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HISTÓRIA DA ARTE Dulce América de Souza Arte medieval Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Explicar as características da sociedade medieval e sua influência na concepção artística do período. Analisar as diferentes expressões artísticas medievais. Estabelecer relações entre a arquitetura, a arte e o cristianismo na Idade Média. Introdução A Idade Média corresponde a um período longo da história, visto que, consensualmente, durou aproximadamente mil anos, do século V ao século XV. Em geral, consideram-se aspectos caracterizadores gerais para a arte medieval, como a simplificação, o desinteresse à profundidade espacial e a perspectiva e o tratamento arbitrário das proporções corporais, típicos apenas da fase inicial da Idade Média. À medida que a economia monetária urbana e o modo de vida burguês passaram a predominar, todos esses aspectos declinaram significativamente. Neste capítulo, você estudará o único elemento de relevância que perdurou na Idade Média antes e depois dessas mudanças: o caráter religioso e espiritual, que ditou os princípios dos estilos artísticos. Além disso, analisará a arte românica e suas expressões na pintura, na escultura e na arquitetura, bem como o estilo gótico, igualmente expresso pelas três categorias artísticas. Ao longo do texto, perceberá o protagonismo da arquitetura, posto que ela foi a difusora de todas as artes, bem como aprofundará seu conhecimento sobre a arte medieval. Sociedade medieval e sua influência na concepção artística A Idade Média começa com a queda de Roma, em 476, na era cristã, e se estende até a queda de Constantinopla, em 1453, um longo período, sendo, portanto, quase impossível de ser descrito uniformemente. Antes mesmo da queda de Roma, o imperador Constantino Magno — proclamado Augusto, em 306, o qual governou uma fração crescente do Império Romano até sua morte, em 337 —, por meio do Édito de Milão (ano de 313), declara o fi m da perseguição aos cristãos. Nos séculos seguintes, a história da arte se adaptou ao preceito de que suas imagens seriam úteis para ensinar aos leigos a palavra sagrada. Esse período é classifi cado como “era cristã primitiva”, sendo descrito por Gombrich (1999, p. 157): O período que se seguiu a essa era cristã primitiva, o período que sobreveio à derrocada do Império Romano, é geralmente conhecido pelo nada lisonjeiro epíteto de Idade das Trevas. Foi assim chamado para significar, em parte, que as pessoas que viveram durante esses séculos de migrações, guerras e sublevações, estavam mergulhadas em escuridão e tinham poucos conheci- mentos para guiá-las, mas também para assinalar que pouco sabemos a respeito desses séculos confusos e desconcertantes que se seguiram ao declínio do mundo antigo e precederam o surgimento dos países europeus na confi guração geográfica em que mais ou menos os conhecemos hoje. Não existem, é claro, limites fixados para o período, mas, para os nossos propósitos, poderemos dizer que durou quase quinhentos anos — aproximadamente de 500 a 1000 d.C. As invasões bárbaras caracterizam o período inicial da Idade Média, por- tanto, a mentalidade medieval é baseada no medo constante das invasões. Os primeiros bárbaros chegaram e se aliaram aos cristãos, o que fez surgir os primeiros reinos europeus: França, Turquia, Polônia, Sérvia, Croácia, etc. As invasões continuam ocorrendo e incomodando os povos que já haviam se estabelecido, o que determinou, irredutivelmente, o medo predominante na Idade Média. Como foi um período muito longo — aproximadamente 1.000 anos —, foi dividido em Alta Idade Média (até o séc. IX) e Baixa Idade Média (até o séc. XV). Hauser (2003, p. 123) divide a Idade Média em três períodos culturais distintos: “[...] a economia natural da fase inicial da Idade Média; a cavalaria galante da Alta Idade Média; e a cultura burguesa urbana do final da Idade Média [...]”. Segundo o autor, os acontecimentos que separam esses períodos são muito importantes para que se possa compreender a complexa sociedade Arte medieval2 medieval. A mudança da economia natural para a economia monetária urbana, o despertar da sensibilidade lírica, a emancipação da burguesia e o início do capitalismo moderno configuram um período profundamente rico em eventos que se refletem na arte. No período de transição entre a Alta e a Baixa Idade Média, surge o Feudalismo (entre os sécs. IX e XIII), caracterizado como uma estratégia militar defensiva. Constituía-se por estruturas descentralizadas sob a forma de feudos ou castelos, e cada castelo possuía armas e víveres destinados à sobrevivência, uma vez que os bárbaros poderiam chegar a qualquer momento. Quando eles chegassem, o cerco ao redor do castelo poderia durar anos. Além disso, não se poderia ter uma grande propriedade com administração central, pois os bárbaros poderiam invadir pedaços de território. Consequentemente, as expressões artísticas do período propagaram a espiritualidade religiosa nas artes visuais em paralelo às