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MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
1 
AULAS 01 A 04 
 
Pontos enfrentados neste Material: 1. 
Constituição. Conceito. Classificação. 
Aplicabilidade e interpretação das normas 
constitucionais. 2. Poder constituinte: conceito, 
finalidade, titularidade e espécies. Reforma da 
Constituição. Cláusulas pétreas. 3. Princípios 
constitucionais e fundamentais da CF/88. 
 
1. Constituição. Conceito. 
Classificação. Aplicabilidade e interpretação 
das normas constitucionais 
1.1. Constituição 
A Constituição é a lei fundamental e 
suprema de um Estado, que contém normas 
referentes à estruturação e à organização do 
Estado, formação dos poderes públicos, forma de 
governo e aquisição do poder de governar, 
distribuição de competências, direitos, garantias 
e deveres dos cidadãos. 
Se adotarmos um conceito amplo de 
Constituição, podemos dizer que todo Estado, 
mesmo as formas mais incipientes de 
organização estatal, possuem uma Constituição. 
Assim é que, em uma organização tribal, 
poderíamos reconhecer a Constituição como o 
conjunto de normas, escritas ou costumeiras, 
acerca dos integrantes dessa tribo (seu povo), 
sua delimitação geográfica (território), a forma de 
aquisição e de exercício do poder político, etc. 
A Constituição, como a concebemos hoje 
(um documento escrito e supremo que organiza o 
poder do Estado e limita a sua atuação por meio 
da separação de poderes e da declaração de 
direitos fundamentais), surge apenas no final 
do século XVIII com o movimento denominado 
constitucionalismo, tendo como origens formais 
as Constituições norte-americana de 1787 e 
francesa de 1791. 
Na antiguidade e na Idade Média, sob a 
influência dos Estados absolutistas, 
predominavam as constituições não escritas, 
excepcionalmente reduzidas em textos esparsos 
como os pactos, os forais, as cartas de franquia e 
os contratos de colonização. 
O eminente jurista lusitano J.J. Gomes 
Canotilho preleciona que o movimento 
constitucional do início do século XIX firmou o 
conceito ideal de Constituição, segundo o qual 
ela deve conter as seguintes características: 
a) consagrar um sistema de garantias da 
liberdade; 
b) adotar o princípio da divisão dos 
poderes (protegendo os cidadãos contra os 
abusos do poder estatal); 
c) assumir a forma escrita. 
Ocorre que, se com o surgimento dos 
Estados liberais as constituições voltavam-se 
apenas para a estruturação e organização do 
Estado (no máximo prevendo os direitos 
fundamentais de liberdade – de primeira 
geração), no contexto atual dos Estados Sociais 
e Democráticos de Direito (preocupados com a 
igualdade social e com a legitimidade do poder 
pautada na soberania popular), os princípios 
fundamentais da sociedade e as bases de sua 
estruturação tornaram-se conteúdos essenciais 
das constituições. 
Como consequência, os direitos 
fundamentais (normas mais importantes de uma 
Constituição), que antes limitavam apenas os 
poderes públicos, passaram a obrigar também as 
relações entre os indivíduos (é a chamada 
“eficácia horizontal dos direitos fundamentais”), 
demonstrando, na atualidade, a preocupação do 
Direito Constitucional com a proteção da 
sociedade e do indivíduo, não somente em face 
do Estado, mas, sobretudo, em face da opressão 
que resulta das próprias relações sociais – do 
abuso do poder econômico, das cláusulas 
abusivas nos contratos de adesão, da 
propriedade que não cumpre sua função social, 
etc. 
Assim, as constituições contemporâneas 
debruçam-se sobre as bases fundamentais não 
apenas do Estado, mas também da sociedade. 
De acordo com a lição da doutrina, a 
Constituição é formada pelos seguintes 
elementos: 
a) elementos orgânicos – dispõem sobre 
a estruturação e organização do Estado. Ex.: 
normas dos títulos III (“Da Organização do 
Estado”) e IV (“Da Organização dos Poderes”) da 
CF/88; 
b) elementos limitativos – contêm os 
limites da atuação do poder do Estado. Ex.: as 
normas do Título II da CF/88 (direitos e garantias 
fundamentais); 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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c) elementos sócio-ideológicos – 
estabelecem as finalidades a serem alcançadas 
na ordem econômica e social. Ex.: as normas dos 
Títulos VII (“Da Ordem Econômica e Financeira”) 
e VIII (“Da Ordem Social”) da CF; 
d) elementos de estabilização 
constitucional – prescrevem os meios de 
proteção das normas constitucionais. Ex.: art. 
102, inciso I, “a” (ADI e ADC); art. 103, § 2.º (ADI 
por omissão); art. 102, § 1.º (ADPF); arts. 34 a 36 
(intervenção federal e estadual); art. 136 (estado 
de defesa); arts. 137 a 139 (estado de sítio) e art. 
60 (processo especial de emendas à CF – rigidez 
constitucional); 
e) elementos formais de aplicabilidade 
– voltados para a aplicação das próprias normas 
constitucionais. Ex.: as normas do ADCT (Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias) e o art. 
5.º, § 1.º. 
1.2. Conceitos de Constituição 
Existem várias definições para o termo 
Constituição, sendo certo que a única 
unanimidade nesse tema é a ausência de um 
conceito definitivo, tamanha a diversidade de 
experiências constitucionais já vivenciadas. 
Passemos, então, à análise das concepções 
mais tradicionais na doutrina. 
a) Sentido sociológico – Para 
Ferdinand Lassale, a Constituição real e efetiva 
de um Estado apenas reflete a realidade social 
determinada pelos fatores reais de poder - 
poder político, poder econômico, cultural, 
religioso, etc.- que dominam uma sociedade, não 
passando a Constituição escrita de mera “folha 
de papel”. 
Havendo um conflito entre a Constituição 
real e efetiva e a Constituição escrita, 
prevalecerá sempre a vontade da primeira, diante 
da predominância dos reais fatores de poder, que 
vem a ser o que realmente importa para essa 
corrente doutrinária. 
b) Sentido político – Segundo Carl 
Schmitt, a Constituição é a decisão política 
fundamental, consistindo em um conjunto de 
decisões sobre o modo e a forma de existência 
da unidade política. A Constituição encontraria, 
então, seu fundamento de validade em uma 
decisão política que a antecede, e não na norma 
jurídica (teoria decisionista). 
Para Carl Schmitt, existe uma diferença 
entre Constituição “propriamente dita”, que se 
refere às decisões políticas fundamentais: 
estrutura e órgãos do estado, direitos individuais, 
regime democrático, etc.; e “leis 
constitucionais”, que são os demais 
dispositivos inscritos no texto constitucional que 
não contêm matéria de decisão política 
fundamental (vide o art. 242, § 2.º, da CF como 
exemplo típico de mera lei constitucional). 
A concepção política da Constituição é 
que inspira a distinção doutrinária entre normas 
materialmente constitucionais em contraposição 
às formalmente constitucionais: enquanto as 
primeiras conteriam as decisões políticas mais 
importantes do país, as últimas seriam 
constitucionais pelo simples fato de estarem 
inseridas no texto da Lei Maior, independente do 
seu conteúdo – correspondendo às “leis 
constitucionais”. 
c) Sentido jurídico – Para Hans Kelsen, 
a Constituição é norma jurídica pura, puro 
dever-ser, dissociado de qualquer fundamento 
sociológico, político ou filosófico. Apesar de 
reconhecer que o direito é baseado em fatores 
sociais e políticos, o mestre austríaco entende 
que tais influências serão estudadas pela filosofia 
ou pela sociologia jurídicas, as quais não se 
confundem com a ciência do direito, que se 
debruça exclusivamente sobre a norma pura. 
Kelsen concebe a Constituição em dois 
sentidos: 
1.º) o lógico-jurídico – a Constituição 
significa a norma hipotética fundamental, 
servindo de fundamento lógico-transcendental 
de validade para a Constituição “jurídico-
positiva”; 
2.º) o jurídico-positivo – é a norma 
positiva suprema, lei nacional no seu mais alto 
grau, encontrando-se no vértice
do ordenamento 
jurídico e servindo como fundamento de validade 
para todas as outras leis. 
Segundo Kelsen, o ordenamento jurídico é 
formado por um escalonamento de normas, 
sendo que as inferiores encontram seu 
fundamento de validade nas superiores, numa 
relação de verticalidade hierárquica, até se 
chegar à Constituição (Lei de maior hierarquia 
jurídica), que, por sua vez, encontra fundamento 
de validade na norma hipotética fundamental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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d) Teoria da força normativa da 
Constituição (Konrad Hesse) – Para essa 
teoria, que surgiu como contraponto à concepção 
sociológica de Ferdinand Lassale, a Constituição 
não é uma mera “folha de papel” ou simples 
reflexo dos “fatores reais de poder”. Ao contrário, 
e como toda norma jurídica, a Constituição tem 
força ativa para mudar a realidade. 
É importante ressaltar que Hesse não 
nega a força dos fatores reais de poder social, 
mas defende que, no eventual conflito entre 
esses fatores de poder e a constituição escrita, 
nem sempre haverá predominância do primeiro, 
considerando que não se deve menosprezar o 
valor normativo de uma Constituição e a sua 
força para mudar a realidade social. 
Para Hesse, a força normativa de uma 
Constituição depende da chamada “vontade de 
constituição” (que vem a ser a disposição dos 
indivíduos de orientar a própria conduta segundo 
a ordem estabelecida na Lei Maior). Essa 
vontade será tão mais intensa, quanto a 
Constituição tiver espelhado os valores 
essenciais da comunidade política, captando o 
seu espírito. 
e) Teoria da sociedade aberta dos 
intérpretes da Constituição (Peter Häberle) – 
Para essa teoria, a interpretação da Constituição 
não deve se limitar aos seus intérpretes formais 
(ex.: Poder Judiciário) nem aos procedimentos 
formalizados (modelo de “sociedade fechada” 
dos intérpretes constitucionais). 
Ao contrário, propõe-se que a 
interpretação da Constituição esteja vinculada a 
um modelo de “sociedade aberta” dos intérpretes 
constitucionais, não limitado aos órgãos estatais, 
mas acessível a todas as forças da comunidade 
política (cidadãos, associações, partidos 
políticos, igrejas, sindicatos, grupos de pressão 
organizados, opinião pública, etc.), por se 
entender que todas essas potências públicas que 
vivem no contexto regulado pela Constituição são 
participantes ativos do seu processo 
hermenêutico. 
Nesse sentido, Peter Häberle propõe uma 
democratização da hermenêutica 
constitucional, compreendendo a Constituição 
como um documento aberto à interpretação dos 
órgãos estatais, da doutrina constitucional e dos 
mais diversos atores da vida social. 
1.3. Classificação das Constituições 
a) Quanto ao conteúdo - Constituição 
material ou substancial: conjunto de normas, 
inseridas ou não em um documento escrito, 
que regulam a estrutura do Estado, a 
organização dos seus órgãos e os direitos 
fundamentais. Ou seja, Constituição do ponto de 
vista material apenas se refere às normas 
“tipicamente”, “essencialmente” constitucionais1 x 
Constituição formal: conjunto de normas 
inseridas no texto constitucional, 
independente do seu conteúdo. 
Devemos ressaltar que a Constituição 
formal é necessariamente escrita e rígida. 
Assim, podemos conceituá-la como o conjunto de 
normas, reduzidas sob a forma escrita em um ou 
mais documentos, solenemente estabelecidas 
pelo poder soberano, por meio de um processo 
legislativo mais dificultoso, diferenciado e mais 
solene do que o processo legislativo de formação 
das demais normas do ordenamento. 
b) Quanto à forma - Constituição escrita: 
conjunto de normas escritas, elaboradas por um 
órgão constituinte, encerrando todas as normas 
constitucionais. A doutrina ressalta o seu efeito 
racionalizador, estabilizante e de segurança 
para o ordenamento jurídico, denominando-a de 
“Constituição Instrumental”. Subdivide-se em: 
codificada (sistematizada em um único 
documento) ou legal (contida em mais de um 
documento legal) x Constituição não escrita, 
histórica, consuetudinária ou costumeira: é 
aquela cujas normas não constam de um 
documento único e solene, baseando-se nos 
costumes, jurisprudência e em textos esparsos 
(exemplo: Constituição inglesa)2. 
 
