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DANO Dano Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: Pena - detenção, de 1 a 6 meses, ou multa. Tutela-se integridade e integralidade da posse ou propriedade. Sujeito ativo Não pode ser o proprietário da coisa visto que ele pode simplesmente dispor dela. Tipicidade objetiva A conduta tipificada é: · Destruir: eliminar, fazer desaparecer. A coisa deixa de existir em sua individualidade ainda que subsista a matéria que a compõe (a exemplo de matar um animal e estilhaçar uma vidraça); · Inutilizar: tornar imprestável, inútil. A coisa perde sua adequação ao fim a que se destinava, apesar de não perder completamente sua individualidade; · Deteriorar: estragar, arruinar. A coisa sofre avaria substancial, embora não se desintegre totalmente, restando diminuída sua utilidade ou valor econômico. Tais resultados podem ser parciais. Seu objeto material é a coisa corpórea (pois só assim pode ser danificada fisicamente, o dano moral sendo punido apenas na esfera civil), móvel ou imóvel, inclusive a coisa perdida salvo a res nullius e a res derelicta. Há a critica em razão de não se encaixar na conduta em apreço eventual ação em que o agente faça desaparecer a coisa, porém sem destruí-la, deteriorá-la ou inutiliza-la. Ocorrendo melhoria que eleve o valor ou utilidade da coisa em razão da ação do agente, não se pode falar em crime, à exceção da intervenção alheia em obra de arte, desnaturando-a, ainda que, teoricamente, a tenha melhorado, o que pode representar prejuízo, ao retirar-lhe a autenticidade e a originalidade. O elemento “alheia” significa tanto a coisa que pertence a outrem como a que se encontra na posse de terceiro. Tipicidade subjetiva O elemento subjetivo é o dolo, sem fim especial de agir. São irrelevantes os motivos para a ação desde que eventual finalidade, como lucro econômico, seja indireta, eventual e natural, não sendo fim especial e imediato, não sendo o lucro fim em si mesmo, mas decorrente de outro acontecimento, a exemplo do apostador que envenena o cavalo favorito para melhorar as chances daquele em que apostou. Se o fim especial for o móvel orientador da conduta desnaturará o dano, que torna-se meio de execução ou elementar de outro crime. O dano é sempre absorvido por outras condutas, nunca absorvendo-as. Dano qualificado Único - Se o crime é cometido (causando estes meios maior perigo): I. Com violência à pessoa ou grave ameaça Assim a conduta atinge outros BJ além do patrimônio. Pode ser praticada contra a mesma pessoa atingida pelo dano ou outra, durante o crime ou para assegurar sua execução, não qualificando-o apenas se empregada após a consumação do dano. A ameaça (art. 147) e as vias de fato (art. 21 da LCP) são absorvidas pelo dano qualificado. II. Com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui crime mais grave A subsidiariedade decorre do fato de que substancia inflamável ou explosiva podem ser usadas para prática de crimes contra a incolumidade pública, mais graves. III. Contra o patrimônio da União, Estado, DF, Município ou autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviços públicos; Para Bittencurt, o fundamento para a qualificadora é natureza desses bens, que a todos pertencem e de ninguém recebem cuidado e atenção especial, sendo, consequentemente, mais vulneráveis. São objeto dessa qualificadora as coisas de propriedade destes órgãos, não as locadas ou usadas por órgãos públicos. Empresa pública é entidade com personalidade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer, por força de contingência ou conveniência administrativa (art. 5º, II, Decreto-Lei n. 200/67). Conforme art. 3º do mesmo Decreto-Lei, as fundações instituídas por lei federal não constituem entidades da administração indireta, aplicando-se-lhes, entretanto, quando recebam subvenções ou transferências à conta do orçamento da União, a supervisão ministerial. IV. Por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima Aqui o crime é qualificado por um motivo e uma consequência. - Motivo egoístico Não se pretende punir ou criminalizar o egoísmo, sentimento pessoal que não deixa de ser, dentro de determinados limites, necessário para a vida social, pois em sua base não deixa de ser um reflexo do instinto de conservação. Assim trata-se de motivo antissocial, relacionado a interesse pessoal, econômico ou moral, a exemplo da danificação do trabalho ou equipamento de um concorrente para valorizar seu similar. Motivo egoístico não se vincula à satisfação de sentimento menos nobre, como ódio, despeito, inveja ou desprezo, não se confundindo com o dano simples, que, normalmente, é motivado por sentimento dessa ordem. - Prejuízo considerável Aferido em relação ao patrimônio do ofendido, sendo critério relativo, respeitando-se o principio da proporcionalidade. Pena – “detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa, além da pena correspondente à violência”. Consumação e tentativa Consuma-se com o efetivo dano causado, havendo para a vitima prejuízo. O dano é crime de ação múltipla/conteúdo variado, de modo que mesmo que o agente, num primeiro momento, deteriore a coisa e, insatisfeito, inutilize-a e, por fim, a destrua, haverá somente um crime, devendo estas circunstancias serem consideradas dosimetria penal. Admite a tentativa. Não há tentativa caso o agente não obtenha o resultado pretendido, visto que o resultado parcial já é suficiente para consumá-lo. Pena e ação penal Na figura simples aplica-se, alternativamente, pena de detenção, de 1 a 6 meses, ou multa; na qualificada, detenção, de 6 meses a 3 anos, e multa. A ação penal é de iniciativa privada na figura simples e qualificada na hipótese do parágrafo único, IV, nas demais sendo qualificadas (parágrafo único, I, II e III), e a ação penal é pública incondicionada (art. 167). Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo: Pena - detenção, de 15 dias a 6 meses, ou multa. Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico: Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, e multa. Alteração de local especialmente protegido Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local especialmente protegido por lei: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Ação penal Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante queixa.