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CRIANÇAS DE 7 A 12 ANOS Parentalidade Consciente – um convite para olhar para dentro | Helena Bourroul .................................................................................07 Mudança de olhar transforma vidas | Fátima Chaves ..................12 Da vulnerabilidade a coragem para encorajar os filhos. Uma reflexão sobre a parentalidade consciente | Adriana Quintana Gonçalves ............................................................................................17 Autoconhecimento e resgate dos vínculos familiares | Iolanda do Nascimento Pessotti .........................................................................23 Os estilos parentais e a construção de uma parentalidade encorajadora | Luciana Gama dos Santos .....................................29 Parentalidade encorajadora: a importância de ser gentil e firme no processo de educação dos filhos | Ruth Gisele Menezes ........34 A influência do comportamento dos pais na educação dos filhos | Flávia Corrêa Quitete de Almeida ....................................................39 Somos Diferentes e Somos Iguais! E como ensinar às crianças? | Silvana Francisca de Souza ...............................................................44 ÍNDICE O papel dos pais no desenvolvimento socioemocional das crianças | Karoline de Sousa e Silva ................................................50 Alfabetizando as emoções | Laura Alonso de Bem .......................55 Por que não educar com punições e recompensas? | Veronica Pereira dos Reis ..................................................................................60 Ansiedade Infantil: como utilizar ferramentas práticas para encorajar e acalmar a ansiedade dos pequenos | Andréa dos Santos Silva Armôa ............................................................................66 A influência da inteligência emocional dos pais na educação dos filhos | Maria de Lourdes de Almeida Viana ..................................72 A relevância da psicoeducação para pais, professores e cuidadores, no processo de educação de crianças com deficiência | Ana Lago ...........................................................................................77 Educando uma criança com TDAH com confiança e encorajamento | Grasiela Cecatto ..................................................82 Educação Positiva conectando pais e filhos para uma melhor aprendizagem | Janaína Fabíola Nascimento Brandão ................89 A importância da rotina na vida das crianças | Léia da Rosa dos Santos ..................................................................................................94 Fuja da obesidade e mantenha uma alimentação saudável em casa | Thainara Braga Cordeiro .......................................................99 Brincar: fonte de conexão entre pais e filhos | Cacilda Peixinho Freitas ...............................................................................................106 Parentalidade e Desenvolvimento Infantil | Tatiana Ertel ........112 Acolhimento Institucional: uma das conseqüências do estilo parental negligente | Gabriela Fernandes Maximiano ...............118 Como acessar e manter a conexão com crianças e jovens | Adriana Tavares Rodrigues .............................................................123 Vamos focar na solução | Maria das Graças Rodrigues Araujo .128 O impacto da profecia autorrealizadora na vida das crianças | Franciele Valério Grando ................................................................133 Como a punição pode contribuir para a desconexão com seu filho | Fernanda Brito ..............................................................................139 Como a Disciplina Positiva pode contribuir na prevenção do uso de drogas | Lívia Ribeiro Gomes de Carvalho ..............................145 Por que tanto medo de me tornar adulto? | Márcia Madruga de Moraes ..............................................................................................150 Troque a relação “erro-punição” por “erro-consequência” | Nathália Cibelle Correia de Lima Almeida ....................................156 O mau comportamento: foco em soluções | Maria Georgina da Silva Ribeiro .....................................................................................159 Ajude o seu filho a se sentir importante e aceito através do encorajamento | Elisabete Alexandrino Napoli ..........................164 Comunicação afetiva e efetiva: estabelecendo uma escuta ativa entre pais e filhos | Paula Sanders Pereira Pinto ........................167 Educação sexual como um direito de crianças e adolescentes: encorajando para um adolescer saudável | Maria José Silva Correia ...............................................................................................172 Laços de parceria entre família e escola | Denivalda Cavalcante ............................................................................................................178 Tipos de parentalidade: Encorajando relacionamentos saudáveis entre pais e filhos baseado na Disciplina Positiva | Renata Lucena ............................................................................................................186 Os desafios dos filhos frente à separação conjugal| Elaine Cristina Ferri Angelini .....................................................................191 Que combinação: Pais, Tecnologia e Filhos | Débora Consteila Neumann ..........................................................................................197 Encorajando pais e educadores de crianças com dificuldades na aprendizagem e comportamento | Vitória Ramos Machado .....202 Foco em Soluções Encorajadoras frente ao Autismo| Ana Aparecida Barbosa ...........................................................................214 Meus filhos brigam o tempo todo, e agora? | Caroline Andrade Santana .............................................................................................207 A maneira pela qual fomos educados e o sentido que damos para as nossas experiências da infância influenciam, mas não decretam a forma como educamos os nossos filhos. É possível fazer diferente. Nem melhor, nem pior, mas do nosso jeito. Na parentalidade consciente, o maior convite, e também, o maior desafio é justamente estarmos atentos, no momento presente, tanto as nossas necessidades, enquanto pais, quanto as necessidades dos nossos filhos e perceber que existe nesta relação uma interdependência. Quando estamos felizes, por exemplo, impactamos a vida dos nossos filhos e vice e versa. Por este motivo é impossível considerarmos apenas uma das partes no exercício da parentalidade consciente e respeitosa. Ambos os lados precisam ser levados em consideração, para estarmos todos bem e em harmonia. Parentalidade Consciente – um convite para olhar para dentro Helena Bourroul | CRP: 06/69651 “A intenção de praticar uma parentalidade consciente começa por aumentar a consciência e a compaixão em relação a si mesmo” (Mikaela Ovén) 07 É um exercício de autoconhecimento e auto- observação constante, de olhar para dentro, enxergando os nossos limites, desejos e necessidades, com compaixão e com a certeza de que estamos fazendo o melhor que podemos em cada momento. E como fazer isso no dia a dia? Vou compartilhar com você os 4 valores que norteiam o exercício da Parentalidade Consciente, segundo Mikaela Ovén, em seu livro “Educar com Mindfulness”: 08 Contato | E-mail: helenagb@gmail.com WhatsApp: (11) 99530-2540 1. Igual Valor: Todos nós, adultos ou crianças merecemos o mesmo respeito (com relação às necessidades, opiniões, desejos, etc). Ao praticar o igual valor significa que a criança é respeitada da mesma forma que o adulto. Se a criança diz que não gosta de alguém, você pode perguntar, por exemplo, se ela quer te contar o que aconteceu ao invés de dizer que ela não pode falar desta forma. 2. Respeito pela integridade (soma das emoções, valores e pensamentos): respeito aos limites,necessidades físicas e psicológicas, nossas e dos nossos filhos. Se a criança diz que quer um sorvete e está na hora do jantar, você pode experimentar dizer a ela que também gosta de sorvete, que irão jantar agora e depois ela pode escolher o sabor do sorvete, ao invés de dizer que ela não pode tomar o sorvete, de jeito nenhum. 09 3. Autenticidade: Viver de acordo com o que se diz e vice- versa. Quando a nossa comunicação é congruente com as nossas ações, tendo como base as nossas intenções. Se a sua filha adolescente quer ir a uma festa e você, mãe, ainda sente-se insegura, pode experimentar dizer que não gosta desta ideia porque a considera ainda jovem e que daqui há um tempo sua ideia pode mudar, ao invés de dizer que ela não pode ir e ponto final. 4. Responsabilidade Pessoal: É cada um de nós sermos responsáveis pela nossa vida no que diz respeito a emoções, ações e escolhas. E isso vale para pais e filhos. Muitos pais assumem a responsabilidade sobre a vida e as escolhas dos filhos, mesmo quando eles já têm condições de fazer por si próprios. Em um dia chuvoso, você pode experimentar dar algumas opções de roupa para o seu filho escolher qual ele quer vestir ao invés de decidir por ele. E, se em algum momento você não souber se está no caminho certo, trago aqui uma dica especial: eu também não sei, talvez ninguém saiba, a não ser você mesma. 10 Precisa confiar que você é a pessoa que mais conhece o seu filho. Ouça o seu coração e atente-se ao que ele te diz. A fim de nortear este caminho, defina a sua intenção como mãe. Como você quer ser com o seu filho, do fundo do seu coração. E a partir de então, quando estiver na dúvida de qual o caminho a seguir ou qual a atitude a tomar, retome a sua intenção e encontrará a direção. Instagram: @helenabourroul | Facebook: helenabourroul Site: www.helenabourroul.com.br Seguimos juntas. Com amor, Helena. 