de atuação; a organização de serviços, 
tanto em atenção primária quanto em média e alta 
complexidades; o fortalecimento da capacidade de gestão 
no SUS; além da definição das responsabilidades cabíveis 
às esferas de governo garantia o acesso da população, 
controle, avaliação e regulação dos serviços. 
Figura 7 – Norma Operacional da Assistência à Saúde 
Fonte: Freepik
Com a NOAS-SUS, os municípios passaram a ter responsabilização, 
até então, nunca preconizada na gestão da atenção básica, e incorpora 
em seu texto, claramente, conceitos e critérios modernos da gestão em 
saúde, na busca de eficiência dos serviços, influenciando e promovendo 
a necessidade de os gestores se capacitarem para o atendimento a esses 
requisitos. (BRASIL, 2001; BRASIL, 2002)
Gestão do Financiamento na Saúde
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EXPLICANDO MELHOR:
Desse modo, coube ao município se capacitar para ter a 
competência de planejar, executar, avaliar, controlar e 
regular as suas ações de saúde, demandando equipe 
especializada em gestão com habilidades técnicas para 
realizar a construção, implementação e análise crítica das 
políticas de saúde. 
Análise Crítica dos Modelos de Assistência 
em Saúde
Uma situação é fato: é real a necessidade de reorientação do 
modelo assistencial da saúde para que o financiamento seja suficiente 
para sanar os problemas de saúde da população brasileira. Para isso, 
deve-se estimular a reflexão sobre o trabalho das equipes de saúde, o 
uso de tecnologias, a formação profissional e a alocação dos recursos 
(ALMEIDA, 2012). 
No aspecto administrativo, os gestores precisam desenvolver mais 
a competência para trabalharem comindicadores de saúde ou gerais. 
Taxas, índices, entre outros, são números, informações que proporcionam 
ao gestor realizar análise crítica do processo gerencial e da efetividade do 
modelo de assistência adotado, que, em saúde, reflete diretamente na 
qualidade de vida da população assistida.
IMPORTANTE:
Caso o gestor identifique o modelo de gerência ou 
assistencial, ora adotado, e esse não apresente a efetividade 
almejada, deve-se mapear os processos, identificar os 
pontos de melhorias e se propor medidas interventivas 
que busquem a criação ou adaptação de um sistema que 
atenda às reais necessidades dos usuários. 
Gestão do Financiamento na Saúde
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Figura 8 – Foco, financiamento, território, equipe e usuário: importantes pontos de análise 
dos modelos de assistência em saúde 
Fonte: Freepik
IMPORTANTE:
Através do estudo dos indicadores, os gestores devem 
analisar foco, financiamento, território, tecnologias equipe 
e usuários, todos componentes do complexo sistema de 
saúde que se pretende desenhar. 
A intervenção nesses aspectos do sistema deve ser analisada 
quanto aos impactos diretos e indiretos na operacionalização das ações 
de saúde e, obviamente, na qualidade de vida e saúde dos usuários. 
Gestão do Financiamento na Saúde
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Resultados e Impactos
Considerando o aspecto e dimensão dos resultados, esperamos 
que a implementação de um sistema de gestão eficiente da saúde 
pública aliada a um modelo de assistência coerente apresente impactos 
para a organização, para os trabalhadores e, consequentemente, para os 
usuários do serviço. 
No setor saúde sabemos que a avaliação da satisfação dos 
profissionais e dos usuários passa pelos critérios da tríade estrutura, 
processo e resultado nos serviços ofertados, sendo, assim, fundamental 
para a construção da qualidade desenvolvida nos estabelecimentos de 
saúde. (PERTENCE; MELLEIRO, 2010)
Figura 9 – Indicadores são as ferramenta principal na aferição dos impactos da gestão e do 
modelo assistencial na saúde da população. 
Fonte: Freepik.
O debate sobre a necessidade de mudança do modo de se fazer 
e gerir a saúde pública, defende que é necessário impactar o núcleo do 
cuidado. É preciso investir nas necessidades dos usuários, invertendo o foco 
do investimento para pessoas e as suas relações. (FERTONANI et al., 2015) 
Gestão do Financiamento na Saúde
33
O Modelo Médico-Assistencial Privatista (hegemônico) tem foco no 
atendimento de demanda espontânea, residindo aí a sua maior deficiência 
por não alcançar aquela parcela da população que não percebe suas 
necessidades de saúde, mesmo que estas existam. 
NOTA:
Porém, mesmo atualmente parte dos profissionais e 
usuários não valorizam a prevenção de doenças, refletindo 
o modelo assistencialista centrado na figura do médico e no 
hospital que não verifica as necessidades locais, a formação 
de vínculos e o protagonismo da população assistida. 
Logo, o grande impacto negativo da gestão e do modelo 
predominantemente curativo é o prejuízo ao atendimento integral 
individual e coletivo, o não comprometimento com o resultado sobre 
o nível de saúde da população e a elevação dos custos da assistência. 
