Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE CESUMAR - UNICESUMAR CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA ELUCIDANDO O PAPEL DOS MICRORNAS NAS DOENÇAS ATÓPICAS: REVISÃO SISTEMÁTICA RAFAEL BAUER DOVEINIS VITORIA SIMÕES DE MELLO MARINGÁ – PR 2020 Rafael Bauer Doveinis Vitoria Simões de Mello ELUCIDANDO O PAPEL DOS MICRORNAS NAS DOENÇAS ATÓPICAS: REVISÃO SISTEMÁTICA Artigo apresentado ao curso de graduação em Medicina da Universidade Cesumar – UNICESUMAR como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel(a) em Medicina, sob a orientação da Profa. Dra. Karin Juliane Pelizzaro Rocha-Brito. MARINGÁ – PR 2020 FOLHA DE APROVAÇÃO RAFAEL BAUER DOVEINIS VITORIA SIMÕES DE MELLO ELUCIDANDO O PAPEL DOS MICRORNAS NAS DOENÇAS ATÓPICAS: REVISÃO SISTEMÁTICA Artigo apresentado ao curso de graduação em Medicina da Universidade Cesumar – UNICESUMAR como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel(a) em Medicina, sob a orientação do Prof. Dra. Karin Juliane Pelizzaro Rocha-Brito. Aprovado em: ____ de _______ de _____. BANCA EXAMINADORA Prof. Dra. Karin Juliane Pelizzaro Rocha Brito Nome do professor – (Titulação, nome e Instituição) Profa. Clarissa Torresan Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição) __________________________________________ Nome do professor - (Titulação, nome e Instituição) ELUCIDANDO O PAPEL DOS MICRORNAS NAS DOENÇAS ATÓPICAS: REVISÃO SISTEMÁTICA Rafael Bauer Doveinis Vitoria Simões de Mello . RESUMO Doenças atópicas são patologias causadas por resposta de hipersensibilidade do tipo I, a qual envolve uma resposta inflamatória mediada por imunoglobulina E. MicroRNAs são pequenas moléculas de RNA não codificante a qual possuem diversas funções, entre elas a regulação da expressão de diversas citocinas inflamatórias, através da alteração na função e expressão de RNAm alvos. Neste trabalho foi realizada uma revisão sistemática de artigos da base de dados PubMed, com o objetivo de analisar se existe relação entre as doenças atópicas (asma, rinite alérgica e dermatite atópica) e alteração de regulação de miRNA. Após a revisão dos trabalhos, concluiu-se que, embora mais estudos sejam necessários para elucidar melhor o papel dos microRNAs nessas doenças, parece existir uma relação direta entre alteração de microRNA,a fisiopatologia das doenças atópicas e a alta taxa de concomitância entre as doenças. Palavras-chave: Asma; Rinite Alérgica; Dermatite Atópica, MicroRNAs. ELUCIDATING THE CONTRIBUTORY ROLE OF MICRORNA IN ATOPIC DISEASES: SYSTEMATIC REVIEW ABSTRACT Atopic diseases are pathologies caused by a type I hypersensitivity response, which involves an inflammatory response mediated by immunoglobulin E. MicroRNAs are small non-coding RNA molecules that have several functions, including the regulation of inflammatory cytokines expression, through the altered target mRNA function and expression. In this study, a systematic review of articles from the PubMed database was carried out, with the aim of analyzing whether there is a connection/relation between atopic diseases (asthma, allergic rhinitis and atopic dermatitis) and the alteration of microRNAs regulation. After reviewing the articles, it was concluded that, although more studies are needed to better elucidate the role of microRNAs in these diseases, there seems to be a direct relation between altered microRNAs, the pathophysiology of atopic diseases and the high rate of concomitance between these diseases . Keywords: Asthma; Rhinitis, Allergic; Dermatitis, Atopic; MicroRNAs. 1 INTRODUÇÃO Doenças atópicas são enfermidades oriundas de hipersensibilidade tipo I, causada por uma resposta imune exagerada mediada por imunoglobulina E (IgE). Por sua vez, reações de hipersensibilidade são definidas como uma resposta exacerbada ou inapropriada de uma resposta imune normal causando inflamação e lesão tecidual 1 . Dois tipos de resposta imune são responsáveis pela atuação do sistema imunológico, a inata e a adquirida. Na imunidade adquirida, a resposta mediada por linfócitos T auxiliares e citotóxicos caracterizam a resposta imune celular adaptativa. Quando ativados, os linfócitos T auxiliares podem se diferenciar em células efetoras, das quais se destacam o tipo 1 (Th1), responsáveis pela reação contra infecções bacterianas, virais e doenças autoimunes; e, os linfócitos tipo 2 (Th2), responsáveis pela reação contra infecções por helmintos e nas doenças alérgicas ou atópicas 2 . A resposta mediada por Th2, se caracteriza pela produção de citocinas IL-4, IL-5 e IL-13, as quais atraem eosinófilos e estimulam linfócitos B a produzirem imunoglobulinas IgE específicas para os antígenos. Essas imunoglobulinas se ligam e permanecem na superfície de mastócitos, basófilos e eosinófilos, graças à presença de receptores FCεRI. Assim, toda vez que o antígeno é reconhecido pela IgE, causa a degranulação daquelas células, promovendo a liberação de mediadores inflamatórios, como prostaglandinas, leucotrienos e histamina, além de mais citocinas (IL-4, IL-5, IL-13) 2 . Esse processo desencadeia uma cascata inflamatória que é causada novamente toda vez que o individuo entrar em contato com o antígeno, visto que nos mastócitos essa ligação perdura a presença do antígeno 1,2 . Segundo Justiz e colaboradores (2020) 3 , dentre as principais doenças atópicas destacam-se a asma, rinite alérgica, dermatite atópica e conjuntivite alérgica. A asma é uma das doenças crônicas não transmissíveis mais comum no mundo, afetando aproximadamente 334 milhões de pessoas 4 . Os fatores contribuintes à asma incluem fatores genéticos, hormonais e sexuais, além de outras condições concomitantes, como por exemplo, obesidade, tabagismo, exposição à poeira e outros alérgenos (ácaros, pólen, pelo de animais, irritantes químicos, mudança climática, estresse emocional, exercícios físicos vigorosos e até alguns medicamentos) 4,5 . Os sinais e sintomas são inespecíficos e incluem episódios limitados de sibilos principalmente expiratórios, aperto no peito, dispneia e tosse com ou sem expectoração esbranquiçada 4,5 . Os sintomas da asma estão relacionados à obstrução reversível da via aérea, broncoespasmo, hipersecreção de muco e mau volume 5 expiratório previsto em um segundo 5 . De acordo com Brightling e colaboradores (2002) 6 ocorrem na asma múltiplas alterações celulares, que culminam com a remodelação das vias aéreas, com fibrose dos tecidos subepiteliais, lesão e disfunção ciliar, neovascularização, aumento da espessura da lâmina reticular e da membrana basal, além de hiperplasia das células caliciformes e das células musculares lisas. A rinite alérgica, por sua vez, é definida como uma inflamação da mucosa nasal, atingindo aproximadamente 10% a 20% da população mundial 7 . Cerca de 80% dos pacientes que manifestam os sintomas têm menos de 20 anos 7,8 . De acordo com Greiner e colegas (2011) 8 , os principais sintomas da rinite alérgica são prurido nasal, congestão nasal, rinorreia e espirros. O paciente pode ainda apresentar conjuntivite alérgica, com olhos lacrimejantes e com prurido, resultantes da própria fisiopatologia da rinite alérgica, aumento do fluxo sanguíneo com ingurgitamento venoso na região causando edema e fácies alérgicas (respiração bucal principalmente em crianças). Essas manifestações clínicas podem variar muito dependendo da idade de apresentação e da suscetibilidade genética. Estudos indicam que a expressão aumentada de uma citocina chamada linfopoietina estromal tímica, no epitélio das vias aéreas, parece modular a ativação de linfócitos T pelas células dendríticaslocalizadas na superfície da mucosa nasal induzindo a promoção da resposta Th2 alérgica 9,10,11 . A dermatite atópica, diferentemente das duas anteriores, é uma doença inflamatória crônica da pele. É um distúrbio que acomete principalmente crianças, sendo que nas últimas décadas sua frequência tem aumentado, seja pelas alterações climáticas, seja pela mudança nos hábitos de vida da população 12 . De acordo com o ISAAC (International Study os Asthma and Allergies em Childhood) 13 a prevalência da dermatite atópica nas crianças brasileiras é parecida com o resto do mundo, acometendo aproximadamente 10 a 15% das crianças. As principais causas ainda permanecem desconhecidas, porém sabe-se que múltiplos fatores contribuem para o desenvolvimento da doença, dentre eles a interação entre disfunção da barreira epidérmica (relacionada com mutações nos genes FLG - filagrina), desregulação imunológica (relacionada com o desequilíbrio entre resposta Th1/Th2), e o meio ambiente. 12 Assim, tomando como base que as doenças atópicas envolvem uma desregulação das vias Th1/Th2, com indução excessiva da resposta Th2, levando a uma hipersecreção de citocinas inflamatórias, responsáveis pela resposta inflamatória alérgica e pelas alterações celulares nos tecidos 2,3 , faz-se necessário compreender as causas dessa desregulação. Diversas citocinas inflamatórias associadas a alterações histológicas e moleculares na 6 inflamação das doenças atópicas possuem expressão regulada por microRNAs, desta forma estas moléculas podem estar envolvidas na fisiopatologia das doenças atópicas. Os microRNAs (miRNAs) são pequenas moléculas de RNA não codificante contendo de 21 a 23 nucleotídeos, com a capacidade de regular diversas funções como diferenciação celular, proliferação, apoptose, resposta imunológica, resposta inflamatória e resposta ao estresse através da alteração na função e expressão de RNAm alvos 14,15,16,17 . Sua ação se dá através do miRISC (Complexo de silenciamento induzido por miRNA), formado pela união do miRNA maduro citosólico e proteínas da família dos argonautas, o qual inibe a tradução através de: clivagem do RNAm alvo, relocalização ao corpo P, degradação do RNA alvo e inibição da iniciação ou elongação. O miRISC tem ação específica para determinados RNAm devido ao pareamento incompleto de bases do miRNA com o 3’UTR (região não traduzida do mRNA alvo). De acordo com Lu e colaboradores (2013) 18 alguns miRNA específicos já demonstraram ter uma importância na regulação dos principais mecanismos da inflamação alérgica, como polarização da resposta imune Th2 e ativação de células T (miR-21 e miR-146), regulação de eosinófilos (miR-21 e miR-223) e modulação de IL-13 em respostas do epitélio (miR-375). Dada a importância dos miRNA nos processos inflamatórios é indicado que se estude a relação destes com a inflamação nas doenças atópicas. Neste estudo foi realizada uma revisão sistemática com a finalidade de identificar os miRNAs alterados e elucidar o papel dos miRNAs nas doenças atópicas (asma, rinite alérgica, conjuntivite alérgica e dermatite atópica). 