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P R O B L E M A S N E M A T O L Ó G I C O S EM B A N A N E I R A S (Musa spp.) NO BR A S I L A n t o n i o C a r l o s Z e m * L u i z G o n z a g a E . L o r d e l l o * * RESUMO Em levantamento nematológico realizado durante quatro anos (1977-1981), envol vendo 157 amostras de raízes e solo da rizosfera de bananeiras (Musa spp.) co letadas em diversos estados brasileiros, obtiveram-se as seguintes porcentagens, de amostras positivas e densidades popu¬ lacionais em 1 0 g de raízes, respectiva mente para as espécies de nematóides identificadas: Helicotylenchus dihyste ra (23,5%-272), Heliootylenchus multi¬ c i n c t u s (80,2%-1770), Macroposthonia or¬ nata (1,2%-122), Meloidogyne spp.(55,4%- -725), Radopholus sinilis (43,3%-1326), Rotylenchulus reniformis (7,6%-225) e Tylenchus sp. (0,6%-ll4). H. multicina¬ tus foi a espécie mais abundante e dis tribuída. R. similis foi encontrado so¬ * FMC d o Brasil S/A, C a m p i n a s , S P . ** D e p a r t a m e n t o de Z o o l o g i a , E.S.A. " L u i z de Q u e i r o z " , U S P . P i r a c i c a b a . m e n t e e m á r e a s c u l t i v a d a s c o m b a n a n e i ras C a v e n d i s h , c o m e l e v a d a s p o p u l a ç õ e s a s s o c i a d a s a m a r c a n t e s s i n t o m a s de p r e s e n ç a d o p a r a s i t o . Meloidogyne s p p . e //. dihyslera f o r a m e s p é c i e s a m p l a m e n t e d i s t r i b u í d a s e p o s s i v e l m e n t e c a u s e m d a n o s e c o n ô m i c o s . A o c o r r ê n c i a a i n d a res¬ t r i t a de R. similis s u g e r e a a d o ç ã o de e n é r g i c a s m e d i d a s de c o n t r o l e v i s a n d o a impedir a sua d i s s e m i n a ç ã o no P a í s e a p r o t e ç ã o de o u t r o s c u l t i v o s e v e n t u a i s h o s p e d e i r o s . I N T R O D U Ç Ã O O Brasil é o p r i n c i p a l P a í s p r o d u t o r e c o n s u m i d o r de b a n a n a s , t e n d o p r o d u z i d o 6 . 1 7 6 . 0 0 0 t o n e l a d a s e m 1 9 7 8 , q u e c o r r e s p o n d e m a 17¾ d a p r o d u ç ã o mundial ( P R O D U C T I O N Y E A R B O O K , 1 9 7 8 ) . A p e s a r d i s s o , o Brasil t e m r e d u z i d o v o l u m e d e e x p o r t a ç õ e s , s e n d o s u p e r a d o p o r d i v e r s o s p a í s e s . Tal fa t o se d e v e , e m g r a n d e p a r t e , à a u s ê n c i a de u m a i n f r a - e s t r u t u r a q u e p o s s i b i l i t e e s t i m u l a r a s e x p o r t a ç õ e s de b a n a n a , a l é m d a m á q u a l i d a d e d a s f r u t a s e m d e c o r r ê n c i a d o s e f e i tos d e p r a g a s , d o e n ç a s e a u s ê n c i a de t e c n o l o g i a p õ s - c o lhei t a . D e n t r e o s m a i s i m p o r t a n t e s o r g a n i s m o s d a n i n h o s â b a n a n i c u 1 t u r a b r a s i l e i r a e n c o n t r a m - s e o s n e m a t ó i d e s , p e los v u l t o s o s p r e j u í z o s q u e p r o v o c a m e e m ra z ã o d e seu dj^ f í c i 1 e o n e r o s o c o n t r o l e . D o s n e m a t ó i d e s q u e p a r a s i t a m a s b a n a n e i r a s (Mmui s p p . ) , o " n e m a t õ i d e t a v e r n í c o l a " , lui<l(>f>ho / u.- r, fmi I »\: (Cobb, 1893; T h o r n e , 19'»9. é o m a i s d a n i n h o e d i s s e m i n a - do em todo o mundo (BLAKE, 1969), lendo sido identifica do no Brasil, hâ 23 anos em bananal do litoral paulista por CARVALHO (1959). A partir de então, outras espécies como llcl iculy- Lcncihus multicinotur. (Cobb, 1893) Golden, 1956; Meloido gyne incognita (Kofoid & White, 1919) Chitwood, 1949; Meloidogyne javanica (Treub, 1885) Chitwood, 1949; Hoty- lenc?tulus reniformis Llnford S Oliveira, 1940; Pra- tylenchus coffeae (Zimmermarn, 1898) Filipejv 6 Schuur- mans Stekhoven, 1941, além de outras de patogenic :dade não comprovada, foram