1
 Ressalte-se que Constituição material no sentido amplo é a 
própria organização de um Estado, o seu regime político. Sob esse 
aspecto, todo Estado tem uma Constituição, pois, se ele existe de 
certo modo, sob uma forma, qualquer que seja esse seu modo de 
existir é a sua Constituição. Já no sentido estrito, Constituição 
material é o conjunto de normas, escritas ou não, que tratam das 
matérias tipicamente constitucionais (organização do Estado, 
forma de governo e direitos fundamentais do homem). 
2 Notem que a característica principal da Constituição não escrita 
consiste no fato de ela não se basear exclusivamente em textos 
legais, o que não impede a existência de textos escritos esparsos. 
Assim, a Constituição não escrita (costumeira ou histórica) é 
aquela que se baseia na história e na tradição de um povo, nos 
costumes, nas convenções constitucionais, na jurisprudência e, 
eventualmente, em textos escritos (ex.: a Constituição da 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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c) Quanto à origem – Constituição 
democrática, promulgada, popular ou votada: 
caracterizada pela participação popular. Origina-
se dos trabalhos de uma Assembléia Nacional 
Constituinte, composta por representantes do 
povo, eleitos para essa finalidade. Exs.: 
constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946, 
1988 x Constituição outorgada: são as 
elaboradas sem a participação popular, impostas 
pelo ditador de plantão (exs.: Constituições 
brasileiras de 1824, 1937, 1967 e EC n. 1/69) x 
Constituição pactuada, mista ou dualista: 
oriunda de um pacto celebrado entre dois ou 
mais titulares do poder constituinte. Ex.: Magna 
Carta da Inglaterra de 1215, quando se entendeu 
que o poder constituinte encontrava-se dividido 
entre os barões do reino e o rei João Sem Terra x 
Constituição cesarista, bonapartista, 
plebiscitária ou referendária: são constituições 
outorgadas que se submetem a uma consulta 
popular posterior ou anterior para que sejam 
aprovadas. Nesses casos, não ocorre uma 
participação popular efetiva, pois o plebiscito ou 
referendo serve apenas para ratificar a vontade 
do detentor do poder. Exemplos: Constituições 
precedidas de plebiscitos napoleônicos e de 
plebiscitos no Chile de Pinochet. 
d) Quanto ao modo de elaboração - 
Constituição dogmática: constituição 
necessariamente escrita, elaborada em um 
momento solene por um órgão constituinte 
convocado para esse fim, respeitando os dogmas 
da teoria política e jurídica dominantes. Ex.: todas 
as Constituições brasileiras x Constituição 
histórica: constituição necessariamente não 
escrita, fruto da lenta e contínua síntese histórica, 
da tradição e dos fatos políticos. Exemplo: 
Constituição inglesa. 
e) Quanto à estabilidade, alterabilidade ou 
mutabilidade - Constituição imutável: não prevê 
nenhum processo de alteração x Constituição 
fixa: estabelece que somente pode ser alterada 
por obra do próprio poder constituinte originário 
(isso, em verdade, resultaria não em alteração, 
mas em elaboração de uma nova Constituição) x 
Constituição rígida: prevê, para a sua 
 
Inglaterra baseia-se na história do seu povo, nos costumes, na 
jurisprudência e também em textos esparsos – ex.: a Magna Carta 
de 1215). 
modificação, um procedimento solene, mais difícil 
do que o previsto para a alteração da legislação 
comum x Constituição flexível: prevê, para a 
sua modificação, o mesmo procedimento 
observado para as leis infraconstitucionais x 
Constituição semirrígida
ou semiflexível – 
parte rígida, parte flexível. Ex.: CF brasileira de 
18243. 
f) Quanto à extensão - Constituição 
breve, concisa ou sintética: Constituição de 
poucos artigos, que prevê somente os princípios 
e as normas gerais de estruturação e limitação 
do poder do Estado. Tende a ser mais duradoura 
(ex.: Constituição dos EUA, de 1787) x 
Constituição longa, prolixa ou analítica: 
Constituição extensa, que aborda e regula todos 
os assuntos que considera relevantes à formação 
e funcionamento do Estado (ex.: CF/88). 
g) Quanto à finalidade - Constituição-
garantia (também chamada de negativa): seu 
objetivo principal reside na limitação do poder do 
Estado por meio da previsão de um sistema de 
garantia das liberdades públicas (ex.: 
Constituição dos EUA). Essa Constituição 
também é chamada de negativa, considerando 
que ela limitava-se à previsão das liberdades 
negativas ou liberdades-impedimento, que são os 
típicos direitos de 1.ª geração x Constituição-
dirigente: pretende ser um plano normativo 
global, que determina tarefas, programas de 
atuação futura e fins para o Estado. Caracteriza-
se, também, por conter muitas “normas 
programáticas” em seu texto (ex.: CF/88) x 
Constituição-balanço: preocupa-se apenas em 
retratar uma situação existente, voltada, portanto, 
para o mundo do “ser” e não para o mundo do 
“dever-ser” (ao contrário da Constituição 
dirigente, que impõe finalidades para o Estado) 
(ex.: Constituições soviéticas de 1924, 1936 e 
1977, as quais pretenderam apenas refletir o 
grau de evolução do compromisso socialista da 
antiga URSS). 
h) Quanto à ideologia - Constituição 
ortodoxa ou simples: formada por uma 
ideologia única (ex.: Constituições soviéticas) x 
Constituição eclética, pluralista ou 
compromissória – abriga diversas ideologias, 
 