2 METODOLOGIA Esta revisão sistemática foi conduzida de acordo com os Principais Itens para Relatar Revisões sistemáticas e Meta-análises (PRISMA) 19 , que visa à padronização da divulgação de revisões sistemáticas e meta-análises. 2.1. ESTRATÉGIA DE PESQUISA: O levantamento bibliográfico do presente estudo foi realizado na base de dados PubMed. Os termos utilizados para busca de artigos obedeceram ao padrão de descritores MeSH (Medical Subject Headings) da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), utilizando-se as seguintes chaves de busca: “Asthma”, “Allergic Rhinitis”, “Atopic Dermatitis” e “Allergic Conjunctivitis” AND “MicroRNAs” [MeSH] juntamente com seus qualificadores permitidos, sendo estes, “analysis”, “anatomy and histology”, “blood”, “congenital”, “diagnosis”, 7 “embryology”, “enzymology”, “epidemiology”, “ethnology”, “etiology”, “genetics”, “history”, “immunology”, “metabolism”, “microbiology”, “pathology”, “physiology”, “phisiopathology”,” statistics and numerical data” [MeSH]. 2.2. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO: O determinante na seleção dos artigos para essa revisão foram estudos que objetivaram avaliar alteração de miRNA nas doenças atópicas realizados por estudos experimentais com humanos. Para isso, combinado aos descritores foram aplicados os filtros de busca: (I) língua inglês, espanhol e/ou português, (II) estudos experimentais, (III) experimentos realizados em humanos e (IV) artigos científicos apenas “Full Text”. Os critérios de exclusão foram: (I) títulos os quais não tivessem relação com o estudo em questão, (II) artigos de revisão, cartas ao editor, manuscritos, notícias e editoriais, (III) experimentos realizados apenas em animais, (IV) inconsistência de dados e (V) inadequação da nomenclatura ou discordância dos miRNAs descritos no banco de dados miRbase (http://www.mirbase.org/). 2.3. COLETA DE DADOS: A busca e a seleção dos artigos foram realizadas por dois pesquisadores simultaneamente (R.B.D. e V.S.M), de forma independente e cega, posteriormente, verificadas por uma terceira pesquisadora/orientadora (K.J.P.R.B), a fim de evitar divergências. Os títulos e resumos dos artigos foram lidos e de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, os artigos foram selecionados para leitura de textos completos. A seguir, os dados destes textos completos foram tabulados: qual o miRNA alterado (super ou subexpresso), tipo celular/amostra usado no estudo, estudo experimental confirmando a função e/ou alteração do miRNA nas doenças atópicas, comparação de miRNA alterado entre as doenças, função de cada miRNA dentro das doenças destacado nos artigos, autor e ano de publicação. 3 RESULTADOS A pesquisa inicial na base de dados PubMed identificou 745 artigos. Após a utilização da metodologia “MeSH”, 493 referências foram excluídas, restando 252 trabalhos para verificação do tipo de estudo. Após a exclusão de 86 estudos os quais eram revisões, manuscritos, cartas ao editor, notícias e editoriais, 166 artigos foram selecionados para leitura da metodologia. 28 referências foram excluídas de acordo com os critérios definidos, dentre 8 eles todos os artigos referentes a conjuntivite alérgica, motivo que nos levou a abandonar a inclusão dessa doença na discussão conseguinte do nosso trabalho. Dessa forma, 138 trabalhos foram considerados elegíveis para leitura na íntegra, sendo que 59 foram excluídos por não se tratarem de estudos conclusivos. Os 79 artigos restantes foram selecionados para verificação do miRNA na base de dados, tendo 18 estudos excluídos pela falta de dados claros relacionados a nomenclatura e existência do miRNA. Portanto, ao final, 61 artigos foram selecionados para compor essa revisão (Fluxograma 1). 9 Fluxograma 1. Fluxograma de seleção dos estudos que compõem essa revisão. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do estudo. 10 Dentre os trabalhos selecionados para esta revisão pode-se destacar do ponto de vista metodológico que: 1) os estudos avaliaram as expressões dos miRNAs por microarray e/ou PCR-RT; 2) os estudos compararam as expressões entre indivíduos portadores da doença e indivíduos controle, e indivíduos portadores da doença e pacientes com exacerbações. Para fins de análise decidiu-se apresentar a expressão diferencial dos miRNAs em cada doença atópica e na sequência descrever o papel dos miRNAs alterados em mais de uma condição. 3.1. EXPRESSÃO DIFERENCIAL DOS MIRNA NAS DOENÇAS ATÓPICAS 3.1.1. Asma Quando se trata de asma, 44 estudos foram encontrados, sendo evidente na literatura estudos direcionados à análise de amostras obtidas do epitélio brônquico, de escarro ou lavado broncoalveolar, células de defesa, sangue e musculatura lisa dasvias aéreas. De acordo com nosso levantamento, verificou-se que no epitélio brônquico, os miRNAs miR-155 20 , miR-21-5p 21 , miR-146a 22 , miR-221 23 , miR-572-3p, miR-342-3p, miR- 495-3p, miR-543, miR-99b-5p, miR-197-3p, miR-423-5p, miR-320c, miR-625-3p 24 e miR- 19a 25 encontram-se superexpressos, enquanto que os miRNAs miR-744 26 , miR-221-3p 27 , miR-96-5p, miR-22-5p, let-7i-5p, miR-27b-3p, miR-192-5p, miR-148a-3p, miR-582-3p, miR- 17-5p 24 , miR-181b-5p, miR-181a-5p 28 , miR-155, miR-18a, miR-27a, miR-128, miR-106a, miR-19b 29 e let-7a 30 , encontram-se subexpressos nessa doença (Quadro 1). Um dado curioso foi com relação ao miR-155 que no estudo de Kuo e colaboradores (2013) 20 se revelou superexpresso, porém subexpresso na análise feita por Martinez-Nunes e colaboradores (2014). 29 Já nos estudos realizados com escarro, percebe-se que os miRNAs superexpressos foram os miRNAs miR-943-3p 31 , miR-223-3p, miR-142-3p, miR-629-3p 32 , miR-199a-5p 33 , miR-145 e miR-338 34 e os subexpressos foram os miR-125b 35 e o miR-155 36 (Quadro 1). Foram evidenciadas também alterações em células de defesa das vias aéreas, principalmente linfócitos e macrófagos, na qual se percebeu que os miR-19a 37 , miR-150, miR-152 e miR-375 38 estão superexpressos e os miRNAs miR-200b e o miR-200c 39 estão subexpressos (Quadro 1). Além disso, células da musculatura lisa de vias aéreas também demonstraram apresentar valores anormais de alguns miRNAs. Dentre os superexpressos, estão o let-7f 40 , miR-21 41 , miR-146a, miR-146b 42 , miR-221 e o miR-222 43 , e dentre os subexpressos temos o miR-133a, miR-133b 44 , miR-139-5p 45 , miR-19a 46 , miR-143-3p 47 e miR-138 48 (Quadro 1). 11 Com relação aos estudos que descrevem a expressão a partir do sangue, percebe-se que existem muitos miRNAs diferentemente expressos. Os miRNAs que estão superexpressos são os miR-155 49,50 , miR-21 51,52 , miR-146a 52 , miR-221 53 , miR-98 54 , miR-145 34,55 , miR-199a- 5p 33 e miR-338 34 e os microRNAs que estão subexpressos são os let-7a 49 , miR-216a-5p 56 miR-1 57 , miR-16-5p, miR-30d-5p 58 , miR-22-3p, miR-513a-5p, miR-625-5p 59 , miR-29c 60 , miR-146a, miR-146b, miR-18a-5p, miR-28a-5p 61 , miR-192 62 , miR-34, miR-449 63 e miR- 155 36 (Quadro 1). Observa-se, portanto, que neste tipo de amostra também existe uma inconsistência para os miR-155 e -146a que a depender do estudo se mostraram super ou subexpresso. Quadro 1. miRNAs alterados na asma segundo o tecido estudado. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do estudo. 3.1.2. Rinite alérgica Nos 13 estudos que avaliaram a expressão dos miRNAs na rinite alérgica duas amostras foram consideradas, epitélio nasal e sangue. Após seleção dos artigos verificamos que nos estudos realizados com epitélio nasal de pacientes com rinite alérgica, os miRNAs miR-21 64 , miR-202-5p 65 , miR-210-5p, miR-3178, miR-585-3p, miR-3146, miR-320 66 , miR-155, miR-205 e miR-49 67 estão superexpressos em relação ao grupo controle. Já os subexpressos são os miR-15a-5p 68 , miR-32-3p, miR-1299, miR-3196, miR-3924, miR-548e-3p, miR-3184, miR-375, miR-23a-5p, miR-377-5p, miR- 574-5p, miR-3149, miR-500a-5p, miR-125b-2-3p, miR-1914-5p, miR-532-3p, miR-612, miR-1298-5p, miR-1226-3p, miR-668-3p 66 , miR-124 69 , miR-146a 70 , miR-143 71 e let-7e 67 (Quadro 2). No sangue foi encontrado que os miRNAs miR-19a 72 , miR-150-5p 73 e miR-202-5p 74 estão superexpressos, enquanto que os miRNAs miR-181a 75,76 , e miR-155 75,76 estão subexpressos (Quadro 2). 12 Quadro 2. miRNAs alterados na rinite alérgica segundo o tecido estudado. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do estudo. 3.1.3. Dermatite atópica Para a dermatite atópica, os 4 estudos selecionados verificaram alterações de miRNAs em queratinócitos e no sangue. Estudos com queratinócitos revelaram que os miRNAs miR-146a, miR-10b, miR-10a, miR-216a, miR-921-1, miR-454 e miR-29b-1 77 estão superexpressos e os microRNAs miR- 124 78 , miR-99a, miR-34a, miR-34c-5p, miR-30a 77 e miR-143 79 estão subexpressos (Quadro 3). Os experimentos realizados com sangue revelaram que o miR-146a 80 encontra-se superexpresso na dermatite atópica (Quadro 3). Quadro 3. miRNAs alterados na dermatite atópica segundo o tecido estudado. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do estudo. 3.2. ELUCIDAÇÃO DO PAPEL DOS miRNAs ALTERADOS NAS DOENÇAS ATÓPICAS Diante dos dados apresentados anteriormente, foi possível identificar o perfil de miRNAs descritos até o momento na literatura como alterados nas doenças atópicas. Esse estudo se embasou não apenas na apresentação das vias relacionadas à fisiopatogenia crônica das doenças atópicas, como também, em alguns mecanismos de exacerbação aguda das doenças ao contato com alérgenos. De modo interessante, foi possível identificar sobreposição de miRNAs entre as doenças atópicas (Figura 1), sendo que parte dos estudos buscaram compreender o papel do miRNA no processo patogênico. Assim, após a leitura dos estudos os quais discorriam sobre alterações na asma, na rinite alérgica e na dermatite atópica, os 13 miRNAs que se mostravam alterados em mais de uma doença foram melhores descritos abaixo a fim de elucidar os seus papéis para as doenças atópicas. Figura 1. Diagrama de Venn representando os miRNAs abordados em vários estudos. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do estudo. 3.2.1. hsa-miR-143 Segundo esse estudo, o miRNA-143 se apresenta subexpresso no epitélio nasal de pacientes com rinite alérgica, nos queratinócitos retirados de pele lesionada na dermatite atópica e na musculatura lisa de vias aéreas de pacientes com asma. O miR-143 foi encontrado subexpresso na rinite alérgica 71 . De acordo com Teng e colegas (2015) 71 , o miR-143 possui a capacidade de inibir a ação da interleucina-13 (IL-13), presente na resposta Th2, por interferir na expressão do receptor IL13Rα1 (Interleukin 13 receptores, alpha 1) relacionado a produção de muco e liberação de mediadores inflamatórios pelas células epiteliais das vias aéreas. Vale ainda lembrar que esta citocina também exerce 14 um papel importante, na fibrose subepitelial, no recrutamento de eosinófilos, na hipertrofia do músculo liso e na metaplasia de células da mucosa 71. Da mesma forma, Zeng e colaboradores (2016) 79 discorrem que o miR-143 se encontra subexpresso na dermatite atópica. Esse estudo também relata que esse miRNA suprime a atividade da IL-13 por meio da inibição do IL13Rα1 em queratinócitos epidérmicos humanos normais (NHEKs). Nos queratinócitos a IL-13 especificamente causa uma desregulação nas proteínas relacionadas à barreira epidérmica, dentre elas a filagrina (FLG), a loricrina (LOR) e a involucrina (IVL). Essas proteínas quando expressas de forma regulada, promovem a homeostase da barreira da pele, diminuindo a chance de desenvolvimento da dermatite atópica. Conforme apresentado na introdução, é sugerido que mutações de perda de função de proteínas epidérmicas, como a filagrina, sejam um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da dermatite atópica. Ainda assim, a depender do tecido, o mir-143 pode desempenhar funções distintas. De acordo com Cheng e colaboradores (2016) 47 , o miR-143-3p se encontra subexpresso na musculatura lisa de vias aéreas de pacientes com asma. Esse miRNA controla a proliferação celular, a produção e deposição de matriz extracelular no músculo liso das vias aéreas induzidas por TGF- β1 através da regulação negativa de seu alvo direto, o fator nuclear de células T1 ativadas (NFATc1). O NFATc1 é capaz de aumentar a expressão de ciclinas, especialmente a ciclina D1 em células musculares lisa, mediando a migração e proliferação dessas células. Além disso, o NFATc1 também é responsável pela produção edeposição de proteínas da matriz extracelular no musculo liso das vias aéreas. O miR-143-3p possui uma função protetora contra a proliferação de células e remodelação das vias aéreas (um dos mecanismos patológicos da asma), e suprime a deposição de proteínas de matriz extracelular nas células musculares lisas das vias aéreas, através da regulação negativa da sinalização de NFATc1. Desta forma, se o miR-143-3p estiver subexpresso, ocorre sinalização positiva de NFATc1 relacionado com o desenvolvimento da doença. Desta forma, como o miR-143 possui função inibitória sobre o receptor IL13Rα1 e sobre o NFATc1, e encontra-se subexpresso tanto na rinite alérgica quanto na dermatite atópica e na asma, pode-se sugerir que parte da patogênese das três doenças envolva a perda deste miRNA. 15 3.2.2. hsa-miR-181a-5p Nossa pesquisa também identificou o miRNA-181a-5p como subexpresso no epitélio brônquico de pacientes com asma, em células mononucleares e no sangue periférico de paciente com rinite alérgica. De acordo com o estudo de Huo e colaboradores (2016) 28 , o miR-181a-5p se encontra subexpresso em pacientes com asma. O estudo afirma que essa subexpressão está associada à inflamação eosinofílica nas vias aéreas (característica central da asma), uma vez que o miR- 181a-5p pode regular a expressão de citocinas pró-inflamatórias em células epiteliais brônquicas humanas por meio de sua atuação sobre a SPP1 (Secreted Phosphoprotein 1), uma proteína multifuncional da matriz extracelular. As células epiteliais das vias aéreas promovem eosinofilia destas através da produção de citocinas pró-inflamatórias como a IL-1b, um mediador da resposta inflamatória desempenhando um papel importante na inflamação pulmonar alérgica e a CCL11 (C-C Motif Chemokine Ligand 11), também chamada de eotaxina-1, a qual leva a um recrutamento de eosinófilos nas doenças alérgicas como a asma. Segundo o estudo, a SPP1 regula a expressão e produção de duas citocinas pró-inflamatórias, IL-1b e CCL11 (eotaxina-1), exercendo um papel importante na inflamação alérgica das vias aéreas na asma. Como a SPP1 é um alvo do miR-181a-5p, quando esse miRNA está subexpresso, ele não consegue fazer a modulação da SPP1, logo teremos um processo inflamatório eosinofílico, podendo levar ao desenvolvimento da asma. No estudo de Liu e colaboradores (2019) 75 , o miR-181a se encontra subexpresso em células mononucleares purificadas do sangue periférico de pacientes com rinite alérgica. Neste estudo foi demonstrado que a diminuição desse miRNA está relacionado a uma redução no número e na função de Treg. As células Treg possuem função de prevenir o desenvolvimento de várias doenças inflamatórias através da secreção de citocinas anti- inflamatórias, como IL-10 e TGF-β. TGF-β é essencial tanto para a diferenciação de Tregs, através da indução da expressão de Foxp3 (forkhead box P3), quanto para a promoção das funções das células Treg pela ativação da via de sinalização SMAD5. O estudo discute que pacientes com rinite alérgica podem ter algum defeito alérgeno-específico das células Treg, com consequente diminuição da produção de TGF-β e IL-10, levando ao desenvolvimento da inflamação. Embora o trabalho sugere uma relação entre o miR-181a e as células Treg, através da correlação negativa com os níveis de IL-10 e TGF-β, o mecanismo exato de como esse miRNA regula a proliferação e função de Treg não está bem esclarecido. 16 Além disso, Liu e colegas (2016) 76 , afirmam que o miR-181a também se encontra subexpresso no soro purificado do sangue de pacientes com rinite alérgica. O estudo supõe que esse miRNA atue sobre a osteopontina (OPN) para modular a expressão de citocinas pró e anti-inflamatórias. A osteopontina é uma proteína multifuncional de matriz extracelular expressa em variados tipos celulares, como células epiteliais brônquicas, células das vias aéreas e do músculo liso vascular, miofibroblastos e células inflamatórias como linfócitos T e mastócitos, e atua nas doenças alérgicas funcionando como um modulador imunológico, regulando a resposta mediada por IgE. O estudo demonstrou uma correlação positiva entre OPN e citocinas da via Th2 (IL-4 e IL-5) e negativa com citocinas da via Th1 (IL-12 e IFN- 𝛾). Ao contrário, o miR-181a foi negativamente relacionado com IL-4 e IL-5 e positivamente relacionado com IL-12 e IFN-𝛾. Foi estudado também que existe uma regulação negativa entre miR-181a e OPN, sugerindo que com a diminuição de miR-181a ocorra também uma diminuição da via Th1 e o aumento de OPN leve uma ativação da via Th2, promovendo a inflamação presente na rinite alérgica. Entretanto, o mecanismo exato desta relação entre miR-181a e OPA ainda não está bem elucidado. Assim, pode-se sugerir que o miRNA-181-5p possui um papel na patogênese das doenças atópicas pela regulação de genes e citocinas da resposta inflamatória. 