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Geovana Sanches, TXXIV ANATOMIA E CIRURGIA PULMONAR ANATOMIA A parte central da caixa torácica recebe no nome de mediastino. Essa região contém o coração, o qual está envolvo pelo pericárdio, e os vasos que chegam e saem do coração (veia cava, artéria aorta, tronco pulmonar). Nas porções laterais do tórax, encontram- se os pulmões envoltos pela pleura visceral (lâmina aderida ao pulmão) e pleura parietal. O pulmão direito apresenta 3 lobos - superior, médio e inferior - enquanto o pulmão esquerdo apresenta apenas 2 - superior e inferior, sendo o superior de grande tamanho devido a incorporação do lobo médio (língula). Os lobos teoricamente deveriam ser totalmente separados, mas na cirurgia torácica isso não é sempre visualizado, ou seja, os lobos nem sempre estão livres um dos outros, o que se torna uma complicação para a cirurgia. A traqueia é o órgão responsável por conduzir o ar para os pulmões. Ela se bifurca na região da carina, originando os brônquios principais direito e esquerdo. O brônquio direito é mais verticalizado, como se fosse uma continuação da traqueia, enquanto o brônquio esquerdo a deixa à quase a 90º. Isso é de extrema importância no momento da intubação, pois a tendência da cânula traqueal é ir para a direita, sendo que o anestesista deve ter cuidado para que o aparelho não adentre no brônquio e assim, ambos os pulmões sejam englobados. Segmentos pulmonares Os segmentos são unidades de cada lobo pulmonar. Eles apresentam irrigação e divisão brônquica próprios. Na prática clínica, pode ser realizada uma segmentectomia, mas este procedimento é complicado, tendo em vista que não há uma cissura entre os segmentos no interior do lobo – não há um limite anatômico visível entre eles. Sendo assim, é mais comum que se faça uma ressecção parcial, de forma que a segmentectomia não é muito utilizada. Pulmão direito • Lobo superior direito (LSD) o Apical o Posterior o Anterior • Lobo médio (não identificar lateralidade, pois só tem do lado D) o Medial o Lateral • Lobo inferior direito (LID) o Superior o Anterior o Medial o Lateral o Posterior Pulmão esquerdo • Lobo superior esquerdo (LSE) o Ápico-posterior Geovana Sanches, TXXIV o Anterior o Língula superior o Língula inferior • Lobo inferior esquerdo (LIE) o Superior o Antero-medial o Lateral o Posterior Segmentação brônquica Os brônquios principais dão origem aos brônquios lobares, os quais por sua vez se subdividem nos brônquios segmentares. Cada um destes leva ar a um segmento bronco-pulmonar independente. Linfonodos • Intra-pulmonares (11 – 14) • Hilares (10) • Sub carinais (7) o Caso esses linfonodos estejam comprometidos, durante a dissecção, pode-se lesar os dois brônquios • Para-traqueais • Aórticos • Esofágicos (8) • Contra-laterais • Supra-claviculares o Não estão relacionados aos pulmões, sendo seu acometimento uma metástase linfonodal a distância do pulmão Ao realizar uma cirurgia oncológico, é de extrema importância identificar quais os linfonodos comprometidos, a fim de realizar o estadiamento. Nos casos de comprometimento, a ressecção é fundamental e o prognóetico do paciente é pior. Os linfonodos retirados devem ser identificados pela posição anatômica (frascos diferentes), pois pelo tipo de disseminação desse tumor há uma ideia do comprometimento. DOENÇAS PULMONARES CIRÚRGICAS Paquipleuriz Paquipleuriz refere-se ao espessamento dos dois folhetos da pleura, o que dificulta a expansão pulmonar, tornando-a mais rígida. Está associado a doença pleural, empiema, tuberculose, sangramento pleural ou mesmo infiltração neoplásica. O paciente costuma apresentar dor ao respirar e tossir. Para sua correção, faz-se a Decorticação (remoção da pleura). Não é retirado parênquima pulmonar, mas durante o procedimento sua porção periférica acaba sendo lesada. Tumores periféricos Tumores periféricos, em geral, são benignos. • Hamartoma: encontra-se bem próximo a pleura, as vezes salientetando-se nela. É Geovana Sanches, TXXIV um tumor duro (cartilaginoso), como uma bolinha de ping-pong. A remoção cirúrgica é simples. • Fibroma: tumor