11 Mudança de olhar transforma vidas "De onde nós tiramos a ideia absurda de que, para levar uma criança a agir melhor, antes precisamos fazê-la se sentir pior?" (Jane Nelsen) Esta frase me impactou profundamente, desde quando a ouvi pela primeira vez em um workshop sobre Disciplina Positiva, que imediatamente associei à Psicologia Positiva, porém logo de início a palestrante fez questão de deixar bem claro que se tratavam de abordagens distintas. Por desconhecer sobre o assunto, confesso que, inicialmente, fiquei muito intrigada pelo tema e como eu buscava algo novo que pudesse trazer um novo olhar para ajudar pais que traziam um discurso que "educar dá trabalho", "eu não sei mais o que fazer com meu filho", "meu filho não tem mais jeito", decidi, então, mergulhar de cabeça no assunto. Fátima Chaves | CRP: 09/000514 12 Hoje, entendo que Disciplina Positiva trás na sua essência uma mudança de paradigma onde a educação deixa de ser punitiva, rígida, permissiva para se tornar gentil e firme, trazendo uma abordagem socioemocional que vai contribuir para que pais, mães, cuidadores, educadores possam desenvolver habilidades de vida para compreender e lidar melhor com os comportamentos desafiadores das crianças e adolescentes, criando assim relacionamentos mais saudáveis na família, escola e comunidades, incluindo respeito e dignidade mútuos, incentivo, conexão de amor, conscientização emocional, habilidades de vida e resolução de problemas. 13 Hoje, entendo que falar de uma educação não punitiva exige uma mudança de mentalidade com uma remodelagem dos antigos papéis de pai e mãe, que muitas vezes reproduzem em suas configurações familiares, padrões de comportamento de rigidez, permissividade ou autoritarismo, e diante dessa nova forma de educar, sentem-se inseguros em substituir essas antigas referências e migrarem para esse novo caminho a ser seguido, no qual será necessário aprender a desaprender para aprender a ser gentil e firme na educação de seus filhos. Assim, pude entender que respeitar uma criança é também me respeitar, porém percebi que impor limites para os filhos com gentileza e firmeza é desafiador, e como se não fosse suficiente, aprendi que impor limites para mim mesma, para minha vida, seria ainda mais árduo. Porém a medida que vamos experimentado e estabelecendo nossos próprios limites e decidindo como agir, passamos por um processo transformador e libertador. Contato | fatimachaves.pcis@hotmail.com WhatsApp: (62) 99979-7452 14 Rudolf Dreikurs, educador e médico psiquiatra vienense, precursor da disseminação da Teoria Adleriana, a transformou em um método pragmático para entender os propósitos do mau comportamento das crianças e estimular o comportamento cooperativo sem punições ou recompensas. Defendia a ideia de que o objetivo de todo comportamento é satisfazer a necessidade de aceitação e importância, e com as crianças não seria diferente. Na verdade, quando uma criança se comporta mal, é um pedido de ajuda, acreditando que por meio desse comportamento conseguirá ser aceita e se sentirá importante, mesmo que seja de uma forma equivocada. Começar a pensar dessa maneira me trouxe mais clareza e um novo olhar para os meus questionamentos com relação ao mau comportamento das crianças e a falta de habilidade dos pais para lidar com tais situações. Será mesmo que quando uma criança se comporta mal, ela o faz com a intenção de tirar outro do sério? Será mesmo que ela tem esse poder e esse único objetivo? Com certeza a resposta é Não. 15 A criança está pedindo ajuda, ela precisa de alguma coisa e pela inabilidade e imaturidade em se expressar e entender o que acontece dentro dela, se comporta da forma que acredita que será atendida em suas necessidades, cabendo aos cuidadores, decifrar o conteúdo dessa mensagem de forma respeitosa, buscando soluções para resolver o problema, pois se realmente quisermos ajudar uma criança a modificar seu comportamento, devemos compreender sua motivação. Concluo deixando uma frase de Alfred Adler para que possamos refletir. "A confiança em sua própria força é o maior ator de desenvolvimento intelectual das crianças, crianças frágeis e doentias, assim como aquelas muito mimadas, correm o risco de perder sua autoconfiança. Os pais deveriam usar a afeição para encaminhar os filhos em direção a tendências eticamente valiosas. A autoconfiança de uma criança, sua coragem pessoal, é o seu maior dom. Crianças corajosas, mais tarde, não esperarão que seus destinos sejam regulados por eventos exteriores, mas sim por sua própria força." @fatimachaves.br| Fatima Chaves https://www.oseucoach.com/fatimachaves531 16 Durante muito tempo tive a compreensão sobre vulnerabilidade como algo ruim, incerto, ou seja, como algo negativo, porém, depois de ver o documentário da Drª Brené Brown no Netflix chamado “O poder da vulnerabilidade” comecei a ter uma mudança de mentalidade (mindset) e ver que na verdade ela pode ser muito positiva, por exemplo, na forma dos pais se relacionarem com seus filhos porque é nela que as emoções surgem e que os pais podem ser mais humanos, menos super-heróis, afinal amar é estar vulnerável. O maior medo dos pais é de ser imperfeito, de ser julgado e criticado como maus pais. É natural sentir medo, frustração, raiva quando lidamos com algumas situações, oprimir esses sentimentos é deixar de viver coisas maravilhosas, é deixar de estar vivendo o momento presente. Da vulnerabilidade à coragem para encorajar os filhos. Uma reflexão sobre a parentalidade consciente Adriana Quintana Gonçalves | CRP 05/22792 17 Sem a vulnerabilidade portanto, não estamos abertos a amar, a autora faz um paralelo afirmando que a coragem e a vulnerabilidade andam juntos, afinal expressar sentimentos é estar vulnerável e corajoso ao mesmo tempo. Pais querem filhos autônomos e felizes, mas não concedem a eles a oportunidade de expressar seus sentimentos,de serem vulneráveis como também acreditam que é errado, sinônimo de fraqueza, expor os seus próprios sentimentos para os filhos. A chave da mudança está justamente nesse pensamento de ter a coragem de se tornar vulnerável falando abertamente de seus sentimentos e suas necessidades entre os membros da família, essa mudança pode levar a uma melhor convivência, é um convite a conexão, aquela que os pais tanto almejam ter com as crianças e com os adolescentes. Entretanto, a maioria de nós não fomos criados com esse novo paradigma, por isso, hoje é tão importante estudar e se autoconhecer para serem pais mais conscientes e aceitar serem imperfeitos. 18 Disciplinar uma criança não é nada fácil, envolve amor, investimento de tempo, autocontrole, energia e habilidades parentais. Disciplina aqui é ligado a ensinar e formar e não a punir e muito menos dar recompensa quando se comportam bem. A abordagem da Disciplina Positiva tem o objetivo de ajudar os pais na criação dos filhos fornecendo ferramentas práticas que são eficazes para lidar com os comportamentos inadequados de maneira gentil e firme. É preciso olhar com mais atenção e consciência para como fomos criados e como queremos criar nossos filhos. E isso pode ser uma experiência fantástica! Quando associamos vulnerabilidade a algo ruim criamos armaduras negando nossa fragilidade e escondendo nossa versão mais genuína, aquela que ao ser mostrada pode construir diálogos e relacionamentos profundos com os filhos. Como bons líderes dos filhos os pais têm a oportunidade e responsabilidade de encontrar o potencial neles e encorajá-los a desenvolver esse potencial, bons líderes devem desenvolver empatia com seus filhos e saber que nem sempre terão a resposta certa. Contato | WhatsApp: (21) 98208-6265 19 Momento especial: crie e reserve momentos especiais que não sejam os mesmos que os habituais, para isso desligue o seu telefone, faça uma lista junto com as crianças de atividades para desenvolver juntos e escolham qual delas vai fazer no seu momento especial. Detalhe importante é não transformar esse momento especial em sermões ou discutir algo do comportamento do seu filho, isso não é momento especial e perderá toda a magia da conexão. Algumas ferramentas da Disciplina Positiva podem ser úteis para desenvolver essa coragem de ser vulnerável. Aqui vou citar duas delas: “Assim como as crianças precisam de treinamento, os pais também precisam ser treinados. O treinamento consiste em aprender novas respostas às provocações das crianças, e que pode levar a novas atitudes e abrir novos caminhos onde florescem relacionamentos harmoniosos.” (Rudolf Dreikurs) Desta forma, quero encorajar você que é pai e mãe a olhar para si mesmo, identificar suas áreas de competência, rever crenças que foram passadas ao longo de gerações e ser corajoso nessa jornada. 20 Valide o sentimento: permita que a criança tenha sentimento, para que aprendam que são capazes de lidar com eles. Lembre-se de que ser vulnerável é ter coragem, não corrija a criança e valide seus sentimentos: “Posso ver que você está bem bravo” acredite que ela vai se autorregular e superar isso. Fale também de suas necessidades. “Notei que você ainda não fez seu exercício de casa, você quer fazer agora ou depois do almoço?”