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Fundamentos da Educação Especial

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1 
 
Disciplina: Fundamentos da Educação Especial 
Autores: M.e Ana Paula de Carvalho 
Revisão Conteúdos: Esp. Marcelo Alvino da Silva / D.ra Maria Tereza 
Costa 
Revisão Ortográfica: Jaqueline Morissugui Cardoso 
Ano: 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral 
ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe 
da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas 
solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 
 
 
2 
 
Ana Paula de Carvalho 
 
 
 
Fundamentos da Educação 
Especial 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
Curitiba, PR 
Editora Sao Braz 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
CARVALHO, Ana Paula de. 
Fundamentos da Educação Especial / Ana Paula de Carvalho – Curitiba, 
2016. 
59 p. 
Revisão de Conteúdos: Marcelo Alvino da Silva / Maria Tereza 
Costa. 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. 
Material didático da disciplina de Fundamentos da Educação Especial – 
Faculdade São Braz (FSB), 2016. 
 ISBN: 978-85-5475-022-0 
 
 
 
4 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, 
nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de 
dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão 
Universitária. 
A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão 
de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais, e 
grupos de estudos com alunos e tutores, o que proporciona excelente integração 
entre professores e estudantes. 
 
Bons estudos e conte sempre conosco! 
Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Apresentação da disciplina 
Prezado aluno, seja bem-vindo à disciplina “Fundamentos da Educação 
Especial”. Essa temática é fundamental para a compreensão da Educação 
Especial nas suas fases históricas, destacando-se aspectos sociais e políticos, 
bem como os documentos legais e os diferentes conceitos que permeiam essa 
modalidade de ensino. O material foi elaborado a partir de assuntos selecionados 
especialmente para orientar sua aprendizagem. Para entender melhor o tema, 
busque bibliografias complementares e interaja com as mídias que o curso 
disponibiliza. 
No decorrer desta disciplina será abordada a Educação Especial e seus 
fundamentos por meio da análise de documentos legais e ações institucionais, 
buscando uma comparação entre os avanços da educação geral e da educação 
especial. 
É interessante notar que os conceitos que permeiam a educação especial 
não são cristalizados, dessa forma, serão apresentados diferentes pontos de 
vista ao analisar as políticas propostas para área. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
Aula 1 – Evolução da Educação Especial no Brasil: componentes 
históricos, filosóficos e sociais 
Apresentação da Aula 1 
Nesta aula serão evidenciados os principais fatos da história da Educação 
Especial no Brasil, bem como, os diferentes conceitos que permeiam essa 
modalidade de ensino nos distintos momentos históricos. 
 Considerando os acontecimentos históricos e a evolução nos documentos 
que legislam sobre o assunto antes da aprovação da Constituição Federal de 
1988. 
 
1. História da Educação Especial no Brasil 
1.1 Educação Especial no Período Imperial (1822-1889) 
Para demonstrar as considerações acerca da educação do Período 
Imperial, pode-se observar como ela foi descrita na primeira Constituição do 
Brasil (BRASIL, 1824): 
 
 CONSTITUIÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO DO BRAZIL DE 25 
DE MARÇO DE 1824 
 
 Constituição Política do Império do Brasil, elaborada por um Conselho de Estado e 
outorgada pelo Imperador D. Pedro I, em 25.03.1824. Manda observar a Constituição 
Política do Império, oferecida e jurada por Sua Majestade o Imperador. 
 
TITULO 8º 
Das Disposições Geraes, e Garantias dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos 
Brazileiros. 
 
 [...] 
 
 Art. 8 Suspende-so o exercicio dos Direitos Politicos 
 I- Por incapacidade physica, ou moral. 
 [...] 
 
 Art. 179 A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos dos Cidadãos Brazileiros, que 
tem por base a liberdade, a segurança individual, e a propriedade, é garantida pela 
Constituição do Imperio, pela maneira seguinte. 
 [...] 
 XXXII- A Instrucção primaria, e gratuita a todos os Cidadãos; 
 [...] 
 
Disponível na integra no acesso: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm 
 
 
 
7 
 
 
Vale reforçar que na supracitada Constituição, no Art. 179, a educação 
primária foi garantida aos “cidadãos”, sendo que dentre esses, devido ao 
entendimento no momento histórico, não estavam os negros escravizados, nem 
as mulheres, sendo ainda suspendido o exercício de direitos políticos “Por 
incapacidade physica, ou moral” (em seu Art. 8), o que era mais um fator que 
impossibilitava a participação de pessoas com deficiência nas instituições de 
“educação primária”. 
Pelo descaso do estado em relação ao público-alvo da Educação 
Especial, foram fundadas diversas instituições de caráter assistencial para o 
atendimento à esta demanda. Quanto ao atendimento voltado às pessoas com 
deficiência, no Período Imperial, não foram contempladas nada mais que poucas 
iniciativas isoladas. No Segundo Reinado, em 1854, Dom Pedro II fundou no Rio 
de Janeiro o “Imperial Instituto dos Meninos Cegos”, atualmente denominado 
“Instituto Benjamin Constant (IBC)”. 
Em 1857, foi fundado o “Imperial Instituto dos Surdos-Mudos”, igualmente 
no Rio de Janeiro (hoje designado “Instituto Nacional de Educação de Surdos” 
[INES]), sendo essas as primeiras instituições formadas no Brasil. Segundo 
Mazzotta (1996), essas ações particulares e isoladas atingiram apenas 0,22% 
da população de cegos e 0,15% dos surdos. Sobre as pessoas com deficiência 
intelectual, Jannuzzi (1992) explicita que o Período Imperial se caracterizou por 
uma sociedade rural e desescolarizada, silenciando sobre esses sujeitos, 
simplesmente, escondendo aqueles que mais se distinguiam. 
Assim, no Período Imperial notamos uma preocupação incipiente com a 
educação, na qual, basicamente, a educação especial foi vinculada a ações 
isoladas que nasceram desvinculadas da “educação primária” e atingiram um 
contingente muito pequeno da população. 
 
 
 
 
 
8 
 
Amplie Seus Estudos 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Leia o livro Educação Especial no Brasil: História 
e Políticas Públicas, de autoria de Marcos J. S. 
Mazzotta. A obra aborda a história da educação 
especial, onde o autor analisa criticamente as 
várias medidas educacionais para essa 
população, traçando a evolução do atendimento 
educacional aos alunos com necessidades 
especiais no Brasil. 
 
 
1.2 A educação especial após Período Imperial até a década de 1940 
Antes da década de 30 percebe-se que a atenção voltada à educação é 
incipiente, pois assim como no Período Imperial, as ações continuaram 
descontinuadas. A exemplo disso, a Constituição Republicana (BRASIL, 1891), 
no que se refere à educação, era mais extensa do que a Constituição de 1824. 
Porém, a oferta de educaçãoprimária gratuita aos “cidadãos”, um direito que 
havia sido mencionado na Constituição de 1824, é “esquecida” nesse momento 
(JANNUZZI, 1992). 
 
 CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA DOS ESTADOS UNIDOS 
DO BRASIL DE 24 DE FEVEREIRO DE 1891 
 
Nós, os representantes do povo brasileiro, reunidos em Congresso Constituinte, para 
organizar um regime livre e democrático, estabelecemos, decretamos e 
promulgamos a seguinte. 
 
[...] 
CAPÍTULO IV 
Das Atribuições do Congresso 
 
 Art. 35 Incumbe, outrossim, ao Congresso, mas não privativamente: 
 
 2º) animar no País o desenvolvimento das letras, artes e ciências, bem como a 
imigração, a agricultura, a indústria e comércio, sem privilégios que tolham a ação dos 
Governos locais; 
 3º) criar instituições de ensino superior e secundário nos Estados; 
 4º) prover a instrução secundária no Distrito Federal (BRASIL, 1891). 
 
Disponível na integra no acesso: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao91.htm 
 
 
 
 
9 
 
Na década de 30, tem-se um momento historicamente relevante para a 
educação. Vieira (2008, p. 12) recorda que nessa década “[...] vários estados 
deflagram reformas (Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e 
Minas Gerais)”. Ainda é importante mencionar que, em 1930, foi criado o 
Ministério da Educação e Saúde Pública, o primeiro passo dado em direção à 
criação do Ministério da Educação (MEC). 
Em meio ao movimento histórico da década, é aprovada a Constituição 
Federal, em 1934, a qual chega a estabelecer normas para a formulação do 
Plano Nacional de Educação. É importante lembrar que o primeiro Plano 
Nacional de Educação, no Brasil, só foi aprovado em 2001. Contudo, é relevante 
apontar que a ideia embrionária sobre a necessidade desse plano nasceu na 
Constituição de 1934. 
A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 16 de Julho 
de 1934, trouxe avanços significativos para a educação, trazendo, inclusive, a 
ideia embrionária para a criação do Plano Nacional de Educação. Referente a 
Educação Especial a citada Constituição não previu atendimento para o público-
alvo da educação especial. Essa Carta Magna evidencia novamente a 
necessidade do ensino primário gratuito, conforme trecho descrito a seguir: 
 
 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS 
DO BRASIL DE 16 DE JULHO DE 1934 
 
 Nós, os representantes do povo brasileiro, pondo a nossa confiança em Deus, 
reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para organizar um regime 
democrático, que assegure à Nação a unidade, a liberdade, a justiça e o bem-estar 
social e econômico, decretamos e promulgamos a seguinte 
 
CAPÍTULO II 
Da Educação e da Cultura 
 
 Art. 150 - Compete à União: 
 a) fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e 
ramos, comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território 
do País; [...] 
 Parágrafo único - O plano nacional de educação constante de lei federal, nos termos 
dos arts. 5º, nº XIV, e 39, nº 8, letras “a” e “e”, só se poderá renovar em prazos determinados, 
e obedecerá às seguintes normas: 
 a) ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória extensivo aos adultos 
[...]. 
 
