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Habeas Corpus no Direito Penal

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Prévia do material em texto

3
DIREITO PROCESSUAL PENAL
HABEAS CORPUS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO	4
1.1 CONCEITO	4
1.2 ORIGEM	4
1.3 O HABEAS CORPUS NO BRASIL	4
2. NATUREZA JURÍDICA	5
3. SUJEITOS	6
3.1. PACIENTE	6
3.2. AUTORIDADE COATORA	6
3.3. IMPETRANTE	6
4. MODALIDADES	10
4.1 HABEAS CORPUS PREVENTIVO	10
4.2 HABEAS CORPUS REPRESSIVO	10
4.3 HABEAS CORPUS SUSPENSIVO	10
4.4 HABEAS CORPUS PROFILÁTICO	11
4.5 HABEAS CORPUS TRANCATIVO	11
5. COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO	11
5.1 REGRAS	11
5.2 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR	14
5.3 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO	16
6. HIPÓTESES DE CABIMENTO	17
6.1 POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA	17
6.2 QUANDO O AGENTE ESTÁ PRESO POR MAIS TEMPO QUE A LEI DETERMINA	18
6.3 POR INCOMPETÊNCIA DA AUTORIDADE COATORA	19
6.4 QUANDO HOUVER CESSADO O MOTIVO DA COAÇÃO	19
6.5 QUANDO O AGENTE NÃO É ADMITIDO A PRESTAR FIANÇA	19
6.6 QUANDO O PROCESSO É MANIFESTAMENTE NULO	20
6.7 PARA QUE SEJA DECLARADA A EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE	20
7. INTERESSE DE AGIR NO HABEAS CORPUS	21
7.1 NECESSIDADE DA TUTELA: VIOLÊNCIA OU COAÇÃO DECORRENTE DE ILEGALIDADE OU ABUSO DE PODER	21
7.2 ADEQUAÇÃO	21
7.3 HIPÓTESES EM QUE NÃO SE AUTORIZA O CONHECIMENTO DO HABEAS CORPUS POR FALTA DE ADEQUAÇÃO	22
8. POSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO	24
8.1 O HABEAS CORPUS EM RELAÇÃO A PUNIÇÕES DISCIPLINARES MILITARES	24
8.2 ESTADO DE SÍTIO	24
9. SISTEMA RECURSAL DO HABEAS CORPUS	24
10. SÚMULAS CORRELATAS	26
11. JURISPRUDÊNCIA EM TESE	27
12. JULGADOS CORRELATOS	29
13. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	38
14. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	38
ATUALIZADO EM 11/12/2022[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
HABEAS CORPUS[footnoteRef:2] [2: Tássia N. Neumann Hammes.] 
1. Introdução
1.1 Conceito
O habeas corpus é o remédio adequado àquele que sofre ou está ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
1.2 Origem
Os doutrinadores não são unânimes quanto à origem do habeas corpus. Afirmam alguns que este tem suas bases no Direito Romano, pelo qual todo cidadão podia postular, exigir a exibição do homem livre que havia sido detido ilegalmente. Entretanto, parece-nos que a origem mais provável do habeas corpus tenha sido de fato na Inglaterra, mais especificamente no ano de 1215, com a Magna Charta Libertatum.
Em 1679, no reinado de Carlos II, surge o Habeas Corpus Act, consagrando-se o writ of habeas corpus, como remédio eficaz para a soltura de pessoa ilegalmente presa ou detida.
As leis inglesas, desde a Magna Carta até o Habeas Corpus Act, serviram de base à Constituição dos Estados Unidos da América, em 1778, que no seu artigo I, seção 9, referiu-se ao habeas corpus.
Em 1789, foi incluído na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Atualmente, o instituto está difundido em quase todas as legislações do mundo.
1.3 O habeas corpus no Brasil
Segundo Aury Lopes Júnior, o habeas corpus foi introduzido no sistema jurídico brasileiro a partir do modelo inglês, em 1832, no “Código de Processo Criminal”.
Na Constituição de 1891, o mencionado remédio constitucional foi consagrado como um instrumento processual de fundamental importância para a proteção da liberdade de locomoção. A partir de então, vem sendo mantido em todas as Constituições.
Inicialmente, existia apenas o habeas corpus “liberatório” para proteger a liberdade de locomoção. Em 1871 (Lei n. 2.033/1871), foi alterada a Lei Processual de 1832 e introduzido o habeas corpus preventivo para os casos em que o cidadão estivesse ameaçado (na iminência) de sofrer uma restrição ilegal em sua liberdade. 
Atualmente, o habeas corpus está previsto no art. 5º, LXVIII, da CF e no Código de Processo Penal, arts. 647 e seguintes.
Art. 647.  Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar.
2. Natureza jurídica 
Apesar de previsto pelo Código de Processo Penal no Título que trata dos recursos em geral, o habeas corpus não possui natureza recursal, o que se evidencia pelo fato, inclusive, de que pode ser impetrado a qualquer tempo (não estando sujeito a prazos).
Assim, o habeas corpus traduz-se em uma ação autônoma de impugnação, de natureza mandamental e com status constitucional.
#SELIGA: Impossibilidade de dilação probatória.
Os tribunais costumam não conhecer do writ que exija ampla discussão probatória. Esse argumento tem sido distorcido de modo a ser um dos principais filtros obstaculizadores do conhecimento do HC nos tribunais brasileiros. Segundo Aury Lopes Júnior, até certo ponto, o argumento está correto, pois se trata de uma ação de cognição sumária, que não permite dilação ou ampla discussão probatória.
#NÃOCONFUNDA dilação probatória com análise da prova (pré-constituída). 
A sumarização da cognição impede que se pretenda produzir prova em sede de habeas corpus ou mesmo obter uma decisão que exija a mesma profundidade da cognição do processo de conhecimento (ou seja, aquela necessária para se alcançar a sentença de mérito). O que não se pode é pretender o exaurimento da análise probatória nos estritos limites do HC.
Noutra dimensão, é perfeitamente possível a análise da prova pré-constituída, independente da complexidade da questão. O fato de ser o processo complexo, constituído por vários volumes e milhares de páginas, não é obstáculo ao conhecimento do HC. Se para se demonstrar a ilegalidade de uma interceptação telefônica, por exemplo, e por conseguinte a nulidade da prova for necessário analisar e valorar centenas de conversas, milhares de páginas, deve o HC ser conhecido e provido (ou desprovido) conforme o caso. A complexidade das teses jurídicas discutidas e a consequente análise de documentos ou provas já constituídas não são obstáculos para o HC.
Da mesma forma, quando se pretende o trancamento do processo por falta de justa causa (ou outra condição da ação), está permitida a ampla análise e valoração da prova já constituída nos autos. O HC não permite que se produza prova ou se faça uma cognição plenária, exauriente, com juízo de fundo, da questão. Mas, de modo algum, significa que somente questões epidérmicas ou de superficialidade formal possam ser objeto do writ.
3. Sujeitos
3.1. Paciente
Paciente é quem sofre ou está ameaçado de sofrer o constrangimento à sua liberdade de locomoção. Apenas pessoas físicas podem ser pacientes no habeas corpus, não sendo admitida a impetração do writ em favor de pessoas jurídicas. 
3.2. Autoridade coatora
A autoridade coatora é quem exerce ou determina o constrangimento ilegal. O coator pode ser tanto uma autoridade quanto o particular, pois a Constituição Federal, ao tratar do habeas corpus, dispõe sobre a possibilidade de seu cabimento “sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder”.
3.3. Impetrante
Trata-se da pessoa que impetra o habeas corpus, podendo ser qualquer pessoa do povo em favor de terceiro e, inclusive, o próprio paciente em seu favor, não sendo necessário que seja um advogado.
Não se exige também capacidade civil, podendo, em tese, a petição ser subscrita por deficiente mental e até por indivíduo menor, ainda que não assistidos, sempre atendido, claro, o princípio da razoabilidade.
O Ministério Público também pode impetrar habeas corpus, pois, segundo o entendimento dos Tribunais Superiores, “o Ministério Público detémlegitimidade para impetrar habeas corpus em benefício de réu, porque, nesse remédio constitucional, há uma espécie de mandato universal” (STJ,HC 103.335/RJ, DJ 03.08.2009).
Art. 654.  O habeas corpus poderá ser impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou de outrem, bem como pelo Ministério Público.
§ 1o A petição de habeas corpus conterá:
a) o nome da pessoa que sofre ou está ameaçada de sofrer violência ou coação e o de quem exercer a violência, coação ou ameaça;
b) a declaração da espécie de constrangimento ou, em caso de simples ameaça de coação, as razões em que funda o seu temor;
c) a assinatura do impetrante, ou de alguém a seu rogo, quando não souber ou não puder escrever, e a designação das respectivas residências.
§ 2o Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus, quando no curso de processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer coação ilegal.
#SELIGA: A pessoa, sem ter capacidade postulatória, impetra um HC e este é negado. Essa mesma pessoa poderá ingressar com recurso contra decisão? Para se interpor o recurso contra decisão denegatória de HC, a capacidade postulatória também é dispensada?
. 1ª turma do STF: SIM;
. 2ª turma do STF e STJ: NÃO.
STF. 1ª Turma. HC 102836 AgR, Relator p/ Acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em 08/11/2011.
STF. 2ª Turma. RHC 121722/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/05/2014.
STJ. 5ª Turma. AgRg no Ag 1431146/RO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 21/11/2013.
STJ. 6ª Turma. RHC 42.925/ES, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/05/2014.
#OUSESABER #DEOLHONAQUESTÃO #PERGUNTACOMCARADEPROVA
ADMITE-SE HC APÓCRIFO? 
Não há qualquer previsão constitucional e/ou legal quanto à legitimidade ativa para impetração de tal remédio constitucional.
Dessa forma, qualquer pessoa pode impetrar o mesmo - seja ela nacional ou estrangeira, com residência ou em trânsito no país, independentemente de sua capacidade civil ou mental, em benefício próprio ou de terceiro. Inclusive, o próprio MP pode adentrar com tal instrumento.
ATENÇÃO: No entanto, não se admite o HC apócrifo, sem assinatura - Nesse sentido, jurisprudência do STJ:
HABEAS CORPUS PREVENTIVO. PROGRESSÃO DE REGIME DEFERIDA. PRETENSÃO DE OBSTAR A INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO EM EXECUÇÃO PELO MPF. PETIÇÃO SEM ASSINATURA. WRIT NÃO CONHECIDO.
1. A exordial do mandamus não atende aos requisitos do art. 654, § 1º, alínea "c" do Código de Processo Penal, uma vez que não foi devidamente assinada pelo impetrante.
2. Nos termos da orientação jurisprudencial desta Corte, embora o Habeas Corpus possa ser impetrado por qualquer pessoa, independentemente da assistência de Advogado, a ausência da assinatura na petição inicial, por si só, inviabiliza o conhecimento da impetração. Precedentes.
3. Parecer ministerial pelo não conhecimento da ordem.
4. Writ não conhecido.
(STJ – HC 85565 / SP – Relator(a) Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO – T5 – DJ 03/12/2007 p. 346).