. Concluo que essa mudança de mentalidade não é fácil, não é mágica, mas é um convite para se relacionar autenticamente com você mesmo e com seus filhos, finalizo com um trecho do livro da Brené Brown “A coragem de ser imperfeito” que nos leva à reflexão se estamos sendo o adulto que desejamos que nossos filhos se tornem um dia. @adriana.quintana.psi | /adriana.quintana.psi/ 21 "Quem somos e a maneira como nos relacionamos com o mundo são indicadores muito mais seguros de como nossos filhos serão do que tudo o que sabemos sobre criar filhos. Em se tratando de ensinar as crianças como viver com ousadia na sociedade da escassez, a questão não é tanto "Você está educando seus filhos da maneira certa?", mas, sim, "Você é o adulto que deseja que seus filhos se tornem um dia?" (Brené Brown)” 22 Autoconhecimento e resgate dos vínculos familiares O indivíduo, desde a sua concepção, vivencia constantes mudanças ao longo de todo o seu processo de desenvolvimento, não é um processo estático, sempre surgem novos desafios. Nesse processo contínuo de desenvolvimento, em uma boa parte da vida, ele estuda, se prepara para exercer alguma função profissional, faz cursos profissionalizantes, faculdade, pós-graduação. Porém, eles não são preparados para a chegada de seus filhos, porque ser pai e mãe não é uma tarefa fácil, ao nos tornarmos pais acreditamos que temos de ser perfeitos e não podemos errar, são pensamentos que geram sentimento de culpa, medo, impotência, ansiedade. Ao aceitarmos que não somos perfeitos, os erros podem se transformar em oportunidades de aprendizado, arriscamos mais, pensamos em novos caminhos, trapaceamos menos e resolvemos mistérios que antes não conseguíamos. Iolanda do Nascimento Pessotti | CRP: 06/134064 “Quando não somos capazes de mudar uma situação, nos deparamos diante do desafio de mudarmos a nós mesmos” (Viktor Frankl) 23 Sou psicóloga e, na minha experiência clínica com crianças e adolescentes, frequentemente recebo pais que estão emocionalmente muito abalados, sentem-se irritados, impotentes, desencorajados, ansiosos e não sabem o que fazer, diante dos comportamentos de seus filhos. Quase sempre, na anamnese, a queixa dos pais é apenas uma pontinha do Iceberg, eles conseguem ver apenas o mau comportamento do filho. Nesses atendimentos, fica evidente que os pais se sentem desencorajados, por desconhecer o processo de desenvolvimento psíquico do seu filho, ao interpretar a forma dele agir, como mau comportamento. Outras situações que ocorrem com crianças pequenas, elas choram, fazem birras porque estão com fome, cansadas, e os pais, não conseguem identificar essas necessidades, acham que elas estão se comportando mal. Também tem as questões emocionais envolvidas, muitas vezes, o filho não está emocionalmente bem, nesse momento, ele precisa ser acolhido, os pais podem nomear as emoções, dizer que está tudo bem e que isso vai passar, mas dificilmente conseguem fazer isso de forma gentil e firme. 24 Além dos pais desconhecerem o processo do desenvolvimento psíquico do filho, há outras questões que se apresentam nessa relação pais e filhos, em muitas situações os pais utilizam seu cérebro primitivo, no qual a comunicação é ineficaz, a falta de conhecimento e habilidades geram situações de estresse, diante de um comportamento do filho, que eles avaliam como um mau comportamento, eles não sabem como lidar com essa questão, regridem no seu estado mais primitivo, e se colocam na mesma posição que o filho, ficam totalmente vulneráveis, e não conseguem controlar suas emoções. Aqui cabe uma reflexão, se os pais, muitas vezes não conseguem controlar suas emoções, como eles podem exigir que seus filhos controlem suas emoções? Nessas situações, muitas vezes, os filhos são punidos diante de comportamentos que fazem parte do seu desenvolvimento. O que ocorre é que o cérebro do filho, ainda não se desenvolveu o suficiente para compreender o que os pais esperam dele. Por falta de conhecimento, tanto os pais quanto os filhos sentem-se desencorajados, ao vivenciarem um sintoma de uma doença, que parece que não foi tratada, e ao longo do tempo, pode trazer sérias consequências no futuro. Contato | E-mail: iolanda.pessoti@gmail.com WhatsApp: (19) 99865-1060 25 A Disciplina Positiva, vê os erros como oportunidades para desenvolvimento de novos aprendizados e novas habilidades. Esse método convida os pais a focarem na responsabilidade e nas soluções, em vez de focar no mau comportamento do filho e as consequentes punições. Quando os pais se tornam responsáveis e focam nas soluções, ficam mais conscientes do problema, e de forma eficaz, focam mais namudança do seu próprio comportamento. A mudança do comportamento dos pais, incentiva naturalmente o filho a melhorar o seu comportamento, sem destruir seu senso de autovalor. Esse processo de autoconhecimento, é uma questão de tempo, os pais se reequilibram até que possam agir conscientemente em vez de reagir, sem pensar, ao mau comportamento do filho. A Disciplina Positiva possibilita aos pais e filhos, o desenvolvimento de novos comportamentos e de novas habilidades, diante da possibilidade da educação firme e gentil. Uma criança que se comporta mal é uma criança desencorajada. (Rudolf Dreikurs) 26 Compreendemos que diante da problemática que se apresenta, em quaisquer circunstâncias, primeiro precisamos conhecer o problema, nos conscientizarmos das mudanças e buscar soluções. Segundo Dreikurs, quando o filho se sente desencorajado, ele adota objetivos equivocados, fruto de suas crenças equivocadas adquiridas na sua primeira infância: ele só se sente aceito e amado quando as pessoas à sua volta lhe dão atenção, e para conseguir essa atenção indevida, ele adota alguns comportamentos equivocados. Em outras situações, suas crenças o colocam em uma posição de superioridade em relação aos seus pais, o filho se considera mais poderoso que eles, e esta crença equivocada requer que ele passe a ser mais colaborador, que possa ajudar seus pais, passe a aceitar limites e rotinas. @psi.iolandapessotti | /iolanda pessotti clínica de psicologia 27 Quando se observa que o filho quer se vingar, por não se sentir aceito, ele está magoado, descrente e ressentido, cabe aos pais de forma gentil e firme, demonstrar que ele é aceito e é muito importante no ambiente familiar. Às vezes, observa-se que o filho parece que desistiu, tem uma forma assumida de inadequação, ele se sente rejeitado, e mais uma vez, os pais precisam trabalhar de forma gentil e firme o credo de sua aceitação no ambiente familiar. De forma simplificada, os pais em busca de seu autoconhecimento e resgate dos vínculos com seus filhos, podem interpretar os maus comportamentos deles, baseados em crenças equivocadas adquiridas na sua primeira infância, exigem que os pais respondam de forma criativa, gentil e firme, mostrando que seus filhos são seres aceitos e importantes para o ambiente familiar, que colaborem com aquilo que eles podem fazer, assumam rotinas e aceitem limites coerentes com o seu estágio de desenvolvimento físico e psíquico. 28 Na parentalidade, compreendemos que os pais trazem um pouco de si ao educar os seus filhos. Nossas experiências, nossa subjetividade, define quem somos, o que queremos, qual a nossa visão sobre o mundo, e sobre a forma que tratamos as pessoas, incluindo os nossos filhos. Educar é um desafio, mas pode se tornar um desafio encorajador. E é importante termos consciência de que nosso estilo de liderança e a forma de ser pai, de ser mãe, de ser responsável será um fator determinante. De acordo com John Gottman (1997) existem os pais que apresentam um estilo permissivo ou “laissez- faire”; outros o estilo desaprovador ou autoritário; outros são os simplistas ou negligentes e por último os preparadores emocionais. Os estilos parentais e a construção de uma parentalidade encorajadora Luciana Gama dos Santos | CRP: 01/13220 29 Os permissivos se caracterizam por apresentar pouca firmeza e não permitir que os filhos experimentem as frustrações, muitas vezes assumem as responsabilidades dos filhos, não deixando que eles resolvam suas demandas. Esses são os pais que tendem a apresentar muita dificuldade para estabelecer limites, prejudicando assim o desenvolvimento emocional dos seus filhos. 30 O desaprovador ou autoritário são firmes, mas não demostram muita gentileza ao falar, educar e corrigir. Apreciam o controle da situação, em especial, o controle dos filhos. Não são abertos às demandas emocionais que os filhos podem trazer, podendo inclusive julgar e criticar as manifestações emocionais. Os estilos autoritários são voltados exclusivamente à obediência, cumprimento de regras, pouco diálogo e focado nos padrões de comportamento. Os simplistas, também chamados de negligentes, denotam pouco interesse nos filhos, não são voltados a educá-los e sim em deixar que os acontecimentos e as demandas se resolvam sem suas intervenções, são ausentes no que diz respeito a acompanhar e acolher as emoções dos seus filhos, querendo inclusive que as emoções desagradáveis logo desapareçam. Os preparadores emocionais por sua vez são firmes, conscientes da importância de acolher e sabem falar sobre emoções com os seus filhos. É o estilo parental mais indicado quando se fala em formar adultos seguros, assertivos e felizes. Contato | E-mail: lucianagama.psi@gmail.com WhatsApp: (61) 99947-7641 31 Gentileza e firmeza ao mesmo tempo indica um estilo parental respeitoso e encorajador; Esse estilo ajuda as crianças a desenvolverem um senso de aceitação e importância, o que gera conexão entre pais e filhos; A punição funciona em curto prazo, mas apresenta resultados negativos a longo prazo; Ensina habilidades sociais e de vida valiosas para a formação de um bom caráter, como a preocupação com os outros, responsabilidade, contribuição e cooperação. O estilo preparador emocional consegue exercer de maneira eficaz o que chamamos de parentalidade encorajadora. Encorajar no sentido de estabelecer limites sem destruir a autoestima e a autoconfiança e substituindo a punição por oportunidade de aprender com os erros. Jane Nelsen (2016) apresenta quatro critérios para uma disciplina efetiva que caracteriza um estilo preparador emocional: 32 Diante disso, sejamos encorajadores na formação dos nossos filhos. São muitas as formas de