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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA SUL-RIO-GRANDENSE CAMPUS SAPUCAIA DO SUL CURSO SUPERIOR DE ENGENHARIA MECÂNICA MÓDULO DIDÁTICO DE DEFLEXÃO WALDO CRUZ DA ROSA Orientador: Prof. Dr. Tomaz Fantin de Souza Sapucaia do Sul 2019 ii WALDO CRUZ DA ROSA MÓDULO DIDÁTICO DE DEFLEXÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Instituto Federal Sul-rio- grandense, Campus de Sapucaia do Sul, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Engenheiro Mecânico. Orientador: Prof. Dr. Tomaz Fantin de Souza Sapucaia do Sul 2019 iii WALDO CRUZ DA ROSA MÓDULO DIDÁTICO DE DEFLEXÃO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Instituto Federal Sul-rio- grandense, Campus de Sapucaia do Sul, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Engenheiro Mecânico. Aprovado em 06 de dezembro de 2019. BANCA EXAMINADORA _________________________________________ Prof. Dr. Carlos Alberto Schuch Bork - IFSUL _________________________________________ Prof. Dr. Eduardo Cristiano Milke - IFSUL iv Dedico ao meu pai (in memoriam) e à minha mãe. v AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais, por terem me dado a vida e fazerem com que nunca deixasse de lado a busca pela educação. À minha esposa, Juliana Venturini, pela paciência e compreensão durante o período da graduação. Ao meu irmão, Grégori Cruz da Rosa, pelo apoio técnico durante a execução do trabalho de conclusão. Ao meu primo, Gabriel Rosa Estaite, pelo determinante incentivo à busca pela educação pública superior. Ao meu orientador, Professor Dr. Tomaz Fantin de Souza, pela parceria ao longo de todo o trabalho e a amizade construída ao longo do curso. Aos meus amigos adquiridos no Instituto, em especial Maurício Cardozo, Rafael Bonaci, Ronaldo Carvalho, David Mota, Caroline Carabajal e Chrissie Penafiel. Agradeço, também, ao Professor Ms. Carlos Alexandre Wurzel e ao técnico responsável pelo laboratório de Usinagem do IFSUL, Câmpus Sapucaia do Sul, Sr. Jocelito Silveira Torres, além de alunos voluntários, pelo fundamental apoio na fabricação das peças usinadas do projeto. Por fim, mas tão importante quanto, agradeço ao corpo docente e à equipe diretiva do IFSUL, Câmpus Sapucaia do Sul, por toda a dedicação em proporcionar, sempre, educação pública, gratuita e de qualidade. vi RESUMO Neste trabalho foi projetado e construído um dispositivo capaz de promover e medir a deflexão em uma viga com a aplicação de uma força conhecida. No projeto, foi empregada simulação computacional através do método de elementos finitos para avaliar as tensões e os deslocamentos máximos da estrutura perante a carga aplicada durante a execução de ensaios. Por meio da simulação computacional, verificou-se que a estrutura não deveria apresentar deslocamentos superiores a 0,05 mm, limite estabelecido como requisito no projeto. Um teste experimental de flexão foi conduzido para avaliar os deslocamentos da estrutura do dispositivo em virtude da aplicação da carga de ensaio. Esse teste consistiu em submeter um corpo de prova a uma carga concentrada de 5000 N, aplicada na metade do seu comprimento, e medir os deslocamentos em pontos determinados do equipamento. Os resultados mostraram que os deslocamentos da estrutura do equipamento alcançaram valores abaixo do limite permitido. Um ensaio de flexão foi realizado no módulo, com cargas de 3000 N, 4000 N e 5000 N, no qual os resultados das duas últimas cargas apresentaram coeficiente de determinação, R², de 0,6171 e 0,7714. Os resultados mostraram variações 3% menores comparados a valores teóricos obtidos por cálculo, a partir do método da superposição, e por simulação computacional. Na comparação do módulo de elasticidade calculado a partir dos resultados do ensaio, com valores presentes na literatura para o material dos corpos de prova, a variação foi de 3,22%. Tendo em vista que os requisitos do projeto foram atendidos e considerando os baixos índices de variação dos resultados do ensaio, comparados aos valores teóricos, entendeu-se como validado o projeto dentro do caráter didático da proposta do trabalho. Palavras-chave: Deflexão. Simulação computacional. Projeto. vii LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Forças atuantes em um corpo (HIBBELER, 2010) ................................................... 5 Figura 2 – Aplicação do método das seções: (a) Seção de corte, (b) Cargas resultantes ........... 5 Figura 3 – Componentes de FR e MRO (HIBBELER, 2010) ....................................................... 6 Figura 4 – Corpo sujeito a cargas coplanares: (a) Forças externas; (b) Componentes na seção (HIBBELER, 2010) .................................................................................................................... 7 Figura 5 – Alongamento ocasionado por esforço de tração (BEER et al, 2011) ........................ 8 Figura 6 - Componente sujeito a cisalhamento (GERE; GOODNO, 2010) ............................... 9 Figura 7 – Sistema de coordenadas da área ΔA (HIBBELER, 2010) ........................................ 9 Figura 8 – Ensaio de tração: (a) Corpo de prova; (b) Máquina de ensaios (BEER et al, 2011) .................................................................................................................................................. 11 Figura 9 – Diagrama tensão-deformação de um aço estrutural (sem escala) (HIBBELER, 2010) ......................................................................................................................................... 11 Figura 10 – Exemplos de vigas submetidas a esforços laterais (GERE; GOODNO, 2010). ... 13 Figura 11 – Tipos de vigas: (a) Viga simples; (b) Viga engastada; (c) Viga simples em balanço (GERE; GOODNO, 2010) .......................................................................................... 13 Figura 12 – Convenção de sinais: (a) Cortante e momento; (b) Cargas (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010; BEER et al, 2011) ....................................................................................... 14 Figura 13 – Relações de carga concentrada (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010) ............. 15 Figura 14 – Curvatura da viga fletida: (a) Carga aplicada; (b) Curva de deflexão (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010) ......................................................................................................... 15 Figura 15 – Deformações em uma viga: (a) Trecho inicialmente reto; (b) Seção transversal; (c) Viga deformada (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010) .................................................. 16 Figura 16 – Curva de deflexão de uma viga engastada: (a) Aplicação da carga; (b) Curva de deflexão; (c) Relação da deflexão com a curvatura (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010) . 17 Figura 17 – Condições de contorno das equações de deflexão (Adaptado de HIBBELER, 2010) ......................................................................................................................................... 18 Figura 18 – Exemplos de aplicação do método da superposição (Adaptado de HIBBELER, 2010) ......................................................................................................................................... 19 Figura 19 – Aplicabilidade do Teorema de Castigliano: (a) Cargas aplicadas; (b) Deflexões correspondentes calculáveis (GERE; GOODNO, 2010) .......................................................... 20 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821443file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821444 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821445 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821446 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821446 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821447 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file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821458 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821458 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821459 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821459 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821460 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821460 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821461 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821461 viii Figura 20 – Modelos discretizados: (a) Estruturas reticuladas; (b) Elementos estruturais conectados continuamente (Adaptado de ALVES FILHO, 2000) ........................................... 21 Figura 21 – Elemento de barra sujeito a esforço normal (HUTTON, 2004) ............................ 