#OUSESABER: #FALAPROFESSOR: O HC pode ser impetrado por pessoa jurídica. É chamada de habeas corpus a medida que visa proteger o direito do ser humano de ir e vir ou ainda que é capaz de cessar a violência e coação que indivíduos possam estar sofrendo. Tecnicamente, entende-se que este instituto é uma ação constitucional de caráter penal e de procedimento especial, isenta de custas. Não se trata de um recurso, apesar de se encontrar no mesmo capítulo destes no Código de Processo Penal. No processo de habeas corpus identificamos os seguintes sujeitos: i) Impetrante – aquele que requer ou impetra a ordem de habeas corpus a favor do paciente; ii) Paciente – indivíduo que sofre a coação, a ameaça, ou a violência consumada; iii) Coator – quem pratica ou ordena a prática do ato coativo ou da violência. O habeas corpus é destinado aos atos administrativos praticados por quaisquer agentes, independentes se são autoridades ou não, atos judiciários, e atos praticados por cidadãos. É um direito básico previsto na constituição brasileira. 
O impetrante pode ser qualquer pessoa natural ou até mesmo uma pessoa jurídica. Contudo, o paciente somente poderá ser uma pessoa física, pois somente ela poderá sofrer restrição ou ameaça ao direito de ir e vir (liberdade de locomoção), não tendo a pessoa jurídica a mesma prerrogativa por questões lógicas.
#DEOLHONAJURIS:
I - A reclamação ao STF somente é cabível se houver necessidade de preservação da competência da Corteou para garantia da autoridade de suas decisões (art. 102, I, “l”, da CF/88). A reclamação não se destina a funcionar como sucedâneo recursal ("substituto de recurso") nem se presta a atuar como atalho processual destinado a submeter o processo ao STF “per saltum”, ou seja, pulando-se todas as instâncias anteriores. As competências originárias do STF se submetem ao regime de direito estrito, não admitindo interpretação extensiva. Em outras palavras, o rol de competências originárias do STF não pode ser alargado por meio de interpretação.
II – A regra prevista no art. 654, § 2º, do CPP não dispensa a observância do quadro de distribuição constitucional das competências para conhecer do “habeas corpus”. Assim, somente o órgão jurisdicional competente para a concessão da ordem a pedido pode concedero “writ” de ofício.Em outras palavras, o Tribunal pode conceder habeas corpus de ofício, mas para isso acontecer é necessário que ele seja o Tribunal competente para apreciar eventual pedido de habeas corpus relacionado com este caso. STF. Plenário. Rcl25509 AgR/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/2/2017(Info 854).
#DEOLHONAJURIS: Deve ser aplicado o art. 798 do CPP (contagem dos prazos de forma contínua) em caso de recurso contra decisão que julgou reclamação em matéria penal. A contagem de prazos no contexto de reclamações cujo ato impugnado tiver sido produzido em processo ou procedimento de natureza Penal submete-se ao art. 798 do CPP, ou seja, os prazos são contados de forma contínua (e não em dias úteis). STF. Plenário. Rcl 23045 ED-AgR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 9/5/2019 (Info 939).
#SELIGA: Admite-se a intervenção de terceiros no processo de habeas corpus?
• Regra: NÃO. 
• Exceção: em habeas corpus oriundo de ação penal privada, admite-se a intervenção do querelante no julgamento do HC, uma vez que ele tem interesse jurídico na decisão. STJ. 5ª Turma. RHC 41.527-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 3/3/2015 (Info 557).
#OUSESABER: STF conhece HC COLETIVO.
Em julgamento histórico, nesta terça-feira (20.02.2018), o STF admitiu tese sustentada pela DPU no sentido de permitir a utilização de HC coletivo para discutir a situação carcerária de mulheres gestantes ou com filhos até 12 anos ou com filho com deficiência. No mérito, restou consignado que a prisão domiciliar se trata de direito subjetivo dessas mulheres. No entanto, algumas condições foram criadas, quais sejam: 1) Crime com violência ou grave ameaça, em regra, não será cabível; 2) Em caso de reincidência, deve ser analisado o caso concreto; 3) Crimes com violência em face dos descendentes.
#IMPORTANTE: O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. O habeas corpus se presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou coletivo. A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). Apesar de não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais que, indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580, ambos do CPP. O art. 654, § 2º estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de ofício. O art. 580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja estendida para todos que se encontramna mesma situação. Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se encontrem na mesma situação a ordem de habeas corpus concedida individualmente em favor de uma pessoa. Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil juízes, exigindo do STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o objetivo de emprestar a máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao princípio universal da efetividade da prestação jurisdicional. Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art. 12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo. Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 1) o Ministério Público; 2) o partido político com representação no Congresso Nacional; 3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano; 4) a Defensoria Pública. STF. 2ª Turma. HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891)
4. Modalidades
4.1 Habeas corpus preventivo
Existe o risco iminente à liberdade de locomoção, de forma que a procedência da ordem importa na expedição de salvo conduto. Existe, portanto, interesse juridicamente tutelável antes da lesão ao direito, pelo simples fato de que a lesão seja previsível, próxima e provável.
#ATENÇÃO: O habeas corpus é o remédio adequado porque se pretende a tutela de direito fundamental do réu, cuja violação conduzirá à restrição ilegal de sua liberdade. Caso a pretensão seja apenas de fazer valer alguma prerrogativa funcional do advogado (ex: ter acesso aos autos) assegurada na Lei n. 8.906, deve-se impetrar Mandado de Segurança.
4.2 Habeas Corpus repressivo
Nesse caso, a liberdade de locomoção já foi cerceada e o provimento da ação importa a expedição de alvará de soltura. 
*(Atualizado em 14/09/2020) #DEOLHONAJURIS: O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da prisão. Isso porque, se descumprida a “medida alternativa”, é possível o estabelecimento da custódia, alcançando-se o direito de ir e vir. STF. 1ª Turma. HC 170735/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 30/6/2020 (Info 984).
4.3 Habeas corpus suspensivo
Para Luiz Flávio Gomes, ele tem cabimento quando o mandado prisional já foi expedido, mas ainda não foi cumprido. Neste caso, a procedência do HC importa na expedição de uma contraordem ou de um contramandado de prisão.
4.4 Habeas corpus profilático
Aqui, o risco à liberdade de locomoção existe, mas é remoto ou periférico. Destina-se a suspender atos processuais ou impugnar medidas que possam importar em prisão futura com aparência de legalidade, porém intrinsecamente contaminada por ilegalidade anterior. Ex: denegação de acesso aos autos da investigação. A liberdade do cliente pode ser violada futuramente.
4.5 Habeas Corpus trancativo
É aquele impetrado para ao trancamento de inquérito policial ou de processo penal.
#SELIGA: Habeas Corpus como Instrumento de Collateral Attack.
Segundo Aury Lopes Júnior, o alcance do writ não só se limita aos casos de prisão, pois também pode ser utilizado como instrumento para o collateral attack, possibilitando que seja uma via alternativa de ataque aos atos judiciais, e inclusive contra a sentença transitada em julgado. Ex: trancamento da ação em virtude da ausência das condições desta.
Ainda, o habeas corpus pode ser utilizado, inclusive, para realizar o controle difuso da constitucionalidade de uma norma. Isso porque através dele pode ser exercido o controle indireto, ou seja, arguir e obter a declaração de inconstitucionalidade de uma norma, ante qualquer juiz. Os juízes de primeiro grau podem conhecer da alegação de inconstitucionalidade pela via de exceção, através de uma alegação da defesa (lembre-se que para os tribunais deve ser observada a reserva de plenário, prevista no art. 97 da CF/88, segundo o qual “somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público”).
Em sentido contrário:
*(Atualizado em 11/12/2022) #DEOLHONAJURIS - Não é compatível com a via do habeas corpus a pretensão de declaração de inconstitucionalidade do art. 28-A do Código de Processo Penal. Inicialmente cumpre salientar que, a confissão, formal e circunstanciada, do fato criminoso é um dos requisitos exigidos pelo art. 28-A do Código de Processo Penal para a celebração do acordo de não persecução penal (ANPP). Essa exigência legal não implica violação do direito à não autoincriminação. A admissão da imputação deve ser voluntária, espontânea, livre de qualquer coação. Afinal, o réu é livre para analisar a conveniência de confessar, assim como ocorre com a própria atenuante prevista no art. 65, inciso III, alínea d, do Código Penal, na medida em que, se de um lado, a confissão pode robustecer a tese acusatória (ônus), também pode franquear a diminuição da reprimenda (bônus). Para se afastar o requisito legal da confissão da imputação, como etapa necessária da celebração do acordo de não persecução penal, seria imprescindível a afetação da matéria à Corte Especial para a declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 28-A do Código de Processo Penal, sob pena de violação da Súmula Vinculante n. 10 do Supremo Tribunal Federal, procedimento incompatível com a célere via de habeas corpus, cujo rito não admite a suspensão do feito e afetação da matéria à Corte Especial para o exame da matéria prejudicial relativa à constitucionalidade do dispositivo impugnado. STJ, Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 04/10/2022, DJe 10/10/2022 (Info. 758). 
5. Competência para julgamento 
5.1 Regras
A estruturação da competência para julgamento do HC vai seguir quatro regras importantes:
a) As figuras do paciente e da autoridade coatora: por exemplo, caso a autoridade coatora seja um Juiz Federal, a competência recai sobre o respectivo Tribunal Regional Federal;
b) Em regra, em se tratando de autoridade coatora dotada de foro por prerrogativa de função, a competência para o processo e julgamento do habeas corpus recai, originariamente, sobre o Tribunal a que compete julgar os crimes por ela perpetrados;
c) A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição (CPP, art. 650, § 1º);
d) Supressão de instância: para que o writ possa ser conhecido por uma instância superior, é necessária a provocação dos juízes inferiores acerca da matéria que se pretende impugnar, sob pena de indevida supressão de instância, salvo em situações teratológicas ou de manifesta ilegalidade.
#DEOLHONATABELA:
	COMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO
	PACIENTE/COATOR
	PREVISÃO CONSTITUCIONAL
	