arquiteturas fortificadas. A Idade Média tinha a arte como símbolo divino, que refletia em si a perfeição divina e como meio pelo qual se podia contemplar a Deus. O artista continua a obra de Deus, quando, por meio de sua arte, imita a natureza, não no sentido de reproduzi-la, mas de continuar sua tarefa, como uma operação produtiva. Essa ideia já é conhecida em Aristóteles, quando este classificou a arte e a natureza como atividades semelhantes, pois ambas davam forma a alguma coisa, ambas eram práxis (CHAUÍ, 2000). A obra de arte imitava a atividade da natureza, o que, na Idade Média, era uma forma de oração, em que imitar é rezar, e a sua atividade prática, um ato de fé. “A Idade Média esteve sempre voltada para a vida contemplativa, seu ideal é o Santo, aquele que destrói em si o sensual, destrói o animal, mata as paixões. A estética foi um ramo da filosofia orientado para a teologia[...]” (DUARTE, 1997, p. 45). A Idade Média se caracteriza, portanto, por uma ideia essencial: justificar a fé. No medievo, a obra de arte era um símbolo, uma imagem, uma teofania (i.e., manifestação de uma divindade transcendente, do Divino), assim como tudo o que era criado. A beleza da obra de arte não era independente da verdade, pois revela, além de sua materialidade, uma realidade invisível, inteligível. A arte da música, por exemplo, contribuía para criar, nas catedrais, uma atmosfera celestial, indispensável para a realização das cerimônias (FISCHER, 2002). A arte, além de uma teofania, era valorizada pela sua função pedagógica. No início, a arte não era aceita pela Igreja — porque ela era uma herança do paganismo —, mas, com o passa do tempo, os clérigos perceberam que ela seria uma forma eficaz de ensinar ao povo iletrado e rude as condutas morais e a doutrina cristã. A ideia de pintar as paredes das igrejas com passagens 3Arte medieval sacras trazia a esperança de que as formas e as cores se apoderassem dos simples camponeses. “Através das suntuosas e luminosas catedrais góticas, verticalmente tentando alcançar os céus, os simples mortais experimentavam um pedacinho do céu na terra. As paredes e os vitrais falavam da vida de Cristo [...]” (WOLFFLIN, 2000, p. 78). A função da música na Idade Média, portanto, era levar os fiéis a um estado de contrição e drástica humildade, apagando os traços de individualidade, diluindo-os em uma coletividade submissa. Segundo Fischer (2002), o conteúdo dessa música era determinado pelo contexto litúrgico e por suas associações: sofrimento divino, pecado humano. A finalidade da música não era produzir um sentimento subjetivo indefinido, mas de produzir uma emoção coletiva uniforme. Ela tinha um caráter objetivo, se a compararmos com o caráter subjetivo e expressivo da música profana, cuja ascensão coincidiria com a ascensão da burguesia, no fim da Idade Média. A Idade Média, de modo geral, acaba com o naturalismo dopensamento grego, pois não vê mais a beleza sensual e física que se manifesta na arte e na literatura e descarta o sensível como forma de conhecimento, além de que o homem passa a querer sair do “mundo das sombras” (a realidade) para contemplar a perfeição divina. Chauí (2000) observa, então, um retorno ao pensamento platônico. A base da filosofia se encontra em Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, dois pensadores medievais importantes, os quais definiram duas grandes vertentes do pensamento: a Patrística e a Escolástica. Expressões artísticas medievais Da tomada de Roma pelos povos bárbaros até o século IX, quando Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente, a cultura clássica praticamente desapareceu na Europa Ocidental. Os valores culturais e as expressões artísticas dos povos invasores são radicalmente diferentes das artes produzidas pelos gregos e os romanos. Percebemos a ausência da representação da fi gura hu- mana e uma forte preocupação decorativa. Santos (2000) destaca que o caráter decorativo da arte bárbara é consequência do nomadismo daqueles povos. Nesse sentido, eles criaram pequenos objetos — particularmente joias — que pudessem ser transportados com facilidade, a exemplo da Coroa Imperial (Reichskrone), ilustrada na Figura 1. Arte medieval4 Figura 1. Coroa Imperial (séc. X). Fonte: CSvBibra (2009, documento on-line). A produção artística dos bárbaros destacou-se pelos trabalhos de ouri- vesaria, concretizando-se dentro de uma concepção decorativa. No longo período inicial da Idade Média (até o séc. X), o Ocidente foi se estruturando em torno de uma nova aristocracia, mantendo a autoridade da Igreja Católica e a estrutura econômica do final da época romana, caracterizada pelas grandes propriedades agrícolas produtivas. Hauser (2003) observa que esses grandes proprietários passam a exercer autoridade própria de Estado, de modo que a autoridade resultante da posse da terra estabelece uma nova relação de poder entre rei e súditos, deslocando o centro da vida social para o campo. A Europa presencia, nesse momento, a evidente decadência das cidades (BENEVOLO, 