3.2.3. hsa-miR-21 O miR-21 foi encontrado superexpresso tanto na asma quanto na rinite alérgica. No caso da asma, 2 estudos descreveram essa superexpressão no plasma periférico 51,52 enquanto um terceiro avaliou células da musculatura lisa de via aérea 41 . Em relação à rinite alérgica um estudo avaliou a expressão em células do epitélio nasal 64 . O miR-21 tem um papel pró-inflamatório através da regulação negativa da IL-12. A IL-12 é uma citocina que induz a produção de interferon gama (IFN-γ), é capaz de suprimir a produção de IgE e favorece a diferenciação de células Th1. Com essa regulação negativa de IL-12 pelo miR-21, ocorre um desbalanço Th1/Th2, favorecendo a resposta Th2. Este mecanismo foi descrito nos dois estudos que avaliaram miR-21 no plasma periférico 51,52 . Desta forma, o miR-21 estando superexpresso, estimula a via Th2 a produzir e secretar IL-13, uma das principais citocinas inflamatórias encontradas nas doenças atópicas e estimula a inflamação eosinofílica, favorecendo a patogênese da asma. Por outro lado, nas células musculares lisas, o mecanismo descrito a partir da superexpressão de miR-21 foi relacionado a via PI3K. No estudo de Liu e colaboradores (2015) 41 foi demonstrado que a superexpressão de miR-21 reduz a expressão de PTEN 17 (Phosphatase and tensin homolog), proteína fosfatase que modula negativamente a via PI3K/AKT (phosphatidylinositol 3' kinase), com isso ocorre um aumento significativo de proliferação e migração de células HASM (células musculares lisas de vias aéreas humanas). A asma, como já dito anteriormente, é caracterizada pela remodelação das vias aéreas, a qual geralmente é acompanhada por essa migração e proliferação de células HASM. Portanto, o miR-21 consegue mediar esse mecanismo através da ativação da via PI3K/ AKT. Esse estudo conclui, portanto, que o miR-21 superexpresso gera uma diminuição no PTEN e isso causa um aumento da via PI3K/AKT, levando a migração e proliferação de HASM, um dos mecanismos patológicos no desenvolvimento da asma. Além disso, esse miRNA foi descrito por mediar a transição epitélio-mesenquimal (EMT) em células epiteliais nasais humanas primárias (PHNECs) através da mesma via PTEN/PI3K/AKT, em resposta à TGF-β1 64 . O TGF-β1 é um peptídeo multifuncional já conhecido de EMT induzindo e regulando a transição de células epiteliais para miofibroblastos, contribuindo assim para a remodelação do tecido da via aérea e a patogênese da rinite alérgica. O estudo demonstra que o miR-21 estando superexpresso, causa ativação de TGF-β1, resultando na diminuição de PTEN, com aumento de fosforilação de AKT e transição de EMT em PHNECs, levando a patogênese da rinosinusite alérgica. Desta forma, é possível sugerir que o miR-21 superexpresso, além de estimular a secreção de citocinas inflamatórias relacionadas ao desbalanço Th1/Th2, causa uma diminuição de PTEN com consequente aumento da via AKT, causando alterações celulares envolvidasnos mecanismos patológicos dessas doenças. 3.2.4. hsa-mir-124: Segundo esse estudo, o miRNA-124 se apresenta subexpresso tanto na rinite quanto na dermatite atópica. Na rinite alérgica Liu e colaboradores (2018) 69 , indicam que o miR-124 está inibido no epitélio nasal e que esse miRNA tem a capacidade de regular negativamente a expressão da proteína AHR (aryl hydrocarbon receptor) e de citocinas inflamatórias em situações de exacerbação pela presença do antígeno. A inibição do AHR está correlacionada com a diminuição dos níveis de TNF-α e de outras citocinas inflamatórias, essas que atuam na fisiopatogenia da doença como fatores reguladores de várias vias inflamatórias e até mesmo da regulação da expressão do próprio miR-124 em forma de loop feedback. O AHR é um fator de transcrição induzível por ligante e importante componente da resposta alérgica do corpo em relação a estímulos ambientais, sabe-se que o AHR tem um forte efeito anti-inflamatório 18 pois consegue promover a ação de células Treg a expressar IL-10, afeta também, a secreção de IL-17 e IL-22 por células TH17 e induz tolerância fenotípica das células dendríticas. Os autores apesar de não demonstrarem os mecanismos envolvidos na regulação das vias devido a limitações do estudo, concluem que a diminuição na expressão do miR-124 na rinite alérgica pode levar a um aumento de AHR na doença. Desse modo, entendesse que ocorrerá o aumento de IL-10 que consequentemente induz inibição da diferenciação de Th1 induzida por Il-12. Na dermatite atópica Yang e colaboradores (2017) 78 , apontam a diminuição desse miRNA nos queratinócitos lesados e que sua função na inflamação da pele lesionada é através da inibição da proteína p65, um membro da família das proteínas NF-κB (nuclear factor kappa-light-chain-enhancer of activated B cells), que tem a capacidade de regular vários fatores relacionados a resposta imune e pró-inflamatória, como TNF-α, INF- γ e os genes que eles induzem (IL-8, CCL5 e CCL8). Portanto, com diminuição na concentração do miR-124 na pele lesada ocorre aumento de p65, IL-8, CCL5 e CCL8 levando um aumento da duração e gravidade da inflamação através da potencialização de toda vida do NF-κB. Essa regulação é feita pela ligação direta do miRNA na região 3’UTR do mRNA de p65, inibindo, portanto, a expressão dessa proteína. A fisiopatogenia então se resume com a diminuição da expressão de miR-124 na lesão atópica que consequentemente gera um aumento da p65, e consequentemente da via NF-κB, e seus fatores pró-inflamatórios derivados (TNF-α, INF- γ, IL-8, CCL5 e CCL8). 3.2.5. hsa-mir-155: Nossos resultados apontam expressões distintas do miR-155 de acordo com o tecido estudado, dois estudos mostram esse miRNA subexpresso na asma, sendo um baseado na análise de escarro que foi purificado e deixado livre de células e o outro feito sobre células do epitélio brônquico obtido via broncoscopia. Outros dois trazem ele também subexpresso na rinite alérgica. Além disso, 1 estudo o traz superexpresso na asma, neste caso relacionado ao plasma. A superexpressão do miR-155 no plasma de crianças mostra relação a direta do aumento da expressão desse miRNA e a severidade do quadro asmático 49 . Os níveis de miR- 155 tiveram uma correlação positiva com os níveis de IL-13 e negativa com o FEV1 (volume expiratório forçado em 1 segundo) e CVF (capacidade vital forçada) dos pacientes do estudo. Devido a essa associação com citocinas inflamatórias e testes de função pulmonar o miR-155 19 tem capacidade de ser usado como marcador de prognóstico e preditor da severidade da asma (Figura 2). Por outro lado, segundo Malmhäll e colaboradores (2017) 36 , o miR-155 está subexpresso no escarro de pacientes asmáticos e esse miRNA está diretamente envolvido com a resposta linfocitária a alérgenos, produção de mediadores inflamatórios e resposta monocitária. A desregulação da função linfocitária, em especial alterações nas vias relacionadas ao TCR nas vias aéreas de pacientes asmáticos, parece estar diretamente relacionada com essa subexpressão do miR-155. O estudo mostrou também que a estimulação aguda de células mononucleares periféricas por alérgenos levava a uma superexpressão mínima, se comparada aos níveis elevados desse miRNA em pacientes saudáveis, desse miRNA, demonstrando um efeito mais ligado a inflamação alérgica aguda, mediada por Th1. A IL-4 foi a única citocina que apresentou aumento significativo nos pacientes asmáticos e a sua superprodução é associada às alergias por induzir a mudança da classe de células B para produção de IgE. Martinez-Nunez e colegas (2014) 29 , apresentam que o miR-155 também exerce uma função na rede de miRNAs que são encontrados alterados no epitélio brônquico de pacientes asmáticos, entre eles temos os miR-18a, miR-27a, miR-128 e o próprio miR-155. A inibição dessa rede de miRNAs levou a um aumento significativo da expressão de IL-8 e IL-6 (Figura 2). Curiosamente, apesar das fortes previsões in silico, a regulação negativa dessa rede de miRNAs não teve um efeito nas vias do TNF-β e nas vias do interferon. É sugerido que os miRNAs podem ter papéis diferentes na fisiopatologia e desenvolvimento da doença dependendo da presença de outros miRNAs com expressões alteradas visto que, quando avaliadas as alterações ocorridas nos pathways celulares, a alteração individual dos miRNAs não demostra resultados tão expressivos como quando toda uma rede de miRNAs é alterada. Essas alterações se baseiam na combinação de diferentes alvos gênicos que esses miRNAs, em conjunto, conseguem abordar, sendo seus principais alvos, aqueles relacionados a resposta inflamatória como NFATs (Nuclear factor of activated T-cells), NF-κB, CEBPB (CCAAT Enhancer Binding Protein Beta), CEBPA (CCAAT Enhancer Binding Protein Alfa), RELA (p65), MAPK (Mitogen Activated Protein Kinases) e SMAD2 (Mothers against decapentaplegic homolog 2), Liu e colaboradores (2019) 75 , exprimem que na rinite alérgica devido a subexpressão desse miRNA no interior de células Tregs filtradas do plasma concomitante a uma diminuição da concentração das próprias células Tregs e da expressão de IL-10 e TGF-β pode-se estabelecer uma relação direta entre esse miRNA e essa doença. O estudo afirma ser 20 conhecido da imunologia o papel das células Treg no desenvolvimento de várias doenças inflamatórias através de mecanismos de autotolerância, estimulação direta de outras células imunes e secreção de citocinas anti-inflamatórias como IL-10 e TGF-β. O TGF-β também é importante para a diferenciação das células Treg através da indução da expressão de FOXP3 (forkhead box P3) e para ativação das células Tregs pela via de sinalização SMAD5. Alem disso, existe uma correlação negativa entre a o miR-155 derivado de células Treg com o escore TNSS (Total Nasal Severity Scores) em pacientes com rinite alérgica infantil. Figura 2. Principais alterações mediadas pelo miRNA-155. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do estudo 3.2.6. hsa-mir-19a: Dois estudos revelaram superexpressão do miR-19a na asma, sendo um referente a expressão em células do epitélio brônquico e o outro em células da linhagem T. Ainda, um estudo indicou a subexpressão do miR-19a nas células da musculatura lisa brônquica e outro atestou a subexpressão desse miRNA nas células B periféricas em pacientes com rinite alérgica. Haj-Salem e colaboradores (2015) 25 , estudaram a expressão do miR-19a em células do epitélio brônquico isoladas de biópsias obtidas via broncoscopia e mostram sinais de aumento de expressão do miR-19a em indivíduos asmáticos se comparados ao epitélio brônquico do grupo controle. Através de estudos funcionais baseados em luciferase e Western blot foi constatado que esse miRNA potencializa a proliferação celular de células do epitélio brônquico por atuação direta e inibição domRNA referente a TGFBR2 (Transforming growth factor, beta receptor II). Além disso, foi averiguado que o miRNA-19a reduziu a fosforilação 21 de SMAD3 através da via do TGFBR2 e impediu a proliferação de células do epitélio brônquico. Outras vias afetadas pela superexpressão do miR-19a que explicam o aumento na proliferação das células epiteliais brônquicas são vias relacionadas ao crescimento, adesão celular e apoptose, mediadas pelos genes BIM e PTEN (Phosphatase and tensin homolog). Na análise de Simpson e colegas (2014) 37 , as células CD4 + T das vias aéreas, obtidas via lavado broncoalveolar, a expressão do miR-19a também se encontra aumentada. O miR- 19a, e todo cluster 17-92, tem a capacidade de alterar a potência, diferenciação, proliferação, sobrevivência e efetividade de várias células da linhagem T, principalmente em relação ao aumento das produções de citocinas tipo 2. Ao contrário de outros membros do cluster 17-92 esse miRNA é capaz de promover a sobrevivência e diferenciação de células Th1, Th2 e Th17 e limitar a diferenciação em Treg induzidas e consegue, também, restaurar a produção de IL- 13 e IL-4. Em suma o miR-19a, ao contrário de outros membros do cluster consegue alterar, de forma isolada, as vias das células Th2 por atingir diretamente as vias do PTEN, SOCS1 e TNFAIP3, cada um desses alvos codifica um inibidor distinto das vias PI3K, JAK-STAT e NF-κB, sendo, portanto, aumentada a produção de citocinas Th2 quando tais vias estão inibidas pelo aumento de miR-19a (Figura 3). Somado a isso, o miR-19a se encontra subexpresso na musculatura lisa da via aérea (ASMC) e essa diminuição na sua expressão leva a um aumento na expressão dos genes ERK1/2-MAPK, STAT1 e PRMT1 (Protein Arginine Methyltransferase 1), visto que o miR- 19a é o principal regulador da expressão de tais genes 46 . O PRMT1 é importante para a inflamação e diferenciação celular e seu aumento se traduz em exacerbação da resposta inflamatória local. Nos pacientes asmáticos foi constatado um acúmulo de células da musculatura lisa aérea, que expressavam níveis elevados de proteínas características de tecido conjuntivo, em especial colágeno tipo I e fibronectina, nas paredes das vias aéreas, indicando, células em estágios diferentes de diferenciação se comparados as ASMC de indivíduos saudáveis. Entre os fatores de crescimento temos o PDGF-BB (Platelet-derived growth fator), um fator de crescimento que tem a capacidade de induzir a proliferação de ASMC e fazer o remodelamento das vias aéreas. A ação da PDGF-BB se dá em especial pela fosforilação de ERK1/2-MAPK que, por fim, ativa também o PRMT1, corroborando para a sinalização downstream de inflamação, diferenciação celular e explicando a diminuição do miR-19a nas ASMC visto que foi constatado que ele é inibidor direto desse miRNA. Portanto, a diminuição do miR-19a na musculatura lisa das vias aéreas leva a um aumento na expressão e funcionamento das vias do ERK1/2 MAPK, STAT1 e PRMT1 e, além disso, o aumento do funcionamento dessa via inibe mais ainda a expressão do miR-19a gerando um loop feedback 22 e potencializando os efeitos de citocinas inflamatórias e fatores de crescimento, levando a mais inflamação, diferenciação celular e por fim exacerbação da doença (Figura 3). Decorrente da rinite alérgica, observou-se que células B periféricas de indivíduos com rinite alérgica apresentam níveis elevados de miR-19a e níveis baixos de IL-10 e a exposição a antígenos específicos, deflagradores da doença, potencializariam ainda mais essa diferença na expressão 72 . Essa diminuição de IL-10 seria por ação indireta do miR-19a através de estímulos de alérgenos, em especial LPS (Lipopolysaccharides) e DME (dust mite extracts), no locus promotor de IL-10 acarretando o aumento dos níveis de histona desacetilase 11 e da acetilação de H3K9 ao mesmo tempo que ocorreu diminuição na RNA polimerase II e c-Maf (o fator de transcrição IL-10). A IL-10 é uma citocina conhecida por ter papel na regulação da resposta imune tendo efeitos anti-inflamatórios e supressivos na maioria das células hematopoiéticas, portanto sua inibição pelo aumento do miR-19a pode explicar o aumento da resposta imune e inflamatória em pacientes com rinite alérgica. Figura 3. Principais alterações mediadas pelo miRNA-19a. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do estudo 3.2.7. hsa-mir-146a: O miR-146a foi um miRNA estudado em diferentes doenças, e também, como os outros dois miRNAs acima, teve divergências quanto a sua expressão na mesma doença que se traduz em estudos com diferentes tecidos. Foi constatada a sua subexpressão em um artigo sobre sua expressão em células T periféricas na asma e em um artigo sobre rinite alérgica, enquanto isso sua superexpressão foi apresentado em dois artigos sobre asma e dois artigos 23 sobre dermatite atópica, um falando sobre células Tregs periféricas e o outro sobre queratinócitos retirados do tecido lesionado. Foi encontrado uma diminuição do miR-146a em células CD8 + T e CD4 + T, mas apenas nas CD8 + T foi encontrado alterações significativas na expressão de mRNA responsáveis pela sua resposta inflamatória 61 . Segundo o estudo, isso pode significar uma possível incapacidade do miR-146a de alterar, de maneira individual, o funcionamento de células T, sendo necessário todo um conjunto de miRNAs para conseguir levar a tal alteração nas células CD4 + T. Também foi verificado o aumento na expressão de diversos mRNAs, incluindo membros das famílias codificadores da proteína CEACAM e da S100 cálcio- ligante, tanto nas células CD4 + T quando nas células CD8 + T nos pacientes asmáticos quando abordados a expressão de diversos miRNAs diferentes. Especificamente referente às CD8 + T, a proteína YKL-40 (Chitinase 3-like 1) que é uma proteína necessária para iniciar a resposta inflamatória Th2 das vias aéreas, e a arginase, uma proteína responsável por diminuir a oferta de oxido nítrico na via aérea asmática reduzindo assim a broncodilatação e aumentando a inflamação, foram up-reguladas (Figura 4). Isso leva a uma conclusão que embora o miR- 146a, isoladamente, tenha efeitos regulatórios na expressão proteica de células CD8 + T, que corroboram com o quadro de asma, é importante avaliar estudos que verifiquem as alterações decorrentes por mudanças em todo um grupo de miRNAs. Por outro lado, o miR-146a está superexpresso nas células do epitélio das vias aéreas de vias asmáticas 22 , fato que pode ser explicado pela indução da expressão desse miRNA por condições inflamatórias como um mecanismo de feedback para limitar tal inflamação através de estímulos não-Th2 como TNF-α, glicocorticoides ou ambos. Esse miRNA atua principalmente na regulação de vias relacionadas à inflamação como as vias do NF-κB, TLR (Toll-like receptors), proteoglicanos, vias relacionadas ao controle da deposição de mucoproteína na asma e remodelamento das vias aéreas, e outros receptores de matriz extracelular. Essa regulação ocorre principalmente por ação direta do miRNA na inibição dos genes IRAK1 (Interleukin 1 Receptor Associated Kinase 1) e TRAF6 (TNF Receptor Associated Factor 6), proteínas comuns tanto as vias do NF-κB quanto do TLR. Além disso, foi averiguado a capacidade do miR-146a em suprimir a citocina induzível via NF-κB CCL20 em células da musculatura lisa das vias aéreas (Figura 4). Já a luz de Hammad Mahmoud Hammad e colaboradores (2018) 52 , o miR-146a também se encontra superexpresso no plasma de pacientes asmáticos. O estudo encontrou uma correlação positiva entre a expressão de miR-146a, a porcentagem de eosinófilos e as medidas de FEV1 nos pacientes asmáticos (Figura 4). O estudo ressalta também que esses 24 achados têm relevância clinica, pois estão de acordo com a classificação endotípica da asma e isso pode direcionar o tratamento futuro, visto que endotipos específicosde asma não eosinofílicas, mediadas, portanto, por células NK, são resistentes a esteroides. O aumento do miR-146a plasmático direciona a classificação da asma para o tipo eosinofílico mediado pela resposta Th2, mas ao contrário dos estudos passados, isso não se deve a uma ação direto na via Th2, mas sim em uma potencialização da supressão da via Th1 mediada por células Treg, o que faz com que a via Th2 não tenha competição para se deflagar. Em relação à rinite alérgica, Luo e colegas (2015) 70 apresentam que em células do epitélio nasal de pacientes com rinite alérgica o miR-146a está suprimido, provavelmente por ações relacionadas a citocinas Th2, as quais tem a capacidade de suprimir esse miRNA. Essa supressão do miR-146a leva a um aumento na expressão de IL-10 por monócitos (CD14 + e CD16 - ), uma citocina imunossupressora capaz de diminuir a eficácia de células CD4 + efetoras e a polarização da resposta imune no viés da resposta Th2 (Figura 4). Isso ocorre, pois esse miRNA é capaz de se ligar ao receptor de lactoferrina e inibir as ações dos monócitos. Ademais, o miR-146a é diretamente correlacionado ao aumento da atividade da via STAT3 (signal transducer and activator of transcription 3) a qual é associada com um aumento de NFI-A (nuclear factor 1 A), um fator da família dos NF-κB capaz de expressar a IL-10. Assim, o miR-146a é um importante fator para homeostase de células T, visto que ele influencia na produção de IL-10 em monócitos, agindo como um supressor de outras células T e inibindo a polarização da resposta imune em favor da resposta Th2, portanto a diminuição da expressão desse miRNA está associado a exacerbação da resposta imune. Yan e colaboradores (2019) 80 , comentam sobre ao aumento da expressão do miR-146a de células Tregs do soro de pacientes com dermatite atópica. A fisiopatogenia da dermatite atópica está intimamente ligada ao desbalanço entre resposta Th1 e Th2 com