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DoM|Noo, 3 DE MARÇO DE 1991 N3CÍ0flã| ° E5T^D° DE 5 P^UL° ' 2' Exército envia soldadospara fronteira I í vl _ í Tropas procuram supostos guerrilheiros que mataram soldados próximo à fronteira com a Colômbia BRASÍLIA O general de Exército Antenor Santa Cruz, chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), enviou 240 soldados para Tabatinga, na fronteira do Estado do Ama zonas com a Colômbia, para iniciar uma operação de guer ra contra supostos guerrilhei ros das Forças Armadas Revo lucionárias Colombianas (FARC). O grupo de guerri lheiros teria matado em uma emboscada três soldados do Exército brasileiro que mon tavam guarda no garimpo de ouro dos índios tucanos, no Rio Traira, ao sul da cachoei ra Jatuarana. No conflito, ou tros nove, de um destacamen to de 30 soldados brasileiros, ficaram feridos. Os corpos dos soldados bra sileiros mortos durante o ata que Aldemir Lopes de Oli veira, 19 anos; Sidmar Fonse ca Moraes, 22 anos; e Sansão Ramos Gonçalves, 23 anos foram sepultados ontem em Tabatinga. Dois dos nove sol dados feridos estão hospitali zados em estado grave. O ata que ocorreu na hora do almo ço, de surpresa, o que dificul tou a reação dos soldados bra sileiros. O primeiro a ser morto fazia sentinela no mo mento da chegada dos guerri lheiros, e recebeu o tiro á dis tãncia por um dos atiradores do grupo. O Comando Militar da Ama zônia tomou conhecimento do ataque na sexta feira, quando chegaram á região os soldados encarregados de fazer a troca semanal da guarda. De terça a sexta feira, 0 destacamento permaneceu incomunicável, pois os atacantes roubaram o equipamento de radiocomuni cação, fuzis automáticos, mu nições e alimentos. O ministro das Relações Ex \ eEstad0 "' . HUGOCARNEVALLAri teriores, Francisco Rezek, te lefonou ontem para o chance ler colombiano, Luiz Fernan do Jaramillo, para informar que “limpará a fronteira, de forma a mantê la segura e evi tar novos incidentes”. Segun do Rezek, o reforço do contin gente militar na região foi de cidido em conjunto com o go verno da_Colômbia, que tam bém enviará tropas á região em seu lado da fronteira. O ob jetivo, de acordo com Rezek, é evitar novos incidentes, Os 240 soldados foram transportados em dois aviões Buffalo, de fa bricação norte americana, para reforçar as guarnições do 1° Batalhão Especial de Fron teira (BEF), sediado em Taba tinga, e do Pelotão de Fron teira Japurá, instalado em Vi la Bittencourt, também no Amazonas. A operação está sob o comando do general Thaumaturgo Sotero Vaz, _ _ . _ _ _._._.___..._:I._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._ fiaiaêEiiiiaz;;azêgzzagêâââââzâz§z§ê§z§ê§ê§â:ê2êe====" ' Uflfümã 55;š;E;š;E=E=*=E=E=E=1==" O z z.z. z z z.z.z.z=s=:=¿=ê=2 Iuflretê O 'Rio Uaupês ;¡z,z_ """""E;E;E;E;E;E5z5zz._ __; i5E5E5E5E5i;._'; '9/¿, êâ E 55255ɧi§i§É§i§Éz;¡:¡:¡:¡_¡ÍÊÊÊÊÉÍÉÊÉÊÉÊEÍEÍEÊÉÍÉÊÉÊfÍÉi§:§:f:§:§:§:§1§:§:§. Q ,az l J* _ cn iñmau E uâuon _ _ ^'É . _ BRASIL _ cøana Pacífico M BÚUVW O chefe do Estado Maior do CMA. A emboscada contra os sol dados do Exército brasileiro ocorreu nas proximidades da cachoeira Jatuarana, onde os soldados montaram acampa mento para fiscalizar o tráfe go de embarcações e evitar que garimpeiros brasileiros e colombianos voltassem ao ga rimpo dos indios. O Exército realizou há dois meses uma operação para retirar todos os garimpeiros instalados na área. Os garimpeiros colombia nos costumavam entrar em território brasileiro pelo Rio Caqueta, que desagua no Rio Traira. O trajeto entre Vila Bittencourt e o garimpo dos indios ê feito por meio de lan chas voadeiras