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BIOLOGIA 2 DOENÇAS CAUSADAS POR VIRUS

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CIÊNCIAS DA NATUREZA E SUAS TECNOLOGIAS 
BIOLOGIA 2
Capítulo 3
Doenças causadas por vírus
1º ano, Ensino Médio 
Luís Carlos Lemos 
Principais viroses
Os vírus podem provocar danos à agricultura, à pecuária e à saúde humana;
Diversos fatores influenciam a gravidade da doença, como a extensão e o tipo de tecido afetado, o tipo de vírus e o estado geral de saúde da pessoa infectada. Além disso, embora os vírus sejam imunes a antibióticos, visto que são específicos para o combate de bactérias, existem soros e outros medicamentos que podem ser utilizados contra as infecções virais como tentativa de amenizar os sintomas.
Muitos vírus possuem genes que codificam fatores de virulência. Esses fatores influenciam na capacidade do vírus de causar doenças, isto é, na sua patogenicidade. Eles podem incluir o aumento na eficiência da multiplicação e da transmissão virais, maior resistência a certas defesas do organismo, entre outros. A perda desses fatores de virulência resulta em atenuação do vírus, ou seja, na redução do poder patogênico deste. Por essa razão que muitas vacinas são produzidas com vírus atenuados.
Síndrome da imunodeficiência adquirida – aids
O HIV (sigla em inglês para Human Immunodeficiency Virus – Vírus da Imunodeficiência Humana) é o vírus causador da aids (sigla para acquired immunodeficiency syndrome – síndrome da imunodeficiência adquirida).
Uma célula de defesa do sangue (em azul) sendo atacada por inúmeros vírus HIV (em amarelo). Fotomicrografia obtida por microscopia eletrônica de varredura e colorida artificialmente.
Estrutura do HIV
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é um tipo de retrovírus envelopado. Ele possui um nucleocapsídeo envolto por mais de uma camada proteica, formando uma estrutura denominada core. Envolvendo o core, há o envelope, composto por uma camada dupla de lipídios, na qual estão imersas várias proteínas específicas desse vírus. Na face interna da camada de lipídios, prendem-se várias outras proteínas.
No interior do vírus HIV, existem moléculas da enzima transcriptase reversa e duas fitas de RNA. As glicoproteínas permitem ao vírus fixar-se às possíveis células hospedeiras do sistema imune: células T auxiliares, os macrófagos e as células dendríticas.
Representação esquemática do vírus HIV, destacando seus principais componentes.
Ciclo de vida do HIV
O ciclo de vida do HIV começa quando proteínas presentes no envelope do vírus se ligam ao receptor CD4 da célula humana hospedeira. Então, o envelope do HIV se funde à membrana da célula, o core penetra no citoplasma e, em seguida, é degradado. Após esse processo, a enzima transcriptase reversa produz o DNA viral a partir do RNA do vírus. O DNA viral sintetizado fica, inicialmente, livre no citoplasma.
Uma vez incorporado, o provírus sofrerá duplicação juntamente com o DNA da célula sempre que esta se dividir. O provírus pode permanecer por algum tempo em estado latente, sem dar sinal de sua existência, como acontece no ciclo lisogênico dos bacteriófagos. Contudo, uma vez instalado, a infecção é permanente.
Células-alvo do HIV
As moléculas proteicas do envelope do vírus da aids têm grande afinidade com uma proteína denominada CD4, a qual é encontrada na membrana plasmática de alguns tipos de célula do corpo humano. Essas serão as células infectadas pelo HIV, como é o caso, principalmente, dos linfócitos T4 (ou T auxiliares).
Outras células também contêm a proteína CD4 na membrana plasmática. Essa proteína ocorre também em cerca de 40% dos monócitos do sangue, em aproximadamente 5% dos linfócitos B (glóbulos brancos responsáveis pela produção de anticorpos), em alguns tipos celulares dos nódulos linfáticos, no timo, na pele, no encéfalo, na medula óssea vermelha e nos intestinos. Os linfócitos presentes no sêmen e no fluido vaginal também podem ser infectados pelo HIV.
Características da síndrome da imunodeficiência adquirida
A infecção pelo HIV se manifesta em três fases principais. Na fase aguda, que se estende do momento do contágio até o período de três a seis semanas, o indivíduo costuma apresentar febre, cefaleias (dores de cabeça) e ínguas (inchaços dos nódulos linfáticos).