 Disponível na integra no acesso: 
 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao34.htm 
 
 
 
10 
 
 
Nessa Constituição não encontra-se nenhum tipo de previsão ao 
atendimento para o público da Educação Especial, sendo que esse contingente 
ficou à mercê das poucas ações filantrópicas existentes. 
Nas obras de Mazzotta (1996) e Bueno (1993) encontram-se a criação de 
8 instituições filantrópicas para o atendimento às pessoas com deficiência no 
período, de 1920 a 1930. 
 
PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES CRIADAS ENTRE 1920 A 1930 
Instituição Localidade Ano 
Instituto Pestalozzi Canoas-RS 1926 
Instituto de Cegos Padre Chico São Paulo-SP 1928 
Instituto Sodalício da Sacra Família Rio de Janeiro-RJ 1929 
Instituto Santa Terezinha Campinas-SP 1929 
Instituto Pestalozzi Minas Gerais-BH 1932 
Instituto dos Cegos do Recife Recife-PE 1935 
Fundação Dona Paulina de Queiroz São Paulo-SP 1936 
Instituto dos Cegos da Bahia Salvador/BA 1936 
Fonte: (BUENO, 1993 apud MAZZOTTA, 1996). 
 
Em detrimento aos avanços notados na Carta Magna de 1934, em 1937, 
é aprovada a Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Para Vieira (2008) esse 
texto apresentou orientação oposta à Carta Magna liberal de 1934, pois foi 
claramente inspirado em regimes fascistas europeus. Essa ruptura é notada, 
principalmente, no art. 129, quando o ensino primário, apesar de ter sido 
considerado “obrigatório e gratuito”, apresenta um caráter de gratuidade parcial, 
pois seria exigida uma contribuição aos que quisessem cursar essa etapa e não 
pudessem alegar escassez de recursos. 
 
 
11 
 
Vieira (2008) explicita que a: “[...] ideia de gratuidade da Constituição de 
1934 o texto de 1937 contrapõe uma concepção estreita e empobrecida [...]” na 
qual a “[...] educação gratuita é, pois, a educação dos pobres” (VIEIRA, 2008, p. 
14). 
No ano de 1946, tem-se a aprovação de nova Constituição, o “espírito” da 
Carta Maior de 1934 parece ser retomado, conforme pode-se notar nos trechos 
transcritos a seguir: 
 
 CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL DE 
18 DE SETEMBRO DE 1946 
 
 
CAPÍTULO II 
Da Educação e da Cultura 
 
Art. 166 - A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve inspirar-se 
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana. [...] 
 
Art 168 - A legislação do ensino adotará os seguintes princípios: 
 I - o ensino primário é obrigatório e só será dado na língua nacional; [...] 
 
Art 169 - Anualmente, a União aplicará nunca menos de dez por cento, e os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios nunca menos de vinte por cento da renda resultante dos 
impostos na manutenção e desenvolvimento do ensino. [...] 
 
Art 172 - Cada sistema de ensino terá obrigatoriamente serviços de assistência 
educacional que assegurem aos alunos necessitados condições de eficiência escolar. 
 
Disponível na integra no acesso: 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao46.htm 
 
 
Para Carvalho (2007) a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 18 
de Setembro de 1946, por meio da aprovação de seu artigo 172, transcrito acima, 
menciona a necessidade de condições de eficiência escolar aos “necessitados”. 
 
Embora sem deixar claro o sentido dos “necessitados”, nem à que 
assistência se refere, pode-se dizer que já havia a preocupação 
com a diferença. Havia também a compreensão de que o sistema 
educacional não pode ficar alheio à problemática de seus alunos. 
Uma ideia embrionária, talvez, do que hoje, mais de meio século 
depois, defendemos como a resposta educativa da escola, em 
atenção à diversidade (CARVALHO, 2007, p.88). 
 
 
 
 
 
 
12 
 
Para Refletir 
Será que ao utilizar o termo “necessitados”, os legisladores, 
em 1946, já pensavam em uma possível inclusão de alunos 
que tinham algum tipo de Necessidade Educacional 
Especial? Ou será que eles se referiam às necessidades de 
alunos em situação econômica desfavorável? 
 
 
De qualquer forma, já havia algum tipo de preocupação com o diferente, 
com o aluno que estava fora dos padrões esperados. Sousa e Prieto (2002, p. 
129), também pesquisadoras da área, ao se remeterem à citação de Carvalho 
(2007) reproduzida acima, destacam que, no Art. 172 da Carta Constitucional de 
1946, não se contemplou, precisamente, o direito à educação especial. 
O Art. 166, retoma a educação como direito de todos, porém não cita a 
necessidade da sua gratuidade. 
Na Constituição de 1946, no Art. 169, ficaram determinadas 
especificações sobre como deve ocorrer o financiamento da educação. Esse 
direcionamento de recursos também estava previsto na Constituiçãoaprovada 
em 1934. Note-se que na Constituição de 1937 não foram explicitados 
mecanismos de financiamento da educação. 
Nesse sentido, enquanto há indícios normativos da luta pelo 
financiamento da educação pública no Brasil, havendo oscilação quanto à verba 
destinada à educação entre definições mais e menos nítidas, o atendimento às 
pessoas com deficiência ocorreu até esse período, principalmente, por ações 
ligadas à filantropia, sendo que na década de 40 foram criadas, 
aproximadamente, 11 instituições com esse caráter. 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES CRIADAS NA DÉCADA DE 40 
Instituição Localidade Ano 
Instituto dos Cegos de são Rafael Taubaté/SP 1940 
Instituto dos Cegos de Santa Luzia Porto Alegre/RS 1941 
Lar-Escola São Francisco São Paulo/SP 1943 
Instituto dos Cegos do Ceará Fortaleza/CE 1943 
Instituto Paranaense dos Cegos Curitiba/PR 1944 
Instituto dos Cegos da Paraíba João Pessoa/PB 1944 
Instituto Pestalozzi Rio de Janeiro/RJ 1945 
Instituição Beneficente Nosso Lar São Paulo/SP 1946 
Instituto Santa Inês Belo Horizonte/MG 1947 
Instituto dos Cegos do Brasil Central Uberaba/MG 1948 
Instituto dos cegos de Lins São Paulo/SP 1948 
Fonte: (BUENO, 1993 apud MAZZOTTA, 1996). 
É importante notar que na década de 40, foram, sobretudo, as instituições 
filantrópicas que acolheram o público-alvo da Educação Especial. A educação 
primária legislada nas Constituições brasileiras silencia a respeito desses 
sujeitos que eram muitas vezes “escondidos” nos ambientes que os acolhiam. 
Bueno (1993), reforça que esse avanço apartado da Educação Comum e 
da Educação Especial contribuiu para que a Educação Especial se situasse no 
campo da benemerência e da caridade e não do direito à educação. 
Converse Com Seus Colegas 
Como foi possível perceber a Educação Especial já nasceu 
enraizada às ações filantrópicas e assistenciais. Discuta com 
seus colegas o impacto desse histórico nas características 
atuais da Educação Especial. 
 
 
 
 
14 
 
1.3 A Educação Especial nas décadas de 50 a 70 no Brasil 
A década de 50 é um marco para a educação especial, pois foi nessa 
década que foram tomadas as primeiras iniciativas oficiais nacionais referentes 
à educação das pessoas com deficiência (MAZZOTTA, 1996). De acordo com 
Mazzotta (1996), as primeiras iniciativas oficiais, derivaram da ocorrência de 
Campanhas que foram oficializadas por decretos federais, sendo que ocorreu, 
em 1957, a “Campanha para a Educação do Surdo Brasileiro (CESB)”. Essa 
Campanha surgiu por meio das influências do Instituto Nacional de Educação de 
Surdos (INES), que foi inaugurado no Brasil Imperial como já vimos 
anteriormente. 
No ano seguinte emergiu, vinculada ao Instituto Benjamin Constant (IBC), 
a “Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes da Visão”. 
Depois de um ano essa desvinculou-se do IBC e foi oficializada pelo Decreto nº 
44.236, de 31 de maio de 1960, passando a se chamar “Campanha Nacional de 
Educação dos Cegos (CNEC)”. No mesmo ano da oficialização da Campanha 
dos cegos, foi organizada, nas gestões da Associação de Pais e Amigos dos 
Excepcionais (APAE) e Pestalozzi, a “Campanha Nacional da Educação e 
Reabilitação de Deficientes Mentais (Cademe)”, também oficializada por decreto 
(MAZZOTTA, 1996, p. 49-53). 
Essas Campanhas foram as primeiras iniciativas oficiais na tentativa de 
ampliação do atendimento às pessoas com deficiência, mas: “[...] foram 
perdendo força, por conta de seu caráter filantrópico e pela pouca abrangência 
que tiveram. Em 1963, foram extintas pelo Governo Federal” (ROMERO; NOMA, 
2005, p.3). 
Por não se constituírem como uma prioridade governamental, essas 
campanhas não conseguiram expandir os atendimentos às pessoas com 
deficiência pelo viés público, havendo significativa participação das instituições 
filantrópicas que assumiram esse papel por haver negligência do Estado 
(enquanto União, Estados, Distrito Federal e Munícipios, que são os garantidores 
de direitos básicos a todos os cidadãos), no atendimento das pessoas com 
deficiência. 
 