STF
	Quando forem pacientes:
- Presidente da República;
- Vice-Presidente da República;
- Membros do Congresso Nacional;
- Ministros dos Tribunais Superiores;
- Procurador-Geral da República;
- Ministros de Estado;
- Comandantes das Forças Armadas;
- Ministros do TCU;
- Chefes de missão diplomática em caráter permanente.
	
Art. 102, I, d
	STF
	Quando forem coatores Tribunais Superiores
	Art. 102, I, i
	
STF
	Quando forem coatores ou pacientes autoridades ou funcionários cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal.
	
Art. 102, I, i
	
STF
	Quando se tratar de crime sujeito à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, em uma única instância.
	
Art. 102, I, i
	
STJ
	Quando forem coatores ou pacientes:
- Governadores dos Estados e do Distrito Federal;
- Desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal;
- Membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal;
- Desembargadores ou Juízes dos Tribunais Regionais Federais,dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho;
- Membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios;
- Membros do Ministério Público da União que oficiarem perante Tribunais.
- Quando for coator tribunal sujeito à jurisdição do Superior Tribunal de Justiça, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da
Justiça Eleitoral.
	
Art. 105, I, c
	TRF’S
	Quando for coator Juiz Federal.
	Art. 108, I, d
	
JUÍZES FEDERAIS
	Compete-lhes julgar o habeas corpus em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra
jurisdição.
	
Art. 109, VII
	
TRIBUNAIS DE JUSTIÇA E TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS
	Além da competência ordinária para o julgamento do habeas corpus (contra ato de Juízes, Promotores etc.), incumbe-lhes também o julgamento do writ impetrado contra ato de Turma Recursal dos Juizados Especiais
Criminais.
	É posição consolidada no STF que compete ao Tribunal de Justiça do Estado e aos TRFs processar e julgar habeas corpus emanado das Turmas Recursais do JEC. Superada, assim, a Súmula 690 do STF.
#DEOLHONAJURIS: A competência para julgar determinados habeas corpus é de uma das duas Turmas do STF (e não do Plenário). Ex.: HC contra decisão do STJ, em regra, é de competência de uma das Turmas do STF. 
O Ministro Relator do HC no STF, em vez de submetê-lo à Turma, pode levá-lo para ser julgado pelo Plenário? SIM. 
Essa possibilidade encontra-se prevista no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. Para fazer isso, o Relator precisa fundamentar essa remessa? É necessário que o Relator apresente uma justificativa para que o caso seja levado ao Plenário? NÃO. É possível a remessa de habeas corpus ao Plenário do STF, pelo relator, de forma discricionária, com fundamento no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897).
Art. 650.  Competirá conhecer, originariamente, do pedido de habeas corpus:
I - ao Supremo Tribunal Federal, nos casos previstos no Art. 101, I, g, da Constituição;
II - aos Tribunais de Apelação, sempre que os atos de violência ou coação forem atribuídos aos governadores ou interventores dos Estados ou Territórios e ao prefeito do Distrito Federal, ou a seus secretários, ou aos chefes de Polícia.
§ 1o A competência do juiz cessará sempre que a violência ou coação provier de autoridade judiciária de igual ou superior jurisdição.
§ 2o Não cabe o habeas corpus contra a prisão administrativa, atual ou iminente, dos responsáveis por dinheiro ou valor pertencente à Fazenda Pública, alcançados ou omissos em fazer o seu recolhimento nos prazos legais, salvo se o pedido for acompanhado de prova de quitação ou de depósito do alcance verificado, ou se a prisão exceder o prazo legal.
*(Atualizado em 07/11/2020) #STJ #DEOLHONAJURIS Em regra, compete à Justiça Estadual julgar habeas corpus preventivo destinado a permitir o cultivo e o porte de maconha para fins medicinais. Compete à Justiça Estadual o pedido de habeas corpus preventivo para viabilizar, para fins medicinais, o cultivo, uso, porte e produção artesanal da Cannabis (maconha), bem como porte em outra unidade da federação, quando não demonstrada a internacionalidade da conduta. STJ. 3ª Seção. CC 171.206-SP, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 10/06/2020 (Info 673).
5.2 Competência da Justiça Militar
CPPM, Art. 466. Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
#DEOLHONATABELA:
	JUSTIÇA MILITAR DA UNIÃO
	JUSTIÇA MILITAR ESTADUAL
	Quanto ao julgamento de habeas corpus referente a punições disciplinares militares (que somente é possível quando o constrangimento ilegal guardar relação com a legalidade da medida, e não com seu mérito), a Justiça Militar da União só tem competência para o processo e julgamento dos crimes militares definidos em lei (CF, art. 124, caput).
	
Compete à Justiça Militar Estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, atribuição esta da competência singular do juiz de direito do juízo militar (CF, art. 125, § 5º).
	AUTORIDADE MILITAR ATUANDO NA FUNÇÃO ADMINISTRATIVA DE PUNIÇÃO DISCIPLINAR
	AUTORIDADE MILITAR ATUANDO NO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE POLÍCIA JUDICIÁRIA MILITAR
	
A competência para o processo e julgamento do habeas corpus será da Justiça Federal, em se tratando de militar federal, ou da Justiça Militar Estadual, na hipótese de militar dos Estados (CF, art. 125, § 4º).
	
Se envolver a prática de suposto crime militar, a competência será sempre da Justiça Militar (da União ou dos Estados).
Assim, como a Justiça Militar da União não tem competência para o julgamento de ações judiciais contra atos disciplinares militares, caso o writ concernente à punição disciplinar for impetrado por militar das Forças Armadas, a competência será da Justiça Federal. Noutro giro, se o habeas corpus for impetrado por militar das Polícias Militares ou dos Corpos de Bombeiros Militares, a competência será da Justiça Militar Estadual, específica e singularmente do juiz de direito do juízo militar.
	JUIZ FEDERAL DA JUSTIÇA MILITAR
	SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR
	A este compete julgar, monocraticamente, os habeas corpus, habeas data e mandados de segurança contra ato de autoridade militar praticado em razão da ocorrência de crime militar; exceto o praticado por oficial-general.
	processar e julgar originariamente os pedidos de habeas corpus e habeas data contra ato de juiz federal da Justiça Militar, de Juiz Federal substituto da Justiça Militar, do Conselho de Justiça e de Oficial-General.
	
COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR
	a) Agentes ou pacientes submetidos a sua competência originária: como exemplo, os Oficiais-Generais das Forças Armadas, nos crimes militares definidos em lei (Lei n° 8.457/92, art. 6o, I, “a”). Assim, figurando um Oficial-General como autoridade coatora ou como paciente em habeas corpus referente a crime militar de competência da Justiça Militar da União, caberá ao STM o julgamento do writ. No entanto, convém ressaltar que, em se tratando de habeas corpus cuja autoridade coatora seja o Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, a competência será do STJ, ex vi do art. 105, I, “c”, da Constituição Federal;
	b) Quando o constrangimento ilegal à liberdade de locomoção fosse perpetrado pelo então denominado Juiz-Auditor da Justiça Militar da União ou por Conselho de Justiça (Permanente ou Especial); ou
	c) Em grau de recurso. Fora dessas hipóteses, eventual constrangimento ilegal à liberdade de locomoção deveria ser apreciado pelo então denominado Juiz-Auditor da Justiça Militar da União (antes do início do processo) ou pelos Conselhos de Justiça - Permanente e Especial se a coação fosse perpetrada durante o curso do processo. Noutro giro, caso o constrangimento ou coação ilegal à liberdade de locomoção decorresse de decisão proferida pelo Superior Tribunal Militar, a competência para processar e julgar eventual habeas corpus será do STF, nos termos do art. 102,1, “i”, da Constituição Federal, sem prejuízo da interposição de recurso ordinário, também de competência do Supremo, se denegatória a decisão (CF, art. 102, II, “a).
5.3 Competência da Justiça do Trabalho
Com a entrada em vigor da EC n° 45/2004, se o ato questionado envolver matéria sujeita à jurisdição trabalhista, figurando o juiz do trabalho como autoridade coatora, à própria Justiça do Trabalho caberá o julgamento do habeas corpus.
Frise-se que um juiz de direito também pode exercer competência trabalhista, ex vi do art. 112 da Constituição Federal. Assim, da mesma forma que o habeas corpus contra juiz do trabalho está afeto ao respectivo Tribunal Regional do Trabalho, a este Tribunal também caberá o julgamento do writ, se, e somentese, o ato questionado do juiz de direito estiver relacionado ao exercício de competência da Justiça do Trabalho.
6. Hipóteses de cabimento
6.1 Por ausência de justa causa
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I – quando não houver justa causa;
Nessa hipótese, a expressão justa causa é utilizada em sentido amplo, abrangendo a falta de suporte fático e de direito para a prisão ou para a deflagração de persecução penal contra alguém. Ex: inexistência de lastro probatório mínimo (justa causa formal); pela patente ilegalidade da persecução penal (justa causa material), autorizando o trancamento do procedimento investigatório ou do próprio processo penal; relaxamento da prisão.
Frise-se que que o writ é uma ação que constitui um processo de cognição sumária, limitada, em que não se permite uma ampla e plena discussão sobre a ilegalidade, devendo ela ser evidente, comprovada por prova pré-constituída.
a) Falta de justa causa para a prisão: Quanto à prisão, sabe-se que ninguém poderá ser preso, a não ser em flagrante delito ou mediante ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar. Assim, a princípio, se não há situação de flagrância, não há justa causa para a prisão. A Constituição Federal também prevê o direito de não ser recolhido à prisão nos casos em que se permite liberdade provisória com ou sem fiança.
b) Falta de justa causa e trancamento de investigações preliminares: Inevitavelmente, a instauração de um inquérito policial causa constrangimento à pessoa. Contudo, caso se verifique que a instauração é manifestamente abusiva, o constrangimento causado pelas investigações deve ser tido como ilegal, autorizando o trancamento do inquérito. Trata-se de medida de natureza excepcional, que só é possível quando evidente o constrangimento ilegal sofrido pelo investigado nas seguintes hipóteses:
(i) Manifesta atipicidade formal ou material da conduta delituosa: ex: instauração de inquérito policial para apurar a subtração de uma lata de leite em pó, avaliada em R$ 2,00 (dois reais).
(ii) Presença de causa extintiva da punibilidade;
(iii) Instauração de inquérito policial em crime de ação penal de iniciativa privada ou de ação penal pública condicionada à representação, sem prévio requerimento do ofendido ou de seu representante legal: nessas espécies de ação penal, o requerimento do ofendido é condição sine qua non para a instauração das investigações policiais.
*(Atualizado em 25/09/2022) É cabível a concessão de salvo-conduto para o plantio e o transporte de Cannabis Sativa para fins exclusivamente terapêuticos, com base em receituário e laudo subscrito por profissional médico especializado, e chancelado pela Anvisa. STJ, Processo sob segredo judicial, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 14/06/2022.
c) Falta de justa causa e trancamento do processo penal: Não há, em regra, previsão legal de recurso contra a decisão de recebimento da peça acusatória. O trancamento do processo penal é uma medida de natureza excepcional e só pode ser admitido quando evidente o constrangimento ilegal sofrido pelo investigado, nas seguintes hipóteses:
(i) Manifesta atipicidade formal ou material da conduta delituosa: em um caso concreto referente a furto de coisa descartada avaliada em menos de R$ 20,00 (vinte reais), a ordem de habeas corpus foi concedida pelo Supremo para fins de se determinar o trancamento do processo penal;
(ii) Presença de causa extintiva da punibilidade;
(iii) Ausência de pressupostos processuais ou de condições da ação penal: como exemplo, o juiz não pode dar início ao processo sem o oferecimento da representação pelo ofendido ou por seu representante legal.
(iv) Ausência de justa causa para o exercício da ação penal: para o recebimento de uma peça acusatória, e consequente instauração de um processo penal contra alguém, é necessário que a imputação esteja minimamente embasada em um lastro probatório. Caso isso não ocorra, a via do habeas corpus pode ser utilizada para trancar o processo. 
6.2 Quando o agente está preso por mais tempo que a lei determina
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
a) Excesso de prazo da prisão penal: A prisão penal é aquela resultante de sentença condenatória transitada em julgado que impôs o cumprimento de pena privativa de liberdade. Nesse caso, o constrangimento ilegal estará caracterizado caso alguém permaneça preso além do prazo fixado na sentença ou quando lhe for negada, indevidamente, a concessão de algum benefício prisional. Ex: progressão de regime.
b) Excesso de prazo da prisão temporária: O prazo de duração da prisão temporária é de, no máximo, 5 dias, prorrogável uma única vez por igual período, em caso de extrema e comprovada necessidade. 
Já nos termos do art. 2º, § 4º, da Lei n° 8.072/90, esse prazo é de, no máximo, 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade, no caso de crimes hediondos, tortura, tráfico de drogas e terrorismo. 
Decorrido o prazo da prisão temporária, o preso deverá ser colocado imediatamente em liberdade, sem necessidade de expedição de alvará de soltura, salvo se houver prorrogação da temporária ou se tiver sido decretada sua prisão preventiva.
c) Excesso de prazo da prisão preventiva: como se trata de assunto extenso, para estudar o assunto vá para a FUC de Prisões.
*(Atualizado em 10/08/2020) #DEOLHONAJURIS O habeas corpus, quando impetrado de forma concomitante com o recurso cabível contra o ato impugnado, será admissível apenas se: a) for destinado à tutela direta da liberdade de locomoção ou b) se traduzir pedido diverso do objeto do recurso próprio e que reflita mediatamente na liberdade do paciente. Nas demais hipóteses, o habeas corpus não deve ser admitido e o exame das questões idênticas deve ser reservado ao recurso previsto para a hipótese, ainda que a matéria discutida resvale, por via transversa, na liberdade individual. STJ. 3ª Seção. HC 482.549-SP, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 11/03/2020 (Info 669). 
6.3 Por incompetência da autoridade coatora
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
A prisão cautelar deve ser decretada por ordem judicial emanada de um juiz natural e competente, sob pena de ser considerada manifestamente ilegal, autorizando-se a impetração do habeas corpus. 
Importante mencionar que a competência aqui se emprega no sentido estrito, apenas com relação à autoridade judiciária, e não policial ou administrativa, que não possuem “competência”, mas atribuições. Assim, não há ilegalidade, por exemplo, na prisão em flagrante realizada pela Polícia Federal em um crime de competência da justiça estadual e vice-versa.
6.4 Quando houver cessado o motivo da coação
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
Nesse caso a coação era válida, mas em razão da mudança do suporte fático e jurídico que deu ensejo à decretação daquela medida, a qual passou a ser desnecessária, a prisão tornou-se ilegal.
Nesse sentido, quando o periculum libertatis enfraquece, é perfeitamente possível a substituição da prisão preventiva, ultima ratio, por uma medida cautelar diversa (art. 319, CPP), pois houve uma alteração do suporte fático.
6.5 Quando o agente não é admitido a prestar fiança
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
Essa hipótese cuida da prisão por crime afiançável, não sendo, porém, arbitrada fiança em favor do paciente. Nesse caso, a impetração do habeas corpus não visa à sua liberação, mas sim o arbitramento da fiança.