Após essa fase, o HIV entra em período de latência, o que caracteriza a fase crônica da infecção, quando o paciente não manifesta sintomas. Na verdade, ele não está com aids, mas é portador assintomático do vírus HIV, podendo transmiti-lo. Nesse estágio, o vírus já é detectado nos exames, e o paciente é considerado soropositivo para o HIV.
Se o indivíduo portador tiver queda de imunidade, seja por uma outra infecção ou mesmo por um estado psicológico de depressão, o HIV pode se manifestar. Então, a infecção entra na fase sintomática; a aids propriamente dita. Assim, surgem vários sintomas, como fadiga, febre, inchaço crônico dos gânglios linfáticos, surgimento de pequenos pontos vermelhos na pele e distúrbios do sistema nervoso central (desde fortes dores de cabeça até encefalites).
Exame para detecção do HIV
 O ELISA (sigla em inglês para Enzyme Linked Immunosorbent Assay) é o mais usado, por ser bastante prático e barato. Ele detecta a presença de anticorpos anti-HIV no sangue do indivíduo.
O falso positivo ocorre quando a pessoa entrou em contato com o vírus da aids, mas não adquiriu a doença (o vírus não atacou as células), ou seja, apenas produziu anticorpos contra o HIV. O falso negativo ocorre devido à janela imunológica, isto é, ao ser contaminado, o indivíduo só passa a produzir anticorpos depois de cerca de 3 meses; antes disso, a pessoa tem o vírus HIV, mas o exame dá negativo devido à falta de anticorpos.
O Western blot é outro tipo de exame, feito no caso de o resultado do ELISA ser positivo, para confirmar o resultado. Esse exame detecta proteínas do envelope do vírus HIV.
A pessoa com o vírus HIV é dita soropositiva; sem o vírus, soronegativa.
Tratamento
Coquetel anti-HIV
Inibidores da transcriptase reversa – Impedem que o vírus consiga produzir DNA para controlar o DNA da célula, de modo que o vírus não se multiplique.
Inibidores de protease – Impedem a maturação das proteínas virais, bem como a formação de capsídeos, de modo que novos vírus não sejam produzidos.
Inibidores de fusão – Impedem a fusão do material genético do vírus com o da célula hospedeira, o que também bloqueia a reprodução viral.
Transmissão
Medidas profiláticas
Dengue
A dengue é uma doença causada por um flavivírus (arbovírus), um tipo de vírus envelopado com RNA de cadeia simples. Existem 4 tipos distintos de vírus da dengue, os quais são transmitidos pela picada de mosquitos da espécie Aedes aegypti (principal vetor da doença no Brasil). Em outros países, o inseto transmissor pode ser diferente.
Mosquito Aedes aegypti, vetor transmissor do vírus da dengue e de outras doenças, como a zika, a chikungunya e a febre amarela.
ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO DO MOSQUITO 
A dengue pode ser controlada e, eventualmente, erradicada com o combate ao mosquito vetor, o qual precisa de água doce e parada para se reproduzir. Assim, há três formas de medidas preventivas:
Mecânica – Consiste na eliminação de frascos, garrafas e pneus que acumulem água, sendo este o principal mecanismo de controle da doença.
Química – Pode ser feita com a aplicação de inseticidas.
Biológica – Consiste na criação de peixes larvófagos em tanques e poços para que eles se alimentem das larvas em focos. Comumente são utilizados os peixes popularmente conhecidos como peixes-beta.
Febre amarela
A febre amarela é uma doença infecciosa aguda característica de regiões tropicais, como América do Sul e África. Seu agente causador é um tipo de retrovírus, um arbovírus do gênero Flavivirus.
Os principais sintomas da febre amarela surgem cerca de três a seis dias após a contaminação. São eles: febre, forte dor muscular, mal-estar, cansaço, dor de cabeça, calafrios, vômitos e diarreia.
Febre zika
O zika vírus foi isolado, inicialmente, em 1947, por meio do macaco Rhesus na África, mais precisamente em Uganda. Atualmente, o vírusé responsável por uma arbovirose emergente no planeta.
Esse vírus caracteriza-se por apresentar genoma constituído por RNA de cadeia simples, sendo transmitido por mosquitos das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus.
Geralmente, a doença é curada sem maiores complicações. Entretanto, há relatos de alterações neurológicas tardias, como a síndrome de Guillain-Barré, que se caracteriza pela fraqueza nos membros inferiores do paciente. No caso da transmissão placentária, da mãe para o feto, há indícios de que a infecção pelo vírus possa causar microcefalia em bebês, em caso de infecções durante o primeiro trimestre de formação embrionária.