acolher, educar e amar, mas quando optamos por educar estabelecendo limites, mas abertos aos sentimentos estamos construindo indivíduos positivos. Falar o que sente e acolher o que os filhos sentem é fundamental e todos ganham nesse processo, as mães, os pais, os filhos e a sociedade. @lucianagama.psicologia 33 Parentalidade encorajadora: a importância de ser gentil e firme no processo de educação dos filhos Quando somos pais nossa vida muda totalmente e nos deparamos com um mundo diferente, cheio de expectativas, desafios, compromissos, responsabilidades e muitas emoções, dentre elas: alegria, preocupação, amor, ansiedade, medo, raiva, etc. Quando nasce um filho não temos receitas prontas para educá-los, daí a necessidade de estudar para educar de maneira saudável. Quando somos pais ou cuidadores e temos compromisso com a vida dos nossos filhos, buscamos sempre fazer o melhor e queremos criá-los de uma maneira que eles possam prosperar e ser felizes. Ruth Gisele Menezes | CRP 02/14193 “O desafio da criação dos filhos consiste em encontrar um equilíbrio entre nutrir, proteger e guiar, por um lado, e permitir que seu filho explore, experimente e se torne uma pessoa independente e única, por outro”. (Jane Nelsen) 34 E eu te pergunto: Quem você deseja que seu filho se torne na vida adulta? Quais valores você pretende deixar para eles? A Disciplina Positiva nos traz um mundo de informações importantes para que possamos desenvolver uma parentalidade encorajadora, na qual podemos desenvolver habilidades importantes para o processo de educação de nossos filhos. Ela enfatiza e nos ensina a educar com gentileza e firmeza, evitando assim, a permissividade e a punição. Como você deve ter percebido, educar não é tarefa fácil, criar filhos felizes, habilidosos, saudáveis e competentes é o que mais idealizamos enquanto pais. Desejamos que os filhos se adaptem à dinâmica familiar e social e possam desenvolver habilidades para a vida. 35 A sociedade mudou e os filhos também mudaram, as crianças apresentam mudanças em seu comportamento. Precisamos aprender a fazerdiferente dos métodos tradicionais de educação. Métodos controladores e excesso de autoridade, podem não garantir oportunidades às crianças de aprenderem alguns valores importantes para a vida, tais como: respeito mútuo, empatia, cooperação, responsabilidade compartilhada. Nós pais precisamos encorajar nossos filhos. Educá- los com gentileza e firmeza. Gentileza não é permissividade e firmeza não pode ser confundida com autoritarismo e punição. De acordo com Rudolf Dreikurs, a gentileza e a firmeza são importantes nas relações dos pais com os filhos. Segundo ele, gentileza é importante para mostrar respeito pela criança e firmeza é importante para mostrar respeito por nós mesmos de acordo com a necessidade da situação. “As crianças não desenvolvem responsabilidade quando os pais e professores são muito rígidos e controladores, mas também não se tornam responsáveis quando os pais e professores são permissivos”. (Nelsen, 2015) Contato | E-mail: ruthgisele@hotmail.com WhatsApp: (81) 98849-4950 36 Acolha as emoções dos filhos e dê nomes a elas; Não critique o que ele sente, expresse empatia pelos sentimentos de seu filho; Ouça atentamente; Exerça o diálogo; Realize combinados/acordos; Use uma linguagem positiva na relação com seu filho Fortaleça sua autoestima e autonomia; Eduque por meio do exemplo. Esses dois conceitos são importantes dentro da Disciplina Positiva e ajudam os pais no processo de criação dos filhos permitindo assim o encorajamento das crianças. Algumas estratégias de encorajamento para os pais através da Disciplina Positiva e da Educação Emocional Positiva: 37 Eu convido você a pensar de uma maneira diferente, em relação ao processo de educação de seu filho, desenvolvendo assim uma relação de respeito mútuo, compreensão e muito amor. @psiruthgiselemenezes | @clippsinrecife psiruthgiselemenezes | Clippsinrecife 38 Em algum momento da sua vida, você percebeu seu filho ou filhos de seus amigos falando ou fazendo coisas como nós adultos? Se não reparou nisso, eu o convido a fazer essa experiência e observar o comportamento dos pequenos e de seus pais ou cuidadores mais próximos. Verá que a criança reproduz muitos comportamentos do adulto, que é a sua referência, e esse adulto nem percebe . Por que isso acontece? Piaget e Vygotsky observaram e estudaram muito sobre o desenvolvimento das crianças. Ambos os autores afirmam que as crianças, inicialmente, aprendem por imitação, ou seja, os pensamentos e comportamentos da criança, funcionam como uma repetição daquilo que elas veem e experimentam. A influência do comportamento dos pais na educação dos filhos Flávia Corrêa Quitete de Almeida | CRP: 05/30966 39 Como fomos educados? Antes de começar a entender o modo como educa seus filhos, é preciso em primeiro lugar, refletir sobre o modo como você foi educado. Independentemente do que seja educação para você, é provável que tenha aprendido muita coisa com seus pais: se você teve um crescimento saudável, se foi marcado por um ambiente sem limites, agressivo e etc. Todos fomos criados por seres humanos, consequentemente nossos pais repetiram os modelos de educação que tiveram e isso, inconscientemente, se torna um ciclo onde a forma como fomos educados será a forma como iremos educar. De certo modo os pais falham e não somos exceção, às vezes também fracassamos com os nossos filhos. Precisamos entender que ocorreram muitas mudanças no mundo e as informações científicas que se baseiam na educação e criação de filhos evoluíram nas últimas décadas, quando descobriram mais sobre o cérebro e a neuroplasticidade - que é a capacidade do cérebro se adaptar a mudanças por meio do sistema nervoso. 40 Sendo assim o modelo de parentalidade mudou no decorrer dos séculos. Tínhamos um modelo de relações e educação autocrático, em que quem estava acima tinha o poder e agora vivemos em uma democracia, onde busca-se respeito mútuo e igualdade. Isso significa que se queremos que nossos filhos nos respeitem e respeitem o amiguinho, temos que começar nós próprios respeitando-os, porque o exemplo continua ser a melhor maneira de educar. Se tratarmos nosso filho com agressividade isso irá influenciar os comportamentos que eles terão. Contato | E-mail: flaviaquitete@gmail.com WhatsApp: (21) 97017-5773 41 Jane Nielsen, precursora da Disciplina Positiva, defende que as crianças têm o direito à dignidade e ao respeito, assim como qualquer outra pessoa. A Disciplina Positiva é uma filosofia de vida que nos ensina a nos conectar com a crianças de maneira firme, amável onde podemos convidá-los a cooperar, escutá-los e levá- los a sério. Esse é um modelo de educação a longo prazo. Ao compreender o que nossos filhos estão pensando, podemos guiá-los para buscar soluções que ajudem na resolução de conflitos e problemas. Para isso é preciso que nós, pais, nos coloquemos no lugar de nossos filhos. 42 Precisamos estabelecer vínculos com nossos filhos, educando-os sem gritos e castigos. Precisamos lutar por uma infância sem violência. A violência contra a criança, nas suas diferentes formas de manifestação, repercute na sua fase adulta. Estudos revelam que crianças que sofreram violência na infância tendem a desenvolver dificuldades acadêmicas, de relacionamentos e podem utilizar álcool e droga na adolescência. Quando reconhecemos que não estamos no caminho certo e estamos dispostos a nos tornar pais encorajadores, poderemos contribuir com adultos mais saudáveis. @psicologaflaviaquitete 43 Somos Diferentes e Somos Iguais! E como ensinar às crianças? Silvana Francisca de Souza | CRP: 04/28927 Ensinar o respeito ao outro exige que os pais e cuidadores olhem para si e questionem o seu posicionamento diante do mundo e das pessoas. As percepções e crenças individuais são construídas, desde a infância, como se fossem verdade, e estabelecem um modo particular de agir no mundo para cada pessoa. Entender que o seu jeito de fazer as coisas é apenas um entre muitos, como no exemplo de educar os filhos, possibilita criar espaço para o outro, e, consequentemente, a valoração das diferenças. 44 A Disciplina Positiva, abordagem socioemocional desenvolvida por Jane Nelsen, Lynn Lott e colaboradores, com base nos conceitos psicológicos humanistas de Alfred Adler e Rudolf Dreikurs, mostra que, a criança pode ser cuidada de forma respeitosa, por meio de uma educação gentil e firme, ao mesmo tempo, sem necessidade de punições ou recompensas. Assim, será incentivada a aprender habilidades sociais e de vida fundamentais para o desenvolvimento de pessoas plenas, como o respeito a si e ao outro, autoestima, autonomia, cooperação, capacidade de resolução de problemas, a partir de um lócus de controle interno, sem que o outro forneça as respostas ou soluções prontas. 