Buscar

Teorias_sobre_a_origem_do_Universo.pdf

Prévia do material em texto

1 
 
TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO UNIVERSO 
 
 As primeiras tentativas do Homem para entender a origem do pla-
neta em que vivia - e do seu entorno - remontam aos primórdios da 
civilização. Com o avanço do conhecimento não apenas sobre o nosso 
mundo, mas também sobre o Cosmos, e ainda graças à criação e aper-
feiçoamento de instrumentos para auxiliá-lo nesta tarefa, teorias foram 
elaboradas para, em um primeiro momento, explicar o surgimento da 
Terra e, logo após, do sistema no qual ela se inseria: o Sistema Solar. 
 Por mais de 200 anos diversas e curiosas sugestões foram feitas 
com o objetivo de elucidar a origem do nosso Sol e de seu sistema pla-
netário. Contudo, as sucessivas descobertas sobre a Via Láctea onde não 
apenas se localiza nosso sistema solar, mas muitíssimos outros sistemas 
solares semelhantes, resultaram na criação e posterior substituição de 
vários paradigmas. 
 A velocidade cada vez maior com que evoluíram o conhecimento, 
os métodos e as tecnologias ampliaram os horizontes cosmos-científicos 
do Ser Humano para além dos limites de sua nebulosa, descortinando a 
ele a grandiosidade do Universo. É com esta renovada e abrangente visão 
cósmica que o Homem passa a substituir os questionamentos sobre a 
origem da Terra pela origem do Universo, onde, finalmente ele compre-
ende, se encontra o minúsculo Sistema Solar em que vive. 
 A seguir estão relacionadas as teorias que, a sua época, foram acei-
tas pela maioria dos estudiosos como as mais corretas e factíveis a res-
peito do assunto. Enquanto as de números 1 a 3 versam sobre a origem 
do Sistema Solar, a última delas, a 4, trata do surgimento do Universo 
como um todo. 
 
1. Teoria Nebular 
 
Idealizadores: Immanuel Kant (filósofo e metafísico alemão, 1724-
1804) e Pierre-Simon Laplace (matemático, astrônomo e físico francês, 
1749-1827). 
 A teoria foi sugerida em 1755 por Kant (figura 1) em seu trabalho 
Exposition du Système du Monde e desenvolvida, posteriormente (1796), 
por Laplace. 
2 
 
 Segundo os autores, nos pri-
mórdios, há 4,6 bilhões de anos, a matéria 
estaria dispersa no espaço na forma de 
uma imensa nebulosa de gás e poeira cós-
mica, esférica, com altíssima temperatura 
e mesma velocidade angular. Essa nebu-
losa que rotacionava devido a sua compo-
sição molecular e continha forças atrativas 
e repulsivas, teria extensão maior do que 
as órbitas dos planetas de nosso Sistema 
Solar. As forças atrativas faziam com que 
as partículas mais densas concentrassem 
ao seu redor matéria menos densa, for-
mando núcleos. Através da atração uni-
versal, os núcleos se uniram formando o 
Sol. Para explicar porque a matéria cós-
mica não se reuniu num único globo, Kant-
Laplace supunham a existência de forças 
repulsivas, que impediriam a atração de 
toda a matéria em direção ao centro do 
Sol. Esta matéria desviada girava em torno do astro-rei, em órbitas elíp-
ticas e até parabólicas, dependendo de seu afastamento em relação a ele. 
Os planetas se formaram destes núcleos de matéria desviada, girando 
num mesmo plano, na mesma direção. A medida em que os planetas 
cresciam por acúmulo de poeiras e gases, aumentavam a atração com o 
restante das partículas, acelerando a velocidade de crescimento. O acha-
tamento dos planetas se deveria a rápida rotação deles quando os gases, 
esfriando-se, passaram ao estado líquido. Partes desprendidas dos plane-
tas originaram os satélites. A rotação dos planetas e satélites seria o re-
sultado do encontro com outras massas. Supondo que a velocidade tan-
gencial das massas mais distantes do Sol fosse um pouco maior do que a 
das massas menos distantes, os impulsos das primeiras fizeram com que 
os planetas girassem no mesmo sentido em redor de si, como giram ao 
redor do Sol, de oeste para leste. 
Quanto mais próximo do Sol, mais denso são os planetas, porque 
na queda em direção ao Sol, a matéria mais densa aproximou-se mais do 
Sol do que a menos densa. Em termos de massa, quanto mais afastados 
do Sol maiores são os planetas, porque o Sol atraiu a maior parte da 
massa cósmica. Pela mesma razão, aumenta o número de satélites. 
Apesar do suporte que a teoria deu para a explicar o sentido de 
rotação oeste-leste dos planetas e do Sol, com o avanço dos estudos ma-
temáticos, físicos, astronômicos e filosófico surgiram críticas que puseram 
em cheque a concepção de Kant-Laplace. Entre elas estão: 1. Não há 
explicação, na teoria, para a rotação leste-oeste de alguns satélites de 
 
Figura 1. Retrato de Immanuel 
Kant, 1768. Autor: Johann Got-
tlieb Becker. Fonte: Wikimedia 
Commons. 
3 
 
Júpiter, Saturno e Urano. 2. Gases desprendidos do Sol não se condensa-
riam, mas teriam se difundido pelo espaço. 
 