benigno • Tumor carcinoide: tumor benigno, mas que pode ter malignalização, sendo necessária retirada maior das margens. Neoplasias pulmonares • Adenocarcinoma • Carcinoma epidermóide • Carcinoma de grandes células • Carcinoma de pequenas células o É diferente de todos os demais, pois são extremamente graves e invasivos Incidência das formas de neoplasia pulmonar O tumor de pulmão é um dos mais frequentes que existe, assemelhando-se aos de mama, aparelho digestivo e de ovário somados. Dentre os tumores pulmonares, o mais frequente é o adenocarcinoma, que corresponde a 40% dos casos. A seguir temos o escamoso e o de grandes células. O bronquioloalveolar é o de menor incidência. Independente da incidência, o de pequenas células é o mais temido. Adenocarcinoma • Localização preferencialmente periférica (75%) • Tumor mais indiferenciado • Metástases mais precoces (principalmente no cérebro) o É o mais grave dentre os tumores não pequenas células Carcinoma espino-celular (epidermóide ou escamoso) • Localização preferencial central (2/3 dos casos) • Maior correlação com tabagismo • Evolução com cavitações intra-tumorais Carcinoma indiferenciado de grandes células • Menos frequentes, evolução desfavorável • Provavelmente são tumores mistos pouco diferenciados • Costumam ser periféricos e apresentam áreas de necrose central Carcinoma de pequenas células (oat cells, pancoast) • Geralmente são tumores mais apicais • São extremamente invasivos (mediastino, costelas, região axilar, parte posterior do tórax, comprometendo a cadeia simpática) Geovana Sanches, TXXIV • Síndrome de Claude-Bernard-Horner (manifestações do tumor de pancoast) o Miose o Ptose palpebral o Enoftalmia (olho profundo) o Parestesias o Anidrose (paciente sem sudorese) o Paralia do membro superior Estadiamento O estadiamento diz respeito a verificar os locais em que esse tumor se encontra. Pode ser auxiliado através de: • PET-Scan de corpo inteiro • Tomografia cerebral • Tomografia abdominal o Fígado o Supra-renal • Cintilografia óssea Tamanho – T • T1 – menor que 3 cm • T2 – entre 3 e 5 cm • T3 – entre 5 a 7 cm, invadindo pleura, parede torácica, pericárdio ou diafragma. Tumor próximo da carina (menos que 2 cm) • T4 – qualquer tamanho, invadindo pericárdio, grandes vasos, carina, esôfago ou com derrame pleural importante Linfonodos – N • N0 – sem linfonodos comprometidos • N1 – linfonodos hilares ipsilaterais ou peri brônquicos • N2 – linfonodos mediastinais e subcarinais • N3 – linfonodos hilars contra-laterais ou supra-claviculares Tratamento • Cirurgia o Estadio I • Cirurgia + quimioterapia o Estadio II o Estadio III (se as condições do paciente foram adequadas) • Quimioterapia + radioterapia + imunoterapia o Estadio III o Estadio IV o Carcinoma de pequenas células CIRURGIAS PULMONARES As cirurgias pulmonares podem ser realizadas através de ressecção em cunha (catalogado como segmentectomia), lobectomia (retirada de um lobo inteiro ou bilobectomia quando retiram 2 lobos) e pneumonectomia (retirada de um pulmão por completo). Elas podem ser realizadas por videolaparoscopia (segmenterctomia ou em cunha) ou tradicional (pneumonectomia). Intubação orotraqueal • Sonda de Carlens o Intubação pulmonar seletiva Detalhes cirúrgicos 1. Dissecção da veia pulmonar Geovana Sanches, TXXIV 2. Ligadura da veia pulmonar 3. Secção da cissura incompleta 4. Secção e sutura do brônquio Sutura mecânica 5. Esvaziamento ganglionar Lobectomia pulmonar esquerda Inicialmente, liga-se a pleura periaórtica até a pleura visceral, separando-as com o bisturielétrico para melhor mobilização do pulmão. Em seguida, faz-se a separação no interior do pulmão com bisturi elétrico e a ligadura e secção das veias pulmonares. O segundo passo da cirurgia deve ser ligar as veias pulmonares pois o manuseio do pulmão com compressão da região do pulmão pode liberar as células neoplásicas. Por isso, deve-se ressecar as veias pulmonares antes das artérias. A seguir, faz-se ligaduras e secção dos ramos da artéria pulmonar inferior e separação do lobo inferior. Por último, a sutura mecânica do brônquio (com grampos de titânio).