3
 À exceção da Constituição de 1824 (semirrígida), todas as outras 
Constituições brasileiras foram rígidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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que são conciliadas na Lei Maior, por obra do 
compromisso entre forças políticas diferentes 
(ex.: CF/88). 
i) Quanto ao objeto - Constituição liberal: 
limita-se à organização do Estado e à previsão 
de direitos civis e políticos, não contendo normas 
relativas à ordem econômica e social. É 
associada ao Estado Liberal de Direito e 
predominou nos séculos XVIII e XIX (a primeira 
Constituição liberal foi a norte-americana de 
1787) x Constituição social: contém normas 
relativas à ordem econômica e social, buscando 
o bem-estar da coletividade. Há previsão de 
mecanismos de intervenção do Estado na 
economia, a fim de combater o abuso do poder 
econômico e promover uma política de 
desenvolvimento social. É associada ao welfare 
state e aos Estados da social-democracia, 
predominando a partir do século XX (a primeira 
Constituição social foi a mexicana de 1917). 
 j) Quanto à concordância entre as normas 
constitucionais e a realidade política 
(classificação ontológica de Karl Loewenstein) - 
Constituição normativa – possui grande 
eficácia, uma vez que a dinâmica do poder 
efetivamente se submete às normas 
constitucionais (ex.: CF dos EUA) x Constituição 
semântica – as normas constitucionais não 
dominam o processo político nem há essa 
vontade. Em verdade, a Constituição semântica 
não passa de uma “fachada”, mera formalização 
do poder político dominante, servindo 
exclusivamente aos detentores do poder e típica 
de Estados autoritários (exs: CF brasileiras de 
1937 e 1967, com a Emenda de 1969) x 
Constituição nominal – as normas 
constitucionais também não dominam o processo 
político, existindo, porém, a pretensão de que no 
futuro haja concordância entre as normas 
constitucionais e a realidade política 
(conservando a Constituição um caráter 
educativo e prospectivo). Exs.: CF brasileiras de 
1891, 1934, 1946 e 1988. 
A Constituição brasileira de 1988 pode ser 
classificada como uma Constituição: formal, 
escrita, dogmática, promulgada, rígida, analítica, 
dirigente, eclética, social e nominalista. 
 Compõem a estrutura da CF/88: 
a) Preâmbulo - é a parte precedente da 
Constituição, considerado como um documento 
de intenções ou proclamação de princípios. Não 
possui valor normativo (não é norma 
constitucional), apesar de possuir valor 
interpretativo e integrativo, podendo condicionar 
a interpretação e a aplicação de toda a parte 
dogmática e das disposições transitórias. 
b) Parte dogmática – é o texto articulado 
da Constituição, do art. 1.º ao art. 250. 
c) Disposições transitórias (ADCT) – 
fazem a integração entre a nova ordem 
constitucional e a que foi substituída, 
estabelecendo as regras de transição entre as 
duas constituições. Possuem também normas 
constitucionais temporárias (ex.: CPMF – arts. 74 
e 75). O ADCT faz parte do texto constitucional, 
podendo trazer exceções às regras contidas na 
parte dogmática. 
d) Emendas constitucionais – apesar 
de, normalmente, as emendas alterarem o texto 
constitucional, na parte dogmática ou no ADCT, 
muitas emendas constitucionais apresentam 
artigos autônomos que não se encontram 
inseridos na sequência dos artigos da CF, mas 
que possuem igualmente força de norma 
constitucional (ex.: art. 2.º da EC n.º 32/01). 
e) Tratados internacionais de direitos 
humanos com força constitucional – de acordo 
com o art. 5.º, § 3.º, da CF/88, acrescentado pela 
EC n.º 45/04, os tratados internacionais de 
direitos humanos que forem aprovados, em cada 
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de 
discussão e votação, obtendo em cada um 
desses turnos a aprovação de três quintos dos 
respectivos parlamentares, serão equivalentes às 
emendas constitucionais e, portanto, fazem parte 
do texto formal da CF/88 (ex.: a Convenção 
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com 
Deficiência e seu protocolo facultativo, aprovado 
no Congresso Nacional pelo Decreto Legislativo 
n.º 186/08 e promulgado pelo Decreto 
presidencial n.º 6.949/09). 
1.4. Normas constitucionais: 
aplicabilidade e interpretação 
As normas jurídicas possuem duas 
espécies de eficácia: a eficácia social ou 
efetividade, relacionada com a real observância 
da norma no meio social, e a eficácia jurídica, 
que diz respeito à aplicabilidade e exigibilidade 
da norma, i.e., sua capacidade para produzir os 
efeitos próprios das normas jurídicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Todas as normas constitucionais 
possuem eficácia jurídica, i.e., são aptas a 
produzir os efeitos próprios das normas jurídicas. 
Já em relação à eficácia social, José Afonso da 
Silva classifica as normas constitucionais em 
normas de eficácia plena, normas de eficácia 
contida e normas de eficácia limitada. Vejamos 
cada uma delas: 
a) Normas constitucionais de eficácia 
plena – são aquelas que, desde a entrada em 
vigor da Constituição, produzem ou têm 
possibilidade de produzir todos os efeitos 
essenciais, relativamente aos interesses que o 
legislador constituinte quis regular, porquanto já 
dotadas de normatividade suficiente. Possuem 
aplicabilidade imediata, direta e integral e 
eficácia social plena. São exemplos: art. 1.º, art. 
5.º, caput, e incisos XXXV e XXXVI, art. 60, §§ 
1.º e 4.º, e art. 69, todos da CF/88. 
b) Normas constitucionais de eficácia 
contida (redutível ou restringível) – são normas 
igualmente dotadas de força normativa suficiente 
para produzir todos os seus efeitos essenciais. 
Porém, diferentemente das normas de 
eficácia plena, o próprio texto da norma de 
eficácia contida deixa margem a que sua 
incidência venha a ser restringida posteriormente, 
nos termos em que o legislador 
infraconstitucional estabelecer ou diante de 
conceitos gerais nela enunciados. A restrição 
dessas normas ainda pode ocorrer por força de 
outras normas constitucionais. 
Portanto, na lição de J. Afonso da Silva,
a 
norma de eficácia contida pode ser restringida: 
a) por “conceitos gerais e abstratos” nela 
enunciados (denominados de conceitos ético-
jurídicos), tais como: ordem pública, segurança 
nacional, bons costumes, necessidade ou 
utilidade pública, etc., resultando em limitação da 
eficácia do seu conteúdo quando de sua 
aplicação no caso concreto (exs.: CF, art. 136 e 
art. 34, I); 
b) por obra do legislador 
infraconstitucional (exs.: CF, art. 5.º, VIII e XIII); 
c) por obra de outras normas 
constitucionais (ex.: o direito de reunião e o 
sigilo de correspondência podem ser restringidos 
em caso de decretação de estado de defesa – 
CF, art. 136, § 1.º, III). 
As normas constitucionais de eficácia 
contida possuem aplicabilidade imediata e 
direta, mas possivelmente não integral; e 
eficácia social contida ou redutível. 
c) Normas constitucionais de eficácia 
limitada – são aquelas que apresentam 
aplicabilidade mediata ou indireta (também 
chamada de reduzida ou diferida), porque 
somente incidem totalmente sobre os interesses 
que regulam após uma legislação ulterior que 
lhes desenvolva a aplicabilidade. Temos como 
exemplos o art. 7.º, incisos XX e XXVII, art. 192, 
art. 215, art. 218, todos da CF/88. 
Para José Afonso da Silva, as normas de 
eficácia limitada subdividem-se em normas 
constitucionais de princípio institutivo e normas 
constitucionais de princípio programático. 
Normas constitucionais de princípio 
institutivo são aquelas que traçam esquemas 
gerais de estruturação e atribuições de órgãos, 
entidades ou institutos, para que o legislador 
ordinário os estruture em definitivo, mediante lei. 
De acordo com José Afonso, as normas de 
princípio institutivo podem facultar a elaboração 
de uma legislação integrativa (ex.: CF, art. 125, § 
7.º) ou obrigar o legislador à emissão dessa 
legislação (ex.: CF, art. 125, § 6.º). 
Por sua vez, as normas constitucionais de 
princípio programático ou, simplesmente, normas 
programáticas explicitam verdadeiros 
“comandos-valores”, programas de atuação 
futura, fins a serem perseguidos pelo Estado. 
Exs.: arts. 215 e 218 da CF. Os direitos sociais, 
em regra, vêm previstos na forma de “normas 
programáticas”. 
Essas normas costumam ser muito 
cobradas em concursos públicos, em razão da 
nossa CF/88 ser uma “constituição-dirigente”, 
repleta de normas-programa. Essas normas 
caracterizam-se por prescrever finalidades, 
programas de governo para o Estado (ex: 
promover o desenvolvimento científico, dar 
saúde, educação, direitos culturais, etc.), sem 
especificar os meios de sua realização. Apesar 
de uma parcela da doutrina negar a força jurídica 
dessas normas, a doutrina majoritária (seguida 
pela jurisprudência do STF – RE 271286 
AgR/RS) já pacificou que as normas 
programáticas obrigam todos os poderes 
públicos, condicionando a atividade do Executivo, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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do Legislativo e do Judiciário às finalidades nelas 
contidas. 
Para dar efetividade às normas 
constitucionais limitadas, carentes de 
complementação legislativa, a CF/88 previu os 
institutos da ADI por omissão e do mandado de 
injunção, a serem estudados em momento 
oportuno. 
Embora menos cobrada em concursos, 
destacamos a classificação de normas 
constitucionais quanto à sua eficácia social da 
professora Maria Helena Diniz: 
1) normas supereficazes ou com eficácia 
absoluta (caracterizadas pela intangibilidade, não 
podendo o poder constituinte derivado restringi-
las indevidamente – são as cláusulas pétreas 
previstas no art. 60, § 4.º, da CF); 
2) normas com eficácia plena (equivalem 
às normas de eficácia plena da classificação 
proposta por José Afonso da Silva); 
3) normas com eficácia relativa 
restringível (correspondem às normas de eficácia 
contida); 
4) normas com eficácia relativa 
complementável ou dependente de 
complementação legislativa (correspondem às 
normas de eficácia limitada). 
1.4.1. Interpretação das normas 
constitucionais 
 São princípios de hermenêutica 
constitucional: 
 a) Princípio da unidade da Constituição 
– como princípio mais importante de 
interpretação constitucional, ele impõe que a 
Carta Magna seja entendida como uma unidade 
de sentido, sem a possibilidade de 
reconhecimento de hierarquia jurídica entre 
as normas constitucionais. Com isso, as 
normas constitucionais devem ser consideradas 
no seu conjunto, privilegiando-se uma 
interpretação sistemática. Ainda, diante desse 
princípio, o Brasil não aceita a teoria alemã das 
“normas constitucionais inconstitucionais”4. 
 
4
 No direito alemão, inspirado nos ideais jusnaturalistas, admite-
se que uma norma da Constituição originária seja declarada 
inconstitucional com base em outra norma da Constituição que se 
coloque mais próxima dos chamados “direitos naturais do 
homem” (teoria da norma constitucional inconstitucional – Otto 
Bachof). No Brasil, entendemos que todas as normas originárias 
da Constituição de 1988 consistem em decisões políticas 
 b) Princípio do efeito integrador – a 
interpretação constitucional deve favorecer a 
integração política e social, fim último de uma 
Constituição. 
 c) Princípio da justeza, correção ou 
conformidade funcional – a interpretação 
constitucional deve respeitar o “esquema 
organizatório-funcional” (princípio da separação 
de poderes) estabelecido na CF/88. 
 d) princípio da concordância prática ou 
da harmonização – os bens jurídicos protegidos 
pela Constituição devem ser harmonizados no 
caso concreto, evitando o sacrifício total de uns 
em relação aos outros. 
 e) princípio da força normativa da 
Constituição e da máxima efetividade ou da 
eficiência – esses princípios exigem que a 
interpretação conceda à norma constitucional o 
sentido que lhe dê a maior eficácia. 
 f) princípio da interpretação das leis em 
conformidade com a Constituição: as leis 
devem ser interpretadas conforme a Constituição 
e não o contrário, diante do princípio da 
supremacia constitucional. 
A Constituição não pode ser interpretada 
a partir da legislação ordinária, sob pena de ferir 
de morte o princípio da supremacia da 
Constituição. Além disso, a lei não pode 
pretender interpretar a Constituição (criada pelo 
Poder Constituinte), daí se dizer que é 
inadmissível a interpretação autêntica da 
Constituição (feita pelo legislador ordinário)5. 
 