1997), e o campo não possui condições propícias para o de- senvolvimento de criações artísticas, não havendo, portanto, reconhecidas evoluções na arte e na cultura nesse período. As únicas fontes de propagação — mesmo que tímida e autocentrada — da educação, arte e preservação da cultura greco-romana eram as escolas ligadas às catedrais e mantidas pelos bispos para a formação do clero. Portanto, o conhecimento estava integralmente centrado nos mosteiros. A Igreja, ocupando o lugar central do conhecimento, tornou-se particular- mente poderosa: as igrejas eram as únicas instituições educacionais que estavam aptas a receber os filhos dos grandes proprietários. Consequentemente, seu poder se assemelhou ao poder do Estado. Foi também a Igreja que continuou 5Arte medieval a contratar artistas, artesãos, decoradores e construtores, pois as igrejas eram os únicos edifícios públicos que continuaram a ser construídos. A coroação de Carlos Magno (800) inaugurou um período no qual o poder real se une ao poder papal e dá início a um ciclo cultural mais intenso. Na corte de Carlos Magno, é instituída uma academia literária, em cujas oficinas são desenvolvidos manuscritos ilustrados, ou iluminuras (Figura 2). Essas oficinas originaram as futuras oficinas dos mosteiros, que, posteriormente, foram responsáveis pela elaboração de manuscritos emblemáticos da arte medieval. Figura 2. Iluminuras da arte carolíngia (780–820). Fonte: a) Buchmaler (2002, documento on-line), b) Wikipédia (2005, documento on-line) e c) Meister der Ada-Gruppe (2002, documento on-line). Arte medieval6 Contudo, a arte do Império Carolíngio não foi representada por obras monumentais, visto que mesmo as esculturas, pinturas e trabalhos de metal produzidos nas oficinas possuem pequenas dimensões. Após a morte de Carlos Magno, o centro cultural do império desloca-se da corte para os mosteiros. As oficinas monásticas se interessam pelos manuscritos e pelas iluminuras, mas também pela arquitetura, a pintura, a escultura e os demais trabalhos artesa- nais. Santos (2000) evidencia que, nas oficinas monásticas, foram formados os artistas que, mais tarde, trabalharão nas catedrais. Os precedentes apresentados estabelecem o contexto no qual a arte medieval se desenvolverá em diversos campos (pintura, escultura, literatura, música e arquitetura). Os dois estilos que marcam a arte na Idade Média são o estilo românico (ou arte românica) e o estilo gótico (ou arte gótica). Ambos associados ao teocentrismo, possuem complementariedades e distinções, principalmente na arquitetura, que é a categoria artística ressaltada pela história da arte. A arte românica decorreu da conjuntura da Alta Idade Média (embora tenha se manifestado apenas entre os sécs. XI e XIII), ao passo que a arte gótica dominou o período da Baixa Idade Média (final do séc. XIII ao XV). Arte Românica O estilo artístico vigente entre o século XI e o início do século XIII na Europa foi denominado “Arte Românica”, correspondendo ao período caracterizado pela decadência do sistema feudal. Observa-se, na literatura de história da arte, porém, que a Igreja conservava poder e infl uência, determinando a produção cultural e artística do momento, cuja maior representação foram as basílicas. Pode-se constatar, então, que a produção artística — seja a pintura ou a escultura — é indissociável da arquitetura (GOMBRICH, 1999; JANSON; JANSON, 2009). O elemento religioso conseguiu manter uma unidade de toda a produção artística na Europa, cuja coesão foi reforçada pela Arte Românica. O termo “românico” refere-se às influências da cultura do Império Romano, dominante por muitos séculos em todo o continente europeu. Os mosteiros se fortaleceram paralelamente ao desenvolvimento comercial e ao surgimento de peregrinações religiosas, contribuindo para difundir os novos modelos artísticos. Assim como a pintura, a escultura românica desenvolveu-se princi- palmente junto à arquitetura das basílicas, muito frequente nos pórticos e arcadas na forma de colunas, capitéis decorados, frisos e tímpanos repletos de relevos (Figura 3). 7Arte medieval Figura 3. Esculturas da Basílica de Sainte-Marie-Madeleine, em Vézelay, na França (1120–1132). Fonte: Khun Ta/Shutterstock.com. Na escultura românica, predominam os temas bíblicos e as representações realistas, com figuras representadas de frente para o observador, corpos um pouco alongados e rostos formais, sem expressões pessoais. As vestes são destacadas com intensos drapejados, onde os artistas românicos aplicavam linhas estilizadas e decorativas e sob as quais o corpo humano desaparecia (Figura 4) (GOMBRICH, 1999; JANSON; JANSON, 2009). Figura 4. Tímpano principal da Basílica de Sainte-Marie-Madeleine, em Vézelay, na França (1120–1132). Fonte: Khun Ta/Shutterstock.com. Arte medieval8 Nas composições escultóricas, as figuras eram expostas em profusão, e, junto à iconografia recorrente de Jesus Cristo, alternavam-se personagens do Velho Testamento, representações do demônio, animais fantásticos e elemen- tos