em cerca de nove horas, no leito do Traira. O garimpo, que fica em área indígena demarcada, era co mandado pelos irmãos Carlos e Benedito Machado, que resi dem em Paricachoeira. Na área, o Exército construiu, com recursos do projeto de ocupação de áreas fronteiri ças batizado de Calha Norte, duas pistas de pouso uma em Paricachoeira e outra em Vila Bittencourt. As duas pis tas foram interditadas para aeronaves civis desde a morte dos soldados. A área do garimpo dos índios foi invadida há dois anos, logo depois de a minera dora Paranapanema que de tinha alvarás de pesquisa de ouro concedidos pelo Departa mento Nacional da Produção Mineral (DNPM) , ter cons tatado que o potencial de ex ploração do minério na área não compensava investimen tos. A Paranapanema teve, por duas vezes, que acionar empresas de segurança para retirar garimpeiros que inva diram a região, incentivados pelo empresário de garimpo José Altino Machado, presi dente da União dos Sindicatos e Associações de Garimpeiros da Amazônia Legal (Usagal). Farc atua há 40 anos na Colômbia As informações divulgadas pelo Comando Militar da Amazônia (CMA) e confirma das pelo ministro das Rela ções Exteriores, Francisco Rezek, de que soldados do Exército brasileiro foram mortos por guerrilheiros das Forças Armadas Revolucio nárias Colombianas (Farc) re velam algo inédito: nunca, an teriormente, o Exército brasi leiro, ou mesmo a Policia Fe deral, havia registrado a pre sença de grupos armados do Farc na área de fronteira en tre os dois paises. “O único grupo guerrilheiro colombia no que já haviamos identifica do e A ' áreas próximas foi o M lgifl revela um coronel da ativa; ligado ao CMA, se refe rindo ao Movimento 19 de abril. Em 1989, o M 19 depôs armas e se tornou partido po lítico para tentar chegar ao poder pelo voto, mas ainda são mantidos pequenos grupos ra icais na fronteira entre os dois aises. O lšlarc é hoje o mais antigo grupo guerrilheiro em ativi dade na América Latina. Suas ações terroristas come çaram em 1950, durante a úl tima guerra civil ocorrida na Colômbia (1948 1958). O grupo funciona como um braçoar mado de tendência marxis ta leninista do Partido Co munista, e tem suas princi pais bases nas regiões rurais do pais. Estima se que o Farc contém cerca de 4 mil inte grantes espalhados por 50 frentes em toda a Colômbia. Uma breve aliança com o narcotráfico, seqüestros e extorsões contra fazendeiros nas regiões onde atua leva ram o Farc á fama de grupo de guerrilha mais atuante no país, depois do M 19. A versão de que os três sol dados brasileiros do Pelotão de Fronteira Japurá, com se de em Vila Bittencort, te riam sido mortos por guerri lheiros do Farc é contestada por militares que trabalham na área da Cabeça do Cachor ro, no Estado do Amazonas. “O Farc atua em regiões de maior densidade populacio nal”, revelam. Segundo essas fontes, os soldados brasileiros teriam sido atacados por garimpei ros brasileiros e colombianos que atuavam no Rio Traira. Os atacantes teriam sido ex pulsos em operação desen volvida pelo CMA há dois me ses. “O Exército não vai ad mitir a versão de que foi ata cado por garímpeiros, algo inédito em toda a Amazô nia”, conta uma fonte gra duada do CMA, que prefere não se identificar. Os mais de 800 mil garimpeiros que atuam na Amazônia nunca enfrentaram, anteriormen te, tropas do Exército. “Ga rimpeiro não respeita Polí cia Federal, Policia Militar e nem Policia Civil”, diz uma liderança garimpeira da União dos Sindicatos e Asso ciações de Garimpeiros da Amazônia Legal (Usagal). “Mas sempre respeitou o Exército", conclui. _ DoM|Noo, 3 DE MARÇO DE 1991 