fundamentais tomadas pelos representantes do povo, não 
cabendo falar em declaração de sua inconstitucionalidade. 
Portanto, não há, na Constituição brasileira de 1988, normas 
constitucionais superiores e inferiores ou hierarquia jurídica 
dentro da Carta Magna, devendo o intérprete considerar a 
Constituição como uma unidade de sentido. 
5
 Não devemos confundir essa afirmação (a de que não é 
admissível a interpretação autêntica da Constituição feita pelo 
legislador ordinário) com o cabimento das “leis interpretativas” 
que realizem uma interpretação autêntica da obra do próprio 
legislador ordinário. Nesse sentido, a jurisprudência do STF admite 
a validade de tais leis interpretativas, que fazem a interpretação 
autêntica de outras leis anteriores (interpretação autêntica, aqui 
referida, é aquela realizada pelo próprio órgão que edita o ato 
interpretado). O STF entende que essas leis interpretativas, 
elaboradas pelo Poder Legislativo, não usurpam as atribuições 
institucionais do Judiciário e, em consequência, não ofendem o 
postulado fundamental da divisão funcional do poder (ADI 
605/DF). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
8 
Em verdade, a “interpretação conforme a 
Constituição” é, ao mesmo tempo, princípio de 
hermenêutica constitucional e técnica de decisão 
de controle de constitucionalidade. 
Como técnica de
decisão, a “interpretação 
conforme” é utilizada quando uma norma admite 
mais de uma interpretação (normas 
“plurisignificativas”), sendo que algumas afrontam 
o texto constitucional, enquanto outras não. 
Nesse caso, o princípio da supremacia 
constitucional (ou da prevalência da 
Constituição) e a presunção de 
constitucionalidade das leis (também chamada 
de preservação das normas) exigem que seja 
dada preferência àquela(s) interpretação(ões) 
que se harmonize(m) com a Carta Política, 
evitando a retirada da norma inferior do 
ordenamento jurídico. 
 Ressalte-se que, na técnica da 
interpretação conforme a Constituição, o Poder 
Judiciário somente pode atuar como legislador 
negativo (restringindo os sentidos possíveis da 
norma, sem criar uma interpretação não prevista 
pelo legislador). Com isso, se a lei não tiver 
alguma interpretação compatível com a 
Constituição, ela deve ter sua 
inconstitucionalidade declarada, não sendo o 
caso de utilização desta técnica. 
 Por outro lado, são considerados métodos 
de interpretação constitucional: 
a) Método jurídico ou hermenêutico-
clássico: parte da premissa de que a 
Constituição é uma lei, devendo ser interpretada 
pelos métodos clássicos de hermenêutica 
utilizados para as leis em geral (gramatical, 
lógico, sistemático, teleológico, etc.). 
b) Método tópico-problemático: 
entendendo que a Constituição é um sistema 
normativo aberto, admitindo mais de um 
significado possível, deve o intérprete partir do 
problema (i.e., do caso concreto, e não da 
norma em abstrato), analisando os pontos de 
vista possíveis (os “topoi”, de acordo com o 
pensamento tópico), a fim de escolher a melhor 
solução para aquele caso específico. 
c) Método científico-espiritual: 
considerando que a Constituição é um 
instrumento de integração social e política, 
deve o intérprete guiar-se pelos valores que 
formam a essência, o “espírito da Constituição” 
(ex.: os direitos fundamentais, a forma de Estado, 
o regime de governo, etc.), a fim de realizar a 
unidade sociopolítica pretendida pela Lei das 
Leis. 
d) Método hermenêutico-concretizador: 
parte da premissa de que a leitura de qualquer 
texto normativo, inclusive o texto da Constituição, 
começa pela “pré-compreensão” do intérprete, 
o qual deve concretizar a norma, levando em 
consideração o contexto histórico em que se 
encontra inserido. 
e) Método normativo-estruturante: parte 
da premissa de que existe uma implicação 
necessária entre “programa normativo” (os 
preceitos jurídicos) e o “âmbito normativo” (a 
realidade que eles pretendem regular), e que a 
interpretação da Constituição não deve se 
limitar ao texto legal (considerado apenas como 
a ponta de um “iceberg”), devendo igualmente 
levar em conta os fatos da realidade social 
que a Constituição pretendeu regular. 
f) Método da comparação 
constitucional: consiste na confrontação entre 
pontos comuns e divergentes entre sistemas 
constitucionais de diferentes países ou entre as 
sucessivas constituições de um mesmo Estado, 
sendo considerado como um recurso a mais à 
disposição do hermeneuta. Esse método trabalha 
com o chamado “direito comparado 
constitucional”. 
 
1.5. Questões de concursos anteriores 
 
1. (ESAF.Oficial de Chancelaria.MRE.2004) O 
objeto da teoria geral do Estado é o estudo da 
construção jurídica do Estado, podendo 
abranger, ainda, o estudo do Estado em sua 
perspectiva de realidade jurídica e de 
realidade social. 
 
2. (ESAF.AFC.2005) Sobre teoria geral do 
Estado, processo evolutivo do ente estatal, 
poderes e funções do Estado e formas de 
governo e de Estado, assinale a única opção 
correta. 
 
a) O Estado moderno de tipo europeu, quando do 
seu surgimento, tinha como características 
próprias: ser um Estado nacional, correspondente 
a uma nação ou comunidade histórico-cultural, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
9 
possuir soberania e ter por uma de suas bases o 
poder religioso. 
b) O poder político ou poder estatal é o 
instrumento de que se vale o Estado moderno 
para coordenar e impor regras e limites à 
sociedade civil, sendo a delegabilidade uma das 
características fundamentais desse poder. 
c) A função executiva, uma das funções do poder 
político, pode ser dividida em função 
administrativa e função de governo, sendo que 
esta última comporta atribuições políticas, mas 
não comporta atribuições co-legislativas. 
d) Forma de governo diz respeito ao modo como 
se relacionam os poderes, especialmente os 
Poderes Legislativo e Executivo, sendo os 
Estados, segundo a classificação dualista de 
Maquiavel, divididos em repúblicas ou 
monarquias. 
e) A divisão fundamental de formas de Estados 
dá-se entre Estado simples ou unitário e Estado 
composto ou complexo, sendo que o primeiro 
tanto pode ser Estado unitário centralizado como 
Estado unitário descentralizado ou regional. 
 
3. (FCC.EPP.Secretaria de 
Administração/BA.2004) Com fundamento em 
conceitos básicos da Teoria Geral do Estado, 
é INCORRETO afirmar: 
 
a) Todas as pessoas presentes no território do 
Estado, num determinado momento, inclusive 
estrangeiros e apátridas, fazem parte da 
população. 
b) O conceito de Estado não se confunde com o 
de Nação. 
c) O território de um Estado é a base geográfica 
do poder soberano. 
d) São elementos constitutivos do Estado 
Moderno: povo, território e soberania. 
e) A soberania é una, divisível, alienável e 
imprescritível. 
 
4. (CESGRANRIO.Técnico.FUNASA.2009) Em 
um curso sobre Estado, sociedade e mercado, 
os participantes estudaram o conceito de 
Estado, e concluíram, corretamente, que se 
refere a: 
 
a) conjunto de pessoas que compartilham 
propósitos, gostos, preocupações e costumes e 
que interagem entre si, constituindo uma 
comunidade. 
b) local onde se encontram compradores e 
vendedores e que, por meio, de um processo de 
negociação, determinam o preço e a quantidade 
do bem a ser transacionado ou trocado entre 
ambos. 
c) instituição organizada política, social e 
juridicamente, ocupando um território definido, e 
dirigida por um governo que possui soberania 
reconhecida, em que a lei máxima é uma 
Constituição escrita. 
d) organização que é a autoridade governante de 
uma unidade política. 
e) órgãos, serviços e agentes públicos, 
associados às demais pessoas coletivas, que 
asseguram a satisfação das necessidades 
políticas. 
 
5. (CESPE.Promotor.MPE/AM.2007) “Sobre o 
Estado, relembraremos apenas o que dizem 
os manuais: Estado é uma nação 
politicamente organizada, conceito sintético 
que demandaria desdobramentos 
esclarecedores, pelo menos quanto aos 
chamados elementos constitutivos do Estado 
e, principalmente, sobre o modo como, em 
seu interior, se exerce a violência física 
legítima, cujo monopólio Max Weber 
considera necessário à própria existência do 
Estado Moderno” (Gilmar F. Mendes, 
Inocêncio M. Coelho e Paulo G. Branco. Curso 
de Direito Constitucional. São Paulo, Saraiva, 
2007). Sobre o tema, assinale a opção correta. 
 
a) A ideia de Estado de Direito, desde os 
primórdios da construção desse conceito, está 
associada à de contenção dos cidadãos pelo 
Estado. 
b) A soberania do Estado, no plano interno, 
traduz-se no monopólio da edição do direito 
positivo pelo Estado e no monopólio da coação 
física legítima, para impor a efetividade das suas 
regulações e dos seus comandos. 
c) Os tradicionais elementos apontados como 
constitutivos do Estado são: o povo, a 
uniformidade linguística e o governo. 
d) Os fenômenos globalização, 
internacionalização e integração interestatal 
puseram em franca ascendência o modelo de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
10 
Estado como unidade política soberana. 
e) O vocábulo nação é bastante adequado para 
expressar tanto o sentido de povo, quanto o de 
Estado. 
 
6. (CESPE.Analista em 
Advocacia.SERPRO.2008) O conceito de 
Estado possui basicamente quatro elementos:
nação, território, governo e soberania. Assim, 
não é possível que haja mais de uma nação 
em um determinado Estado, ou mais de um 
Estado para a mesma nação. 
 
7. (Delegado de Polícia.PC-MG.2008) Por 
forma de Estado podemos entender o 
seguinte. 
 
a) A quem é atribuído e como deve ser exercido 
o poder político do Estado. 
b) A relação de confiança entre o Poder 
Legislativo e o Poder Executivo, com vistas a 
manter a estabilidade política, jurídica e social. 
c) De que maneira ocorre a organização político-
administrativa do Estado, estabelecendo o grau 
de descentralização do poder central e a 
autonomia dos poderes locais. 
d) De que maneira é exercido o poder político do 
Estado em determinado momento histórico, 
demonstrando, assim, a relação entre 
governantes e governados. 
 