45 É fundamental que a criança ou adolescente sejam respeitados em sua singularidade, e lhe seja dado espaço de fala, reconhecendo suas escolhas e conquista da autonomia. Segundo Paulo Freire, notável filósofo e educador brasileiro, ensinar não se resume a transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua construção, a partir da própria vivência do educador. As crianças e adolescentes precisam sentir-se aceitos e amados do jeito que são, pessoas únicas, sem exigência de perfeição, muito menos de humilhação ou vergonha diante de suas falhas, pois estas são excelentes oportunidades para aquisição dos aprendizados de vida. E exatamente por se perceberem únicos e aceitos como são que poderão desenvolver uma melhor compreensão e respeito às diferenças entre os seres humanos, considerando a todos como iguais em sua essência e valor. Como promover este potente aprendizado? Contato | E-mail: silvanasd.psicologa@gmail.com WhatsApp: (31) 99141-9757 46 Incentive a curiosidade sobre sua história e suas origens,falando sobre os hábitos e costumes, que podem ser transmitidos entre gerações. Na maioria das vezes, não será necessário, pois eles irão questionar naturalmente. E este momento poderá ser construído de formas muito criativas, utilizando fotos, vídeos, livros, comidas deliciosas ensinadas pelos avós ou transmitidas culturalmente. Conhecer sobre si permitirá que se sinta participante de uma narrativa compartilhada, mas única, sem a necessidade de enquadrar-se em um modelo com o qual não consiga se identificar genuinamente. Faça perguntas curiosas sobre as pessoas e o mundo que o cerca, contribuindo para que ele desenvolva um olhar para além de si. Por exemplo: “Como ajudar o seu amigo a se sentir melhor agora?” Incentive que assista a filmes, desenhos e leia livros que realcem a riqueza das diferenças. Evite destacar apenas as semelhanças entre as pessoas. @silvanapsicologa | Psicóloga Silvana Francisca 47 Ensine a empatia! Entre em seu mundo, buscando compreender as suas emoções, os desafios e necessidades que experimenta neste momento. Desenvolva a escuta ativa, posicionando-se ao nível da criança, olhos nos olhos, com atenção à sua fala e interesse verdadeiro pelo assunto. Confie no seu filho e na sua filha! E confiar é “fiar junto, tecer junto, construir-se junto”. Seja o líder que caminha ao lado, e permite as grandes descobertas, no tecer de uma linda história, de maneira amorosa e encorajadora. Seja exemplo! “Quem somos e a maneira como nos relacionamos com o mundo são indicadores muito mais seguros de como nossos filhos serão do que tudo o que sabemos sobre criar filhos.” Brené Brown 48 Reconhecer o seu papel diante dos filhos e assumir o protagonismo neste mundo a partir do questionamento do seu modo de pensar e agir fará toda a diferença em sua casa. Comece este movimento dentro de sua família! Encoraje a todos a se tornarem a melhor versão de si mesmos. Seja a mudança que deseja em sua casa! A função parental se desenvolve a cada dia, em cada ação, em cada erro ou acerto, sem receitas prontas. A grandeza está no fazer-se constante, na melhoria constante, na diferença que lhe faz um pai ou mãe únicos. E tudo bem se não conseguiu desta vez, a sua chance de fazer diferente começa agora… 49 Muito se tem falado sobre a relação entre pais e filhos, sobre Parentalidade Encorajadora e sobre a importância de uma convivência baseada no respeito e gentileza em detrimento da educação tradicional, baseada em punições, castigos e recompensas. Tendo como referência a Disciplina Positiva, faremos uma reflexão sobre o papel da família no desenvolvimento saudável de crianças, pois desejamos entregar para o mundo filhos emocionalmente saudáveis, resilientes, capazes, confiantes e como pais, sabemos de nossa importância ao conduzir esse processo. Muitos pais me dizem: “Fui criada em uma educação tradicional e desejo fazer diferente com meus filhos”. O papel dos pais no desenvolvimento socioemocional das crianças Karoline de Sousa e Silva | CRP: 04/23100 50 Antes de qualquer coisa, é importante lembrar que entender os princípios e critérios da Disciplina Positiva, não é suficiente para conseguirmos colocar em prática essa nova maneira de educar, conviver e estar no mundo. O desejo em partir para a mudança é importante, mas é somente o início de um processo longo e que exige muita dedicação. Alguns passos que podem auxiliar os pais durante esse processo são: mudança de mindset, compreender as próprias emoções, buscar informação, estar disponíveis e se sentirem encorajados para vivenciar o processo também consigo e juntamente com os filhos. “Não só os filhos, como também os pais, precisam de educação para saber lidar com os desafios de comportamento das crianças a partir de novas atitudes que abrirão caminhos para relações mais harmoniosas.” (Rudolf Dreikurs) 51 Nossos filhos necessitam se sentir amados independente de como são e do que venham a fazer ou deixar de fazer. Necessitam ser tocados, pois abraços, carinhos e beijos auxiliam na formação emocional da criança. Necessitam de palavras encorajadoras, de afeto e carinho, bem como de palavras de orientação. Necessitam também de tempo de qualidade com os pais para estarem juntos, brincar, conversar e poderem compartilhar seus sentimentos e emoções. A forma como os pais lidam com as próprias emoções, também constitui algo fundamental para que consigam aplicar com eficácia a Disciplina Positiva com os filhos. Saber manejar nossas próprias emoções, nos auxiliará a ensinar e potencializar o processo de manejo das emoções de nossos filhos. Jane Nelsen nos lembra que muitos desafios de comportamento que frustram os pais poderiam ser mudados se os adultos mudassem primeiro. Contato | E-mail: karolinepsicologia@hotmail.com WhatsApp: (37) 99941-4354 52 Considero que a maior herança que podemos deixar para nossos filhos é oferecer recursos para que eles consigam lidar com as tempestades da vida, com as frustrações, com o desconhecido, com as relações difíceis, dentre outros desafios. Enquanto pais, devemos aprender a lidar com nossas próprias emoções e ensinar aos filhos a manejar as suas, auxiliando-os a desenvolverem habilidades de vida. 53 Aprender a reconhecer as emoções, aprender a nomeá-las, ensinar aos filhos formas adequadas de expressá-las, buscar estratégias de autorregulação, compreender que todas as emoções são passageiras e que não existem emoções BOAS ou RUINS e que todas têm sua função, nos traz a possibilidade de vivermos e nos relacionarmos de forma congruente com nossos filhos, com firmeza e gentileza, fazendo com que nossos desejos e ações caminhem de mãos dadas rumo a uma parentalidade encorajadora. Assim, podemos nos sentir encorajados enquanto pais, nos tornando nossa melhor versão e despertando o melhor também em nossos filhos. @karolinepsicologia | recadopsi | karolinepsicologia 54 As emoções fazem parte da nossa natureza e estão presentes em todas as etapas da nossa vida. Elas são reações ou respostas do nosso corpo a algum estímulo do ambiente e são fundamentais para nossa adaptação e sobrevivência. Muitas vezes nem percebemos o que desencadeou a emoção, mas a sentimos em nosso corpo. Por isso, podemos afirmar que não é possível controlar o surgimento de uma emoção, entretanto, é possível controlar as reações geradas por ela. Todas as emoções são importantes, não existindo emoções boas ou ruins, certas ou erradas. Elas podem ser mais agradáveis ou menos agradáveis de sentir, mas são indispensáveis, pois estão nos transmitindo alguma informação. Alfabetizando as emoções Laura Alonso de Bem | CRP: 07/08605 55 A raiva, por exemplo, sinaliza que nos sentimos ofendidos, injustiçados, desrespeitados ou agredidos, e tem o objetivo de nos proteger e defender de quem nos ataca. A tristeza indica que nos sentimos perdendo algo, desvalorizados, não aceitos ou incapazes, e tem a intenção de demonstrar que precisamos de cuidado, além de nos impelir a refletir sobre nossos comportamentos e escolhas. E assim por diante, cada emoção tem sua função e objetivo. Já nascemos experienciando emoções e sentindo seu processo fisiológico no nosso corpo, como por exemplo: nosso coração dispara quando sentimos medo, choramos quando estamos tristes, mãos transpiram se estamos ansiosos, rimos quando estamos felizes. Entretanto, a capacidade de decodificar e traduzir essas sensações em palavras não é inata. Desta forma, reconhecer e gerenciar as emoções de forma saudável requer um aprendizado. Assim como aprendemos a juntar as letras para formar palavras que façam sentido e dêem um significado às coisas, precisamos também ser alfabetizados emocionalmente, para que possamos dar sentido às nossas emoções e adquirir habilidades de gerenciá-las de forma produtiva. 56 Perceber a emoção da criança; Reconhecer a emoção como uma oportunidade de intimidade eorientação. É um momento de demonstrar que devemos aceitar todas as emoções, inclusive as desagradáveis, pois fazem parte da vida. É uma ótima ocasião para fortalecer os laços afetivos; Pais, mães e cuidadores têm muitas oportunidades de educar as emoções das crianças ao longo do dia. Assumindo a função de preparadores emocionais de seus filhos, podem conectar o que ocorre no corpo deles, com a emoção que essas sensações representam. Segundo John Gottman, esse processo compreende cinco etapas: Contato | E-mail: lauradebem@gmail.com 57 Ouvir com empatia e legitimar os sentimentos da criança. Apenas escutar e validar a emoção, sem propor soluções para a situação, muito menos afirmar que não há motivos para se sentirem de tal forma; Ajudar a criança a nomear as emoções, colocando em palavras o que sentem no corpo, colaborando no desenvolvimento de um vocabulário emocional; Estabelecer limites e ao mesmo tempo ajudar a encontrar soluções. É importante estabelecer limites ao mau comportamento, deixando claro que a criança pode sentir raiva e estar irritada, mas não pode bater em alguém ou quebrar objetos, por exemplo. Também deve-se identificar qual o objetivo do comportamento, qual a necessidade da criança que não estava sendo atendida. Então, juntos, buscar soluções razoáveis, úteis e aplicáveis. Escolher uma solução e testá-la por um período. 58 Aprendendo a regular as emoções, a criança adquire a capacidade de sentir qualquer uma delas, sabendo que voltar a uma sensação de bem estar é uma questão de tempo. Isso não evitará que tenha problemas, conflitos ou frustrações, mas lhe permitirá passar por situações difíceis e permanecer em pé, seguindo em frente. Pesquisas têm demonstrado que crianças que desenvolvem inteligência emocional se tornam pessoas mais felizes e bem sucedidas em várias áreas de sua vida. Isso porque são capazes de conhecer e compreender suas emoções, podendo lidar com elas de forma consciente, evitando respostas automáticas e estabelecendo interações sociais muito mais empáticas. Ser pai e mãe preparadores emocionais exige dedicação e paciência. É necessário demonstrar verdadeiramente respeito e compreensão pelos sentimentos das crianças, ouvindo-as e enxergando as situações pela ótica delas. Os pais e mães que conseguirem desempenhar essa função estarão entregando a seus filhos um legado precioso. Desejo a você sucesso e muitas emoções nesta caminhada! 