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1 2 SIMULADO 01 | 1º DIA PROVA DE LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS E REDAÇÃO PROVA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS QUESTÕES 1 A 45 QUESTÕES 1 A 05 [OPÇÃO INGLÊS] 1. (Enem) Na tira da série For better or for worse, a comunicação entre as personagens fica comprometida em um determinado momento porque a) as duas amigas divergem de opinião sobre futebol. b) uma das amigas desconsidera as preferências da outra. c) uma das amigas ignora que o outono é temporada de futebol. d) uma das amigas desconhece a razão pela qual a outra a maltrata. e) as duas amigas atribuem sentidos diferentes a palavra season. 2. (Enem) A partir da leitura dessa tirinha, infere-se que o discurso de Calvin teve um efeito diferente do pretendido, uma vez que ele a) decide tirar a neve do quintal para convencer seu pai sobre seu discurso. b) culpa o pai por exercer influência negativa na formação de sua personalidade. c) comenta que suas discussões com o pai não correspondem às suas expectativas. d) conclui que os acontecimentos ruins não fazem falta para a sociedade. e) reclama que é vítima de valores que o levam a atitudes inadequadas. 3. (Enem) My brother the star, my mother the earth my father the sun, my sister the moon, to my life give beauty, to my body give strength, to my corn give goodness, to my house give peace, to my spirit give truth, to my elders give wisdom. Disponível em: www.blackhawkproductions.com. Acesso em: 8 ago. 2012. Produções artístico-culturais revelam visões de mundo próprias de um grupo social. Esse poema demonstra a estreita relação entre a tradição oral da cultura indígena norte-americana e a a) transmissão de hábitos alimentares entre gerações. b) dependência da sabedoria de seus ancestrais. c) representação do corpo em seus rituais. d) importância dos elementos da natureza. e) preservação da estrutura familiar. 4. (Enem) Viva la Vida I used to rule the world Seas would rise when I gave the word Now in the morning and I sleep alone Sweep the streets I used to own I used to roll the dice Feel the fear in my enemy's eyes Listen as the crowd would sing “Now the old king is dead! Long live the king!” One minute I held the key 3 Next the walls were closed on me And I discovered that my castles stand Upon pillars of salt and pillars of sand […] MARTIN, C. Viva la vida, Coldplay. In: Viva la vida or Death and all his friends. Parlophone, 2008. Letras de músicas abordam temas que, de certa forma, podem ser reforçados pela repetição de trechos ou palavras. O fragmento da canção Viva la vida, por exemplo, permite conhecer o relato de alguém que a) costumava ter o mundo aos seus pés e, de repente, se viu sem nada. b) almeja o título de rei e, por ele, tem enfrentado inúmeros inimigos. c) causa pouco temor a seus inimigos, embora tenha muito poder. d) limpava as ruas e, com seu esforço, tornou-se rei de seu povo. e) tinha a chave para todos os castelos nos quais desejava morar. 5. (Enem) Cartuns são produzidos com o intuito de satirizar comportamentos humanos e assim oportunizam a reflexão sobre nossos próprios comportamentos e atitudes. Nesse cartum, a linguagem utilizada pelos personagens em uma conversa em inglês evidencia a a) predominância do uso da linguagem informal sobre a língua padrão. b) dificuldade de reconhecer a existência de diferentes usos da linguagem. c) aceitação dos regionalismos utilizados por pessoas de diferentes lugares. d) necessidade de estudo da língua inglesa por parte dos personagens. e) facilidade de compreensão entre falantes com sotaques distintos. LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS QUESTÕES 1 A 45 QUESTÕES 1 A 05 [OPÇÃO ESPANHOL] 1. (Enem PPL) A charge é um gênero textual que possui caráter humorístico e crítico. Ao abordar o tema do uso da tecnologia, essa charge critica o(a) a) postura das pessoas que não respeitam a opinião dos outros. b) tendência de algumas pessoas a interferir em conversa alheia. c) forma como a tecnologia ampliou a comunicação e a interação entre as pessoas. d) hábito das pessoas que passam muitas horas conectadas. e) indivíduo cujo comportamento destoa de seu discurso. 4 2. (Enem 2ª aplicação) El sistema que se ha estado utilizando es el de urna electrónica con teclado numérico para la emisión del voto. Tienes botones especiales de confirmación e impresión de acta inicial con activación por clave. La caja de balotas electrónicas es una computadora personal con un uso específico que tiene las seguintes características: resistente, pequeña en dimensión, liviana, con fuentes autónomas de energía y recursos de seguridad. La característica más destacable del sistema brasileño reside em que permite unificar el registro y verificácion de la identidad del elector, la emisión y el escrutinio de voto en una misma máquina. Voto electrónico en Brasil. Disponível em: http://www.votoelectronico. info/blog. Acesso em: 12 abr. 2009 (adaptado). Pela observação da imagem e leitura do texto a respeito da votação eletrônica no Brasil, identifica-se como tema a) a funcionalidade dos computadores, por meio das palavras-chave teclado, botones, impresión, electrónicas e computadora. b) a evolução das máquinas modernas, por meio das palavras-chave teclado, botones, electrónicas, energia e máquina. c) a segurança da informação, por meio das palavras chave electrónica, clave, seguridad, verificación e identidad. d) o sistema brasileiro de votação eletrônica, por meio das palavras-chave urna, teclado, voto, botones e elector. e) a linguagem matemática, por meio das palavraschave numérico, clave, pequeña, dimensión e energia. 3. (Enem PPL) Esse anúncio faz parte de uma campanha de conscientização que pretende a) chamar a atenção para o perigo de extinção de alguns animais. b) alertar sobre o risco do consumo abusivo de bebidas enlatadas. c) denunciar o impacto ambiental causado pelo ser humano. d) fazer um catálogo com as pegadas das variadas espécies. e) promover uma marca de refrigerante usando a sua embalagem. 4. (Enem PPL) 5 O texto publicitário objetiva a adesão do público a uma campanha ambiental. A relação estabelecida entre o enunciado “Lo que le haces al planeta, te lo haces a ti” e os elementos não verbais pressupõe que as atitudes negativas do homem para com o planeta a) aceleram o envelhecimento da pele. b) provocam a ocorrência de seca. c) aumentam o dano atmosférico. d) prejudicam o próprio homem. e) causam a poluição industrial. 5. (Enem PPL) A charge faz uma crítica a) a uma sociedade em que tudo tem um preço. b) ao individualismo da sociedade contemporânea. c) ao preço elevado dos produtos comercializados. d) à desvalorização que as pessoas sofrem no mundo atual. e) ao valor exagerado que se dá às coisas nos dias de hoje. QUESTÕES 06 A 45 6. (Enem PPL) Quando a propaganda é decisiva na troca de marcas Todo supermercadista sabe que, quando um produto está na mídia, a procura pelos consumidores aumenta. Mas, em algumas categorias, a influência da propaganda é maior, de acordo com pesquisa feita com 400 pessoas pela consultoria YYY e com exclusividade para o supermercado XXX. O levantamento mostrou que, mesmo não sendo a razão o fator mais apontado para trocar de marca, não se pode ignorar a força das campanhas publicitárias. Em algumas categorias, um terço dos respondentes atribuem a mudança à publicidade. Para Nicanor Guerreiro, a propaganda estabelece uma relação mais “emocional” da marca com o público. “Todos sentimos necessidade de consumir produtos que sejam ‘aceitos’ pelas outras pessoas. Por isso, a comunicação faz o papel de endosso das marcas”, afirma. O executivo ressalta, no entanto, que nada disso adianta se o produto não cumprir as promessas transmitidas nas ações de comunicação. Um dos objetivos da propaganda é tornaro produto aspiracional, despertando o desejo de experimentá- lo. O que o consumidor deseja é o que a loja vende. E é isso o que o supermercadista precisa ter sempre em mente. Veja o gráfico: De acordo com o texto e com as informações fornecidas pelo gráfico, para aumentar as vendas de produtos, é necessário que a) a campanha seja centrada em produtos alimentícios, a fim de aumentar o percentual de troca atual que se apresenta como o mais baixo. b) a preferência de um produto ocorra por influência da propaganda devido à necessidade emocional das marcas. c) a propaganda influencie na troca de marca e que o consumidor valorize a qualidade do produto. d) os produtos mais vendidos pelo comércio não sejam divulgados para o público como tal. e) as marcas de qualidade inferior constituam o foco da publicidade por serem mais econômicas. 