Febre chikungunya
A febre chikungunya é uma enfermidade também causada por um arbovírus, o vírus Chikungunya. Assim como o zika vírus, o Chikungunya é transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, é de origem africana e é constituído por RNA de cadeia simples.
O tempo de incubação desse vírus é de 2 a 12 dias, e a melhora ocorre em, aproximadamente, 10 dias. Essa arbovirose causa febre (que pode alcançar cerca de 38,9 °C), cefaleia, dor articular, dor muscular (mialgia), náuseas e vômitos. Os sintomas assemelham-se aos da dengue; no entanto, a dor articular (em especial nos punhos, tornozelos e cotovelos) é utilizada no diagnóstico dessa enfermidade. O aparecimento de manchas na pele ocorre entre 40-50% dos indivíduos infectados pelo vírus.
Gripe comum
A gripe é causada por variedades do Influenzavirus, um vírus envelopado com oito moléculas de RNA.
Os vírus da gripe atacam os tecidos das porções superiores do sistema respiratório e, raramente, atingem os pulmões.
O principal método de prevenção é evitar o contato direto com pessoas doentes. Há também a vacinação, porém, como os vírus são altamente mutagênicos, não há uma vacina definitiva. 
No combate aos sintomas, são utilizados antitérmicos e analgésicos, bem como substâncias que diminuam a obstrução nasal (vasoconstritores). 
Gripe A
Popularmente conhecida como “gripe suína”, essa doença é causada pelo H1N1, uma variação do vírus Influenza A, que pode ser disseminado entre humanos. 
O diagnóstico do H1N1 é realizado pela análise de amostras respiratórias dos pacientes, nos primeiros 4 a 5 dias ou até 10 dias em crianças com suspeita de contaminação.
Coronavírus
Os coronavírus causam doenças respiratórias em seres humanos e em outros animais. Os sintomas das doenças causadas por esses vírus variam desde leves até muito graves, podendo ser letais. As infecções mais conhecidas nos seres humanos são: a SARS (Síndrome Respiratória Aguda), causada pelo agente Sars-CoV; a MERS (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), provocada pelo vírus Mers-CoV; e a Covid-19 (sigla derivada da expressão em inglês coronavirus disease 2019), cujo patógeno é o SARS-CoV-2. 
Os coronavírus possuem uma cadeia simples de RNA envelopado por uma estrutura lipoproteica esférica. O nome corona (do latim, coroa) é dado devido às espículas de glicoproteínas, que, na microscopia eletrônica, lembram uma coroa.
A Covid-19 é altamente contagiosa;
SINTOMAS 
A endemia é caracterizada pelo fato de a doença ocorrer habitualmente e com incidência significativa em dada população e/ou região, como a febre amarela na Amazônia, por exemplo. Epidemia é o aumento brusco de surtos de uma doença, podendo atingir várias regiões de um município, estado ou país. Já o termo pandemia é empregado quando uma doença infecciosa atinge um grande número de pessoas espalhadas pelo mundo.
Condiloma acuminado
O condiloma é uma infecção sexualmente transmissível (IST) causada pelo papilomavírus, um vírus não envelopado com DNA de cadeia dupla, também conhecido como HPV tipo II.
O vírus HPV tipo II infecta células dos órgãos genitais, provocando no homem lesões papilares (verrugas) na glande, no prepúcio e na uretra; na mulher, afeta o pudendo feminino, o períneo, a vagina e o colo do útero. As lesões podem ser muito pequenas, de difícil visualização a olho nu. Na maioria das vezes, a infecção é assintomática. A aparência da verruga depende do tipo de HPV e do local infectado.
Herpes simples
Existem dois vírus do Herpes simples, o HSV-1 e o HSV-2. Ambos são vírus envelopados com DNA de cadeia dupla. O agente causador do herpes simples labial é o Herpesvírus tipo 1 (HSV-1), podendo também afetar a região genital. O HSV-2, por sua vez, é o vírus de herpes simples que causa o herpes genital. Os dois vírus compartilham muitas características, incluindo o DNA, os antígenos presentes em suas estruturas e os tecidos alvo.
 Deve-se evitar contato íntimo durante as recorrências de infecção, pois as ulcerações na pele secretam um fluido contagioso.
As bolhas do herpes simples podem aparecer nos lábios, no nariz e nas áreas próximas. As lesões assemelham-se a espinhas e à picada de insetos e, geralmente, desaparecem após uma semana.
