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DIREITO DAS SUCESSÕES Direito das Sucessões é o conjunto de normas que disciplinam a transferência do patrimônio (ativo e passivo – créditos e débitos) de alguém, depois de sua morte, em virtude de lei ou testamento. Está regulado nos arts. 1.784 a 2.027 CC. A Constituição Federal assegura o direito de herança (artigo 5º, XXX). O objetivo do direito sucessório é a propriedade, conjugada ou não com o direito de família. A sucessão é realizada em decorrência de lei ou de testamento. A sucessão que ocorre em virtude da lei é chamada de sucessão legítima. Por sua vez, à sucessão em decorrência de testamento dá-se o nome de sucessão testamentária. SUCESSÃO LEGÍTIMA : Seguindo o que está estabelecido em lei, caso uma pessoa morra sem deixar testamento, a herança será transmitida aos herdeiros legítimos determinados pela legislação. Será legítima também se o testamento for invalidado ou considerado nulo. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA : Acontece por meio do testamento e somente é permitido que o testador disponha da metade da herança caso haja herdeiros necessários (como cônjuge sobrevivente, descendentes ou ascendentes (art.1.789 CC). A metade restante é considerada "legítima", garantida aos herdeiros obrigatórios. Caso não existam, o indivíduo terá total liberdade para fazer testamento. Porém , se a pessoa estiver casada sob o regime da comunhão universal de bens (art. 1.667 CC), a propriedade do casal será dividida em partes iguais e cada indivíduo só terá direito à disposição sobre sua própria parte. A nossa legislação proíbe todas as formas de sucessão são proibidas, incluindo a contratual. Isso significa que pactos sucessórios não podem ser feitos e é ilegal fazer um contrato de uma herança quando o proprietário ainda está vivo (de acordo com o artigo 426 do Código Civil). No entanto, a cessão de direitos é permitida. A TÍTULO UNIVERSAL: onde a pessoa designada como herdeira assume a totalidade, fração ou parte da herança e é responsável por quaisquer dívidas relacionadas. Isso se aplica tanto em casos de sucessão legítima quanto testamentária, e. A TÍTULO SINGULAR: no qual o legado de um bem específico é deixado pelo testador ao beneficiário. O herdeiro não é responsável pelas dívidas da herança. A herança é transmitida aos herdeiros quando é aberta a sucessão, a qual ocorre com o falecimento do de cujus. Em outras palavras, após a morte, a herança é, desde logo, transmitida. Como citado anteriormente, a sucessão se dá por lei (sucessão legítima) ou por disposição de última vontade (sucessão testamentária), independentemente do tipo de testamento, ele será válido se for aberto no último domicílio conhecido do falecido. No caso de a pessoa morrer sem testamento, a herança é transmitida aos herdeiros legítimos, como também em relação aos bens que não forem compreendidos no testamento. Ademais, caso o testamento seja anulado ou considerado inválido, a sucessão legítima terá prioridade. A companheira ou o companheiro terá participação na sucessão do cônjuge em relação aos bens adquiridos durante a união estável, desde que tenham sido obtidos de forma onerosa e sujeitos às seguintes condições: 1. se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho; 2. se concorrer com descendentes só do autor da herança, terá direito à metade do que couber a cada um daqueles; 3. se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança; 4. não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança. Quando há herdeiros necessários envolvidos em uma sucessão testamentária, o testador só poderá dispor de metade da herança. Por exemplo, se o falecido tinha um filho que é considerado como legítimo herdeiro e único beneficiário, ele não pode usar mais do que a metade da sua propriedade no seu testamento para outro terceiro; pelo menos 50% deveriam ir aos seus parentes próximos obrigatórios. • Pessoas com legitimidade para herdar são tanto as já nascidas quanto aquelas concebidas no momento em que a sucessão é aberta. Isso significa que um bebê ainda por nascer, mas já gerado na hora do falecimento, também tem o direito de ser beneficiário da herança. Depois que a liquidação ou partilha for concluída, o curador designado pelo juiz será encarregado dos bens da herança e geralmente é alguém cujo filho foi considerado como possível beneficiário pelo testador. No entanto, se decorridos dois anos após a abertura da sucessão não houver nascimento do herdeiro previsto, os bens reservados serão destinados aos herdeiros legítimos. A menos que o testador tenha deixado outra instrução em contrário. Podem ainda ser chamados a suceder, em relação à sucessão testamentária: • os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; • as