6 7. (Enem PPL) Grupo escolar Sonhei com um general de ombros largos que fedia e que no sonho me apontava a poesia enquanto um pássaro pensava suas penas e já sem resistência resistia. O general acordou e eu que sonhava face a face deslizei à dura via vi seus olhos que tremiam, ombros largos, vi seu queixo modelado a esquadria vi que o tempo galopando evaporava (deu para ver qual a sua dinastia) mas em tempo fixei no firmamento esta imagem que rebenta em ponta fria: poesia, esta química perversa, este arco que desvela e me repõe nestes tempos de alquimia. BRITO, A. C. In: HOLLANDA, H. B. (Org.). 26 Poetas Hoje: antologia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 1998. O poema de Antônio Carlos Brito está historicamente inserido no período da ditadura militar no Brasil. A forma encontrada pelo eu lírico para expressar poeticamente esse momento demonstra que a) a ênfase na força dos militares não é afetada por aspec-tos negativos, como o mau cheiro atribuído ao general. b) a descrição quase geométrica da aparência física do general expõe a rigidez e a racionalidade do governo. c) a constituição de dinastias ao longo da história parece não fazer diferença no presente em que o tempo evapora. d) a possibilidade de resistir está dada na renovação e transformação proposta pela poesia, química que desvela e repõe. e) a resistência não seria possível, uma vez que as vítimas, representadas pelos pássaros, pensavam apenas nas próprias penas. 8. (Enem) Opportunity é o nome de um veículo explorador que aterrissou em Marte com a missão de enviar informações à Terra. A charge apresenta uma crítica ao(à) a) gasto exagerado com o envio de robôs a outros planetas. b) exploração indiscriminada de outros planetas. c) circulação digital excessiva de autorretratos. d) vulgarização das descobertas espaciais. e) mecanização das atividades humanas. 9. (Enem 2ª aplicação) O cartaz de Ziraldo faz parte de uma campanha contra o uso de drogas. Essa abordagem, que se diferencia das de outras campanhas, pode ser identificada 7 a) pela seleção do público alvo da campanha, representado, no cartaz, pelo casal de jovens. b) pela escolha temática do cartaz, cujo texto configura uma ordem aos usuários e não usuários: diga não às drogas. c) pela ausência intencional do acento grave, que constrói a ideia de que não é a droga que faz a cabeça do jovem. d) pelo uso da ironia, na oposição imposta entre a seriedade do tema e a ambiência amena que envolve a cena. e) pela criação de um texto de sátira à postura dos jovens, que não possuem autonomia para seguir seus caminhos. 10. (Enem) TEXTO I Antigamente Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de debicar os mais velhos, pois levava tunda. Ainda cedinho, aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. Não ficava mangando na rua nem escapulia do mestre, mesmo que não entendesse patavina da instrução moral e cívica. O verdadeiro smart calçava botina de botões para comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que no convescote apenas lambiscasse, para evitar flatos. Os bilontras é que eram um precipício, jogando com pau de dois bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de galinha. O melhor era pôr as barbas de molho diante de um treteiro de topete, depois de fintar e engambelar os coiós, e antes que se pudesse tudo em pratos limpos, ele abria o arco. ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de janeiro: nova Aguilar, 1983 (fragmento). TEXTO II Palavras do arco da velha EXPRESSÃO SIGNIFICADO Cair nos braços de Morfeu Dormir Debicar Zombar, ridicularizar Tunda Surra Mangar Escarnecer, caçoar Tugir Murmurar Liró Bem-vestido Copo d’água Lanche oferecido pelos amigos Convescote Piquenique Bilontra Velhaco Treteiro de topete Tratante atrevido Abrir o arco Fugir FLORIN, J. L. As línguas mudam. In: Revista Língua Portuguesa, n. 24, out. 2007 (adaptado). Na leitura do fragmento do texto Antigamente constata-se, pelo emprego de palavras obsoletas, que itens lexicais outrora produtivos não mais o são no português brasileiro atual. Esse fenômeno revela que a) a língua portuguesa de antigamente carecia de termos para se referir a fatos e coisas do cotidiano. b) o português brasileiro se constitui evitando a ampliação do léxico proveniente do português europeu. c) a heterogeneidade do português leva a uma estabilidade do seu léxico no eixo temporal. d) o português brasileiro apoia-se no léxico inglês para ser reconhecido como língua independente. e) o léxico do português representa uma realidade linguística variável e diversificada. 11. (Enem) Os objetivos que motivam os seres humanos a estabelecer comunicação determinam, em uma 8 situação de interlocução, o predomínio de uma ou de outra função de linguagem. Nesse texto, predomina a função que se caracteriza por a) tentar persuadir o leitor acerca da necessidade de se tomarem certas medidas para a elaboração de um livro. b) enfatizar a percepção subjetiva do autor, que projeta para sua obra seus sonhos e histórias. c) apontar para o estabelecimento de interlocução de modo superficial e automático, entre o leitor e o livro. d) fazer um exercício de reflexão a respeito dos princípios que estruturam a forma e o conteúdo de um livro. e) retratar as etapas do processo de produção de um livro, as quais antecedem o contato entre leitor e obra. 12. (Fuvest) Examine esta propaganda. Por ser empregado tanto na linguagem formal quanto na linguagem informal, o termo “legal” pode ser lido, no contexto da propaganda, respectivamente, nos seguintes sentidos: a) lícito e bom. b) aceito e regulado. c) requintado e excepcional. d) viável e interessante. e) jurídico e autorizado. 13. (Enem) Texto I O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria, do finado Zacarias, mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias? MELO NETO, J. C. Obras completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento) Texto II João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre partilhados por outros homens. SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento). Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto sociala que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala/ ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da a) descrição minuciosa dos traços biográficos personagem-narrador. b) construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação. 9 c) representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua condição. d) apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta em sua crise existencial. e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias. 14. (Enem) Na criação do texto, o chargista lotti usa criativamente um intertexto: os traços reconstroem uma cena de Guernica, painel de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destruição provocados pelo bombardeio a uma pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período de carnaval, recebe destaque a figura do carro, elemento introduzido por lotti no intertexto. Além dessa figura, a linguagem verbal contribui para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso e a charge, ao explorar a) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-se o referente tanto do texto de Iotti quanto da obra de Picasso. b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal “é”, evidenciando-se a atualidade do tema abordado tanto pelo pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro. c) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa de mundo caótico presente tanto em Guernica quanto na charge. d) uma referência temporal, “sempre”, referindo- se à permanência de tragédias retratadas tanto em Guernica quanto na charge. e) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se tanto à obra pictórica quanto ao contexto do trânsito brasileiro. 15. (Enem) Ai, palavras, ai, palavras Que estranha potência a vossa! Todo o sentido da vida Principia a vossa porta: O mel do amor cristaliza Seu perfume em vossa rosa; Sois o sonho e sois a audácia, Calúnia, fúria, derrota... A liberdade das almas, ai! Com letras se elabora... e dos venenos humanos sois a mais fina retorta: frágil, frágil, como o vidro e mais que o aço poderosa! Reis, impérios, povos, tempos, pelo vosso impulso rodam... MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento). O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Independência, de Cecília Meireles. Centralizada no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem: a) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras. b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado aos significado das palavras. c) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela vida. d) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas crenças. e) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos. 16. (Enem) Negrinha Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. 