vegetais. É importante salientar que a escultura tinha um papel didático importante: os relevos tinham o objetivo de narrar as histórias sagradas, e, quando organizados em faixas, eram lidos da direita para a esquerda. Hauser (2003) afirma que as igrejas absorviam a quase totalidade do trabalho dos escultores da Arte Românica. A pintura românica reproduz a técnica dos afrescos romanos no interior das basílicas. A própria arquitetura favorece a pintura de grandes murais nas paredes internas das igrejas, pois as espessas paredes laterias, com escassas aberturas, criavam grandes superfícies para aplicar os afrescos (SANTOS, 2000). Um exemplo referencial para a pintura românica é o afresco Cristo em Majestade, realizado na igreja de San Clemente de Tahull, na Catalunha (1123), ilustradona Figura 5. Hoje, o afresco se encontra no Museu de Arte da Catalunha, para onde foi transportado integralmente. Figura 5. Afresco Cristo em Majestade (1123). Fonte: Mestre de Taüll (2002, documento on-line). Os murais românicos eram inspirados nas iluminuras dos livros religio- sos, vastamente produzidos nos mosteiros e conventos, os quais narravam a história sagrada. A pintura românica não descrevia assuntos profanos. Ao observar a Figura 5, podemos compreender as características essenciais da 9Arte medieval pintura românica: a deformação e o colorismo (JANSON; JANSON, 2009). Os pintores românicos deformavam as figuras como forma de expressar seus sentimentos religiosos e interpretar misticamente a realidade. Não havendo intensão de imitar a natureza, os artistas não se atinham a jogos de luz e som- bra e adotavam cores chapadas e contrastantes, caracterizando o colorismo. Em relação à deformação apresentada no afresco Cristo em Majestade, Santos (2000, p. 61) explica: A figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior do que as outras que a cercam. Sua mão e seu braço, no gesto de abençoar, têm as proporções intencional- mente exageradas, para que esse gesto seja valorizado por quem contempla a figura. Os olhos eram muito grandes e bem abertos, para significar intensa vida espiritual. Podemos identificar a deformação também na escultura românica. A partir do século XII, o centro da vida social europeia se desloca do campo para a cidade, oportunizado por uma economia fundamentada no comércio, que faz surgir a burguesia urbana. A arte gótica representa esse novo modelo de renovação da organização social e dos conhecimentos. Arte gótica O termo gótico foi cunhado para a arquitetura, pois é nesta que se reconhece mais facilmente as características do estilo. Não é possível defi nir o estilo gótico enquadrando-o apenas no recorte temporal, conforme observam Janson e Janson (2009, p. 131): [...] precisamos levar em consideração a inconstância da área de superfície do estrato, assim como sua profundidade. No início, por volta de 1150, essa área era realmente pequena. Compreendia apenas a província conhecida como lIe-de-France (ou seja, Paris e arredores), o domínio real dos soberanos franceses. Cem anos mais tarde, a maior parte da Europa, da Sicília à Islândia, tomara-se gótica, com apenas alguns bolsões românicos aqui e ali; através dos Cruzados, o novo estilo fora introduzido até mesmo no Oriente Próximo. Arte medieval10 A partir de 1450, inicia-se o período de declínio do estilo gótico, que, em 1550, desapareceu quase que por completo. O ingresso do estilo gótico no continente europeu também ocorreu de forma complexa — diferentemente do estilo românico —, pois abrangeu quase 400 anos em alguns lugares e 150 anos em outros locais (JANSON; JANSON, 2009). Para Hauser (2003), a ascensão do estilo gótico opera uma mudança fundamental na história da arte, pois os ideais estilísticos — fidelidade à natureza, profundidade de sentimento, sensualidade e sensibilidade —, válidos até os dias atuais, tiverem origem com o estilo. “Aferida por es- ses padrões de sentimento e expressão. A arte do começo da Idade Média parece não apenas rígida e deselegante — tal como as obras do gótico em comparação com as da Renascença —, mas também rude e desagradável [...]” (HAUSER, 2003, p. 195). As obras góticas apresentam figuras em proporções normais, movimento natural e beleza. Elas representam claramente o declínio do equilíbrio estático da arte e da cultura românicas. Se o período românico pode ser categorizado com a época das basílicas, o período gótico representa a época das grandes catedrais. Em relação às artes visuais, somente nos últimos cem anos nos habituamos a ler sobre a pintura e a escultura góticas, permanecendo ainda algumas in- certezas acerca dos limites exatos do estilo gótico nesses campos. A história da arte trata o conceito de arte gótica da forma que o estilo se desenvolveu: iniciou-se na arquitetura e, por aproximadamente um século (de 1150–1250, período equivalente à Época das Grandes Catedrais), manteve nessa categoria seu papel dominante. A escultura gótica, incialmente, era rigorosamente arquitetônica em espí- rito, porém, após 1200, perdeu essa exclusividade; a pintura gótica, por sua vez, atingiu seu apogeu criativo entre 1300 e 1350, na Itália Central. Quando examinamos a época gótica como um todo, observamos uma mudança gradual de ênfase: da arquitetura para a pintura — ou do caráter arquitetônico para o pictórico. Na fase inicial, tanto a escultura quanto a pintura góticas refletiram o contexto monumental das grandes catedrais; na fase final, conhecida como Gótico Tardio, as duas categorias se empenharam em buscar os efeitos pito- rescos, ricos em pequenos detalhes (JANSON; JANSON, 2009). 