59 @parentalidade.viapsi Em Disciplina Positiva não utilizamos punições e recompensas como uma maneira de educar porque o objetivo é auxiliar as crianças a desenvolverem habilidades sociais e de vida. Muitas pessoas, pais ou não, tem a convicção de que punição funciona porque, no geral, foi assim que aprendemos. É preciso estarmos atentos, pois é muito comum que sejamos enganados pelos resultados em curto prazo. A punição funciona se considerarmos que ela interrompe o mau comportamento da criança imediatamente, mas e a longo prazo? Os efeitos podem ser extremamente negativos. Por que não educar com punições e recompensas? Veronica Pereira dos Reis | CRP: 01/21296 60 Ressentimento – “Isso não é justo. Eu não posso confiar nos adultos.” Retaliação – “Eles estão ganhando agora, mas eu vou me vingar.” Rebeldia – “Eu vou fazer exatamente o contrário para provar que eu não tenho que fazer do jeito deles.” Recuo - a) Dissimulação: “Eu não vou ser pego da próxima vez.” b) Redução da autoestima: “Eu sou uma pessoa ruim.” A punição (dor, sofrimento, humilhação) é uma ferramenta de controle externo que desencadeia na criança: 61 A recompensa funciona do mesmo modo! Não estimula o bom comportamento da criança pela dor e ameaça, mas por meio de prêmios e gratificações. Punições e recompensas não ensinam o que as crianças devem fazer. Crianças são naturalmente colaborativas, querem se sentir úteis, mas a punição acaba desencorajando e a recompensa tira esse poder legítimo dos pequenos contribuírem com as necessidades da família. Mas e agora? O que eu faço se às vezes vou na linha da punição e outras vezes na linha da recompensa? Experimente essas ferramentas da Disciplina Positiva como alternativas mais respeitosas e encorajadoras: Contato | E-mail: vepereira.reis@gmail.com WhatsApp: (61) 98122-7902 62 Organize um quadro de rotinas junto com a criança: Envolva as crianças na discussão das tarefas que precisam ser feitas. Escute seu filho e leve em consideração a sua opinião. Rotinas possibilitam que elas se concentrem mais nas necessidades da situação. Permitem que elas desenvolvam comportamentos mais colaborativos porque elas passam a ver a sua rotina com antecedência. É importante que a criança veja na prática que cada membro da família tem responsabilidades individuais e também relacionadas ao grupo. 63 Pausa Positiva: As pessoas agem melhor quando se sentem melhor. Por isso, é uma excelente alternativa aos castigos e útil tanto para os pequenos quanto para os pais. A partir dos 6 anos de idade, além da sequência de atividades, pode ser colocado também o horário em que cada atividade deve ser feita. Utilizem a criatividade! ATENÇÃO: o quadro de rotinas não deve ser extremamente rígido. Imprevistos acontecem, por isso, quando colocar um horário, deixe alguns minutos como margem. Também não deve ser confundido com quadro de incentivo. Não é necessário dar estrelinhas, “carinhas felizes” ou recompensas porque o que queremos é que a criança aprenda que colaborar é bom para todos e faz parte da vida. Reserve um tempo para treinar a criança na nova rotina e pratique o acompanhamento através de perguntas que estimulem a curiosidade: “Filha, o que precisa ser feito depois do banho?” @pais_des_orientados 64 Consiste em uma pausa para reintegrar o cérebro e ajudar as crianças e adultos a se acalmarem antes de resolver qualquer conflito. Montem esse espaço juntos e deixe que a criança decore e arrume do jeito que quiser. Peça que ela escolha um nome para esse lugar e quando a criança estiver nervosa, pergunte: “Te ajudaria ir para o seu “Canto da Paz?”. Caso ela esteja muito irritada e resistir, experimente: “Quer que eu vá com você?” Se ainda assim a resposta for negativa, que tal tentar: “Tudo bem, filho. Eu vou lá me acalmar um pouco e depois volto para conversarmos.” Lembre-se de que você é modelo para o seu filho. Começar a substituir as punições e recompensas por alternativas mais respeitosas e condizentes com as necessidades de todos pode ser difícil no início, mas é possível. Para isso, é preciso adquirir a coragem para modificar nossas crenças a respeito das punições e recompensas na educação das crianças. Educar é sobre relacionar-se! 65 Ansiedade Infantil: como utilizar ferramentas práticas para encorajar e acalmar a ansiedade dos pequenos De repente seu filho ou filha, aquela criancinha linda, começa a apresentar comportamentos de choro, ataques de raiva, aparentemente sem motivos. Passa a ter comportamentos de agarrar-se, encolher-se, evitar ou paralisar em situações sociais. Você não entende o que pode estar acontecendo, afinal você não consegue encontrar uma justificativa para tais comportamentos. Papais e mamães fiquem calmos, isso pode ser ansiedade social. Então você deve estar se perguntando: O que é ansiedade social? O que posso fazer para ajudar meu filho? É sobre esse tema que vamos abordar neste capítulo. Andréa dos Santos Silva Armôa | CRP: 14/07595-4 66 A ansiedade em crianças e jovens se constitui como um sentimento comum que faz parte de todos os seres humanos e ajuda em situações as quais é necessário se preparar para um acontecimento, como por exemplo estudar para prova. Entretanto, se for vivenciado de forma excessiva e contínua pode gerar efeitos significativos no funcionamento diário, causando impacto no desenvolvimento da criança, em suas interações sociais de amizades, nas relações familiares e pode interferir na capacidadede aprendizagem. 67 A ansiedade social é um medo ou ansiedade acentuados ou intensos de situações sociais nas quais a criança pode ser avaliada pelos outros. Em crianças, o medo ou ansiedade deve ocorrer em contextos com os pares e não apenas durante interações com os adultos. Quando exposto a essas situações sociais, a criança tem medo de ser avaliada negativamente, medo de ofender os outros ou ser rejeitada como consequência. A Disciplina Positiva enfatiza a importância do encorajamento, bem como, da preparação emocional das crianças. Rudolf Dreikurs ressaltava que o encorajamento é a habilidade mais importante que adultos deveriam aprender para ajudar as crianças. Nesse sentido a melhor maneira de ajudá-las a lidar com a ansiedade é por meio do encorajamento e da preparação emocional. Quando o desencorajamento é removido, a motivação para sentimentos e comportamentos equivocados também desaparecem. A seguir destaco algumas sugestões práticas para encorajar e estimular a preparação emocional do seu filho perante o sentimento de ansiedade. 68 Acolha o sentimento da criança: ouça com empatia e legitime os sentimentos da criança. Preste atenção na linguagem corporal, expressões faciais e aos gestos da criança. Significa também não tentar dar conselhos ou explicar logicamente a situação. Nomear e verbalizar as emoções: as emoções geram reações fisiológicas que podem gerar medo na criança. Quando conseguimos descrever em palavras aquilo que estamos sentindo ou fazer essa nomeação para a criança, causa um efeito tranquilizador e age no sistema nervoso como um calmante. Pausa positiva: é importante envolver a criança na criação de um espaço que as ajude a se sentir melhor principalmente quando se sentir ansiosa. Pode incluir almofadas macias, música, bichinhos de pelúcia, bolinha de sabão. Ensine e pratique com a criança técnicas de respiração profunda, técnicas de relaxamento. Deixe-as dar um nome ao espaço da pausa positiva (cantinho do bem-estar, cantinho do relaxamento). 69 Dê ênfase aos pontos fortes e não aos fracos: Invista tempo e energia focando, reconhecendo e encorajando os aspectos positivos da criança. Foque na melhora dos sintomas, não na perfeição: perfeição é uma expectativa irreal, além de ser muito desanimador para a criança que sente que deve estar à altura dela. Crianças preferem não tentar do que viver o desencorajamento constante. Reconhecimento de melhora é encorajador e as inspira a continuar com seus esforços. Programe um tempo especial: dedique um tempo especial para passar com a criança. Reserve pelo menos dez minutos do dia para brincar com a ela. Essa interação proporciona uma conexão saudável com a criança e a ajuda a lidar melhor com sua emoção. Contato | WhatsApp: (67) 99264-5696 70 As ferramentas destacadas podem ajudar o seu pequeno a lidar melhor com as situações de ansiedade, a desenvolverem habilidades de vida e inteligência emocional. Mas nada substitui uma parentalidade gentil e firme ao mesmo tempo para o desenvolvimento saudável da criança. “Crianças precisam de encorajamento, assim como as plantas precisam de água”. (Rudolf Dreikurs) 71 É no seio da família que se inicia tudo na vida de qualquer criança. No livro Inteligência Emocional, Daniel Goleman afirma que a vida em família é a nossa primeira escola para o aprendizado emocional, nesse caldeirão íntimo aprendemos como nos sentir em relação a nós mesmos e como os outros irão reagir a nossos sentimentos, aprendemos como avaliar nossas emoções e como reagir a elas. As crianças começam a compreender a si mesmas e a construir sua própria personalidade na infância e os pais exercem papel fundamental nesse contexto. Através de seus estudos, John Gottman menciona que existem três tipos de pais que tratam incorretamente as emoções de seus filhos, são eles: A influência da inteligência emocional dos pais na educação dos filhos Maria de Lourdes de Almeida Viana | CRP: 02/15069 72 1) Pais Simplistas: Que não dão importância aos anseios dos filhos, chegam ao ponto de ignorar ou banalizar as emoções negativas dos mesmos; 2) Pais Laissez-faire: Existe uma “falsa” aceitação das emoções dos filhos, demonstram empatia por eles, contudo não existe orientação e limites; 3) Pais desaprovadores das emoções: Chegam a punir as crianças por sentirem emoções negativas. 