10 Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral”, dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. [...] A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual. LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento). A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no contexto, pela a) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas. b) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas. c) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças. d) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto. e) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos. 17. (Enem) Nós, brasileiros, estamos acostumados a ver juras de amor, feitas diante de Deus, serem quebradas por traição, interesses financeiros e sexuais. Casais se separam como inimigos, quando poderiam ser bons amigos, sem traumas. Bastante interessante a reportagem sobre separação. Mas acho que os advogados consultados, por sua competência, estão acostumados a tratar de grandes separações. Será que a maioria dos leitores da revista tem obras de arte que precisam ser fotografadas antes da separação? Não seria mais útil dar conselhos mais básicos? Não seria interessante mostrar que a separação amigável não interfere no modo de partilha dos bens? Que, seja qual for o tipo de separação, ela não vai prejudicar o direito à pensão dos filhos? Que acordo amigável deve ser assinado com atenção, pois é bastante complicado mudar suas cláusulas? Acho que essas são dicas que podem interessar ao leitor médio. Disponível em: http://revistaepoca.globo.com. Acesso em: 26 fev. 2012 (adaptado). O texto foi publicado em uma revista de grande circulação na seção de carta do leitor. Nele, um dos leitores manifesta-se acerca de uma reportagem publicada na edição anterior. Ao fazer sua argumentação, o autor do texto a) faz uma síntese do que foi abordado na reportagem. b) discute problemas conjugais que conduzem à separação. c) aborda a importância dos advogados em processos de separação. d) oferece dicas para orientar as pessoas em processos de separação. e) rebate o enfoque dado ao tema pela reportagem, lançando novas ideias. 18. (Unesp) Observe a charge de Belmonte, publicada na primeira página da Folha da Noite, em 20 de fevereiro de 1922. Ao representar a Semana de Arte Moderna, a charge ironiza 11 a) o atraso da arte brasileira em relação ao que era produzido no resto do Ocidente. b) a inexistência de preocupações, entre os artistas da vanguarda, com a cultura popular. c) a irracionalidade que caracterizava a produção dos participantes da vanguarda. d) o descompasso entre as propostas renovadoras da vanguarda e o gosto tradicional do público. e) a formação técnica limitada dos artistas, que não conseguiam obter efeitos realistas. 19. (Enem) Quem procura a essência de um conto no espaço que fica entre a obra e seu autor comete um erro: é muito melhor procurar não no terreno que fica entre o escritor e sua obra, mas justamente no terreno que fica entre o texto e seu leitor. OZ, A. De amor e trevas. São Paulo: Cia. das Letras. 2005 (fragmento). A progressão temática de um texto pode ser estruturada por meio de diferentes recursos coesivos, entre os quais se destaca a pontuação. Nesse texto, o emprego dos dois pontos caracteriza uma operação textual realizada com a finalidade de a) comparar elementos opostos. b) relacionar informações gradativas. c) intensificar um problema conceitual. d) introduzir um argumento esclarecedor. e) assinalar umaconsequência hipotética. 20. (Enem) Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. […] Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. […] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1988 (fragmento). A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens. b) relata a história sem ter tido a preocupação de inves- tigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem. c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso. d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas. e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção. 21. (Enem) O homem disse, Está a chover, e depois, Quem é você, Não sou daqui, Anda à procura de comida, Sim, há quatro dias que não comemos, E como sabe que são quatro dias, É um cálculo, Está sozinha, Estou com o meu marido e uns companheiros, Quantos são, Ao todo, sete; Se estão a pensar em ficar conosco, tirem daí o sentido, já somos muitos, Só estamos de passagem, Donde vêm, Estivemos internados desde que a cegueira começou, Ah, sim, a quarentena, não serviu de nada. Porque diz isso, Deixaram-nos sair, Houve um incêndio e nesse momento percebemos que os soldados que nos vigiavam tinham desaparecido, E saíram, Sim, Os vossos soldados devem ter sido dos últimos a cegar, toda a gente está cega, Toda a gente, a cidade toda, o país, SARAMAGO, J. Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Cia. das Letras. 1995. A cena retrata as experiências das personagens em um país atingido por uma epidemia. No diálogo, a violação de determinadas regras de pontuação a) revela uma incompatibilidade entre o sistema de pontuação convencional e a produção do gênero romance. 12 b) provoca uma leitura equivocada das frases interrogativas e prejudica a verossimilhança. c) singulariza o estilo do autor e auxilia na representação do ambiente caótico. d) representa uma exceção às regras do sistema de pontuação canônica. e) colabora para a construção da identidade do narrador pouco escolarizado. 17. (Enem) LXXVIII (Camões, 1525?-1580) Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraíso; Entre rubis e perlas doce riso; Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presença moderada e graciosa, Onde ensinando estão despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: Estas as armas são com que me rende E me cativa Amor; mas não que possa Despojar-me da glória de rendido. CAMÕES, L. Obra completa. Rio de janeiro: Nova Aguilar, 2008. A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema. b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoa e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema. c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema. d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema. e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema. 18. (Upe-ssa 2) Texto 1 Padre Júlio Lancellotti: “Não se humaniza a vida numa sociedade como a nossa sem conflito” Líder religioso, conhecido por seu trabalho com a população em situação de rua em São Paulo, fala ao EL PAÍS sobre seus 35 anos de sacerdócio. Alvo de críticas da extrema direita, ele voltou a sofrer ameaças durante a pandemia. São oito horas da manhã de quinta-feira, 17 de setembro, e o padre Júlio Lancellotti (São Paulo, 1948) veste jaleco branco, avental laranja, sandálias pretas, luvas de látex e uma máscara respiratória rosa com filtro embutido. Há uma fila de centenas de pessoas para tomar café da manhã no Núcleo de Convivência São Martinho de Lima, da prefeitura da capital paulista, e é o religioso quem aponta um termômetro para a testa de cada uma delas. Aos 71 anos, pertence ao grupo mais propenso a desenvolver complicações da covid-19, mas nem uma pandemia tão longa e mortífera freou sua convivência diária com a população que vive nas ruas de São Paulo. Quando Cassiano, de 40 anos, se juntou à fila com o corpo sujo, as roupas rasgadas, machucado na testa e olhar triste, Lancellotti não hesitou em se aproximar 13 e tocar a cabeça do homem com as duas mãos. “Nós vamos cuidar de você”, disse, com a voz suave. Quando ele já estava sentado e comendo, o padre se aproximou de novo para saber o que havia acontecido. Um abraço demorado cobriu, então, a cabeça do rapaz. Um carinho incomum que fez com que ele chorasse. “Não são anjos ou demônios. Eu procuro ver os olhos deles... Tem os que estão com raiva, tristes, solitários, alegres... Desses 40 anos, há quanto tempo Cassiano não recebia um afeto?”, pergunta Lancellotti. Sua quinta-feira começou como todos os dias, com uma missa na Igreja São Miguel Arcanjo, da qual é pároco. Ali, no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo, mantém há 35 anos um compromisso constante com a população em situação de vulnerabilidade. Costumava servir um café da manhã na própria igreja para cerca de 200 pessoas. Veio a pandemia e o número praticamente triplicou. As atividades tiveram de ser transferidas, com o aval da Prefeitura, para o centro comunitário a algumas quadras dali. “Eu não trabalho com morador de rua. Eu convivo com eles. Porque dizer “trabalhar” parece que eles são objetos. É preciso olhar para a vida de forma humana. Isso não é tarefa só para os religiosos. Mas eu não conseguiria