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Apresentação da unidade 3 - 
Avaliação na Educação Infantil
Debora dos Santos
Olá, caro estudante!
Vamos começar os estudos sobre a avaliação na educação infantil. A terceira unidade da disciplina abordará em
detalhes como se dá o processo de avaliação da aprendizagem nessa etapa da educação básica.
No primeiro tópico de estudos, conheceremos as especificidades da avaliação na educação infantil, verificando
seus fundamentos e objetivos. No tópico seguinte, serão abordados os fundamentos teóricos e legais, com
enfoque detalhado no que dispõe a legislação brasileira vigente, da não reprovação na educação infantil.
No terceiro tópico, veremos quais são parâmetros de qualidade que as instituições de educação infantil devem
seguir, bem como os indicadores que contribuem na avaliação educacional.
Na sequência, tópico quatro, estudaremos sobre a documentação pedagógica na educação infantil, verificando
sua importância e contribuição para o processo de avaliação. Destacaremos nesse tópico, ainda, os principais
instrumentos avaliativos e demais documentos institucionais que compõem a documentação pedagógica.
O quinto tópico se dedica aos registros contínuos do professor, levantando sua importância enquanto prática
pedagógica que faz parte do trabalho diário do educador. Destacaremos como os registros e as observações
contribuem de maneira decisiva para a reflexão contínua do fazer pedagógico e a melhoria da qualidade da
educação.
Por fim, no último tópico, teremos a oportunidade de conhecer a documentação pedagógica na abordagem
educacional de Reggio Emilia. Veremos como ela surgiu e as particularidades que fizeram dela referência
internacional de educação infantil.
https://www.youtube.com/embed/MP7LjbD8SvU
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As especificidades da avaliação 
na Educação Infantil
Debora dos Santos / Luciana Muniz
Introdução
Caro estudante, a avaliação é uma das tarefas mais complexas da prática pedagógica docente. Ela exige do
professor um bom conhecimento teórico e uma boa organização da sua prática, principalmente em relação aos
registros e à elaboração de critérios de avaliação. A cada nível educativo, esses critérios mudam em função das
características do currículo e da faixa etária, bem como das políticas de educação.
Neste tópico, veremos como acontece a avaliação na educação infantil e quais aspectos devem ser observados
pelos educadores desse nível educacional. Buscaremos responder às seguintes questões: O que se avalia? Como
se avalia? Com quais objetivos? Bons estudos!
Os fundamentos e objetivos da avaliação na 
educação infantil
A avaliação educacional é debatida em âmbito nacional, periodicamente, pelos órgãos públicos que orientam e
definem referenciais para todas as redes de educação do país. As escolas devem estruturar seus documentos em
função das bases curriculares vigentes. Assim, podemos dizer que fatores externos – políticas públicas – e
internos – propostas pedagógicas – influenciam as formas e os critérios de avaliação. Na educação infantil,
devemos nos atentar para uma particularidade contida nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil (DCNEI):
As instituições de Educação Infantil devem criar procedimentos para acompanhamento do trabalho
pedagógico e para avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou
classificação [...] (BRASIL, 2010, p. 29).
Essa particularidade se refere à pouca idade das crianças e às rápidas e marcantes transformações nos aspectos
do desenvolvimento cognitivo, motor e emocional. Assumimos, portanto, que a avaliação na educação infantil
tem um caráter processual e, assim como a prática pedagógica, segue as características do desenvolvimento
infantil.
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Figura 1 - Desenvolvimento infantil como critério para avaliação
Fonte: John-james Gerner, Shutterstock, 2019.
De acordo com o vol. 1 do Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI), a avaliação é uma
importante ferramenta para o professor refletir sobre sua própria prática:
Neste documento, a avaliação é entendida, prioritariamente, como um conjunto de ações que
auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática
às necessidades colocadas pelas crianças. É um elemento indissociável do processo educativo que
possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem
avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e
redirecionar esse processo como um todo (BRASIL, 1998, p. 59).
Avaliar, portanto, é um exercício constante de olhar através de um espelho, por meio do qual o educador tem
condições de visualizar seu próprio trabalho pedagógico e a oportunidade de rever suas práticas.
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O registro e a observação são os principais instrumentos de que dispõe o professor na educação infantil para
avaliar as crianças.
Os referenciais para avaliação auxiliam o professor na estruturação de sua rotina e subsidia a avaliação do seu
trabalho e o acompanhamento das crianças. Nos cadernos do Proinfantil (2006), encontramos uma orientação
bastante clara e importante em relação à avaliação:
Para desenvolver uma prática avaliativa que dê mais importância aos processos do que aos
resultados, é necessário que o(a) educador(a) desenvolva a capacidade de abrir os olhos, de olhar.
Olhar para ver além do que está visível. Por isso, é fundamental que o(a) professor(a) desenvolva
habilidades de observação do cotidiano das crianças que lhes permitam ver além do que é aparente
ou daquilo que se apresenta. Nessa perspectiva, a avaliação é dinâmica, uma vez que deve se efetivar
em diferentes situações em que ocorrem as aprendizagens das crianças (BRASIL, 2006, p. 18).
Assim, com base no currículo e no planejamento, o professor busca identificar os avanços, os possíveis
retrocessos, as interações, e as singularidades de cada criança. Sabemos, pelos estudos da psicologia do
desenvolvimento, que cada criança tem um ritmo próprio de desenvolvimento e aprendizagem. Por isso, o
currículo serve ao professor como referência na avaliação do processo.
FIQUE ATENTO
A avaliação na escola cumpre o importante papel de fornecer elementos para avaliar o
desenvolvimento das crianças; avaliar a adequação das metodologias; avaliar o trabalho do
professor; projetar ações futuras; e indicar a necessidade de ajustes nas práticas pedagógicas.
SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do capítulo 2 do livro Portfólio, avaliação
, da autora Benigna Maria de Freitas Villas Boas. Editora Papirus. Ano:e trabalho pedagógico
2015. Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574640
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574640
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Figura 2 - Compreender os ritmos individuais
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2019.
Villas Boas (2015) apresenta dois tipos de avaliação: a , aquela em que os estudantes sabem avaliação formal
que estão sendo avaliados, como e o que está sendo avaliado, de maneira sistemática e organizada. A outra forma
é a que acontece a todo o momento, não apenas na sala de aula, e inclui percepções doavaliação informal,
educador de todo o processo educacional.
A avaliação informal, segundo a autora, é bastante delicada, pois pode servir tanto em favor da aprendizagem,
como também como forma de controle e punição (VILLAS BOAS, 2015). Pode, assim, contribuir para o reforço de
estigmas, rótulos e preconceitos.
EXEMPLO
Quando o educador considera o desempenho, o interesse e a superação de uma criança nas
suas atividades e brincadeiras no grupo e individualmente com relação a um roteiro definido
de análise, é um exemplo formal de avaliação. Um registro de manifestações espontâneas sem
indicadores prévios de análise pode representar uma avaliação informal.
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Se há a falta de cautela e consciência por parte do educador na aplicação da avaliação informal, o encorajamento,
o acompanhamento e a colaboração ao processo de aprendizagem, ganhosimportantes dessa forma avaliativa,
podem se perder.
Objetivos da avaliação na educação infantil
O objetivo da avaliação deve ser prioritariamente a promoção da aprendizagem. Sem esse objetivo, a avaliação
não faz o menor sentido. Segundo Villas Boas (2015), além da avaliação da aprendizagem, avalia-se também o
trabalho realizado dentro e fora da sala de aula. A autora afirma que “[...] aprendizagem e avaliação andam de
mãos dadas – a avaliação sempre ajudando a aprendizagem” (VILLAS BOAS, 2015, p. 29).
FIQUE ATENTO
A avaliação está presente em todo o processo educacional, desde o planejamento das ações
pedagógicas, dentro e fora da sala de aula. Os dois tipos de avaliação, a formal e a informal,
complementam-se e devem estar a serviço da aprendizagem.
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Figura 3 - Avaliação a serviço da aprendizagem
Fonte: oliveromg, Shutterstock, 2019.