Catapora e herpes zoster
A catapora e o herpes zoster são doenças diferentes, entretanto são provocadas pelo mesmo tipo de vírus: o HHV-3. A catapora é a que ocorre na infância, pela primeira vez, e a herpes zoster (ou cobreiro) acontece quando há recorrência da infecção pelo mesmo vírus na fase adulta.
A catapora afeta crianças, provocando formação de pústulas na pele, especialmente no rosto, pescoço e tronco, as quais regridem após três ou quatro dias. Os pacientes apresentam febre, enjoo e vômitos. A infecção pode atingir também diversos órgãos internos.
O vírus HHV-3 permanece, em geral, em estado latente nos gânglios nervosos espinais e pode ser ativado décadas mais tarde. Essa reincidência causa lesões dolorosas na pele, ao longo de nervos sensitivos, e é chamada de herpes zoster ou cobreiro.
Rubéola
A infecção durante a gravidez é preocupante, pois produz, em 35% dos casos, a síndrome da rubéola contagiosa. Essa síndrome caracteriza-se por sérios danos ao feto em desenvolvimento, incluindo surdez, catarata, malformação cardíaca, deficiência intelectual e até a morte.
Sarampo
A infecção tem início na parte superior das vias respiratórias. Após um período de incubação de 10 a 12 dias, aparecem sintomas semelhantes aos do resfriado comum: dor de garganta, dor de cabeça e tosse. Logo depois, aparecem erupções na pele, começando na face e espalhando-se pelo tronco e pelas extremidades. O sarampo é uma doença perigosa, principalmente em crianças e idosos. Em 0,1% dos casos ocorre encefalite, que frequentemente deixa lesões cerebrais permanentes.
Varíola
É causada pelo Orthopoxvirus variolae, um vírus envelopado com DNA de cadeia dupla. Esse vírus infecta órgãos internos antes de entrar na corrente sanguínea e atingir as células da pele, com a formação de protuberâncias com pus que provocam lesões desfigurantes que persistem ao longo da vida.
Poliomielite
É causada pelo Enterovirus, um vírus não envelopado com RNA de cadeia simples. O vírus multiplica-se, inicialmente, em células da garganta e do intestino delgado, invadindo, em seguida, as tonsilas (amígdalas), os linfonodos do pescoço e o íleo (a porção final do intestino delgado). ]
Raiva
A raiva, ou hidrofobia, causada pelo Lyssavirus, é transmitida aos seres humanos, geralmente, pela mordedura e saliva de animais domésticos (principalmente cães e gatos infectados) ou silvestres (como morcegos, quatis, raposas, lobos e saguis). Por isso, a raiva é considerada uma zoonose, isto é, uma doença compartilhada por animais e pelo ser humano.
A prevenção contra essa doença consiste principalmente na vacinação de cães e gatos. No caso das pessoas que tenham sido mordidas por animais suspeitos, é importante procurar atendimento médico para receber a vacina e o soro antirrábicos.
Caxumba
A caxumba é causada pelo Paramyxovirus, um vírus envelopado com RNA de cadeia simples. O vírus infecta, em geral, células das glândulas salivares parótidas, provocando inchaço em um ou em ambos os lados da porção superior do pescoço, acompanhado de febre e dor ao engolir.
Hepatite viral
Consiste em uma inflamação do fígado cujos sintomassão: icterícia, febre, náuseas, vômitos e falta de apetite. Essa doença pode ser provocada por cinco tipos de vírus (A, B, C, D e E):
Tipo A – é transmitido por água e alimentos contaminados. Pode ser prevenido por bons hábitos de higiene e controle da qualidade da água.
Tipo B – é transmitido principalmente por sangue e derivados e por meio de relações sexuais. A hepatite B pode ser prevenida com o uso de preservativo, além do não compartilhamento de objetos como lâminas de barbear, escova de dente e seringas. Também é importante que agulhas para tatuagem, equipamento para piercing ou materiais para unhas, como alicates, estejam devidamente esterilizados.
Tipo C – é transmitido por transfusão de sangue contaminado e relações sexuais. Quando há contato sanguíneo entre a mãe contaminada e o feto, por meio de hemorragias placentárias, também é possível a transmissão.
Tipo D – ocorre em pacientes já infectados com hepatite B. Nesse caso, há a aceleração dos efeitos graves da doença. A vacina contra hepatite B também protege contra a hepatite D.
Tipo E – é transmitido por vias digestivas e não se torna crônico. Em mulheres grávidas, pode causar a forma mais grave da doença. Assim como a hepatite A, hábitos de higiene e controle da qualidade da água também previnem esse tipo.
FIM 
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