(ALMEIDA, 2012)
Custos nos Modelos de Assistência 
A gestão de custos no setor da saúde pública, como em qualquer 
organização privada, proporciona ao gestor uma visão fina da realidade 
financeira por permitir analisar como são aplicados os recursos disponíveis, 
identificando os exageros e destinando os recursos na quantidade certa 
para serem aplicados nas atividades primordiais, nesse caso, definidos 
pelo modelo de assistência que norteou a elaboração das políticas. 
IMPORTANTE:
A gestão de custos não tem como objetivo somente gastar 
menos, mas sim otimizar os gastos. (ALMEIDA; BORBA; 
FLORES, 2009) 
Gestão do Financiamento na Saúde
34
Figura 10 – Um dos objetivos da gestão de custos é otimizar os gastos
Fonte: Freepik
A gestão de custos no ente público é critério fundamental na 
tomada de decisão, pois se faz indispensável na programação adequada 
dos limitados recursos financeiros disponíveis para a execução das 
políticas de saúde sem que, uma otimização de gastos reflita no aumento 
da quantidade e qualidade dos serviços prestados (ALMEIDA; BORBA; 
FLORES, 2009). 
EXPLICANDO MELHOR:
Podemos dizer que, no Setor público, a gestão de cursos 
permite melhor visualização do cenário financeiro e busca 
a melhoria contínua da eficiência no direcionamento dos 
recursos e aplicação nas estratégias e ações de saúde. 
(SILVA; SILVA; PEREIRA, 2016) .
Gestão do Financiamento na Saúde
35
Estudos do setor público brasileiro, em geral, demonstram a 
necessidade da gestão de custos. A saúde, por ser bastante complexa 
e composta por diversos tipos de ações, procedimentos, profissionais e 
inúmeros empreendimentos realizados dentro de uma única organização, 
possui características muito próprias, o que torna a apuração e análise 
de custos uma tarefa desafiadora para os gestores que buscam o 
planejamento e a implementação de modelo de assistência coerente. 
(ALMEIDA; BORBA; FLORES, 2009)
RESUMINDO:
Devemos fazer a análise crítica da incorporação de 
tecnologias e a sua relação com os custos em saúde.
Gestão do Financiamento na Saúde
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A Alocação de Recursos em Saúde
OBJETIVO:
Ao final deste capítulo, você vai saber identificar como se dá 
a alocação de recursos em saúde.
Os profissionais de saúde baseiam suas decisões diárias em critérios 
técnico-científicos, éticos, morais, judiciais e, na atual conjuntura, na 
condição econômico-financeira vigente. Em um cenário onde o mercado 
da saúde apresenta a cada dia uma nova tecnologia terapêutica, a ética 
demonstra sua importância. 
Por outro lado, no respaldo de difíceis decisões envolvendo a 
alocação de recursos escassos por instituições públicas e filantrópicas, 
principalmente no atendimento à pacientes provenientes do Sistema 
Único de Saúde (SUS). 
NOTA:
A medicina baseada em evidência precisa ser praticada 
considerando-se os componentes financeiros disponíveis. 
Figura 11 – O planejamento de recursos escassos frente às necessidades ilimitadas se torna 
um verdadeiro malabarismo para o gestor.
Fonte: Freepik
Gestão do Financiamento na Saúde
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Muito se discute sobre a caracterização primordialmente assistencial 
dos hospitais enquanto instituições destinadas ao cuidado. Porém, 
nos últimos tempos, tem-se buscado conferir a essas organizações o 
rigor administrativo de uma empresa formal, como certamente o são, 
principalmente pela necessidade de se gerir de forma adequada os 
recursos disponíveis promovendo, assim, a manutenção do serviço de 
forma regular para a população. 
REFLITA:
Os gestores possuem essa responsabilidade de aplicar 
os recursos da forma mais racional e criteriosa possível 
cabendo a eles a permanência ou o fechamento da oferta 
de serviços de saúde. 
Em Goldim (2004), podemos ver que a alocação de recursos, 
dependendo do âmbito onde ocorre, também pode ser considerada sob 
a égide da Ética. O processo decisório ético é fomentado pela vontade 
geral, uma decisão pública, tomada utilizando-se da via política. Por 
outro lado, esse processo decisório também pode se basear na vontade 
individual, sendo a expressão de uma decisão pessoal do indivíduo. 
Para uma definição mais coerente da aplicação dos recursos, 
padronizaram-se os termos, como critérios de necessidade, merecimento 
e efetividade. 