11Arte medieval Associada à arquitetura, a escultura gótica enriqueceu artisticamente os tímpanos dos portais, os umbrais e o interior das grandes igrejas. Além disso, as esculturas documentaram, na pedra, os aspectos da vida humana mais va- lorizados na época. A decoração escultórica das novas catedrais fornecia aos fiéis o vislumbre de um mundo diferente daquele mundo sombrio românico, onde as basílicas pesadas e escuras ofereciam abrigo contra o mal. A sensação é descrita por Gombrich (1999, p. 189): [...] Os pilares, nervuras e rendilhados despediam cintilações douradas. Tudo o que era pesado, terreno e trivial foi eliminado. Os fiéis entregues à con- templação de toda essa beleza podiam sentir que estavam mais próximos de entender os mistérios de um reino além do alcance da matéria. Enquanto as estátuas de santos aplicadas às basílicas românicas pareciam sólidos pilares firmemente encaixados na moldura arquitetônica, o mestre que trabalhou nas esculturas da Catedral de Chartres (França, 1145–1220) imprimiu vida a cada uma das figuras (Figura 6). Figura 6. Esculturas da Catedral de Chartres. Fonte: Pack-Shot/Shutterstock.com. As imagens parecem movimentar-se e olhar umas para as outras, e cada uma das figuras é reconhecível para todos que conheçam o Antigo Testamento. Suas vestes possuem um drapejado intenso, porém próximo à realidade, e indicam que existe um corpo por detrás das roupas. Gombrich (1999) destaca Arte medieval12 que quase todas as figuras que se aglomeram nos pórticos das grandes cate- drais góticas são identificadas com um emblema, um símbolo, com o objetivo de que seu significado e sua mensagem sejam compreendidos e meditados pelos fiéis. Em conjunto, elas formam uma completa consubstanciação dos ensinamentos da Igreja. O Portal Régio da Catedral de Chartres é considerado um dos mais perfeitos exemplares da escultura gótica e é composto por três portais (Figura 7). Ao observar esse conjunto, é possível sentir que o escultor gótico foi possuído por um novo espírito, pois seu objetivo não é apenas retratar símbolos sagrados, mas apresentar figuras autônomas, diferentes umas das outras em sua atitude e seu padrão de beleza. A escultura gótica imbui as figuras de dignidade individual. Figura 7. Portal Régio da Catedral de Chartres. Fonte: Claudio Giovanni Colombo/Shutterstock.com. Os estilos de escultura gótica se desenvolveram, variando de região para região. O programa escultórico da Catedral de Reims (1211) reivindicou mestres e oficinas inteiras de outros centros de construção, criando uma combinação de vários estilos (Figura 8). Essas figuras revelam um trabalho requintado, pois não estão mais posicionadas rigorosamente na vertical (como vimos em Chartres), mas voltadas umas para as outras, simulando interlocução. Segundo Janson e Janson (2009, p. 142): “[...] esse ‘estilo ele- gante’, criado por volta de 1240 por mestres parisienses a serviço da corte real, fez um sucesso tão grande que logo se tomou a forma padronizada da escultura do Gótico Pleno em toda a Europa [...]”. 13Arte medieval Figura 8. Esculturas da Catedral de Reims, na França. Fonte: Joaquin OssorioCastillo/Shutterstock.com. Inicialmente com formato arredondado, desprovidas de movimento e com predomínio da verticalidade, as esculturas góticas foram sofrendo alterações e evoluindo do ponto de vista técnico e conceitual. O rigorismo formal é rompido pela rotação das figuras, por sua naturalidade, seu dinamismo e sua expressividade: surgem simulações de diálogos nos portais das catedrais góticas. A escultura gótica reflete o desejo de conceder aos temas tradicionais do cristianismo um apelo emocional cada vez mais intenso. A pintura gótica prenunciou o Renascimento de forma gradativa, e, claro, durante muitos séculos antes. É perceptível a procura do realismo na represen- tação pictórica, sem, contudo, ter obtido êxito naquele momento. Essa categoria artística desenvolveu-se nos séculos XIII, XIV e início do século XV, com importantes representações na Itália. Gombrich (1999) atribui à arte italiana o protagonismo na pintura gótica, devido ao contato da Itália com a Arte Bizantina: os italianos conseguiram — antes dos demais artistas — transpor a barreira que separa a escultura da pintura. Apesar de toda a rigidez, a arte bizantina já modelava as faces em luz e sombra e revelava uma compreensão correta dos princípios do escorço. Um exemplo da influência da arte bizantina na pintura gótica é encontrado na