 
15 
 
Permanecendo a necessidade da sociedade civil mobilizada atender os 
alunos com deficiências em instituições filantrópicas, de 1950 a 1957, de acordo 
com os registros de Mazzotta (1996) e Bueno (1993) foram criadas cerca de sete 
instituições com esse caráter. 
 
PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES CRIADAS ENTRE 1950 A 1957 
Instituição Localidade Ano 
Associação de Assistência à Criança 
Defeituosa – AACD 
São Paulo/SP 1950 
Escola Epheta Curitiba/PR 1950 
Instituto Pestalozzi de São Paulo São Paulo/SP 1952 
Escola Luiz Braille Pelotas/RS 1952 
Assoc. de Pais e Amigos dos 
Excepcionais (APAE) 
Rio de Janeiro/RJ 1954 
Assoc. Bras. Benef. de Reabilitação Rio de Janeiro/RJ 1954 
Instituto Educacional São Paulo São Paulo/SP 1954 
Fonte: (BUENO, 1993 apud MAZZOTTA, 1996). 
 
Em 1961, foi homologada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional, Lei nº 4.024/61, e pela primeira vez na história do Brasil, a 
Educação Especial foi mencionada de forma objetiva em um documento legal. 
Essa Lei ficou em tramitação por 13 anos. Para Vieira (2008), as polêmicas que 
levaram à uma aprovação morosa da mesma, influenciaram seu texto, que se 
caracterizou “conciliatório” e propenso aos interesses privados, em detrimento 
da defesa de uma educação pública. 
 
 
 
 
 
16 
 
 LEI Nº 4.024, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1961 
 
 Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 
 
TÍTULO II 
Da Direito à Educação 
 
 Art. 2º - A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola 
 
TÍTULO X 
Da Educação de Excepcionais 
 
 Art. 88 - A educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no 
sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade; 
 Art. 89 - Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais de 
educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá dos poderes públicos tratamento 
especial mediante bolsas de estudo, empréstimos e subvenções 
 
Disponível no acesso: http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L4024.htm 
 
 
No Art. 2º, quando o “lar” é citado antes que a “escola”, percebe-se que a 
Lei nº 4.024/61 prevê a educação como um direito, mas que deve ser garantido 
em primeira instância pela família, depois pelo Estado. Também é notável que o 
ensino gratuito de caráter público para todos não é citado nessa Lei. 
Contudo, o avanço no que condiz à educação especial é notável. No Art. 
88, pela primeira vez em documento legal, é demonstrada, em âmbito nacional, 
uma preocupação mais objetiva com a educação especial. 
No art. 89 da Lei supracitada, está previsto “tratamento especial, mediante 
bolsas de estudos, empréstimos e subvenções” às iniciativas privadas 
consideradas eficientes pelos conselhos estaduais de educação. 
Para Mazzotta (1996), não há uma definição da natureza dos serviços 
educacionais prestados pela iniciativa privada, nem mesmo estava previsto se 
os tais serviços deveriam se caracterizar como escolares. Além disso, o Art. 89, 
parece ter incentivado a ampliação de instituições filantrópicas e assistenciais 
para o atendimento aos alunos “excepcionais”, contribuindo para que o Estado 
nacional, enquanto propositor e financiador de políticas públicas de educação, 
se isentasse consideravelmente nesse campo. 
Em 1967, foi aprovada a Constituição da República Federativa do Brasil 
(BRASIL, 1967). Apesar dessa Constituição ter sido aprovada no Período Militar, 
a mesma “[...] foi concebida num cenário em que a supressão das liberdades 
 
 
17 
 
políticas ainda não atingira seu estágio mais agudo” (VIEIRA, 2008a, p. 17). 
Assim, ao tratar da educação não houve uma ruptura com avanços anteriores, 
conforme pode-se notar no trecho transcrito a seguir: 
 
 
 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL DE 1967 
 
 
O Congresso Nacional, invocando a proteçãode Deus, decreta e promulga a 
seguinte CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 
 
TÍTULO IV 
Da Família, da Educação e da Cultura 
 
 Art. 168 - A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola; assegurada 
a igualdade de oportunidade, deve inspirar-se no princípio da unidade nacional e nos ideais 
de liberdade e de solidariedade humana. 
 
Disponível na integra no acesso: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao67.htm 
 
 
Note que a previsão no tocante à educação é muito similar a constante na 
Constituição de 1946. Sobre a educação especial, a Constituição de 1967, 
silenciou sobre os avanços já contidos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 
aprovada em 1961. 
Em 1971, foi aprovada a Lei nº 5.692 e a educação especial é abordada 
nessa Lei. 
 
LEI Nº 5.692, DE 11 DE AGOSTO DE 1971 
 
 Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1° e 2º graus, e dá outras providências 
CAPÍTULO I 
Do Ensino de 1º e 2º graus. 
 
 Art. 9º - Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se 
encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados 
deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes 
Conselhos de Educação. 
 
Disponível na integra no acesso: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao67.htm 
 
 
 
 
18 
 
 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação, promulgada em 1971, não 
trouxe avanços quando comparada à aprovada em 1961, pois na anterior havia 
uma previsão da integração do aluno, enquanto que na Lei de 1971, não há 
nenhuma especificação do “tratamento especial” a ser ofertado. 
Curiosidade 
É importante notar que na Lei nº 5.692/71 o público-alvo da 
Educação Especial fica previsto de forma confusa, pois, no 
Art. 9º, só são contemplados os alunos que apresentam 
“deficiência físicas ou mentais”. Conforme salienta Sousa e 
Prieto (2002) o entendimento na época foi de que os alunos 
com deficiências auditiva e visual estariam contemplados no 
categoria “deficiência física”, equivoco superado em 
legislações aprovadas posteriormente. 
 
 É importante mencionar que após o período das campanhas citadas 
anteriormente, em 1971, por meio da Portaria nº 86, foi criado um “Grupo Tarefa” 
vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. Esse grupo teve como 
responsabilidade estudar a problemática da educação especial e trouxe ao Brasil 
o especialista norte americano James Gallagher que apresentou um relatório de 
estudos (MAZZOTTA, 1996). 
O relatório do especialista estrangeiro e estudos do Grupo Tarefa 
contribuíram para que o Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp) fosse 
criado, em 1973, sendo um marco importante na história da Educação Especial 
no Brasil. A criação desse Centro se deu por incentivo de um relatório elaborado 
por James Gallagher e, logo após sua criação, o Cenesp elaborou suas 
diretrizes. Posteriormente, em 1986, por meio do Decreto nº 93.613, o Cenesp 
foi transformado em Secretaria de Educação Especial (Sesp), sendo que a Sesp 
manteve basicamente a estrutura do referido Centro. No mesmo ano foi instituída 
a Coordenadoria Nacional para a Integração das Pessoas Portadoras de 
Deficiência (Corde). 
A história é importante para explicar, sobretudo, o porquê que até 
recentemente a Educação Especial é ainda vista como uma modalidade de 
ensino apartada da educação de forma geral. Denotada pelo descaso 
 
 
19 
 
governamental, já nasceu de movimentos sociais filantrópicos e assistenciais 
que buscaram abarcar uma função que, ao nosso ver, seria do Estado, uma vez 
que no caso das pessoas sem deficiência, a educação já tem indícios da 
necessidade de gratuidade no período do Brasil Imperial. 
 
Resumo da Aula 1 
Nesta aula, apresentou-se a história da Educação Especial anterior à 
aprovação da Constituição Federal de 1988 e da LDB/ 96. No Brasil Imperial 
notou-se uma preocupação incipiente com a educação de forma geral, sobre a 
educação especial foram descritas ações muito particulares que atingiram um 
contingente ínfimo da população. Nas décadas de 1930 e 1940, apesar dos 
movimentos em prol da educação, a abrangência do atendimento ao público da 
educação especial esteve delegada a ações filantrópicas. Na década de 1950, 
temos o início das Campanhas, primeiras ações oficiais registradas em prol dos 
alunos público-alvo da educação especial. Na LDB/61, pela primeira vez, a 
educação especial é citada de forma objetiva, contudo a LDB/71 não traz 
contribuições significativas para a área. Em 1973, há outro marco para a área, a 
criação Centro Nacional de Educação Especial (Cenesp). Observamos, com 
base nos fatos históricos, que as ações do Estado são diferentes quando 
tratamos da educação de forma geral e quando sinalizamos a educação 
especial, sendo que nessa área específica foi a sociedade civil mobilizada que, 
por meio da criação de instituição filantrópica, atendeu esse contingente da 
população. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
Atividade de Aprendizagem 
Busque no texto uma ou duas das instituições filantrópicas 
criadas no período estudado e pesquise se elas estão em 
funcionamento. Pesquise se atualmente elas contam com 
investimento governamental. Procure instituições públicas que 
contam com ações inclusivas ofertando Atendimento 
Educacional Especializado (AEE) para alunos público-alvo da 
educação especial na mesma localidade da instituição que 
você escolheu e discorra sobre o tema. 
 