N3CÍ0flã| ° E5T^D° DE 5- P^UL° -' 2' Exército envia soldadospara fronteira I í vl _ í Tropas procuram supostos guerrilheiros que mataram soldados próximo à fronteira com a Colômbia BRASÍLIA - O general de Exército Antenor Santa Cruz, chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), enviou 240 soldados para Tabatinga, na fronteira do Estado do Ama- zonas com a Colômbia, para iniciar uma operação de guer- ra contra supostos guerrilhei- ros das Forças Armadas Revo- lucionárias Colombianas (FARC). O grupo de guerri- lheiros teria matado em uma emboscada três soldados do Exército brasileiro que mon- tavam guarda no garimpo de ouro dos índios tucanos, no Rio Traira,-ao sul da cachoei- ra Jatuarana. No conflito, ou- tros nove, de um destacamen- to de 30 soldados brasileiros, ficaram feridos. Os corpos dos soldados bra- sileiros mortos durante o ata- que - Aldemir Lopesde Oli- veira, 19 anos; Sidmar Fonse- ca Moraes, 22 anos; e Sansão Ramos Gonçalves, 23 anos - foram sepultados ontem em Tabatinga. Dois dos nove sol- dados feridos estão hospitali- zados em estado grave. O ata- que ocorreu na hora do almo- ço, de surpresa, o que dificul- tou a reação dos soldados bra- sileiros. O primeiro a ser morto fazia sentinela no mo- mento da chegada dos guerri- lheiros, e recebeu o tiro á dis- tãncia por um dos atiradores do grupo. O Comando Militar da Ama- zônia tomou conhecimento do ataque na sexta-feira, quando chegaram á região os soldados encarregados de fazer a troca semanal da guarda. De terça a sexta-feira, 0 destacamento permaneceu incomunicável, pois os atacantes roubaram o equipamento de radiocomuni- cação, fuzis automáticos, mu- nições e alimentos. O ministro das Relações Ex- - \ eEstad0 "'-.- HUGOCARNEVALLAri teriores, Francisco Rezek, te- lefonou ontem para o chance- ler colombiano, Luiz Fernan- do Jaramillo, para informar que “limpará a fronteira, de forma a mantê-la segura e evi- tar novos incidentes”. Segun- do Rezek, o reforço do contin- gente militar na região foi de- cidido em conjunto com o go- verno da_Colômbia, que tam- bém enviará tropas á região em seu lado da fronteira. O ob- jetivo, de acordo com Rezek, é evitar novos incidentes, Os 240 soldados foram transportados em dois aviões Buffalo, de fa- bricação norte-americana, para reforçar as guarnições do 1° Batalhão Especial de Fron- teira (BEF), sediado em Taba- tinga, e do Pelotão de Fron- teira Japurá, instalado em Vi- la Bittencourt, também no Amazonas. A operação está sob o comando do general Thaumaturgo Sotero Vaz, _ _ . _ _ _._._.___..._:I._._._._._._._._._._._._._._._._._._._._ fiaiaêEiiiiaz;;azêgzzagêâââââzâz§z§ê§z§ê§ê§â:ê2êe====" ' Uflfümã 55;š;E;š;E=E=*=E=E=E=1==" O z-z.z. z-z-z.z.z.z=s=:=¿=ê=2 Iuflretê O 'Rio Uaupês ;¡z,z_ """""E;E;E;E;E;E5z5zz._ __; i5E5E5E5E5i;._'; '9/¿, êâ- E 55255ɧi§i§É§i§Éz;¡:¡:¡:¡_¡ÍÊÊÊÊÉÍÉÊÉÊÉÊEÍEÍEÊÉÍÉÊÉÊfÍÉi§:§:f:§:§:§:§1§:§:§. Q ,az l J* _ cn-iñmau E - uâuon _ _ ^'É -. _ BRASIL _ cøana Pacífico M BÚUVW O chefe do Estado-Maior do CMA. A emboscada contra os sol- dados do Exército brasileiro ocorreu nas proximidades da cachoeira Jatuarana, onde os soldados montaram acampa- mento para fiscalizar o tráfe- go de embarcações e evitar que garimpeiros brasileiros e colombianos voltassem ao ga- rimpo dos indios. O Exército realizou há dois meses uma operação para retirar todos os garimpeiros instalados na área. Os garimpeiros colombia- nos costumavam entrar em território brasileiro pelo Rio Caqueta, que desagua no Rio Traira. O trajeto entre Vila Bittencourt e o garimpo dos indios ê feito por meio de lan- chas voadeiras em cerca de nove horas, no leito do