8. (CESPE.Defensor.DPU.2007) Entre os 
conceitos vigentes a partir do século XVI, à 
época do Renascimento, e que estão na 
origem da modernidade, encontra-se a noção 
do Estado como soberania. 
 
9. (CESPE.Defensor.DPU.2007) O 
amadurecimento da ideia de nação, alcançado 
no século XIX, influenciou na definição de 
teorias relativas ao Estado. 
 
10. (CESPE.Defensor.DPU.2007) A noção de 
Estado do bem-estar social tem sua origem na 
filosofia de Comte, para quem o poder deveria 
pertencer aos cientistas e garantir os meios 
de criação de felicidade e de virtude pela 
ordem e pelo progresso. 
 
11. (ESAF.APO.SEFAZ.SP.09) Assinale a 
opção correta relativa à classificação da 
Constituição Federal de 1988. 
 
a) É costumeira, rígida, analítica. 
b) É parcialmente inalterável, outorgada, 
sintética. 
c) É rígida, outorgada, analítica. 
d) É rígida, parcialmente inalterável, promulgada. 
e) É flexível, promulgada, analítica. 
 
12. (ESAF.AFC.CGU.05) Na concepção de 
constituição em seu sentido político, 
formulada por Carl Schmmitt, há uma 
identidade entre o conceito de constituição e 
o conceito de leis constitucionais, uma vez 
que é nas leis constitucionais que se 
materializa a decisão política fundamental do 
Estado. 
 
13. (ESAF.AFRF.2002) Assinale a opção 
correta. 
 
a) É típico de uma Constituição dirigente 
apresentar em seu corpo normas programáticas. 
b) Uma lei ordinária que destoa de uma norma 
programática da Constituição não pode ser 
considerada inconstitucional. 
c) Uma norma constitucional programática, por 
representar um programa de ação política, não 
possui eficácia jurídica. 
d) Uma Constituição rígida não pode abrigar 
normas programáticas em seu texto. 
e) Toda Constituição semirrígida, por decorrência 
da sua própria natureza, será uma Constituição 
histórica. 
 
14. (ESAF.AFRF.2003) Da Constituição em 
vigor pode ser dito que corresponde ao 
modelo de Constituição escrita, dogmática, 
promulgada e rígida. 
 
15. (ESAF.Analista Jurídico.SEFAZ.CE.2006) 
Sobre a classificação das Constituições e o 
Sistema Constitucional vigente, assinale a 
única opção correta. 
 
a) A Constituição Federal de 1988 é considerada, 
em relação à estabilidade, como semirrígida, na 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
11 
medida em que a sua alteração exige um 
processo legislativo especial. 
b) No que se refere à origem, a Constituição 
Federal de 1988 é considerada outorgada, haja 
vista ser proveniente de um órgão constituinte 
composto de representantes eleitos pelo povo. 
c) A constituição escrita apresenta-se como um 
conjunto de regras sistematizadas em um único 
documento. A existência de outras normas com 
status constitucional, per se, não é capaz de 
descaracterizar essa condição. 
d) As constituições dogmáticas, como é o caso 
da Constituição Federal de 1988, são sempre 
escritas, e apresentam, de forma sistematizada, 
os princípios e ideias fundamentais da teoria 
política e do direito dominante à época. 
e) Nas constituições materiais, como é o caso da 
Constituição Federal de 1988, as matérias 
inseridas no documento escrito, mesmo aquelas 
não consideradas “essencialmente 
constitucionais”, possuem status constitucional. 
 
16. (CESPE.MP.RN.09) A Carta outorgada em 
10 de novembro de 1937 é exemplo de texto 
constitucional colocado a serviço do detentor 
do poder, para seu uso pessoal. É a máscara 
do poder. É uma Constituição que perde 
normatividade, salvo nas passagens em que 
confere atribuições ao titular do poder. 
Numerosos preceitos da Carta de 1937 
permaneceram no domínio do puro 
nominalismo, sem qualquer aplicação e 
efetividade no mundo das normas jurídicas. 
Raul Machado Horta. Direito constitucional. 
2.a ed. Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p. 54-5 
(com adaptações). Considerando a 
classificação ontológica das constituições, 
assinale a opção que apresenta a categoria 
que se aplica à Constituição de 1937, 
conforme a descrição acima. 
 
A constituição semântica 
B constituição dogmática 
C constituição formal 
D constituição outorgada 
E constituição ortodoxa. 
 
17. (CESPE.Auditor.ES.04) O preâmbulo da 
Constituição Federal, por não trazer 
disposições de ordem político-estruturais do 
Estado, não é considerado texto 
constitucional propriamente dito. 
 
18. (ESAF.Auditor Fiscal do Trabalho. 2003) 
Analise as assertivas a seguir, relativas à 
eficácia das normas constitucionais e às 
concepções de constituição, e marque com V 
as verdadeiras e com F as falsas; em seguida, 
marque a opção correta. 
 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas de 
eficácia contida são de aplicabilidade direta e 
imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de 
aplicação restringido por uma legislação futura, 
por outras normas constitucionais ou por 
conceitos ético-jurídicos. 
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas 
constitucionais de eficácia limitada são do tipo 
normas declaratórias de princípios institutivos 
quando: determinam ao legislador, em termos 
peremptórios, a emissão de uma legislação 
integrativa; ou facultam ao legislador a 
possibilidade de elaborar uma lei, na forma, 
condições e para os fins previstos; ou possuem 
esquemas gerais, que dão a estrutura básica da 
instituição, órgão ou entidade a que se referem, 
deixando para o legislador ordinário a tarefa de 
estruturá-los, em definitivo, mediante lei. 
( ) A concepção de constituição, defendida por 
Konrad Hesse, não tem pontos em comum com a 
concepção de constituição defendida por 
Ferdinand Lassale, uma vez que, para Konrad 
Hesse, os fatores históricos, políticos e sociais 
presentes na sociedade não concorrem para a 
força normativa da constituição. 
( ) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato 
imaterial instaurador do processo de criação das 
normas positivas, seria a constituição em seu 
sentido lógico-jurídico. 
( ) A constituição, na sua concepção formal, seria 
um conjunto de normas legislativas que se 
distinguem das não constitucionais em razão de 
serem produzidas por processo legislativo mais 
dificultoso, o qual pode se materializar sob a 
forma da necessidade de um órgão legislativo 
especial para elaborar a Constituição – 
Assembléia Constituinte – ou sob a forma de um 
quorum superior ao exigido para a aprovação, no 
Congresso Nacional das leis ordinárias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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12 
a) V, F, V, F, V 
b) V, F, F, V, V 
c) F, V, V, V, F 
d) F, F, F, V, V 
e) V, V, F, V, V 
 
19. (CESPE.Juiz.TRF5.09) Acerca do conceito, 
dos elementos e da classificação da CF, do 
poder constituinte e da hermenêutica 
constitucional, assinale a opção correta. 
A De acordo com o princípio da força 
normativa da constituição, defendida por 
Konrad Hesse, as normas jurídicas e a 
realidade devem ser consideradas em seu 
condicionamento recíproco. 
 
A norma constitucional não tem existência 
autônoma em face da realidade. Para ser 
aplicável, a CF deve ser conexa à realidade 
jurídica, social e política, não sendo apenas 
determinada pela realidade social, mas 
determinante em relação a ela. 
B Segundo Kelsen, a CF não passa de uma folha 
de papel,
pois a CF real seria o somatório dos 
fatores reais do poder. Dessa forma, alterando-se 
essas forças, a CF não teria mais legitimidade. 
C A CF admite emenda constitucional por meio 
de iniciativa popular. 
D Segundo Pedro Lenza, os elementos limitativos 
da CF estão consubstanciados nas normas 
constitucionais destinadas a assegurar a solução 
de conflitos constitucionais, a defesa da 
Constituição, do Estado e das instituições 
democráticas. 
E Constituição rígida é aquela que não pode ser 
alterada. 
 
20. (ESAF.ARFR.2002.2) Um direito previsto 
numa norma constitucional de eficácia 
contida pode ser restringido por meio de lei 
ordinária. 
 
21. (ESAF.AFRF.2003) A norma constitucional 
programática, porque somente delineia 
programa de ação para os poderes públicos, 
não é considerada norma jurídica. 
 
22. (ESAF.AFC.CGU.05) Uma norma 
constitucional de eficácia limitada não produz 
seus efeitos essenciais com a sua simples 
entrada em vigor, porque o legislador 
constituinte não estabeleceu sobre a matéria, 
objeto de seu conteúdo, uma normatividade 
suficiente, deixando essa tarefa para o 
legislador ordinário ou para outro órgão do 
Estado. 
 
23. (VUNESP.Proc. Munic.São Carlos.SP.09) 
Sobre a eficácia das normas constitucionais, 
assinale a alternativa incorreta. 
 
(A) A entrada em vigor de uma norma 
constitucional programática implica a proibição de 
que sejam produzidas 
normas ulteriores que contrariem o programa por 
ela estabelecido. 
(B) As normas de eficácia contida são de 
aplicabilidade indireta e mediata, já que o direito 
nelas previsto é imediatamente exercitável, 
desde a promulgação da Constituição. 
(C) As normas definidoras de princípio institutivo 
são as que traçam esquemas gerais de 
estruturação e atribuições de 
órgãos, entidades ou institutos. 
(D) As normas constitucionais de princípio 
programático são as que traçam princípios a 
serem cumpridos pelos órgãos do Estado. 
(E) A entrada em vigor de uma norma 
constitucional programática implica a revogação 
de todas as disposições em 
sentido contrário aos seus comandos. 
 
24. (ESAF.ACE.TCU.05) Quando o intérprete, 
na resolução dos problemas jurídico-
constitucionais, dá primazia aos critérios que 
favoreçam a integração política e social e o 
reforço da unidade política, pode-se afirmar 
que, no trabalho hermenêutico, ele fez uso do 
princípio da conformidade funcional. 
 
25. (CESPE.Analista.ANAC.09) Entre os 
diversos princípios que regem a interpretação 
das normas constitucionais, a doutrina 
relaciona o da máxima efetividade ou 
eficiência, o qual preceitua que a uma norma 
constitucional deve ser atribuído o sentido 
que maior eficácia lhe conceda. 
 