Diante disso, é fundamental conhecermos quem estamos avaliando e com qual objetivo, respeitando
individualidades, faixa etária, nível de maturidade e maturação biológica. A observação atenta e sensível,
acompanhadas de registros fidedignos, são muito importantes.
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Figura 4 - Observação atenta e sensível
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2019.
É importante ter em mente os objetivos da educação infantil para cada faixa etária. De acordo com o RCNEI
(1998), o objetivo da educação infantil, de 0 a 3 anos, é oportunizar, por meio de um ambiente acolhedor,
condições para que as crianças sejam capazes de identificar e manifestar suas necessidades essenciais. Devem
poder expressar sentimentos e desejos por meio de diferentes recursos, desenvolvendo progressivamente a
autonomia; familiarizar-se com sua própria imagem e corpo; compreender sensações e limitações; desenvolver o
autocuidado; interagir e se relacionar com outras crianças e profissionais da instituição.
Já para crianças de 4 a 6 anos, além de aprofundar as capacidades anteriores, a instituição deve propiciar um
ambiente favorável para ampliação da autoconfiança e valorização da autoestima; identificação e enfrentamento
de conflitos; valorização do espírito de cooperação e de atitudes solidárias; adoção de hábitos saudáveis e
autocuidado (BRASIL, 1998).
Conhecer quem são os educandos, suas experiências, seu contexto social e familiar precede a avaliação. A partir
desse conhecimento prévio, parte-se para o que se deseja com a ação educacional. A avaliação acompanha e está
intrínseca a todo esse processo. Nesse sentido, conhecer os objetivos educacionais traçados para as instituições
de ensino que atendem crianças de 0 a 6 anos é primordial para a realização da avaliação.
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Fechamento
Neste tópico, percebemos que o ato de avaliar está presente em todo o processo educacional, permeando sempre
o trabalho pedagógico. Vimos que existem dois tipos de avaliação, complementares: a avaliação formal e a
informal. Por fim, destacamos os objetivos educacionais na educação infantil, específicos para cada faixa etária.
Para crianças de 0 a 3 anos, estão relacionados ao desenvolvimento de autonomia, segurança, interação,
socialização e autocuidado. Já de 4 a 6 anos, os objetivos se voltam para a valorização da autoimagem, a
resolução de conflitos e o conhecimento de regras básicas de convivência, além do aprofundamento das
habilidades já desenvolvidas na faixa etária anterior.
Referências
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010. Disponível em:
http://www.uac.ufscar.br/domumentos-1/diretrizescurriculares_2012.pdf. Acesso em: 15 mar. 2019.
BRASIL. . Módulo IV, Unidade 3, Livro de Estudos – Vol. 2. LOPES, K. R.; MENDES, R. P.; FARIA, V. L. B.Proinfantil
de (Orgs.). Brasília: MEC/SEB/SEED: 2006. Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage
. Acesso em: 15 mar. 2019./materiais/0000012795.pdf
BRASIL. . Brasília: MEC/SEF, 1998.Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Volume 1
Disponível em: . Acesso em: 15 mar. 2019.http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
BRASIL. . Brasília: MEC/SEF, 1998.Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Volume 2
Disponível em: . Acesso em: 15 mar. 2019.http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf
MICARELLO, H. . Consulta pública. Portal MEC, 2010. DisponívelAvaliação e Transições na Educação Infantil
em: http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7163-2-11-avaliacao-transicoes-hilda-micarello/file
. Acesso em: 15 mar. 2019.
VILLAS BOAS. B. M. de F. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 2015. Disponível em:
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574640. Acesso em: 15 mar. 2019.
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012795.pdf
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000012795.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf
http://portal.mec.gov.br/docman/dezembro-2010-pdf/7163-2-11-avaliacao-transicoes-hilda-micarello/file
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574640
http://www.uac.ufscar.br/domumentos-1/diretrizescurriculares_2012.pdf
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LDB e a não reprovação na 
Educação Infantil
Debora dos Santos / Luiza Alves da Silva
Introdução
Caro estudante, o propósito deste tópico é discutir as bases teóricas e legais que fundamentam a não reprovação
na educação infantil no Brasil. Ressalte-se que tal condição está fundamentada legalmente na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96, bem como nos demais documentos norteadores dessa etapa de
ensino.
Com base nessa premissa, o ensino na educação infantil deve ser ministrado nos mesmos moldes das demais
etapas da educação? É possível conceber a não reprovação nas demais etapas da educação básica? Ao se pensar
no processo avaliativo na educação infantil enquanto algo diferenciado, que objetive o desenvolvimento integral
do aluno, quais critérios devem ser adotados para alcançar tal propósito?
Fundamentos teórico-metodológicos da não 
reprovação na educação infantil
A avaliação se constitui como parte importante do processo educativo. Este, por sua vez, deve ser entendido
como algo que ocorre de maneira gradativa, cumulativa e a partir de mediações e intervenções intencionais de
alguém mais experiente (VILLAS BOAS, 2017).
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Figura 1 - Aprendizagem e desenvolvimento gradativo e cumulativo
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2019.
Partindo desse pressuposto, a avaliação na educação infantil precisa ocorrer mediante a utilização de
mecanismos e instrumentos que levem em conta as especificidades e características que essa etapa da
escolarização apresenta. Eles são: estrutura e ambiente adequados, nível de aprendizagem, estratégias de ensino
específicas, aspectos a serem avaliados e instrumentos e mecanismos de avaliação (ALVES, 2013).
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Na educação infantil, o ensino dirigido dá lugar à criação de espaços favoráveis ao desenvolvimento integral –
físico, psíquico e emocional – das crianças. Para isso, a educação infantil pressupõe a criação de espaços
adequados à faixa etária, ou seja, salas equipadas com berços, colchonetes, fraldários, brinquedos e desenhos
coloridos que emitam sons para os bebês; se for uma turma de pré-escola, salas equipadas com carteiras e
cadeiras pequenas, desenhos coloridos nas paredes, livros infantis, brinquedos e quebra-cabeças.
Além disso, cabe aos educadores planejarem a utilização de atividades lúdicas e estimulantes, pois a base para o
desenvolvimento, na primeira infância, é a proposição desse tipo de atividades, tendo em vista que a imitação
tem papel preponderante. Logo, as ações por meio de representações e ilustrações serão mais significativas para
o processo de aprendizagem da criança (SILVA, 2017).
Outro elemento fundamental da educação é o estabelecimento de rotinas e regras. Na primeira infância, a criança
está em fase de adaptação ao mundo que a rodeia. Ou seja, ela nasce e possui necessidades biológicas (comer,
defecar, ter frioou calor), demonstradas, em princípio, pelo choro. No entanto, conforme vai apreendendo as
informações da realidade, novas necessidades são criadas e mesmo as consideradas biológicas se transformam e
ganham um sentido psíquico (SILVA, 2017).
EXEMPLO
Um exemplo de avaliação por meio de observação e registro, sem o objetivo de promoção ou
diagnóstico, são avaliações individuais descritivas, bastante comuns nas creches e pré-escolas.
Nessa avaliação, o educador relata aspectos observados do desenvolvimento da criança ou do
bebê, como, por exemplo, detalhes das brincadeiras favoritas, aspectos do desenvolvimento
motor com detalhes do que a criança já é capaz de fazer, como movimento de pinça, chutar ou
agarrar uma bola, ou se a criança já caminha, engatinha, arrasta-se, etc. Todos esses registros
têm o objetivo de acompanhar o processo de desenvolvimento da criança, e não promovê-la
para a próxima fase. Mesmo que a criança ainda não caminhe ou não esteja desfraldada, por
exemplo, ela “avançará” para a próxima turma, correspondente a sua faixa etária.
FIQUE ATENTO
Na educação infantil, prioriza-se a organização dos espaços e tempos do cotidiano escolar, para
que as crianças, por meio do livre brincar, da exploração de diferentes elementos e de
atividades lúdicas, desenvolvam-se, socializem e descubram o mundo ao seu redor.
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Figura 2 - Choro: manifestação das necessidades básicas
Fonte: Aaron Amat, Shutterstock, 2019.
Tal processo deve ser considerado enquanto algo extremamente importante para o desenvolvimento do bebê.