obra de Giovanni Gualteri, conhecido como Cimabue, o pintor mais im- portante do século XIII. Sua nítida preocupação com o realismo das figuras é Arte medieval14 exemplificada pela obra Madona Entronizada (Figura 9), uma têmpera sobre madeira, realizada sob encomenda para a Igreja de São Francisco de Assis, em Assis, na Itália. Figura 9. Madona Entronizada (1295– 1300), Museu do Louvre, em Paris. Fonte: Galeria Uffizi (2002, documento on-line). Analisando a composição da Madona Entronizada, percebe-se que Cimabue procura conferir movimento às figuras dos anjos e santos por meio da postura dos corpos e do drapejado das roupas. A ilusão da profundidade do espaço também é uma tentativa detectada na pintura, fenômeno que só se realizará totalmente nas obras da Renascença (SANTOS, 2000). Cimabue iniciou o grande artista Giotto, de quem foi mestre em Florença por 10 anos. Sobre Giotto, Gombrich (1999, p. 201) avalia: Com métodos dessa espécie, um gênio que quebrou o sortilégio do conser- vadorismo bizantino pôde aventurar-se em um novo mundo e traduzir para a pintura as figuras realistas da escultura gótica. A arte italiana encontrou esse gênio no pintor florentino Giotto di Bondone (12667–1337). 15Arte medieval Corroborando com Gombrich (1999), é comum, na história da arte, deter- minar-se o início de um novo capítulo com Giotto. Os conhecedores de arte italianos estavam convencidos de que uma nova era na pintura havia surgido com o aparecimento desse grande pintor. As obras de Giotto são murais e afrescos, a exemplo das pinturas na pequena Igreja de Pádua, na Itália (Figura 10). Por volta de 1306, ele cobriu as paredes da Capela dos Scrovegni com afrescos inspirados na vida de Jesus e da Virgem Maria. Nas partes baixas, Giotto pintou representações das virtudes e vícios, de forma semelhante às esculturas dos pórticos das grandes catedrais. Figura 10. Interior da Capela dos Scrovegni (1304–1306), em Pádua, na Itália. Fonte: Scotland Venice (2017, documento on-line). As figuras dos santos de Giotto identificam-se com pessoas comuns e ocupam o lugar de destaque em todas as cenas trabalhadas no afresco (Figura 11). As figuras humanas são maiores ou se igualam em altura em relação aos demais elementos das paisagens. A concepção das composições de Giotto reflete as particularidades do século XIII: as cidades se desenvolveram, e as relações sociais se tornaram mais complexas — não se tratava mais de relações entre camponeses pobres e um senhor feudal poderoso —, o que fez surgir uma nova classe, a burguesia. Essa nova classe era composta por pessoas do povo, cuja fortuna advinha do comércio. “Nesse contexto, o homem sente-se forte, capaz de conquistar muitos bens, e já não se identifica mais com figuras dos santos tão espiritualizadas e de posturas tão estáticas e rígidas como as da arte bizantina e românica [...]” (SANTOS, 2000, p. 75). Arte medieval16 Figura 11. Composição e detalhe do afresco da Capela dos Scrovegni (1304–1306), em Pádua, na Itália. Fonte: Scrovegni Chapel (2011, documento on-line). A pintura gótica apresenta um aspecto puro e leve da religiosidade, que, caracterizada pelo simbolismo e o naturalismo, explorou as cores claras em suas composições (frequentemente afrescos). A iconografia cristã já estava consolidada, e a linguagem das cores, definida: tons claros de azul para a Virgem Maria, e marrom para São João Batista, por exemplo. Esses padrões foram aplicados tanto nas pinturas murais e nos afrescos quanto na ilustração de livros (as iluminuras medievais). As iluminuras e os vitrais são apartes importantes da arte gótica. As iluminuras são as ilustrações dos manuscritos bíblicos, os quais comparti- lham os princípios da pintura gótica. Já os vitrais multicoloridos são fortemente representativos da arte gótica, sobretudo da arquitetura gótica, estudada a seguir. Arquitetura medieval: relações com a arte e o cristianismo O colapso sofrido pelas cidades após as invasões bárbaras estagnou seu cresci- mento, bem como o nível de vida sofreu signifi cável retrocesso. Somente o poder da Igreja não foi restringido; ao contrário, em toda a Europa, a Igreja consolidou-se como depositária da cultura de todos os povos. A arquitetura medieval estabelece conexão direta com a religiosidade, que foi a impulsionadora e fi nanciadora de todas as importantes atividades construtivas e criações artísticas da Idade Média. 17Arte medieval No início da Idade Média e até o surgimento do estilo gótico, as basílicas — e as demais construções delas decorrentes, como os mosteiros — eram, com frequência, o único edifício de pedra de todos os povoados. Estamos falando da arquitetura românica, decorrente das formas das primeiras basílicas construídas pelos romanos, cuja planta era a mesma: uma nave central que conduz à abside e duas ou quatro naves colaterais, como demonstra a Figura 12. Figura 12. Planta da Catedral de Speyer (1106), na Alemanha. Fonte: Adaptada de Fazio, Moffett e Wodehouse (2011, p. 210). Na Figura 12, observa-se, em planta, que o desejo de construir igrejas em formato de cruz fez os construtores acrescentarem uma galeria transversal entre o coro e a nave, denominada transepto. Um aspecto que distingue as basílicas românicas das originais basílicas romanas é a cobertura, ou o telhado, conforme explica Gombrich (1999, p. 173): “Nas primeiras basílicas clássicas tinham sido usadas colunas que sustentavam ‘entablamentos’ retos. Nas igrejas românicas e normandas, encontramos geralmente arcos redondos (semicirculares) assentes em maciços pés-direitos [...]”