identificadas em associação com a bananeira (LORDELLO, 1973b; SHARMA, 1973; ZEM & ALVES, 1 9 7 8 ; ALMEIDA et alii, 1 9 7 8 ; ZEM et alii, 1980). Além disso, a disseminação do nematóide cavernícola jã foi ob servada em novas areas de cultivo por LORDELLO (1973a), ZEM (1978), ZEM et alii (1980ab) e ZEM (1982). A vista do exposto, objetivou-se estudar a compo sição qualitativa e quantitativa das infestações por ne matóides em algumas regiões produtoras brasileiras. HATERIAL E MÉTODOS Para a determinação qualitativa e quantitativa dos principais gêneros e espécies de nematóides fitoparasi- tos encontrados em associação com bananeiras no Brasil, coletaram-se amostras de raTzes e solo da rizosfera de diversos cultivares nos seguintes Estados produtores de banana no Brasil: Alagoas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Brasília (DF), num total de 157 amostras. Como critério de amostragem, adotaram-se de «modo geral, a escolha de plantas em florescimento, nas quais se p r o c u r o u c o l e t a r as r a í z e s i m e d i a t a m e n t e c o n t í g u a s a o r i z o m a , a u m a d i s t â n c i a de 20 c m d o p s e u d o c a u l e e até 30 c m de p r o f u n d i d a d e , c r i t é r i o s e s t e s p r ó x i m o s à q u e l e s a d o t a d o s por V I L A R D E B O ( 1 9 7 6 ) . N e s t a s c o n d i ç õ e s , c o l e t a v a m - s e a p r o x i m a d a m e n t e 50 g de r a í z e s e 100 ml de so l o por a m o s t r a , o s q u a i s e r a m a c o n d i c i o n a d o s e m s a c o s d e po l i e t i l e n o d e v i d a m e n t e e t i q u e t a d o s , e e n c a m i n h a d o s a o la b o r a t ó r i o p a r a p r o c e s s a m e n t o . D e u - s e p r e f e r ê n c i a , s e m p r e q u e p o s s í v e l , à s p l a n tas c o m s i n t o m a s g e r a i s d e d e p a u p e r a m e n t o , e v i t a n d o - s e t e r r e n o s e x c e s s i v a m e n t e ú m i d o s . 0 p r o c e s s a m e n t o d a s a m o s t r a s foi r e a l i z a d o n o L a b o r a t ó r i o d e N e m a t o l o g i a d o C e n t r o N a c i o n a l d e P e s q u i s a de M a n d i o c a e F r u t i c u l t u r a , C N P M F / E M B R A P A , e m Cruz d a s A l m a s , B a h i a e n o D e p a r t a m e n t o d e Z o o l o g i a d a E s c o l a S u p e rior d e A g r i c u l t u r a " L u i z d e Q u e i r o z " d a U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o , e m P i r a c i c a b a , S P . A s t é c n i c a s p a r a processa_ m e n t o d a s a m o s t r a s , e x t r a ç ã o e q u a n t i f i c a ç ã o d o s n e m a t ó i d e s e s t ã o d e a c o r d o c o m a d e s c r i ç ã o d e Z E M ( 1 9 8 2 ) . R E S U L T A D O S E D I S C U S S Ã O N a s T a b e l a s 1 a 8 s ã o a p r e s e n t a d a s a s e s t i m a t i v a s p o p u l a c i o n a i s d o s n e m a t ó i d e s f i t o p a r a s i t o s p r e s e n t e s n a s a m o s t r a s d e r a í z e s e s o l o d a r i z o s f e r a d e b a n a n e i r a s e x a m i n a d a s . F o r a m i d e n t i f i c a d a s o i t o e s p é c i e s de n e m a t ó i d e s , p e r t e n c e n t e s a s e i s g ê n e r o s , d a s q u a i s a s m a i s f r e q ü e n tes f o r a m : H. mu7tt<mirii*+u}it M. incognita, M. ,'nwanioa e R. similin , e x a t a m e n t e a s e s p é c i e s r e c o n h e c i d a s c o m o as m a i s p a t o g ê n i c a s ã b a n a n i c u 1 t u r a . A s i n f e s t a ç õ e s f o r a m g e r a l m e n t e m ú l t i p l a s , e n v o l v e n d o e s p é c i e s de d o i s o u m a i s g ê n e r o s Considerando-se o número total de amostras de raíi zes processadas e submetidas ao exame nematológico durari te o levantamento, as seguintes porcentagens de freqüên cia foram obtidas, para as diferentes espécies: H. dihya tera (23,5¾), H. multicinotue (80,2¾), Maoroposthonia or nata (1,2¾), Metoidogyne spp. (M. javanica e M. incoqni~ ta) (55, 1»¾), R. aimilis (43,3¾), R. reniformis (7,6¾) e Tylenchua sp. (0,6¾). Quanto ã densidade populacional a espécie H. multi_ cinctus foi a que alcançou a maior média, seguida por R. 8ÍmilÍ8 e Meloidogyne spp. com densidadespopulacionais respectivas de: 1.770, 1-326 e 725 nematóides por 10 g de raízes. As espécies com menores densidades foram: lenchus sp. e Maoroposthonia ornata. Tabela 1. Densidade populacional e porcentagem de fre qüência de nematóides associados às raízes de bananeiras nas 157 amostras examinadas. E m s e g u i d a , s a o r e l a c i o n a d a s as e s p é c i e s i d e n t i f i c a d a s , o r d e n a d a s d e a c o r d o c o m sua i m p o r t â n c i a e c o n ô m i c a , c o m - c o m e n t a r i O s s o b r e as c o n d i ç õ e s g e r a i s d a s p l a n tas a t a c a d a s , d i s t r i b u i ç ã o g e o g r á f i c a , s u s c e p t i b i 1 i d a d e d o s culti v a r e s e d e n s i d a d e s p o p u l a c i o n a i s o b t i d a s . Radopholus similis 0 n e m a t ó i d e de m a i o r i m p o r t â n c i a e c o n ô m i c a n a c u l tura d a b a n a n e i r a é R. similis ( B L A K E , 1972; S T O V E R , 1972; O ' B A N N O N , 1979; G O W E N , 1979; T A R T E £ P I N O C H E T , 1981). S e g u n d o Z E M 6 L O R D E L L O (1983), e s t a e s p é c i e foi as s i n a l a d a , a t é o p r e s e n t e , e m 12 e s t a d o s b r a s i l e i r o s , a s a b e r : B a h i a , C e a r á , E s p í r i t o S a n t o , M a r a n h ã o , M a t o G r o s so d o S u l , P a r a í b a , P e r n a m b u c o . R i o G r a n d e d o N o r t e , R i o G r a n d e do S u l , R i o de J a n e i r o , S ã o P a u l o , S a n t a C a t a r i na e no D i s t r i t o Federal ( B r a s í l i a ) . D e s t e s , s o m e n t e e m São P a u l o e R i o de J a n e i r o , o p a r a s i t o m o s t r o u - s e a b u n d a n t e e a m p l a m e n t e d i s s e m i n a d o e m l a v o u r a s c o m e r c i a i s . N o s d e m a i s e s t a d o s , a s o c o r r ê n c i a s f o r a m e s p o r á d i c a s e l i m i t a d a s a p o u c a s p r o p r i e d a d e s e m u n i c í p i o s o u e n t ã o à s á r e a s e x p e r i m e n t a i s d e d i v e r s o s ó r g ã o s d e p e s q u i s a . C o m r e s p e i t o â s u s c e p t i b i 1 idade d o s c u l t i v a r e s , pô d e - s e v e r i f i c a r , e m á r e a s c o m e r c i a i s , o p a r a s i t i s m o de R. similis e m " N a n i c a " , " N a n i c ã o " , " M a ç ã " , " M a r m e l o " , "My s o r e " , " G r a n - N a i n e " , " O u r o " e " T e r r a " . J á e m c o l e ç ã o de c u l t i v a r e s (Tabela 2 ) , p r a t i c a m e n t e t o d o s o s c u l t i v a r e s m o s t r a r a m - s e h o s p e d e i r o s , e m b o r a t e n h a h a v i d o d i f e r e n ç a s e n t r e as d e n s i d a d e s p o p u l a c i o n a i s o b s e r v a d a s . N o e s t a d o d a B a h i a , o n e m a t ó i d e c a v e r n í c o l a só foi e n c o n t r a d o e m b a n a n e i r a s c u l t i v a d a s e m ó r g ã o s d e p e s q u i s a , c o n f o r m e já r e l a t a d o p o r S H A R M A (1974a, b ) , Z E M (1978) e Z E M & A L V E S (1978), e c o n f i r m a d o n e s t e e s t u d o , c o m e x c e ç ã o d e d u a s p r o p r i e d a d e s p a r t i c u l a r e s nos m u n i " c í p i o s de C a c h o e i r a e I t a n a q r a . N e s t e e s t a d o , R. sim/'/is o c o r r e u i n v a r i a v e l m e n t e e m a l t a s d e n s i d a d e s p o p u l a c i o n a i s , e x c e t o n o m u n i c í p i o de I t a n a g r a . A publicação de ZEM e t a l i i (1980b) assinala a pre sença de R. nimilia apenas no Perímetro Irrigado de Mo rada Nova (SUDENE) no