Por outro lado, é fundamental que determinadas intervenções sejam realizadas objetivando a apropriação e a
internalização por parte do bebê de regras de convivência em sociedade. Dentre elas, pode-se destacar a hora de
dormir, a hora de brincar, a forma de expressar que está com fome ou que precisa ser higienizado, entre outras.
FIQUE ATENTO
Necessidades biológicas são aquelas que já nascem com o sujeito. Possuem como característica
principal o fato de serem alheias à vontade. São consideradas necessidades biológicas: a fome,
a sede, o controle do esfíncter, a sinestesia, entre outras.
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Desse modo, o processo avaliativo na educação infantil precisa ter maior abrangência e levar em conta vários
aspectos constitutivos do desenvolvimento humano. Em outras palavras, a avaliação precisa contemplar o
desenvolvimento integral do sujeito, bem como compreender esse desenvolvimento enquanto algo cumulativo e
processual (VILLAS BOAS, 2017).
Figura 3 - Avaliação com foco nas conquistas individuais
Fonte: Sunny studio, Shutterstock, 2019.
A avaliação deve ser realizada com foco nas conquistas da criança, no que ela já realiza sozinha, no que faz com
auxílio e no que ainda não aprendeu a realizar de forma autônoma e independente.
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Fundamentos legais da não reprovação na 
educação infantil
Antes de continuar os estudos, é importante reiterar a concepção de criança adotada até aqui: enquanto um
sujeito biopsicossocial em desenvolvimento, com capacidade e possibilidade para aprender e se desenvolver a
partir da qualidade das relações que estabelece com seus pares e das experiências e mediações que lhe são
possibilitadas no decorrer de sua existência (SILVA, 2017).
Além disso é necessário, no processo educativo desse pequeno indivíduo, buscar compreendê-lo em sua
totalidade, contemplando-o nos aspectos biológico, psíquico, cognitivo, emocional e afetivo, como alguém que irá
aprender e se desenvolver de maneira gradativa, processual, cumulativa e interativa (VILLAS BOAS, 2017).
Figura 4 - Aprendizagem processual e interativa
Fonte: tankist276, Shutterstock, 2019.
Na mesma direção, enquanto fundamento legal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394
/96), ao normatizar no art. 31 a organização e a oferta da educação infantil, aponta, no inciso I, que a avaliação
deve ocorrer "[...] mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de
promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental [...]” (BRASIL, 1996).
Esse fundamento legal, assim como as demais menções à educação em nossa legislação (Constituição de 1888,
https://www.youtube.com/embed/MP7LjbD8SvU
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Esse fundamento legal, assim como as demais menções à educação em nossa legislação (Constituição de 1888,
Estatuto da Criança e do Adolescente), fortalece a concepção de um planejamento pedagógico e avaliação que
considere o sujeito em sua totalidade.
Na educação infantil, a perspectiva de ensino não tem como propósito a valorização da quantidade dos
conteúdos apropriados e, sim, a qualidade das referidas apropriações, ou seja, as mudanças de comportamento,
os avanços no desenvolvimento psicomotor, a qualidade das interações sociais e as alterações na condição de
análise, memorização e raciocínio lógico alcançadas.
Fechamento
Neste tópico, vimos que os educadores, no processo de ensino-aprendizagem na educação infantil, devem contar
com instrumentos que levem sempre em conta as particularidades dessa etapa da educação. Observamos, ainda,
que na educação infantil não há um ensino dirigido, mas ações planejadas e intencionais, aplicadas em espaços
favoráveis para o desenvolvimento integral – físico, psíquico e emocional – das crianças. As crianças passam
diretamente pelas classes da educação infantil, até o ingresso no ensino fundamental, sem possibilidade de
reprovação, conforme disposto na LDB n. 9.394/96.
Referências
ALVES, J. F. Avaliação educacional: da teoria à prática. Rio de Janeiro: LTC, 2013.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. .Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira
Disponível em: . Acesso em: 15 mar. 2019.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm
MALHEIROS, B. T. Didática Geral. Rio de Janeiro: LTC, 2012. Disponível em: https://
biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=563168. Acesso em: 15 mar. 2019.
SILVA, L. A. da. : contribuições à aquisição dePedagogia Histórico-Crítica e Psicologia Histórico-Cultural
leitura e escrita de alunos com deficiência visual. Curitiba: Appris 2017.
SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do capítulo 3 do livro Didática geral, do
autor Bruno Taranto Malheiros. Editora LTC. Ano: 2012. Disponível em: https://
biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=563168.
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-216-2249-9
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm
http://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/978-85-216-2156-0
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=563168
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=563168
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VILLAS BOAS, B. M. de F. Avaliação: interações com o trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 2017. Disponível
em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574870. Acesso em: 15 mar. 2019.
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574870
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Indicadores de qualidade na 
Educação Infantil
Debora dos Santos / Luzia Alves da Silva
Introdução
Caro estudante, as instituições de educação infantil são orientadas pelos Parâmetros Nacionais de Qualidade
para a Educação Infantil, documento que orienta as ações nas instituições em busca de melhoria na qualidade do
ensino. Você sabe quais são esses parâmetros de qualidade? Sabe de que forma as instituições são avaliadas? E
como esses parâmetros são mensurados?
Para verificar se esses parâmetros de qualidade estão sendo atendidos, as instituições devem atender aos
Indicadores de Qualidade na Educação Infantil. Neste tópico, veremos de forma mais detalhada o que são
Parâmetros e Indicadores de qualidade, o que os diferencia e quais são os indicadores que balizam a qualidade
na educação infantil em nosso país. Bons estudos!
Conceituando qualidade na educação infantil
A educação infantil é considerada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LBD n. 9.394/96) como a
primeira etapa da educação básica, atendendo crianças de 0 a 5 anos em creches e pré-escolas. Podeser ofertada
em tempo integral ou em um dos turnos: matutino ou vespertino.
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Figura 1 - Educação infantil: 1ª etapa da educação básica
Fonte: Dainis, Shutterstock, 2019.
É possível observar avanços consideráveis na legislação da educação e no atendimento das necessidades
específicas da educação infantil, do ponto de vista da necessidade de uma nova organização e estrutura das
instituições para o atendimento das crianças, bem como na criação de diferentes documentos norteadores e
orientadores do trabalho pedagógico nessa importante etapa educativa. No entanto, a concepção de ensino que
deve permear o entendimento e a compreensão de um profissional da educação infantil precisa se diferenciar da
de alguém que está atuando em uma outra modalidade de ensino.
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Figura 2 - Desenvolvimento pleno
Fonte: spass, Shutterstock, 2019.
Esses entendimentos são fundamentais para que se possa construir um conceito de qualidade no ensino da
educação infantil, tendo em vista que a ação pedagógica deverá ser organizada de forma a possibilitar ao aluno
não apenas o acesso aos conteúdos escolares, mas também às condições necessárias ao seu desenvolvimento
pleno e integral.
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Nessa perspectiva, realizar uma abordagem sobre a qualidade no ensino infantil requer a reflexão acerca do
conjunto das ações desenvolvidas. Através dela, é possível disponibilizar aos alunos um espaço que garanta o
direito a um ensino que contribua para a aprendizagem e o desenvolvimento de forma ampla e irrestrita, com os
devidos apoios necessários durante todo o processo.
Os indicadores de qualidade na Educação 
Infantil
O Ministério da Educação, através da Secretaria da Educação Básica (SEB), em documento norteador da
avaliação da educação infantil, assim conceitua indicadores:
[...] são sinais que revelam aspectos de determinada realidade e que podem qualificar algo. Por
exemplo, para saber se uma pessoa está doente, usamos vários indicadores: febre, dor, desânimo.
Para saber se a economia do país vai bem, usamos como indicadores a inflação e a taxa de juros. A
variação dos indicadores nos possibilita constatar mudanças (a febre que baixou significa que a
pessoa está melhorando; a inflação mais baixa no último ano diz que a economia está melhorando)
(BRASIL, 2009, p. 14).
Os indicadores de qualidade têm o objetivo de auxiliar a avaliação da qualidade na educação, por parte dos
profissionais que atuam nas instituições de ensino, prevendo a participação de toda a comunidade escolar,
incluindo pais, alunos e comunidade de maneira geral.