73 Ele também faz referência aos pais “Preparadores Emocionais”, que aceitam as emoções dos filhos, sejam elas positivas ou negativas, e veem as situações do cotidiano como oportunidades para aprendizagem. Por isso a importância da inteligência emocional dos pais, pois a criança aprende, pelo exemplo, muito mais do que pela repetição de palavras. Quando eles a tratam com gentileza e firmeza, automaticamente fica claro que ela é amada, aceita e valorizada, assim a leitura que ela faz de si mesma é respeitosa e carinhosa. 74 Contudo, para que os pais promovam efetivamente o desenvolvimento emocional dos filhos será preciso desenvolver o processo de empatia. Para ficar claro o conceito, afirmamos que empatia é a capacidade que o indivíduo tem de perceber e entender as suas emoções e as dos outros. Quando a criança vê o exemplo dos pais no comportamento empático, através do relacionamento entre si, com os irmãos e com a sociedade, percebe que existe a combinação da fala e da ação, quando isso ocorre os pais tornam-se um “deles” pelo acolhimento oferecido, pela crítica não efetuada e pela compreensão das experiências, ocorrendo um sentimento de amparo, segurança e confiança. Ouça: Permita que ela se expresse, não tente adivinhar o que ela quer. Expressar as emoções desenvolve segurança, construção do pensamento e autonomia da fala; Pare: Ela precisa de seu tempo, se não puder atendê- la naquele momento, diga para ela o motivo e sinalize o momento que será essa fala, deixando claro que o que ela quer dizer é importante; É interessante ressaltar que isso ocorre justamente porque temos os chamados neurônios-espelho que são responsáveis pela capacidade de fazermos uma leitura do ambiente compreendendo o significado de cada ação executada, eles são ativados quando vemos o comportamento ao nosso redor. Então, elencarei aqui 4 ações que ajudarão a construir relacionamentos saudáveis com as crianças a partir da inteligência emocional: 75 Olhe: Não apenas a criança, mas seu entorno a fim de que consiga compreender o todo. Aja: A sua resposta diante do fato deve ser clara e objetiva, permitindo que a mesma desenvolva autonomia e autoestima. Pais emocionalmente aptos, ou seja, “preparadores emocionais”, contribuem significativamente com o desenvolvimento da inteligência emocional dos filhos. Contato | Whatsapp: (87) 99670-2761 | Instagram: @Lourdesvianapsi 76 A relevância da psicoeducação, para pais, professores e cuidadores, no processo de educação de crianças com deficiência É preciso saber diferenciar e separar os sintomas de uma deficiência dos de um mau comportamento, esse conhecimento faz toda diferença para uma educação gentil e firme como propõe a Disciplina Positiva. Para Alfred Adler, todos nós temos uma grande necessidade de pertencimento, aceitação e importância. É fundamental entender que as crianças com deficiência têm as mesmas necessidades de se sentirem aceitas e importantes como qualquer outra criança, e que os sintomas da deficiência não anulam esse fator importantíssimo para um desenvolvimento socioemocional satisfatório. Independente de qual seja a deficiência ou seus sintomas, os comportamentos são baseados nessas percepções de como se sentirem aceitas e amadas. Valdenilde Santos Lago | CRP: 03/17145 | por Ana Lago 77 É preciso ter clareza para distinguir quais os comportamentos que estão associados à deficiência, e quais os provocados por crenças equivocadas, para lidar de uma forma firme e gentil.Assim sendo, alguns comportamentos “errôneos” das crianças com deficiência são “erros” inocentes. Buscando formas claras de se fazer entender por essa criança, uma vez que a deficiência pode comprometer a comunicação, a Disciplina Positiva traz possibilidades de aprendizagem de novos comportamentos, que proporcionam o senso de aceitação, importância e pertencimento. É uma linha muito tênue entre esses pontos cruciais: acolher as deficiências da criança e ao mesmo tempo, encorajá-la a desenvolver autonomia. Existe o perigo de que por boas intenções, a família, cuidadores ou a escola terminem fazendo mais por elas do que o que elas precisam, roubando delas a oportunidade de se desenvolverem. 78 Utilizando a analogia do iceberg, para interpretar o que a criança quer comunicar com tal comportamento, é possível entrar no mundo da criança, encorajá-la e incentivá-la a ter autonomia e independência por meio de treinamento. Só com empatia e dedicação de tempo, não só para ouvir, mas para conseguir se conectar de fato com essa criança, é que é possível educar com gentileza e firmeza. Aproveitando de forma respeitosa os erros provenientes das crenças equivocadas (e não os erros inocentes) para ensinar novos valores sociais e habilidades de vida, para tomada de decisões assertivas, que prepararão essa criança para uma vida mais produtiva, construtiva e feliz. 79 Organizar uma rotina junto com a criança, validando seus gostos e desgostos, observando de forma respeitosa a sua individualidade, proporcionará sentimentos de estabilidade e segurança, organização, espaço-temporal e minimizará o estresse, ajudando-a a ter tranquilidade, evitando assim que ela fique desorganizada emocionalmente. A Disciplina Positiva busca orientar e acolher pais, professores e cuidadores de crianças com deficiência utilizando ferramentas como: análise do temperamento, compreensão dos objetivos equivocados, empatia, pausa positiva, dentre outros recursos que, somados a outros conhecimentos de uma equipe multidisciplinar, ajudarão na compreensão dos papéis no processo de desenvolvimento, encorajando e ajudando no desenvolvimento de um bom caráter e competências de vida. @psi-analago | Acolhimento Familiar 80 Contato | WhatsApp: (71) 99320-1443 | E-mail: psianalago@gmail.com Podemos concluir então que existem dois pólos bem distintos, que precisam muito ser evitados para promover uma educação satisfatória: mimar e superproteger, o que faz com que as crianças cresçam sem aprender a lidar com frustrações e desapontamentos e não desenvolvam autonomia; e outro que é deixar de defender os direitos das crianças com deficiência, não se importando com os sentimentos dela, não se interessando em se conectar com essa criança e não validando os seus sentimentos. Buscar essa consciência é o caminho para educar de forma gentil e firme como a Disciplina Positiva propõe. Gostaria de dedicar esse capítulo a Kael de nove anos de idade, que foi minha inspiração. 81 Educar filhos não é uma tarefa simples. Quando o diagnóstico do TDAH está presente, essa tarefa pode se tornar ainda mais desafiadora. Muitos pais enfrentam dificuldades em relação aos comportamentos do seu filho com TDAH, gerando, às vezes, uma sensação de impotência e de fragilidade. Se você se sente assim, saiba que não está sozinho, certamente há outros pais com o mesmo sentimento. Neste texto, vamos ver algumas estratégias simples mas eficazes para o dia a dia, que poderão lhe ajudar a educar o seu filho com maior confiança, e ao mesmo tempo, encorajando-o para que este consiga lidar de formas mais apropriadas frente às dificuldades que encontrar. Educando uma criança com TDAH com confiança e encorajamento Grasiela Cecatto | CRP: 07/14221 82 “desatento”: quando a criança é facilmente distraída por estímulos externos, trazendo-lhe prejuízos atencionais; o “hiperativo-impulsivo”: quando a criança apresenta uma agitação motora e desconforto em ficar parado por muito tempo; o“misto”: que combina esses dois grupos de características, e é o mais comum. Primeiramente, é preciso compreender que o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento, isto é, uma alteração funcional das atividades neuronais que pode se manifestar de formas distintas e sintomas variados. Há três tipos: 83 É compreensível que receber um diagnóstico de um filho pode ser assustador. A sugestão é: encare-o como um ponto de partida, e que lhe ajudará a conhecer melhor o “jeito de ser” do seu filho, tornando mais fácil então, junto de outros familiares e da escola, saber melhor quais são as suas potencialidades, e quais são as habilidades que ele precisa aprender. Busque se aproximar do seu filho, descobrir quais são seus gostos, opiniões, como prefere brincar. A aproximação de vocês é fundamental para o vínculo, mas também para que você possa ajudá-lo a perceber e enxergar melhor quais são as próprias qualidades e potenciais. Não deixe a pergunta “o que há de errado com meu filho?” tomar a sua mente, e sim, ao invés disso, procure pensar “o que há de certo com o meu filho”? 84 Pense que ao acentuar as suas qualidades, você não negará as suas dificuldades e comportamentos impróprios, mas com certeza contribuirá para o relacionamento de vocês. Celebre os seus sucessos. Compare-o com ele mesmo, e não com outras crianças, para que possam perceber melhor a sua própria evolução. Mantenha uma rotina organizada. Isto o ajudará a se organizar mentalmente em termos de horários e tarefas a cumprir. Façam uso de uma agenda, um caderno, ou um quadro de atividades da criança. Facilite o ambiente da casa através de pistas visuais: faça uso de um mural de avisos, use post-its, etc. Isto estimulará a sua atenção e foco. Chame-o para construir juntos essas ferramentas. Se perceber que ele está “fugindo” do foco durante uma conversa, busque alternativas como, por exemplo, um toque suave em seu ombro para lembrá-lo de “voltar”. Combine isso previamente, como um código de vocês. 