diminuição da resposta Th1 e aumento da resposta Th2. O estudo sugere que um possível alvo do miR-146a é o gene SUMO1 (Small Ubiquitin Like Modifier 1), além dele também é relatado a ação desse miRNA em outras vias do NF-κB, TRAF6 (tumor necrosis factor receptor associated 6), IRAK-1 (IL-1 receptor associated kinase 1), IRF5 (IFN regulatory factor 5) e STAT1 (signal transducer and activator of transcription 1). O estudo conclui dizendo que o miR-146a é um possível regulador da resposta imune em pacientes com dermatite atópica corroborando para o desbalanço Th1/Th2 através de atuação em vias inflamatórias. Congruentemente, foi encontrado que o miR-146a tem sua expressão aumentada em queratinócitos retirados de lesões de dermatite atópica 77 . O estudo afirma que o aumento desse miRNA inibe a expressão de vários fatores pró-inflamatórios em células estimuladas 25 com INF-γ, TNF-α ou IL-1β como CCL5, CCL8 (C-C Motif Chemokine Ligand 8) e UBD (Ubiquitina D). Essa inibição se dá, parcialmente, por ação direta do miR-146a em fatores upstream da via do NF-κB (nuclear factor kappa-light-chain-enhancer of activated B cells) como o CARD10 (Caspase Recruitment Domain Family Member 10), RELB e o gene IRAK- 1 (IL-1 receptor–associated kinase 1). Como uma maneira de fazer um controle da inflamação ocorre um loop feedback entre o miR-146a e o NF-κB visto que ao mesmo tempo que esse miRNA tem a capacidade de inibir a via do NF-κB essa via estimula a produção do miR- 146a. Devido a essa atuação nesses genes o miR-146a tem a capacidade de indiretamente suprimir a expressão de proteínas relacionados a fisiopatogenia da doença como CCL5, CCL8, UBD, IL-8 e IL-6 (Figura 4). Figura 4. Principais alterações mediadas pelo miRNA-146a. Fonte: Elaborado pelos autores com dados do estudo 4 DISCUSSÃO É conhecido da imunologia que as doenças atópicas crônicas se desenvolvem por um desequilibro entre as respostas Th1 e Th2, com uma tendência para o desenvolvimento da resposta Th2 81 . O papel das alterações dos miRNAs estudados na promoção da via Th2 se deve, principalmente, ao aumento de IL-13 ou pela inibição do receptor IL13Rα1 gerando um aumento da atividade da citocina IL-13 e deflagando todas as suas vias correlacionadas 25,49,71,79 . Segundo os estudos, a IL-13 se relacionou, nesse contexto, 26 principalmente as vias PI3K-AKT, JAK-STAT, MAPK e NF-κB e as proteínas PTEN, SOCS1 e TNFAIP3, IRAK-1, TRAF6 e RELB 25,37,59 . Essas são classicamente relacionadas às vias inflamatórias através do controle de secreção de citocinas, multiplicação, recrutamento de eosinófilos, diferenciação celular, remodelação tecidual, transição epitélio-mesenquimal e hipersecreção de muco. Entre todas essas proteínas, as principais e mais correlacionadas aos miRNAs em diferentes artigos, são as proteínas PTEN, SOCS1 e TNFAIP. A inibição de PTEN leva a ativação a via PI3K a qual promove proliferação e sobrevivência de células T e gera a remodelação das vias aéreas e a migração, remodelação e diferenciação de células da musculatura lisa das vias aéreas 25 . A inibição de SOCS1 inibe a JAK-STAT, via que gera sinalização de receptores de citocinas, pela repressão da sinalização IL-12 e INF-γ, favorecendo a diferenciação dos linfócitos em Th17 em favor de Th1 25 . O gene TNFAIP3 codifica a proteína A20, um regulador negativo da via NF-κB 25 . Já na vertente da resposta Th1, a inibição dessa via se dá principalmente por regulação negativa do IL-12 e por ativação das células Tregs, supressoras da via Th1. Outro aspecto importante é o aumento de IL-10 e monócitos que acabam por inibir a via Th1 e aumentar a via Th2 72 . Dentre as vias descritas como possível alvo de miRNAs alterados nas doenças atópicas está a via NF-κB. De modo intrigante, enquanto o estudo com miR-124 mostrou que a superexpressão de NF-κB, decorre da baixa expressão do miRNA 69 , o estudo com miR-146 revelou que a expressão deste miRNA suprimi a via NF-κB 77 , sendo que nos dois casos eles descrevem estes efeitos NF-κB como importante na fisiopatologia das doenças atópicas 69,77 . No entanto, a literatura nos revela que o papel dessa via ainda não é claro, sendo que ela pode atuar tanto nos mecanismos de autoimunidade quanto nos mecanismos de tolerância imune 82 . Outro ponto abordado por alguns estudos é a necessidade de se estudar os miRNAs em grupo e não isoladamente. Sabe-se que a fisiopatologia de diversas doenças, em especial as alérgicas, é baseada em múltiplas vias que são desreguladas. A alteração de apenas um miRNA pode, isoladamente, não ser suficiente para alterar as vias de uma forma que exista um processo autossustentado de alterações e danos 25,29 . Portanto, é mais condizente estudar o papel da desregulação dos miRNAs em grupo, com miRNAs que atuam na regulação de genes que corroboram para as mesmas vias. Esse estudo encontrou várias divergências quando comparando a expressão de um miRNA específico em uma doença. Foram encontrados miRNAs que ao mesmo tempo eram descritos como superexpressos e subexpressos na mesma condição clínica. Após verificação mais cuidadosa, notou-se que isso se devia a abordagem de tecidos diferentes dentro de uma mesma patologia 83 . Um exemplo dessa divergência é o miR-155 que foi descrito como 27 subexpresso tanto no escarro quanto no epitélio brônquico de pacientes asmáticos ao mesmo tempo que estava superexpresso no plasma do grupo de pacientes asmáticos de outro estudo. Isso pode ser devido a especificidade do papel dos miRNAs em cada tecido, regulando vias que tem diferentes efeitos e contextos nas diversas células, outro ponto que pode explicar a divergência entre a expressão dos miRNAs pode ser devido a diversos mecanismos específicos de regulação como por exemplo mecanismos de expurgo celular ou até falhas metodológicas na pesquisa de miRNAs. Por ser um assunto novo na literatura as formas como acontecemsuas interações intra e extracelulares ainda não são muito bem descritas e o esclarecimento dessas vias podem indicar melhor uma possível correlação entre as doenças atópicas e seus diversos sítios de ativação. 5 CONCLUSÃO Concluímos que parece haver uma concomitância de miRNAs alterados nas diversas doenças atópicas e isso está de acordo com os mecanismos fisiopatológicos conhecidos, visto que as doenças têm sua base patogênica nas mesmas vias. Apesar disso, vemos como necessário estudos que abordem, ao mesmo tempo, a expressão de miRNAs em várias doenças atópicas, em especial aquelas com sítios de lesão distantes como, por exemplo, a dermatite atópica e a asma, para elucidar melhor a alta taxa de concomitância das doenças atópicas na população. Existe também uma prevalência de estudos referentes à asma em comparação com as outras doenças atópicas, sendo que em nosso estudo, após aplicados todos os critérios de exclusão sobraram 44 estudos sobre asma, 13 estudos sobre rinite alérgica, 4 sobre dermatite atópica e para conjuntivite alérgica não foi encontrado nenhum artigo que contemplasse o escopo desse estudo. Comparando a asma com a rinite alérgica e a dermatite atópica, estas têm um número consideravelmente menor de abordagens, dificultando o estudo das razões de concomitância dessas doenças, visto que não existe muito material para se comparar as vias e as alterações gênicas. Também vemos como necessário estudos mais detalhados que busquem as alterações na expressão de diversos miRNAs visto que muitas vezes um único miR alterado não tem a capacidade de gerar alterações significativas dentro de uma célula, sendo necessário todo um conjunto de miRNAs que atuem em vias sinergéticas para conseguir iniciar um processo fisiopatogênico duradouro. 28 Outro ponto importante é referente a uma melhor elucidação dos mecanismos de regulagem intracelular dos miRNAs, pesquisas que abordem diversas amostras teciduais e estudos que fazem uma abordagem de diversos sítios em pacientes com múltiplas atopias. Esses pontos podem ser de extrema valia para elucidar os mecanismos de controle dos miRNAs sobre essa classe de doenças. 6 REFERÊNCIAS 1. IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA ÀS ANÁLISES CLÍNICAS - Prof. Sérgio Lisboa Machado e Prof. Raimundo Diogo Machado, Rio de Janeiro. 2. Ponte EV, Rizzo JA, Cruz AA. Interrelationship among asthma, atopy, and helminth infections. J Bras Pneumol. 2007 May-Jun;33(3):335-42. English, Portuguese. doi: 10.1590/s1806-37132007000300016. PMID: 17906796. 3. Justiz Vaillant AA, Modi P, Jan A. Atopy. 2020 Jul 10. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2020 Jan–. PMID: 31194344. 4. Papi A, Brightling C, Pedersen SE, Reddel HK. Asthma. Lancet. 2018 Feb 24;391(10122):783-800. doi: 10.1016/S0140-6736(17)33311-1. Epub 2017 Dec 19. PMID: 29273246. 5. Greene CM, Gaughan KP. microRNAs in asthma: potential therapeutic targets. Curr Opin Pulm Med. 2013 Jan;19(1):66-72. doi: 10.1097/MCP.0b013e32835a5bc8. PMID: 23095468. 6. Brightling CE, Bradding P, Symon FA, Holgate ST, Wardlaw AJ, Pavord ID. Mast-cell infiltration of airway smooth muscle in asthma. N Engl J Med. 2002 May 30;346(22):1699-705. doi: 10.1056/NEJMoa012705. PMID: 12037149. 7. Kakli HA, Riley TD. Allergic Rhinitis. Prim Care. 2016 Sep;43(3):465-75. doi: 10.1016/j.pop.2016.04.009. PMID: 27545735. 8. Greiner AN, Hellings PW, Rotiroti G, Scadding GK. Allergic rhinitis. Lancet. 2011 Dec 17;378(9809):2112-22. doi: 10.1016/S0140-6736(11)60130-X. Epub 2011 Jul 23. PMID: 21783242. 9. Nakamura Y, Miyata M, Ohba T, et al. Cigarette smoke extract induces thymic stromal lymphopoietin expression, leading to T(H)2-type immune responses and airway infl ammation. J Allergy Clin Immunol 2008; 122: 1208–14. 