Finalmente, importa destacar que uma fiança de valor desproporcional, impossível de ser cumprida pelo imputado, equipara-se a uma recusa injustificada em concedê-la.
6.6 Quando o processo é manifestamentenulo
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
VI – quando o processo for manifestamente nulo;
A prática de atos processuais defeituosos afasta a legitimidade do exercício do poder estatal, pois forma é garantia e requisito de legalidade da coação.
Nesse sentido, a nulidade processual pode surgir no curso do processo e ser imediatamente impugnada por habeas corpus, ou mesmo após o trânsito em julgado, na medida em que sendo o defeito insanável (nulidade absoluta) não há que se falar em preclusão ou convalidação, podendo ser interposto o HC a qualquer tempo.
#SELIGA: Há tempos atrás, apesar da existência da revisão criminal como meio hábil à desconstituição da sentença condenatória, aceitava-se também o uso do habeas corpus com a pretensão de invalidar o processo em virtude de nulidade absoluta constatada apenas após o trânsito em julgado daquela decisão. Contudo, esse entendimento não persiste na atualidade, compreendendo os Tribunais Superiores que a impetração do habeas corpus no lugar da revisão criminal apenas é viável em circunstâncias excepcionais, onde contatada, de plano, a ilegalidade do constrangimento.
6.7 Para que seja declarada a extinção da punibilidade
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
VII – quando extinta a punibilidade.
Neste caso, o habeas corpus objetiva apenas o reconhecimento de que a punibilidade está extinta com o consequente arquivamento do inquérito policial ou processo.
#ATENÇÃO: Nos termos da Súmula 695 do STF, não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. Ocorre que, declarada a extinção da punibilidade pelo cumprimento integral da pena, não mais persiste a restrição ou ameaça à liberdade de locomoção.
*(Atualizado em 05/10/2020) Cabimento de habeas corpus para tratar de questões processuais quando a liberdade do paciente estiver ameaçada, ainda que indiretamente Quando a liberdade de alguém estiver direta ou indiretamente ameaçada, cabe habeas corpus ainda que para solucionar questões de natureza processual. STF. 2ª Turma. HC 163943 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 4/8/2020 (Info 985).
Não cabe pedido de habeas corpus originário para o Tribunal Pleno contra ato de Ministro ou outro órgão fracionário da Corte. Ex: não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva de investigado ou réu. Aplica-se, aqui, por analogia, o entendimento exposto no enunciado 606 da Súmula do STF. Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. STF. Plenário. HC 162285 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 (Info 964) STF. Plenário. HC 170263, Rel. Edson Fachin, julgado em 22/06/2020 (Info 985 – clipping)
7. Interesse de agir no habeas corpus
7.1 Necessidade da tutela: violência ou coação decorrente de ilegalidade ou abuso de poder
Para que o habeas corpus possa ser impetrado, o texto constitucional exige que alguém sofra ou se ache ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção em virtude de constrangimento ilegal. Ex: alguém que foi preso em flagrante sem que estivesse em situação de flagrância no momento de sua captura.
Ademais, tal ameaça de constrangimento à liberdade do indivíduo deve constituir-se objetivamente, de forma iminente e plausível, não se admitindo ameaça hipotética.
Prosseguindo, além da comprovação de que alguém sofre ou se acha ameaçado de sofrer violência ou coação em seu direito de ir, vir e ficar, a utilização do writ também pressupõe a existência de ilegalidade ou abuso de poder.
A ilegalidade mencionada pela Constituição Federal (art. 5º, LXVIII) consiste na falta de observância dos preceitos legais exigidos para a validade do ato ou de alguns deles exigidos como necessários.
Já o abuso de poder é o exercício irregular do poder, podendo restar caracterizado na hipótese de incompetência do agente para a prática do ato, ou mesmo quando este, em nome da lei, mas por ela não autorizado, extrapola seus limites.
7.2 Adequação
O art. 5º, LXVIII, da CF, prevê que o habeas corpus só pode ser utilizado quando alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Contudo, a jurisprudência dos Tribunais Superiores tem mitigado o campo de abrangência do habeas corpus, como no caso de impetrações contra instauração de inquérito criminal para tomada de depoimento, indiciamento de determinada pessoa, recebimento de denúncia, sentença de pronúncia no âmbito do processo do Júri e decisão condenatória, etc.
Nesse sentido, são exemplos de admissão do writ que não envolvam diretamente as hipóteses expressamente previstas:
a) Anterior aceitação da proposta de suspensão condicional do processo e sujeição ao período de prova não implica renúncia ao interesse de agir para impetração de habeas corpus com o fim de questionar a justa causa do processo. Isso porque, com a aceitação da proposta, o processo ficará suspenso por um período de prova que pode variar de 2 (dois) a 4 (quatro) anos (Lei n° 9.099/95). Porém, como a Lei dos Juizados prevê várias causas de revogação do benefício, é evidente que subsiste risco à liberdade de locomoção, o que autoriza a impetração do remédio heroico, caso à infração penal seja cominada pena privativa de liberdade;
b) Autorização judicial de quebra de sigilos, se destinada a fazer prova em procedimento penal: na visão do STF, se se trata de processo penal ou mesmo de inquérito policial referente à infração penal à qual seja não seja cominada exclusivamente pena de multa, admite-se a utilização do habeas corpus, dado que, de um ou do outro, pode advir condenação a pena privativa de liberdade, ainda que não iminente, cuja aplicação poderia vir a ser viciada pela ilegalidade contra a qual se volta a impetração da ordem. Por isso, o habeas corpus tem sido considerado idôneo para impugnar o indeferimento de prova de interesse do investigado ou acusado, o deferimento de prova ilícita ou o deferimento inválido de prova lícita.
7.3 Hipóteses em que não se autoriza o conhecimento do habeas corpus por falta de adequação
a) persecução penal referente à infração penal à qual seja cominada tão somente a pena de multa;
b) quando já tiver havido o cumprimento da pena privativa de liberdade;
c) exclusão de militar, perda de patente ou de função pública;
d) perda do cargo como efeito extrapenal específico de sentença condenatória transitada em julgado;
e) apreensão de veículos;
f) pedido de reabilitação;
g) preservação da relação de confidencialidade que deve existir entre advogado e cliente;
h) extração gratuita de cópias de processo criminal;
i) requerimento de aditamento da denúncia para fins de inclusão de outro acusado;
j) visita a detento;
k) anulação de processo criminal em face de nulidade absoluta que, beneficiando a defesa, resultou em absolvição do acusado;
l) perda de direitos políticos;
m) impeachment;
n) custas processuais;
o) omissão de relator de extradição;
p) reparação civil fixada na sentença condenatória (CPP, art. 387, IV);
q) Suspensão do direito de dirigir veículo automotor;
r) perda superveniente do interesse de agir em face da cessação do constrangimento ilegal à liberdade de locomoção.
*(Atualizado em 03/05/2022) Não cabe habeas corpus para questionar passaporte vacinal/sanitário 
O Habeas corpus não constitui via própria para impugnar Decreto de governador de Estado sobre adoção de medidas acerca da apresentação do comprovante de vacinação contra a COVID-19 para que as pessoas possam circular e permanecer em locais públicos e privados. STJ. 2ª Turma. RDC no HC 700.487-RS, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 22/02/2022 (Info 726).
#DEOLHONAJURIS: A superveniência de sentença condenatória que mantém a prisão preventiva prejudica a análise do habeas corpus que havia sido impetrado contra o título originário da custódia. Se, após o habeas corpus serimpetrado contra a prisão preventiva, o juiz ou Tribunal prolata sentença/acórdão condenatório e mantém a prisão anteriormente decretada, haverá uma alteração do título prisional e, portanto, o habeas corpus impetrado contra prisão antes do julgamento não deverá ser conhecido. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897)
#CASCADEBANANA: O tema acima tem importância teórica, mas pouca relevância prática. Isso porque o fato de o Tribunal reconhecer que o habeas corpus não deve ser conhecido, não impede que seja concedida a ordem de ofício. Em outras palavras, o Tribunal reconhece que o writ impetrado está prejudicado (não deve ser conhecido) e, apesar disso, pode determinar, de ofício, a liberdade do paciente se verificar que existe ilegalidade flagrante ou teratologia. 
#FIQUEDEOLHO: Vale ressaltar que ficaram vencidos os ministros Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello, que entendiam que o habeas corpus deve ser conhecido em tais casos. Assim, a decisão acima foi alcançada por apertada maioria. Diante disso, não é possível afirmar, com certeza, que a 2ª Turma irá obedecer este entendimento em casos futuros.
8. Possibilidade jurídica do pedido
A possibilidade jurídica do pedido refere-se ao fato de que o pedido formulado pela parte deve referir-se a uma providência admitida pelo ordenamento jurídico.
8.1 O habeas corpus em relação a punições disciplinares militares
Quanto às punições disciplinares militares no âmbito das Forças Armadas, das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros, das quais resulte privação da liberdade de locomoção, não se admite a utilização do habeas corpus (CF, art. 142, § 2º; art. 42, § 1º), em razão dos princípios de hierarquia e disciplina, não podendo o Judiciário analisar o mérito de ato administrativo.