. Os arcos romanos foram fundamentais para prover as basílicas românicas de apropriados telhados de pedra, em substituição aos antigos telhados de madeira, comuns nas basílicas romanas, que se incendiavam com facilidade (BENEVOLO, 1997). Além do aspecto técnico, os arcos permitiam a elevação e a robustez das edificações, atingindo o objetivo de transformar esses espaços em “fortalezas de Deus”. A adoção do sistema de abóbadas — também origi- nário da arquitetura romana — é associada aos arcos, criando espaços internos com grande altura e a consequente sensação de monumentalidade (Figura 13). Arte medieval18 Figura 13. Interior da Catedral de Speyer (1106), na Alemanha. Fonte: Turtle (2015, documento on-line). A impressão interna e externamente é de robustez compacta: há poucas decorações, as janelas são pequenas e escassas e o volume construído se assemelha a desafiadoras montanhas de pedra, conforme ilustra a Figura 14. As torres e paredes robustas nos remetem às fortalezas medievais, denotando a ideia de que as igrejastêm a função de proteger e combater as forças do mal. De maneira geral, as basílicas românicas possuem como característica construtiva a utilização dos arcos e das abóbadas, com pilares maciços que as sustentam e paredes espessas com aberturas estreitas, usadas como janelas (BENEVOLO, 1997; GYMPEL, 2001). Figura 14. Fachada da Catedral de Speyer (1106), na Alemanha. Fonte: Philmoto/Shuttestock,com. 19Arte medieval A arquitetura românica, na França, inaugura a linguagem que melhor expressa a função de uma edificação pedagógica, voltada para os ensina- mentos da Igreja: a profusão de esculturas acompanhando a construção dos edifícios sagrados. A Figura 15 apresenta a fachada principal da catedral de Saint-Trophime, em Arles (Sul da França), datada do século XII. O pórtico é um dos mais completos exemplos do estilo românico, segundo Gombrich (1999, p. 176): Seu formato recorda o princípio do arco triunfal romano. No campo acima do tímpano vemos o Cristo em Sua Glória, cercado pelos símbolos dos quatro evangelistas. Esses símbolos, o leão para S. Marcos, o anjo para S. Mateus, o boi para S. Lucas e a água para S. João, foram derivados da Bíblia. No Antigo Testamento, lemos sobre a visão de Ezequiel (Ezequiel, I, 4-12) em que ele descreve o trono do Senhor sustentado por quatro criaturas com cabeça de homem, leão, boi e águia. Figura 15. Pórtico da Catedral de Saint-Trophime (século XII), na França. Fonte: Valette (2016, documento on-line). A arquitetura românica não possuía características requintadas que fossem capazes de expressar a nobreza e a burguesia ascendente, como resultado de um estilo clerical. Assim, a partir do século XIII, começam a aparecer as primeiras mudanças que conduzirão a uma profunda revolução na arte de projetar e construir grandes edifícios religiosos. Arte medieval20 Janson e Janson (2009) asseguram que o futuro da arquitetura gótica estava nas cidades, não mais nas comunidades monásticas rurais. Lembre-se de que, desde o fim do século XI, a Europa vivia um ressurgimento da vida urbana, movimento que prosseguiu em um ritmo acelerado. De acordo com Janson e Janson (2009, p. 132): O crescente peso das cidades fazia-se sentir não só econômica e politicamente, mas também de inúmeras outras formas: os bispos e o clero urbano ganharam nova importância, e as escolas das catedrais e universidades substituíram os mosteiros como centros de aprendizagem, enquanto os esforços artísticos da época culminaram nas grandes catedrais. O nome “arquitetura gótica” surge apenas no século XVI, quando, desdenhosa- mente, os estudiosos assim a denominaram por considerarem sua aparência tão bárbara que poderia ter sido criada pelos godos, povo que invadiu o Império Romano, destruindo preciosas obras de arte. Santos (2000) ressalta que, mais tarde, porém, o nome gótico perde o caráter depreciativo e passa a ser definitivamente ligado à arquitetura dos arcos ogivais. Tecnicamente, os arcos ogivais permitiram a construção das abóbadas de nervura, que deixam visíveis os arcos que compõem sua estrutura. A consequência imediata do emprego dos arcos ogivais e das abóbadas de nervura é o “alongamento” da estrutura: as igrejas puderam atingir alturas muito maiores, e a própria forma ogival aponta para o alto, acentuando a impressão de elevação e verticalidade. Outros importantes recursos constru- tivos que permitiram a criação das catedrais góticas foram os pilares e os arcobotantes. Associados aos arcos ogivais e às abóbadas de nervura, eles formam o sistema estrutural inovador dos espaços que parecem “alcançar o céu”, conforme demonstra o esquema da Figura 16 (BENEVOLO, 1997; FAZIO; MOFFETT; WODEHOUSE, 2011). 