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O sentido da busca humana	
APRESENTAÇÃO
O desejo de ser feliz, de se realizar, de estar bem acompanha a humanidade desde muitos 
milênios. Ainda que seja o desejo de cada indivíduo, ninguém é feliz sozinho. Essa busca pela 
felicidade pertence à coletividade, a toda família humana. A busca por mestres, gurus, coaching, 
treinamentos, livros de autoajuda e experiências místicas comprovam que essa busca por 
felicidade e realização continua presente.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai refletir sobre o sentido da existência humana 
(Antropologia), tendo como horizonte a Filosofia e a Teologia. Inicialmente você tem a 
oportunidade de refletir sobre o modo como o ser humano se autocompreendeu ao longo da 
história e qual é o sentido atribuído a essa existência. Em seguida, vai analisar o chamado que o 
ser humano possui para a felicidade. Por fim, vai avaliar o que for visto com o modelo de ser 
humano que a tradição cristã apresenta: Jesus de Nazaré.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Discutir as diversas visões do homem sobre si e o seu destino.•
Explicar a vocação humana para a felicidade.•
Analisar o mistério do homem à luz do que aconteceu com Cristo.•
DESAFIO
O desejo de ser feliz acompanha o ser humano, independentemente do modo como cada um 
compreende a si mesmo. Você percebe que, para cada lugar que olha, há pessoas fazendo coisas, 
buscando, construindo, empreendendo, sonhando e realizando. Essa busca por realização para o 
cristianismo é possível aqui e agora e pode atingir, um dia, a plenitude eterna.
Imagine que você é um atleta e celebrou seu primeiro contrato com um clube. Seu desejo é 
progredir na carreira esportiva, ser respeitado e tornar-se um atleta de excelência em sua 
modalidade esportiva.
O que você faz para atingir seus objetivos?
INFOGRÁFICO
A busca pela felicidade, pelo sentido da existência humana apresenta alguns benefícios que 
agregam valor à vida cotidiana. Essa busca pode levar você a adquirir excelências (virtudes) 
importantes para o seu dia a dia. 
Neste Infográfico você vai acompanhar como a busca para realizar a vocação humana para a 
felicidade pode trazer bons resultados, potencializar as aptidões humanas e aperfeiçoar o caráter 
dos indivíduos.
CONTEÚDO DO LIVRO
A vida humana é sempre repleta de interrogações e novidades. Você já deve ter percebido que o 
ser humano é o único ser conhecido que toma a si mesmo como problema de investigação. Ao 
longo da história, a busca por compreensão não está circunscrita ao âmbito da natureza, mas há 
um lugar especial na busca por respostas às clássicas questões: quem é o ser humano?; por que 
ele existe?; para que existe?
No capítulo O sentido da busca humana, da obra Antropologia teológica e direitos humanos, 
você tem a oportunidade de discutir as diversas maneiras como o ser humano se 
autocompreendeu ao longa da história, refletir sobre o chamado do ser humano para a felicidade 
e, por fim, olhar para o ser humano a partir de um modelo humano-divino, que é Jesus Cristo. 
Boa leitura.
 
ANTROPOLOGIA 
TEOLÓGICA E 
DIREITOS 
HUMANOS
Enir Cigognini 
O sentido da busca humana
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 Discutir as diversas visões do homem sobre si e o seu destino.
 Explicar a vocação humana para a felicidade.
 Analisar o mistério do homem à luz do que aconteceu com Cristo.
Introdução
O ser humano não busca apenas compreender o mundo, mas também 
a si mesmo, a sua origem, a sua finalidade e o seu destino. Essa busca por 
compreender os fenômenos está na base de todo o desenvolvimento que 
você conhece — se o ser humano se contentasse com o mundo como está, 
provavelmente não haveria descobertas e novidades nos campos do saber. 
Para compreender melhor a busca do ser humano por autocompre-
ensão, neste capítulo você vai estudar as concepções antropológicas e 
as respectivas visões de destino que o ser humano possui. Na sequência, 
vai analisar o sentido da existência humana e a concepção de felicidade 
subjacente a cada explicação antropológica. Por fim, vai analisar o ser 
humano a partir do modelo de homem divino-humano: Jesus Cristo.