26. (CESPE.Técnico.TRE.GO.09) Esse método 
parte da premissa de que existe uma relação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
13 
necessária entre o texto e a realidade, entre 
preceitos jurídicos e os fatos que eles 
intentam regular. Para Müller, na tarefa de 
interpretar-concretizar a norma constitucional, 
o intérprete/aplicador deve considerar tanto 
os elementos resultantes da interpretação do 
texto (programa normativo), como os 
decorrentes da investigação da realidade 
(domínio normativo). 
Isso porque, partindo do pressuposto de que 
a norma não se confunde com o texto 
normativo, afirma Müller que o texto é apenas 
a „ponta do iceberg‟; mas a norma não 
compreende apenas o texto, pois abrange 
também “um pedaço de realidade social”, 
sendo esta talvez a parte mais significativa 
que o intérprete/aplicador deve levar em conta 
para realizar o direito. Dirley da Cunha Júnior. 
Curso de Direito Constitucional. 2.ª ed. 
Salvador: Editora Juspodivum, 2008, p. 214. 
(com adaptações). O trecho acima descreve o 
método de interpretação constitucional 
denominado: 
 
A método normativo-estruturante. 
B método tópico-problemático. 
C método hermenêutico-clássico. 
D método científico-espiritual. 
 
27. (ESAF.AFRF.09) Marque a opção incorreta. 
 
a) A constituição escrita, também denominada de 
constituição instrumental, aponta efeito 
racionalizador, estabilizante, de segurança 
jurídica e de calculabilidade e publicidade. 
b) A constituição dogmática se apresenta como 
produto escrito e sistematizado por um órgão 
constituinte, a partir de princípios e ideias 
fundamentais da teoria política e do direito 
dominante. 
c) O conceito ideal de constituição, o qual surgiu 
no movimento constitucional do século XIX, 
considera como um de seus elementos materiais 
caracterizadores que a constituição não deve ser 
escrita. 
d) A técnica denominada interpretação conforme 
não é utilizável quando a norma impugnada 
admite sentido unívoco. 
e) A constituição sintética, que é constituição 
negativa, caracteriza-se por ser construtora 
apenas de liberdade-negativa ou liberdade-
impedimento, oposta à autoridade. 
 
28. (CESPE.Analista.INCA.2010) Para Carl 
Schmitt, a constituição de um Estado deveria 
ser a soma dos fatores reais de poder que 
regem a sociedade. Caso isso não ocorra, ele 
a considera como ilegítima, uma simples folha 
de papel. 
 
29. (CESPE.Analista. Adm. TRE/BA.2010) Toda 
constituição é necessariamente escrita e 
representada por um texto solene e 
codificado. 
 
30. (CESPE Analista.Jud.TRE.MT.2010) 
Quanto à sua mutabilidade, a CF pode ser 
classificada como semirrígida, uma vez que 
não pode ser alterada com a mesma 
simplicidade com que se modifica uma lei. 
 
31. (CESPE Analista Jud TRE MT 2010) A CF é 
um exemplo de constituição outorgada, visto 
que foi elaborada por representantes 
legítimos do povo. 
 
32. (CESPE Analista Jud TRE MT 2010) 
Segundo a classificação ontológica de Karl 
Loewenstein, as constituições podem ser 
divididas em normativas, nominais ou 
semânticas, conforme o grau de 
correspondência entre a pretensão normativa 
dos seus preceitos e a realidade do processo 
de poder. 
 
33. (CESPE Analista Jud TRE MT 2010) 
Quanto à ideologia, a CF é classificada pela 
doutrina como ortodoxa. 
 
34. (CESPE Analista Jud TRE MT 2010) A CF 
foi elaborada sob influxo dos costumes e 
transformações sociais. Sua confecção é fruto 
da evolução histórica das tradições do provo 
brasileiro, sendo, por isso, classificada como 
uma constituição histórica. 
 
35. (CESPE Analista Téc-Adm MS 2010) Em 
um país que possua uma constituição flexível, 
caso seja editada uma lei com conteúdo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
14 
contrário ao texto constitucional, essa lei será 
válida e acarretará alteração da Constituição. 
 
36. (CESPE.Técnico.MPU.2010) As normas de 
eficácia plena não exigem a elaboração de 
novas normas legislativas que lhes 
completem o alcance e o sentido ou lhes 
fixem o conteúdo; por isso, sua aplicabilidade 
é direta, ainda que não integral. 
 
37. (CESPE.Analista Processual.MPU.2010) As 
normas de eficácia contida permanecem 
inaplicáveis enquanto não advier 
normatividade para viabilizar o exercício do 
direito ou benefício que consagram; por isso, 
são normas de aplicação indireta, mediata ou 
diferida. 
 
38. (CESPE.Analista Processual.MPU.2010) As 
normas constitucionais de eficácia limitada 
são desprovidas de normatividade, razão pela 
qual não surtem efeitos nem podem servir de 
parâmetro para a declaração de 
inconstitucionalidade. 
 
39. (CESPE.Analista.MPU.2010) O livre 
exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, desde que atendidas as 
qualificações profissionais que a lei 
estabelecer, é norma constitucional de 
eficácia contida; portanto, o legislador 
ordinário atua para tornar exercitável o direito 
nela previsto. 
 
40. (CESPE.Analista de 
Infraestrutura.MPOG.2010) O dispositivo 
constitucional que estabelece ser livre o 
exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações 
profissionais instituídas em lei, constitui 
exemplo de norma de eficácia limitada. 
 
41. (CESPE.Analista de 
Infraestrutura.MPOG.2010)
Constitui exemplo 
de norma de eficácia plena o preceito 
constitucional que garante aos maiores de 65 
anos de idade a gratuidade dos transportes 
coletivos urbanos. 
 
42. (CESPE.Procurador.AGU.2010) De acordo 
com entendimento do STF, configura exemplo 
de norma constitucional programática o 
preceito constitucional segundo o qual a 
política agrícola deve ser planejada e 
executada na forma da lei, com a participação 
efetiva do setor de produção, envolvendo 
tanto produtores e trabalhadores rurais, como 
setores de comercialização, de 
armazenamento e de transportes. 
 
43. (CESPE.Analista.INCA.2010) O Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias não 
possui a mesma natureza jurídica das normas 
constitucionais inseridas na Constituição 
Federal de 1988 (CF), razão pela qual é de 
hierarquia inferior a estas. 
 
44. (CESPE.Analista Jud.TRE/BA.2010) No 
tocante à aplicabilidade, de acordo com a 
tradicional classificação das normas 
constitucionais, são de eficácia limitada 
aquelas em que o legislador constituinte 
regula suficientemente os interesses 
concernentes a determinada matéria, mas 
deixa margem à atuação restritiva por parte da 
competência discricionária do poder público, 
nos termos em que a lei estabelecer ou na 
forma dos conceitos gerais nela previstos. 
 
45. (CESPE Analista Téc-Adm MS 2010) Os 
artigos que tratam da estrutura e organização 
do Estado são normas constitucionais 
formais. 
 
46. (CESPE Analista Téc-Adm MS 2010) Para 
que se possa identificar uma norma 
constitucional de eficácia limitada, é 
suficiente observar a expressão “nos termos 
da lei”, prevista no texto constitucional. 
 
47. (CESPE Analista Téc-Adm MS 2010) A 
distinção hierárquica entre normas 
constitucionais é inadmissível perante a 
Constituição. 
 
48. (CESPE.Defensor Público.DPU.2010) Os 
direitos sociais previstos na Constituição, por 
estarem submetidos ao princípio da reserva 
do possível, não podem ser caracterizados 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
15 
como verdadeiros direitos subjetivos, mas, 
sim, como normas programáticas. Dessa 
forma, esses direitos devem ser tutelados 
pelo poder público, quando este, em sua 
análise discricionária, julgar favoráveis as 
condições econômicas e administrativas. 
 
49. (CESPE.Analista.INCA.2010) Normas 
constitucionais de aplicabilidade reduzida ou 
de eficácia limitada são aquelas normas que 
necessitam da promulgação de uma lei 
infraconstitucional para produzir os seus 
efeitos, podendo ser classificadas em normas 
constitucionais de princípio institutivo e 
normas constitucionais de princípio 
programático. 
 
50. (CESPE.Analista Processual.MPU.2010) Na 
interpretação extensiva da lei, são aplicados 
os princípios de adequação e 
proporcionalidade entre os termos 
empregados e o espírito da norma. 
 
51. (CESPE.Oficial Técnico em 
Direito.ABIN.2010) Entre os métodos 
compreendidos na hermenêutica 
constitucional inclui-se o tópico problemático, 
que consiste na busca da solução partindo-se 
do problema para a norma. 
 
52. (CESPE.Analista - Especialização: 
Advocacia.SERPRO.2010) A técnico de 
decisão denominada interpretação conforme a 
constituição deve ser utilizada quando uma 
norma admite mais de uma interpretação, uma 
com violação ao texto constitucional, outra 
não, devendo prevalecer a hermenêutica que 
esteja harmonizada com o texto 
constitucional, de forma a evitar a declaração 
de inconstitucionalidade da norma. 
 
53. (CESPE.Procurador.AGU.2010) Pelo 
princípio da concordância prática ou 
harmonização, na hipótese de eventual 
conflito ou concorrência entre bens jurídicos 
constitucionalizados, deve-se buscar a 
coexistência entre eles, evitando-se o 
sacrifício total de um princípio em relação ao 
outro. 
 
54. (CESPE.Procurador.AGU.2010) O método 
hermenêutico-concretizador caracteriza-se 
pela praticidade na busca da solução dos 
problemas, já que parte de um problema 
concreto para a norma. 
 
55. (CESPE.Analista Judiciário.Área 
Jud.TRE/BA.2010) A técnica da interpretação 
conforme a constituição permite a 
manutenção, no ordenamento jurídico, de leis 
e atos normativos que possuam valor 
interpretativo compatível com o texto 
constitucional. 
 