estado do Ceará. Situação seme lhante verificou-se no estado da Paraíba, onde o parasi to só foi encontrado no Perímetro Irrigado de São Gonça- lo (SUDENE) (ZEM, 1 9 8 2 ) . Já no Distrito Federal, amos tras coligldas em pequenas propriedades dos municípios satélites de Brasília, indicaram a presença de R. 8Ími- Em Santa Catarina e Rio Grande do Norte, R. simi- ÍZ8 foi registrado apenas nos municípios de Jacinto M a chado e Açu, respectivamente. No Mato Grosso do Sul, o nematóide cavernícola foi encontrado no município de Sidrolândia, em populações variáveis de 80 a 1.0**0 espécimes por 10 g de raj^ zes. Os estados do Rio de Janeiro (GOES e t alii 1 9 8 1) e São Paulo se constituem em exceção, no sentido de que bananais de municípios produtores encontram-se infesta dos com populações em níveis alarmantes, além de terem sido detectadas sensíveis perdas de produção em várias propriedades. A presença do nematóide cavernícola foi relatada pela primeira vez no estado de São Paulo e conseqüente mente no Brasil, em bananal do município de Juquiá, 1ito ral sul do Estado (CARVALHO, 1 9 5 9 ) . Durante os anos sub seqüentes o problema ficou em segundo plano, atribuindo- se a baixa incidência do parasito a problemas de solos pesados, má drenagem, e conseqüentemente baixos níveis populacionais (MARTINEZ, 1 9 7 6 ) . Esse pensamento perma neceu até que métodos eficientes de extração dos exemplai res associados ãs raízes da bananeira vieram demonstrar ocorrerem severas infestações. Assim é que ZEM et alii (1979) observaram, a partir de 1 9 7 7 , severa decadência dos bananais de "Nanicão" do litoral paulista, com escas sez de frutos em plena safra. Paralelamente, e talvez em decorrência de deficiências hídricas, verificaram que as populações de R. oúrdLir> atingiram em média 4.^75 ( 2 . 8 6 2 - 5 . 7 O O ) exemplares por 10 g de raízes o que supera va em muito os níveis de dano econômico considerados pa ra outros países. Estas infestações estavam sempre as sociadas a H. multiainotuo, H. dihyQleva e, em alguns casos, Meloidogyne spp. Os municípios amostrados e que apresentavam os maiores problemas foram: Juquiá, Iguape, Itariri, Miracatu, Registro e Pedro de Toledo. Nessas áreas eram freqüentes sintomas como: reboleiras de plan tas de tamanho reduzido e amarelecidas, produzindo fru tos pequenos e magros, cachos "engasgados" (lançamento abortado), tombamento de plantas, sistema radicular redu^ zido, com necroses castanho-avermelhadas extensíveis ao rizoma e indicações de deficiências de potássio e magné- sio (em plantios corretamente adubados), culminando com reduções de produção de a 60% em relação ã de 1976. MOREIRA & ORTOLANI (1979) relataram que, de julho de 1976 a setembro de 1978, o desenvolvimento das bana neiras do litoral paulista foi afetado por intensa defi ciência hídrica, a qual condicionou grande decréscimo de produção, afetando negativamente a qualidade do produto. Por outro lado, as análises nematológicas realizadas no mesmo período (Tabela 7) revelaram a alta incidência de nematóides associados a sistemas radiculares reduzidos e necrosados, o que certamente contribuiu para acentuar os efeitos da deficiência hídrica observada na área. No litoral, a maioria dos bananais é atualmente do cultivar "Nanicão", introduzido a partir de I960, com o incentivo da Secretaria de Agriculturj do Estado. Contu do, esse cultivar, embora produzindo cachos maiores, re velou-se desvantajoso em vários pontos. Sendo de porte alto ( 2 , 8 m) e com cachos mais pesados, as plantas supo£ tavam menos a ação dos ventos, principalmente quando afe tadas por nematóides. Para agravar o mal, houve no iní cio dos anos 60 intensa procura de mudas desse cultivar e as plantas tombadas foram para tal aproveitadas. • Convivendo com o problema» os