85 Da mesma forma, para as horas de agitação, tenham uma alternativa. Por exemplo, se ele fica muito agitado na mesa durante as refeições ou em outra situação, ofereça-lhe um objeto para “compensar” essa agitação e auxiliar no controle de impulsos, como uma borracha para apertar, ou uma “garrafinha da calma”. Essas estratégias também podem ser combinadas com a professora para uso em sala de aula. Contato | E-mail: grasicecatto@yahoo.com.br WhatsApp: (51) 99746-7227 86 Antecipe situações de conflito. Tente descobrir o que o deixa irritado, o que não gosta. Frustrações são inevitáveis e também necessárias para o desenvolvimento saudável. Se o seu filho reage com muita intensidade, procure dialogar com ele, de forma gentil, mas firme. Mas não adiantará insistir se a raiva tomar conta. Nesse caso, use a “pausa positiva”. Diferente do “cantinho do castigo”, a pausa positiva é um momento em um lugar que a criança se sente bem, tranquila e se “reconecta” consigo. Deve ser um lugar construído em conjunto com a criança, com coisas que ela goste. Durante o conflito, pergunte ao seu filho se o ajudaria ir até o seu lugar especial para que possa se acalmar. Tenha você também o seu momento positivo, o seu lugar de calma. É um autocuidado, necessário para você também nesses momentos difíceis. Solicite ou dê instruções de forma breve e objetiva. Se a criança não lhe atender, não use meios punitivos. Punição está ligada com a ideia de “pagamento”, pagar por um suposto dano causado. O que queremos é aprendizado e encorajamento, afinal, aprender com a experiência é o que de fato contribuirá para o surgimento de novas habilidades. 87 Envolva-o na resolução de problemas. Isso incentivará a responsabilidade, colaboração e comunicação dentro da família. Faça uma parceria com a escola. Será importante para criança perceber quetodos estão envolvidos para o seu crescimento e bem estar. Por fim, acredite no futuro do seu filho. Tenha expectativas sobre sua capacidade de superação e suas qualidades. Isso motivará vocês e, por consequente, você estará o encorajando em sua autonomia e singularidade, para que se torne um adulto saudável e feliz. @terapiacombrinquedo | terapiacombrinquedo 88 Educação Positiva conectando pais e filhos para uma melhor aprendizagem Ao longo de dez anos de trabalho em uma escola privada como psicóloga escolar, acolhendo os pais com uma escuta diferenciada, sempre ouço sobre os desafios que os mesmos enfrentam em ajudar os filhos na realização das tarefas escolares. Alguns relatam sentimento de incapacidade, que se intensifica principalmente quando a criança tem alguma dificuldade de aprendizagem ou simplesmente tem uma demora maior no seu processo de alfabetização. Janaína Fabíola Nascimento Brandão | CRP: 09/6701 89 A educação infantil é um momento lindo e importante na infância, período onde a criança passa enxergar o outro e não só os seus cuidadores, começa a desenvolver suas habilidades sociais. Quanto mais leve e lúdico este processo, melhor a aprendizagem acontece. Porém neste momento alguns pais se deparam com a sua própria criança interior ferida, que pode ter sido muito cobrada no ambiente familiar, por ter apresentado dificuldades como: dislexia, discalculia, TDAH, e outros. Quando eles se deparam hoje com os filhos, enfrentando as mesmas dificuldades a maioria diz que não consegue ajudá-los e se sentem “travados”. Não sabem o que fazer, às vezes se pegam repetindo algumas atitudes que anos atrás os seus genitores tiveram para com eles, as quais prometeram nunca reproduzi-las com os filhos e acabam se frustrando quando se encontram com as mesmas práticas. É necessário que os pais busquem ter uma conexão com seus filhos, de maneira que mostre a eles que os erros fazem parte e servem para adquirir conhecimento. 90 Esta conexão pode ocorrer quando os pais verbalizam suas experiências do passado no contexto escolar, revelando também suas dificuldades, pois desta maneira é possível criar uma sintonia e a criança vai se sentir compreendida e pertencente. Abre-se um espaço para que ela não se cobre tanto, diminuindo assim o sofrimento, pois os filhos geralmente querem agradar os pais e atender às expectativas destes. Segundo Adler “a confiança em sua própria força é o maior fator do desenvolvimento intelectual das crianças. A autoconfiança de uma criança, sua coragem pessoal, é seu maior dom. Crianças corajosas, mais tarde, não esperarão que seus destinos sejam regulados por eventos exteriores, mas sim por sua própria força.” Contato | E-mail: janared.f@gmail.com WhatsApp: (61) 99186-3411 91 Diga à criança que ela é capaz, mesmo que não seja fácil. A maioria das crianças que possuem dificuldades, acreditam que aprender é muito difícil e que por isso não são capazes. Seja gentil e mostre respeito para com ela. Evite compará-lo com os colegas da turma, irmãos, primos porque a maneira como cada um adquire o conhecimento é única. E caso a própria criança faça essa comparação desvalorizando-se, olhe para aquilo que ela faz de melhor, nomeie para que ela se sinta acolhida e importante. Crie uma rotina e um ambiente de estudo no qual ela também possa participar opinando quanto aos dias, hora e disciplinas. Que não seja algo imposto, mas sim construído juntos. E quando a criança disser que não sabe ou que não consegue, diga a ela que sente muito por ainda não saber o conteúdo, e que acredita na capacidade dela. Em cada resultado, independente de ser assertivo ou não, encoraje a criança valorizando o processo, o esforço e empenho que ela teve. Encorajar é diferente de elogiar, pois o elogio só é dado mediante aos resultados positivos, ou seja, quando se gosta do resultado final. Algumas atitudes de encorajamento para desenvolver a autoconfiança na aprendizagem: 92 A Disciplina Positiva defende a ideia de que é possível educar utilizando o respeito, a empatia, o exemplo, a gentileza, a promoção da autonomia, sem deixar de estabelecer limites. Ensina que é possível encorajar as crianças não fazendo por elas aquilo que são capazes de fazer sozinhas, pois quando fazemos demais roubamos delas a oportunidade de desenvolverem a crença de que são capazes. Ensina a encarar os erros sempre como uma possibilidade para se melhorar, fazendo a separação da ação e do agente, ou seja, o fracasso é só a falta de habilidade, não afeta de modo algum o valor da pessoa. @psicoijana 93 Como você se sente quando a sua rotina muda? Ou quando você não sabe como vai ser aquela nova situação no trabalho? E se você não tivesse no seu trabalho nem horário para chegar, nem para sair, nem horário certo para o almoço e intervalos, como você se sente ao imaginar uma cena dessas? Na vida da criança a rotina também é muito importante porque a rotina dá previsibilidade no que vai acontecer nos próximos momentos, e isso também aumenta o senso de segurança para a criança. A rotina ajuda a criança a saber o que vai acontecer nas próximas horas, também é essencial porque ajuda a organizar a rotina do dia e da noite, e com isso tanto as horas de alimentação, sono, lazer e momentos livres já estão organizados, evitando os aborrecimentos como birras e as disputas de poder, de não querer dormir, ou dormir até tarde, de não realizar as atividades diárias, e o próprio estresse que a falta de organização causa na criança. A importância da rotina na vida das crianças Léia da Rosa dos Santos | CRP: 08/22524 94 O sono é algo fundamental na vida da criança para o seu desenvolvimento saudável, ele atua no crescimento e na formação de memória, então as horas de sono são essenciais, porém é preciso que tenha uma rotina de sono para melhor adaptação desse momento, compreendendo quais atividades podem anteceder o momento de ir dormir, isso ajuda a criança diminuir o nível de agitação e ir entrando no ritmo para o descanso. Exemplo de uma rotina de sono pode ser tomar banho, realizar uma refeição leve, escovar os dentes, ler uma história ou ter um momento de compartilhar como foi o dia, qual foi o momento mais feliz e qual o momento mais triste; e então se despedir do filho com um abraço. Um recurso que pode ser feito com a colaboração da criança é um quadro de rotinas no qual, com ajuda dela, você vai pedir que ela liste ou fale quais atividades são realizadas de dia logo pela manhã, quais atividades são feitas na hora do almoço, atividades que são feitas à tarde, atividades que são feitas à noite antes de dormir, e com essa lista pronta é interessante criar um quadro com todas essas atividades, você e a criança podem decidir como confeccionar esse quadro: desenhos, escrita, figuras, recortes. Outra opção mais elaborada é tirar fotos da criança realizando a atividade e colocar no quadro de rotinas. 95 Esse quadro de rotinas é um organizador para a criança, a ajuda no planejamento das atividades futuras, por exemplo se a criança tem aula de manhã e precisa acordar cedo que tal à noite ajudá-la a organizar o material que vai levar para a escola, e a roupa que vai usar na manhã seguinte, com isso também evita aborrecimentos de decidir qual roupa usar em cima da hora. Quando as crianças auxiliam no quadro de rotinas, elas se sentem pertencentes porque elas colaboraram com a construção de cada item, participando das atividades que serão realizadas, além disso, os pais nessa atividade compartilharam o poder através da cooperação dos pequenos. Os pais podem usar o quadro de rotinas para pontuar, por exemplo, “De acordo com o seu quadro de rotina o que precisa ser feito agora?”, e provavelmente os pais não precisarão falar o que vai acontecer porque a criança mesmo identifica através das figuras ou imagens qual é a atividade que deverá ser feita