Concepções antropológicas ao longo da história 
da humanidade
Nesta seção, vamos realizar uma incursão pela história da humanidade, na 
perspectiva da cultura ocidental, desde a Antiguidade até a contemporanei-
dade, para ver como o ser humano se autocompreendeu ao longo da história.
Antiguidade
Um dos primeiros elementos que você pode encontrar na história da humanidade 
para esta análise vem da cultura grega clássica: o ser humano se percebe como 
diferente dos deuses. É o que Vaz (2014) chama de linha divisória entre o mundo 
dos mortais e o mundo dos imortais. O segundo elemento a registrar refere-se 
à celebração dos feitos do homem grego como feitos heroicos, e isso você pode 
encontrar em toda a literatura grega clássica, como nas obras de Hesíodo e Homero. 
No campo filosófico, você pode encontrar as ilustres definições que celebram 
o ser humano como portador do logos. O termo portador do logos significa que 
o ser humano possui capacidade de pensamento e fala. Mais especificamente, 
Aristóteles define o homem como animal racional, caracterizando o ser humano 
como próximo dos animais pela sua constituição biológica, mas separado deles 
pela sua exclusiva capacidade racional (VAZ, 2014).
Na perspectiva clássica, o ser humano se vê destinado a enfrentar a morte 
como migração do mundo presente para a morada dos mortos. Você poderá 
encontrar muitas variantes dessa concepção, desde a possibilidade de morar 
com os deuses ou mesmo na ilha dos bem-aventurados até as condenações 
eternas no Hades (morada dos mortos). 
Período medieval
Para que você possa apropriar-se da cultura medieval, é importante dizer que, 
em termos antropológicos, no que se refere ao ocidente, ela é marcada pelo 
advento do cristianismo. Esse movimento religioso, surgido no primeiro 
século, traz novidades para o pensamento fi losófi co e teológico. 
A primeira dessas novidades é a ideia de que há um único Deus, que cria 
todas as coisas, e, nesse sentido, o ser humano se percebe como uma criatura. 
Mas ele não é uma criatura qualquer, é criado, de acordo com o livro das origens 
(Gênesis), à imagem e semelhança de Deus. Nessa linha, tanto Santo Agostinho 
(354 d.C–430 d.C) quanto Santo Tomás de Aquino (1225–1274) afirmaram que, 
por imagem, deve-se entende a presença da capacidade intelectiva que existe no 
ser humano. Nessa perspectiva, o ser humano é visto como criatura (VAZ, 2014). 
Com a encarnação do Verbo (nascimento de Jesus de Nazaré), você pode 
perceber a segunda característica do período medieval: Deus mesmo se faz 
humano. Um ser divino tornar-se humano é um fato bastante raro na história da 
humanidade; o mais corriqueiro é humanos se tornarem heróis, seres divinos 
ou mesmo semideuses. Para o cristianismo, o Filho de Deus torna-se Filho 
do Homem, e, com isso, a humanidade recebe a filiação divina. Segundo a 
visão cristã, todo ser humano pode, em Jesus Cristo, tornar-se filho de Deus. 
O ser humano torna-se filho no Filho (Jesus).
O sentido da busca humana2
Não bastasse o Filho de Deus ter se encarnado, ele morre crucificado 
e, segundo o credo cristão, ressuscita. Com isso, vence a morte e resgata a 
humanidade, que, por ter pecado, submete-se à morte. Desse modo, o ser hu-
mano foi criado para ser interlocutor com Deus e está orientado a se encontrar 
definitivamente com Deus (VAZ, 2014).
Período moderno
A Modernidade é um período histórico marcado pelo domínio de um modelo 
de racionalidade — em geral, a técnica. É um período marcado pelas duas 
grandes revoluções: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial. Com isso, 
uma nova autocompreensão do ser humano também aparece. 