FIQUE ATENTO
O desenvolvimento pleno e integral de uma criança quer dizer um desenvolvimento que ocorra
de maneira constante, sem interrupções referentes aos aspectos biológico, motor, afetivo,
psicológico, sensorial, intelectual e cognitivo.
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Segundo o MEC (2009, p. 14), para diagnosticar a qualidade de uma instituição de educação infantil é necessário
considerar alguns pontos relevantes:
[...] respeito aos direitos fundamentais, [...] reafirmados em nossa Constituição Federal e no Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA). [...] reconhecimento e a valorização das diferenças de gênero,
étnico-racial, religiosa, cultural e relativas a pessoas com deficiência. [...] respeito ao meio ambiente,
o desenvolvimento de uma cultura de paz e a busca por relações humanas mais solidárias. [...]
atendimento a finalidades da educação e a forma de organização do sistema educacional,
regulamentado nos âmbitos federal, estadual e municipal. [...] conhecimentos científicos sobre o
desenvolvimento infantil, a cultura da infância, as maneiras de cuidar e educar a criança pequena em
ambientes coletivos e a formação dos profissionais de educação infantil.
Todos esses aspectos precisam ser considerados ao avaliar a qualidade na educação infantil. Eles representam
um ponto de partida sem os quais não é possível garantir a qualidade mínima necessária para que se oportunize
um ambiente favorável à aprendizagem e ao desenvolvimento das crianças.
FIQUE ATENTO
O estabelecimento de indicadores de qualidade claros e definidos contribuem para uma
avaliação transparente e assertiva dos padrões mínimos de qualidade exigidos para o
funcionamento de uma instituição de educação infantil. Seja ela, pública ou privada e além
municiar as equipes pedagógicas, serve de instrumento para a comunidade identificar se os
parâmetros de qualidade estão sendo atendidos.
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Figura 3 - Os indicadores como subsídio para aferir a qualidade
Fonte: Jirsak, Shutterstock, 2019.
Tendo em vista que os referidos indicadores têm por finalidade possibilitar um processo de autoavaliação por
parte das instituições, é relevante que se consiga utilizá-los de maneira coerente e assertiva.
Os indicadores estão pautados em aspectos fundamentais da qualidade na educação e traduzidos em sete
dimensões:
1 – planejamento institucional; 2 – multiplicidade de experiências e linguagens; 3 – interações; 4 –
promoção da saúde; 5 – espaços, materiais e mobiliários; 6 – formação e condições de trabalho das
professoras e demais profissionais; 7 – cooperação e troca com as famílias e participação na rede de
proteção social. (MEC, 2009. p. 19)
Essas dimensões devem ser discutidas pelo coletivo escolar, por meio de uma avaliação coletiva e participativa.
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Figura 4 - Reunião de avaliação coletiva, participativa e propositiva
Fonte: Monkey Business Images, Shutterstock, 2019.
O MEC orienta como as instituições de ensino podem conduzir as reuniões de avaliação, com sugestões de
dinâmicas que favoreçam a participação de todos. A ideia é que após debate em plenário, ao final da reunião,
tenha-se como resultado um plano de ação visando superar pontos de atenção e melhorias identificados no
momento da avaliação pelo grupo.
O exemplo acima demonstra o potencial transformador e reflexivo das reuniões de avaliação e autoavaliação. O
EXEMPLO
Imaginemos um exemplo de indicador que não está sendo atendido em certa instituição de
ensino: a promoção da saúde. Na reunião de avaliação, pais e funcionários observaram que a
alimentação oferecida pela prefeitura está pouco diversificada, o que pode influenciar na
nutrição das crianças. As cozinheiras precisam usar a criatividade com os poucos ingredientes
à disposição. Com frequência, no lanche da tarde, os alunos comem apenas mingau de amido
de milho. No plano de ação, famílias e funcionários incluíram: reunião com a nutricionista
responsável pelo cardápio da escola, utilização de recursos da Associação de Pais e Mestres
para comprar frutas de forma paliativa, entre outros.
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O exemplo acima demonstra o potencial transformador e reflexivo das reuniões de avaliação e autoavaliação. O
envolvimento e engajamento da comunidade nesses momentos é fundamental, pela busca constante da melhoria
da qualidade na educação. Os indicadores possibilitam e mobilizam esse movimento.
A busca pela qualidade na educação deve ser uma constante, pois ela não cessa em determinado momento. A
qualidade dos processos educacionais como um todo exige movimento constante: um movimento de avaliação,
reflexão e ação.
Fechamento
Neste tópico, vimos que a qualidade na educação infantil está pautada em dois documentos elaborados pelo
Ministério da Educação. Eles definem parâmetros que orientam a qualidade nas instituições de educação e
indicadores que aferem se as dimensões da qualidade estão sendo atendidas. São sete as dimensões que devem
ser levadas em conta no momento da avaliação, discutidas, idealmente, pelos participantes do coletivo escolar:
comunidade, gestores, professores, entre outros. O MEC sugere uma metodologia para a realização dessas
avaliações: os participantes debatem cada uma das dimensões e propõem ações de melhoria.
Referências
BRASIL. . Brasília: MEC/SEB, 2009. Disponível em:Indicadores de Qualidade na Educação Infantil
.http://www.indicadoreseducacao.org.br/wp-content/uploads/2013/07/INDIQUE_EDUCACAO_INFANTIL.pdf
Acesso em: 18 mar. 2018.
BRASIL. Lei n.9.394, de 20 de dezembro de 1996. .Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm. Acesso em: 15 mar. 2019.
SAVIANI, D.; DUARTE, N. Campinas:Pedagogia histórico-crítica e luta de classes na educação escolar.
Autores Associados, 2013.
SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do capítulo 5 do livro Avaliação: 
interações com o trabalho pedagógico, da autora Benigna Maria de Freitas Villas Boas. Editora
Papirus. Ano: 2018. Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?
codigo_sophia=574870.
http://www.indicadoreseducacao.org.br/wp-content/uploads/2013/07/INDIQUE_EDUCACAO_INFANTIL.pdf
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574870
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SILVA, L. A. da. : contribuições à aquisição dePedagogia Histórico-Crítica e Psicologia Histórico-Cultural
leitura e escrita de alunos com deficiência visual. Curitiba: Appris, 2017.
VILLAS BOAS, B. M. de F. Avaliação: interações com o trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 2017. Disponível
em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574870 Acesso em: 15 mar. 2019.
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574870
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A documentação pedagógica na 
Educação Infantil
Debora dos Santos / Luzia Alves da Silva
Introdução
Caro estudante, vamos estudar, neste tópico, a importância da documentação pedagógica na educação infantil,
delimitando em que ela consiste e discutindo sua função e seus objetivos no processo educativo. Antes de
começar, vale a pena refletir: Quais documentos compõem a documentação pedagógica de uma instituição de
ensino? De quem é a responsabilidade em elaborá-los? Onde devem ficar armazenados?
Para responder aos questionamentos, retomaremos brevemente o ato de documentar na história da educação
infantil e a documentação enquanto atribuição do educador, bem como os elementos que a constituem.
Destacaremos, ao longo do tópico, os principais instrumentos avaliativos e demais documentos institucionais
que compõem a documentação pedagógica. Bons estudos!
Documentação pedagógica na Educação Infantil: 
história, conceito e objetivo
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2001) conceitua a palavra “documentar” como "[...] ato, processo ou
efeito de documentar. Reunião de documentos com o propósito de esclarecer ou provar alguma coisa".
Historicamente, o ato de documentar as ações pedagógicas na educação infantil foi defendido pelo educador
francês Celestin Freinet (1896-1966), ao propor a organização, nas instituições de educação infantil, do "livro da
vida": um caderno de registro dos fatos mais importantes da vida dos alunos (MENDONÇA, 2010). O registro se
daria por meio de textos e desenhos feitos pela criança, configurando-se em exercício da linguagem escrita.