22 Figura 22 – Formulação e cálculo do problema (Adaptado de NORTON, 2013).................... 25 Figura 23 - Diagrama de blocos da metodologia ...................................................................... 28 Figura 24 – Vista de conjunto do equipamento ........................................................................ 29 Figura 25 - Simulação dos deslocamentos da estrutura ............................................................ 30 Figura 26 - Simulação de tensões: peças em chapa .................................................................. 30 Figura 27 - Simulação de tensões: componentes de viga ......................................................... 31 Figura 28 - Peças cortadas por oxicorte.................................................................................... 31 Figura 29 - Chapa aparafusada na mesa ................................................................................... 32 Figura 30 - Peças para fixação da célula de carga .................................................................... 32 Figura 31 - Cotas do corpo de prova ........................................................................................ 33Figura 32 - Pontos medidos e orientação dos eixos ................................................................. 33 Figura 33 - Posicionamento dos relógios comparadores em dois pontos de medição do teste: (a) Ponto 2; (b) Ponto 5 ............................................................................................................ 34 Figura 34 - Corpos de prova ..................................................................................................... 34 Figura 35 - Posicionamento do corpo de prova e dos relógios comparadores no ensaio ......... 35 Figura 36 - (a) Vigas da estrutura base; (b) Nervuras da estrutura base .................................. 37 Figura 37 - Montagem da estrutura: (a) Travamento temporário dos componentes; (b) Cordão de solda; (c) Equipamento de soldagem ................................................................................... 38 Figura 38 - Componentes de força: (a) Célula de carga; (b) Apoios e reforço axial ................ 38 Figura 39 - Gráfico de dispersão dos resultados dos ensaios de flexão ................................... 40 Figura 40 - Estimativa de valores de deflexão por simulação computacional ......................... 41 Figura 41 - Gráfico comparativo entre os resultados teóricos e do ensaio ............................... 42 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821462 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821462 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821463 file:///C:/Users/Waldo%20Rosa/Dropbox/IFSUL/ENGENHARIA%20MECÂNICA/DISCIPLINAS/TCC/MÓDULO%20DIDÁTICO%20DE%20MECÂNICA%20DOS%20SÓLIDOS/TCC%20-%20WALDO%20ROSA%20-%202019_2%20-%20REVISADO%20APÓS%20APRESENTAÇÃO.docx%23_Toc26821464 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2013). ........................................................................................................................................ 24 Tabela 2 – Classes de solicitações (NORTON, 2013).............................................................. 26 Tabela 3 - Fatores utilizados para determinar um coeficiente de segurança para materiais dúcteis (NORTON, 2013)......................................................................................................... 27 Tabela 4 - Requisitos do projeto ............................................................................................... 28 Tabela 5 - Dimensões do corpo de prova ................................................................................. 33 Tabela 6 - Cargas aplicadas nos ensaios ................................................................................... 35 Tabela 7 - Deslocamentos do equipamento .............................................................................. 39 Tabela 8 - Resultados dos ensaios de flexão (mm) .................................................................. 40 Tabela 9 - Valores calculados de deflexão pelo método da superposição ................................ 41 Tabela 10 - Variação dos resultados do ensaio em relação aos valores teóricos ...................... 42 x LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS A área C centroide, constante de integração c distância da linha neutra para a superfície externa de uma viga d matriz de deslocamentos E módulo de elasticidade F força, matriz de forças I momento de inércia de uma figura plana k matriz de coeficientes de rigidez L comprimento M momento fletor N força normal ou axial P força, carga concentrada q intensidade de carga distribuída (força por distância unitária) T torque, momento torçor U energia de deformação u deslocamento nodal V força cortante, força de cisalhamento W trabalho w intensidade de carga distribuída (força por distância unitária) x, y, z eixos retangulares (origem no ponto O) δ deflexão de uma viga, deslocamento, alongamento ou elongação de uma barra ε deformação normal κ curvatura ν deflexão de uma viga ρ raio de curvatura σ tensão normal σe tensão de escoamento σlp tensão de limite proporcional σrup tensão de ruptura σu tensão máxima τ tensão de cisalhamento xi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................... VII LISTA DE TABELAS ........................................................................................................... IX LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ..................................................... X 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 3 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...................................................................................... 4 3.1 Mecânica dos Materiais .................................................................................................. 4 3.1.1 Equilíbrio de um Corpo Deformável .............................................................................. 4 3.1.2 Tensão ............................................................................................................................. 7 3.1.3 Propriedades mecânicas dos materiais .......................................................................... 10 3.2 Vigas ............................................................................................................................... 13 3.2.1 Forças cortantes e momentos fletores ........................................................................... 14 3.2.2 Tensões normais em vigas ............................................................................................ 15 3.3 Deflexão de vigas de seção constante ........................................................................... 17 3.3.1 O método da superposição ............................................................................................ 18 3.3.2 O método de Castigliano .............................................................................................. 19 3.4 Análise por Elementos Finitos ...................................................................................... 20 3.4.1 Histórico ....................................................................................................................... 20 3.4.2 Definição....................................................................................................................... 21 3.5 Projeto mecânico ........................................................................................................... 23 3.5.1 Metodologia de Projetos ............................................................................................... 24 3.5.2 Formulação e Cálculo do Problema .............................................................................. 25 3.5.3 Dimensionamento e Fator de Segurança ...................................................................... 26 4 METODOLOGIA ............................................................................................................. 28 xii 4.1 Desenvolvimento do módulo ......................................................................................... 28 4.1.1 Projeto ........................................................................................................................... 28 4.1.2 Preparação das peças .................................................................................................... 31 4.2 Teste do Equipamento ................................................................................................... 32 4.3 Ensaio de Flexão Conduzido no Módulo ..................................................................... 