Após o fim da Idade Média, o mundo ocidental passa pelo Renascimento. 
Nesse momento, a culturaclássica (grega e romana) é resgatada. Nesse sentido, 
os ideais do homem grego retornam, bem como o pragmatismo e a tradição do 
Direito romano. Autores como o cardeal Nicolau de Cusa apesentam o homem 
da Renascença a partir de duas ideias fundamentais: a dignidade do homem e 
o homem universal. O período ainda vê o pensamento antropológico assumir 
uma tendência racionalista, uma tendência panteísta — tudo é Deus, como 
em Giordano Bruno (1548–1600) — e, por fim, uma tendência panenteísta 
(tudo está permeado por Deus). Essas características antropológicas deixam 
clara a passagem do período medieval para o período moderno (VAZ, 2014).
O ciclo das grandes navegações e, com elas, as descobertas de povos diferentes, 
demandam a solução para problemas, como o da igualdade entre os povos. Com 
os freis dominicanos Francisco de Vitória (1483–1546) e Bartolomé de las Casas 
(1474–1566), são colocadas as bases para o Direito Natural Moderno, que é a base 
sobre a qual se assentam os direitos humanos, promulgados somente em 1948.
Com a Modernidade propriamente dita, é iniciado um processo de va-
lorização da capacidade racional do ser humano. As evoluções científicas 
corroboram com uma espécie de fé inabalável na superpotência racional do 
ser humano. Este seria capaz de fazer tudo — dominar a natureza, conhecê-la, 
conhecer a si mesmo, a Deus, enfim, tudo. 
René Descartes (1596–1650), filósofo francês, sustenta que nada deveria 
ser aceito como verdadeiro que não tivesse passado pelo crivo da razão. Aqui, 
a racionalidade humana assume o papel de critério para que seja distinguido o 
verdadeiro do falso (VAZ, 2014). Essa visão racionalista (forte crença centrada 
na capacidade racional) perdurará por muitos séculos e só será fortemente 
questionada a partir das duas grandes guerras mundiais (VAZ, 2014). 
3O sentido da busca humana
O período moderno repete algumas concepções sobre o homem e vai 
além. O ser humano como racional é valorizado em um nível bastante 
elevado. O ser humano é visto ainda como destinado a construir o mundo, 
as instituições, a moralidade e tantas maravilhas quanto a razão humana 
puder alcançar. 
Período contemporâneo 
O período contemporâneo é marcado por uma diversidade tão grande de concep-
ções antropológicas que você se deparará com a expressão pluriversidade. O ser 
humano só pode dizer-se na pluriversidade (variedade e multiplicidade) de sentidos. 
A primeira delas é formulada por Jean-Jacques Rousseau (1712–1778). 
Segundo ele, o homem é bom, nasce bom — a sociedade é que o corrompe. 
Já Ludwig Feuerbach (1804–1872) propõe um antropocentrismo radical que se 
caracterizará por um antropoteísmo (o homem é o único deus para o homem). 
Karl Marx (1818–1883), por sua vez, apresentará o ser humano a partir de sua 
relação com os meios de produção — desse modo, o ser humano é um ser que 
produz (VAZ, 2014). 
Auguste Comte (1798–1857), o pai da sociologia, confere à sociedade a 
primazia sobre o indivíduo e, com isso, estuda a sociedade humana tanto do 
ponto de vista estático quanto dinâmico. Para Max Scheler (1874–1928), a 
noção de ser humano está alicerçada no conceito de pessoa (ser orgânico-
-espiritual), de ser aberto ao mundo por meio da racionalidade, da intuição e 
da intencionalidade. Para Paul Ricœur (1913–2005), o ser humano está e se faz 
presente na realidade por meio do pensamento (ao descobrir o ordenamento da 
realidade natural, social e histórica) e por meio da ação (ao construir a ordem 
humana a partir da linguagem e do agir).