Aula 2 – Educação Especial: da Constituição Federal (1988) à Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação (1996) 
Apresentação Aula 2 
Nesta aula o foco será a Constituição Federal de 1988, tendo em vista a 
importância dessa Carta Magna para a educação de forma geral, bem como para 
a educação especial. Nesta aula também serão apresentados conteúdos 
concernentes à Declaração de Jomtien (1990), Declaração de Salamanca 
(1994), Política Nacional de Educação Especial (1994) e sobre a Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação Nacional, aprovada em 1996. 
 
2. Educação Especial a partir da Constituição Cidadã 
2.1 A educação especial na Constituição Cidadã 
A Constituição Federal de 1988 (CF/88), também conhecida como 
Constituição Cidadã, configura-se como um marco importante para a educação, 
apresentando 10 artigos específicos sobre o tema (art. 205 - 214). Vieira (2008) 
menciona que a CF/88 expressa, no art. 206, inciso I, o princípio da “[...] 
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”. Em 
comparação com as Constituições anteriores, é possível mencionar que 
nenhuma havia avançado tanto quanto a CF/88. 
 
 
 
21 
 
 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL DE 1988 
 
 
 
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem 
preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica 
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA 
DO BRASIL. 
 
CAPÍTULO III 
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO 
Seção I 
Da Educação 
 [...] 
 Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: 
 I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de 
idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na 
idade própria; 
[...] 
 III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, 
preferencialmente na rede regular de ensino [...] 
 § 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. 
[...] 
 
Disponível na integra no acesso: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htmDentre os avanços da CF/88, destaca-se que quando da sua aprovação, 
o ensino fundamental, enquanto etapa obrigatória (Art. 208, Inciso I) foi previsto 
como “direito público subjetivo” (art. 208, Parágrafo 1º). A Constituição Federal, 
aprovada em 1988, foi um marco na garantia dos direitos à educação, inclusive 
para os alunos com deficiência. O ensino obrigatório e subjetivo, atualmente, é 
garantido por Emenda Constitucional para a educação básica, e a sua aprovação 
(Emenda Constitucional nº 59, de 2009), ampliou-se os anos de educação 
obrigatória, passando a ser obrigatória e gratuita toda a educação básica. 
A Constituição supracitada também foi um marco para a educação 
especial, pois na mesma “[...] lograram-se para as pessoas com deficiência, em 
grande medida, garantias de acesso aos direitos em condições igualitárias aos 
demais indivíduos” (ROMERO; NOMA, 2005). 
Contudo, é importante salientar que a Constituição se refere somente às 
pessoas com deficiência, não se remetendo às pessoas com altas habilidades 
 
 
22 
 
ou superdotação ou com transtornos globais do desenvolvimento. Apesar de 
garantir o ensino público e gratuito como direito subjetivo, explicita que o AEE, 
no caso dos alunos com deficiência, deve acontecer preferencialmente na rede 
regular, deixando uma brecha para que o mesmo ocorra em espaços não 
públicos e evidenciando mais uma vez a “timidez” do Estado para assumir a 
educação destes alunos. 
Para Refletir 
Sendo o ensino fundamental e, posteriormente, a educação 
básica, direito subjetivo aprovado na Constituição Federal de 
1988, não é contraditório pensar que no caso dos alunos 
público-alvo da educação especial há um termo 
“preferencialmente” que pode vir a intrincar as possibilidades 
de acesso do aluno com Necessidades Educacionais 
Especiais (NEE) na rede regular de ensino que tem oferta 
pública garantida? 
 
2.2 A educação especial e a década de 90 
A partir da década de 90, assim como observa Mazzotta (1996) por meio 
da análise de textos legais do período, há uma tendência nas ações estatais para 
a integração do público atendido pela Educação Especial na rede regular de 
ensino. 
 Destaca-se que no período houve a extinção da Secretaria de Educação 
Especial (SESP) que ocorreu em 1990, sendo que a mesma passou, neste ano, 
suas atividades para a Secretaria Nacional de Educação Básica (SENEB). 
A SENEB, buscando contemplar as ações de educação especial, incluiu 
como um de seus órgãos o Departamento de Educação Supletiva e Especial 
(DESE). 
Mazzotta (1996) apresenta em seu estudo as atribuições do SENEB e do 
DESE, percebendo que em meio às atribuições do SENEB há ações incisivas, 
como: 
 sugerir; 
 zelar pelo cumprimento; 
 
 
23 
 
 criar; 
 produzir 
 elaborar. 
As ações que cabiam ao DESE eram bem menos incisivas, como: 
 subsidiar; 
 apoiar; 
 viabilizar; 
 fomentar; 
 propor; 
 contribuir. 
 
 Ainda em 1990, foi elaborado pelo DESE um documento intitulado 
Proposta do Grupo de Trabalho Instituído pela Portaria nº 6 de 22 de agosto de 
1990. Mazzotta (1996) explicita que este documento oficial prevê, pela primeira 
vez, que o MEC encare a educação especial inserida no contexto de educação 
para todos. Reconheceu-se na mesma, art. 58, a educação especial como uma 
“[...] modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede 
regular de ensino” (BRASIL, 1996a). “Nesta definição já fica patente que a 
LDB/96 não trata a educação especial à parte da escola comum, entretanto 
também não garante que a mesma ocorra neste espaço. (CARVALHO, 2012, p. 
35). 
 
2.2.1 Conferência de Jomtien 
Não por acaso o MEC, em 1990, passou a considerar a educação especial 
no contexto da educação para todos. Nesse sentido, é interessante considerar 
que a inserção da educação especial nesse contexto tem uma relação com o 
fato de o Brasil ter sido consignatário da Conferência Mundial Sobre Educação 
Para Todos, realizada em Jomtien (Tailândia), em março de 1990. Observe 
fragmento da Declaração dessa Conferência transcrito a seguir: 
 
 
24 
 
 
 DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA 
TODOS 
CONFERÊNCIA DE JOMTIEN – 1990 
 
PLANO DE AÇÃO PARA SATISFAZER AS NECESSIDADES BÁSICAS DE 
APRENDIZAGEM. 
 
ARTIGO 3 
UNIVERZALIZAR O ACESSO À EDUCAÇÃO E PROMOVER A EQUIDADE 
[...] 
Da Educação 
[...] 
5. As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências 
requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à 
educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do 
sistema educativo. 
[...] 
 
Disponível na integra no acesso: http://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10230.htm 
 
 
 
No item transcrito acima outorgou-se a necessidade do acesso à 
educação às pessoas com “todo e qualquer tipo de deficiência”, definindo-se, 
inclusive, que essa ação deve ocorrer “como parte integrante do sistema 
educativo”. 
Para Moreira (2014) a Declaração de Jomtien, apesar de ser “bastante 
ampla e generalista”, objetivou garantir o direito à educação especial e 
responsabilizar as autoridades dos países signatários por essa tarefa. 
Entendemos que, dessa forma, a citada Declaração impulsionou uma série de 
ações que, apesar de limitadas, trouxeram avanços na educação especial, no 
Brasil, na década de 1990. 
 
Curiosidade 
Em 1992, a Secretaria de Educação Especial (SEESP) foi 
reativada contribuindo para que, em 1994, fosse aprovada a 
primeira Política de Nacional de Educação Especial 
(BRASIL, 1994). 
 
 
 
 
25 
 
2.2.2 Política Nacional de Educação Especial (1994) 
Nesse sentido, em 1992, ano em que o Ministério da Educação e Cultura 
passou a ser Ministério da Educação e do Desporto (somente em 1995, o MEC 
passou a ser Ministério da Educação), a Secretaria de Educação Especial 
(SEESP) é reativada. Essa ação contribuiu para que a Política Nacional de 
Educação Especial fosse aprovada em 1994, sendo que esse documento teve 
como objetivo geral fundamentar e orientar o: 
[...] processo global da educação de pessoas portadoras de 
deficiências, de condutas típicas e de altas habilidades, criando 
condições adequadas para o desenvolvimento pleno de suas 
potencialidades, com vistas ao exercício consciente da cidadania 
(BRASIL, 1994, p. 45). 
 
Na Política de Nacional Educação Especial, aprovada em 1994, a 
definição do processo de integração que está assim expressa. 
Processo gradual e dinâmico, que pode tomar distintas formas de 
acordo com as necessidades e habilidades dos alunos. A 
integração educativa-escolar refere-se ao processo de educar-
ensinar, no mesmo grupo, a crianças com e sem necessidades 
educativas especiais, durante uma parte ou na totalidade do tempo 
de permanência na escola (BRASIL, 1994, p. 18). 
 
 
Na mesma Política, há outra definição do processo de integração, 
constante em seus “Fundamentos Axiológicos”. 
Do ponto de vista operacional, o ideal da integração ocorre em 
níveis progressivos desde a aproximação física, incluindo a 
funcional e a social, até a instrucional (frequência à classe de ensino 
comum) (BRASIL, 1994, p. 38 e 39). 
 
 
Vocabula rio 
Axiológico: é tudo aquilo que se refere a um conceito de 
valor ou que constitui uma axiologia, isto é, os valores 
predominantes em uma determinada sociedade. 
 