56. (ESAF AFT 2010) Praticamente toda a 
doutrina constitucionalista cita os princípios e 
regras de interpretações enumeradas por 
Canotilho. Entre os princípios e as regras de 
interpretação abaixo, assinale aquele(a) que 
não foi elencado por Canotilho. 
 
a) Unidade da constituição. 
b) Da máxima efetividade ou da eficiência. 
c) Da supremacia eficaz. 
d) Do efeito integrador. 
e) Da concordância prática ou da harmonização. 
 
57. (CESPE.Analista Judiciário.Execução de 
Mandatos.STM.2011) Consideram-se normas 
de eficácia absoluta os preceitos 
constitucionais intangíveis, que são 
inalteráveis mesmo por meio de propostas de 
emendas constitucionais. 
 
58. (VUNESP.Advogado.CRM/SP.2011) Analise 
as seguintes disposições da Constituição 
Federal: 
 
I. São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e 
o Judiciário. 
 
II. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer. 
 
III. O Estado promoverá e incentivará o 
desenvolvimento científico, a pesquisa e a 
capacitação tecnológicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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16 
IV. Conceder-se-á habeas-corpus sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de 
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
Considerando a doutrina clássica brasileira sobre 
a eficácia e aplicabilidade das normas 
constitucionais, pode-se afirmar que as 
disposições acima reproduzidas são 
classificadas, respectivamente, como normas de 
eficácia 
 
(A) contida, plena, programática e plena. 
(B) plena, limitada, plena e contida. 
(C) limitada, plena, plena e contida. 
(D) plena, plena, contida e programática. 
(E) plena, contida, limitada e plena. 
 
59. (VUNESP.Advogado.CRM/SP.2011) Dentro 
da hermenêutica constitucional, o princípio de 
interpretação constitucional que exige a 
coordenação e combinação dos bens 
jurídicos em conflito de forma a evitar o 
sacrifício total de uns em relação aos outros 
denomina-se princípio 
 
(A) da unidade da Constituição. 
(B) do efeito integrador. 
(C) da máxima efetividade. 
(D) da concordância prática. 
(E) da conformidade funcional. 
 
60. (CESPE.Analista Judiciário.Execução de 
Mandatos.STM.2011) Consideram-se normas 
de eficácia absoluta os preceitos 
constitucionais intangíveis, que são 
inalteráveis mesmo por meio de propostas de 
emendas constitucionais. 
 
61. (VUNESP.Advogado.CRM/SP.2011) Analise 
as seguintes disposições da Constituição 
Federal: 
 
I. São Poderes da União, independentes e 
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e 
o Judiciário. 
II. É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício 
ou profissão, atendidas as qualificações 
profissionais que a lei estabelecer. 
III. O Estado promoverá e incentivará o 
desenvolvimento científico, a pesquisa e a 
capacitação tecnológicas. 
IV. Conceder-se-á habeas-corpus sempre que 
alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de 
locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. 
Considerando a doutrina clássica brasileira sobre 
a eficácia e aplicabilidade das normas 
constitucionais, pode-se afirmar que as 
disposições acima reproduzidas são 
classificadas, respectivamente, como normas de 
eficácia 
 
(A) contida, plena, programática e plena. 
(B) plena, limitada, plena e contida. 
(C) limitada, plena, plena e contida. 
(D) plena, plena, contida e programática. 
(E) plena, contida, limitada e plena. 
 
62. (VUNESP.Advogado.CRM/SP.2011) Dentro 
da hermenêutica constitucional, o princípio de 
interpretação constitucional que exige a 
coordenação e combinação dos bens 
jurídicos em conflito
de forma a evitar o 
sacrifício total de uns em relação aos outros 
denomina-se princípio 
 
(A) da unidade da Constituição. 
(B) do efeito integrador. 
(C) da máxima efetividade. 
(D) da concordância prática. 
(E) da conformidade funcional. 
 
63. (CESPE - 2011 - EBC - Analista – 
Advocacia) As normas previstas no Ato das 
Disposições Constitucionais Transitórias 
possuem natureza de norma constitucional. 
 
64. (CESPE - 2011 - EBC - Analista – 
Advocacia) O preâmbulo da Constituição 
Federal não faz parte do texto constitucional 
propriamente dito e não possui valor 
normativo. 
 
65. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de 
Correios – Advogado) O preâmbulo 
constitucional estabelece as diretrizes 
políticas, filosóficas e ideológicas 
da CF, razão pela qual pode servir de 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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17 
elemento de interpretação e de paradigma 
comparativo em eventual ação de declaração 
de inconstitucionalidade. 
 
66. (CESPE - 2011 - IFB - Professor – Direito) 
Entre as normas constitucionais de eficácia 
exaurida, incluem- se dispositivos constantes 
das disposições constitucionais transitórias. 
 
67. (CESPE - 2011 - IFB - Professor – Direito) 
As normas constitucionais de eficácia plena 
podem, em regra geral, ser revistas pelo 
poder reformador. 
 
68. (CESPE - 2011 - IFB - Professor – Direito) 
Enquanto, nas normas de eficácia contida, as 
leis podem restringir-lhes o alcance, nas 
normas de eficácia limitada, o seu alcance 
poderá ser ampliado. 
 
69. (CESPE - 2011 - STM - Analista Judiciário - 
Execução de Mandados) Consideram-se 
normas de eficácia absoluta os preceitos 
constitucionais intangíveis, que são 
inalteráveis mesmo por meio de propostas de 
emendas constitucionais. 
 
70. (CESPE - 2011 - TJ-PB – Juiz) Com relação 
ao objeto, aos elementos e aos tipos de 
constituição, assinale a opção correta. 
 
a) Quanto ao modo de elaboração, a 
vigente CF pode ser classificada como uma 
constituição histórica, em oposição à dita 
dogmática. 
b) O objeto da CF é a estrutura fundamental do 
Estado e da sociedade, razão por que somente 
as normas relativas aos limites e às atribuições 
dos poderes estatais, aos direitos políticos e 
individuais dos cidadãos compõem a Constituição 
em sentido formal. 
c) Por limitarem a atuação dos poderes estatais, 
as normas que regulam a ação direta de 
inconstitucionalidade e o processo de intervenção 
nos estados e municípios integram os elementos 
ditos limitativos. 
d) Os elementos formais de aplicabilidade são 
exteriorizados nas normas constitucionais que 
prescrevem as técnicas de aplicação delas 
próprias, como, por exemplo, as normas inseridas 
no Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias. 
e) Distintamente da constituição analítica, a 
constituição dirigente tem caráter sintético e 
negativo, pois impõe a omissão ou negativa de 
ação ao Estado e preserva, assim, as liberdades 
públicas. 
 
71. (CESPE - 2011 - Correios - Analista de 
Correios – Advogado) Quanto a sua extensão 
e finalidade, a constituição sintética examina 
e regulamenta todos os assuntos que reputa 
relevantes à formação, à destinação e ao 
funcionamento do Estado. 
 
72. (CESPE - 2011 - TJ-ES - Analista Judiciário 
– Direito) A concepção sociológica, elaborada 
por Ferdinand Lassale, considera a 
Constituição como sendo a somatória dos 
fatores reais de poder, isto é, o conjunto de 
forças de índole política, econômica e 
religiosa que condicionam o ordenamento 
jurídico de determinada sociedade. 
 
73. (CESPE - 2011 - TRE-ES - Técnico 
Judiciário - Área Administrativa) Denomina-se 
constituição outorgada a elaborada e 
estabelecida com a participação do povo, 
normalmente por meio de Assembleia 
Nacional Constituinte. 
 
74. (ESAF.Procurador.PGFN.2007) Assinale a 
opção correta no contexto do conceito e da 
classificação das constituições. 
 
a) As constituições outorgadas não são 
precedidas de atos de manifestação livre da 
representatividade popular e assim podem ser 
consideradas as Constituições brasileiras de 
1824, 1937 e a de 1967, com a Emenda 
Constitucional n. 01 de 1969. 
b) A distinção entre constituição em sentido 
material e constituição em sentido formal perdeu 
relevância considerando-se as modificações 
introduzidas pela Emenda Constitucional n. 
45/2004, denominada de “Reforma do Poder 
Judiciário”. 
c) Considera-se constituição não-escrita a que se 
sustenta, sobretudo, em costumes, 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
Leo Van Holthe 
18 
jurisprudências, convenções e em textos 
esparsos, formalmente constitucionais. 
d) Carl Schmitt, principal protagonista da corrente 
doutrinária conhecida como decisionista, advertia 
que não há Estado sem Constituição, isso porque 
toda sociedade politicamente organizada contém 
uma estrutura mínima, por rudimentar que seja; 
por isso, o legado da Modernidade não é a 
Constituição real e efetiva, mas as Constituições 
escritas. 
e) Para Ferdinand Lassalle, a constituição é 
dimensionada como decisão global e 
fundamental proveniente da unidade política, a 
qual, por isso mesmo, pode constantemente 
interferir no texto formal, pelo que se torna 
inconcebível, nesta perspectiva materializante, a 
idéia de rigidez de todas as regras. 
 
75. (ESAF.EPPG.MPOG.2009) Assinale a 
opção correta, acerca das normas 
constitucionais e da teoria geral da 
Constituição. 
 
a) São constitucionais as normas que dizem 
respeito aos limites e atribuições respectivas dos 
poderes políticos, e aos direitos fundamentais. As 
demais disposições que estejam na Constituição 
podem ser alteradas pelo quórum exigido para a 
aprovação das leis ordinárias. 
b) A Constituição contém normas fundamentais 
da ordenação estatal que servem para regular os 
princípios básicos relativos ao território, à 
população, ao governo, à finalidade do Estado e 
suas relações recíprocas. 
c) A constituição material é o peculiar modo de 
existir do Estado, reduzido, sob a forma escrita, a 
um documento solenemente estabelecido pelo 
poder constituinte e somente modificável por 
processos e formalidades especiais nela própria 
estabelecidos. 
d) A constituição formal designa as normas 
escritas ou costumeiras, inseridas ou não num 
documento escrito, que regulam a estrutura do 
Estado, a organização dos seus órgãos e os 
direitos fundamentais. 
e) São classificadas como dogmáticas, escritas e 
outorgadas as constituições que se originam de 
um órgão constituinte composto por 
representantes do povo eleitos para o fim de as 
elaborar e estabelecer, das quais são exemplos 
as Constituições brasileiras de 1891, 1934, 1946 
e 1988. 
 