A Necessidade, o Merecimento e a 
Efetividade
Os critérios padronizados como prioritários utilizados, usualmente 
na determinação da alocação de recursos em saúde, são: necessidade, 
merecimento e efetividade. (GOLDIM, 2004)Esses critérios possuem 
fundamentação com base na relação diferencial como o tempo, uma 
vez que a necessidade se refere a eventos que ocorrem no presente; o 
merecimento nos remete ao passado - com a utilização de situações que 
já ocorreram previamente e, como precedentes abertos, pressupõemGestão do Financiamento na Saúde
38
auxílio de avaliação – e a efetividade, direcionada a casos futuros, ou seja, 
um exercício prognóstico. (GOLDIM, 2004) 
Os critérios da efetividade (eficácia clínica) e necessidade (gravidade) 
constituem parâmetros de natureza técnica e considerando os valores 
ético-sociais. Já a vertente social do critério da necessidade, abrange 
condição econômica e responsabilidade social, enquanto o critério do 
merecimento é o reconhecimento de mérito ou de demérito. 
NOTA:
Os dois critérios integram o grupo dos parâmetros sociais 
que buscam o crescimento do bem-estar social ao lado da 
adoção de outros critérios individuais como a idade, o sexo, 
a força de trabalho, a expectativa de vida, e a qualidade de 
vida. (VILLAS-BÔAS, 2010) 
O processo decisório que define em que será alocado o recurso em 
saúde, depende de como os atores envolvidos reconhecem a existência 
de uma missão assistencial a ser cumprida, assim como do envolvimento, 
representatividade e o conhecimento dos objetivos que se buscam 
alcançar. (GOLDIM, 2004)
IMPORTANTE:
A combinação de todas essas características gera a 
tipologia hierarquizada utilizada na definição da alocação 
de recursos características principais do processo decisório. 
Gestão do Financiamento na Saúde
39
O Processo Decisório Ético na Alocação de 
Recursos
No processo de alocação de recursos, a equipe de saúde 
responsável pelo atendimento analisa as opções clínicas disponíveis para 
o paciente, especialmente o critério de efetividade. (GOLDIM, 2004)
SAIBA MAIS:
Quando a destinação do recurso para o paciente é definida 
coletivamente por uma equipe profissional, é considerada 
uma decisão macrobioética. Porém, a decisão baseada na 
vontade, nos critérios e valores pessoais do paciente é o 
que definimos como uma decisão microbioética. (CHIARINI 
JÚNIOR, 2012)
REFLITA:
O maior dos dilemas éticos envolvendo a alocação de 
recursos em um país com as características do Brasil vai 
sempre ser a escassez. A realidade é a de um investimento 
em saúde muito menor do que o realmente necessário, 
explicitando a situação de recursos cada vez mais escassos 
devido à crescente necessidade da população. E assim, 
chegamos ao âmago da reflexão: como agir com base na 
ética frente à escassez de recursos em saúde? 
Gestão do Financiamento na Saúde
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Figura 12 - A equipe de saúde responsável pelo atendimento analisa as opções clínicas 
disponíveis para o paciente, especialmente o critério de efetividade
Fonte: Freepik
RESUMINDO:
Nessa unidade letiva discutimos como a Economia da saúde 
é uma ciência multidisciplinar que apresenta ferramentas 
e subsídios para que governantes e gestores tomem as 
melhores decisões no que tange ao financiamento e a 
alocação dos limitados recursos destinados à saúde pública 
no país. Vimos como avaliar a viabilidade de se incorporar 
novas tecnologias em saúde, principalmente quando essas 
envolvem aumento de complexidade e onera os cofres 
públicos. Por fim, analisamos como agir eticamente frente à 
demanda de saúde da população e à capacidade financeira 
que limita a destinação de recursos para sanar as grandes e 
importantes necessidades de saúde da população. 
Gestão do Financiamento na Saúde
41
REFERÊNCIAS
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1992, Edita a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde para 
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BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.203, de 05 de novembro 
de 1996. Redefine o modelo do Sistema Único de Saúde. Diário Oficial da 
União, Brasília, DF, 05 nov. 1996.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 373, de 27 de fevereiro 
de 2002. amplia as responsabilidades dos municípios na Atenção 
Gestão do Financiamento na Saúde
42
Básica; estabelece o processo de regionalização como estratégia de 
hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior eqüidade; cria 
mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema 
Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de habilitação de 
estados e municípios. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 27 fev. 2002. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 545, de 20 de maio de 
1993. Estabelece normas e procedimentos reguladores do processo de 
descentralização da gestão das ações e serviços de saúde, através da 
Norma Operacional Básica - SUS 01/93. Diário Oficial da União, Brasília, 
DF, 20 maio 1993. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 95, de 26 de janeiro de 
2001. Aprova a Norma Operacional da Assistência à Saúde – NOAS-
SUS 01/2001 que amplia as responsabilidades dos municípios na 
Atenção Básica; define o processo de regionalização da assistência; cria 
mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema 
Único de Saúde e procede à atualização dos critérios de habilitação de 
estados e municípios. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jan. 2001. 
BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução nº 258, de 07 de janeiro de 
1991. Aprova a Norma Operacional Básica/SUS nº 01/91. Diário Oficial da 
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