 
 
De acordo com a perspectiva expressa, a integração se caracteriza como 
um “processo gradativo” que oportunizaria a participação dos alunos na escola 
regular. Contudo, parece que esses alunos só ingressariam na escolar regular 
 
 
26 
 
ao atingirem determinados níveis de aprendizagem. Nesse sentido, 
concordamos com a definição de integração expressa a seguir: 
 
[...] seriam integrados na educação básica aqueles sujeitos com 
diagnósticos de deficiências, altas habilidades e condutas típicas 
que conseguissem atingir níveis de desenvolvimento e condutas 
adequadas aosprocessos educacionais da escola regular. E 
aqueles que não obtivessem esses mesmos desempenhos não 
seriam integrados. Essa foi uma compreensão que se popularizou 
no meio educacional brasileiro, não sem polêmica [...] (GARCIA, 
2004, p. 83). 
 
 
O conceito de “integração”, como afirma a mesma autora, parece não ter 
alcançado, em 1994, o conceito de “inclusão” difundido por documentos como a 
já citada “Declaração Mundial de Educação para Todos” (1990). 
 
2.2.3 Declaração de Salamanca 
Em 1994, seguindo a linha da Declaração de Jomtien, é aprovada, na 
Espanha, a Declaração de Salamanca, na qual o Brasil também foi signatário. 
Essa Declaração teve como princípio orientador a consideração de que as 
escolas devem acolher todas as crianças, sendo, inclusive, mais incisiva que a 
Declaração de Jomtien. 
 
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA (1994) 
 
 Sobre Princípios, Políticas e Práticas na Área das Necessidades Educativas Especiais. 
 
ARTIGO 3 
ESTRUTURA DE AÇÃO EM EDUCAÇÃO ESPECIAL 
 
[...] 
 5. O princípio que orienta esta Estrutura é o de que escolas deveriam acomodar todas 
as crianças independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, 
linguísticas ou outras. Aquelas deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças 
de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças 
pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais, e crianças de outros grupos 
desavantajados ou marginalizados. Tais condições geram uma variedade de diferentes 
desafios aos sistemas escolares. 
[...] 
 
 Disponível na integra no acesso: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf 
 
 
 
 
 
27 
 
Observe que o conceito de inclusão outorgado na Declaração de 
Salamanca se difere do conceito de integração delineado na Política Nacional 
de Educação Especial, aprovada no mesmo ano, pois, na citada Declaração 
compreende-se que todos, independentemente das suas condições, devem ser 
incluídos em escolas regulares. 
 
2.2.4 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996) 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional dá continuidade à 
atenção política destinada à educação, na década de 1990. Em 1996, buscando 
desdobrar as previsões legais da Constituição Federal de 1988 (CF/88), foi 
homologada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB/96). 
Vale reforçar que a CF/88 trouxe avanços significativos para a educação, 
inclusive para a educação especial. É interessante notar, que o Capítulo sobre 
educação aprovado na CF/88 é o mais extenso quando comparamos com as 
constituições brasileiras anteriores. Essa valorização da educação, constante na 
CF/88, abriu caminhos para que uma nova Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional fosse discutida. Mas, somente oito anos após a promulgação 
da CF/88, foi homologada a LDB/96, Lei nº 9.394, que ainda está em vigência, 
mas com ajustes conforme a Lei 12.796/13, de 04 de abril de 2013. 
Em linhas gerais, a LDB/96: 
Trata-se de um texto de 92 artigos, que apresenta os princípios, 
fins, direitos e deveres (arts. 1º a 7º); dispositivos sobre a 
organização da educação nacional, aí incluindo as incumbências 
das diferentes esferas do Poder Público (arts. 8º a 20); níveis e 
modalidades de ensino – educação básica (Educação Infantil, 
Ensino Fundamental e Ensino Médio) e Educação Superior, 
Educação Especial, Educação de Jovens e Adultos e Educação 
Profissional (arts. 21 a 60); Profissionais da Educação (arts. 61 a 
67); Recursos Financeiros (arts. 68 a 77); Disposições Gerais (arts. 
78 a 86); e Disposições Transitórias (arts. 87 a 92). (VIEIRA, 2008, 
p. 20). 
 
 
 
28 
 
Saiba Mais 
De acordo com o expresso na LDB/96, a educação escolar 
no Brasil é composta por dois níveis de ensino, sendo eles: 
a educação básica e o ensino superior. 
A educação básica compreende três etapas: a educação 
infantil (atende crianças com até cinco anos), o ensino 
fundamental (atende alunos de seis a 14 anos) e o ensino 
médio (atende alunos de 15 a 17 anos). 
As modalidades de ensino permeiam os níveis 
supracitados, sendo elas: educação especial, educação de 
jovens e adultos e educação profissional. 
 
Vale-se destacar alguns trechos da LDB/96: 
 
LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 
 
Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 
 
 
[...] 
TÍTULO III 
Do Direito à Educação e do Dever de Educar 
 
 Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia 
de: 
 I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade 
 Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo 
qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade 
de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder 
público para exigi-lo. 
 
TÍTULO V 
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino 
CAPÍTULO V 
 Da Educação Especial 
[...] 
 Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de 
educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos 
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. 
 § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para 
atender às peculiaridades da clientela de educação especial. 
 § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços 
especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for 
possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. 
[...] 
 
Disponível na integra no acesso: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm 
 
 
 
 
29 
 
Vale destacar que o texto anterior do Art. 58 era: “Entende-se por 
educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, 
oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos 
portadores de necessidades especiais”. 
Nota-se que, no Art. 4º, da LDB/96, transcrito acima, a educação básica 
fica assegurada, em acordo com a CF/88, como obrigatória. No Art. 5º, também 
corroborando com o já previsto na CF/88, detalha-se a necessidade do ensino 
obrigatório ser um direito subjetivo. 
É importante elucidar que, conforme nos indica Moreira (2014), a LDB/96 
foi aprovada em um contexto político neoliberal. Nesse sentido as Declarações 
de Salamanca e Jomtien, mencionadas anteriormente, também exerceram 
influência na promulgação dessa Lei. 
Nesse sentido, observe que na LDB/96 dedicou-se um Capítulo exclusivo 
para a educação especial. Para Ferreira (1998, p. 1) “[...] um capítulo exclusivo 
para a educação especial parece relevante para uma área tão pouco 
contemplada, historicamente, no conjunto das políticas públicas brasileiras”. 
Ferreira (1998), ao discutir a LDB/96, se atenta ao fato de que, tendo em 
vista que há um Capítulo que só trata da educação especial, são comuns 
preocupações com o caráter discriminador de normas específicas, mas: 
 
[...] que a referência específica [à educação especial] em uma lei 
geral da educação, mesmo que não fosse na forma de capítulo, 
ainda é importante em nosso país, onde o acesso à educação das 
pessoas com deficiência é escasso e revestido de caráter de 
concessão e do assistencialismo (FERREIRA, 1998, p. 1). 
 
É interessante observar que no Art. 58, transcrito acima, a educação 
especial é reconhecida como uma “modalidade de educação escolar” e que sua 
oferta deveria ocorrer “preferencialmente na rede regular de ensino”. Ferreira 
(1998), expressa sua opinião, mencionando a importância das definições mais 
especificas de Educação Especial como importante no contexto brasileiro. Nessa 
definição fica patente que na LDB/96 a Educação Especial não está a parte da 
escola regular. Entretanto, a mesma Lei, ao utilizaro termo “preferencialmente”, 
parece alertar que a prioridade do local para a oferta da Educação Especial é a 
escola comum. 
 
 
30 
 
Carvalho (2007, p. 92), afirma que em quaisquer conceituações sobre o 
verbo preferir, “[...] subentende-se que há uma escolha”, abrindo precedente 
para que a educação especial continue ocorrendo em espaços diferentes, como 
nas instituições de caráter filantrópico e assistencial que se estabeleceram 
historicamente no Brasil. 
Sobre o Parágrafo (§) 1º, do Art. 58, também transcrito acima, Carvalho 
(2007) observa que o termo “quando necessário” pode ser considerado 
inadequado, já que o apoio especializado sempre será necessário “[...] seja ao 
próprio aluno, ao seu professor do ensino regular ou à sua família” (CARVALHO, 
2007, p. 93 e 94). A intenção da autora é de orientar que, tendo em vista a 
histórica “timidez” do Estado em relação à Educação Especial, o termo “quando 
necessário” não deve ter sido cunhado sem intenção. 
No Parágrafo (§) 2º, do Art. 58, observa-se que as “condições” 
consideradas para a inclusão (ou não) do aluno com necessidades educacionais 
especiais no sistema de ensino são as “condições específicas do aluno”. Ou seja, 
nesse momento a LDB/96 silencia sobre as condições da escola para receber 
esse alunado. 
Nesse sentido Ferreira (1998), ao analisar o previsto nesse Parágrafo, 
considera que o mesmo preserva a ideia de um “continuum de opções” que tem 
por base as características do alunado, não considerando como central as 
condições a serem ofertadas pelo sistema de ensino. 
Se é fato que a presença de determinadas características 
individuais exige apoios ou programas especializados na educação, 
também sabemos que não chegamos a desenvolver no Brasil, em 
termos gerais, modalidades combinadas ou intermediárias de 
atendimento que atenuassem a segregação. Se a legislação se fixar 
de modo dominante nas características pessoais e deixar em 
segundo plano as condições do sistema de ensino, pode ser 
dificultado o surgimento de programas menos restritivos 
(FERREIRA, 1998, p. 3). 
 
