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CINÉTICA QUÍMICA4Capítul o Apresentação do capítulo Numa geladeira, a velocidade de deterioração dos alimentos é reduzida. Tópicos do capítulo 1 Velocidade das reações químicas 2 Como as reações ocorrem? 3 O efeito das várias formas de energia sobre a velocidade das reações químicas 4 O efeito da concentração dos reagentes na velocidade das reações químicas 5 O efeito dos catalisadores na velocidade das reações químicas Leitura: Catalisadores automotivos Algumas vezes precisamos acelerar uma reação química para que possamos obter o produto desejado e conseguir maior rentabilidade (rendimento) do processo. Outras vezes, precisamos desacelerar uma reação para retardar um processo químico. Neste último caso, podemos, por exemplo, retardar a deterioração dos alimentos, conservando-os numa geladeira ou num freezer. Neste capítulo, estudaremos a velocidade (ou rapidez) das reações químicas e os fatores e leis que influem na velocidade dessas reações. Vamos analisar também o mecanismo das reações, ou seja, a maneira íntima (microscópica) de as moléculas reagirem. JA V IE R JA IM E / C ID Capitulo 04A-QF2-PNLEM 4/6/05, 16:29143 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 144 1 VELOCIDADE DAS REAÇÕES QUÍMICAS 1.1. Introdução Verificamos em nosso dia-a-dia que há reações químicas mais lentas e outras mais rápidas. Veja: Às vezes nos interessa acelerar uma reação. Isso pode ser conseguido, usando-se, por exemplo: • panela de pressão, que acelera o cozimento dos alimentos; • gesso ortopédico, cuja secagem é rápida; • airbag, que infla por meio de uma reação química praticamente instantânea. Outras vezes, nos interessa desacelerar uma reação. Para que isso possa ocorrer, pode-se, por exemplo: • usar a geladeira e/ou o freezer para retardar a decomposição dos alimentos; • retardar a ferrugem utilizando-se produtos químicos e tintas especiais; • combater uma febre alta (que envolve aceleração do metabolismo orgânico) por meio de me- dicamentos específicos. Freqüentemente precisamos obter uma velocidade de reação que não seja nem muito rápida nem muito lenta. Por exemplo: • não queremos que a gasolina pegue fogo sozinha (pois seria um desastre), mas queremos uma queima “vigorosa” no motor do automóvel, para melhorar seu desempenho; • nas fábricas de vinho, é interessante que a fermentação do suco de uva seja lenta, produzindo um vinho de melhor paladar; no entanto não deve ser lenta demais para não atrasar a produção e causar prejuízos ao fabricante. Enfim, um dos objetivos da Química é o de controlar a velocidade das reações químicas, de modo que sejam rápidas o suficiente para proporcionar o melhor aproveitamento do ponto de vista prático e econômico, mas não tão rápidas a ponto de oferecer risco de acidentes. Em resumo, o ideal é ter reações com velocidades controladas. 1.2. Conceito de velocidade média de uma reação química Em Física o estudo da velocidade diz respeito ao des- locamento de um corpo na unidade de tempo. Se um automóvel percorre 160 km em duas horas, dizemos que sua velocidade média é 80 km/h. Em Química o conceito é semelhante. Medir a velocidade de uma reação significa medir a quanti- dade de reagente que desaparece ou a quantidade de produto que se forma, por unidade de tempo. Por exemplo, seja a equação: N2 " 3 H2 2 NH3 À proporção que a reação caminha, os reagentes N2 e H2 vão sumindo (isto é, vão sendo consumi- dos) e o produto NH3 vai aparecendo (isto é, vai sendo produzido). A ferrugem leva anos para corroer um objeto de ferro. A explosão da dinamite ocorre numa fração de segundo. A queima de uma vela demora algumas horas. 160 km t % 2 h vm t % 0 C ID C ID C R A IG A U R N E S S /C O R B IS -S TO C K P H O TO S Capitulo 04A-QF2-PNLEM 12/7/05, 11:00144 R ep ro du çã o pr oi bi da .A rt .1 84 do C ód ig o P en al e Le i 9 .6 10 de 19 de fe ve re iro de 19 98 . 145Capítulo 4 • CINÉTICA QUÍMICA Se a reação for completa e em quantidades estequiométricas, a representação gráfica do andamento dessa reação será a que mostra- mos ao lado. Após certo tempo t, os reagentes N2 e H2 acabam e a reação pára. Teremos então a quantidade máxima possível de NH3. Lembrando que, em Química, a melhor maneira de medir a quan- tidade de uma substância é usando a unidade mol, diremos que, no estudo da cinética química, é interessante o emprego da quantidade de mols da substância por litro de mistura reagente. Essa grandeza é cha- mada molaridade. Assim, define-se: Velocidade média de uma reação química é o quociente da variação da molaridade de um dos reagentes (ou produtos) da reação pelo intervalo de tempo em que essa variação ocorre. Voltando à reação N2 " 3 H2 2 NH3, podemos dizer que a velocidade média dessa reação, em relação ao NH3, é: (Velocidade média) (Variação da molaridade do NH em mol/L) (Intervalo de tempo) 3% No estudo da cinética química, é comum indicarmos molaridades usando colchetes; assim, [NH3] indica a molaridade do NH3. Considerando que, na Matemática, é comum o uso da letra grega delta (∆) para indicar variações, a fórmula acima pode ser abreviada para: v tm 3[NH% ∆ ∆ ] Nessa expressão, ∆[NH3] é a diferença entre a molaridade final e a molaridade inicial do NH3 no intervalo de tempo ∆t. Vamos agora considerar, por exemplo, que a reação N2 " 3 H2 2 NH3 nos forneça os se- guintes resultados, sob determinadas condições experimentais: Reagentes (N 2 e H 2) Q ua nt id ad es Pro du to ( NH3 ) t (tempo)0 Utilizando os dados dessa tabela, obtemos, de acordo com a definição, as seguintes velocida- des médias: • no intervalo de 0 a 5 min: vm 0 0 % # # 20 0 5 , ⇒ vm % 4,0 mol/L " min • no intervalo de 5 a 10 min: vm 2,5 20,0 0 5 % # # 3 1 ⇒ vm % 2,5 mol/L " min • no intervalo de 10 a 15 min: vm 0,0 32,5 5 10 % # # 4 1 ⇒ vm % 1,5 mol/L " min • no intervalo de 15 a 20 min: vm 3,5 40,0 0 15 % # # 4 2 ⇒ vm % 0,7 mol/L " min Perceba que esse cálculo é muito semelhante ao cálculo de velocidade média feito em Física. De fato, se, na segunda coluna da tabela anterior, no lugar de “molaridade” tivéssemos “quilômetros roda- dos por um automóvel”, o mesmo cálculo teria nos fornecido a velocidade média do automóvel em cada um dos intervalos de tempo. Tempo de reação (min) Variação da molaridade do NH3 (mol/L) 0 0 5 20,0 10 32,5 15 40,0 20 43,5 Capitulo 04A-QF2-PNLEM 4/6/05, 16:29145