21Arte medieval Figura 16. Esquema estrutural das catedrais góticas. Fonte: a) Fazio, Moffett e Wodehouse (2011, p. 234) e b) Eric Middelkoop/Shutterstock.com. Arte medieval22 Com a adoção desses recursos, o edifício não precisa mais de espessas pare- des para sustentar sua estrutura. A consequência estética direta das inovações construtivas é impressionante: as sólidas paredes com aberturas estreitas das basílicas românicas foram substituídas pela combinação de pequenas áreas de paredes com grandes áreas preenchidas por vidros coloridos e trabalhados, os famosos vitrais góticos (Figura 17). Figura 17. Vitrais da Catedral de Notre-Dame (1345), em Paris. Fonte: a) Renata Sedmakova/Shutterstock.com e b) Hignett (2019, documento on-line). 23Arte medieval Na Catedral de Notre-Dame, inaugurada em 1345, encontramos todos os elementos que definem a elegância da arquitetura gótica, associados às potencialidades dos avanços construtivos. Trata-se de uma das maiores igrejas góticas do mundo, com comprimento total de 150 metros e altura das abóbadas principais de 32,50 metros. Ainda assim, a edificação possui uma leveza impressionante. As grandes aberturas recobertas com vitrais coloridos e a profusão delgada de abóbadas são responsáveis pelo efeito de “[...] ausência de gravidade [...]” (JANSON; JANSON, 2009, p. 133). Na visão dos arquitetos góticos, suas igrejas deveriam ser a contrapartida terrena do Reino dos Céus. A Catedral de Notre-Dame incorpora esse pen- samento, refletindo, em seu interior e suas fachadas, todos os princípios da arquitetura gótica (Figura 18). Na fachada principal, os pormenores foram integrados em um todo harmonioso, que se estende às esculturas. Já não se trata de uma proliferação exagerada, mas de uma composição preciosista com arcadas rendilhadas e imensos portais e janelas que diluem a continuidade das superfícies das paredes. Janson e Janson (2009) destacam um importante elemento arquitetônico gótico: as rosáceas: Na fachada, a rosácea (como são chamadas as janelas circulares das igrejas góticas) fica em um vão bastante recuado, e os ornamentos de pedra que dão forma ao desenho destacam-se nitidamente da alvenaria em que estão engas- tados; no transepto, pelo contrário, não é mais possível separar os ornamentos da janela de sua moldura: um entrelaçamento contínuo cobre toda a superfície. (JANSON; JANSON, 2009, p. 135). As catedrais góticas podem ser compreendidas como imensos livros escritos em pedra, cuja leitura eleva o espírito dos fiéis. Elas são claras e exuberantes, a fim de representar a verticalização da fé e convidar as pessoas a uma união com o divino. Na Itália, o estilo gótico assumiu características próprias e pavimentou o caminho para uma arquitetura mais humanística, pouco adotando dos modelos franceses e alemães. A burguesia italiana tinha ascendido ao poder mais rapi- damente do que os outros países, desenvolvendo uma religiosidade particular, que resultou na transformação de sua arquitetura. Logo, a história da arte se depara com o Renascimento, surgido da interpretação do gótico italiano e, em particular, da noção de sagrado, que já não se opunha ao secular. Arte medieval24 Figura 18. Fachada principal da Catedral de Notre-Dame, em Paris. Fonte: Adaptada de a) Viacheslav Lopatin/Shutterstock.com e b) Stas Knop/ Shutterstock.com. BENEVOLO, L. História da cidade. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1997. BUCHMALER, K. Os quatro evangelistas, iluminura de c. 820, Catedral de Aachen, Alemanha. 2002. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arte_carol%C3%ADngia#/media/ Ficheiro:Karolingischer_Buchmaler_um_820_001.jpg. Acesso em: 04 ago. 2019. CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2000. CSVBIBRA. Coroa Imperial (Reichskrone). 2009. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/ wiki/Regalia_Imperial#/media/Ficheiro:Weltliche_Schatzkammer_Wien_(169)pano2. jpg. Acesso em: 04 ago. 2019. 25Arte medieval DUARTE, R. (org.). O belo autônomo: textos clássicos de estética. Belo Horizonte: UFMG, 1997. FAZIO, M.; MOFFETT, M.; WODEHOUSE, L. A história da arquitetura mundial. 3. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. FISCHER, E. A necessidade da arte. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. GALERIA UFFIZI. Cimabue. 2002. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Cimabue_033.jpg. Acesso em: 04 ago. 2019. GOMBRICH, E. A história da arte. 16. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1999. GYMPEL, J. História da arquitetura: da antiguidade aos nossos dias. Colônia: Könemann, 2001. HAUSER, A. História social da arte e da literatura. São Paulo: Martins Fontes, 2003. HIGNETT, K. Notre Dame 'miracle'? Rose windows' stained glass appears to have survived savage blaze. 2019. 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