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Resistência e Transformação_ Um Estudo sobre as Classes Trabalhadoras na História e na Contemporaneidade

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
GUSTAVO LOPES ROCHA
LUCAS GABRIEL MARQUES FREITAS
Resistência e Transformação:
Um Estudo sobre as Classes Trabalhadoras na
História e na Contemporaneidade
BELO HORIZONTE
2024
RESUMO
Este trabalho examina os ensaios presentes no livro "Os Trabalhadores: Estudos
sobre a História do Operariado" de Eric J. Hobsbawm, comparando-os com a evolução
do mundo do trabalho conforme revista pelo autor, em contraste com a
contemporaneidade. Os ensaios abrangem principalmente o período do final do século
XVIII até meados do século XX, com ênfase na formação e desenvolvimento das
classes trabalhadoras, suas mentalidades, modos de vida e movimentos gerados.
O estudo preocupa-se em realizar um revisionismo histórico, com o objetivo de
analisar e evidenciar os acontecimentos de maneira isenta de opiniões tendenciosas e
tradicionalistas, baseando-se em documentos que comprovem a veracidade das
afirmações. Além disso, aborda aspectos ideológicos, trabalhistas, socialistas e
radicais, com teses de diversos autores.
No início dos ensaios, Hobsbawm discute a figura controversa de Thomas Paine,
um dos pais fundadores dos Estados Unidos. Paine foi porta-voz de duas grandes
revoluções de seu tempo – a Revolução Francesa e a Independência dos EUA.
Comunicando-se através de panfletos, ele conseguia transmitir suas mensagens às
massas de forma eficaz, sendo de origem humilde e, portanto, capaz de influenciar
também as elites. Consagrado por levar o racionalismo à classe trabalhadora, Paine é
um exemplo de figura influente que pertence e é reconhecida por esta classe, similar
ao que ocorre na política brasileira atual. Busca-se representação por alguém que fale
a mesma língua, compreenda e seja compreendido.
Nós ansiamos por uma representação de alguém que converse em nosso
idioma, que nos compreenda e que possamos compreender em retorno. Paine
alcançava diversas camadas da sociedade, graças à sua experiência em várias áreas.
Este fator, acendeu um novo ânimo na população trabalhadora, que viu em Paine um
exemplo de alguém que surgiu de seu próprio meio para se tornar uma voz poderosa e
influente.
Thomas Paine, uma figura influente durante a Revolução Francesa, teve um
papel controverso ao assumir posições de liderança. Apesar de suas palavras terem
exercido grande impacto no movimento revolucionário, Paine surpreendeu ao votar
contra a execução do monarca Luís XVI, revelando uma cautela diante das implicações
desconhecidas das mudanças radicais. Ele e seus seguidores defendiam que a
liberdade individual bastaria para alcançar o sucesso em um sistema justo. No entanto,
com o tempo, ficou claro que a persistência da pobreza continuava a ser um desafio
coletivo, exigindo esforços conjuntos para sua resolução.
Seguindo adiante nos ensaios, examinamos a evolução dos modos de
sindicalização e a análise do autor sobre como a história é moldada pelo ponto de vista
mais poderoso e conveniente. O controle da narrativa frequentemente estigmatizava as
associações que buscavam melhores direitos e condições de trabalho, retratando os
operários de maneira pejorativa como opositores irracionais à evolução tecnológica,
sem justificativa além de uma suposta hostilidade infundada, desvalorizando suas lutas
e silenciando suas vozes.
Apesar dos desafios, os sindicatos avançaram utilizando técnicas de
negociação, que incluíram desde paralisações de máquinas até greves, demonstrando
gradualmente sua influência sobre os empregadores através da união e solidariedade
entre os trabalhadores. Com perseverança, conseguiram obter conquistas junto aos
patrões, ainda que tenham enfrentado períodos de silenciamento impostos por grupos
como a "Bancada Religiosa".
Em um momento crucial, uma insurgência de religião conservadora se aliou ao
Estado, conseguindo temporariamente acalmar uma população profundamente
descontente com a situação econômica e social. A religião desempenhou o papel de
moderadora do humor popular, promovendo fé e dogmas, enquanto o Parlamento
protegia e incentivava as atividades empresariais. Apesar de sugerir neutralidade e
conciliação entre patrões e operários, o Parlamento falhou em implementar medidas
consistentes para efetivar esses acordos, refletindo paralelos com reformas recentes
no Brasil. Outro ponto de semelhança notável é a questão dos trabalhadores
independentes. Durante períodos de crise econômica e social no século XIX, quando o
Estado mostrava-se inerte diante do desemprego e do desespero social, houve um
crescimento significativo dos trabalhadores ambulantes. Este fenômeno caracterizou
uma intensa movimentação e migração populacional na época. Atualmente, esses
trabalhadores continuam a prosperar apesar da competição acirrada da
industrialização, destacando-se pela oferta de serviços personalizados que ainda têm
demanda no mercado.
Ao revisitar os ensaios de Eric J. Hobsbawm em "Os Trabalhadores: Estudos
sobre a História do Operariado", exploramos a evolução das classes trabalhadoras
desde o final do século XVIII até meados do século XX. Hobsbawm oferece uma
análise crítica das lutas, mentalidades e movimentos sociais que moldaram essas
épocas de transformação. Desde a influência de figuras como Thomas Paine, cujo
legado na Revolução Francesa revelou complexidades e contradições, até a resistência
dos sindicatos contra narrativas dominantes e a mobilização de trabalhadores
independentes diante de crises econômicas, cada capítulo da história revela uma luta
contínua por direitos e condições de trabalho dignas.
A história das classes trabalhadoras também nos ensina sobre os desafios
contemporâneos. A manipulação da narrativa em favor dos interesses dominantes
continua a ser uma realidade, enquanto trabalhadores ao redor do mundo enfrentam
novos dilemas como a automação e a globalização. No entanto, a solidariedade e a
organização persistem como ferramentas essenciais para a busca de justiça social e
econômica. Paralelos entre períodos históricos e eventos atuais, como a influência de
grupos conservadores na política e a resiliência dos trabalhadores independentes
frente à industrialização, destacam a relevância contínua dessas questões ao longo do
tempo.
Assim, ao examinar o passado, não apenas compreendemos melhor as origens
dos movimentos trabalhistas, mas também nos capacitamos para enfrentar os desafios
futuros com um olhar crítico e informado. A história das classes trabalhadoras é um
testemunho vivo da busca incessante por dignidade, justiça e igualdade, refletindo a
necessidade contínua de resistência e transformação em direção a um mundo mais
justo e equitativo para todos.
REFERÊNCIAS
Eric, H. Mundos do Trabalho. Tradução: Waldéa Barcellos.
Cláudio, B. Da ótica do trabalhador. Disponível em:
TeoriaeDebate.
Scott, M. Eric Hobsbawm’s 4 Ideas to Better Understand the Modern
World. Disponível em: The•Collector
https://teoriaedebate.org.br/estante/mundos-do-trabalho/
https://www.thecollector.com/eric-hobsbawn-ideas/

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