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Formação do Direito do Trabalho e da Legislação Social Vander Costa Mestre em Políticas Sociais , Trabalho e Cidadania. Esp. Direito do Trabalho. Esp. Direito do Estado. Advogado Trabalhista. 1. CONCEITO DE TRABALHO. • Dispêndio de energia humana com objetivo de transformar a natureza a fim de prover o seu sustento e/ou produzir riquezas. • Prof. Luciano Martinez (2022) cita a Bíblia para demonstrar como o trabalho é intrínseco à existência humana. 2. ETIMOLOGIA DA PALAVRA TRABALHO. • Deriva do vocábulo latino trepalium ou tripalium, instrumento romano de tortura. 3. TEORIA DO VALOR. • A teoria do valor trabalho, aperfeiçoada por Marx (2014), assevera que o valor de troca de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho aplicado em sua produção. Em síntese, o trabalho humano é a força que gera valor. 4. HISTÓRICO. ❖ ESCRAVIDÃO: TRABALHO FORÇADO. O Brasil foi o último país da América a abolir o trabalho escravo, formalmente (1888). ❖ IDADE MÉDIA. a)Feudalismo - servidão. b)Corporações de ofício. ❖ TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O CAPITALISMO. Marx (2014) trata da expropriação dos camponeses feudais como técnica para formar uma massa de assalariados, despossuídos dos meios de produção. “Tais métodos conquistaram o campo para a agricultura capitalista, incorporaram o solo ao capital, e criaram para a indústria urbana a oferta necessária de um proletariado inteiramente livre” (Marx, 2014, p. 804). ❖ REVOLUÇÃO FRANCESA: 1789. • Liberalismo, Estado burguês absenteísta, não interventor, igualdade formal. • Apenas com o trabalho livre é possível conceber o Direito do Trabalho. ❖ REVOLUÇÃO INDUSTRIAL (1760 – 1840). • O surgimento da máquina a vapor, bem como das indústrias têxteis, fez nascer o trabalho assalariado. • A exploração do trabalho, amplas jornadas, baixos salários e as péssimas condições laborais formou entre os trabalhadores “A conscientização coletiva, despertada pelo instinto de autoproteção” (Martinez, 2020). ❖ MANIFESTO DO PARTIDO COMUNISTA ALEMÃO (1848). • Prega a união do proletariado, a revolução e a tomada dos meios de produção. ❖ ENCÍCLICA RERUM NOVARUM (1891). • Tratou das condições de trabalho do proletariado, estimulando a regulamentação e intervenção do Estado, com base no argumento de que a Igreja Católica desejava a solução do conflito entre capital e trabalho, segundo as exigências da verdade e da justiça. ❖ REVOLUÇÃO NA RÚSSIA (1917). • Liderada pela classe trabalhadora, estabeleceu o comunismo criando a União Soviética. ❖ CONSTITUCIONALISMO SOCIAL. • Do México de 1917. • Alemã da República de Weimar DE 1919. ❖ TRATADO DE VERSALHES. • Criação da OIT Em 1919. ❖ SÍNTESE MARTINEZ (2021). 1º FORMAÇÃO: do início do século XIX, com a publicação das primeiras normas trabalhistas, em 1802, até o instante de efervescência, coincidente com a publicação do Manifesto Comunista, em 1848. 2º EFERVESCÊNCIA: estende-se da publicação do Manifesto Comunista, em 1848, até a edição da Encíclica Rerum Novarum, em 1891. 3º CONSOLIDAÇÃO: estende-se da edição da Encíclica Rerum Novarum, em 1891, até a celebração do tratado de Versalhes, em 1919. 4º APERFEIÇOAMENTO: teve início com a celebração do tratado de Versalhes e chegou ao máximo com o boom do constitucionalismo social. 5. PRINCIPAIS NORMAS TRABALHISTAS NO MUNDO. • Lei Moral and Health Act, Inglaterra (1802); França (1814) ; Alemanha (1833) e Itália (1886), limitação do trabalho do menor da mulher e limitação da jornada. • Constituição do México, 1917. • Constituição Alemã, de Weimar, 1919. • Tratado de Versalhes (após primeira guerra mundial): Criação da Organização Internacional do Trabalho, 1919. • Carta Del Lavoro, de 1927, da Itália – Cooperativismo – Fascismo. • Criação da Organização das Nações Unidas (1939-1945) após a Segunda Guerra Mundial. • 1944, OIT aprovou da Declaração da Filadélfia, ampliando os princípios do Tratado de Versalhes, estabelecendo a cooperação mundial para a justiça social. • 1946, vinculação da OIT a ONU. • 1948, Declaração Universal dos Direitos Humanos, prevendo direitos trabalhistas. 6. DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL. • Constituição de 1824, aboliu as corporações de ofício – influência liberal. • Lei Áurea, 1888 aboliu a escravidão. • Constituição de 1891, liberdade de associação genérica. • Lei Eloy Chaves, (Decreto 4.682/1923): caixa de pensão e estabilidade decenal para os ferroviários. • 1930, leis espaças disciplinando CTPS, jornada, trabalho do menor e da mulher. • Constituição de 1934, salário mínimo, jornada de 8h, repouso semanal, pluralidade sindical, indenização despedida imotivada e criação da Justiça do Trabalho (Órgão do Executivo). • Constituição de 1937 (golpe de Getúlio Vargas): Intervenção do Estado, sindicato único, sistema corporativista, criminalização da greve. • Consolidação das Leis do Trabalho 1943. • Constituição de 1946: direito de greve, Justiça do Trabalho (Judiciário), PLR, repouso semanal remunerado, feriados, estabilidade decenal. • Constituição de 1967: Manteve os direitos anteriores, acrescentou o FGTS. 6.1 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Art. 170 - A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: Art. 7º - Previsão dos direitos trabalhistas mínimos. Art. 8º - Regulamentação do sindicato. Art. 9º - Previsão de greve. Art. 10º - Participação em órgãos públicos (conselhos FGTS, INSS). Art. 11º - Representação dos empregados nas empresas (comissão de fábrica). 