29 10. Miyata M, Hatsushika K, Ando T, et al. Mast cell regulation of epithelial TSLP expression plays an important role in the development of allergic rhinitis. Eur J Immunol 2008; 38: 1487–92. 11. Zhu DD, Zhu XW, Jiang XD, Dong Z. Thymic stromal lymphopoietin expression is increased in nasal epithelial cells of patients with mugwort pollen sensitive-seasonal allergic rhinitis. Chin Med J (Engl) 2009; 122: 2303–07 12. Waldman AR, Ahluwalia J, Udkoff J, Borok JF, Eichenfield LF. Atopic Dermatitis. Pediatr Rev. 2018 Apr;39(4):180-193. doi: 10.1542/pir.2016-0169. PMID: 29610426. 13. Mallol J, Crane J, von Mutius E, Odhiambo J, Keil U, Stewart A; ISAAC Phase Three Study Group. The International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC) Phase Three: a global synthesis. Allergol Immunopathol (Madr). 2013 Mar-Apr;41(2):73- 85. doi: 10.1016/j.aller.2012.03.001. Epub 2012 Jul 6. PMID: 22771150. 14. Bushati N, Cohen SM. microRNA functions. Annu Rev Cell Dev Biol. 2007;23:175-205. doi: 10.1146/annurev.cellbio.23.090506.123406. PMID: 17506695. 15. Leung AK, Sharp PA. MicroRNA functions in stress responses. Mol Cell. 2010 Oct 22;40(2):205-15. doi: 10.1016/j.molcel.2010.09.027. PMID: 20965416; PMCID: PMC2996264. 16. O'Connell RM, Rao DS, Baltimore D. microRNA regulation of inflammatory responses. Annu Rev Immunol. 2012;30:295-312. doi: 10.1146/annurev-immunol-020711-075013. Epub 2012 Jan 3. PMID: 22224773. 17. Svitich OA, Sobolev VV, Gankovskaya LV, Zhigalkina PV, Zverev VV. The role of regulatory RNAs (miRNAs) in asthma. Allergol Immunopathol (Madr). 2018 Mar- Apr;46(2):201-205. doi: 10.1016/j.aller.2017.09.015. Epub 2018 Jan 17. PMID: 29342408. 18. Lu TX, Rothenberg ME. Diagnostic, functional, and therapeutic roles of microRNA in allergic diseases. J Allergy Clin Immunol. 2013 Jul;132(1):3-13; quiz 14. doi: 10.1016/j.jaci.2013.04.039. Epub 2013 Jun 2. PMID: 23735656; PMCID: PMC3737592. 19. Moher D, Liberati A, Tetzlaff J, Altman DG, The PRISMA Group (2009) Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses: The PRISMA Statement. PLoS Med 6(7): e1000097. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.100009 20. Kuo YC, Li YS, Zhou J, Shih YR, Miller M, Broide D, Lee OK, Chien S. Human mesenchymal stem cells suppress the stretch-induced inflammatory miR-155 and cytokines in bronchial epithelial cells. PLoS One. 2013 Aug 13;8(8):e71342. doi: 10.1371/journal.pone.0071342. PMID: 23967196; PMCID: PMC3742760. https://doi.org/10.1371/journal.pmed.100009 30 21. Fang L, Wang X, Sun Q, Papakonstantinou E, S'ng C, Tamm M, Stolz D, Roth M. IgE Downregulates PTEN through MicroRNA-21-5p and Stimulates Airway Smooth Muscle Cell Remodeling. Int J Mol Sci. 2019 Feb 18;20(4):875. doi: 10.3390/ijms20040875. PMID: 30781615; PMCID: PMC6412688. 22. Lambert KA, Roff AN, Panganiban RP, Douglas S, Ishmael FT. MicroRNA-146a is induced by inflammatory stimuli in airway epithelial cells and augments the anti- inflammatory effects of glucocorticoids. PLoS One. 2018 Oct 9;13(10):e0205434. doi: 10.1371/journal.pone.0205434. PMID: 30300399; PMCID: PMC6177187. 23. Zhang H, Sun Y, Rong W, Fan L, Cai Y, Qu Q, Gao Y, Zhao H. miR-221 participates in the airway epithelial cells injury in asthma via targeting SIRT1. Exp Lung Res. 2018 Aug;44(6):272-279. doi: 10.1080/01902148.2018.1533051. Epub 2019 Jan 17. PMID: 30654657. 24. Martinez-Nunez RT, Rupani H, Platé M, Niranjan M, Chambers RC, Howarth PH, Sanchez-Elsner T. Genome-Wide Posttranscriptional Dysregulation by MicroRNAs in Human Asthma as Revealed by Frac-seq. J Immunol. 2018 Jul 1;201(1):251-263. doi: 10.4049/jimmunol.1701798. Epub 2018 May 16. PMID: 29769273; PMCID: PMC6013048. 25. Haj-Salem I, Fakhfakh R, Bérubé JC, Jacques E, Plante S, Simard MJ, Bossé Y, Chakir J. MicroRNA-19a enhances proliferation of bronchial epithelial cells by targeting TGFβR2 gene in severe asthma. Allergy. 2015 Feb;70(2):212-9. doi: 10.1111/all.12551. Epub 2014 Dec 19. PMID: 25443138. 26. Huang H, Lu H,Liang L, Zhi Y, Huo B, Wu L, Xu L, Shen Z. MicroRNA-744 Inhibits Proliferation of Bronchial Epithelial Cells by Regulating Smad3 Pathway via Targeting Transforming Growth Factor-β1 (TGF-β1) in Severe Asthma. Med Sci Monit. 2019 Mar 23;25:2159-2168. doi: 10.12659/MSM.912412. PMID: 30903795; PMCID: PMC6441316. 27. Zhang K, Liang Y, Feng Y, Wu W, Zhang H, He J, Hu Q, Zhao J, Xu Y, Liu Z, Zhen G. Decreased epithelial and sputum miR-221-3p associates with airway eosinophilic inflammation and CXCL17 expression in asthma. Am J Physiol Lung Cell Mol Physiol. 2018 Aug 1;315(2):L253-L264. doi: 10.1152/ajplung.00567.2017. Epub 2018 Apr 12. PMID: 29644894. 28. Huo X, Zhang K, Yi L, Mo Y, Liang Y, Zhao J, Zhang Z, Xu Y, Zhen G. Decreased epithelial and plasma miR-181b-5p expression associates with airway eosinophilic inflammation in asthma. Clin Exp Allergy. 2016 Oct;46(10):1281-90. doi: 10.1111/cea.12754. Epub 2016 Jun 6. PMID: 27192552. 29. Martinez-Nunez RT, Bondanese VP, Louafi F, Francisco-Garcia AS, Rupani H, Bedke N, Holgate S, Howarth PH, Davies DE, Sanchez-Elsner T. A microRNA network 31 dysregulated in asthma controls IL-6 production in bronchial epithelial cells. PLoS One. 2014 Oct 31;9(10):e111659. doi: 10.1371/journal.pone.0111659. PMID: 25360780; PMCID: PMC4216117. 30. Rijavec M, Korošec P, Žavbi M, Kern I, Malovrh MM. Let-7a is differentially expressed in bronchial biopsies of patients with severe asthma. Sci Rep. 2014 Aug 18;4:6103. doi: 10.1038/srep06103. PMID: 25130484; PMCID: PMC7365315. 31. Shen J, Zhao J, Ye QY, Gu XD. Interference of miR-943-3p with secreted frizzled-related proteins4 (SFRP4) in an asthma mouse model. Cell Tissue Res. 2019 Oct;378(1):67-80. doi: 10.1007/s00441-019-03026-6. Epub 2019 May 18. PMID: 31101982. 32. Maes T, Cobos FA, Schleich F, Sorbello V, Henket M, De Preter K, Bracke KR, Conickx G, Mesnil C, Vandesompele J, Lahousse L, Bureau F, Mestdagh P, Joos GF, Ricciardolo FL, Brusselle GG, Louis R. Asthma inflammatory phenotypes show differential microRNA expression in sputum. J Allergy Clin Immunol. 2016 May;137(5):1433-46. doi: 10.1016/j.jaci.2016.02.018. PMID: 27155035. 33. Huang Y, Zhang S, Fang X, Qin L, Fan Y, Ding D, Liu X, Xie M. Plasma miR-199a-5p is increased in neutrophilic phenotype asthma patients and negatively correlated with pulmonary function. PLoS One. 2018 Mar 5;13(3):e0193502. doi: 10.1371/journal.pone.0193502. PMID: 29505605; PMCID: PMC5837185. 34. Lacedonia D, Palladino GP, Foschino-Barbaro MP, Scioscia G, Carpagnano GE. Expression profiling of miRNA-145 and miRNA-338 in serum and sputum of patients with COPD, asthma, and asthma-COPD overlap syndrome phenotype. Int J Chron Obstruct Pulmon Dis. 2017 Jun 23;12:1811-1817. doi: 10.2147/COPD.S130616. PMID: 28694694; PMCID: PMC5491577. 35. Liu Z, Chen X, Wu Q, Song J, Wang L, Li G. miR-125b inhibits goblet cell differentiation in allergic airway inflammation by targeting SPDEF. Eur J Pharmacol. 2016 Jul 5;782:14- 20. doi: 10.1016/j.ejphar.2016.04.044. Epub 2016 Apr 22. PMID: 27112664. 36. Malmhäll C, Johansson K, Winkler C, Alawieh S, Ekerljung L, Rådinger M. Altered miR- 155 Expression in Allergic Asthmatic Airways. Scand J Immunol. 2017 Apr;85(4):300- 307. doi: 10.1111/sji.12535. PMID: 28199728. 37. Simpson LJ, Patel S, Bhakta NR, Choy DF, Brightbill HD, Ren X, Wang Y, Pua HH, Baumjohann D, Montoya MM, Panduro M, Remedios KA, Huang X, Fahy JV, Arron JR, Woodruff PG, Ansel KM. A microRNA upregulated in asthma airway T cells promotes TH2 cytokine production. Nat Immunol. 2014 Dec;15(12):1162-70. doi: 10.1038/ni.3026. Epub 2014 Nov 2. PMID: 25362490; PMCID: PMC4233009. 32 38. Rupani H, Martinez-Nunez RT, Dennison P, Lau LC, Jayasekera N, Havelock T, Francisco-Garcia AS, Grainge C, Howarth PH, Sanchez-Elsner T. Toll-like Receptor 7 Is Reduced in Severe Asthma and Linked to an Altered MicroRNA Profile. Am J Respir Crit Care Med. 2016 Jul 1;194(1):26-37. doi: 10.1164/rccm.201502-0280OC. PMID: 26815632; PMCID: PMC4960627. 39. Tang X, Wu F, Fan J, Jin Y, Wang J, Yang G. Posttranscriptional Regulation of Interleukin-33 Expression by MicroRNA-200 in Bronchial Asthma. Mol Ther. 2018 Jul 5;26(7):1808-1817. doi: 10.1016/j.ymthe.2018.04.016. Epub 2018 Apr 25. PMID: 29778524; PMCID: PMC6035355. 40. Kim D, Cho S, Woo JA, Liggett SB. A CREB-mediated increase in miRNA let-7f during prolonged β-agonist exposure: a novel mechanism of β2-adrenergic receptor down- regulation in airway smooth muscle. FASEB J. 2018 Jul;32(7):3680-3688. doi: 10.1096/fj.201701278R. Epub 2018 Feb 13. PMID: 29455573; PMCID: PMC5998966. 41. Liu Y, Yang K, Shi H, Xu J, Zhang D, Wu Y, Zhou S, Sun X. MiR-21 modulates human airway smooth muscle cell proliferation and migration in asthma through regulation of PTEN expression. Exp Lung Res. 2015;41(10):535-45. doi: 10.3109/01902148.2015.1090501. PMID: 26651881. 42. Comer BS, Camoretti-Mercado B, Kogut PC, Halayko AJ, Solway J, Gerthoffer WT. MicroRNA-146a and microRNA-146b expression and anti-inflammatory function in human airway smooth muscle. Am J Physiol Lung Cell Mol Physiol. 2014 Nov 1;307(9):L727-34. doi: 10.1152/ajplung.00174.2014. Epub 2014 Sep 12. PMID: 25217662; PMCID: PMC4217003. 43. Perry MM, Baker JE, Gibeon DS, Adcock IM, Chung KF. Airway smooth muscle hyperproliferation is regulated by microRNA-221 in severe asthma. Am J Respir Cell Mol Biol. 2014 Jan;50(1):7-17. doi: 10.1165/rcmb.2013-0067OC. PMID: 23944957; PMCID: PMC3930931. 44. Chiba Y, Tanabe M, Goto K, Sakai H, Misawa M. Down-regulation of miR-133a contributes to up-regulation of Rhoa in bronchial smooth muscle cells. Am J Respir Crit Care Med. 2009 Oct 15;180(8):713-9. doi: 10.1164/rccm.200903-0325OC. Epub 2009 Jul 30. PMID: 19644046. 