34 4.3.1 Preparação dos Corpos de Prova .................................................................................. 34 4.3.2 Procedimento ................................................................................................................ 35 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 37 5.1 Montagem do equipamento .......................................................................................... 37 5.2 Medição dos deslocamentos do equipamento ............................................................. 39 5.3 Ensaio de Flexão ............................................................................................................ 39 5.4 Estimativa de valores teóricos de deflexão .................................................................. 41 5.5 Comparação dos resultados do ensaio com valores teóricos ..................................... 42 6 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 44 7 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................... 46 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 47 ANEXO 1 - CERTIFICADO DE QUALIDADE DO MATERIAL DOS CORPOS DE PROVA .................................................................................................................................... 49 1 1 INTRODUÇÃO Diante da realidade de alunos cada vez mais interessados em visualizar, fisicamente, aquilo que estudam, a adoção de ferramentas interativas nas aulas mostra-se uma interessante alternativa didática aos professores de disciplinas de mecânica aplicada. Estas que, por vezes, muito ficam presas a conceitos teóricos, até mesmo de difícil compreensão para aqueles não muito familiarizados com determinados temas. Fontoura, Matos e Silva (2019), destacam que quase 80% dos alunos envolvidos em sua pesquisa disseram ter obtido bons resultados na visualização dos conteúdos quando desenvolvido o chamado trabalho discente efetivo - TDE, no qual atividades práticas são desenvolvidas pelos alunos. Rosário (et al, 2019) constata que uma união coesa entre teoria e prática diminui abstrações, fazendo com que dificuldades surjam para serem superadas com esforço próprio do aluno, além de explorar habilidades cognitivas que não necessariamente afloram quando trabalhados apenas os problemas idealizados, inerentes do ensino tradicional. Uma das áreas mais importantes da engenharia, tal como é a mecânica dos sólidos, demanda justamente essa necessidade do aluno enxergar, como ocorrem na prática, os fenômenos estudados em aula. Atendendo a essa necessidade, este trabalho busca proporcionar, aos alunos das disciplinas de mecânica dos sólidos, uma maneira de visualizar, fisicamente, os efeitos da deflexão em vigas, que sabidamente são importantes componentes estruturais. A implementação de recursos como este, além de enriquecer o ensino, desperta no aluno a ideia de que a aplicação dos conhecimentos adquiridos ao longo da graduação pode converter-se em capacidade de criação e materialização da criatividade, uma vez que sua construção envolve projeto e prática de diversas atividades técnicas relacionadas a processos de fabricação, ensaios de materiais entre tantas outras. Numa breve abordagem sobre sustentabilidade, de acordo com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente (1988, p. 9, apud OLIVEIRA et al, 2012, p. 71), o termo significa “[...] a capacidade de satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades”. Segundo Elkington (1994, apud OLIVEIRA et al, 2012) a sustentabilidade, de forma plena, é composta por três pilares: Econômico, que visa a criação de empreendimentos viáveis, atraentes a investidores; Ambiental, que analisa a interação de processos com o meio ambiente sem a ocorrência de danos permanentes; e Social, voltado ao estabelecimento de ações justas para trabalhadores, parceiros e sociedade. 2 Oliveira (et al, 2012), ao estabelecer um cruzamento entre objetivos-macro integrantes de aspectos estratégicos de planejamento e os três pilares da sustentabilidade, avalia que aprendizado e conhecimento, quando relacionados ao pilar social, culminam em desenvolvimento cultural e educacional das partes interessadas do processo, as quais, logicamente, fazem parte da sociedade como um todo. Nesse contexto, a construção de uma ferramenta que aprimore a qualidade didática praticada em cursos de nível técnico e superior fortalece a instituição de ensino e, com isso, a consolida como referência para organizações que possam, por exemplo, vir a buscar parcerias para pesquisa e capacitação de pessoal, na busca pela sustentabilidade social de seus negócios. 3 2 OBJETIVOS O objetivo geral do trabalho é desenvolver um sistema capaz de promover e medir a deflexão causada em uma viga em virtude da aplicação de uma força conhecida. Os objetivos específicos são listados abaixo: a) Projetar e construir um equipamento assemelhado a uma prensa; b) Medir os deslocamentos da estrutura do equipamento durante um ensaio de flexão; c) Realizar um ensaio de flexão com o equipamento; d) Analisar os dados obtidos para validação do projeto. 4 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Mecânica dos Materiais A mecânica dos materiais, também denominada resistência dos materiais ou mecânica de corpos deformáveis, é um ramo da mecânica aplicada que lida com o comportamento de corpos sólidos sujeitos a diversos tipos de carregamentos. A mecânica dos materiais tem como principal objetivo determinar as tensões, deformações e deslocamentos em estruturas e seus componentes devido à ação de cargas aplicadas sobre eles (GERE; GOODNO, 2010). 3.1.1 Equilíbrio de um Corpo Deformável Através da estática, procura-se uma relação de equilíbrio entre cargas externas e reações de apoio, sendo as cargas externas subdivididas, principalmente, em forças de superfície e forças de corpo (HIBBELER, 2010). Segundo Hibbeler (2010), as forças de superfície são aquelas causadas pelo contato de um corpo na superfície do outro. Em todos os casos, essas forças estão distribuídas pela área de contato entre os corpos. Quando essa área é pequena, a força de superfície pode ser idealizada como uma única força concentrada, aplicadaa um ponto do corpo. Por outro lado, quando a carga de superfície é aplicada ao longo de uma área estreita, ela pode ser idealizada como uma carga distribuída linear, w(s). Nesta condição, a carga é medida como se tivesse uma intensidade de força/comprimento ao longo da área. A força resultante FR de w(s) é aquela equivalente à área sob a curva da carga distribuída, e essa resultante age no centroide C (centro geométrico) dessa área. A carga ao longo do comprimento de uma viga é um exemplo típico de aplicação frequente dessa idealização. Hibbeler (2010) define como força de corpo aquela desenvolvida quando um corpo exerce uma força sobre outro, sem contato físico direto entre eles. Normalmente é representada por uma única força concentrada que age sobre ele. No caso da gravidade, um importante exemplo de força de corpo, essa força é denominada peso do corpo e age no centro de gravidade deste. A Figura 1 mostra a representação dessas forças. As reações de apoio são forças de superfície que se desenvolvem nos apoios ou pontos de contato entre corpos. Segundo Hibbeler (2010, p. 2), Se o apoio impedir a translação em uma determinada direção, então uma força deve ser desenvolvida no elemento naquela direção. Da mesma forma, se o apoio impedir a rotação, um momento deve ser exercido no elemento. 