Por fim, como você percebeu, não há uma concepção única geradora de 
sentido no período contemporâneo, mas uma multiplicidade de sentidos, 
que permite os multiformes discursos antropológicos. Nesse momento, 
coexistem múltiplas e variadas formas de destino — os materialistas, os que 
negam toda e qualquer transcendência de sorte que restaria ao ser humano, 
esgotando-se na vida puramente biológica, e os religiosos, por exemplo, o 
cristão (VAZ, 2014). 
O sentido da busca humana4
O período moderno é muito amplo e rico. Você pode descobrir nele, por exemplo, 
as teorias contratualistas. Essas teorias se baseiam no pressuposto de que o que 
conhecemos e chamamos de Estado não surgiu do nada ou naturalmente (a exemplo 
das abelhas, que naturalmente constroem sua colmeia), mas de um tipo de contrato 
hipotético celebrado entre os seres humanos em dado momento da história. Isso 
implica que o Estado, por ser construção humana, pode ser revisado e reconstruído. 
Um dos autores contratualistas é Thomas Hobbes (1588–1679), filósofo inglês que, em 
uma obra chamada Leviatã, afirmou que o homem é um lobo para o outro homem 
(em latim: homo homini lupus). Isso remete para a ideia de que o ser humano seria 
mau por natureza e, naturalmente, tentaria destruir os demais. Por isso, um contrato 
é celebrado, e é instituído um soberano, para que possa haver paz e sobrevivência.
Vocação humana para a felicidade
Você alguma vez já se perguntou por que faz tudo o que faz? Por que levanta 
e faz as mais diversas atividades, como estudo, trabalho, etc.? Provavelmente, 
você pensou: para me sustentar, para viver, porque todo mundo faz, para ser 
alguém ou, ainda, para alcançar os meus objetivos. Nesta seção, você será 
convidado a um percurso fi losófi co e, depois, teológico, para que possa, após 
a leitura, ter mais elementos para responder a essas questões. 
Felicidade filosófica 
Dentre muito autores que podem ser utilizados para falar sobre felicidade, apre-
sentamos a você Aristóteles (384–322 a.C.), um autor antigo e sempre atual. De 
acordo com ele, tudo aquilo que você faz possui um determinado propósito, um 
fi m. Aqui, a palavra fi m deve ser entendida como fi nalidade ou objetivo. Assim, 
tudo aquilo que é realizado visa atingir um objetivo, desde as coisas mais simples, 
como ir à geladeira buscar água gelada no calor de um verão escaldante, até escolher 
uma profi ssão para exercer durante a vida (ARISTÓTELES, 1987). 
Ocorre que esse fim que você tem em mente e deseja atingir, para você, 
sempre é bom. Jamais, de acordo com Aristóteles, alguém poderia livremente 
querer algo ruim para si mesmo. Ainda que a pessoa seja masoquista e, por essa 
razão, busque o sofrimento, o faz por perceber o sofrimento como algo bom. 
Esse fim almejado, sendo bom, ao ser alcançado, gera satisfação, realização. 
E, assim, se você respondesse aristotelicamente por que faz tudo o que faz, 
poderia dizer que é para atingir a realização. 
5O sentido da busca humana
Dando um passo a mais, se analisarmos toda a vida de um ser humano, 
poderá perceber que tudo o que faz tem essa estrutura: buscar um fim que 
seja bom e traga realização. Disso resulta que, em termos filosóficos, você 
faz tudo o que faz para alcançar a eudaimonia (felicidade). 
Eudaimonia é uma palavra de origem grega que é traduzida por felicidade. Entretanto, você 
não pode confundir felicidade com contentamento. Não é possível estar sempre contente. 
A felicidade, em termos filosóficos, consiste na realização do ser humano enquanto humano.
Chamado à felicidade no cristianismo
Você já deve ter ouvido a palavra vocação. Sabe exatamente o que ela signifi ca? 
O termo vocação vem do vocábulo latino vocare, que signifi ca chamar. Nessa 
perspectiva, para o cristianismo, você é chamado à felicidade. 