Traira. O garimpo, que fica em área indígena demarcada, era co- mandado pelos irmãos Carlos e Benedito Machado, que resi- dem em Paricachoeira. Na área, o Exército construiu, com recursos do projeto de ocupação de áreas fronteiri- ças batizado de Calha Norte, duas pistas de pouso - uma em Paricachoeira e outra em Vila Bittencourt. As duas pis- tas foram interditadas para aeronaves civis desde a morte dos soldados. A área do garimpo dos índios foi invadida há dois anos, logo depois de a minera- dora Paranapanema - que de- tinha alvarás de pesquisa de ouro concedidos pelo Departa- mento Nacional da Produção Mineral (DNPM) -, ter cons- tatado que o potencial de ex- ploração do minério na área não compensava investimen- tos. A Paranapanema teve, por duas vezes, que acionar empresas de segurança para retirar garimpeiros que inva- diram a região, incentivados pelo empresário de garimpo José Altino Machado, presi- dente da Uníão dos Sindicatos e Associações de Garimpeiros da Amazônia Legal (Usagal). Farc atua há 40 anos na Colômbia As informações divulgadas pelo Comando Militar da Amazônia (CMA) e confirma- das pelo ministro das Rela- ções Exteriores, Francisco Rezek, de que soldados do Exército brasileiro foram mortos por guerrilheiros das Forças Armadas Revolucio- nárias Colombianas (Farc) re- velam algo inédito: nunca, an- teriormente, o Exército brasi- leiro, ou mesmo a Policia Fe- deral, havia registrado a pre- sença de grupos armados do Farc na área de fronteira en- tre os dois paises. “O único grupo guerrilheiro colombia- no que já haviamos identifica- do e A ' áreas próximas foi o M--lgifl revela um coronel da ativa; ligado ao CMA, se refe- rindo ao Movimento 19 de abril. Em 1989, o M-19 depôs armas e se tornou partido po- lítico para tentar chegar ao poder pelo voto, mas ainda são mantidos pequenos grupos ra- icais na fronteira entre os dois aises. O lšlarc é hoje o mais antigo grupo guerrilheiro em ativi- dade na América Latina. Suas ações terroristas come- çaram em 1950, durante a úl- tima guerra civil ocorrída na Colômbia (1948-1958). O grupo funciona como um braçoar- mado de tendência marxis- ta-leninista do Partido Co- munista, e tem suas princi- pais bases nas regiões rurais do pais. Estima-se que o Farc contém cerca de 4 mil inte- grantes espalhados por 50 frentes em toda a Colômbia. Uma breve aliança com o narcotráfico, seqüestros e extorsões contra fazendeiros nas regiões onde atua leva- ram o Farc á fama de grupo de guerrilha mais atuante no país, depois do M-19. A versão de que os três sol- dados brasileiros do Pelotão de Fronteira Japurá, com se- de em Vila Bittencort, te- riam sido mortos por guerri- lheiros do Farc é contestada por militares que trabalham na área da Cabeça do Cachor- ro, no Estado do Amazonas. “O Farc atua em regiões de maior densidade populacio- nal”, revelam. Segundo essas fontes, os soldados brasileiros teriam sido atacados por garimpei- ros brasileiros e colombianos que atuavam no Rio Traira. Os atacantes teriam sido ex- pulsos em operação desen- volvida pelo CMA há dois me- ses. “O Exército não vai ad- mitir a versão de que foi ata- cado por garimpeiros, algo inédito em toda a Amazô- nia”, conta uma fonte gra- duada do CMA, que prefere não se identificar. Os mais de 800 mil garimpeiros que atuam na Amazônia nunca enfrentaram, anteriormen- te, tropas do Exército. “Ga- rimpeíro não respeita Polí- cia Federal, Policia Militar e nem Policia Civil”, diz uma liderança garimpeira da União dos Sindicatos e Asso- ciações de Garimpeiros da Amazônia Legal (Usagal). “Mas sempre respeitou o Exército", conclui. _ DoM|Noo, 3 