5 O equilíbrio de um corpo exige um equilíbrio de forças para impedir a translação ou um movimento acelerado deste corpo ao longo de uma trajetória reta ou curva; e um equilíbrio de momentos, para impedir que o corpo gire. Ao estipular-se um sistema de coordenadas x, y, z com origem no ponto O, os vetores força e momento podem ser resolvidos em componentes ao longo dos eixos coordenados, expressos matematicamente por Hibbeler (2010) e Beer (et al, 2012) como demonstrado na Equação (1). ∑𝐹𝑥 = 0 ∑𝐹𝑦 = 0 ∑𝐹𝑥 = 0 ∑𝑀𝑥 = 0 ∑𝑀𝑦 = 0 ∑𝑀𝑧 = 0 (1) Para conhecer as forças internas (resposta do material às cargas externas) que agem sobre uma região específica no interior de um corpo, segundo Hibbeler (2010), é necessário usar o método das seções, o qual exige que seja aplicado um corte imaginário passando pela região onde as cargas internas deverão ser determinadas. Com as duas partes do corpo então separadas, desenha-se o diagrama de corpo livre de uma das partes. Observa-se uma distribuição de força interna agindo sobre a área exposta da seção. Essas forças representam os efeitos do material que está na parte superior do corpo agindo no material adjacente na parte inferior. A Figura 2 ilustra a aplicação do método. Figura 1 – Forças atuantes em um corpo (HIBBELER, 2010) Figura 2 – Aplicação do método das seções: (a) Seção de corte, (b) Cargas resultantes (HIBBELER, 2010) 6 Ao se utilizar o método das seções, é preciso relacionar as cargas resultantes FR e MRO em termos de suas componentes que agem normal ou perpendicularmente à área secionada e no interior do plano da área (Figura 3). Hibbeler (2010) divide as cargas resultantes definíveis em quatro tipos diferentes, a saber: a) Força normal, N: Força que age perpendicularmente à área e se desenvolve sempre que as cargas externas tendem a empurrar ou puxar os dois segmentos do corpo. b) Força de cisalhamento, V: Força que se encontra no plano da área e é desenvolvida quando as cargas externas tendem a provocar o deslizamento de um dos segmentos do corpo sobre o outro. c) Momento torçor ou torque, T: Efeito desenvolvido quando as cargas externas tendem a torcer um segmento do corpo com relação ao outro. d) Momento fletor, M: Causado pelas cargas externas que tendem a fletir o corpo em torno de um eixo que se encontra no plano da área. De acordo com Hibbeler (2010), quando o corpo é submetido a um sistema de forças coplanares (Figura 4a), haverá, na seção, apenas componentes da força normal, força de cisalhamento e momento fletor (Figura 4b). Se forem utilizados os eixos coordenados x, y, z com origem no ponto O, a solução direta para N pode ser obtida aplicando-se ΣFx = 0, e V pode ser obtida diretamente de ΣFy = 0. Por fim, o momento fletor MO pode ser determinado diretamente pela soma dos momentos em torno do ponto O (eixo z), ΣFZ = 0, de modo a eliminar os momentos causados pelas forças desconhecidas N e V. Figura 3 – Componentes de FR e MRO (HIBBELER, 2010) 7 3.1.2 Tensão A definição das cargas internas resultantes na seção de um componente mecânico é de vital importância durante seu projeto, mas o conhecimento dos seus valores não garante que elas possam ser suportadas com segurança. O estudo realizado para compreender se esse componente irá ou não resistir aos esforços a ele aplicados depende, também, da área da seção e do material empregado em sua construção. Se o componente irá ou não quebrar sob efeito de uma carga, dependerá da capacidade do material em resistir ao valor obtido da relação entre essa carga e a área da seção, sendo que a essa relação dá-se o nome de tensão (BEER et al, 2011). Por meio da divisão da intensidade P da resultante das forças internas distribuídas na seção transversal, pela área A desta seção, obtém-se a tensão normal média, σ, de acordo com a Equação (2). Quando se deseja conhecer a tensão normal em um ponto específico na seção transversal, é necessário dividir uma intensidade, ΔF, por uma pequena área considerada, ΔA, conforme a Equação (3). 𝜎 = 𝑃 𝐴 (2) Figura 4 – Corpo sujeito a cargas coplanares: (a) Forças externas; (b) Componentes na seção (HIBBELER, 2010) 8 𝜎 = lim ∆𝐴→0 ∆𝐹 ∆𝐴 (3) Em unidades SI, sendo a força expressa em Newtons (N) e a área em metros quadrados (m²), a tensão tem unidades N/m², conhecido como pascal (Pa). Contudo, por ser uma unidade muito pequena, em engenharia é amplamente empregado um múltiplo dessa unidade, o megapascal (MPa), medido em Newtons por milímetro quadrado (N/mm²) (BEER et al, 2011; GERE; GOODNO, 2010; HIBBELER, 2010). Um corpo, quando submetido a uma tensão normal de tração, tende a aumentar seu comprimento inicial L, isto é, sofre um alongamento δ (ver Figura 5). Quando a tensão é de compressão, ocorre o efeito contrário, causando uma diminuição em seu comprimento inicial, representado também por δ. Ao adotar-se uma convenção de sinais para tensões normais, é atribuído à tração o sinal positivo, enquanto a compressão recebe o sinal negativo (GERE; GOODNO, 2010). O alongamento, de acordo com Gere & Goodno (2010), quando dividido pelo comprimento inicial de um corpo, resulta em um alongamento por unidade de comprimento, ε, como mostra a Equação (4). A deformação é admensional. 𝜀 = 𝛿 𝐿 (4) Figura 5 – Alongamento ocasionado por esforço de tração (BEER et al, 2011) 9 Segundo Gere & Goodno (2010), quando um corpo é submetido a esforços tangenciais à sua seção transversal (Figura 6), um tipo diferente de tensão é obtido. As cargas internas resultantes, neste caso, são desenvolvidas no plano da seção transversal, e são denominadas forças de cisalhamento. A intensidade V de sua resultante é a força cortante na seção e a tensão de cisalhamento média, τméd, é obtida a partir da divisão de V pela área A da seção, como mostra a Equação (5). Para conhecer a tensão de cisalhamento em um ponto específico da seção, Hibbeler (2010) destaca que é necessário avaliar as componentes das tensões cisalhantes em duas direções, visto que se trata de uma distribuição sobre um plano. Ao adotar um sistema de coordenadas x, y, z, para análise de uma pequena área considerada, ΔA, (Figura 7), estas componentes são calculadas pela Equação (6). 𝜏𝑚é𝑑 = 𝑉 𝐴 (5) Figura 6 - Componente sujeito a cisalhamento (GERE; GOODNO, 2010) Figura 7 – Sistema de coordenadas da área ΔA (HIBBELER, 2010) 10 3.1.3 Propriedades mecânicas dos materiais Seguidamente, a determinação do comportamento mecânico dos materiais empregados em projetosde máquinas e estruturas é possível exclusivamente por meio de testes onde pequenos corpos de prova são submetidos a carregamentos para que então se meçam as deformações resultantes, como mudanças de comprimento e diâmetro (GERE; GOODNO, 2010). Segundo Garcia, Spim e Santos (2012), os testes (em sua abordagem denominados de ensaios) podem ser destrutivos, com inutilização total ou parcial do elemento ensaiado; ou não destrutivos, nos quais a integridade do elemento é preservada. Além disso, os classificam, ainda, com relação à velocidade de aplicação da carga. Neste contexto, existem os ensaios estáticos, os dinâmicos e os de carga constante. Os ensaios estáticos ocorrem com aplicação de carga suficientemente lenta, induzindo a uma sucessão de estados de equilíbrio e englobam os testes de tração, compressão, flexão, dureza e torção. Os ensaios dinâmicos, com cargas aplicadas rápida ou ciclicamente, incluem a análise de fadiga e impacto. Por fim, o ensaio de carga constante envolve carga aplicada por um longo período de tempo e examina a fluência. Todos estes ensaios podem ser aplicados em peças, modelos, amostras ou corpos de prova padronizados (GARCIA; SPIM; SANTOS, 2012). Conforme Garcia, Spim e Santos (2012), o ensaio de tração é o mais amplamente utilizado para avaliação das propriedades mecânicas dos materiais e isso se deve ao fato de ser um ensaio relativamente simples, de aplicação rápida e que fornece informações importantes e primordiais para o projeto e fabricação de peças e componentes. No ensaio de tração, o corpo de prova (Figura 8a) é colocado entre as garras da máquina de teste (Figura 8b) e então carregado em tração. Sistemas de medida armazenam as deformações, enquanto o controle automático e os sistemas de processamento de dados tabelam e fazem o registro gráfico dos resultados (GERE; GOODNO, 2010). A partir dos resultados obtidos em um ensaio de tração, é possível calcular diversos valores da tensão e da deformação correspondentes no corpo de prova e, com isso, elaborar um importante gráfico no qual a curva resultante é denominada diagrama tensão-deformação (HIBBELER, 2010). 𝜏𝑧𝑥 = lim ∆𝐴→0 ∆𝐹𝑥 ∆𝐴 𝜏𝑧𝑦 = lim ∆𝐴→0 ∆𝐹𝑦 ∆𝐴 (6) 11 A tensão axial é calculada dividindo-se a carga P aplicada pela área A da seção transversal do corpo de prova - Equação (2). Quando a área inicial do corpo de prova é utilizada, a tensão é chamada de tensão nominal ou tensão de engenharia. Se for empregada a área real da região onde a falha ocorre, a tensão é dita verdadeira ou natural. A deformação axial média nominal ε é calculada dividindo-se o alongamento medido δ entre marcações efetuadas ao longo do comprimento padrão inicial L0 (Figura 8a) pelo próprio comprimento padrão inicial L0 - Equação(2). Uma vez que a distância entre as marcas de medida aumenta enquanto a carga é aplicada, a deformação verdadeira (ou natural) pode ser calculada, em qualquer valor de carga, usando a distância real entre essas marcas (GERE; GOODNO, 2010). Hibbeler (2010) e Gere & Goodno (2010) concordam que o aço estrutural possui grande importância na engenharia e discorrem sobre o seu diagrama tensão-deformação (Figura 9). Figura 8 – Ensaio de tração: (a) Corpo de prova; (b) Máquina de ensaios (BEER et al, 2011) Figura 9 – Diagrama tensão-deformação de um aço estrutural (sem escala) (HIBBELER, 2010) 12 Na região elástica, a curva é, na verdade, uma linha reta em quase toda a área, de modo que a tensão é proporcional à deformação, isto é, o material é linearmente elástico. O limite superior da