45. Zhang H, Sun Z, Yu L, Sun J. MiR-139-5p inhibits proliferation and promoted apoptosis of human airway smooth muscle cells by downregulating the Brg1 gene. Respir Physiol Neurobiol. 2017 Dec;246:9-16. doi: 10.1016/j.resp.2017.07.004. Epub 2017 Jul 12. PMID: 28711603. 46. Sun Q, Liu L, Wang H, Mandal J, Khan P, Hostettler KE, Stolz D, Tamm M, Molino A, Lardinois D, Lu S, Roth M. Constitutive high expression of protein arginine 33 methyltransferase 1 in asthmatic airway smooth muscle cells is caused by reduced microRNA-19a expression and leads to enhanced remodeling. J Allergy Clin Immunol. 2017 Aug;140(2):510-524.e3. doi: 10.1016/j.jaci.2016.11.013. Epub 2017 Jan 9. PMID: 28081849. 47. Cheng W, Yan K, Xie LY, Chen F, Yu HC, Huang YX, Dang CX. MiR-143-3p controls TGF-β1-induced cell proliferation and extracellular matrix production in airway smooth muscle via negative regulation of the nuclear factor of activated T cells 1. Mol Immunol. 2016 Oct;78:133-139. doi: 10.1016/j.molimm.2016.09.004. Epub 2016 Sep 14. PMID: 27639060. 48. Liu Y, Yang K, Sun X, Fang P, Shi H, Xu J, Xie M, Li M. MiR-138 suppresses airway smooth muscle cell proliferation through the PI3K/AKT signaling pathway by targeting PDK1. Exp Lung Res. 2015;41(7):363-9. doi: 10.3109/01902148.2015.1041581. Epub 2015 Jul 7. PMID: 26151666. 49. Karam RA, Abd Elrahman DM. Differential expression of miR-155 and Let-7a in the plasma of childhood asthma: Potential biomarkers for diagnosis and severity. Clin Biochem. 2019 Jun;68:30-36. doi: 10.1016/j.clinbiochem.2019.04.007. Epub 2019 Apr 11. PMID: 30981701. 50. Liu Q, Wang W, Jing W. Indoor air pollution aggravates asthma in Chinese children and induces the changes in serum level of miR-155. Int J Environ Health Res. 2019 Feb;29(1):22-30. doi: 10.1080/09603123.2018.1506569. Epub 2018 Aug 7. PMID: 30084260. 51. Elbehidy RM, Youssef DM, El-Shal AS, Shalaby SM, Sherbiny HS, Sherief LM, Akeel NE. MicroRNA-21 as a novel biomarker in diagnosis and response to therapy in asthmatic children. Mol Immunol.2016 Mar;71:107-114. doi: 10.1016/j.molimm.2015.12.015. Epub 2016 Feb 11. PMID: 26874829. 52. Hammad Mahmoud Hammad R, Hamed DHED, Eldosoky MAER, Ahmad AAES, Osman HM, Abd Elgalil HM, Mahmoud Hassan MM. Plasma microRNA-21, microRNA-146a and IL-13 expression in asthmatic children. Innate Immun. 2018 Apr;24(3):171-179. doi: 10.1177/1753425918763521. PMID: 29635981; PMCID: PMC6852388. 53. Qin HB, Xu B, Mei JJ, Li D, Liu JJ, Zhao DY, Liu F. Inhibition of miRNA-221 suppresses the airway inflammation in asthma. Inflammation. 2012 Aug;35(4):1595-9. doi: 10.1007/s10753-012-9474-1. PMID: 22572970. 54. Chen L, Xu J, Chu X, Ju C. MicroRNA-98 interferes with thrombospondin 1 expression in peripheral B cells of patients with asthma. Biosci Rep. 2017 Aug 30;37(4):BSR20170149. doi: 10.1042/BSR20170149. PMID: 28760845; PMCID: PMC5577176. 34 55. Fan L, Wang X, Fan L, Chen Q, Zhang H, Pan H, Xu A, Wang H, Yu Y. MicroRNA-145 influences the balance of Th1/Th2 via regulating RUNX3 in asthma patients. Exp Lung Res. 2016 Oct-Dec;42(8-10):417-424. doi: 10.1080/01902148.2016.1256452. Epub 2016 Nov 30. PMID: 27902892. 56. Chaoyang Y, Qingfeng B, Jinxing F. MiR-216a-5p protects 16HBE cells from H2O2- induced oxidative stress through targeting HMGB1/NF-kB pathway. Biochem Biophys Res Commun. 2019 Jan 8;508(2):416-420. doi: 10.1016/j.bbrc.2018.11.060. Epub 2018 Nov 28. PMID: 30502088. 57. Tian M, Zhou Y, Jia H, Zhu X, Cui Y. The Clinical Significance of Changes in the Expression Levels of MicroRNA-1 and Inflammatory Factors in the Peripheral Blood of Children with Acute-Stage Asthma. Biomed Res Int. 2018 Jun 26;2018:7632487. doi: 10.1155/2018/7632487. PMID: 30046607; PMCID: PMC6038680. 58. Davis JS, Sun M, Kho AT, Moore KG, Sylvia JM, Weiss ST, Lu Q, Tantisira KG. Circulating microRNAs and association with methacholine PC20 in the Childhood Asthma Management Program (CAMP) cohort. PLoS One. 2017 Jul 27;12(7):e0180329. doi: 10.1371/journal.pone.0180329. PMID: 28749975; PMCID: PMC5531511. 59. Dong X, Xu M, Ren Z, Gu J, Lu M, Lu Q, Zhong N. Regulation of CBL and ESR1 expression by microRNA-22‑3p, 513a-5p and 625-5p may impact the pathogenesis of dust mite-induced pediatric asthma. Int J Mol Med. 2016 Aug;38(2):446-56. doi: 10.3892/ijmm.2016.2634. Epub 2016 Jun 9. PMID: 27277384; PMCID: PMC4935459. 60. Zhang X, Zhao X, Sun H, Yan Y, Huang L, Gu W, Jiang W, Wang Y, Zhu C, Ji W, Hao C, Chen Z. The role of miR-29c/B7-H3 axis in children with allergic asthma. J Transl Med. 2018 Aug 3;16(1):218. doi: 10.1186/s12967-018-1590-8. PMID: 30075787; PMCID: PMC6076420. 61. Tsitsiou E, Williams AE, Moschos SA, Patel K, Rossios C, Jiang X, Adams OD, Macedo P, Booton R, Gibeon D, Chung KF, Lindsay MA. Transcriptome analysis shows activation of circulating CD8+ T cells in patients with severe asthma. J Allergy Clin Immunol. 2012 Jan;129(1):95-103. doi: 10.1016/j.jaci.2011.08.011. Epub 2011 Sep 13. PMID: 21917308. 62. Zhang D, Wu Y, Sun G. miR-192 suppresses T follicular helper cell differentiation by targeting CXCR5 in childhood asthma. Scand J Clin Lab Invest. 2018 May;78(3):236-242. doi: 10.1080/00365513.2018.1440628. Epub 2018 Feb 28. PMID: 29490514. 63. Yin H, Zhang S, Sun Y, Li S, Ning Y, Dong Y, Shang Y, Bai C. MicroRNA-34/449 targets IGFBP-3 and attenuates airway remodeling by suppressing Nur77-mediated autophagy. Cell Death Dis. 2017 Aug 10;8(8):e2998. doi: 10.1038/cddis.2017.357. PMID: 28796252; PMCID: PMC5596548. 35 64. Li X, Li C, Zhu G, Yuan W, Xiao ZA. TGF-β1 Induces Epithelial-Mesenchymal Transition of Chronic Sinusitis with Nasal Polyps through MicroRNA-21. Int Arch Allergy Immunol. 2019;179(4):304-319. doi: 10.1159/000497829. Epub 2019 Apr 12. PMID: 30982052. 65. Wang L, Liu X, Song X, Dong L, Liu D. MiR-202-5p Promotes M2 Polarization in Allergic Rhinitis by Targeting MATN2. Int Arch Allergy Immunol. 2019;178(2):119-127. doi: 10.1159/000493803. Epub 2018 Nov 8. PMID: 30408806. 66. Xuan L, Luan G, Wang Y, Lan F, Zhang X, Hao Y, Zheng M, Wang X, Zhang L. MicroRNAs regulating mucin type O-glycan biosynthesis and transforming growth factor β signaling pathways in nasal mucosa of patients with chronic rhinosinusitis with nasal polyps in Northern China. Int Forum Allergy Rhinol. 2019 Jan;9(1):106-113. doi: 10.1002/alr.22230. Epub 2018 Oct 31. PMID: 30378273. 67. Suojalehto H, Toskala E, Kilpeläinen M, Majuri ML, Mitts C, Lindström I, Puustinen A, Plosila T, Sipilä J, Wolff H, Alenius H. MicroRNA profiles in nasal mucosa of patients with allergic and nonallergic rhinitis and asthma. Int Forum Allergy Rhinol. 2013 Aug;3(8):612-20. doi: 10.1002/alr.21179. Epub 2013 May 23. PMID: 23704072. 68. Wang L, Lv Q, Song X, Jiang K, Zhang J. ADRB2 suppresses IL-13-induced allergic rhinitis inflammatory cytokine regulated by miR-15a-5p. Hum Cell. 2019 Jul;32(3):306- 315. doi: 10.1007/s13577-019-00259-z. Epub 2019 May 18. PMID: 31104300. 69. Liu CC, Xia M, Zhang YJ, Jin P, Zhao L, Zhang J, Li T, Zhou XM, Tu YY, Kong F, Sun C, Shi L, Zhao MQ. Micro124-mediated AHR expression regulates the inflammatory response of chronic rhinosinusitis (CRS) with nasal polyps. Biochem Biophys Res Commun. 2018 Jun 2;500(2):145-151. doi: 10.1016/j.bbrc.2018.03.204. Epub 2018 Apr 18. PMID: 29605298. 70. Luo X, Han M, Liu J, Wang Y, Luo X, Zheng J, Wang S, Liu Z, Liu D, Yang PC, Li H. Epithelial cell-derived micro RNA-146a generates interleukin-10-producing monocytes to inhibit nasal allergy. Sci Rep. 2015 Nov 3;5:15937. doi: 10.1038/srep15937. PMID: 26526003; PMCID: PMC4630644. 71. Teng Y, Zhang R, Liu C, Zhou L, Wang H, Zhuang W, Huang Y, Hong Z. miR-143 inhibits interleukin-13-induced inflammatory cytokine and mucus production in nasal epithelial cells from allergic rhinitis patients by targeting IL13Rα1. Biochem Biophys Res Commun. 2015 Jan 30;457(1):58-64. doi: 10.1016/j.bbrc.2014.12.058. Epub 2014 Dec 18. PMID: 25529447. 72. Geng XR, Qiu SQ, Yang LT, Liu ZQ, Yang G, Liu JQ, Zeng L, Li XX, Mo LH, Liu ZG, Yang PC. Allergen-specific immune response suppresses interleukin 10 expression in B cells via increasing micro-RNA-17-92 cluster. Cell Biochem Funct. 2016 Aug;34(6):449- 36 54. doi: 10.1002/cbf.3207. Epub 2016 Aug 4. PMID: 27491928. 73. Ma Z, Shen Y, Zeng Q, Liu J, Yang L, Fu R, Hu G. MiR-150-5p regulates EGR2 to promote the development of chronic rhinosinusitis via the DC-Th axis. Int Immunopharmacol. 2018 Jan;54:188-197. doi: 10.1016/j.intimp.2017.11.011. Epub 2017 Nov 16. PMID: 29153954. 74. Wang L, Yang X, Li W, Song X, Kang S. MiR-202-5p/MATN2 are associated with regulatory T-cells differentiation and function in allergic rhinitis. Hum Cell. 2019 Oct;32(4):411-417. doi: 10.1007/s13577-019-00266-0. Epub 2019 Sep 6. PMID: 31493245. 75. Liu W, Ouyang H, Zeng Q, Luo R, Lu G. Decreased Treg-derived miR-181a and miR-155 correlated with reduced number and function of Treg cells in allergic rhinitis children. Eur Arch Otorhinolaryngol. 2019 Apr;276(4):1089-1094. doi: 10.1007/s00405-019-05304-z. Epub 2019 Jan 23. PMID: 30673848. 76. Liu W, Zeng Q, Luo R. Correlation between Serum Osteopontin and miR-181a Levels in Allergic Rhinitis Children. Mediators Inflamm. 2016;2016:9471215. doi: 10.1155/2016/9471215. Epub 2016 Apr 21. PMID: 27199509; PMCID: PMC4856918. 77. Rebane A, Runnel T, Aab A, Maslovskaja J, Rückert B, Zimmermann M, Plaas M, Kärner J, Treis A, Pihlap M, Haljasorg U, Hermann H, Nagy N, Kemeny L, Erm T, Kingo K, Li M, Boldin MP, Akdis CA. MicroRNA-146a alleviates chronic skin inflammation in atopic dermatitis through suppression of innate immune responses in keratinocytes. J Allergy Clin Immunol. 2014 Oct;134(4):836-847.e11. doi: 10.1016/j.jaci.2014.05.022. Epub 2014 Jul 2. PMID: 24996260. 78. Yang Z, Zeng B, Wang C, Wang H, Huang P, Pan Y. MicroRNA-124