6.2. O CONSENSO DE WASHINGTON E OS ANOS 90. • Neoliberalismo avanço do neoliberalismo mundo década de 70. • Anos 80 endividamento dos países em desenvolvimento. • BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento • Fundo Monetário Internacional. • Política de austeridade social e fiscal. • Flexibilização das Leis Trabalhista. • Privatizações. 6.3 NEODESENVOLVIMENTISMO (LULISMO). • Aliança capital trabalho. • Estado como financiador de grandes obras e empresas privadas. • Altos preços das commodities. • Oferta de crédito. • Estimulo ao consumo. • Politicas de transferência de renda. • Aumento real do salário mínimo. • Formalização no mercado de trabalho. • Precarização moderada. 6.4. O CONTEXTO DA REFORMA TRABALHISTA DE 2017. • o aprofundamento da crise do capitalismo global com a desaceleração da China, acompanhada pela desaceleração da economia alemã. • Redução do peço internacional das commodities. • Esgotamento do neodesenvolvimentismo. • Pressões inflacionárias no Brasil e aumento dos juros. • Baixo crescimento econômico. • Investimento público com programas sociais, incomodando os setores da ortodoxia neoliberal. • A dificuldade de fechar as contas do governo em 2014. • Ruptura da conciliação de classes. • Pressão da mídia hegemônica. • Abalo orquestrado à moral dos movimentos sociais e da representação dos trabalhadores. • Golpe de 2016. • Intensificação da fórmula neoliberal: ajuste fiscal, supressão de direitos sociais e trabalhistas. • 101 Propostas para Modernização Trabalhista. 6.5. PILARES DA REFORMA TRABALHISTA. • Impedir e/ou dificultar o acesso à Justiça do Trabalho. • Desmobilizar a organização sindical dos trabalhadores. • Prevalência do negociado sobre o legislado. • Ampliar a possibilidade de acordos individuais. • Autorizar a terceirização irrestrita. • Desregulamentar as relações de trabalho. 6.6. INFORMALIDADE E A “UBERIZAÇÃO” DAS RELAÇÕES DE TRABALHO. • Gig economy. • Trabalho intermediado por plataformas. • Trabalho na economia do “bico’. • Discurso do empreendedorismoe a lógica da miséria. • Exploração sem limites da força de trabalho. 7. A METAMORFOSE DO CAPITAL E O DIREITO DO TRABALHO. ❖ A CRISE COMO FENÔMENO. “Os capitalistas estão sempre produzindo excedentes na forma de lucro. Eles são forçados pela concorrência a recapitalizar e investir uma parte desse excedente em expansão. Isso exige que novas saídas lucrativas sejam encontradas” (HARVEY, 2011, p. 29). “A história do capitalismo pode ser dividida em períodos, pedaços de tempo marcados por certa coerência entre as suas variáveis significativas, que evoluem diferentemente, mas dentro de um sistema. Um período sucede a outro, mas não podemos esquecer que os períodos são, também, antecedidos e sucedidos por crises (SANTOS, 2001, p.33). ❖ METAMORFOSES DO CAPITALISMO. o capitalismo para se manter necessita de modificações com o escopo de contornar a desestrutura genética, chamado por Furtado (2003) de metamorfoses do capitalismo. “Como a burguesia supera as crises? De uma parte pelo aniquilamento forçado de um enorme contingente de força produtiva; de outro pela conquista de novos mercados e pela exploração mais acirrada dos antigos”. (ENGEL e MARX, 2001, p.33). 8. AS SETE ESFERAS DE HARVEY. • Tecnologias e formas de organização; • Relações sociais; • Arranjos institucionais e administrativos; • Processos de produção e de trabalho; • Relações com a natureza; • Reprodução da vida cotidiana e da espécie; • Concepções mentais do mundo. REFERÊNCIAS DELGADO, M, G. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTR, 2021. FURTADO C, Metamorfose do Capitalismo, 2002. Disponível em <http://www.redcelsofurtado.edu.mx/archivosPDF/furtado1.pdf>. Acesso em 16 de Jan. 2021. ALVES, G. O mal-estar do neodesenvolvimentismo, 2014. Disponível em <https://blogdaboitempo.com.br/2014/11/27/o-mal-estar-do-neodesenvolvimentismo/>. Acesso em 10 de Jan. 2022. HARVEY, D. O enigma do capital e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011 MARTINEZ, L. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2021. MARX, K. O Capital. São Paulo: Boitempo, 2014. OLIVEIRA, M. C. S; ASSIS, A. K. B de; O direito do trabalho (des)conectado das plataformas digitais, 2019. Disponível em <https://revistas.ufrj.br/index.php/rjur/article/view/24367/17785>. Acesso em 05 de Mar. 2022. SANTOS, Milton. Por uma Outra Globalização. Rio de Janeiro: Editora Record, 2001.