tensão nessa relação linear é denominado limite de proporcionalidade, σlp. Caso a tensão ultrapasse ligeiramente o limite de proporcionalidade, o material ainda pode responder de maneira elástica, mas a reta tende a encurvar-se. Até o limite de elasticidade, o corpo de prova retornará à sua forma inicial quando removida a carga (HIBBELER, 2010). Segundo Gere & Goodno (2010), a inclinação da parte reta da curva é denominada módulo de elasticidade. Quando a tensão ultrapassa o limite de proporcionalidade, ocorre um alongamento considerável do corpo de prova sem um aumento notável da força de tração. Neste momento acontece o escoamento do material e tem-se a tensão de escoamento, σe. Na região do escoamento, o alongamento do aço estrutural é tipicamente 10 a 15 vezes o alongamento que ocorre na fase linear. Por este motivo o gráfico é apresentado fora de escala (GERE; GOODNO, 2010). Posteriormente, o aço começa a recuperação (ou encruamento), que faz com que o alongamento exija um aumento na carga de tração, até que esta atinja um valor máximo, com uma consequente tensão normal máxima, σu. Um maior estiramento na barra é acompanhado de uma redução na carga até que a fratura finalmente ocorra (GERE; GOODNO, 2010). Hibbeler (2010, p. 59) destaca que, pelo diagrama tensão-deformação real, no entanto, “a área real A no interior da região de estricção diminui sempre até a ruptura, σrup, portanto, na verdade, o material suporta tensão crescente, visto que σ = P/A”. Segundo o autor, “embora os diagramas tensão-deformação convencional e real sejam diferentes, a maioria dos projetos de engenharia fica dentro da faixa elástica, pois, em geral, a distorção do material não é severa dentro dessa faixa”. A relação linear entre tensão e deformação para uma barra em tração ou compressão simples é chamada de Lei de Hooke, e é representada pela Equação (7), na qual E representa o módulo de elasticidade (GERE; GOODNO, 2010). 𝜎 = 𝐸. 𝜀 (7) 13 3.2 Vigas As vigas são peças estruturais submetidas a forças e momentos com vetores perpendiculares ao eixo da barra. Quando as cargas agem no mesmo plano, e se todos os deslocamentos ocorrerem nele, as vigas (Figura 10) são ditas estruturas planas e o referido plano é denominado plano de flexão (GERE; GOODNO, 2010). Usualmente, as vigas são classificadas pela maneira como estão apoiadas. A viga simplesmente apoiada, ilustrada na Figura 11a, conta com um apoio de pino, ou articulação (extremidade A) em uma extremidade e um apoio de rolete na outra (extremidade B). O apoio de pino impede a translação vertical e horizontal de uma viga, mas não restringe sua rotação, enquanto o apoio de rolete impede somente a translação no sentido vertical. Na viga engastada, ou em balanço (Figura 11b), o apoio evita translação e rotação da extremidade apoiada, enquanto que extremidade pode ter ambos os movimentos. Por fim, a viga simples em balanço, ilustrada pela Figura 11c, conta com apoio fixo na extremidade A e apoio móvel no ponto B. Neste caso, a parte que se estende além do ponto B se assemelha à viga em balanço, com a diferença de que pode girar neste ponto B (GERE; GOODNO, 2010). A Figura 11 mostra, também, diversos tipos de carregamentos que podem atuar sobre vigas. Cargas concentradas são representadas pelas forças P1, P2, P3, e P4. O carregamento q (Figura 11a) representa um carregamento uniformemente distribuído, enquanto que o carregamento com variação linear é ilustrado pela distribuição q1-q2 (Figura 11b) (GERE; GOODNO, 2010). Figura 10 – Exemplos de vigas submetidas a esforços laterais (GERE; GOODNO, 2010). Figura 11 – Tipos de vigas: (a) Viga simples; (b) Viga engastada; (c) Viga simples em balanço (GERE; GOODNO, 2010) 14 3.2.1 Forças cortantes e momentos fletores A determinação de tensões e deformações internas de uma viga depende do conhecimento das forças e momentos internos que atuam nas seções transversais desta viga. Com relação às tensões, a estática estabelece que sua resultante pode ser reduzida a uma força cortante V e a um momento fletor M (GERE; GOODNO, 2010). Hibbeler (2010) e Gere & Goodno (2010) adotam uma convenção de sinais particular para V, M e os carregamentos, determinada pelo modo como a tensão resultante deforma o material em que atua.Desta forma, a força cortante positiva tende a girar o material no sentido horário, um momento fletor positivo comprime a parte superior da viga e as cargas, distribuídas (q) ou concentradas (P1 e P2), são positivas quando atuam para baixo na viga. O sinal negativo é aplicado para as condições opostas. A Figura 12 ilustra essa convenção. Gere & Goodno (2010) destacam, no entanto, que para as equações de equilíbrio deve ser empregada a convenção de sinais da estática, na qual as forças são positivas ou negativas de acordo com sua direção em relação aos eixos de coordenadas e os momentos são positivos no sentido anti-horário. Forças cortantes e momentos fletores ao longo de uma viga podem ser investigados através de relações destes com as cargas, de acordo com a Equação (8) (GERE; GOODNO, 2010). O resultado de dV/dx = 0 condiz com dV/dx = -q, uma vez que não há carga distribuída e sim uma carga concentrada, P, concentrada. Da mesma forma, se forem tomadas as derivadas dM/dx, se chegará às expressões de V, comprovando que dM/dx = V (GERE; GOODNO, 2010). No caso de uma carga concentrada, toma-se como exemplo a viga ilustrada na (Figura 13) e explicitado, com utilização do método das seções, pela Equação (9) (GERE; GOODNO, 2010). 𝑑𝑉 𝑑𝑥 = −𝑞 𝑑𝑀 𝑑𝑥 = 𝑉 (8) Figura 12 – Convenção de sinais: (a) Cortante e momento; (b) Cargas (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010; BEER et al, 2011) 15 3.2.2 Tensões normais em vigas Quando cargas são aplicadas a uma viga, seu eixo longitudinal é deformado em uma curva, de maneira que as tensões e deformações resultantes são diretamente relacionadas à curvatura da curva de flexão. A Figura 14 mostra as características geométricas de uma curva de deflexão1 (GERE; GOODNO, 2010). 1 Ver seção 3.3 𝑅𝐴 = 𝑃𝑏 𝐿 𝑅𝐵 = 𝑃𝑎 𝐿 𝑉 = 𝑅𝐴 = 𝑃𝑏 𝐿 𝑀 = 𝑅𝐴𝑥 = 𝑃𝑏𝑥 𝐿 (0 < 𝑥 < 𝑎) 𝑉 = 𝑅𝐴 − 𝑃 = 𝑃𝑏 𝐿 − 𝑃 = − 𝑃𝑎 𝐿 (𝑎 < 𝑥 < 𝐿) 𝑀 = 𝑅𝐴𝑥 − 𝑃(𝑥 − 𝑎) = 𝑃𝑏𝑥 𝐿 − 𝑃(𝑥 − 𝑎) = 𝑃𝑎 𝐿 (𝐿 − 𝑥) (𝑎 < 𝑥 < 𝐿) 𝑀𝑀Á𝑋 = 𝑃𝑎𝑏 𝐿 (9) Figura 13 – Relações de carga concentrada (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010) Figura 14 – Curvatura da viga fletida: (a) Carga aplicada; (b) Curva de deflexão (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010) 16 A distância m1O’ da curva ao centro de curvatura é chamada raio de curvatura, ρ, sendo o seu inverso denominado curvatura, κ, de acordo com a Equação (10) (GERE; GOODNO, 2010). A partir da geometria do triângulo O’m1m2, tem-se que ρdϴ = ds, onde dϴ é o ângulo infinitesimal entre as normais e ds é a distância infinitesimal ao longo da curva entre m1 e m2. Combinando essa relação com a Equação (10) e, admitindo que as deflexões em vigas sejam usualmente muito pequenas em comparação ao seu comprimento, chega-se à Equação (11), na qual se admite que a distância ds ao longo da curva pode ser considerada igual à sua projeção horizontal dx (GERE; GOODNO, 2010). Ao se analisar um trecho de viga inicialmente reto, submetido a momentos fletores M (Figura 15a), com a consequente deflexão no plano xy, é observado que seções transversais da viga, tais como mn e pq, permanecem planas e normais ao seu eixo longitudinal. De acordo com a Figura 15c, também é notável que linhas longitudinais na parte inferior da viga são alongadas, enquanto linhas na parte superior são comprimidas, sendo a linha ss a única a não mudar de comprimento e, por isso, denominada linha neutra. Essas alterações nos comprimentos das linhas criam deformações normais, ϵx que, associadas à curvatura podem ser calculadas pela Equação (12) (GERE; GOODNO, 2010). 𝜅 = 1 𝜌 (10) 𝜅 = 1 𝜌 = 𝑑𝜃 𝑑𝑥 (11) Figura 15 – Deformações em uma viga: (a) Trecho inicialmente reto; (b) Seção transversal; (c) Viga deformada (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010) 17 Admitindo que o regime elástico é respeitado, ou seja, que a Lei de Hooke seja válida, é possível relacionar a deformação com a tensão, σx, por meio da Equação (13a). Levando em consideração o momento de inércia da área da seção transversal em relação ao eixo z, e entendendo que o eixo x passa pelo centroide, a curvatura pode ser relacionada com o momento fletor, M, pela Equação (13b). O produto EI é denominado rigidez de flexão da viga. Por fim, substituindo (13b) em (13a), têm-se que a tensão σx, ao longo do eixo y, pode ser calculada pela Equação (13c). Chamando de c, a maior distância entre a linha neutra e a superfície, e tratando como indiferente a condição de tração ou compressão, a Equação (13d) fornece a tensão máxima atuante na seção (GERE; GOODNO, 2010; BEER et al, 2011). Gere & Goodno (2010) ressaltam que, apesar dessas análises serem para flexões puras, isto é, onde não existam distorções laterais em virtude de forças cortantes inerentes de flexões não uniformes, a teoria da flexão pode utilizada para calcular tensões normais em vigas submetidas à flexão não uniforme, tal que uma análise cautelosa revela que as tensões normais a partir da fórmula da flexão – Equações (13c) e (13d) – não são significativamente alteradas pelo ocasional empenamento associado às forças cortantes. 