bananlcultores pas saram a acreditar que o cultivar anterior "NanIca" era mais res* Is ten te aos nematóides, mas tal fato ocorria pe lo agravamento do problema em decorrência do maior porte e maior peso do cacho do cultivar "Nanicio". CURI et alii (1973) também verificaram altas \nfes_ tações nos bananais do litoral paulista, relatando então que de 1968 a 1977 as infestações foram controladas natjj ralmente pelas longas e intensas chuvas. Porém, a partir de 1977» verificaram aumentos nas populações, especial mente de R. eimilis. Recentemente, CURI & SILVEIRA (1981) relataram populações médias de 10 g de raízes de 3-280exemplares de R. eimilis , em Eldorado Paulista e 2.000 em Itanhaém, admitindo que nesses níveis são nocivos e limitantes para a bananicu1tura do litoral sul de São Paulo. Estes dados comprovam as observações de ZEM et alii (1979). Muito embora só recentemente o problema tenha mere cido publicações técnicas, já em 1963» devido ã grande infestação de R. eimilis, o Instituto Biológico baixou Portaria proibindo a saída de mudas de bananeiras de Ju quiá e Caraguatatuba e, em 1969, esta Portaria foi esten dida a todos os municípios do litoral. Todavia, intenso comércio de mudas ainda ocorre, sendo estas vendidas pa ra áreas longínquas onde 5ão um perigo em potencial para a pimenteira-do-reino e anonáceas (Norte-Nordeste), con forme alertou MONTEIRO (1981). Também devem ser condenadas as medidas de introdu ção de novos cultivares no litoral paulista. Esses cul- tivares, em que pese serem introduzidos com certificado de sanidade, são multiplicados em áreas infestadas e, a seguir, distribuídos por todo o Estado e País. Tal fato pode ser comprovado através do exame do cultivar "Gran- -Naine", oriundo da América Central, e multiplicado no litoral paulista (Tabela 7). file:///nfes_ Helicotylerunhwi multicincLuu A importância de //. muLLCcinctuti como parasito da bananeira foi evidenciada pelos trabalhos de MINZ et alii ( I960) e CAVENESS 6 BADRA (1980), os quais obtive ram correlação entre o declínio de bananais e a presença desse nematõide espiralado. No entanto, a presença de R. BÍmilÍ8 mesmo em Infestações mistas com H. multioinc- t u a y tem levado os autores a acreditar que aquele é mais nocivo ao cultivo, por ser mais freqüente, numeroso e por colonizar as raízes e rizoma com maior rapidez (TAR- TE 6 PINOCHET, 1981). No presente estudo, H. multiainatus foi a espécie que ocorreu com a major freqüência (80,2¾) e a que mos trou a maior densidade populacional, ou seja, 1.770 espé cimes por 10 g de raízes. Nas condições de coleções de germoplasma, pratica mente todos os cultivares se mostraram susceptíveis, coji forme se verifica na Tabela 8 e nos trabalhos de SHARMA (1974b) e ZEM 6 RODRIGUES (1978). Em muitos casos, observaram-se infestações muito altas de H. multioinotus, tanto em amostras de raízes co mo em amostras de solo da rizosfera, coletadas na Bahia, Distrito Federal, Maranhão e São Paulo; pareceu que a au^ sência ou baixa incidência de R. similis favorecia sobre maneira o desenvolvimento do nematõide espiralado. Em amostras, na ausência do nematõide cavernícola, pode-se observar os sintomas típicos do ataque de H. mui ticinatua nas raízes das bananeiras. Estes sintomas eram mais evidentes nas raízes mais grossas e se constituíam de pequenas lesões acastanhadas, com aparência de pontua ções superficiais, não mais profundas que 2 mm e não afe tando o cilindro central. Em casos de ataques intensos, as lesões superfi ciais podem coalescer, dando às raízes aspecto intensa- mente necrosado e semelhante ao parasitismo por H. ai- milin. ti. multicinctuo infestou também o rlzoma, leslonaji do-o superficialmente e assim como /r. uiihilia também se dissemina através de rizomas Infestados. Este