2. Teoria da Catástrofe 
 
Idealizadores: Thomas Chrowder Chamberlain (geólogo e educador 
americano, 1843-1928), Forest Ray Moulton (astrônomo americano, 
1872-1952), James Hopwod Jeans (físico, astrônomo e matemático in-
glês, 1877-1946), Jules Henri Poincaré (matemático astrônomo e filó-
sofo francês, 1854-1912) e Harold Jeffreys (matemático, astrônomo e 
geofísico inglês, 1891-1989). 
 
 Por discordar dos princípios da Teoria Nebular, Jeans (figura 2) pro-
pôs a Teoria da Catástrofe como uma opção mais razoável para explicar 
a origem do Sistema Solar. 
 Os idealizadores imaginaram que, no princípio, gases teriam se des-
dobrado em bolas gasosas gigantescas 
que seriam as galáxias. Nelas, condensa-
ções secundárias originariam as estrelas. 
Posteriormente, uma outra estrela apro-
ximou-se de nosso Sol, fazendo com que 
porções de seus gases fossem arranca-
das e passassem a ter um giro próprio. 
Essa matéria extraída de nosso Sol con-
densou-se e deu origem a corpúsculos 
sólidos ou planetesimais, isto é, aos pla-
netas de nosso Sistema Solar. 
 As mais longas seções da hipoté-
tica ponte gasosa estabelecida entre as 
duas estrelas formaram Júpiter e Sa-
turno. Já os planetas menores teriam se 
constituído dentro da órbita de Júpiter e 
além da órbita de Saturno. 
 Apesar de não ser impossível que 
tal catástrofe tenha ocorrido, a teoria é 
improvável, pois (1) o choque entre os 
sóis seria inevitável graças a ação da 
força gravitacional de ambos os astros, (2) permanecendo até hoje igno-
rado o posicionamento da estrela que teria dado início a nosso Sistema 
Solar. 
 
3. Teoria da Turbulência ou das Poeiras Cósmicas 
 
Figura 2. Foto de Sir James 
Hopwod Jeans. Fonte: Kokorik. 
4 
 
Idealizadores: Subrahmanyan Chandrasekhar (físico indiano-ameri-
cano, 1910-1995) e Gerard Peter Kuiper (astrônomo neerlandês-ameri-
cano, 1905-1973). 
 
 Segundo Chandrasekhar e Kuiper (figura 3), as poeiras interestre-
lares são distribuídas desuniformemente, apresentando condensações va-
riadas e gigantescas, denominadas nuvens. Nestas nuvens de pó cósmico 
ocorrem outras em forma de manchas arredondadas, escassamente 
transparentes, denominadas glóbulos. Dos glóbulos se formariam as es-
trelas e planetas. 
 Em dado momento, o glóbulo entraria em contração e surgiria um 
corpo central onde, a partir de condições apropria-
das, a temperatura aumentaria e passaria a ocorrer 
o ciclo do carbono, com a fusão integrativa dos áto-
mos de H e He, liberando-se energia intra-atômica, 
ou seja, transformar-se-ia em Sol. 
 Os planetas se originariam do restante da poeira 
cósmica não transformada em Sol. Esta sobra as-
sumiria a forma de disco que giraria em torno do 
astro-rei. As partículas da nuvem discoidal teriam 
se chocado constantemente, pois se moveriam em 
todas as direções e planos, o que redundou em 
acúmulo energético. Surgiram diversos núcleos 
centrais, os planetesimais, em torno dos quais gi-
ravam poeiras cósmicas. Mais poeiras foram atraí-
das e os núcleos se transformaram em planetas. Os 
satélites seriam oriundos do pó cósmico que teria 
sobrado quando os planetas se formaram. 
 
4. Teoria do Big Bang 
 
Idealizadores: Georges-Henri Joseph Édourd Le-
maître (padre, engenheiro civile astrofísico belga, 1894-1966), Aleksan-
der Alexandrovich Friedmann (matemático e físico russo, 1888-1925), 
George Antony Gamow (físico e cosmólogo russo, 1904-1968), Albert 
Einstein (filósofo e físico alemão-suíço-austríaco-americano, 1879-
1955), Edwin Powell Hubble (astrônomo americano, 1889-1953), Arno 
Allan Penzias (físico alemão-americano, 1933- ), Robert Woodrow Wil-
son (radioastrônomo americano, 1936- ), Phillip James Edwin Peebles 
(físico e cosmólogo canadense-americano, 1935- ). 
 