Assim, se a punição disciplinar militar atendeu aos pressupostos de legalidade, quais sejam a hierarquia, o poder disciplinar, o ato ligado à função e a pena suscetível de ser aplicada disciplinarmente, toma-se incabível a apreciação de habeas corpus.
8.2 Estado de Sítio
Nos termos do art. 139 da CF, na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, da CF, poderão ser tomadas contra as pessoas as seguintes medidas, entre outras: 
a) obrigação de permanência em localidade determinada; 
b) detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; 
c) busca e apreensão em domicílio.
Nesse caso, a vedação ao writ restringe-se à impugnação do mérito, sendo cabível sua impetração quando, por vício de incompetência ou outros de natureza formal, mostrar-se flagrantemente ilegal a restrição à liberdade de locomoção.
9. Sistema recursal do habeas corpus
A impugnação cabível em relação às decisões concessivas ou denegatórias de habeas corpus varia conforme a condição do julgador (juiz ou tribunal).
	Decisão proferida em HC impetrado em 1ª instância
	Prazo do recurso
	Quem julga o recurso?
	· Decisão que concede ou nega HC: cabe RESE.
Ex: HC contra ato do Delegado de Polícia
Obs.: da sentença que conceder HC, caberá reexame necessário. Assim, ainda que não haja recurso, o juiz deverá submeter, de ofício, sua sentença à apreciação do Tribunal.
	5 dias
	TJ ou TRF
	Decisão proferida em HC impetrado no TJ ou TRF
	Prazo do recurso
	Prazo do recurso
	· Decisão que concede o HC: em regra, cabe RESP e/ou RE.
	15 dias
	STJ ou STF
	· Decisão que nega o HC: cabe recurso ordinário (art. 105, II, “a”, CF/88).
	5 dias
	STJ
	Decisão proferida em HC impetrado no STJ, TSE, TST ou STM
	Prazo do recurso
	Prazo do recurso
	· Decisão que concede o HC: em regra, cabe RE.
	15 dias
	STF
	· Decisão que nega o HC: cabe recurso ordinário (art. 102, II, “a”, CF/88)
	5 dias
	STF
#SELIGA: É admissível a interposição de recurso ordinário para impugnar acórdão de Tribunal de Segundo Grau concessivo de ordem de habeas corpus na hipótese em que se pretenda questionar eventual excesso de medidas cautelares fixadas por ocasião de deferimento de liberdade provisória. A CF/88 não prevê o cabimento de recurso ordinário contra a decisão concessiva de HC. No entanto, ainda que a liberdade provisória tenha sido concedida, se as medidas cautelares impostas ao réu se mostram excessivas, ele terá interesse em interpor recurso ordinário, sendo este o instrumento adequado para impugnar a decisão. STJ. 5ª Turma. RHC 65.974-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579).
#ATENÇÃO: CABE HABEAS CORPUS DE DECISÃO MONOCRÁTICA?
1º ENTENDIMENTO (SUPERADO): É cabível habeas corpus em face de decisão monocrática proferida por Ministro do STF. STF. Plenário. HC 127483/PR, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 26 e 27/8/2015 (Info 796).
2º ENTENDIMENTO: NÃO é cabível habeas corpus em face de decisão monocrática proferida por Ministro do STF. STF. Plenário. HC 105959/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 17/2/2016 (Info 814). Caso a parte deseje impugnar decisão monocrática proferida por Ministro do STF, o instrumento processual cabível é o agravo regimental, no prazo de 5 dias, nos termos do art. 39 da Lei nº 8.038/90 e art. 317 do Regimento Interno do STF.#MUDANÇADEENTENDIMENTO #CONSOLIDAÇÃODEENTENDIMENTO
3º ENTENDIMENTO (MAJORITÁRIO): Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ que não conhece ou denega habeas corpus que havia sido interposto naquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetrante exaure (esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental). Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão atacada se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia conceder de ofício o habeas corpus. STF. 1ª Turma. HC 139612/MG, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 25/4/2017 (Info 862) #SELIGANAEXCEÇÃO
#CONFIRMAÇÃODOENTENDIMENTO: Não cabe habeas corpus se a impetração for ajuizada em face de decisões monocráticas proferidas por Ministro do Supremo Tribunal Federal. STF. Plenário. HC 115787/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/5/2017 (Info 865)
Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ que não conhece ou denega habeas corpus que havia sido interposto naquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetrante exaure (esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental). Exceção: essa regra pode ser afastada em casos excepcionais, quando a decisão atacada se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia conceder de ofício o habeas corpus. STF. 2ª Turma. HC 143476/RJ, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/6/2017 (Info 868).
10. Súmulas correlatas
Súmula 208, STF: O assistente do Ministério Público não pode recorrer, extraordinariamente, de decisão concessiva de habeas corpus.
Súmula 299, STF: O recurso ordinário e o extraordinário interpostos no mesmo processo de mandado de segurança, ou de habeas corpus, serão julgados conjuntamente pelo Tribunal Pleno.
Súmula 319, STF: O prazo do recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, em habeas corpus ou mandado de segurança, é de cinco dias.
Súmula 395, STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.
Súmula 431, STF: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.
Súmula 606, STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de Turma, ou do Plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.
*(Atualizado em 17/03/2021) Súmula 690, STF:Compete originariamente ao Supremo Tribunal Federal o julgamento de "habeas corpus" contra decisão de Turma Recursal de Juizados Especiais Criminais. Superada.
Súmula 691, STF: Não compete ao Supremo Tribunal Federal conhecer de habeas corpus impetrado contra decisão do relator que, em habeas corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar.
Súmula 692, STF: Não se conhece de habeas corpus contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito.
Súmula 693, STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada. 
Súmula 694, STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública.
Súmula 695, STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.
11. Jurisprudência em tese
O STJ não admite que o remédio constitucional seja utilizado em substituição ao recurso próprio (apelação, agravo em execução, recurso especial), tampouco à revisão criminal, ressalvadas as situações em que, à vista da flagrante ilegalidade do ato apontado como coator, em prejuízo da liberdade da paciente, seja cogente a concessão, de ofício, da ordem de habeas corpus.
O conhecimento do habeas corpus pressupõe prova pré-constituída do direito alegado, devendo a parte demonstrar de maneira inequívoca a pretensão deduzida e a existência do evidente constrangimento ilegal.
O trancamento da ação penal pela via do habeas corpus é medida excepcional, admissível apenas quando demonstrada a falta de justa causa (materialidade do crime e indícios de autoria), a atipicidade da conduta ou a extinção da punibilidade.
O reexame da dosimetria da pena em sede de habeas corpus somente é possível quando evidenciada flagrante ilegalidade e não demandar análise do conjunto probatório.
O habeas corpus é ação de rito célere e de cognição sumária, não se prestando a analisar alegações relativas à absolvição que demandam o revolvimento de provas.
É incabível a impetração de habeas corpus para afastar penas acessórias de perda de cargo público ou graduação de militar imposta em sentença penal condenatória, por não existir lesão ou ameaça ao direito de locomoção.
O habeas corpus não é a via adequada para o exame aprofundado de provas a fim de averiguar a condição econômica do devedor, a necessidade do credor e o eventual excesso do valor dos alimentos, admitindo-se nos casos de flagrante ilegalidade da prisão civil.
Não obstante o disposto no art. 142, § 2º, da CF, admite-se habeas corpus contra punições disciplinares militares para análise da regularidade formal do procedimento administrativo ou de manifesta teratologia.
A ausência de assinatura do impetrante ou de alguém a seu rogo na inicial de habeas corpus inviabiliza o seu conhecimento, conforme o art. 654. § 1º, c, do CPP.
É cabível habeas corpus preventivo quando há fundado receio de ocorrência de ofensa iminente à liberdade de locomoção.
Não cabe habeas corpus contra decisão que denega liminar, salvo em hipóteses excepcionais, quando demonstrada flagrante ilegalidade ou teratologia da decisão impugnada, sob pena de indevida supressão de instância, nos termos da Súmula n. 691/STF.
O julgamento do mérito do habeas corpus resulta na perda do objeto daquele impetrado na instância superior, na qual é impugnada decisão indeferitória da liminar.
Compete aos Tribunais de Justiça ou aos Tribunais Regionais Federais o julgamento dos pedidos de habeas corpus quando a autoridade coatora for Turma Recursal dos Juizados Especiais.
A jurisprudência do STJ admite a reiteração do pedido formulado em habeas corpus com base em fatos ou fundamentos novos.
O agravo interno não é cabível contra decisão que defere ou indefere pedido de liminar em habeas corpus.
O habeas corpus não é via idônea para discussão da pena de multa ou prestação pecuniária, ante a ausência de ameaça ou violação à liberdade de locomoção.
O habeas corpus não pode ser impetrado em favor de pessoa jurídica, pois o writ tem por objetivo salvaguardar a liberdade de locomoção.
A jurisprudência tem excepcionado o entendimento de que o habeas corpus não seria adequado para discutir questões relativas à guarda e adoção de crianças e adolescentes.
12. Julgados correlatos