Quando há um chamado, necessariamente deve haver dois sujeitos ou dois 
interlocutores: um que chama e outro que é chamado. Disso resulta que Deus 
chama cada pessoa humana no Universo, e cabe a esta responder. Sendo que o 
chamado é uma iniciativa divina. Ou seja, Deus chama você, e cada ser humano. 
Mas, que chamado é esse, exatamente? O primeiro chamado é o chamado à vida. E 
é este que você está convidado a conhecer mais a partir da teologia cristã-católica. 
Quando a tradição religiosa em questão afirma que Deus chama à vida, 
não está fazendo referência à vida puramente biológica. É, em verdade, um 
chamado à vida plena, em todos os aspectos, inclusive o biológico. A partirdesse horizonte, cada ser humano é único, irrepetível, sonhado, querido, 
desejado e amado por Deus. Isso, de antemão, confere uma dignidade ina-
lienável. A vida humana é um bem precioso de que cada um é portador. A 
teologia cristã dos primeiros séculos, na pessoa de Irineu de Lyon (130–202 
d.C.), afirmava que a glória de Deus é o homem vivo, e a glória do homem é 
o conhecimento de Deus.
Santo Agostinho de Hipona (354–430 d.C.), bispo africano, dizia: “[...] 
fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em 
ti” (AGOSTINHO, 2016). Ele foi um homem apaixonado pela verdade, que a 
procurou em muitas áreas do conhecimento e muitas filosofias de seu tempo, 
até se deparar com o cristianismo. Converteu-se e, mais tarde, foi eleito bispo 
da cidade de Hipona. Para o bispo de Hipona, está claro que Deus fez os seres 
O sentido da busca humana6
humanos livres, mas estes, no mau uso de sua liberdade, escolheram o que os 
afastou de Deus, ou seja, pecaram, e, por isso, sobrou apenas o livre arbítrio. 
Outra passagem digna de referência na obra Confissões, de Agostinho, é a 
passagem em que ele reconhece a importância de encontrar-se com Deus e diz: 
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu te amei! Eis que 
habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora! Eu, disforme, lançava-
-me sobre as belas formas das tuas criaturas. Estavas comigo, mas eu não estava 
contigo. Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti 
não existissem. Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez. Fulguraste 
e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira. Espargiste tua fragrância e, 
respirando-a, suspirei por ti. Eu te saboreei, e agora tenho fome e sede de ti. Tu 
me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz (AGOSTINHO, 2016).
Aqui o bispo de Hipona faz referência a um chamado que potencializa o cha-
mado à vida. Trata-se do chamado ao seguimento de Jesus Cristo. A experiência 
que ele fez do chamado de Deus deixa clara a sua realização, a sua felicidade e, 
ao mesmo tempo, o desejo de encontrar-se novamente com Deus. 
A tradição cristã nomeou a felicidade de beatitude (em latim, beatitudo). 
Santo Tomás de Aquino (1225-1274), em termos filosóficos, como seguidor 
de Aristóteles, afirma que as ações buscam um fim que é bom em vista de um 
fim sumamente bom e último. Todo o desejo de realização e felicidade que há 
no ser humano será plena e absolutamente saciado com esse fim último. Essa 
meta final consiste em contemplar o próprio Deus, vivendo a realização plena 
e absoluta que jamais tem fim. Estando nessa contemplação, nada mais seria 
desejado, não por ausência de desejo, mas porque Deus seria a pura, plena e 
máxima saciedade (TOMÁS, 2016).
O mais interessante é que não se trata de esperar por essa felicidade apenas 
no final de tudo. Ela já pode ser experimentada aqui e agora, não plenamente, 
mas já presente. Por isso que o Papa Francisco tem insistido no tema da 
alegria: “[...] precisamos de cristãos do sorriso, não porque levem as coisas 
superficialmente, mas porque são ricos da alegria de Deus, porque acreditam 
no amor e vivem para servir” (FRANCISCO, 2018a, documento on-line).