viver a dimensão religiosa sem humanizar a vida", explica. [...] Até hoje Lancellotti segue vivendo na pequena casa, no bairro do Belém, que era de sua mãe, Wilma, que morreu em 2010, aos 88 anos. Felipe Betim. Disponível em: https://brasil.elpais.com/ brasil/2020-09-20/padre-julio-lancellotti-nao-se-humaniza-a-vida- numa-sociedade-como-a-nossa-sem-conflito.html Acesso em: 02 ago. 2021. Excerto adaptado. Texto 2 Um universo sem fim Fomos alfabetizados para poder ler tudo o que quisermos. Descobrir o que os outros pensam ou pensaram, saber o que já aconteceu e o que pode vir a acontecer. Entender melhor o mundo em que vivemose imaginar como poderia ser melhor do que é. Um universo sem fim espera por nós nos livros. Basta abri- los e deixar-nos levar pelas palavras, que se encadeiam nas folhas finas. [...] Os miseráveis, do romancista francês Victor Hugo, foi publicado, pela primeira vez, na França, em 1862. Transformou-se logo em grande sucesso. Foi traduzido para diversas línguas. Percorreu o mundo. É uma história com forte cunho social, mas o enredo, em que um ex- prisioneiro é perseguido sem tréguas por um inspetor fanático, tem fortes elementos de trama policial. Jean Valjean, o herói, foi condenado a trabalho forçado por roubar um pão para a família faminta. Cumpriu pena. Mesmo assim, para fugir de seu perseguidor e se reabilitar, precisou trocar de identidade. Sob disfarce, tornou-se um grande empresário. Promoveu o desenvolvimento da cidade, ajudou a todos que precisavam dele. Mas Javert, o policial, não desistia de lhe seguir os rastros. Vivia no encalço de Jean Valjean. Criava espertas armadilhas para que a verdadeira identidade do ex-condenado fosse revelada. [...] A sucessão dos acontecimentos e as difíceis circunstâncias vividas pelas personagens levantam questões sobre lei, justiça e solidariedade. Acima de tudo, Os miseráveis mostra como uma pessoa pode se transformar graças à ação de outra. No caso, a mudança ocorre quando um homem injustiçado recebe de alguém compreensão e generosidade. História de fugas, trapaças e armadilhas, esta também é uma história de amor entre jovens. Aqui são relatados interesses e atitudes muito mesquinhos, mas também grandes gestos de desprendimento e bondade. CADEMARTORI, Lígia. In. HUGO, Victor. Os miseráveis. Tradução e adaptação de Walcyr Carrasco. São Paulo: FTD, 2001. (Coleção Literatura em minha casa; v. 4). Adaptado do texto de apresentação. Quem lê o Texto 2 pode notar certa identidade de assunto com o Texto 1. Assinale a alternativa que indica essa espécie de elo temático entre esses dois textos. a) Os livros permitem que possamos descobrir um universo sem fim de aventuras e aprendizados. b) Tanto Jean Valjean, o herói ficcional de Os miseráveis condenado por roubar um pão, como Cassiano, o herói real do Texto 1, buscam escapar da lei. c) Lei, justiça e solidariedade são aspirações comuns às personagens Jean Valjean e Javert, de Os miseráveis. d) Ambos os textos partilham a ideia de que, com solidariedade e amor à humanidade, uma pessoa pode mudar a vida de outra. e) A história de Valjean, como a de Cassiano, revela interesses e atitudes muito mesquinhos que nunca são vencidos. 14 19. (Enem) Até quando? Não adianta olhar pro céu Com muita fé e pouca luta Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer E muita greve, você pode, você deve, pode crer Não adianta olhar pro chão Virar a cara pra não ver Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer! GABRIEL, O PENSADOR. “Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo)”. Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 (fragmento). As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet. b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas. c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias. d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial. e) originalidade, pela concisão da linguagem. 20. (Enem) A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude a) crítica, expressa pelas ironias. b) resignada, expressa pelas enumerações. c) indignada, expressa pelos discursos diretos. d) agressiva, expressa pela contra-argumentação. e) alienada, expressa pela negação da realidade. 21. (Enem) Certa vez minha mãe surrou-me com uma corda nodosa que me pintou as costas de manchas sangrentas. Moído, virando a cabeça com dificuldade, eu distinguia nas costelas grandes lanhos vermelhos. Deitaram-me, enrolaram-me em panos molhados com água de sal – e houve uma discussão na família. Minha avó, que nos visitava, condenou o procedimento da filha e esta afligiu-se. Irritada, ferira-me à toa, sem querer. Não guardei ódio a minha mãe: o culpado era o nó. RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1998. Num texto narrativo, a sequência dos fatos contribui para a progressão temática. No fragmento, esse processo é indicado a) pela a alternância das pessoas do discurso que determinam o foco narrativo. b) utilização de formas verbais que marcam tempos narrativos variados. c) indeterminação dos sujeitos de ações que caracterizam os eventos narrados. d) justaposição de frases que relacionam semantica- mente os acontecimentos narrados. e) recorrência de expressões adverbiais que organizam temporalmente a narrativa. 22. (Unesp) Examine o cartum de Pietro Soldi, publicado em sua conta do Instagram em 11.09.2019. Depreende-se do cartum que o motorista a) acredita que todas as pessoas estarão extintas em menos de dez anos. b) duvida de que todas as pessoas estarão extintas em menos de dez anos. c) acredita que todas as pessoas estarão extintas em dez anos. d) duvida daqueles que dizem que todas as pessoas irão se extinguir. 15 e) acredita que todas as pessoas estarão extintas em mais de dez anos. 23. (Fuvest-Ete) A expressão gíria "pular miudinho" equivale a a) "saltar devagar". b) "dar passos pequenos". c) "passar aperto". d) "contrariar os outros". e) "engolir desaforo". 24. (Enem) No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remonta aos anos 1970, quando da proliferação dos chamados “bailes black” nas periferias dos grandes centros urbanos. Embalados pela black music americana, milhares de jovens encontravam nos bailes de final de semana uma alternativa de lazer antes inexistente. Em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, formavam-se equipes de som que promoviam bailes onde foi se disseminando um estilo que buscava a valorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas e nos penteados. No Rio de Janeiro ficou conhecido como “Black Rio”. A indústria fonográfica descobriu o filão e, lançando discos de “equipe” com as músicas de sucesso nos bailes, difundia a moda pelo restante do país. DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005. A presença da cultura hip-hop no Brasil caracteriza-se como uma forma de a) lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas nas periferias urbanas. b) entretenimento inventada pela indústria fonográfica nacional. c) subversão de sua proposta original já nos primeiros bailes. d) afirmação de identidade dos jovens que a praticam. e) reprodução da cultura musical norte-americana. 25. (UEPB) Do texto, abaixo, é possível concluir que o termo “chatear” foi usado: a) De maneira ambígua, sem nenhuma pista que possa ajudar na busca dos sentidos do termo. b) De forma figurada, exemplificando unicamente a polissemia da linguagem. c) Com o sentido literal do termo, ocasionando uma redundância. d) Com mais de um sentido, cuja alteração se faz perceber pelos recursos linguísticos e visuais que servem de pistas para o entendimento do texto. e) De forma equivocada, pois não existe um destinatário declarado a quem se dirige a mensagem. 26. (Insper) Vagabundo Eu durmo e vivo ao sol como um cigano, Fumando meu cigarro vaporoso; Nas noites de verão namoro estrelas; Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso! Ando roto, sem bolsos nem dinheiro; Mas tenho na viola uma riqueza: Canto à lua de noite serenatas, E quem vive de amor não tem pobrezas. (...) (Álvares de Azevedo) A visão de mundo expressa pelo eu lírico nos versos de Álvares de Azevedo revela o(a) a) desequilíbrio do poeta adolescente e indeciso, que não é capaz de amar uma mulher nem a si próprio. b) valorização da vida boêmia que proporcionaum outro tipo felicidade, desvinculada de valores materiais. 16 c) postura acrítica que o poeta tem diante da realidade, seja em relação ao amor, seja em relação à vida social. d) lamento do poeta que leva a vida peregrina e pobre, sem bens materiais e nenhuma forma de felicidade. e) constatação de que a música é o único expediente capaz de levá-lo à obtenção de recursos materiais. 