Não cabe habeas corpus contra decisão de Ministro do STF que decreta a prisão preventiva de investigado ou réu. Aplica-se, aqui, por analogia, o entendimento exposto no enunciado 606 da Súmula do STF. Súmula 606-STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma, ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso. STF. Plenário. HC 162285 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/12/2019 (Info 964)
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal? Com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava pendente fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim? • STJ: SIM. Fica prejudicado. A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal. STJ. 6ª Turma. HC 495148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 657). • STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus. A realização de acordo de transação penal não enseja a perda de objeto de habeas corpus anteriormente impetrado. A aceitação do acordo de transação penal não impede o exame de habeas corpus para questionar a legitimidade da persecução penal. Embora o sistema negocial possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor gravidade, a barganha no processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do acusado. Assim, o controle judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos fundamentais do imputado e para evitar possíveis abusos que comprometam a decisão voluntária de aceitar a transação. Não há qualquer disposição em lei que imponha a desistência de recursos ou ações em andamento ou determine a renúncia ao direito de acesso à Justiça. STF. 2ª Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019 (Info 964).
O habeas corpus não é sede processual adequada para discussão sobre a correta fixação da competência, bem como sobre a existência de transnacionalidade do delito imputado. STF. 1ª Turma. HC 151881 AgR/SP, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 12/11/2019 (Info 959).
A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal? Com a celebração da transação penal, o habeas corpus que estava pendente fica prejudicado ou o TJ deverá julgá-lo mesmo assim? • STJ: SIM. Fica prejudicado. A concessão do benefício da transação penal impede a impetração de habeas corpus em que se busca o trancamento da ação penal. STJ. 6ª Turma. HC 495.148-DF, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 24/09/2019 (Info 657). • STF: NÃO. Não impede e o TJ deverá julgar o mérito do habeas corpus. A aceitação do acordo de transação penal não impede o exame de habeas corpus para questionar a legitimidade da persecução penal. Embora o sistema negocial possa trazer aprimoramentos positivos em casos de delitos de menor gravidade, a barganha no processo penal pode levar a riscos consideráveis aos direitos fundamentais do acusado. Assim, o controle judicial é fundamental para a proteção efetiva dos direitos fundamentais do imputado e para evitar possíveis abusos que comprometam a decisão voluntária de aceitar a transação. Não há qualquer disposição em lei que imponha a desistência de recursos ou ações em andamento ou determine a renúncia ao direito de acesso à Justiça. STF. 2ª Turma. HC 176785/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17/12/2019.
Cabe habeas corpus mesmo nas hipóteses que não envolvem risco imediato de prisão, como na análise dalicitude de determinada prova ou no pedido para que a defesa apresente por último as alegações finais, se houver a possibilidade de condenação do paciente. Isso porque neste caso a discussão envolve liberdade de ir e vir. STF. 2ª Turma. HC 157627 AgR/PR, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 27/8/2019 (Info 949).
Não se admite agravo regimental contra decisão do Ministro Relator que, motivadamente, defere ou indefere liminar em habeas corpus. STF. 2ª Turma. HC 157.604/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/9/2018 (Info 914).
É incabível habeas corpus contra decisão que decretou a perda da função pública, por não haver violação ao direito de locomoção. Aplica-se aqui o mesmo raciocínio da Súmula 694 do STF: Não cabe habeas corpus contra a imposição da pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 218434/MS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 11/06/2015. STF. 1ª Turma. HC 150059, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 22/05/2018.
A superveniência da sentença condenatória faz com que o habeas corpus que estava aguardando ser julgado fique prejudicado? • STF: SIM • STJ: NÃO A superveniência de sentença condenatória que mantém a prisão preventiva prejudica a análise do habeas corpus que havia sido impetrado contra o título originário da custódia. Se, após o habeas corpus ser impetrado contra a prisão preventiva, o juiz ou Tribunal prolata sentença/acórdão condenatório e mantém a prisão anteriormente decretada, haverá uma alteração do título prisional e, portanto, o habeas corpus impetrado contra prisão antes do julgamento não deverá ser conhecido. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897). A sentença penal condenatória superveniente que não permite ao réu recorrer em liberdade somente prejudica o exame do habeas corpus quando contiver fundamentos diversos daqueles utilizados na decisão que decretou a prisão preventiva. STJ. 5ª Turma. HC 490.451/SC, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 30/05/2019. A sentença penal condenatória que, ao negar o direito de recorrer em liberdade, limita-se a reiterar os fundamentos utilizados anteriormente para justificar a prisão preventiva, sem agregar novos, não conduz à prejudicialidade da ação constitucional de habeas corpus ou do recurso em habeas corpus dirigidos contra decisão antecedente de constrição cautelar. STJ. 6ª Turma. RHC 108.753/MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 28/05/2019.
A competência para julgar determinados habeas corpus é de uma das duas Turmas do STF (e não do Plenário). Ex: HC contra decisão do STJ, em regra, é de competência de uma das Turmas do STF. O Ministro Relator do HC no STF, em vez de submetê-lo à Turma, pode levá-lo para ser julgado pelo Plenário? SIM. Essa possibilidade encontra-se prevista no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. Para fazer isso, o Relator precisa fundamentar essa remessa? É necessário que o Relator apresente uma justificativa para que o caso seja levado ao Plenário? NÃO. É possível a remessa de habeas corpus ao Plenário do STF, pelo relator, de forma discricionária, com fundamento no art. 6º, II, “c” e no art. 21, XI, do RI/STF. STF. Plenário. HC 143333/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 11 e 12/4/2018 (Info 897).
É cabível habeas corpus contra decisão judicial transitada em julgado? 1ª) SIM. Foi o que decidiu a 2ª Turma no RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892). 2ª) NÃO. É a posição majoritária no STF e no STJ. Vale ressaltar que se houver alguma ilegalidade flagrante, o Tribunal poderá conceder a ordem de ofício. STF. 2ª Turma. RHC 146327/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/2/2018 (Info 892).
O STF admitiu a possibilidade de habeas corpus coletivo. O habeas corpus se presta a salvaguardar a liberdade. Assim, se o bem jurídico ofendido é o direito de ir e vir, quer pessoal, quer de um grupo determinado de pessoas, o instrumento processual para resgatá-lo é o habeas corpus, individual ou coletivo. A ideia de admitir a existência de habeas corpus coletivo está de acordo com a tradição jurídica nacional de conferir a maior amplitude possível ao remédio heroico (doutrina brasileira do habeas corpus). Apesar de não haver uma previsão expressa no ordenamento jurídico, existem dois dispositivos legais que, indiretamente, revelam a possibilidade de habeas corpus coletivo. Trata-se do art. 654, § 2º e do art. 580, ambos do CPP. O art. 654, § 2º estabelece que compete aos juízes e tribunais expedir ordem de habeas corpus de ofício. O art. 580 do CPP, por sua vez, permite que a ordem concedida em determinado habeas corpus seja estendida para todos que se encontram na mesma situação. Assim, conclui-se que os juízes ou Tribunais podem estender para todos que se encontrem na mesma situação a ordem de habeas corpus concedida individualmente em favor de uma pessoa. Existem mais de 100 milhões de processos no Poder Judiciário, a cargo de pouco mais de 16 mil juízes, exigindo do STF que prestigie remédios processuais de natureza coletiva com o objetivo de emprestar a máxima eficácia ao mandamento constitucional da razoável duração do processo e ao princípio universal da efetividade da prestação jurisdicional. Diante da inexistência de regramento legal, o STF entendeu que se deve aplicar, por analogia, o art. 12 da Lei nº 13.300/2016, que trata sobre os legitimados para propor mandado de injunção coletivo. Assim, possuem legitimidade para impetrar habeas corpus coletivo: 1) o Ministério Público; 2) o partido político com representação no Congresso Nacional; 3) a organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano; 4) a Defensoria Pública. STF. 2ª Turma.HC 143641/SP. Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/2/2018 (Info 891).
O habeas corpus pode ser empregado para impugnar medidas cautelares de natureza criminal diversas da prisão. STF. 2ª Turma.HC 147426/AP e HC 147303/AP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados em 18/12/2017 (Info 888).