Cristo e o mistério do homem 
Agora que você já estudou muitos elementos sobre a tradição cristã, pode olhar 
mais profundamente, a partir de Cristo, para o que o cristianismo chama de 
mistério do homem. O ser humano, por mais que seja conhecido e investigado, 
7O sentido da busca humana
continua sendo um mistério. Uma pequena advertência: a palavra mistério 
aqui não está sendo usada como sinônimo de nebuloso ou obscuro, mas como 
riqueza inexaurível e sempre surpreendente.
Nas palavras do Papa Francisco (2018b, documento on-line): 
Nem se pode pretender definir onde Deus não Se encontra, porque Ele está 
misteriosamente presente na vida de toda a pessoa, na vida de cada um como Ele 
quer, e não o podemos negar com as nossas supostas certezas. Mesmo quando 
a vida de alguém tiver sido um desastre, mesmo que o vejamos destruído pelos 
vícios ou dependências, Deus está presente na sua vida. Se nos deixarmos 
guiar mais pelo Espírito do que pelos nossos raciocínios, podemos e devemos 
procurar o Senhor em cada vida humana.
Por mais que todas as áreas do conhecimento esquadrinhem o DNA humano 
e todas as relações que o ser humano estabelece, permanece uma misteriosa 
presença de Deus na vida de cada indivíduo. Ainda que essa presença seja 
negada, ignorada, mal compreendida ou mesmo apreciada, lá estará ela. 
Para adentrar no mistério que é o ser humano, vamos iniciar pelo relato 
bíblico da criação. Nele, Deus cria o homem e a mulher e os coloca em um 
jardim (BÍBLIA, 2003). A partir desse relato, perceba com clareza que a 
iniciativa é divina e tem como horizonte de existência uma situação paradi-
síaca. Entretanto, ali colocado, o ser humano peca e, ao pecar, a humanidade 
é expulsa do jardim e tem como pena enfrentar a morte.
Essa situação persiste até que Deus envia o seu filho único. Este anuncia 
a boa nova da salvação e, após um período de aproximadamente três anos, é 
crucificado e morto. A partir disso, o credo cristão professa que Jesus desceu 
à mansão dos mortos, venceu a morte e abriu as portas da eternidade para o 
ser humano que lá estava aprisionado: ele ressuscitou.
Deus nunca desiste da obra-prima das suas mãos: o ser humano. Assim, 
por mais que uma pessoa se sinta só e sem apoio, Deus nunca a abandona. 
Rubem Alves afirma, em Pai nosso — meditações, que, quando ele está em 
um momento de dificuldade e chama por Jesus, ele ouve Jesus sussurrando 
seu nome: é o mistério da cruz (ALVES, 2004). Dessa maneira, os cristãos 
acreditam que Deus, por ter se encarnado, feito homem, compreende, acolhe 
e transforma todas as limitações humanas. Não se trata de uma divindade 
julgadora e terrível, sempre pronta a castigar, a premiar os bonzinhos e castigar 
os menos bons — antes, é um Deus cuja essência é o amor. 
O sentido da busca humana8
É provável que você não tenha ouvido falar em Santa 
Gianna Beretta Molla, médica italiana, casada, mãe de 
quatro filhos, falecida em 1962 e canonizada pelo papa 
João Paulo II em 2004. Ela consagrou a sua vida como 
médica pediatra, mãe e esposa. Leia mais sobre ela aces-
sando o link abaixo.
https://goo.gl/CuF05d 
A vida humana é um dom, presente de Deus. Não bastasse a vida ser essa 
dádiva tão preciosa, Deus quer que cada um seja filho, participe da sua mesa. 
Por isso, o chamado à vida em Cristo assume um caráter de conversão. Como 
o ser humano poderia não responder a um gesto de tamanha generosidade? 
A vida humana a partir de Cristo assume um caráter ainda mais sagrado, assim 
como a história da humanidade. E, com isso, cria-se a necessidade de um sadio 
equilíbrio: de um lado, o ser humano está no mundo e precisa construir a paz, a 
fraternidade, um mundo novo; de outro, tem os olhos voltados para a eternidade, 
para a vida plena. Ser cristão não implica um abandono das atividades quotidianas; 
muito pelo contrário — ser cristão significa, em última análise, amar:
  a Deus, como princípio e fim de todas as coisas;
  aos demais seres humanos que cada um tem o privilégio de conviver 
e conhecer;
  o Universo, obra do Criador;
  a si mesmo. 