pessoas jurídicas; • as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação Entretanto existe pessoas que não podem ser nomeadas herdeiros ou legatários, sendo nulas as disposições testamentárias em favor delas. São elas: • a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; • as testemunhas do testamento; • o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; • o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Pessoas que estão relacionadas nas atividades burocráticas não podem ser herdeiros. Existem ainda casos em que os herdeiros ou legatários serão excluídos da sucessão, como os: • que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; • que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; • que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. (essa exclusão deverá ser determinada através de uma sentença) Os efeitos da exclusão são individuais, afetando somente o próprio indivíduo. Assim, os herdeiros do indivíduo excluído assumem a sucessão como se ele tivesse falecido antes da abertura oficial. Depois da abertura da sucessão e transmitida a herança, é necessário aceitá-la ou renunciá-la, sendo que ambas são irrevogáveis. Quando a aceitação da herança é confirmada, a transmissão para o herdeiro torna-se definitiva desde que se inicie a sucessão. Essa aceitação da herança pode ocorrer de forma expressa, por meio escrita ou tácita, quando os beneficiários realizam ações que indicam seu status de herdeiro. expressa – declaração escrita (pública ou particular). tácita – atos compatíveis com a aceitação da qualidade de herdeiro. presumida – quando o herdeiro permanece silente, depois que é notificado para que declare se aceita ou não a herança. Porém, vale destacar que os atos oficiais como o funeral do falecido, aqueles puramente conservacionais ou os de administração e guarda temporária não implicam aceitação da herança. A renúncia à herança consiste em um ato jurídico unilateral pelo qual o beneficiário afirma claramente que não deseja aceitar a herança aosqual tem direito, abdicando de sua posição como titular. Esse tipo de procedimento é formal e deve ser realizado por meio da elaboração pública (perante o tabelião) ou registro no termo nos autos perante o juiz. São requisitos para a renúncia: • Capacidade jurídica do renunciante. Os incapazes não podem renunciar, senão por seu representante legal, autorizado pelo Juiz. • Forma prescrita em lei; sempre por escrito (escriturapública ou ato judicial); não há renúncia tácita nem presumida. • Impossibilidade de repúdio parcial da herança. Esta é indivisível até à partilha. • Respeito a direitos de eventuais credores. Se a renúncia prejudica credores, estes podem aceitar a herança. • Se o renunciante for casado, depende de outorga (uxória ou marital), pois o direito à sucessão é considerado bem imóvel. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante. A habilitação dos credores deverá ser feita em até 30 dias do conhecimento do fato. Assim, pagas as dívidas do renunciante, a renúncia ainda prevalece quanto ao remanescente da herança, que será devolvido aos demais herdeiros. Se o herdeiro prejudicar os seus credores ao renunciar à herança, estes podem receber autorização do juiz para aceitá-la em nome do renunciante. Os credores devem habilitar-se até 30 dias após tomar conhecimento da situação. Depois de quitar as dívidas do herdeiro que desistiu, a recusa ainda é válida quanto ao valor restante da sucessão, retornado aos demais herdeiros legítimos. A renúncia da herança é irretratável e irrevogável. HERANCA JACENTE (art. 1819 A 1823) Uma herança jacente, também chamada de herança sem dono, ocorre quando o falecido não deixou nenhum sucessor legítimo ou testamentário identificado. Os bens pertencentes à herança, após terem sido arrecadados, ficarao mantidos sob tutela e gestao de um curador até serem entregues ao beneficiário legal ou declarados como vagos. Depois de arrecadados e catalogados os bens da herança, serão publicados editais para localizar possíveis herdeiros. Se após um ano desde a primeira publicação nenhuma pessoa habilitada for encontrada ou se houver pendência na habilitaçãoa herança será declarada vacante. Já os credores do falecido tem direito de solicitar o pagamento das dívidas reconhecidas, desde que estejam dentro dos limites do valor da herança. Decorridos cinco anos da abertura do inventário, os bens arrecadados serão transferidos para o Município ou Distrito se estes forem localizados dentro de suas respectivas jurisdições. No caso dos mesmos serem encontrados em territórios federais, a União será beneficiária da transmissão. A herança será considerada vacante no caso todos os possíveis sucessores renunciarem de seus direitos sobre ela.