A documentação pedagógica passou a ser difundida a nível internacional com maior intensidade em 1990, a
partir de experiências bem-sucedidas na cidade italiana de Reggio Emile (MARQUES; ALMEIDA, 2011). Para as
autoras,
[...] A abordagem passa a ser reconhecida pela excelência na qualidade das experiências educativas
proporcionadas à criança, desenvolvidas com base na denominada "teoria das cem linguagens"
elaborada por Loris Malaguzzi – pedagogo que esteve à frente da direção das pré-escolas municipais
da cidade – em parceria com educadores, crianças e famílias. Parece-nos ser nesse contexto que o
conceito e a prática da documentação pedagógica na educação infantil ganham força, e ela passa a
ser entendida enquanto elemento intrínseco ao fazer pedagógico cotidiano: a documentação permite
- -2
ser entendida enquanto elemento intrínseco ao fazer pedagógico cotidiano: a documentação permite
ao educador observar a criança em seu processo de construção do conhecimento, fornecendo pistas
ao planejamento, entendido como processo construído com base na observação que se faz dos
interesses e das necessidades das crianças, em uma pedagogia da escuta (MARQUES; ALMEIDA,
2011, p. 414-415).
Tendo por pressuposto o percurso histórico desenvolvido pelos profissionais da educação que se propuseram a
estudar essa forma de registro, encaminhamento e implementação nas escolas de educação infantil em âmbito
internacional, é fundamental que os educadores compreendam não apenas a finalidade da documentação
pedagógica, mas também a sua organização, objetivos e estrutura.
Caracteriza-se como atribuição do professor e da equipe pedagógica da escola a elaboração, a organização, a
seleção e o cuidado com a documentação pedagógica.
EXEMPLO
Um exemplo de boa prática na documentação pedagógica é a prática da escola de Educação
Infantil Padre Carmelo, que atua com crianças de 0 a 3 anos. Sabe-se que nessa etapa os pais se
sentem bastante inseguros ao matricular seus filhos, devido à preocupação em saber se eles
receberão os cuidados necessários. Para responder a tal demanda, a escola implementou um
aplicativo denominado "O diário de Carmelo". Nele, os pais sabem em tempo real as ações que
estão sendo desenvolvidas com as crianças, já que todos os dados são devidamente registrados
na plataforma.
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Figura 1 - Documentação pedagógica
Fonte: Kinga, Shutterstock, 2019.
De acordo com Marques (2015, p. 4), a documentação pedagógica favorece “[...] na reflexão sobre a prática, na
avaliação do processo de aprendizagem das crianças, no planejamento, contribuindo para seu processo de
formação e desenvolvimento profissional [...]”. Torna-se um material riquíssimo que, além de ajudar o professor,
serve às crianças, que constroem junto do educador a memória da sua trajetória educacional, e aos pais, que têm
acesso ao trabalho pedagógico desenvolvido e conseguem visualizar o desenvolvimento dos filhos.
A documentação pedagógica se constitui em um importante elemento não só na dinâmica de estruturação e de
organização técnica e pedagógica, mas também no processo de funcionamento da instituição. A partir dela,
tornam-se visíveis as ações desenvolvidas pela escola, de forma a facilitar os processos de avaliação institucional,
na medida em que podem servir como indicadores da qualidade do ensino desenvolvido.
FIQUE ATENTO
A documentação pedagógica, mais que simples documentos arquivados e acumulados na
escola, representa um importante material para subsidiar as práticas pedagógicas do professor.
- -4
Figura 2 - Visibilidade das ações desenvolvidas
Fonte: tadamichi, Shutterstock, 2019.
A documentação pedagógica contribui de forma significativa para o desenvolvimento das ações pedagógicas por
permitir ao professor observar o percurso já realizado pelos alunos e identificar os avanços obtidos e as
dificuldades a serem superadas. Dessa forma, poderá estabelecer um processo avaliativo com base em
mecanismos objetivos e que forneça os dados necessários para o desenvolvimento de práticas pedagógicas
satisfatórias e condizentes com a realidade da instituição.
Elementos constitutivos da documentação 
pedagógica
Temos diferentes modalidades de documentação, cada uma com objetivos e destinatários distintos, sendo
relevante considerar que a elaboração/organização dos diferentes tipos de documentação pedagógica se
realizam em conformidade com os objetivos previamente estabelecidos. Segundo Marques e Almeida (2011, p.
416-417, grifos do autor), "Em linhas gerais, podemos conceituar como documentação sistematização do
, produção de memória sobre uma experiência, ação que implica a seleção e a organizaçãotrabalho pedagógico
de diferentes registros coletados durante o processo".
- -5
Figura 3 - Registro para (e com) a criança
Fonte: alphaspirit, Shutterstock, 2019.
A documentação pedagógica também é composta por relatórios avaliativos, portfólios, registros do professor, a
proposta pedagógica da instituição e fichas cadastrais dos alunos, bem como os documentos pessoais contidos
na pasta individual de cada aluno.
- -6
Nesse sentido, refletir sobre a importância da documentação pedagógica na educação infantil demanda
compreendê-la enquantoum conjunto de dados levantados a partir de informações e registros, que visa orientar
as ações a serem desenvolvidas no interior da instituição.
SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do capítulo 4 do livro Avaliação: 
interações com o trabalho pedagógico, da autora Benigna Maria de Freitas Villas Boas. Editora
Papirus. Ano: 2017. Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?
codigo_sophia=574870.
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574870
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Figura 4 - Registros e documentos compõe a documentação pedagógica
Fonte: Modella, Shutterstock, 2019.
Diante disso, é de fundamental importância o estabelecimento de critérios rigorosos não só no registro e na
elaboração, mas também na seleção e na organização dos elementos que vão compor a documentação
pedagógica de uma instituição de educação infantil.
- -8
A mesma precaução do processo de elaboração da documentação pedagógica de uma instituição de educação
infantil deve ser dispensada no momento da seleção e da preservação. Para facilitar a pesquisa de informações
referentes a cada aluno individualmente, deve-se arquivar em sua pasta todas as informações que lhe dizem
respeito. Toda essa documentação precisa estar de fácil acesso a todos os profissionais da instituição de forma
ágil e prática.
Fechamento
Neste tópico, abordamos o significado que possui a documentação pedagógica para as instituições de ensino de
educação infantil. Por meio dela, torna-se possível conhecer as ações desenvolvidas na instituição, identificar os
avanços e dificuldades dos alunos e viabilizar os elementos necessários para que o professor tenha subsídios na
construção de um planejamento sólido, objetivo e em conformidade com necessidades coletivas e individuais.
Além disso, vimos também que a documentação pedagógica é composta por produções dos alunos, registros
avaliativos, fichas cadastrais e portfólios, e que todos esses documentos estão a serviço dos professores, alunos e
pais, uma vez que permitem visualizar toda a trajetória educacional do aluno, bem como seus avanços e o
processo de desenvolvimento.
Referências
HOUAISS, A.; VILLAR, M. de S. . Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
MARQUES, A. C. T. L.; ALMEIDA, M. I. de. A documentação pedagógica na Educação Infantil: traçando caminhos,
construindo possibilidades. , Cuiabá, v. 20, n. 44, p. 413-428, set./dez. 2011.Revista Educação Pública
Disponível em: .http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/educacaopublica/article/viewFile/315/283
Acesso em: 26 fev. 2019.
MARQUES, A. C. T. L. : estudo de caso em pré-A documentação pedagógica no cotidiano da educação infantil
escolas públicas. In: 37ª Reunião Nacional da ANPEd, Florianópolis, 2015, p. 1-18. Disponível em: http://www.
. Acesso em: 26 fev. 2019.anped.org.br/sites/default/files/trabalho-gt07-3559.pdf
FIQUE ATENTO
Além dos critérios de registro, deve haver cuidado com o arquivamento das informações. É
necessário planejar quais registros serão feitos e em que momentos serão coletados, de que
forma serão realizados, além de quais elementos e produção dos alunos entrarão no acervo.
http://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/educacaopublica/article/viewFile/315/283
http://www.anped.org.br/sites/default/files/trabalho-gt07-3559.pdf
http://www.anped.org.br/sites/default/files/trabalho-gt07-3559.pdf
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MENDONÇA, C. N. de. A documentação pedagógica como processo de investigação e reflexão na educação
. 2009. 132 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, 2009.infantil
Disponível em: . Acesso em: 15 mar. 2019.https://repositorio.unesp.br/handle/11449/102213
VILLAS BOAS, B. M. de F. Avaliação: interações com o trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 2017. Disponível
em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574870. Acesso em: 15 mar. 2019.
https://repositorio.unesp.br/handle/11449/102213
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574870
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Registros contínuos do 
professor e a elaboração de 
relatórios de aprendizagem
Debora dos Santos
Introdução
Caro aluno, vamos destacar, neste tópico, os registros e relatórios de aprendizagem realizados pelos educadores
como instrumentos a serviço da avaliação da aprendizagem e como prática pedagógica no dia a dia do trabalho
pedagógico.