A vivência desse amor é viver o que a tradição cristã chama de santidade. 
A exortação apostólica do Papa Francisco, Gaudete et exultate (Alegrai-vos 
e exultai), é um convite a viver a santidade com alegria nos mais diferentes 
âmbitos de atividade que você possa estar. 
Por fim, o indivíduo não é obrigado a aceitar Jesus como Cristo (messias). 
Deus não condena as pessoas à fé. Mas, então, por que ele cria o ser humano, 
o Universo, se a obra da sua inteligência é livre para não o aceitar? A única 
resposta que estudiosos e místicos ao longo da história chegaram é que Ele 
assim fez e dispôs por amor e porque quis. 
9O sentido da busca humana
Para saber mais informações e aprofundar os seus conhecimentosno conteúdo visto 
até então, acesse os links a seguir. 
  Exortação do papa Francisco sobre a santidade: https://goo.gl/Fi11tN
  Texto clássico do papa Paulo VI sobre o real significado da evangelização — Evangelii 
Nuntiandi: https://goo.gl/RUpw69
  Discurso do papa Francisco no Rio de Janeiro sobre o desejo de felicidade que 
somente Deus pode saciar: https://goo.gl/j1vRyb
 
AGOSTINHO, Santo. Confissões. São Paulo: Paulus, 2016.
ALVES, R. Pai nosso — meditações. 8. ed. São Paulo: Paulos, 2004.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
BÍBLIA. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2003.
FRANCISCO, Papa. Comentário do Papa Francisco sobre a importância da felicidade para 
o Cristão. Vaticano, 31 out. 2018a, Twitter: @Pontifex.pt. Disponível em: https://twitter.
com/pontifex_pt/status/1057610638585970688. Acesso em: 29 jan. 2019.
FRANCISCO, Papa. Exortação apostólica: Gaudete et exultate do Santo Padre Francisco. 
2018b. Disponível em: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/apost_exhortations/
documents/papa-francesco_esortazione-ap_20180319_gaudete-et-exsultate.pdf. 
Acesso em: 29 jan. 2019.
VAZ, H. C. L. Antropologia filosófica. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
TOMÁS, de Aquino, Santo. Suma teológica. São Paulo: Edições Loyola, 2003. v. 3.
O sentido da busca humana10
Leituras recomendadas
ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. M. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: 
Moderna, 2004.
FRANCISCO, Papa. Carta Encíclica: Laudato Si’ do Santo Padre Francisco. 2015. Dispo-
nível em: http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-
-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html. Acesso em: 29 jan. 2019.
VATICAN. Gianna Beretta Molla (1922-1962). 1994. Disponível em: 1994. Disponível em: 
http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20040516_beretta-
-molla_po.html. Acesso em: 29 jan. 2019.
LACOSTE, J. Y. Dicionário crítico de teologia. São Paulo: Paulinas: Edições Loyola, 2004.
FRANCISCO, Papa. Fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. CNBB, 25 jul. 2013. 
Disponível em: http://www.cnbb.org.br/papa-francisco-fome-de-uma-felicidade-que-
-so-deus-pode-saciar-2/. Acesso em: 29 jan. 2019.
PAULO VI, Papa. Exortação apostólica: Evangelii Nuntiandi do Papa Paulo VI. 1975. Dis-
ponível em: http://w2.vatican.va/content/paul-vi/pt/apost_exhortations/documents/
hf_p-vi_exh_19751208_evangelii-nuntiandi.html. Acesso em: 29 jan. 2019.