DE M/uzço DE 1991 N3CÍ0flã| ° ESTADO DE 5- P^UL° _ 2' Exército envia soldados para fronteira Tropas procuram supostos guerrilheiros que mataram soldados próximo à fronteira com a Colômbia BRASÍLIA _ O general de Exército Antenor Santa Cruz, chefe do Comando Militar da Amazônia (CMA), enviou 240 soldados para Tabatinga, na fronteira do Estado do Ama- zonas com a Colômbia, para iniciar uma operação de guer- ra contra supostos guerrilhei- ros das Forças Armadas Revo- lucionárias Colombianas (FARC). O grupo de guerri- lheiros teria matado em uma emboscada três soldados do Exército brasileiro que mon- tavam guarda no garimpo de ouro dos indios tucanos, no Rio Traira,-ao sul da cachoei- ra Jatuarana. No conflito, ou- tros nove, de um destacamen- to de 30 soldados brasileiros, ficaram feridos. Os corpos dos soldados bra- sileiros mortos durante o ata- que - Aldemir Lopes de Oli- veira, 19 anos; Sidmar Fonse- ca Moraes, 22 anos; e Sansão Ramos Gonçalves, 23 anos - foram sepultados ontem em Tabatinga. Dois dos nove sol- dados feridos estão hospitali- zados em estado grave. O ata- que ocorreu na hora do almo- ço, de surpresa, o que dificul- tou a reação dos soldados bra- sileiros. O primeiro a ser morto fazia sentinela no mo- mento da chegada dos guerri- lheiros, e recebeu o tiro à. dis- tancia por um dos atiradores do grupo. O Comando Militar da Ama- zônia tomou conhecimento do ataque na sexta-feira, quando chegaram a região os soldados encarregados de fazer a troca semanal da guarda. De terça a sexta-feira, o destacamento permaneceu incomunicável, pois os atacantes roubaram o equipamento de radiocomuni- cação, fuzis automáticos, mu- nições e alimentos.O ministro das Relações Ex- - \ teriores, Francisco Rezek, te- lefonou ontem para o chance- ler colombiano, Luiz Fernan- do Jaramillo, para informar que "limpará a fronteira, de forma a mantë-la segura e evi- tar novos incidentes". Segun- do Rezelc, o reforço do contin- gente militar na região foi de- cidido em conjunto com o go- verno da_Colômbia, que tam- bém enviará. tropas á região em seu lado da fronteira. O ob- jetivo, de acordo com Rezek, é evitar novos incidentes. Os 240 soldados foram transportados em dois aviões Búffalo, de fa- bricação norte-americana, para reforçar as guarnições do 1° Batalhão Especial de Fron- teira (BEF), sediado em Taba- tinga, e do Pelotão de Fron- teira Japurá., instalado em Vi- la Bittencourt, também no Amazonas. A operação está sob o comando do general Thaumaturgo Sotero Vaz, -I-2-i-I-I-3 Ig!-I-I-I-I _ _`I-'‹~'-¢ -'-i- -Lz.~!‹zi\;._.-.-.¡.;.;.;.; _.;.; ,.;.;.;.;.;.¿;-.;.;¿;.;.;i;.; ,-1.-\;i'-.,.1z':!:1:1:=:f: : :I:-›:<:iz-:-1-ue,z1;:¿q:;1z:¿:,:¿.¿:1:¡:¡.¿:¡:¡:;:-:-›:>:¡$'-'-' AMAZONAS -----¿,;,¡,zzz-.,z,.,.... 0 'Ufi'°'° ° ' RIO Uwpés 4>à :5I5E¡E;E;=.;E;E;=;E5E:€z=:555:5;E:E'5:=:=:=-=-' z"";§;§;E;§;§;E;z¡.¡._z_z¡.;;;¿5;z;;;5_ Í .Vila Bittencourt à Rio -“pur __I"1‹I| = .,z B HRS I I. ÍOLÍVIÀ cum: Pnclhco L HUGOCARNEVALLAfløblndø chefe do Estado-Maior do CMA. A emboscada contra os sol- dados do Exército brasileiro ocorreu nas proximidades da cachoeira Jatuarana, onde os soldados montaram acampa- mento para fiscalizar o tráfe- go de embarcações e evitar que garimpeiros brasileiros e colombianos voltassem ao ga- rimpo dos indios. O Exército realizou há dois meses uma operação para retirar todos os garimpeiros instalados na área. Os garimpeiros colombia- nos costumavam entrar em território brasileiro pelo Rio Caqueta, que desagua no Rio Traira. O trajeto entre Vila Bittencourt e o garimpo dos indios é feito por meio de lan- chas voadeiras em cerca de nove horas, no leito do