Estudaremos os principais instrumentos utilizados na educação infantil e como eles contribuem para o trabalho
dos educadores, além de como esses registros podem ser realizados e quais aspectos privilegiar no que foi
observado e vivenciado durante a prática pedagógica. Veremos, também, a avaliação como instrumento de
melhoria da qualidade da educação infantil, reflexão do trabalho docente e registro da trajetória, da evolução do
desenvolvimento das crianças na educação infantil. Bons estudos!
A avaliação por meio da observação e registro
Pensar em avaliação na educação infantil pressupõe uma constante reflexão sobre as práticas pedagógicas, bem
como exige que não se percam de vista os objetivos da educação infantil. A avaliação, nessa etapa da educação
básica, deve ser processual e formativa, visando a observação e o registro de todo desenvolvimento e evolução
da criança.
Para isso, os educadores contam com alguns instrumentos para ajudar nos processos de avaliação e
acompanhamento da aprendizagem. Esses instrumentos se configuram em diferentes registros realizados pelos
educadores sobre – e com – os alunos.
https://www.youtube.com/embed/MP7LjbD8SvU
- -2
Na organização desses registros, os professores contam com portfólios, dossiês e relatórios avaliativos. Eles
permitem que, além dos próprios educadores, os pais tenham uma visão da evolução na aprendizagem das
crianças, das características marcantes e dos avanços no desenvolvimento escolar. Em outras palavras: é
possível acompanhar, por meio desses instrumentos, a história do aluno na educação infantil.
FIQUE ATENTO
A avaliação na educação infantil requer profundo alinhamento com os objetivos educacionais:
os educadores precisam de conhecimentos específicos sobre o desenvolvimento infantil. A
avaliação deve ser a balizadora da qualidade na educação infantil.
- -3
Figura 1 - Registros: parte integrante do trabalho pedagógico
Fonte: Shutterstock, 2019.
Guedes (2006) destaca a importância da investigação por parte dos educadores e afirma que, tal qual “detetives”,
eles precisam olhar, escutar e observar com atenção o que as crianças demonstram e o que lhes chama a atenção.
As anotações fornecerão elementos não só para uma melhor compreensão das particularidades de cada aluno,
mas também para o planejamento mais preciso do trabalho.
- -4
Figura 2 - Trabalho investigativo
Fonte: Rob Hyrons, Shutterstock, 2019.
O registro, aliado ao olhar atento, promove a reflexão. Registrar as vivências das crianças permite acompanhar
seus avanços, descobertas, aprendizagens e conquistas. Guedes (2006, p. 13) alerta que, na docência, não
podemos contar com a nossa memória: “Se não registramos nossas experiências corremos o risco de esquecer
detalhes preciosos do vivido!”.
Essa perspectiva de avaliação está prevista no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, que
define que a avaliação deve ser contínua e estar a serviço da reflexão e melhoria das práticas pedagógicas,
visando ainda o acompanhamento do desenvolvimento integral da criança nos aspectos físicos, psíquicos,
intelectuais e sociais (BRASIL, 1998).
FIQUE ATENTO
Os registros são parte integrante do trabalho do educador. Devem fazer parte de sua rotina
escolar porque possibilitam, além do acompanhamento do processo de aprendizagem e de
uma avaliação processual e formativa, a reflexão contínua sobre o próprio fazer pedagógico.
- -5
Como realizar os registros
Como vimos anteriormente, os educadores contam com uma série de instrumentos que permitem organizar e
sistematizar os registros. No entanto, cada educador pode ter sua própria maneirade anotar as vivências
observadas. O importante é registrar qualquer situação, fato ou peculiaridade que julgar interessante e que
represente características marcantes de determinada criança, como, por exemplo, avanços observados,
mudanças no comportamento, fatos curiosos, etc. Muitos são os motivos para abrir um bloco de anotações e
começar a tomar notas do que é observado, assim como das reflexões que, inevitavelmente, emergem dessa ação
educativa.
Figura 3 - Ação docente a partir da reflexão
Fonte: Sofi Photo, Shutterstock, 2019.
- -6
Faria e Besseler (2014, p. 162-163) destacam que os registros podem ser muito ricos com a participação
crianças:
A criança, enquanto sujeito ativo na construção de seu conhecimento, deve ser tida como parceira
em todas as situações de seu cotidiano escolar, inclusive na construção dos registros de
acompanhamento da prática pedagógica. Estes pequenos educandos avaliam suas experiências,
expressando-as por meio de múltiplas linguagens: dos gestos, da fala, do desenho, da escrita, dentre
outras. Atentos a essas linguagens, os educadores podem perceber como as crianças estão atribuindo
sentido às suas experiências dentro e fora da escola, para assim poderem ajudá-las a se conhecerem
e estabelecerem nexos entre as várias situações que vivenciam.
Um instrumento de avaliação bastante conhecido e utilizado na educação é o portfólio. O portfólio consiste em
um acervo com as produções das crianças. Geralmente organizado em pastas, pode conter fotos, objetos e
demais produções das crianças. A construção do portfólio e a definição dos itens deve ser feito em conjunto com
as crianças.
Segundo Villas Boas (2015), o portfólio é muito mais do que apenas um arquivo de atividades: a seleção dos
trabalhos precisa passar por avaliação crítica e cuidadosa, envolvendo a análise da qualidade dos materiais e das
estratégias de aprendizagem utilizadas.
Vale destacar que, no caso da educação infantil, a escolha de objetos, registros fotográficos e produções dos
alunos deve privilegiar as diferentes vivências de cada um, e o julgamento da qualidade deve ser voltado para as
experiências vivenciadas pelas crianças e os que determinado objeto, desenho ou registro provocou noinsights
educador.
EXEMPLO
Para compor o portfólio individual de uma criança com dificuldades de adaptação ao ambiente
escolar, a educadora observou atentamente em quais situações ela se mostrava mais segura,
quais objetos e brincadeiras a deixavam mais calma e concentrada e se ela preferia o ambiente
interno ou externo. Todas as observações eram anotadas. Com base nelas, a professora passou
a planejar determinadas vivências em sala de aula que favoreciam a sensação de segurança.
Todas as vivências eram registradas por meio de fotos, relatos e objetos. Essa situação é um
exemplo de boa prática de construção do portfólio. A escolha dos itens e relatos que o
comporão não pode ser aleatória. Precisam ter relevância e significado, trazendo à luz marcos
do desenvolvimento, bem como das situações e atividades que o favorecem e propulsionam.
- -7
Temos ainda, como instrumento no processo de avaliação educacional, os registros avaliativos. Esses registros
podem trazer considerações sobre uma turma ou ser individuais. Neles, o educador vai destacar, a partir de suas
observações, diferentes aspectos acerca do desenvolvimento escolar, seja individual, seja coletivo. Considerando
os objetivos da avaliação na educação infantil, ele deverá destacar as características da(s) criança(s) e como
observou o seu desenvolvimento.
Figura 4 - Observação e registro como reflexão da prática docente
Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2019.
Neste espaço, o educador pode descrever brinquedos e brincadeiras preferidas, a maneira como a criança se
socializa com as outras crianças e demais adultos, além dos vários aspectos do seu desenvolvimento psicológico,
intelectual, físico e social.
SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do livro Portfólio, avaliação e trabalho 
pedagógico, da autora Benigna Maria de Freitas Villas Boas. Editora Papirus. Ano: 2015.
Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574640.
