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Nome: 
Matrícula: 
Período/Semestre: 4º Semestre 
Componente: Integração Ensino-Serviço-Comunidade 4 
Sexualidade e diversidade 
Escreva um resumo de uma lauda contemplando a abordagem da sexualidade e de grupos 
vulneráveis, violência e sexualidade na APS. 
Em primeira análise, vale ressaltar que há pouco material disponível acerca da abordagem da 
condição de saúde, fatores de risco e sexualidade em algumas minorias sociais específicas, a 
exemplo da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexuais (LGBTI+).1 
Além de haver pouco material disponível, aqueles que são publicados na comunidade científica 
apresentam baixo nível de evidência, de acordo com o sistema GRADE ou Agency for Healthcare 
Research and Quality (AHRQ).2 Vale ressaltar, no entanto, que a sexualidade é uma parte 
importante na vida de todo e qualquer indivíduo e passa a ser um determinante de saúde na 
população LGBTI+. Diante disso, torna-se evidente a invisibilização que essa população sofre em 
relação ao Sistema Único de Saúde (SUS), contrariando seu princípio de universalidade. 
A atenção primária à saúde (APS) é tida como a porta de entrada do SUS, tendo como atributos 
essenciais a facilidade e atenção ao primeiro contato e a longitudinalidade, isso é, cuidar da saúde 
daquele indivíduo ao longo da vida dele. Ao analisarmos o contexto brasileiro, notamos que grande 
parte da atenção primária à saúde ainda está focada nos centros hospitalares. Outrossim, os 
ambulatórios hospitalares ainda são sozinhos responsáveis por cerca de 30% da APS3 e devido à 
rotina e padrão de procedimentos, muitas vezes os profissionais não realizam uma primeira 
consulta de maneira adequada. Além disso, também há grande presença de ambulatórios do setor 
privado, que muitas vezes não está alinhado com os princípios e diretrizes da Atenção Primária à 
Saúde, Estratégia de Saúde da Família, ou até mesmo do Sistema Único de Saúde.3 Diante disso, 
faz-se urgente a necessidade de tornar a saúde mais acessível para a população LGBTI+, uma vez 
que são uma minoria social exposta a diversos fatores de risco para o adoecimento físico e mental.4 
Diante disso, algumas mudanças na Estratégia de Saúde da Família (ESF) muito utilizada na APS são 
urgentes a fim de promover a equidade de tratamento aos indivíduos em situação de 
vulnerabilidade. A priori, é preciso rever o conceito de família, que vêm sofrendo mudanças com as 
novas formas de relacionamento, conjugabilidade e parentalidade da população LGBTI+. Muitas 
vezes a abordagem da estratégia familiar precisa ser cuidadosa para não gerar nenhum 
constrangimento, uma vez que, além de a familiar não se encaixar nos padrões mais comuns, 
muitas vezes ela é a fonte de agressão e de adoecimento físico e/ou mental. Portanto, cabe ao 
médico questionar a respeito dessa relação com perguntas como: ‘‘O que é família para você e para 
que ela serve?’’. 
Uma outra abordagem de promoção à saúde desses indivíduos é através da educação em saúde. 
Infelizmente, no Brasil ainda há alguma resistência a respeito do ensino da sexualidade nas escolas, 
entretanto alguns professores e alunos têm tomado iniciativa para realização de seminários, 
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palestra ou inserção de disciplinas optativas voltadas a esse tema. Os profissionais da saúde e 
estudantes de Medicina também podem realizar Educação em Saúde (ES) durante os atendimentos, 
ao escrever e publicar artigos científicos ou por meio das salas de espera, tidas como um território 
propício para ES. 
Como já foi dito, a população LGBTI+ tem dificuldade de acesso aos serviços de saúde e nas vezes 
em que recebe atendimento médico, se deparam com um serviço não inclusivo e que não está 
preparado para atender às demandas específicas como: prescrição e utilização de hormônios, 
implante, manutenção e complicações do uso de silicones, violência sexual, ISTs entre outros. Dessa 
forma, tendo em vista que não existem políticas públicas voltadas especificamente para essa 
população em situação de vulnerabilidade, cabe aos profissionais de saúde: médicos, enfermeiros, 
técnicos etc. estarem capacitados para atenderem as demandas e enxergarem as particularidades 
desses indivíduos. 
1 - VIEIRA, R. C. et al. Atenção Primária à Saúde quebrando tabus: Memorial do I Seminário de 
Sexualidade e Diversidade da SBMFC. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Rio 
de Janeiro, v. 14, n. 41, p. 1821, 2019. 
2 - GALVÃO, C. M.. Níveis de evidência. Acta Paulista de Enfermagem, v. 19, n. 2, p. 5–5, abr. 2006. 
3 - PORTELA, G. Z.. Atenção Primária à Saúde: um ensaio sobre conceitos aplicados aos estudos 
nacionais. Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 27, n. 2, p. 255–276, abr. 2017. 
4 - PAVELTCHUK, Fernanda de Oliveira; BORSA, Juliane Callegaro. A teoria do estresse de minoria 
em lésbicas, gays e bissexuais. Rev. SPAGESP, Ribeirão Preto , v. 21, n. 2, p. 41-54, dez. 2020.

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