3.3 Deflexão de vigas de seção constante À exemplo das tensões normais, a curva de deflexão de uma viga também pode ser calculada a partir da curvatura oriunda da flexão. Através do equacionamento da curva da deflexão, é possível calcular as deflexões, ν (Figura 16), em pontos específicos da viga, que são de grande importância no projeto estrutural, devendo ser analisados se seus valores encontram-se dentro de limites toleráveis (GERE; GOODNO, 2010; HIBBELER, 2010). 𝜖𝑥 = − 𝑦 𝜌 = −𝜅𝑦 (12) 𝜎𝑥 = 𝐸𝜖𝑥 = − 𝐸𝑦 𝜌 = −𝐸𝜅𝑦 (𝑎); 𝜅 = 1 𝜌 = 𝑀 𝐸𝐼 (𝑏); 𝜎𝑥 = − 𝑀𝑦 𝐼 (𝑐); 𝜎𝑚á𝑥 = 𝑀𝑐 𝐼 (𝑑) (13) Figura 16 – Curva de deflexão de uma viga engastada: (a) Aplicação da carga; (b) Curva de deflexão; (c) Relação da deflexão com a curvatura (Adaptado de GERE; GOODNO, 2010) 18 Para o caso de deflexões muito pequenas, sendo essa a condição esperada na maioria dos projetos estruturais, e seguindo as considerações feitas na seção 3.2.2, tem-se que o ângulo ϴ é aproximadamente igual à derivada de ν em relação a x, Equação (14a). Derivando ϴ em relação a x, Equação (14b), e combinando com as Equações (11) e (13b), obtêm-se a Equação (14c), que relaciona a deflexão ao momento fletor e à rigidez de flexão (GERE; GOODNO, 2010). Associando a Equação (14c) com as relações entre momento M, força cortante V e carregamento distribuído q, Equação (8), para vigas com rigidez de flexão constante é possível estabelecer as relações da Equação (15) (GERE; GOODNO, 2010). A deflexão pode ser obtida a partir de sucessivas integrações destas equações. Para cada integração se faz necessária a introdução de constantes C de integração para que, resolvendo-as, se obtenha uma solução única de um problema particular. A determinação das constantes se dá pela avaliação das funções para cisalhamento, momento, inclinação ou deslocamento certo ponto da viga onde o valor da função é conhecido. Esses valores são denominados condições contorno, e alguns deles são apresentados na Figura 17 (HIBBELER, 2010). 3.3.1 O método da superposição O método da superposição estabelece que a inclinação e a deflexão causadas por diversas forças, concentradas ou distribuídas, aplicadas em uma viga, podem ser calculadas separadamente e posteriormente somadas, algebricamente, para a obtenção dos valores resultantes referentes aos esforços atuando de forma combinada (BEER et al, 2011). 𝜃 ≈ tg 𝜃 = 𝑑𝑣 𝑑𝑥 (𝑎); 𝑑𝜃 𝑑𝑥 = 𝑑2𝑣 𝑑𝑥2 (𝑏); 𝑑2𝑣 𝑑𝑥2 = 𝑀 𝐸𝐼 (𝑐) (14) 𝐸𝐼 𝑑2𝑣 𝑑𝑥2 = 𝑀 (𝑎); 𝐸𝐼 𝑑3𝑣 𝑑𝑥3 = 𝑉 (𝑏); 𝐸𝐼 𝑑4𝑣 𝑑𝑥4 = −𝑞 (𝑐) (15) Figura 17 – Condições de contorno das equaçõesde deflexão (Adaptado de HIBBELER, 2010) 19 De acordo com Gere & Goodno (2010), a funcionalidade do método é amparada pelo princípio da superposição, o qual é válido sempre que a quantidade a ser determinada for uma função linear dos carregamentos aplicados. Além disso, a justificativa para superpor deflexões encontra-se na natureza das equações diferenciais da curva de deflexão, as quais são lineares por conta de todos os termos contendo a deflexão ν e suas derivadas estarem elevadas a primeira potência, permitindo a superposição. A Figura 18 mostra aplicações do método para um carregamento concentrado localizado no meio de uma viga e um carregamento distribuído. Os eixos indicam sentido positivo das coordenadas. Se os dois carregamentos forem aplicados a uma mesma viga basta somar os valores calculados para encontrar os resultados totais (HIBBELER, 2010). 3.3.2 O método de Castigliano Do estudo da energia de deformação de flexão, tem-se que uma carga, quando aplicada a uma viga, provoca um deslocamento (deflexão) e, com isso, realiza um trabalho, W, igual à energia de deformação, U, armazenada na viga. Essa energia interna pode ser calculada em função do momento fletor variável ao longo da viga pela Equação (16) (GERE; GOODNO, 2010). Segundo Gere & Goodno (2010, p. 629), “a derivação parcial da energia de deformação de uma estrutura em relação a qualquer carregamento é igual ao deslocamento correspondente àquele carregamento”. Dessa forma, qualquer um dos deslocamentos δ (ou v) da Figura 19 podem ser calculados a partir da derivada parcial da energia total de deformação 𝑈 = ∫ 𝑀² 2𝐸𝐼 𝑑𝑥 (16) Figura 18 – Exemplos de aplicação do método da superposição (Adaptado de HIBBELER, 2010) 20 em relação à carga P correspondente, conforme a Equação (17), a qual é denominada Teorema de Castigliano. 3.4 Análise por Elementos Finitos Na engenharia, muitos fenômenos podem ser descritos em termos de equações diferenciais parciais. Entretanto, a solução analítica dessas equações para geometrias complexas torna-se quase impossível. O Método dos Elementos Finitos, MEF, é uma aproximação numérica destinada a resolver essas equações diferenciais parciais de modo aproximado e pode ser empregado, entre outras aplicações, para prever o comportamento estrutural, térmico, elétrico e químico de sistemas, tanto no projeto como na análise de desempenho (FISH; BELYTSCHKO, 2009, grifo nosso). 3.4.1 Histórico Anteriormente ao MEF, ainda no fim do século XVIII, Gauss já propunha utilizar funções de aproximação para solução de problemas matemáticos. Durante mais de cem anos, diversos matemáticos trabalharam em teorias e técnicas analíticas para solução de problemas, porém com pouco ou nenhum sucesso em virtude das limitações existentes no processamento de equações algébricas (LOTTI et al, 2006). Ao fim da década 1940, engenheiros aeronáuticos buscando análises estruturais mais sofisticadas em virtude das maiores cargas impostas pelos novos motores a jato, e ainda sem o advento dos computadores modernos, introduziram métodos matriciais de análise de força, com a força como incógnita e deslocamentos decorrentes como valores conhecidos. O MEF, em sua forma mais utilizada, corresponde ao método dos deslocamentos, no qual as incógnitas 𝛿 = 𝜕𝑈 𝜕𝑃𝑖 (17) Figura 19 – Aplicabilidade do Teorema de Castigliano: (a) Cargas aplicadas; (b) Deflexões correspondentes calculáveis (GERE; GOODNO, 2010) 21 são os deslocamentos do sistema em resposta a sistemas de força aplicada. O termo deslocamento, no método dos elementos finitos, pode representar, além de deslocamento físico, também temperatura ou velocidade do fluido, por exemplo, que fez com que, durante as décadas de 1960 e 1970, o MEF fosse amplamente estendido para outras áreas além da análise estrutural (HUTTON, 2004). 3.4.2 Definição Alves Filho (2000) inicia a abordagem sobre elementos finitos definindo que a aplicação do método começa pela determinação de um sistema discreto, no qual uma estrutura, inicialmente um sistema contínuo, é dividida em partes separadas distintas, conectadas entre si nos pontos discretos (nós). Com a subdivisão do sistema em um número finito de elementos, a estrutura inteira é modelada por um agregado de estruturas simplificadas. Os modelos discretos podem ser divididos em estruturas reticuladas e elementos estruturais conectados continuamente. No primeiro caso, cada componente da estrutura pode ser considerado um elemento e os nós são os próprios pontos de união entre estes componentes. É o caso das treliças, por exemplo. No segundo caso, um corpo contínuo é subdividido artificialmente em um certo número finito de elementos, também conectados apenas nos nós. A essa subdivisão dá-se o nome de malha de elementos finitos (ALVES FILHO, 2000). Uma vez que a exatidão da solução melhora com o aumento do número de elementos e nós, torna-se imprescindível o uso do processamento de computadores para a viabilidade do método (FISH; BELYTSCHKO, 2009). A Figura 20 mostra exemplos dos dois tipos de modelos discretizados. Figura 20 – Modelos discretizados: (a) Estruturas reticuladas; (b) Elementos estruturais conectados continuamente (Adaptado de ALVES FILHO, 2000) 22 A análise por elementos finitos é baseada em diversos princípios físicos e matemáticos. Estes princípios incluem, por exemplo, equilíbrio estático compreendendo deformações e, para estruturas mais complexas, métodos de energia como o teorema de Castigliano (HUTTON, 2004). De acordo com Alves Filho (2000), o princípio do MEF consiste em relacionar as forças atuantes e os deslocamentos decorrentes em cada nó, e a maneira mais adequada para tal se dá por meio de uma abordagem matricial. Nesse contexto, a matriz de forças, F, é igual ao produto da matriz dos coeficientes de rigidez, k, pela matriz de deslocamentos, d, associados aos nós. Segundo o autor, a matriz de rigidez da estrutura depende da matriz de rigidez de cada elemento. Hutton (2004) e Fish & Belytschko (2009) descrevem o comportamento de um elemento de barra simples, no qual estabelecem como importantes apenas as forças axiais internas, desprezando forças de dobragem, cisalhamento e torção. As condições de tensão axial constante na seção transversal e tensão deformação elástica – Equações (2) e (7), respectivamente, são assumidas e a deformação axial é caracterizada pela Equação (4). A Figura 21 ilustra a abordagem e serve de orientação para o entendimento das deduções a seguir, todas efetuadas por estes dois autores. O índice e indica referência ao elemento. Se uma força F1 e for aplicada no ponto 1 e uma outra, F2 e, aplicada no ponto 2, a condição de equilíbrio do elemento se da pela Equação (18). A Equação (19) apresenta a matriz de força interna do elemento, Fe, bem como a matriz de deslocamento do elemento, de. 