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574640
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Vale reforçar que todas as suas observações têm o único objetivo de acompanhamento da aprendizagem. Na
educação infantil, não existe um comportamento ou resultado esperados; é preciso, porém, oferecer um
ambiente adequado e favorável ao pleno desenvolvimento da criança. Esse ambiente precisa ter um “[...]
conjunto de aspectos próprios que a qualificam como ambiente educativo” (BONDIOLI, 2004, p. 142-143). Um
desses aspectos é a avaliação, que, por meio da observação e do registro, servirá como indicador da qualidade da
aprendizagem e da prática docente.
Fechamento
Neste tópico, vimos que a avaliação na educação infantil é orientada por diferentes instrumentos que se
constituem como os registros realizados pelos educadores. Destacou-se a importância de os registros serem uma
prática contínua no trabalho pedagógico, além de sua relevância enquanto indicador de qualidade do trabalho na
educação infantil.
Por fim, foram destacados dois dos instrumentos principais: o portfólio e o registro avaliativo. Enfatizamos seus
papeis múltiplos: estão à serviço dos educadores, que podem, com eles, refletir constantemente sobre sua
pratica pedagógica; das crianças, que auxiliam na construção do portfólio e conseguem visualizar suas
conquistas; e das famílias, que ganham acesso à memória e à evolução das crianças na educação infantil.
Referências
ARAGÃO, R. O Portfólio como novo instrumento de avaliação. , Brasília, n. 41, p. 14-17, nov.Revista Criança
2006. Disponível em: . Acesso em: 18 mar.http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/revcrian_41.pdf
2019.
BARBOSA, M. C. S. O acompanhamento das aprendizagens e a avaliação. , PortoRevista Pátio Educação Infantil
Alegre, v. II, n. 4, p.16-19, abr./jun. 2004.
BARROS, A. P. de. Processos de avaliação do trabalho na educação infantil: uma experiência com o processo de
construção participativa dos indicadores de qualidade. In: ENCONTRO DE PESQUISADORES DO PROGRAMA
EDUCAÇÃO, 2011, São Paulo. Anais eletrônicos [...] São Paulo, 2011.
BONDIOLI, A. O projeto pedagógico da creche e sua avaliação: a qualidade negociada. Campinas: Autores
Associados. 2004.
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Volume 1. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível
em: . Acesso em: 15 mar. 2019.http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
BRASIL. . Brasília: MEC/SEF, 1998.Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Volume 2
Disponível em: . Acesso em: 15 mar. 2019.http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/revcrian_41.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf
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FARIA, A. P.; BESSELER, L. H. A avaliação na educação infantil: fundamentos, instrumentos e práticas 
pedagógicas. , Presidente Prudente-SP, v. 25, n. 3, p. 155-169, set./dez. 2014. Disponível em:Nuances
http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/view/3048/2711. Acesso em: 18 mar. 2019.
GUEDES. A. O. Elaboração e organização de instrumentos de acompanhamento e avaliação da aprendizagem e
desenvolvimento das crianças. , Brasília, n. 41, p. 12-13, nov. 2006. Disponível em: Revista Criança http://portal.
mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/revcrian_41.pdf. Acesso em: 18 mar. 2019.
VILLAS BOAS, B. M de F. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. Campinas: Papirus, 2015. Disponível em:
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574640. Acesso em: 18 mar. 2019.
http://revista.fct.unesp.br/index.php/Nuances/article/view/3048/2711
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/revcrian_41.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/revcrian_41.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Educinf/revcrian_41.pdfhttps://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574640
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A abordagem educacional de 
Reggio Emilia
Debora dos Santos
Introdução
Caro estudante, você conhece a experiência de Reggio Emilia na Itália? Já ouviu falar sobre suas práticas
docentes voltadas à educação infantil? Neste tópico, destacaremos os elementos que fizeram a proposta
educacional de Reggio Emilia mundialmente conhecida, exercendo, inclusive, importante influência sobre a
educação infantil no Brasil.
Vamos conhecer, no último tópico da unidade, mais sobre essa experiência educacional reconhecida pela
excelência, alta qualidade e boas práticas. Veremos também, de maneira sucinta, como ela surgiu e quais suas
características, especialmente no que se refere à documentação pedagógica. Bons estudos!
A abordagem Reggio Emilia e o que ela tem a 
nos ensinar
A abordagem educacional de Reggio Emilia tem essa nomenclatura por ter origem nas escolas de educação
infantil da cidade de mesmo nome, situada no norte da Itália. Trata-se de uma experiência mundialmente
reconhecida pelas suas características singulares e alta qualidade alcançada na educação de crianças entre 0 e 6
anos.
A proposta educacional de Reggio Emilia surge no contexto do pós-guerra, na década de 1940, do desejo de um
grupo de cidadãos que ansiavam por reconstruir o “[...] tecido social, cultural e político” (UNIVESP TV, 2011) da
comunidade, por meio da criação de uma escola para crianças pequenas. Para Sá (2010, p. 57), “[...] desde sua
origem, Reggio Emilia é uma escola diferente, enraizada na vontade das famílias de construir um mundo melhor
por meio da educação”.
Do encontro de Loris Malaguzzi, professor universitário e estudioso das teorias pedagógicas, com a comunidade
local, surge o que viria a ser mais tarde a abordagem de Reggio Emilia. A experiência passou a ser conhecida
internacionalmente a partir de década de 1990, por ter suas escolas reconhecidas entre as melhores do mundo.
Podemos dizer que a proposta pedagógica de Reggio Emilia é sustentada por pilares que permeiam o trabalho
educativo. Destacam-se quatro, fortemente presentes.
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Figura 1 - Pilares educacionais
Fonte: Elaborada pela autora, 2019.
Uma especificidade da proposta é a presença de ateliês e atelieristas nas escolas, com o objetivo de ampliar as
possibilidades de expressões e manifestações artísticas das crianças – valorizando, assim, outras formas de
linguagem, não apenas as já codificadas e reconhecidas (UNIVESP TV, 2011).
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Figura 2 - Presença de ateliê nas escolas
Fonte: YanLev, Shutterstock, 2019.
A atelierista faz parte de uma equipe multi e interdisciplinar, junto à professora da classe, à cozinheira, às
auxiliares, à pedagoga, que trabalham de maneira colaborativa, ampliando as experiências. Todo o trabalho parte
do pressuposto de que estão presentes nas crianças, de maneira intrínseca, a curiosidade e a criatividade.
EXEMPLO
Um exemplo da interdisciplinaridade é a integração da cozinheira na equipe enquanto
partícipe do processo educativo. As crianças não apenas recebem o alimento, e a cozinheira
não apenas cozinha. O ato de cozinhar nas escolas de Reggio Emilia se transforma em ato
pedagógico e em vivência para as crianças, cheio de significados e aprendizagens. Elas
aprendem, saboreando os alimentos, a conhecer texturas, cores, sabores, os utensílios
utilizados na cozinha, cooperação, cuidado, amor e zelo ao cozinhar para si e para os colegas.
- -4
Outro destaque da abordagem de Reggio Emilia é a presença de um currículo flexível, construído a partir das
ideais que emergem do cotidiano escolar e das observações das crianças. Há, ainda, a forte presença e
participação dos pais e da comunidade na escola, o que ajuda a perpetuar as suas origens como uma escola
nascida da organização de pais desejosos, no pós-2ª Guerra, de um mundo melhor para seus filhos.
As 100 linguagens da criança
Um dos pilares da educação de Reggio Emilia é a valorização das múltiplas linguagens da criança. Nesta
abordagem, a criança é estimulada a se expressar por meio de diferentes linguagens, movimentos corporais,
encenações, desenhos, construções, colagens, montagens, pinturas, esculturas, entre outras.
Figura 3 - Expressão por meio de múltiplas formas
Fonte: conrado, Shutterstock, 2019.
Loris Malaguzzi escreveu um poema que traduz bem essa visão sobre as múltiplas possibilidades da infância.
Alguns versos:
[...]
A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar,
- -5
A criança tem cem mãos, cem pensamentos, cem modos de pensar,
de jogar e de falar. [...]
A escola e a cultura separam-lhe a cabeça do corpo.
Dizem-lhe: de pensar sem as mãos, de fazer sem a cabeça, de escutar e de não falar,
De compreender sem alegrias, de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.
Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe e, de cem,
roubaram-lhe noventa e nove. [...]