27. (Enem) Naquela manhã de céu limpo e ar leve, devido à chuva torrencial da noite anterior, sai a caminhar com o sol ainda escondido para tomar tenência dos primeiros movimentos da vida na roça. Num demorou nem um tiquinho e o cheiro intenso do café passado por Dona Linda me invadiu as narinas e fez a fome se acordar daquela rema letárgica derivada da longa noite de sono. Levei as mãos até a água que corria pela bica feita de bambu e o contato gelado foi de arrepiar. Mas fui em frente e levei as mãos em concha até o rosto. Com o impacto, recuei e me faltou o fôlego por alguns instantes, mas o despertar foi imediato. Já aceso, entrei na cozinha na buscação de derrubar a fome e me acercar do aconchego do calor do fogão à lenha. Foi quando dei reparo da figura esguia e discreta de uma senhora acompanhada de um garoto aparentando uns cinco anos de idade já aboletada na ponta da mesa em proseio íntimo com a dona da casa. Depois de um vigoroso “Bom dia!”, de um vaporoso aperto de mãos nas apresentações de praxe, fiquei sabendo que Dona Flor de Maio levava o filho Adão para tratamento das feridas que pipocavam por seu corpo, provocando pequenas pústulas de bordas avermelhadas. GUIÃO, M. Disponível em: www.revistaecologico.com.br. Acesso em: 10 mar. 2014 (adaptado). A variedade linguística da narrativa é adequada à descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas palavras e expressões usadas no texto está a serviço da a) localização dos eventos de fala no tempo ficcional. b) composição da verossimilhança do ambiente retratado. c) restrição do papel do narrador à observação das cenas relatadas. d) construção mística das personagens femininas pelo autor do texto. e) caracterização das preferências linguísticas da personagem masculina. 28. (Enem) L.J.C. — 5 tiros? — É. — Brincando de pegador? — É. O PM pensou que... — Hoje? — Cedinho. COELHO, M ln: FREIRE, M. (Org). Os cem menores contos brasileiros do século. São Paulo: Ateliê Editorial. 2004. Os sinais de pontuação são elementos com importantes funções para a progressão temática. Nesse miniconto, as reticências foram utilizadas para indicar a) uma fala hesitante. b) uma informação implícita. c) uma situação incoerente. d) a eliminação de uma ideia. e) a interrupção de uma ação. 29. (Enem) Os textos publicitários são produzidos para cumprir determinadas funções comunicativas. Os objetivos desse cartaz estão voltados para a conscientização dos brasileiros sobre a necessidade de a) as crianças frequentarem a escola regularmente. b) a formação leitora começar na infância. c) a alfabetização acontecer na idade certa. 17 d) a literatura ter o seu mercado consumidor ampliado. e) as escolas desenvolverem campanhas a favor da leitura. 30. (Enem) PINHÃO sai ao mesmo tempo que BENONA entra. BENONA: Eurico, Eudoro Vicente está lá fora e quer falar com você. EURICÃO: Benona, minha irmã, eu sei que ele está lá fora, mas não quero falar com ele. BENONA: Mas Eurico, nós lhe devemos certas atenções. EURICÃO: Você, que foi noiva dele. Eu, não! BENONA: Isso são coisas passadas. EURICÃO: Passadas para você, mas o prejuízo foi meu. Esperava que Eudoro, com todo aquele dinheiro, se tornasse meu cunhado. Era uma boca a menos e um patrimônio a mais. E o peste me traiu. Agora, parece que ouviu dizer que eu tenho um tesouro. E vem louco atrás dele, sedento, atacado de verdadeira hidrofobia. Vive farejando ouro, como um cachorro da molest’a, como um urubu, atrás do sangue dos outros. Mas ele está enganado. Santo Antônio há de proteger minha pobreza e minha devoção. SUASSUNA, A. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento). Nesse texto teatral, o emprego das expressões “o peste” e “cachorro da molest’a” contribui para a) marcar a classe social das personagens. b) caracterizar usos linguísticos de uma região. c) enfatizar a relação familiar entre as personagens. d) sinalizar a influência do gênero nas escolhas vocabulares. e) demonstrar o tom autoritário da fala de uma das personagens. 31. (Enem) TEXTO I Um ato de criatividade pode contudo gerar um modelo produtivo. Foi o que ocorreu com a palavra sambódromo, criativamente formada com a terminação -(ó)dromo (= corrida), que figura em hipódromo, autódromo, cartódromo, formas que designam itens culturais da alta burguesia. Não demoraram a circular, a partir de então, formas populares como rangódromo, beijódromo, camelódromo. AZEREDO, J. C. Gramática Houaiss da língua portuguesa. SP: Publifolha, 2008 . TEXTO II Existe coisa mais descabida do que chamar de sambódromo uma passarela para desfile de escolas de samba? Em grego, -dromo quer dizer “ação de correr, lugar de corrida”, dai as palavras autódromo e hipódromo. É certo que, às vezes, durante o desfile, a escola se atrasa e é obrigada a correr para não perder pontos, mas não se desloca com a velocidade de um cavalo ou de um carro de Formula 1. GULLAR, F. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 3 ago, 2012. Há nas línguas mecanismos geradores de palavras. Embora o Texto II apresente um julgamento de valor sobre a formação da palavra sambódromo, o processo de formação dessa palavra reflete a) o dinamismo da língua na criação de novas palavras. b) uma nova realidade limitando o aparecimento de novas palavras. c) a apropriação inadequada de mecanismos de criação de palavras por leigos. d) o reconhecimento da impropriedade semântica dos neologismos. e) a restrição na produção de novas palavras com o radical grego. 32. (Enem) Exmº Sr. Governador: Trago a V. Exa. um resumo dos trabalhos realizados pela Prefeitura de Palmeira dos Índios em 1928. [...] ADMINISTRAÇÃO Relativamente à quantia orçada, os telegramas custaram pouco. De ordinário vai para eles dinheiro considerável. Não há vereda aberta pelos matutos que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha - um telegrama; porque se deitou pedra na rua - um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela - um telegrama. Palmeira dos Índios, 10 de janeiro de 1929. GRACILlANO RAMOS RAMOS, G. Viventes das Alagoas. São Paulo: Martins Fontes, 1962. 18 O relatório traz a assinatura de Graciliano Ramos, na época, prefeito de Palmeira dos Índios, e é destinado ao governo do estado de Alagoas. De natureza oficial, o texto chama a atenção por contrariar a norma prevista para esse gênero, pois o autor a) emprega sinais de pontuação em excesso. b) recorre a termos e expressões em desuso no português. c) apresenta-se na primeira pessoa do singular, para conotar intimidade com o destinatário. d) privilegia o uso de termos técnicos, para demonstrar conhecimento especializado. e) expressa-se em linguagem mais subjetiva, com forte carga emocional. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o artigo “Pó de pirlimpimpim”, do neurocientista brasileiro Sidarta Ribeiro. Alcançar o aprendizado instantâneo é um desejo poderoso, pois o cérebro sem informação é pouco mais que estofo de macela¹. Emília, a sabida boneca de Monteiro Lobato, aprendeu a falar copiosamente após engolir uma pílula, adquirindo de supetão todo o vocabulário dos seres humanos ao seu redor. No filme Matrix (1999), a ingestão de uma pílula colorida faz o personagem Neo descobrir que todo o mundo em que sempre viveu não passa de uma simulação chamada Matriz, dentroda qual é possível programar qualquer coisa. Poucos instantes depois de se conectar a um computador, Neo desperta e profere estupefato: “I know kung fu”. Entretanto, na matriz cerebral das pessoas de carne e osso, vale o dito popular: “Urubu, pra cantar, demora.” O aprendizado de comportamentos complexos é difícil e demorado, pois requer a alteração massiva de conexões neuronais. Há consenso hoje em dia de que o conteúdo dos nossos pensamentos deriva dos padrões de ativação de vastas redes neuronais, impossibilitando a aquisição instantânea de memórias intrincadas. Mas nem sempre foi assim. Há meio século, experimentos realizados na Universidade de Michigan pareciam indicar que as planárias, vermes aquáticos passíveis de condicionamento clássico, eram capazes de adquirir, mesmo sem treinamento, associações estímulo-resposta por ingestão de um extrato de planárias já condicionadas. O resultado, aparentemente revolucionário, sugeria que os substratos materiais da memória são moléculas. Contudo, estudos posteriores demonstraram que a ingestão de planárias não condicionadas também acelerava o aprendizado, revelando um efeito hormonal genérico, independente do conteúdo das memórias presentes nas planárias ingeridas. A ingestão de memórias é impossível porque elas são estados complexos de redes neuronais, não um quantum de significado como a pílula da Emília. Por outro lado, é sim possível acelerar a consolidação das memórias por meio da otimização de variáveis fisiológicas envolvidas no processo. Uma linha de pesquisa importante diz respeito ao sono, cujo benefício à consolidação de memórias já foi comprovado. Em 2006, pesquisadores alemães publicaram um estudo sobre os efeitos mnemônicos da estimulação cerebral com ondas lentas (0,75 Hz) aplicadas durante o sono por meio de um estimulador elétrico. Os resultados mostraram que a estimulação de baixa frequência é suficiente para melhorar o aprendizado de diferentes tarefas. Ao que parece, as oscilações lentas do sono são puro pó de pirlimpimpim. (Sidarta Ribeiro. Limiar: ciência e vida contemporânea, 2020.) ¹macela: planta herbácea cujas flores costumam ser usadas pela população como estofo de travesseiros. 