 Em acordo, o Art. 58, Parágrafo 2º, da LDB/96, traz “condições 
específicas” dos alunos público-alvo da Educação Especial, as quais são 
consideradas para verificar a (im) possibilidade da integração desses alunos nas 
“classes comuns do ensino regular. O “continuum de opções” (classes, escolas 
ou serviços especializados) proposto nesse Parágrafo e o entendimento de que, 
esse continuum considera as “condições específicas dos alunos” nos desvela 
 
 
31 
 
que a LDB/96 intenciona posicionar-se em uma concepção integracionista de 
Educação Especial. 
 Considera-se importante esclarecer que a inclusão pleiteada nas 
Declarações de Jomtien (1990) e Salamanca (1994) abasteceram discussões 
sobre o assunto no Brasil, impulsionando publicações oficiais com uma maior 
responsabilização do Estado referente à necessidade de garantia da educação 
para todos. 
Contudo, essas Declarações foram infimamente contempladas na Política 
Nacional de Educação Especial (1994) e parcialmente contempladas na LDB/96, 
uma vez que nesses documentos legais é consenso uma necessidade de um 
“continuum de opções” para atender aos alunos público-alvo da educação 
especial, sendo que a oferta dessas opções opera em detrimento da 
obrigatoriedade desses alunos estarem matriculados no sistema regular de 
ensino. 
 
Resumo da Aula 2 
Nesta aula explicitou-se a importância da Constituição Federal, aprovada 
em 1988, para a educação. Posteriormente foram apresentados os principais 
pontos das Declarações de Jomtien (1990) e Salamanca (1994) expondo que as 
mesmas incitaram a promulgação de documentos legais no Brasil que trataram 
sobre a educação especial, realizando breve análise dos seguintes documentos: 
Política Nacional de Educação Especial (1994) e LDB/96. 
 
Atividade de Aprendizagem 
Busque artigos que diferenciam os termos “integração” e 
“inclusão” e construa uma tabela elencando as principais 
diferenças entre essas concepções de ensino que permeiam a 
educação especial no Brasil, discorrendo sobre as suas 
especificidades. 
 
 
 
 
32 
 
Aula 3 – Movimento das políticas de educação especial dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais ao Plano de Desenvolvimento da Educação 
Apresentação da Aula 3 
 Nesta aula a ênfase será sobre a Educação Especial nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares (1998), Plano Nacional de 
Educação (2001), nas Diretrizes Nacionais Para a Educação Especial na 
Educação Básica (2001) e no Plano de Desenvolvimento da Educação (2007), 
abordando o conceito de Educação Especial nesses documentos legais, os 
quais vão se aproximando da Educação Inclusiva proposta nas Declarações de 
Jomtien e Salamanca. 
 
3.1 Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares (1998) 
 Buscando-se desdobrar o Art. 58, da LDB/96, o qual prevê a Educação 
Especial como modalidade de ensino, em 1998, foram publicados os Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCN): Adaptações Curriculares, os quais visam tratar 
sobre as estratégias para a educação de alunos com necessidades educacionais 
especiais. 
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares (1998) 
utiliza-se o termo “necessidades educacionais especiais” para se referir ao 
público-alvo da educação especial, em detrimento de outros termos utilizados 
anteriormente. A justificativa para a adoção desse termo tem como “[...] propósito 
deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles 
requerem, evitando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais que 
podem interferir na sua aprendizagem e escolarização” (BRASIL, 1998, p. 23). 
No decorrer dos PCN supracitados, nota-se o enfoque sobre a 
necessidade da transição do modelo “médico-terapêutico” (no qual os alunos, 
público-alvo da educação especial, teriam acesso apenas a atendimentos 
terapêuticos focados para suas necessidades especiais), para um modelo que 
favoreça a participação de todos na escola, por meio da transformação desse 
espaço em um ambiente inclusivo. 
 Nesse sentido, ao tratar do Currículo Escolar nos PCN, menciona-se que: 
 
 
33 
 
Ver as necessidades especiais dos alunos atendidas no âmbito da 
escola regular requer que os sistemas educacionais modifiquem, 
não apenas as suas atitudes e expectativas em relação a esses 
escola para todos, que dê conta dessas especificidades (BRASIL, 
1998, p. 31). 
 
Neste documento destaca-se a necessidade da adequação curricular para 
atender a todos os alunos, visualizando o progresso dos mesmos e tendo em 
vista as possibilidades e diferenças de cada um, propondo-se, também, a 
considerar o cotidiano das escolas e os valores que orientam as práticas 
pedagógicas. 
Nesse sentido, os PCN versam sobre as adaptações curriculares 
necessárias em uma perspectiva da educação para todos. Discorre sobre a 
necessidade das seguintes adaptações: “adaptações no nível do projeto 
pedagógico” (p. 40), “adaptações relativas ao currículo da classe” (p. 42), 
“adaptações individualizadas do currículo” (p. 43), “adaptações de acesso ao 
currículo” (p. 44) e “adaptações nos elementos curriculares” (p. 49). 
É importante observar que as adaptações curriculares nos PCN não são 
decisões que envolvem somente o professor e o aluno, devendo ser realizadas 
em três níveis: 
 no currículo escolar/projeto pedagógico (focalizando a organização 
escolar e os serviços de apoio); 
 no currículo desenvolvido na sala de aula (destacando o como 
fazer para integrar e ensinar o aluno); 
 no nível individual (definição do nível de competência curricular do 
educando). 
Ao versar sobre as “adaptações de acesso ao currículo” supracitadas, nos 
PCN destaca-se as especificidades dos alunos com: “deficiência visual” (p. 45), 
“deficiência auditiva” (p. 46), “deficiência mental” (p. 47), “deficiência física” (p. 
47), “deficiências múltiplas”(p. 48), “superdotação” (p. 48), “condutas típicas de 
síndromes e quadros clínicos” (p. 49). 
É interessante observar que há um capítulo, nos referidos PCN, intitulado 
“Diversificação Curricular”, o qual versa sobre as adaptações curriculares nos 
Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares (1998), onde estão 
 
 
34 
 
previstas as “adaptações significativas no currículo”, indicando-se conteúdos 
curriculares de “caráter mais funcional e prático”. Em referência à essas 
adaptações consta que: 
Alguns alunos com necessidades especiais revelam não conseguir 
atingir os objetivos, conteúdos e componentes propostos no 
currículo regular ou alcançar os níveis mais elementares de 
escolarização. Essa situação pode decorrer de dificuldades 
orgânicas associadas a déficits permanentes e, muitas vezes, 
degenerativos que comprometem o funcionamento cognitivo, 
psíquico e sensorial, vindo a constituir deficiências múltiplas graves 
(BRASIL, 1998, p. 53). 
 
 Vale reforçar que, propõe-se então, nos PCN, que para esses alunos 
sejam realizadas “adaptações significativas no currículo”, indicando-se 
conteúdos curriculares de “caráter mais funcional e prático”. 
Por último, versa-se nos PCN sobre “avaliação e promoção”, separando-
se o processo avaliativo em face: das “necessidades especiais” do aluno, do 
“contexto escolar” e do “contexto familiar”. 
Sobre a “promoção” dos alunos com necessidades educacionais 
especiais, esclarece-se que para a mesma deve-se “[...] seguir os critérios 
adotados para todos os demais ou adotar adaptações, quando necessário” 
(BRASIL, 1998, p. 58), sendo que a “[...] decisão sobre a promoção deve 
envolver o mesmo grupo responsável pela elaboração das adaptações 
curriculares do aluno” (BRASIL, 1998, p. 58). 
Converse Com Seus Colegas 
Consulte os PCN e leia a parte que trata dos critérios de 
“avaliação e promoção”, discuta como esses critérios são 
utilizados hoje nas escolas. Disponível no acesso: 
http://www.conteudoescola.com.br/pcn-esp.pdf 
 
 
De modo geral, percebe-se que a intenção da publicação dos referidos 
PCN é de consubstanciar a participação do aluno com necessidades 
educacionais especiais na dinâmica da escola regular, havendo previsão para 
participações relativas (com as adaptações significativas no currículo) e 
exceções (participação em instituições especiais) quando esses alunos não 
 
 
35 
 
apresentarem “condições” de serem integrados e incluídos no sistema regular 
de ensino. 
Franco (2000) ao analisar os PCN e as adaptações curriculares para 
alunos com necessidades educacionais especiais, elucida que as escolas 
especiais ou mesmo a escola para todos sobre a qual os PCN versam, tendem 
a enfatizar mecanismos para a reabilitação do educando a partir de uma norma 
dominante, afirmado que: 
Parece-nos que, no esforço de oferecer a todos os saberes 
legalmente instituídos, corre-se, portanto, o risco da banalização de 
conceitos, fazendo-se esvaziar o conteúdo epistemológico do que 
se ensina e criando, também, uma baixa expectativa avaliatória, 
invertendo-se a perspectiva inclusiva, e criando-se uma exclusão 
velada (FRANCO, 2000). 
 
 
 Franco (2000), apresenta uma ótica diferente, segundo a qual a escola 
para todos na verdade intenciona homogeneizar as diferenças, em detrimento 
das necessidades específicas dos alunos com necessidades especiais. Nesse 
sentido os PCN silenciam sobre a seleção histórica dos conhecimentos, 
colocando o currículo escolar como algo imutável. 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o artigo Os PCN e as adaptações curriculares para 
alunos com necessidades educacionais especiais: um 
debate, de autoria de Monique Franco. A obra faz uma crítica 
à visão de integração/inclusão, aproximando esses 
conceitos da tendência à normatização social. Disponível no 
acesso: http://23reuniao.anped.org.br/textos/1515t.PDF 
 
 
3.2 Plano Nacional de Educação (2001) 
Em 2001, foi aprovado o primeiro Plano Nacional de Educação (BRASIL, 
2001), no Brasil, o qual em como objetivos gerias: 
- a elevação global do nível de escolaridade da população; 
- a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; 
- a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao 
acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e 
 
 
36 
 
democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos 
oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais 
da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a 
participação das comunidades escolar e local em conselhos 
escolares ou equivalentes (BRASIL, 2001, p. 8). 
 