76. (FCC.ANALISTA.MPE.SE.09) A 
Constituição brasileira de 1824 previa, em 
seus artigos 174 e 178: 
“Art. 174. Se passados quatro anos, depois de 
jurada a Constituição do Brasil, se conhecer, 
que algum dos seus artigos merece reforma, 
se fará a proposição por escrito, a qual deve 
ter origem na Câmara dos Deputados, e ser 
apoiada pela terça parte deles.” 
“Art. 178. É só Constitucional o que diz 
respeito aos limites e atribuições respectivas 
dos Poderes Políticos e aos Direitos Políticos 
e individuais dos Cidadãos. Tudo o que não é 
Constitucional pode ser alterado sem as 
formalidades referidas, pelas Legislaturas 
ordinárias.” 
Depreende-se dos dispositivos acima 
transcritos que a Constituição brasileira do 
Império 
 
(A) impunha limites temporais, materiais e 
circunstanciais ao exercício regular do poder de 
reforma constitucional, a exemplo do que se tem 
na Constituição vigente. 
(B) exigia quorum de maioria qualificada para 
propositura de emendas à Constituição por 
membros do 
Legislativo, diferentemente da Constituição 
vigente, que admite iniciativa isolada de 
parlamentares para proposta de emenda. 
(C) poderia ser classificada como sintética e 
histórica, em oposição à Constituição vigente, 
que é analítica e dogmática. 
(D) era do tipo semirrígida, quanto
à 
alterabilidade de suas normas, diferentemente da 
Constituição vigente, que, sob esse aspecto, é 
rígida. 
(E) previa hipótese especial de revisão 
constitucional, semelhante àquela contemplada 
no Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias da Constituição vigente, quanto a 
prazo e quorum para exercício do poder de 
revisão. 
 
77. (ESAF.AFC.CGU.2006) Sobre 
hermenêutica constitucional, interpretação e 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
Direito Constitucional 
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19 
aplicabilidade das normas constitucionais, 
assinale a única opção correta. 
a) O princípio de interpretação conforme a 
constituição comporta o princípio da prevalência 
da constituição, o princípio da conservação de 
normas e o princípio da exclusão da 
interpretação conforme a constituição mas contra 
legem. 
b) No método de interpretação constitucional 
tópico-problemático, há prevalência da norma 
sobre o problema concreto a ser resolvido. 
c) O método de interpretação hermenêutico-
concretizador prescinde de uma pré-
compreensão da norma a ser interpretada. 
d) A eficácia do método de interpretação jurídico 
clássico não é afetada pela estrutura normativo-
material da norma constitucional a ser 
interpretada. 
e) Uma norma constitucional de eficácia contida 
não possui eficácia plena, no momento da 
promulgação do texto constitucional, só 
adquirindo essa eficácia após a edição da norma 
que nela é referida. 
 
78. (ESAF.Procurador.PGFN.2007) Assinale a 
opção correta. 
 
a) As normas programáticas não são auto-
aplicáveis porque retratam apenas diretrizes 
políticas que devem ser alcançadas pelo Estado 
Brasileiro, não possuindo caráter vinculante 
imediato. 
b) As normas definidoras de direitos e garantias 
fundamentais são consideradas normas de 
aplicação mediata, embora direta e 
potencialmente não integral. 
c) É auto-aplicável a norma constitucional que 
prevê que a atividade jurisdicional será 
ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos 
juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, 
nos dias em que não houver expediente forense 
normal, juízes em plantão permanente. 
d) A norma constitucional que prevê que a lei só 
poderá restringir a publicidade dos atos 
processuais quando a defesa da intimidade ou o 
interesse social o exigirem é de eficácia limitada. 
e) No caso das normas constitucionais de 
eficácia contida, a atividade integradora do 
legislador infraconstitucional é vinculada e não 
discricionária, ante a necessidade, para fins de 
auto-execução, de delimitar o ambiente da sua 
atuação restritiva. 
 
79. (ESAF.Analista.ANA.2009) Assinale a 
opção correta relativa ao tratamento dado 
pela jurisprudência que atualmente prevalece 
no Supremo Tribunal Federal, ao interpretar a 
Constituição Federal, relativa aos tratados e 
convenções internacionais sobre direitos 
humanos ratificados pelo Brasil. 
 
a) Incorporam-se à Constituição Federal, porque 
os direitos e garantias expressos na Constituição 
não excluem outros decorrentes do regime e dos 
princípios por ela adotados, ou dos tratados 
internacionais em que a República Federativa do 
Brasil seja parte. 
b) Incorporam-se ao ordenamento jurídico como 
lei ordinária federal porque a Constituição confere 
ao Supremo Tribunal Federal, competência para 
julgar, mediante recurso extraordinário, as 
causas decididas em única ou última instância, 
quando a decisão recorrida declarar a 
inconstitucionalidade de tratado ou lei federal. 
c) Os que tiveram ato de ratificação antes da 
vigência da Emenda Constitucional nº 45, de 
2004, são equivalentes às emendas 
constitucionais em razão dos princípios da 
recepção e da continuidade do ordenamento 
jurídico. 
d) A legislação infraconstitucional anterior ou 
posterior ao ato de ratificação que com eles seja 
conflitante é inaplicável, tendo em vista o status 
normativo supralegal dos tratados internacionais 
sobre direitos humanos subscritos pelo Brasil. 
e) Os que tiveram ato de ratificação depois da 
vigência da Emenda Constitucional nº 45, de 
2004, independentemente do quorum, são 
equivalentes às emendas constitucionais em 
razão do princípio da prevalência dos direitos 
humanos. 
 
80. (ESAF.Procurador.PGFN.2006) 
Assinale a opção correta. 
 
a) A interpretação conforme a Constituição 
consiste em procurar extrair o significado de 
uma norma da Lei Maior a partir do que dispõem 
as leis ordinárias que preexistiam a ela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO TEÓRICO PARA AFT 2012/2013 
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20 
b) A liberdade de expressão está entre os 
direitos fundamentais absolutos da Constituição 
em vigor. 
c) Normas constitucionais de eficácia restringida 
não apresentam eficácia jurídica alguma senão 
depois de desenvolvidas pelo legislador 
ordinário. 
d) O Advogado-Geral da União deve 
necessariamente participar dos processos de 
ação direta de inconstitucionalidade e de ação 
direta de inconstitucionalidade por omissão, na 
qualidade de curador da presunção de 
constitucionalidade das leis. 
e) Uma norma constitucional programática pode 
servir de paradigma para o exercício do controle 
abstrato de constitucionalidade. 
 
81. (ESAF.AFT.2009) A doutrina 
constitucionalista tem comentado muito sobre 
os direitos dos trabalhadores garantidos 
constitucionalmente. Sobre tais direitos, 
considerando a doutrina de José Afonso da 
Silva, é correto afirmar que: 
 
a) a distinção entre trabalhadores urbanos e 
rurais ainda tem sua importância, pois ainda não 
gozam dos mesmos direitos. 
b) a garantia do emprego previsto pela 
Constituição não é, por si só, suficiente bastante 
para gerar o direito nela previsto, necessitando, 
por isso, de regulamentação. 
c) a Constituição Federal garantiu o direito ao 
gozo de férias anuais remuneradas 
estabelecendo o período de 30 dias. 
d) a Constituição conferiu direito à participação 
nos lucros ou resultados da empresa. Tal direito 
já pode ser exercido de imediato, em razão de a 
norma constitucional ser auto-aplicável. 
e) a proteção do mercado de trabalho da mulher 
não é auto-aplicável. 
 
Gabarito: 1-C; 2-E; 3-E; 4-C; 5-B; 6-E; 7-C; 8-C; 
9-C; 10-E; 11 – D; 12 – E; 13 – A; 14 – C; 15 – D; 
16 – A; 17 – C; 18 – E; 19 – A; 20 – C; 21 – E; 22 
– C; 23 – B; 24 – E; 25 – C; 26 – A; 27 – C; 28 – 
E; 29 – E; 30 – E; 31 – E; 32 – C; 33 – E; 34 – E; 
35 – C; 36 – E; 37 – E; 38 – E; 39 – E; 40 – E; 41 
– C; 42 – C; 43 – E; 44 – E; 45 – E; 46 – E; 47 – 
C; 48 – E; 49 – C; 50 – E; 51 – C; 52 – C; 53 – C; 
54 – E; 55 – C; 56 – C; 57 – C; 58 – E; 59 – D; 60 
– C; 61 –E; 62 – D; 63 – C; 64 – C; 65 – E; 66 – 
C; 67 – C; 68 – C; 69 – C; 70 – D; 71 – E; 72 – C; 
73 – E; 74-A; 75-B; 76-D; 77-A; 78-C; 79-D; 80-E; 
81 - E. 
 
2. Poder Constituinte. Conceito, 
finalidade, titularidade e espécies. Reforma da 
Constituição. Cláusulas Pétreas 
2.1. Conceito e finalidade 
Poder constituinte é o poder capaz de 
estabelecer as normas constitucionais: sejam as 
de uma nova Constituição – poder constituinte 
originário – sejam as que modificam uma Carta já 
existente – poder constituinte derivado –, com o 
objetivo principal de conferir legitimidade ao 
ordenamento jurídico de um Estado. 
Considerando um conceito moderno de 
Constituição – documento jurídico escrito, dotado 
de supremacia e limitador do poder do Estado, 
por meio da adoção da separação dos poderes e 
pela previsão de direitos fundamentais –, a ideia 
de poder constituinte é contemporânea das 
Constituições escritas e formais do século XVIII 
(notadamente a norte-americana de 1787 e a 
francesa de 1791). 
Nesse sentido estrito, a teoria do poder 
constituinte é atribuída ao Abade de Sieyès, que 
em sua obra Quést-ce lê Tiers Etát? (“O que é o 
Terceiro Estado?”), publicada em janeiro de 1789 
(no calor da revolução francesa!), diferenciava o 
poder constituinte, que constitui o Estado e é 
fonte de todos os poderes públicos, dos poderes 
constituídos – Legislativo, Executivo e Judiciário 
–, os quais derivam do primeiro,

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