33. (Unesp) De acordo com o autor, a) o avanço das pesquisas científicas pode tornar a ingestão de memórias uma prática ultrapassada. b) a ideia de aperfeiçoamento da memória a qualquer custo pode representar um risco para a humanidade. c) a ideia do aprendizado instantâneo pode vir a se tornar realidade em um futuro muito próximo. d) a consolidação de memórias pode ser acelerada mediante o emprego de técnicas científicas. e) o emprego arbitrário de técnicas científicas pode vir a descaracterizar a própria natureza da memória. 34. (Fuvest) Chega um momento em que a tensão eu/mundo se exprime mediante uma perspectiva crítica, imanente à escrita, o que torna o romance não mais uma variante literária da rotina social, mas o seu avesso; logo, o oposto do discurso ideológico do homem médio. O romancista “imitaria” a vida, sim, mas qual vida? Aquela cujo sentido dramático escapa a homens e mulheres entorpecidos ou automatizados por seus hábitos cotidianos. A vida como objeto de busca e construção, e não a vida como encadeamento de tempos vazios e inertes. Caso essa pobre vida- 19 morte deva ser tematizada, ela aparecerá como tal, degradada, sem a aura positiva com que as palavras “realismo” e “realidade” são usadas nos discursos que fazem a apologia conformista da “vida como ela é”... A escrita da resistência, a narrativa atravessada pela tensão crítica, mostra, sem retórica nem alarde ideológico, que essa “vida como ela é” é, quase sempre, o ramerrão de um mecanismo alienante, precisamente o contrário da vida plena e digna de ser vivida. É nesse sentido que se pode dizer que a narrativa descobre a vida verdadeira, e que esta abraça e transcende a vida real. A literatura, com ser ficção, resiste à mentira. É nesse horizonte que o espaço da literatura, considerado em geral como lugar da fantasia, pode ser o lugar da verdade mais exigente. Alfredo Bosi. “Narrativa e resistência”. Adaptado. O conceito de resistência, expresso pela tensão do indivíduo perante o mundo, adquire perspectiva crítica na escrita do romance quando o autor a) rompe a superfície enganosa da realidade. b) forja um realismo rente à vida mesquinha. c) forja um realismo rente à vida mesquinha.é neutro ao figurar a vacuidade do presente. d) conserva o discurso positivo da ordem. e) consegue sobrepor a fantasia à verdade. 35. (G1 - ifsc) Assinale a alternativa CORRETA. Segundo o texto, pode-se afirmar que a) as mulheres têm mais aptidão às novas tecnologias que os homens. b) tanto os mais jovens quanto os mais velhos enfrentam dificuldades em usar smartphones. c) os telefones fixos ainda são mais usados do que os telefones celulares. d) à medida que envelhecem, as pessoas se tornam menos sábias. e) os jovens têm mais facilidade com as novas tecnologias que as pessoas mais velhas. 36. (Enem) TEXTO I Fundamentam-se as regras da Gramática Normativa nas obras dos grandes escritores, em cuja linguagem as classes ilustradas põem o seu ideal de perfeição porque nela é que se espelha o que o uso idiomático estabilizou e consagrou. LIMA, C. H. R. Gramática normativa da língua portuguesa. Rio de Janeiro: José Olympio. 1989. TEXTO II Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie – nem sequer mental ou de sonho –, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida. PESSOA, F. O livro do desassossego. São Paulo: Brasiliense, 1986. A linguagem cumpre diferentes funções no processo de comunicação. A função que predomina nos textos I e II a) destaca o “como” se elabora a mensagem, considerando-se a seleção, combinação a sonoridade do texto. b) coloca o foco no “com o que" se constrói a mensagem, sendo o código utilizado o seu próprio objeto. c) focaliza o “quem" produz a mensagem, mostrando seu posicionamento e suas impressões pessoais. d) orienta-se no “para quem” se dirige a mensagem, estimulando a mudança de seu comportamento. e) enfatiza sobre “o quê” versa a mensagem, apresentada com palavras precisas e objetivas. 37. (Fuvest-ETE) A condição humana compreende algo mais que as condições nas quais a vida foi dada ao homem. Os homens são seres condicionados: tudo aquilo com o qual entram em contato torna- se imediatamente uma condição de sua existência 20 (...). O impacto da realidade do mundo sobre a existência humana é sentido e recebido como força condicionante. A objetividade do mundo - o seu caráter de coisa ou objeto - e a condição humana complementam-se uma à outra; por ser uma existência condicionada, a existência humana seria impossível sem as coisas, e estas seriam um amontoado de artigos incoerentes, um não-mundo, se esses artigos não fossem condicionantes da existência humana. ARENDT, H. A Condição Humana, RJ: Forense-Universitária, 1987. Com base nas premissas apresentadas pelo texto, a conclusão necessariamente correta é: a) As condições sociais e ambientais condicionam a experiência humana, já que determinam suas ações e suas iniciativas. b) O intenso desenvolvimento tecnológico promovido pela humanidade, na medida em que altera as condições da experiência, amplia a condição humana. c) Após importantes eventos históricos, como a Revolução Industrial,a condição humana se modifica, já que as condições que dialogam com a experiência se alteram. d) O mundo relaciona-se à coerência dos artigos que o compõem, figurando como causa organizadora da experiência humana. e) A condição humana condiciona a existência do mundo, uma vez que estabelece relações necessárias entre os objetos. 38. (Unesp) Carpe diem. É um lema latino que significa, lato sensu, “aproveita bem o dia” ou “aproveita o momento fugaz”. Esta expressão tem paralelo em línguas modernas, como no inglês: “Take time while time is, for time will away”. (Carlos Alberto de Macedo Rocha. Dicionário de locuções e expressões da língua portuguesa, 2011. Adaptado.) Tal lema manifesta-se mais explicitamente nos seguintes versos de Fernando Pessoa: a) Hoje, Neera, não nos escondamos, Nada nos falta, porque nada somos. Não esperamos nada E temos frio ao sol. b) A realidade Sempre é mais ou menos Do que nós queremos. Só nós somos sempre Iguais a nós-próprios. c) Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo... Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer Porque eu sou do tamanho do que vejo E não do tamanho da minha altura… d) Sofro, Lídia, do medo do destino. A leve pedra que um momento ergue As lisas rodas do meu carro, aterra Meu coração. e) Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.) 39. (Fuvest) Largo em sentir, em respirar sucinto, Peno, e calo, tão fino, e tão atento, Que fazendo disfarce do tormento Mostro que o não padeço, e sei que o sinto. O mal, que fora encubro, ou que desminto, Dentro no coração é que o sustento: Com que, para penar é sentimento, Para não se entender, é labirinto. Ninguém sufoca a voz nos seus retiros; Da tempestade é o estrondo efeito: Lá tem ecos a terra, o mar suspiros. Mas oh do meu segredo alto conceito! Pois não me chegam a vir à boca os tiros Dos combates que vão dentro no peito. Gregório de Matos e Guerra 21 No soneto, o eu lírico: a) expressa um conflito que confirma a imagem pública do poeta, conhecido pelo epíteto de “o Boca do Inferno”. b) opta por sufocar a própria voz como estratégia apaziguadora de suas perturbações de foro íntimo. c) explora a censura que o autor sofreu em sua época, ao ser impedido de dar expressão aos seus sentimentos. d) estabelece, nos tercetos, um contraponto semântico entre as metáforas da natureza e da guerra. e) revela-se como um ser atormentado, ao mesmo tempo que omite a natureza de seu sofrimento. 40. (Enem) Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu comportamento por meio da associação de verbos no modo imperativo à a) indicação de diversos canais de atendimento. b) divulgação do Centro de Defesa da Mulher. c) informação sobre a duração da campanha. d) apresentação dos diversos apoiadores. e) utilização da imagem das três mulheres. 