Traira. O garimpo. que fica em área indígena demarcada, era co- mandado pelos irmãos Carlos e Benedito Machado, que resi- dem em Paricachoeira. Na área, o Exército construiu, com recursos do projeto de ocupação de áreas fronteiri- ças batizado de Calha Norte, duas pistas de pouso - uma em Paricachoeira e outra em Vila Bittencourt. As duas pis- tas foram interditadas para aeronaves civis desde a morte dos soldados. A área do garimpo dos indios foi invadida há. dois anos, logo depois de a minera- dora Paranapanema - que de- tinha alvarás de pesquisa de ouro concedidos pelo Departa- mento Nacional da Produção Mineral (DNPM) -, ter cons- tatado que o potencial de ex- ploração do minério na área não compensava investimen- tos. A Paranapanema teve, por duas vezes, que acionar empresas de segurança para retirar garimpeiros que inva- diram a região, incentivados pelo empresário de garimpo José Altino Machado, presi- dente da União dos Sindicatos e Associações de Garimpeiros da Amazônia Legal (Usagal). ›-. F š 1 l g. E Farc atua há 40 anos na Colômbia As informações divulgadas pelo Comando Militar da Amazônia (CMA) e confirma- das pelo ministro das Rela- ções Exteriores, Francisco Rezek, de que soldados do Exército brasileiro foram mortos por guerrilheiros das Forças Armadas Revolucio- nárias Colombianas (Farc) re- velam algo inédito: nunca, an- teriormente, o Exército brasi- leiro, ou mesmo a Policia Fe- deral, havia registrado a pre- sença de grupos armados do Farc na área de fronteira en- tre os dois paises. “O único grupo guerrilheiro colombia- no que já haviamos identifica- do e ' áreas próximas foi 0 M-131, revela um coronel da ativafi ligado ao CMA, se refe- rindo ao Movimento 19 de abril. Em 1989, o M-19 depôs armas e se tornou partido po- litico para tentar chegar ao poder pelo voto, mas ainda são mantidos pequenos grupos ra- icais na fronteira entre os ãois aíses. O *Farc é hoje o mais antigo grupo guerrilheiro em ativi- dade na América Latina. Suas ações terroristas come- çaram em 1950, durante a úl- tima guerra civil ocorrida na Colômbia (1948-l958). O grupo funciona como um braçoar- mado de tendência marxis- ta-leninista do Partido Co- munista, e tem suas princi- pais bases nas regiões rurais do pais. Estima-se que o Farc contém cerca de 4 mil inte- grantes espalhados por 50 frentes em toda a Colômbia. Uma breve aliança com o narcotráfico, seqüestros e extorsões contra fazendeiros nas regiões onde atua leva- ram o Farc à. fama de grupo de guerrilha mais atuante no pais, depois do M-19. A versão de que os três sol- dados brasileiros do Pelotão de Fronteira Japurá, com se- de em Vila Bittencort, te- riam sido mortos por guerri- lheiros do Farc é contestada por militares que trabalham na área da Cabeça do Cachor- ro, no Estado do Amazonas. “O Farc atua em regiões de maior densidade populacio- nal", revelam. Segundo essas fontes, os soldados brasileiros teriam sido atacados por garimpei- ros brasileiros e colombianos que atuavam no Rio Traira. Os atacantes teriam sido ex- pulsos em operação desen- volvida pelo CMA há. dois me- ses. “O Exército não vai ad- mitir a versão de que foi ata- cado por garimpeiros, algo inédito em toda a Amazô- nia”, conta uma fonte gra- duada do CMA, que prefere não se identificar. Os mais de 300 mil garimpeiros que atuam na Amazônia nunca enfrentaram, anteriormen- te, tropas do Exército. “Ga- rimpeiro não respeita Poli- cia Federal, Policia Militar e nem Policia Civil", diz uma liderança garimpeira da União dos Sindicatos e Asso- ciações de Garimpeiros da Amazônia Legal (Usagal). “Mas sempre respeitou 0 Exército", conclui.