fato tam bém foi observado por outros autores (BLAKE, 1969). Finalmente, considerando-se as altas Infestações observadas e a ampla distribuição do nematóide ti. multi— cinotus aliado ã ausência de R. 8tmil%8 em muitas áreas, recomenda-se atenção especial também com o nematóide em Questão, pois deve estar causando danos aos nossos bana nais, a exemplo do que ocorre em outras regiões produto ras (MINZ et alii, I960 e CAVENESS 6 BADRA, 1980). Me loidogyne spp As espécies de Meloidogyne seguiram de perto ti. multicinctus quanto ã freqüência e abundância, ocorrendo em 55,1*¾ das amostras e com população média de 725 espé cimes por 10 g de raízes. Todos os estados amostrados apresentaram infesta ções por M. javanica ou M. incognita, ou ambos. As infe£ tações mais expressivas ocorreram nos estados da Bahia, Distrito Federal, Maranhão e Minas Gerais. Neste estudo, chamou a atenção a expressiva infes tação de M. javanica verificada no município de Concei ção do Ouro, MG, estando o bananal de "Prata" por oca sião da amostragem decadente, apesar do rigor dos tratos culturais e ausência de sintomas de doenças. Houve relativa variação no número de larvas pré-pa rasltas extraídas de 10 g de raízes, nem sempre ocorren do correlação entre o índice de infestação e o número de larvas. Tal fato panece ser explicado pela incidência concomitante de R. r.ftní/io e //. mu///*<•/*>/.•/ur,, influindo de acordo com o grau de necroses radicuia res, para maior ou menor presença de larvas de Meloidogyne. V/erificou- -se que a distribuição de galhas no sistema radicular não era uniforme e se restringia ãs áreas ainda não colo nizadas por R. nimilia e H. multicinctuo, principalmente em relação ao nematóide cavernícola. Recentemente, ZEM £ LORDELLO (1981) publicaram trabalho sobre a incidência da me 1 oi doginose em cultivares de bananeiras, bem como os sintomas a ela associados. Outras espécies de nematóides encontrados nas raízes de bananeiras Em adição aos principais nematóides parasitos da bananeira citados anteriormente, outras espécies de me nor importância foram também observadas, das quais ape nas H. dihystera (GUIRAN 6 V1LAR0EB0, 1362) e R. renifor mis (EDMUNDS, 1 9 6 8 , 1970) têm alguma s i g n i f i c a n c e , além da ocorrência de P. coffeae ainda restrita aos estados do Ceará (ALMEIDA et alii, 1978) e Paraíba (ALVES & ZEM, 1 9 8 2 ) . H. dihystera mostrou-se comum neste levantamento, ocorrendo em 2 3 , 5 ¾ das amostras processadas, com uma den sidade populacional média de 2 7 2 espécimes por 10 g de raízes. De modo geral, a espécie B. dihystera tem sido co muníssima em solos do País (LORDELLO, 1973 e MENDONÇA, 1 9 7 6 ) , explicando e m parte sua ampla distribuição em ba- naneIras. Entre os nematóides do gênero Helicotylenchus, so mente a espécie H. multicinctus tem sido relatada como patogênica â bananeira, muito embora várias outras te nham sido assinaladas em associação com esta musácea. Particularmente em relação a H. dihystera, não se tem in formações sobre sua nocividade ã bananeira, porém, em amostra coletada no município de Jacinto Machado, SC, o parasito atingiu a expressiva infestação dt- 1260 m-maioi des por 10 q de raízos. H. venifowriin, embora em baixa freqüência no levan tamento como um todo, ocorreu principalmente nos Estados do Nordeste. A importância relativa do R. renifoimifí como para sito da bananeira não foi elucidada satisfatoriamente até o presente. No entanto, as elevadas populações verj^ ficadas, especialmente em amostras coletadas no Nordes te, e as necroses associadas aos locais de alimentação das fêmeas, fazem pressupor que se constituem em proble ma de ordem econômica. Semelhantes observações foram realizadas por EDMUNDS (1968 e 1 9 7 1 ) . CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A PRESENÇA DE NEMATÓIDES PARA SITOS EM BANANEIRAS NO BRASIL ~ A análise dos resultados obtidos neste levantamen to revela que as bananeiras no Brasil são parasitadas por um complexo de nematóides muito semelhantes àquele encon trado nas regiões bananícolas de outros países. ~ No entanto, alguns fatores tornam distinto o pro blema no Brasil: o primeiro refere-se â baixa incidência de R. 3Ímili,8 em bananeira "Prata". Infestações não ocor rem em áreas comerciais, mas tão somente em áreas experT mentais. 