22 TEMA: A BANALIZAÇÃO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE BRASILEIRA Texto 1 Significado de Banalização substantivo feminino Ação ou efeito de banalizar, de tornar banal, comum, trivial, especialmente falando de assuntos que são tidos como importantes: processo social de banalização da pobreza, das misérias alheias, da violência urbana. Etimologia (origem da palavra banalização). Banalizar + ção. Exemplos com a palavra banalização É a completa banalização das MPs. Folha de S.Paulo, 30/12/2012 Elas sinalizam uma banalização da existência. Folha de S.Paulo, 27/09/2009 Outro problema que aponta é a banalização da violência: "Para quem está no primeiro mundo, confortável em sua casa, é excitante assistir a cenas de morte e destruição, mas acabamos igualando uma morte no Iraque à metereologia". Folha de S.Paulo, 02/11/2009 Fonte: https://www.dicio.com.br/banalizacao/ Texto 2 A brutalidade do assassinato do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, espancado com pauladas até a morte num quiosque da praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, gerou uma onda de indignação no Brasil. Milhares expressaram seu horror nas redes sociais usando hashtags como #JustiçaparaMoise” e #JusticaPorMoiseMugenyi”. As cenas do crime, registradas pelas câmeras de segurança do quiosque, chocaram o país. Segundo a família, o congolês, que fugiu em 2011 com seus parentes da guerra na República Democrática do Congo, teria sido morto após cobrar o pagamento de dois dias de trabalho no quiosque. Para o sociólogo Ignacio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Uerj, o caso revela a banalização da violência no Brasil, onde bater em alguém para "ensinar uma lição" é considerado normal e legítimo. "Espancar não é nada incomum. O que não é tão comum é que esse espancamento resultou na morte. Mas o espancamento, infelizmente, é comum." Segundo Cano, o que chama a atenção é a grande comoção que o crime despertou na sociedade brasileira. Ele afirma que, enquanto em outros países a morte de um migrante atrai menos atenção do que a de um cidadão local, no Brasil ocorre o contrário. Fonte: https://cultura.uol.com.br/noticias/dw/60735531_o-caso- moise-e-o-racismo-diario-com-apoio-presidencial.html Texto 3 Fonte: https://www.apav.pt/apav_v3/index.php/pt/34-apav- ingles?start=100 23 Texto 4 Pesquisa mostra naturalização da violência entre crianças e adolescentes Apesar de 85% das crianças e adolescentes relatarem conviver com brigas na escola e 63% sofrerem violência física em casa quando fazem algo errado, 68% dizem se sentir seguras como uma percepção geral. É o que revela a pesquisa "O que dizem as crianças", divulgada pelas organizações Visão Mundial e Instituto Igarapé. Dados De acordo com o levantamento, a percepção de insegurança aumenta de acordo com a idade das crianças e jovens e menos de 1% se sente em situação de alta insegurança. Residentes de cidades menores se sentem mais seguros e a casa é o ambiente onde 84% se sentem seguros sempre. Na escola e na comunidade, esse índice cai para 62%. Sobre os tipos de violência, 86% dos entrevistados entendem que é sempre muito errado ter o corpo tocado sem permissão. Gritar ou xingar e bater nas pessoas foram citados como violência por 82% dos pesquisados, ficar preso no quarto ou em casa por 70%, e ficar em casa sem cuidados por 64%. Além disso, 58% disseram ser errado menores de 14 anos fazerem atividades para ganhar dinheiro; percentual que foi de 28% sobre cuidar dos irmãos mais novos e 19% sobre fazer tarefas domésticas enquanto os pais trabalham. Do total de crianças e jovens ouvidos na pesquisa, 89% se sentem seguros com a própria família e 40% com a polícia. Sobre bem-estar, 89% se sentem amados e bem tratados pelos pais ou responsáveis e 86% acham que serão felizes quando crescer. Por outro lado, 35% já precisaram recorrer à delegacia ou hospital para ter assistência por ter sofrido algum tipo de violência. De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em levantamento feito no ano de 2018, crianças e jovens de até 18 anos são 31,1% da população do Brasil e o país é o segundo do mundo em número de assassinatos de adolescentes, atrás apenas da Nigéria. Por dia, são mortos 28 crianças e adolescentes, a maioria meninos, negros, pobres e moradores de periferias e áreas metropolitanas de grandes cidades. Durante o isolamento social em decorrência da pandemia da Covid-19 no país, o canal de denúncias de violação aos direitos humanos, o Disque 100, já recebeu, até maio de 2021, 25,7 mil denúncias de violência física e 25,6 mil de violência psicológica. Crianças e adolescentes correspondem a 59,6% do total de ocorrências. Fonte: Agência Brasil (adaptado) 24 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS QUESTÕES 46 A 90 46. (Enem) Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a chargeapresentada demonstra a) a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real. b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o privado. c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei despretencioso e distante do poder político. d) o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a elegância dos trajes reais em relação aos de outros membros da corte. e) a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal. 47. (Unesp) Todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram a vida, a liberdade e a busca da felicidade. Para assegurar esses direitos, entre os homens se instituem governos, que derivam seus justos poderes do consentimento dos governados. Sempre que uma forma de governo se dispõe a destruir essas finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la, e instituir um novo governo, assentando seu fundamento sobre tais princípios e organizando seus poderes de tal forma que a ele pareça ter maior probabilidade de alcançar-lhe a segurança e a felicidade. (Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776). In: Harold Syrett (org.). Documentos históricos dos Estados Unidos, 1988.) O documento expõe o vínculo da luta pela independência das treze colônias com os princípios a) liberais, que defendem a necessidade de impor regras rígidas de protecionismo fiscal. b) mercantilistas, que determinam os interesses de expansão do comércio externo. c) iluministas, que enfatizam os direitos de cidadania e de rebelião contra governos tirânicos. d) luteranos, que obrigam as mulheres e os homens a lutar pela própria salvação. e) católicos, que justificam a ação humana apenas em função da vontade e do direito divinos. 48. (Enem) O canto triste dos conquistados: os últimos dias de Tenochtitlán Nos caminhos jazem dardos quebrados; os cabelos estão espalhados. Destelhadas estão as casas, Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguém as tivesse tingido, Nos escudos esteve nosso resguardo, mas os escudos não detêm a desolação… PINSKY, J. et al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento). O texto é um registro asteca, cujo sentido está relacionado ao(à) a) tragédia causada pela destruição da cultura desse povo. b) tentativa frustrada de resistência a um poder considerado superior. c) extermínio das populações indígenas pelo Exército espanhol. d) dissolução da memória sobre os feitos de seus antepassados. e) profetização das consequências da colonização da América. 25 49. (Enem) Mas era sobretudo a lã que os compradores, vindos da Flandres ou da Itália, procuravam por toda a parte. Para satisfazê-los, as raças foram melhoradas através do aumento progressivo das suas dimensões. Esse crescimento prosseguiu durante todo o século XIII, as abadias da Ordem de Cister, onde eram utilizados os métodos mais racionais de criação de gado, desempenharam certamente um papel determinante nesse aperfeiçoamento. DUBY. G. Economia rural e vida no campo no Ocidente medieval. Lisboa: Estampa, 1987 (adaptado). O texto aponta para a relação entre aperfeiçoamento da atividade pastoril e avanço técnico na Europa ocidental feudal, que resultou do(a) a) crescimento do trabalho escravo. b) desenvolvimento da vida urbana. c) padronização dos impostos locais. d) uniformização do processo produtivo. e) desconcentração da estrutura fundiária. 50. (Enem) As plataformas ou crátons correspondem aos terrenos mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apresentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórfi cas muito antigas (Pré-Cambriano Médio e Inferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a do São Francisco. ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998. As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arcabouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês). b) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro. c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país. d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em reservas de petróleo e gás natural. e) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura. 51. (Enem) Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final. FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: EdUSP, 2004 (adaptado). A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior. TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado). Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão Política do Café com Leite. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização: a) A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças. b) As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período. c) As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas. d) A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias. e) A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias. 52. (Enem) Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que terminou com a corrida dos países europeus para a África e com o surgimento 26 dos movimentos de unificação nacional na Europa – do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África. ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo Cia. das Letras, 2012. O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que a) difundiu as teorias socialistas. b) acirrou as disputas territoriais. c) superou as crises econômicas. d) multiplicou os conflitos religiosos. e) conteve os sentimentos xenófobos. 53. (Unesp) De fato, a própria organização espacial da cidade denota uma elisão de qualquer forma de democracia, com a segregação das massas populares, com os traçados apropriados ao automóvel, e com o sistema fabril tendo sido erigido como modelo para o planejamento que visa à produtividade dos espaços com a harmonia social. Nesse sentido, a concepção urbanística de Brasília, cidade que nasceu como forma de controle social, é bastante adequadapara sediar a cúpula de qualquer Estado autoritário [...]. (José William Vesentini. A capital da geopolítica, 1986.) A caracterização de Brasília pelo excerto apresenta-a como uma cidade a) projetada a partir de uma perspectiva socialista, para conciliar as noções de poder popular e economia planificada. b) reestruturada no decorrer do regime militar, para eliminar as características democráticas do projeto, tornando-a autoritária. c) inadequada ao período em que foi edificada, quando o Brasil vivia uma inédita experiência de participação política direta. d) concebida num momento de integração nacional, quando o governo brasileiro buscava transferir o comando econômico para o centro-sul do país. e) planejada e construída segundo uma lógica política centralizadora, para abrigar a sede do poder, afastando-a da sociedade. 54. (Enem) A África Ocidental é conhecida pela dinâmica das suas mulheres comerciantes, caracterizadas pela perícia, autonomia e mobilidade. A sua presença, que fora atestada por viajantes e por missionários portugueses que visitaram a costa a partir do século XV, consta também na ampla documentação sobre a região. A literatura é rica em referências às grandes mulheres como as vendedoras ambulantes, cujo jeito para o negócio, bem como a autonomia e mobilidade, é tão típico da região. HAVIK, P. Dinâmicas e assimetrias afro-atlânticas: a agência feminina e representações em mudança na Guiné (séculos XIX e XX). In: PANTOJA. S. (Org.). Identidades, memórias e histórias em terras africanas. Brasília: LGE; Luanda: Nzila, 2006. A abordagem realizada pelo autor sobre a vida social da África Ocidental pode ser relacionada a uma característica marcante das cidades no Brasil escravista nos séculos XVIII e XIX, que se observa pela a) restrição à realização do comércio ambulante por africanos escravizados e seus descendentes. b) convivência entre homens e mulheres livres, de diversas origens, no pequeno comércio. c) presença de mulheres negras no comércio de rua de diversos produtos e alimentos. d) dissolução dos hábitos culturais trazidos do continente de origem dos escravizados. e) entrada de imigrantes portugueses nas atividades ligadas ao pequeno comércio urbano. 55. (Enem) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação. BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977. O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na a) contemplação da tradição mítica. b) sustentação do método dialético. c) relativização do saber verdadeiro. d) valorização da argumentação retórica. 27 e) investigação dos fundamentos da natureza. 56. (Enem) Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem humana – transferiu embriões para o útero de mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime em inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fazia seus experimentos. “Não tenho nenhuma dúvida de que uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar um bebê clonado saudável ao mundo.” CONNOR, S. Disponível em: www.independent.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado). A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no campo da bioética que, entre outras questões, dedica-se a a) refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem. b) legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais espécies animais no planeta. c) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e mal. d) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os processos de reprodução humana e animal. e) fundamentar técnica e economicamente as pesquisas sobre células-tronco para uso em seres humanos. 57. (Unesp) Analise o mapa. Considerando o mapa e conhecimentos sobre o campo brasileiro, a) a ocorrência de assassinatos foi reduzida em áreas onde a agricultura comercial se fez hegemônica. b) o menor número de assassinatos na região Norte indica a eficiência das políticas de reforma agrária no Brasil. c) a área com maior ocorrência de assassinatos coincide com o avanço da fronteira agrícola. d) o elevado número de assassinados em áreas interioranas é compreendido pela fragilidade dos limites estaduais. e) a insegurança nas áreas rurais reflete o desinteresse nacional pela população residente fora das capitais. 58. (Unesp) Cada cultura tem suas virtudes, seus vícios, seus conhecimentos, seus modos de vida, seus erros, suas ilusões. Na nossa atual era planetária, o mais importante é cada nação aspirar a integrar aquilo que as outras têm de melhor, e a buscar a simbiose do melhor de todas as culturas. A França deve ser considerada em sua história não somente segundo os ideais de Liberdade-Igualdade- Fraternidade promulgados por sua Revolução, mas também segundo o comportamento de uma potência que, como seus vizinhos europeus, praticou durante séculos a escravidão em massa, e em sua colonização oprimiu povos e negou suas aspirações à emancipação. Há uma barbárie europeia cuja cultura produziu o colonialismo e os totalitarismos fascistas, nazistas, 28 comunistas. Devemos considerar uma cultura não somente segundo seus nobres ideais, mas também segundo sua maneira de camuflar sua barbárie sob esses ideais. (Edgard Morin. Le Monde, 08.02.2012. Adaptado.) No texto citado, o pensador contemporâneo Edgard Morin desenvolve a) reflexões elogiosas acerca das consequências do etnocentrismo ocidental sobre outras culturas. b) um ponto de vista idealista sobre a expansão dos ideais da Revolução Francesa na história. c) argumentos que defendem o isolamento como forma de proteção dos valores culturais. d) uma reflexão crítica acerca do contato entre a cultura ocidental e outras culturas na história. e) uma defesa do caráter absoluto dos valores culturais da Revolução Francesa. 59. (Enem PPL) A figura representada por Charles Chaplin critica o modelo de produção do início do século XX, nos Estados Unidos da América, que se espalhou por diversos países e setores da economia e teve como resultado a) a subordinação do trabalhador à máquina, levando o homem a desenvolver um trabalho repetitivo. b) a ampliação da capacidade criativa e da polivalência funcional para cada homem em seu posto de trabalho. c) a organização do trabalho, que possibilitou ao trabalhador o controle sobre a mecanização do processo de produção. d) o rápido declínio do absenteísmo, o grande aumento da produção conjugado com a diminuição das áreas de estoque. e) as novas técnicas de produção, que provocaram ganhos de produtividade, repassados aos trabalhadores como forma de eliminar as greves. 60. (Enem 2ª aplicação) O mercado tende a gerir e regulamentar todas as atividades humanas. Até há pouco, certos campos – cultura, esporte, religião – ficavam fora do seu alcance. Agora, são absorvidos pela esfera do mercado. Os governos confiam cada vez mais nele (abandono dos setores de Estado, privatizações). RAMONET, I. Guerras do século XXI: novos temores e novas ameaças. Petrópolis: Vozes, 2003. No texto é apresentada uma lógica que constitui uma característica central do seguinte sistema socioeconômico: a)