𝐹1 𝑒 + 𝐹2 𝑒 = 0 (18) 𝐹𝑒 = [ 𝐹1 𝑒 𝐹2 𝑒] (𝑎); 𝑑 𝑒 = [ 𝑢1 𝑒 𝑢2 𝑒] (𝑏) (19) Figura 21 – Elemento de barra sujeito a esforço normal (HUTTON, 2004) 23 Igualando F2 e à força interna do elemento, e reorganizando as Equações (2),(4) e (7), obtém-se a Equação (20). Se a elongação δ for expressa em termos dos deslocamentos nodais, tem-se que: A substituição de (21) em (20) fornece: Onde: A partir da condição de equilíbrio da barra tem-se que: Por fim, as Equações (22) e (24) podem ser escritas na forma matricial, como demonstrado na Equação (25). 3.5 Projeto mecânico De acordo com Shigley, Mischke e Budynas (2005), um projeto é um processo iterativo com muitas fases interativas e sua elaboração viabiliza tanto um plano para atender a uma necessidade quanto a solução de um problema. Quando este plano cria um produto físico, este deverá possuir, entre outras características, funcionabilidade, segurança e confiabilidade. Norton (2013, p. 3) define o projetode engenharia como “o processo de aplicação das várias técnicas e princípios científicos com o intuito de definir um dispositivo, um método ou um sistema suficientemente pormenorizado para permitir sua realização”. Segundo o autor, é tarefa do engenheiro definir e calcular as variáveis envolvidas no dimensionamento de cada um dos diversos componentes existentes em uma máquina. 𝐹2 𝑒 = 𝐴𝑒𝐸𝑒 𝛿𝑒 𝐿𝑒 (20) 𝛿𝑒 = 𝑢2 𝑒 − 𝑢1 𝑒 (21) 𝐹2 𝑒 = 𝑘𝑒(𝑢2 𝑒 − 𝑢1 𝑒) (22) 𝑘𝑒 = 𝐴𝑒𝐸𝑒 𝐿 (23) 𝐹1 𝑒 = −𝐹2 𝑒 = 𝑘𝑒(𝑢1 𝑒 − 𝑢2 𝑒) (24) [ 𝐹1 𝑒 𝐹2 𝑒]⏟ 𝐹𝑒 = [ 𝑘𝑒 −𝑘𝑒 −𝑘𝑒 𝑘𝑒 ] ⏟ 𝑘𝑒 [ 𝑢1 𝑒 𝑢2 𝑒]⏟ 𝑑𝑒 (25) 24 Ashby (2012) pondera que a maioria dos projetos, no entanto, não é original, ou seja, uma inovação. Segundo o autor, quase todos os projetos são adaptativos ou desenvolvimentistas, nos quais um produto já existente é aperfeiçoado no âmbito de seu princípio de funcionamento ou mesmo pelo emprego de novos tipos de materiais. Por fim, classifica como projeto variante aquele que envolve uma mudança de escala ou dimensão, como a ampliação de uma caldeira, por exemplo. 3.5.1 Metodologia de Projetos Norton (2013) destaca que existem inúmeras metodologias desenvolvidas para a elaboração de projetos, diante das muitas soluções possíveis para os mais diversos problemas não estruturados existentes na engenharia. Em sua obra, aborda uma metodologia constituída por dez etapas, como mostra a Tabela 1. Tabela 1 – Etapas de uma metodologia de projetos mecânicos (Adaptado de NORTON, 2013). Etapa Descrição 1 Identificação da necessidade 2 Pesquisa de suporte 3 Definição dos objetivos 4 Especificações de tarefas 5 Síntese 6 Análise 7 Seleção 8 Projeto detalhado 9 Protótipo e teste 10 Produção As etapas de 1 a 3 consistem na identificação e compreensão daquilo que deve ser projetado. Na etapa 4, um conjunto detalhado de especificações de tarefas fecha o problema e limita seu alcance. A etapa 5, também conhecida por fase de concepção e invenção, é o momento de buscar tantas alternativas de projeto quanto possíveis. Na etapa 6, há um refino das diversas alternativas sugeridas na fase anterior, seguido da seleção daquela considerada mais promissora, na etapa 7. Na etapa 8, realiza-se um projeto detalhado da solução selecionada, juntamente com elaboração de desenhos, definição de fornecedores e de processos de fabricação. A etapa 9 consiste na primeira construção física do produto projetado, que é então submetido a critérios de validação e certificação, para então, na etapa 10, ser fabricado em larga escala (NORTON, 2013). 25 Norton (2013) e Shigley, Mischke e Budynas (2005) concordam que, embora haja essa estruturação lógica de etapas, o sucesso de um projeto depende justamente da possibilidade de haver iterações durante o processo, isto é, repetir ou voltar a um estágio anterior. Uma vez adotada uma configuração inicial de um componente, suas características definidas pelo dimensionamento podem impactar nas características dos outros componentes a ele associados, e isso torna necessário voltar a uma etapa anterior para que sejam feitos ajustes nas definições, tais quais forem adequadas. 3.5.2 Formulação e Cálculo do Problema Aprofundando o estudo das etapas 5 até 8, Norton (2013) sugere um procedimento estruturado onde deixa claro a necessidade da adoção de hábitos computacionais e cuidadosos durante a elaboração de um projeto, além de uma abordagem que envolva a manutenção de registros e documentação das ações tomadas ao longo do trabalho (Figura 22). Conforme Norton (2013), no estágio de definição devem ser levantadas todas as informações conhecidas e os efeitos que estas podem acarretar na resolução do problema. No projeto preliminar, decisões iniciais devem ser tomadas para o prosseguimento do projeto. Essas decisões devem ser tomadas a partir de um balanço realizado entre as definições e hipóteses conhecidas no estágio anterior. Por exemplo, a forma da seção transversal de um eixo pode ser maciça, de fácil construção, mas pode impactar num aumento de massa desfavorável à efeitos dinâmicos a que o componente estará sujeito. Os croquis devem ser elaborados para registrar a decisão tomada. Shigley, Mischke e Budynas (2005) destacam que restrições relacionadas a processos de manufatura, recursos de fábricas e condições de fornecimento de matéria-prima devem ser observados no campo da viabilidade de um projeto. Na etapa do projeto detalhado, a partir da definição de um modelo de engenharia, isto é, um modelo matemático que descreva o comportamento físico do sistema, a análise e a Figura 22 – Formulação e cálculo do problema (Adaptado de NORTON, 2013) 26 avaliação do projeto são as ferramentas capazes de garantir que o modelo físico atenderá às condições esperadas. Nesse âmbito, as ferramentas de projeto auxiliado por computador (CAD) e engenharia auxiliada por computador (CAE) representam, hoje, um aparato fundamental para a viabilidade econômica dos projetos, já que é cada vez maior a complexidade e simultaneamente menor o tempo para sua elaboração. (NORTON, 2013; SHIGLEY; MISCHKE; BUDYNAS, 2005). Alves Filho (2000) e Hutton (2004) destacam, no entanto, que o profissional que emprega a simulação computacional em um projeto deve possuir conhecimento sólido para saber identificar se os resultados obtidos em uma análise são, ou não, válidos e aceitáveis. Norton (2013) destaca que, feitas todas as iterações consideradas necessárias, a documentação referente ao projeto deve ser acrescida dos desenhos detalhados, especificações de materiais e de processos de fabricação, entre outros. Na verdade, desde que adotada uma abordagem adequada, a documentação pode ser realizada durante as outras etapas do projeto, apenas com registros precisos das informações construídas ao longo do processo. 3.5.3 Dimensionamento e Fator de Segurança Os mais diversos sistemas e componentes concebidos a partir de projetos mecânicos estão expostos a vários tipos de solicitações. Como ponto de partida do estágio de definição visto na seção anterior, essas solicitações precisam ser classificadas para que se possa determinar quais análises devem ser conduzidas a fim de dimensionar estas diferentes peças. Uma breve contextualização de classes de solicitações pode ser vista na Tabela 2 (NORTON, 2013) Tabela 2 – Classes de solicitações (NORTON, 2013) Solicitações constantes Solicitações variáveis Elementos imóveis Classe 1 Classe 2 Elementos móveis Classe 3 Classe 4 Para a Classe 1, uma análise de carregamento estático é suficiente. Nas Classes 2, 3 e 4, a princípio, uma análise dinâmica é requerida. Contudo, na Classe 3, por exemplo, se os movimentos forem tão lentos a ponto das acelerações geradas serem desprezíveis, o sistema pode ser qualificado como de Classe 1. Isso mostra que tudo em um projeto deve ser ponderado por quem o executa (NORTON, 2013). 