0 fato de o cultivar ter-se multiplicado a par_ tir de material sadio, funcionou como verdadeira barrei ra cultural ou ecológica, impedindo que R. similis fosse ainda mais disseminado pelo Pais. Em segundo lugar, des_ taca-se a ampla e abundante presença de H. mil-tifímitw* onde quer que se cultivem bananeiras, devendo esse nema tóide, por este motivo, superar inclusive R. 8Ímilis em importância econômica. P. rnjffvtv:, devido ã sua restrita ocorrência, podeser considerado, no momento, de menor importância. As espécies de Meloidogyne atingiram elevados ní veis de infestação, especialmente quando na ausência de R. oimilia e, e m algumas áreas, têm Interferido na prod^j ção. ~* Recomenda-se, portanto, aos órgãos que pesquisam a bananeira, cuidados especiais na veiculação e desinfesta ção de material de plantio, cabendo em primeiro lugar às instituições oficiais a responsabilidade da introdução e produção de material de plantio livre de pragas e doen ças, sendo desejável que estes mesmos órgãos mantivessem viveiros matrizes, para produção de mudas sadias, espe cialmente e m áreas onde o nematóide cavernícola não é en contrado ou está pouco disseminado. SUMMARY NEMATODE PROBLEMS IN BANANA PLANTATIONS (Musa spp.) IN BRAZIL A survey on parasitic nematodes was carried out in several banana-growing regions of Brazil for a period of 4 years. It included 157 samples of roots and soil from the rizosphere of banana plants (Musa spp). The following percentual values of positive samples and population density were respectively obtained for the nematode species identified: Helicotylenchus dihystera (23.5%-272), Helicotylenchus multicinotus (80.2%-1770), Macroposthonia ornata (1.2%-122), Meloidogyne spp. (55.4%-725). Radopholus similis (43.3%-1326), R o t y l e n c h u ¬ lus reniformis (7 -6%-225), and Tylenchus sp. (0.6%-114). H. m u l t i c i n c t u s was the most abundant and widely spread species. R. similis was found only in areas where Cavendish banana plants have been grown, large populations being associated with remarkable parasitic symptoms. Meloidogyne spp. and H. dihystera have been w i d e l y d i s t r i b u t e d a n d p r o b a b l y p r o m o t e e c o n o m i c a l d a m a g e . The still r e s t r i c t e d d i s t r i b u t i o n of R. s i m i L i s s u g g e s t s that s t r o n g c o n t r o l m e a s u r e s to be a d o p t e d , in o r d e r to a v o i d its d i s s e m i n a t i o n t h r o u g h o u t the c o u n t r y a n d to a s s u r e the p r o t e c t i o n of o t h e r c r o p s w h i c h c o u l d be e v e n t u a l h o s t s o f this n e m a t o d e . L I T E R A T U R A C I T A D A A L M E I D A , R . T . ; L A N D I M , C.M.U.; C A R A T E L L I , A., 1 9 7 8 . O c o r r ê n ¬ c i a de Pratylenchus coffeae ( Z i m m e r m a n n , 1898) Filip¬ jev & S c h u u r m a n s S t e k h o v e n , 1941 e m Musa cavendishii Lamb, n o E s t a d o do C e a r á . Fitopatologia Brasileira , B r a s i l i a , 3: 295 -299 . A L V E S , E . J . ; Z E M , A . C . , 1 9 8 2 . N e m a t ó i d e s a s s o c i a d o s à c u l t u r a d a b a n a n a n o e s t a d o da P a r a í b a . Fitopatologia Brasileira B r a s í l i a , 7: 3 3 3 - 3 3 7 . B L A K E , C . 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