11O sentido da busca humana
DICA DO PROFESSOR
Muitas vezes você deve ter se deparado com expressões como "está na bíblia!" ou 
mesmo percebido que alguns relatos que estão na bíblia parecem não fazer muito sentido. O 
cristianismo encontra na escritura a alma da própria Teologia, e é exatamente por isso que não 
se pode fazer uma leitura simplista ou literal desses textos. Os métodos de investigação e leitura 
exegética podem ajudar a melhor compreender alguns conceitos importantes. 
Nesta Dica do Professor, você vai ter acesso à análise de um texto bíblico pouco compreendido, 
mas cujo entendimento é essencial para que você entenda a teoria cristã da criação do ser 
humano bem como a redenção operada por Jesus Cristo. 
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EXERCÍCIOS
1) Qual é a principal característica do ser humano no período clássico?
A) É um animal racional.
B) É um estrangeiro em terra distante.
C) É imagem e semelhança de Deus.
D) Ele é um ser divino. 
E) É uma paixão inútil.
2) 
O período moderno é marcado pelo predomínio de qual característica antropológica?
A) Capacidade de fala.
B) Capacidade de raciocínio religioso.
C) Capacidade racional.
D) Capacidade física.
E) Capacidade afetiva.
3) Em termos antropológicos, como é possível caracterizar mais adequadamente o 
período contemporâneo?
A) Período religioso.
B) Período racionalista.
C) Período personalista.
D) Período teleológico.
E) Período pluriversal.
4) Em que consiste a busca pela felicidade de acordo com os conhecimentos teológicos e 
antropológicos?
Consiste na busca egoísta e hedonista que algumas pessoas ligadas ao estudo e não A) 
religiosas empreendem.
B) Consiste na busca pela sabedoria espiritual dentro da religião e das ciências ligadas às 
novas tecnologias.
C) Consiste na busca pela realização do ser humano e, para o cristianismo, possui uma 
dimensão também eterna.
D) Consiste no prêmio que Deus concede aos religiosos que se consagraram ao estudo das 
sagradas escrituras durante toda a vida.
E) Consiste no sucesso econômico empreendido durante a juventude para gozar das posses 
durante a velhice.
5) O fato de Deus ter criado o ser humano à sua imagem e semelhança implica que este 
seja racional e aberto à fé. Aceitar Cristo implica:
A) deixar de fazer as coisas que são importantes para o mundo, como o exercício da profissão, 
e tornar-se pregador do evangelho.
B) crer que Jesus é o senhor e viver como se o mundo fosse um inferno necessário para a 
purificação humana para atingir, no fim de tudo, a eudaimonia.
C) em mudança alguma, pois é apenas uma questão de ciência.
D) pautar a vida e as ações nos valores ensinados por ele, presentes nas sagradas escrituras e 
na tradição cristã, vivendo, acima de tudo, o amor.
E) dedicar-se ao estudo antropológico, filosófico e teológico para tornar-se sábio como ele e 
fazer o bem a si mesmo.
NA PRÁTICA
De acordo com a tradição cristã, a adesão a Jesus Cristo tem variadas implicações práticas. Ao 
analisar o mistério do homem à luz do que aconteceu com Cristo, você pode perceber uma série 
de variantes na conduta dos adeptos dos valores cristãos. Um dos principais e mais nítidos é a 
capacidade de dar a própria vida em benefício de outros. 
Confira, Na Prática, o caso de uma médica italiana que, por valores oriundos de sua fé cristã, 
entrega sua vida ao exercício da medicina, à vida matrimonial, ao cuidado das crianças e ao 
cuidado de uma criança em especial, a sua própria filha. 
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Exortação apostólica Evangelii Nuntiandi do Papa Paulo VI
Aproveite para conhecer um texto clássico do Papa Paulo VI sobre o real significado da 
evangelização Evangelii Nuntiandi.
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Papa Francisco: “fome de uma felicidade que só Deus pode saciar”
Discurso do Papa Francisco no Rio de Janeiro sobre o desejo de felicidade.
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Exortação apostólica Gaudete et Exsultate do Santo Padre Francisco
Leia na íntegra a exortação do Papa Francisco sobre a santidade no mundo atual.
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