27 Conhecidas as solicitações, ainda é preciso lidar com as incertezas inerentes ao projeto. Nem sempre as informações disponíveis para a elaboração de um projeto mecânico são inteiramente confiáveis, embora válidas. Para tanto, a adoção de fatores oriundos da razão entre duas quantidades de mesma unidade, como (resistência)/(tensão), por exemplo, faz-se necessária. Os valores numéricos dos coeficientes de segurança, CS, são, muitas vezes, obtidos em normas técnicas específicas, ou então determinados por convenções previamente definidas. A Tabela 3 apresenta fatores utilizados para determinar um coeficiente de segurança para materiais dúcteis, na qual o coeficiente global de segurança é tomado como o maior dos três fatores escolhidos (NORTON, 2013; SHIGLEY; MISCHKE; BUDYNAS, 2005). Tabela 3 - Fatores utilizados para determinar um coeficiente de segurança para materiais dúcteis (NORTON, 2013) InformaçõesQualidade das informações Fator F1 Dados das propriedades dos materiais disponíveis a partir de testes O material realmente utilizado foi testado 1,3 Dados representativos de testes do material estão disponíveis 2 Dados razoavelmente representativos de testes do material estão disponíveis 3 Dados insuficientemente representativos de testes do material estão disponíveis 5+ F2 Condições ambientais nos quais será utilizado São idênticas às condições dos testes de materiais 1,3 Essencialmente igual ao ambiente de um laboratório comum 2 Ambiente moderadamente desafiador 3 Ambiente extremamente desafiador 5+ F3 Modelos analíticos para forças e tensões Os modelos foram testados em experimentos 1,3 Os modelos representam precisamente o sistema 2 Os modelos representam aproximadamente o sistema 3 Os modelos são aproximações grosseiras 5+ 28 4 METODOLOGIA Para alcançar os objetivos do trabalho, foi seguida uma metodologia dividida em cinco etapas, como mostrado na Figura 23. Figura 23 - Diagrama de blocos da metodologia 4.1 Desenvolvimento do módulo Foi elaborado um projeto adaptativo empregando materiais doados e partes reaproveitadas de outros equipamentos. As formas e dimensões adotadas no projeto foram determinadas a partir de características construtivas presentes na norma ASTM E-855-90 (2000), sobre ensaio de dobramento de materiais metálicos destinados a aplicações de molas, mas com adequações em relação à finalidade do equipamento. Os requisitos do projeto foram estabelecidos a partir das características e dimensões dos materiais disponíveis para a construção, e são apresentados na Tabela 4. Tabela 4 - Requisitos do projeto Requisito Valor atribuído Carga máxima 5000 N Vão máximo entre apoios 400 mm Deslocamentos máximos admissíveis da estrutura 0,05 mm 4.1.1 Projeto O equipamento é constituído por uma estrutura, uma unidade de aplicação de força, um sistema de medição de força e um sistema de medição de deslocamento. A Figura 24 mostra o desenho de conjunto e lista de peças. 29 A estrutura base, o suporte da unidade de força e as colunas são compostos por peças de aço ASTM-A36, na forma de chapas planas (com espessuras entre 9,52 mm e 12,70 mm) e vigas tipo “I” de 4” de 1ª alma (4,83 mm). A unidade de força trata-se de uma bomba hidráulica manual, extraída de uma prensa hidráulica com capacidade de 10 Toneladas. O sistema de medição de força é composto por uma célula de carga tipo Z para carga de até 1000 kgf e um indicador digital de carga (força). O conjunto é alimentado por tensão alternada de 220 volts. Já o sistema de medição de deslocamento é composto por dois relógios comparadores com resolução de 0,01 mm, montados em bases magnéticas. 4.1.1.1 Verificações por simulação computacional A partir dos limites operacionais estabelecidos para equipamento, com carga e vão máximos de 5000 N e 400 mm, respectivamente, foram realizadas simulações computacionais por elementos finitos com o software SolidWorks® a fim de garantir a resistência mecânica do conjunto, bem como assegurar que os deslocamentos máximos da estrutura não excedessem o limite máximo estabelecido no projeto, de 0,05 mm. A Figura 26 mostra a simulação dos deslocamentos. Como pode ser visto, o deslocamento máximo observado na estrutura é de 0,025 mm, abaixo do limite de 0,05 mm. A exigência em torno de um valor admissível consideravelmente pequeno para a deflexão implica em uma estrutura excepcionalmente reforçada em termos de resistência mecânica. A Figura 25 mostra que os níveis de tensão a que são submetidas as peças em chapa do equipamento não excedem 1 MPa, enquanto um valor máximo, de pouco mais de 37 Figura 24 – Vista de conjunto do equipamento 30 MPa é observado no apoio. Já a Figura 27 ilustra as tensões presentes nos componentes de viga da estrutura, as quais apresentam valores abaixo de 5 Mpa. Esse valor de tensão equivale a 2% da tensão de escoamento teórica do aço ASTM-A36 (250 MPa), o que representa um fator de segurança de 50, caso o projeto fosse abordado com esse foco. Figura 26 - Simulação de tensões: peças em chapa Figura 25 - Simulação dos deslocamentos da estrutura 31 4.1.2 Preparação das peças As chapas empregadas na estrutura base e nos reforços do suporte da unidade de força, além das vigas das colunas, foram cortadas com um maçarico de oxicorte manual (Figura 28) e posteriormente lixadas com uma esmerilhadeira para ajuste do alinhamento dos cortes. Figura 28 - Peças cortadas por oxicorte A mesa é construída em ferro fundido, material de difícil soldagem. Por conta disso, furos com rosca foram executados e uma chapa plana foi aparafusada no componente (Figura 29), sendo esta chapa posteriormente soldada na estrutura base. Figura 27 - Simulação de tensões: componentes de viga 32 Figura 29 - Chapa aparafusada na mesa A unidade de força e seu suporte são originados de uma prensa hidráulica com capacidade de 10 Toneladas. A estrutura da prensa foi readequada, sendo removidas as colunas originais e unidas as chapas superiores e inferiores a fim de duplicar a altura da viga formada, aumentando o momento de inércia da seção do perfil. As peças responsáveis por fazer a fixação da célula de carga no equipamento foram construídas em aço SAE 1045, por meio de usinagem (torneamento e fresamento). Figura 30 - Peças para fixação da célula de carga Os apoios foram fabricados a partir de uma barra quadrada de 38,1 mm, de aço SAE 1045. Na parte superior, um chanfro de 5º foi realizado para caracterização de um gume no qual os corpos de prova devem ser dispostos durante os ensaios. Os componentes foram acoplados, com parafusos, em suportes construídos a partir de trilhos ferroviários TR 68 e barras de aço SAE 1020. 4.2 Teste do Equipamento Após o término da construção do equipamento, um teste foi conduzido para avaliar os deslocamentos dos componentes em virtude da aplicação da carga de ensaio. Esse teste consistiu em colocar um corpo de prova no equipamento, aplicar uma carga concentrada de 5000 N na metade do seu comprimento e medir os deslocamentos em pontos determinados do equipamento. 33 O corpo de prova foi uma barra de aço ASTM A-36 com as dimensões descritas na Tabela 5 e ilustradas na Figura 31. Tabela 5 - Dimensões do corpo de prova Cota Dimensão (mm) L 400 L1 500 b 12,7 h 38,1 Figura 31 - Cotas do corpo de prova A Figura 32 mostra os pontos medidos, bem como as direções adotadas a partir do sistema de coordenadas X, Y, Z. Figura 32 - Pontos medidos e orientação dos eixos As medições foram feitas com dois relógios comparadores com resolução de 0,01 mm, marcas Mitutoyo e ZAAS Precision, que foram montados em bases magnéticas presas a estruturas rígidas alheias ao equipamento (Figura 33). 34 Figura 33 - Posicionamento dos relógios comparadores em dois pontos de medição do teste: (a) Ponto 2; (b) Ponto 5 4.3 Ensaio de Flexão Conduzido no Módulo 4.3.1 Preparação dos Corpos de Prova Conforme sugerido pela norma ASTM E-855-90 (2000), foram preparados seis corpos de prova, que foram cortados em uma serra circular com disco de aço e rebarbados por esmerilhadeira com disco abrasivo. As dimensões foram as mesmas praticadas no teste do equipamento, indicadas na Tabela 5 e na Figura 31. Os corpos de prova foram numerados de 1 a 6 e foram marcadas as posições de início e fim do comprimento L (locais dos apoios), bem como da metade (posicionamento do relógio) (Figura 34). Figura 34 - Corpos de prova 35 4.3.2 Procedimento Os corpos de prova foram colocados um por vez sobre os apoios e os dois relógios comparadores foram posicionados (Figura 35). O primeiro relógio foi colocado com a ponta de contato na parte inferior do corpo de prova, ao centro, e com