Dizem-lhe: que as cem não existem. A criança diz: ao contrário,
as cem existem (MALLAGUZZI, 1999).
Assim, justifica-se a presença do ateliê, do atelierista, da criança na cozinha da escola, dos espaços
minuciosamente planejados para que a criança expresse toda a sua multiplicidade. Ao educador, cabe o papel de
provocar, estimular, encorajar, observar e auxiliar os pequenos alunos a construírem suas representações e
compreensões do mundo ao redor.
A documentação pedagógica
Observar, registrar e documentar é uma prática especialmente presente na educação infantil, com forte
influência da experiência de Reggio Emilia. Segundo Marques e Almeida (2011), a prática pedagógica foi adotada
no Brasil pelo reconhecimento internacional de qualidade e pela difusão dos textos, cursos e palestras sobre a
abordagem italiana.
Observar as crianças registrando seus movimentos, falas e interações ajuda o educador a reconstruir o próprio
pensamento e a compreender mais a fundo a lógica da criança. Ela é singular e, segundo Marques e Almeida
(2011, p. 110), “[...] a documentação mostra a especificidade do pensamento infantil [...]”.
Além disso, é possível construir a memória do trabalho desenvolvido com e pelo grupo. Por meio da seleção de
registros significativos, a documentação consolida e informa aos pais e à comunidade o trabalho realizado. De
acordo com Sá (2010), a documentação – dos trabalhos e produções das crianças, por exemplo – ficam expostas
por toda a escola pelo tempo que for necessário.
FIQUE ATENTO
Tornar visível a didática utilizada e evidenciar percursos e conceitos trabalhados com as
crianças são parte dos objetivos da documentação pedagógica.
- -6
O registro das produções, fotos, fragmentos de discussões e produções artísticas representa o trabalho
desenvolvido pelo grupo, sem dar ênfase a produções individuais. A escolha dos materiais, que pode estar
organizada em pastas, cartazes e exposições, é feita de maneira colaborativa. Os pais também podem ser
convidados a participar do processo.
Fonte: s_oleg, Shutterstock, 2009.
Todo o material exposto exemplifica o trabalho realizado com e pelo grupo e “[...] diz respeito ao processo
educativo vivenciado por todos e que o exposto é um exemplo apenas dessa vivência” (SÁ, 2010, p. 67).
FIQUE ATENTO
A documentação pedagógica não evidencia o trabalho individual. A seleção dos elementos que
servirão como exemplos para ilustrar o trabalho desenvolvido e o processo de
desenvolvimento do grupo privilegia o significado que cada registro representa e como ele se
comunica com o que foi realizado. Ou seja, nem todos os trabalhos estarão presentes,
necessariamente, nos registros. Mas os processos educacionais vivenciados pelos alunos terão
que estar representados.
- -7
Como não há documentação individual, o acesso à documentação é para todos, indistintamente, abrangendo toda
a comunidade. A documentação pode ser levada para a casa por quem desejar, por período pré-determinado,
independentemente de quem a produziu. A regra vale para toda a comunidade, com ou sem filhos matriculados
na escola.
Fechamento
Neste tópico, conhecemos a abordagemde Reggio Emilia, originada a partir dos anseios de uma comunidade
italiana que desejava reconstruir sua história, no contexto do pós-guerra da década de 1940, através da
educação das crianças pequenas. Referência mundial na educação infantil, contou com a importante contribuição
de Loris Malaguzzi. Vimos ainda que essa experiência educacional de sucesso se caracteriza pelo trabalho
colaborativo, pela valorização das múltiplas linguagens da criança e sua autonomia, pela participação ativa dos
pais e da comunidade e pela construção de um ambiente educativo.
Referências
CONHECENDO Reggio Emilia. Univesp TV, 2011. 1 vídeo (21m20s). Disponível em: https://www.youtube.com
. Acesso em: 11 mar. 2019./watch?v=vEnTD8wOZz4
MALAGUZZI, L. Histórias, ideias e filosofia básica. In: EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem linguagens
: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Artmed, 1999, p. 59-da criança
114.
MARQUES, A. C. T. L.; ALMEIDA, M. I. de. A documentação pedagógica na abordagem de Reggio Emilia.
, Santos, v. 3, n. 5, p. 102-128, jan./jun. 2011. Disponível em: Pesquiseduca http://periodicos.unisantos.br/index.
. Acesso em: 18 mar. 2019.php/pesquiseduca/article/view/155/pdf_1
OSTETTO, L. E. (Org.). Registros na educação infantil: pesquisa e prática pedagógica. Campinas: Papirus, 2017.
Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574872. Acesso em: 18 mar.
2019.
SAIBA MAIS
Para se aprofundar sobre o tema, indicamos a leitura do capítulo 1 do livro Registros na 
educação infantil: pesquisa e prática pedagógica, organizado pela autora Luciana Esmeralda
Ostetto. Editora Papirus. Ano: 2017. Disponível em: https://biblioteca.sophia.com.br/9198/
index.asp?codigo_sophia=574872162896.
https://www.youtube.com/watch?v=vEnTD8wOZz4
https://www.youtube.com/watch?v=vEnTD8wOZz4
http://periodicos.unisantos.br/index.php/pesquiseduca/article/view/155/pdf_1
http://periodicos.unisantos.br/index.php/pesquiseduca/article/view/155/pdf_1
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574872
https://biblioteca.sophia.com.br/9198/index.asp?codigo_sophia=574872
- -8
SÁ, A. L. de. Um olhar sobre a abordagem educacional de Reggio Emilia. , Belo Horizonte, ano 7, n. 8, p. 55-Paidéia
80, jan./jun. 2010, p. 55-80. Disponível em: .http://www.fumec.br/revistas/paideia/article/view/1281/862
Acesso em: 18 mar. 2018.
http://www.fumec.br/revistas/paideia/article/view/1281/862
	Apresentação da unidade 3 - Avaliação na Educação Infantil
	
	Topico 1 - As especificidades da avaliação na Educação Infantil
	Introdução
	Os fundamentos e objetivos da avaliação na educação infantil
	Desenvolvimento infantil como critério para avaliação
	Compreender os ritmos individuais
	Objetivos da avaliação na educação infantil
	Avaliação a serviço da aprendizagem
	Observação atenta e sensível
	Fechamento
	Referências
	Topico 2 - LDB e a não reprovação na Educação Infantil
	Introdução
	Fundamentos teórico-metodológicos da não reprovação na educação infantil
	Aprendizagem e desenvolvimento gradativo e cumulativo
	Choro: manifestação das necessidades básicas
	Avaliação com foco nas conquistas individuais
	Fundamentos legais da não reprovação na educação infantil
	Aprendizagem processual e interativa
	Fechamento
	Referências
	Topico 3 - Indicadores de qualidade na Educação Infantil
	Introdução
	Conceituando qualidade na educação infantil
	Educação infantil: 1ª etapa da educação básica
	Desenvolvimento pleno
	Os indicadores de qualidade na Educação Infantil
	Os indicadores como subsídio para aferir a qualidade
	Reunião de avaliação coletiva, participativa e propositiva
	Fechamento
	Referências
	Topico 4 - A documentação pedagógica na Educação Infantil
	Introdução
	Documentação pedagógica na Educação Infantil: história, conceito e objetivo
	Documentação pedagógica
	Visibilidade das ações desenvolvidas
	Elementos constitutivos da documentação pedagógica
	Registro para (e com) a criança
	Registros e documentos compõe a documentação pedagógica
	Fechamento
	Referências
	Topico 5 - Registros contínuos do professor e a elaboração de relatórios de aprendizagem
	Introdução
	A avaliação por meio da observação e registro
	Registros: parte integrante do trabalho pedagógico
	Trabalho investigativo
	Como realizar os registros
	Ação docente a partir da reflexão
	Observação e registro como reflexão da prática docente
	Fechamento
	Referências
	Topico 6 - A abordagem educacional de Reggio Emilia
	Introdução
	A abordagem Reggio Emilia e o que ela tem a nos ensinar
	Pilares educacionais
	Presença de ateliê nas escolas
	As 100 linguagens da criança
	Expressão por meio de múltiplas formas
	A documentação pedagógica
	
	Fechamento
	Referências

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