É interessante observar que o PNE 2001 foi aprovado em meio a um 
debate político muito grande, pois o primeiro Projeto de Lei (PL) sobre o assunto, 
conhecido como PNE da Sociedade Brasileira, foi praticamente substituído pelo 
PL 4.155/98, com 158 emendas, sendo 71 aprovadas, de forma parcial ou total. 
 
Amplie Seus Estudos 
SUGESTÃO DE LEITURA 
Leia o artigo Avaliação do Plano Nacional de Educação 
2001-2009: questões para reflexão, de autoria de Márcia 
Ângela da S. Aguiar. O mesmo traz análises muito 
interessantes sobre o PNE 2001 e seus alcances. Disponível 
no acesso: http://www.scielo.br/pdf/es/v31n112/04 
 
 
Nos itens que tratam da educação básica (educação infantil, ensino 
fundamental e ensino médio), da educação superior e da educação a distância 
consta que para as ações voltadas à educação especial no PNE/2001 devem 
ser consideradas as proposições feitas no item 8 do referido plano, destinado 
para esse fim. 
Referente à formação de professores para a educação especial, consta a 
necessidade de qualificação em cursos de especialização que tratem do 
assunto. 
O item 8 do PNE/2001 versa sobre a educação especial e é dividido em: 
“8.1 diagnóstico”; “8.2 Diretrizes”; e “8.3 Objetivos e Metas”. 
 
 
 
 
37 
 
Amplie Seus Estudos 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
 
Para ampliar seus conhecimentos leia o 
item 8 do PNE/2001 (páginas 51-57), a 
qual trás as especificidades referentes ao 
Diagnóstico, Diretrizes, Objetivos e Metas 
sobre a Educação Especial. Disponível no 
acesso: 
 
 http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/L10172.pdf 
 
 
No primeiro parágrafo sobre o diagnóstico da Educação Especial no 
Brasil, já é patente que no PNE/2001 há um posicionamento tímido em relação 
à inclusão dos alunos público-alvo da educação especial na escola regular. 
Como é possível notar no fragmento a seguir: 
“Trata-se, portanto, de duas questões - o direito à educação, comum a 
todas as pessoas, e o direito de receber essa educação sempre que 
possível junto com as demais pessoas nas escolas ‘regulares’” 
(BRASIL, 2001, p. 51). 
 
Porém, o diagnóstico traçado no PNE/2001 é interessante por apresentar 
os óbices de uma modalidade de ensino que foi relegada às ações filantrópicas 
historicamente. A saber, o diagnóstico do plano aponta, dentre outros aspectos, 
o ínfimo de número de alunos com necessidades especiais matriculados nas 
escolas regulares; a falta de professores com formação na área de educação 
especial e os déficits nos serviços de educação especial ofertados. 
No PNE/2001, há 28 objetivos e metas traçadas para educação especial. 
Destaca-se que o plano prevê a “generalização” do ensino para a demanda da 
educação especial e, de acordo com Góes (2009), esta previsão pode ser 
considerada nebulosa, pois ao garantir a educação aos alunos do ensino 
fundamental o plano é mais específico, prevendo atingir “toda a clientela”. 
Há também nas metas previsão de continuidade nas parcerias do Estado 
com entidades “não governamentais” e “organizações civis”, orientação que nos 
parece intencional, buscando-se, dessa forma, a não ampliação dos serviços de 
educação especial no âmbito público. 
 
 
38 
 
Amplie Seus Estudos 
 
SUGESTÃO DE LEITURA 
 
Leia o artigo Educação Especial: da LDB aos Planos 
Nacionais de Educação – do MEC e Propostada Sociedade 
Brasileira, de autoria de César Augusto Minto, o qual traz 
uma análise minuciosa sobre a perspectiva da educação 
especial defendia em cada um dos PL que deram origem ao 
PNE 2001. Disponível no acesso: 
 
http://www.abpee.net/homepageabpee04_06/artigos_em_p
df/revista6numero1pdf/r6_art01.pdf 
 
 
 
Saviani (2014) ao analisar os avanços do PNE 2001, em 2014, elucidou 
que o “plano foi solenemente ignorado”, não passando, inclusive pela avaliação 
prevista para o seu quarto ano (SAVIANI, 2014), pois os avanços educacionais 
alcançados após a aprovação do referido plano não pareciam ter relação direta 
com as metas estabelecidas nele, sendo fruto de “[...] uma dinâmica na 
sociedade que faz com que, com plano ou sem plano, algumas pressões têm de 
ser [sejam] atendidas” (SAVIANI, 2014). 
 O pesquisador cita, que o PNE/2001, de acordo com o previsto, deveria 
ter passado por uma avaliação no seu quarto ano, o que não ocorreu e que “[..] 
na verdade, o referido PNE não passou de uma carta de intenções e a lei que o 
instituiu permaneceu letra morta, sem nenhum influxo nas medidas de política 
educacional e na vida das instituições escolares” (SAVIANI, 2014). 
 
3.3 Diretrizes Nacionais Para a Educação Especial na Educação 
Básica (2001) 
Também, em 2001, foram aprovadas as Diretrizes Nacionais Para a 
Educação Especial na Educação Básica (BRASIL, 2001). Nas citadas diretrizes 
consta a seguinte definição da Educação Especial: 
Modalidade da educação escolar; processo educacional definido em 
uma proposta pedagógica, assegurando um conjunto de recursos e 
serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para 
 
 
39 
 
apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir 
os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação 
escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos 
educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em 
todas as etapas e modalidades da educação básica (BRASIL, 2001, p. 
39, grifos nossos). 
 
 
Nesse sentido, há uma ampliação da concepção de Educação Especial 
nas referidas diretrizes, pois as mesmas preveem o apoio, a complementação e 
a suplementação da escolarização por meio da Educação Especial, sendo 
interessante observar que “em alguns casos” é prevista a substituição dos 
serviços educacionais comuns, ou seja, o aluno poderia frequentar a escola 
especial, inclusive, em detrimento da escola regular. 
 
 
Importante 
Atualmente, o Atendimento Educacional Especializado (AEE), 
“carro chefe” das políticas de educação especial ofertadas pelo 
MEC, é, de fato, o serviço de complementação curricular (que 
ocorre, normalmente, nos casos de alunos com deficiência ou 
transtornos globais do desenvolvimento) ou suplementação 
(que ocorre, normalmente, no caso dos alunos com altas 
habilidades ou superdotação). 
 
Nas citadas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na 
Educação Básica há um posicionamento a favor da Educação Inclusiva, de 
acordo com o qual não é o aluno que teria que se ajustar à escola, e sim a escola 
que teria que se ajustar ao aluno. 
Ao apresentar a deliberação sobre o lócus dos serviços de Educação 
Especial, esse documento traz como definição que: “A educação especial deve 
ocorrer em todas as instituições escolares que ofereçam os níveis, etapas e 
modalidades da educação escolar previstos na LDBEN” (BRASIL, 2001, p. 41). 
Ao utilizar “deve” fica nítida a preferência do atendimento desse contingente em 
escolas regulares e da necessidade da oferta de serviços de educação especial 
nas escolas regulares. 
 
 
40 
 
Em sua extensão sequencial consta a seguinte definição: 
“Extraordinariamente, os serviços de educação especial podem ser oferecidos 
em classes especiais, escolas especiais, classes hospitalares e em ambiente 
domiciliar” (BRASIL, 2001, p. 42). Com este parágrafo continua abrindo-se 
precedente para que o ensino dos alunos que necessitam de educação especial 
ocorra em outros ambientes. A saber, esses outros ambientes são, sobretudo, 
as escolas especiais de caráter assistencial e filantrópico. 
 
3.4 Plano de Desenvolvimento da Educação (2007) 
O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), aprovado em 2007, 
agregou 29 ações do MEC que abrangem os níveis e modalidades de ensino, 
bem como medidas de apoio e infraestrutura. 
Saviani (2007) esclarece que para a modalidade educação especial, 
foram dirigidas três ações no PDE, a saber: 
a) “salas de recursos multifuncionais”, equipadas com televisão, 
computadores, DVDs e materiais didáticos destinados ao 
atendimento especializado aos alunos portadores de deficiências; 
b) “Olhar Brasil”, um programa desenvolvido conjuntamente pelos 
ministérios da educação e da saúde para identificar os alunos com 
problemas de visão e distribuir óculos gratuitamente; c) “Programa 
de Acompanhamento e Monitoramento do Acesso e Permanência 
na Escola das Pessoas com Deficiências Beneficiárias do Benefício 
de Prestação Continuada da Assistência Social”, dirigido 
prioritariamente à faixa etária de 0 a 18 anos (SAVIANI, 2007, p. 
1236) 
 
Garcia (2013) elucida que o “Programa Educação Inclusiva: direito a 
diversidade” também está vinculado ao PDE. Esse Programa trata sobre a 
formação continuada de professores para atuar na educação especial e foi 
instituído em 2003. 
De acordo com o que consta na página do MEC o programa atua 
promovendo a “[...] formação continuada de gestores e educadores das redes 
estaduais e municipais de ensino para que sejam capazes de oferecer educação 
especial na perspectiva da educação inclusiva”. O objetivo do mesmo é: “[...] que 
as redes atendam com qualidade e incluam nas classes comuns do ensino 
regular os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e 
altas habilidades ou superdotação”. 
 