O art. 28 da LD não prevê a possibilidade de o condenado receber pena privativa de liberdade. Assim, não existe possibilidade de que o indivíduo que responda processo por este delito sofra restrição em sua liberdade de locomoção. Diante disso, não é possível que a pessoa que responda processo criminal envolvendo o art. 28 da LD impetre habeas corpus para discutir a imputação. Não havendo ameaça à liberdade de locomoção, não cabe habeas corpus. Em suma, o habeas corpus não é o meio adequado para discutir crime que não enseja pena privativa de liberdade. STF. 1ª Turma.HC 127834/MG, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 05/12/2017 (Info 887).
O habeas corpus não é o meio adequado para se buscar o reconhecimento do direito a visitas íntimas. Isso porque não está envolvido no caso o direito de ir e vir. STF. 1ª Turma. HC 138286, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/12/2017 (Info 887).
Não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ que negou o pedido da defesa formulado em ação cautelar (medida cautelar) proposta com o objetivo de conferir efeito suspensivo ao recurso especial. Incide, no caso, o óbice previsto na Súmula 691 do STF. STF. 1ª Turma. HC 138633/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 8/8/2017 (Info 872).
Não cabe habeas corpus para tutelar o direito à visita em presídio. STF. 1ª Turma. HC 128057/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 1º/8/2017 (Info 871).
Em regra, não cabe habeas corpus para o STF contra decisão monocrática do Ministro do STJ que não conhece ou denega habeas corpus que havia sido interposto naquele Tribunal. É necessário que primeiro o impetrante exaure (esgote), no tribunal a quo (no caso, o STJ), as vias recursais ainda cabíveis (no caso, o agravo regimental). Exceção: essa regra pode ser afastada emcasos excepcionais, quando a decisão atacada se mostrar teratológica, flagrantemente ilegal, abusiva ou manifestamente contrária à jurisprudência do STF, situações nas quais o STF poderia conceder de ofício o habeas corpus. STF. 2ª Turma. HC 143476/RJ, rel. orig. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 6/6/2017 (Info 868).
Não é cabível HC em face de decisão monocrática de Ministro do STF. STF. Plenário. HC 105959/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 17/2/2016 (Info 814). STF. Plenário. HC 115787/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 18/5/2017 (Info 865).
Admite-se a intervenção de terceiros no processo de habeas corpus? • Regra: NÃO. • Exceção: em habeas corpus oriundo de ação penal privada, admite-se a intervenção do querelante no julgamento do HC, uma vez que ele tem interesse jurídico na decisão. Assim, salvo nos casos de ação penal privada, é vedada a intervenção de terceiros no habeas corpus. STJ. 5ª Turma. RHC 41.527-RJ, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 3/3/2015 (Info 557). STJ. 5ª Turma. HC 368.510/TO, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 09/05/2017.
Não cabe habeas corpus para reexame dos pressupostos de admissibilidade de recurso interposto no STJ. Ex: o STJ deu provimento ao recurso interposto pelo MP e, com isso, piorou a situação do réu; a defesa impetra HC no STF contra o acórdão alegando que o STJ, no recurso especial, reexaminou provas, o que é vedado pela Súmula 7 da Corte (A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial.). Esse HC não será conhecido pelo STF porque o impetrante busca questionar os pressupostos de admissibilidade do Resp. STF. 2ª Turma. HC 138944/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 21/3/2017 (Info 858).
É possível que o Ministro Relator do STJ ou do STF decida monocraticamente o habeas corpus nas hipóteses autorizadas pelo regimento interno? • Precedente divulgado no Info 857: NÃO. Cabe ao colegiado o julgamento de habeas corpus. • Posição amplamente majoritária no STF: SIM. O Ministro Relator pode decidir monocraticamente habeas corpus nas hipóteses autorizadas pelo regimento interno, sem que isso configure violação ao princípio da colegialidade. Nesse sentido: STF. 1ª Turma. HC 137265 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 07/03/2017; STF. 2ª Turma. HC 131550 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015. STF. 1ª Turma. HC 120496/MS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 14/3/2017 (Info 857).
Regra do art. 654, § 2º, do CPP não dispensa o respeito às regras de competência
I - A reclamação ao STF somente é cabível se houver necessidade de preservação da competência da Corte ou para garantia da autoridade de suas decisões (art. 102, I, “l”, da CF/88). A reclamação não se destina a funcionar como sucedâneo recursal ("substituto de recurso") nem se presta a atuar como atalho processual destinado a submeter o processo ao STF “per saltum”, ou seja, pulando-se todas as instâncias anteriores. As competências originárias do STF se submetem ao regime de direito estrito, não admitindo interpretação extensiva. Em outras palavras, o rol de competências originárias do STF não pode ser alargado por meio de interpretação. II - A regra prevista no art. 654, § 2º, do CPP não dispensa a observância do quadro de distribuição constitucional das competências para conhecer do “habeas corpus”. Assim, somente o órgão jurisdicional competente para a concessão da ordem a pedido pode conceder o “writ” de ofício. Em outras palavras, o Tribunal pode conceder habeas corpus de ofício, mas para isso acontecer é necessário que ele seja o Tribunal competente para apreciar eventual pedido de habeas corpus relacionado com este caso. STF. Plenário. Rcl 25509 AgR/PR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 15/2/2017 (Info 854).
A intimação pessoal da Defensoria Pública quanto à data de julgamento de habeas corpus só é necessária se houver pedido expresso para a realização de sustentação oral. STF. 2ª Turma. HC 134.904/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/9/2016 (Info 839).
Não se admite habeas corpus para se questionar nulidade cujo tema não foi trazido antes do trânsito em julgado da ação originária e tampouco antes do trânsito em julgado da revisão criminal. A nulidade não suscitada no momento oportuno é impassível de ser arguida através de habeas corpus, no afã de superar a preclusão, sob pena de transformar o writ em sucedâneo da revisão criminal. STF. 1ª Turma. RHC 124041/GO, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 30/8/2016 (Info 837).
Habeas corpus não é o instrumento adequado para pleitear trancamento de processo de impeachment. A finalidade constitucional do habeas corpus é a da proteção do indivíduo contra qualquer ato limitativo ao direito de locomoção (art. 5º, LXVIII, da CF/88). O processo de impeachment pode resultar na aplicação de sanções de natureza político-administrativa. Dessa forma, ao se impetrar um HC contra o processo de impeachment, o que se está fazendo é buscando proteger o exercício de direitos políticos e não o direito de ir e vir. STF. Plenário. HC 134315 AgR/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/6/2016 (Info 830).
Não cabe habeas corpus contra decisão que negou direito de familiar de preso internado em unidade prisional de com ele ter encontro direto, autorizando apenas a visita por meio do parlatório. STF. 2ª Turma. HC 133305/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/5/2016 (Info 827).
É incabível a utilização do “habeas corpus” com a finalidade de se obter a desclassificação de imputação de homicídio doloso, na modalidade dolo eventual, para homicídio culposo, na hipótese em que apurada a prática de homicídio na direção de veículo automotor. Isso porque os limites estreitos dessa via processual impossibilitam a análise apurada do elemento subjetivo do tipo penal para que se possa afirmar que a conduta do réu foi pautada por dolo eventual ou pela culpa consciente. Em outras palavras, não cabe HC para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente em homicídio praticado na direção de veículo automotor. STF. 1ª Turma. HC 131029/RJ, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 17/5/2016 (Info 826). STF. 2ª Turma. HC 132036/SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 29/3/2016 (Info 819).
É admissível a interposição de recurso ordinário para impugnar acórdão de Tribunal de Segundo Grau concessivo de ordem de habeas corpus na hipótese em que se pretenda questionar eventual excesso de medidas cautelares fixadas por ocasião de deferimento de liberdade provisória. A CF/88 não prevê o cabimento de recurso ordinário contra a decisão concessiva de HC. No entanto, ainda que a liberdade provisória tenha sido concedida, se as medidas cautelares impostas ao réu se mostram excessivas, ele terá interesse em interpor recurso ordinário, sendo este o instrumento adequado para impugnar a decisão. STJ. 5ª Turma. RHC 65974-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 10/3/2016 (Info 579).
O julgamento pelo STF de HC impetrado contra decisão proferida em recurso especial não afasta, por si só, a competência do STJ para processar e julgar posterior revisão criminal. João foi condenado em 1ª instância, tendo apelado ao TJ, que manteve a sentença. Em seguida, ele interpôs recurso especial ao STJ, que conheceu do Resp (examinou o mérito), mas negou provimento, mantendo a condenação. Houve o trânsito em julgado. Contra o acórdão do STJ, o réu impetrou habeas corpus no STF. A 1ª Turma do STF conheceu do habeas corpus, mas não concedeu a ordem por entender que não houve ilegalidade. A competência para julgar eventual revisão criminal será do STJ. STJ. 3ª Seção. RvCr 2877-PE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 25/2/2016 (Info 578).
Cabe habeas corpus para apurar eventual ilegalidade na fixação de medida protetiva de urgência consistente na proibição de aproximar-se de vítima de violência doméstica e familiar. STJ. 5ª Turma. HC 298499-AL, Rel. Min. Reynaldo Soares

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