 
41 
 
Garcia (2013) esclarece que, a partir de 2007, o programa supracitado 
passou a desenvolver outra modalidade de curso, a saber, o Curso de 
Aperfeiçoamento de Professores do Atendimento Educacional Especializado, 
ação estreitamente ligada ao Programa de Implantação de Salas de Recursos 
Multifuncionais. 
De acordo com o que consta no site do MEC, o Programa de Implantação 
de Salas de Recursos Multifuncionais, tem como objetivo: 
Apoiar a organização e a oferta do Atendimento Educacional 
Especializado – AEE, prestado de forma complementar ou 
suplementar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento, altas habilidades/superdotação matriculados em 
classes comuns do ensino regular, assegurando-lhes condições de 
acesso, participação e aprendizagem (BRASIL/MEC, 2008. S/p.). 
 
Este programa oferta às escolas públicas de ensino regular um “conjunto 
de equipamentos de informática, mobiliários, materiais pedagógicos e de 
acessibilidade para a organização do espaço de atendimento educacional 
especializado” (BRASIL/MEC, S/d.S/p.). 
 
Pesquise 
Navegue no site do MEC e conheça os programas que 
tratam sobre educação especial e inclusiva. Para acessá-los, 
clique sobre o menu “SECRETARIAS” para que seja 
expandido, exibindo suas opções. Depois clique na opção 
“Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e 
Inclusão – SECADI”. Posteriormente, clique no botão 
“Programas e Ações” que está situado sob o título da página. 
Para ampliar sua gama de conhecimentos você pode 
acessar outros botões na página. 
 
 
Saviani (2007) ao confrontar a estrutura do PDE com a estrutura do PNE 
(já citado nesse material) percebe que o primeiro não se caracteriza, de fato, 
como um plano, por se caracterizar por um conjunto de ações que “[...] 
teoricamente, se constituiriam em estratégias para a realização dos objetivos e 
metas previstos no PNE” (SAVIANI, 2007, p. 1239, grifos nossos). 
 
 
42 
 
Saviani (2007), esclarece que o termo “teoricamente”, destacado na 
citação acima, foi cunhado propositalmente, já que, de fato, o PDE não é 
satisfatório em termosde cumprimento das metas expressas no PNE/2001, 
sendo que o PDE apresentou ações que não se articularam organicamente com 
as metas expressas no PNE/2001 que estava em vigor quando da publicação do 
PDE. 
Nota-se que o conceito de Educação Inclusiva, de acordo com o qual a 
escola se prepara para receber o aluno da educação especial e não o aluno 
precisa se preparar para ingressar na escola, vem se aproximando, 
paulatinamente, das políticas brasileiras. 
Contudo, de acordo com o constante nas políticas analisadas nessa aula, 
é possível perceber que não há um rompimento com as instituições de caráter 
filantrópico e assistencial que atendem o público-alvo da educação especial. 
É interessante atentar-se para o conflito público-privado existente em 
relação à educação especial, uma vez que as escolas regulares são, na sua 
maioria, públicas, enquanto que as escolas especiais apresentam, sobretudo, 
caráter filantrópico/assistencial, ou seja, são privadas, gerando, assim, nas 
políticas nacionais, uma disputa público-privada para o direcionamento de 
verbas governamentais. 
 
Resumo da Aula 3 
 Nesta aula o foco foi sobre a concepção da Educação Especial nas 
políticas estudadas, percebendo-se que: os PCN (1998), ao versarem sobre as 
necessidades das adaptações curriculares, buscam uma transição do modelo 
médico-terapêutico para uma educação inclusiva. Percebe-se que a intenção 
dos PCN é de consubstanciar a participação do aluno com necessidades 
educacionais especiais na dinâmica da escola regular, havendo previsão para 
participações relativas (com as adaptações significativas no currículo) e 
exceções (participação em instituições especiais) quando esses alunos não 
apresentarem “condições” para serem integrados e incluídos no sistema regular 
de ensino. 
 
 
 
43 
 
Atividade de Aprendizagem 
Leia o artigo Os PCN e as adaptações curriculares para alunos 
com necessidades educacionais especiais: um debate, de 
autoria de Monique Franco, indicado para leitura nesta aula e 
discorra sobre o mesmo. O artigo está disponível no acesso: 
 
http://23reuniao.anped.org.br/textos/1515t.PDF 
 
 
Aula 4 – A educação especial e a perspectiva inclusiva 
Apresentação da Aula 4 
Nesta aula o foco será a nova Política Nacional de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a) e seus desdobramentos 
nos seguintes documentos legais: Decreto nº 6.571/2008, Resolução nº 04/2009 
e no Decreto nº 7.611/2011, evidenciando as tratativas da aprovação do Plano 
Nacional de Educação (PNE/2014) e seus reflexos na Educação Especial. 
 
4.1 Nova Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da 
Educação Inclusiva (2008) e seus desdobramentos 
Em 2008, é publicada a nova Política de Educação Especial na 
Perspectiva da Educação Inclusiva. Esse documento, seguindo um movimento 
que vem sendo sinalizado desde a aprovação da Declaração de Jomtien, propõe 
uma mudança de paradigma mais evidente no que tange à Educação Especial, 
pois orienta o sistema de ensino para uma educação especial complementar e 
não mais substitutiva. 
O objetivo da Política em voga é: 
[...] assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou 
superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: 
acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e 
continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade 
da modalidade de educação especial desde a educação infantil até 
a educação superior; oferta do atendimento educacional 
especializado; formação de professores para o atendimento 
educacional especializado e demais profissionais da educação para 
a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade 
 
 
44 
 
arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações 
e informação; e articulação intersetorial na implementação das 
políticas públicas (BRASIL, 2008). 
 
 Observe que o público alvo da educação especial é balizado nessa 
política, contemplando os alunos com deficiência, transtornos globais do 
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o que pode ser visto como 
positivo por trazer uma definição mais evidente sobre os alunos que necessitam 
dos serviços de educação especial. Porém, esse balizamento foi criticado por 
pesquisadores da área, como Garcia (2013). A autora elucidou que a restrição 
do público alvo da educação especial aumenta a necessidade de diagnósticos 
médicos e pode impactar sobre autonomia docente. 
Em 2008, com a finalidade de regulamentar a Política supracitada, foi 
homologado o Decreto nº 6.571, que dispôs sobre o AEE, determinando-se apoio 
técnico e financeiro aos sistemas de ensino público para a ampliação desse 
atendimento direcionado ao público da Educação Especial. 
 
DECRETO Nº 6.571, DE 17 DE SETEMBRO DE 2008 
 
Dispõe sobre o atendimento educacional especializado, regulamenta o parágrafo 
único do art. 60 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo 
ao Decreto nº 6.253, de 13 de novembro de 2007. 
 
 
 
 
 
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso IV, e tendo em vista o disposto 
no art. 208, inciso III, ambos da Constituição, no art. 60, parágrafo único, da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 
1996, e no art. 9º, § 2º, da Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007: 
 
 Art. 1º A União prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, na forma deste Decreto, com a finalidade de 
ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos com deficiência, 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, matriculados na 
rede pública de ensino regular. 
[...] 
 
Disponível na integra no acesso: 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/Decreto/D6571.htm 
 
 
 Vale reforçar que este Decreto restringiu o apoio técnico às instituições de 
ensino públicas, que são, na sua maioria, escolas regulares. Para 
regulamentação do decreto supracitado e para que não houvesse equívocos 
quanto a implementação do AEE, em 2009, o Conselho Nacional de Educação 
 
 
45 
 
(CNE) publicou a Resolução nº 04 que instituiu as Diretrizes Operacionais para 
o AEE na educação básica. 
Esse documento definiu, no art. 3º, que a educação especial “[...] se 
realiza em todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, tendo o AEE como 
parte integrante do processo educacional” (BRASIL, 2009). 
Contudo, esses desdobramentos da Política Nacional de Educação 
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) trouxeram 
grande incomodo para a sociedade civil brasileira, sobretudo, para os gestores 
das escolas especiais de caráter filantrópico e assistencial que, historicamente, 
atendem aos alunos público-alvo da educação especial e que contam com 
repasses financeiros governamentais para a execução desse serviço. 
Assim, em novembro de 2011, ocorre a aprovação do Decreto nº 7.611 
que “[...] dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional 
especializado e dá outras providências” (BRASIL, 2011), revogando-se o 
Decreto 6.571 (BRASIL, 2008). Esse decreto apresenta uma perspectiva que 
difere da que havia sido apresentada no decreto anterior por ser mais receptivo 
aos serviços de educação especial ofertado por instituições filantrópicas e 
assistenciais, conforme pode ser notado no Art. destacado a seguir: 
 
 
DECRETO Nº 7.611, DE 17 DE NOVEMBRO DE 2011 
 
Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá 
outras providências. 
 
 A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da 
Constituição, e tendo em vista o disposto no art. 208, inciso III, da Constituição, arts. 58 a 60 da Lei no 9.394, de 
20 de dezembro de 1996, art. 9o, § 2o, da Lei no 11.494, de

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