Em 1915, Einstein (figura 4) publicou a sua Teoria da Relatividade 
Geral que, entre outras proposições, sugeria ser o Espaço e o Tempo uma 
só entidade. 
Figura 3. Fotografia de 
Gerard P. Kuiper, re-
gistrada em 1964. Au-
tor: Gelderen, Hugo 
van. Fonte: Dutch Nati-
onal Archives, The Ha-
gue, ANEFO. 
5 
 
 
As ideias de Einstein se alicerçaram sobre bases as quais Friedman 
(figura 5, esquerda), elaborou seu “princípio cosmológico”, um estudo das 
equações da relatividade geral, que concluiu: a) o espaço tridimensional 
expande-se a partir de uma singularidade (ponto zero) e b) existem três 
formas possíveis para a expansão, denominadas “universo fechado” (fi-
nito e curvo como a superfície bidimensional de uma esfera), onde a ex-
pansão declina com o tempo, segue-se uma reversão e o universo co-
lapsa, dando início a um novo ciclo expansivo, “universo crítico” (infinito, 
geometria plana) quando a expansão cessa devido ao esgotamento da 
matéria e da energia, o que ocorrerá apenas quando o tamanho do uni-
verso for excepcionalmente grande e, finalmente, “universo aberto” (infi-
nito, geometria semelhante a superfície bidimensional de uma sela de 
cavalo), onde a taxa de expansão diminuirá, mas nunca cessará. 
Em 1927, Lamaître (figura 5, centro), deduziu que certos desvios 
espectrais observados em nebulosas se deviam a expansão do universo 
como resultado da explosão do “átomo ou ovo primordial”, onde tudo se 
comprimia. Em certo momento, uma gigantesca explosão fragmentou o 
ovo, dando origem ao espaço, aos átomos e aos compostos, a toda a 
matéria e antimatéria, aos astros celestes e as galáxias. Sua teoria, de-
nominada Teoria do Universo Inflacionário, sofreu sérias críticas sendo, 
porém, defendida ardorosamente por Gamov (figura 5, direita), um cien-
tista muito respeitado no meio acadêmico da época. 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4. O sorridente 
criador da Teoria da 
Relatividade, Alberto 
Einstein. Fonte: Fotos 
de Albert Einstein. Au-
tora: Anna de Cássia. 
6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em 1949, o astrônomo britânico Fred Hoyle (1915-2001, figura 6), 
designou a teoria inflacionária pejorativamente de Teoria do Big Bang 
(Grande Estrondo), com o objetivo de chamar a atenção para o postulado 
que defendia: a do “universo estacionário” (imutável). Não imaginava es-
tar ele “batizando” a teoria que se tornaria a mais aceita pela comunidade 
científica para explicar o início do universo, cuja expansão, segundo seus 
criadores, continua. 
Estudos subsequentes sugeriram 
ser o Big Bang uma possibilidade viável, 
entre eles os de Hubble (figura 7A), e os 
da dupla Penzias e Wilson (figura 7B). 
Hubble descobriu que as nebulosas 
nada mais são do que galáxias distantes, 
fora da Via Láctea, que se afastam cons-
tantemente umas das outras. Já Wilson e 
Penzias auscultaram o espaço cósmico e 
captaram um ruído, denominado Radiação 
Cósmica de Fundo, emanado além dos li-
mites da Via Láctea, concluindo ser o som 
gerado no momento inicial do Big Bang. 
Os cálculos de Hubble sobre o afasta-
mento das galáxias e os ruídos de fundo 
capturados por Penzias e Wilson fortaleceram a Teoria do Universo Infla-
cionário (Big Bang) de Lamaître e Gamov. 
Novas propostas têm sido formuladas para fortalecer o paradigma 
do Grande Estrondo, tais como: no momento da inflação (explosão) a 
Figura 5. Os pais da Teoria do Big Bang. Esquerda: Alexander A. Friedman. Data: 
1916. Fonte: Federação Russa. Centro: Georges-Henri J.E. Lamaître. Fonte: Ame-
rican Museum of Natural History. Direita: George A. Gamov. Fonte: Busca Biogra-
fías. 
 
Figura 6. Fred Hoyle, “padri-
nho” a contra-gosto do Big 
Bang. Fonte: BBC Fred Hoyle. 
Data 1950. 
 
7 
 
temperatura do Universo atingiu 10 decilhões de ºC, enquanto atual-
mente é de -270 ºC e deve continuar decrescendo; o espaço-tempo tem 
sua origem no momento da “explosão”; a idade presumida do início da 
inflação situa-se entre 13 bilhões e 16 bilhões de anos atrás (para alguns 
20 bilhões). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A estas alturas é bom esclarecer que a Teoria do Big Bang não trata 
sobre o início do Universo, mas sim de um momento retrospectivo inicial 
por conta das teorias físicas disponíveis atualmente além do qual elas não 
vigoram mais, evento este denominado “início do Universo do modelo pa-
drão”. 
Contudo, vários cientistas não concordam com partes da teoria ou 
até mesmo a recusam integralmente. A não aceitação se deve, entre ou-
tras causas, a previsão da Teoria do Big Bang de que o universo seria 
maiormente constituído de “matéria não bariônica” composta por prótons 
e neutrons, denominada “matéria escura”, até hoje não observada. Tam-
bém contribui para aumentar o descrédito o prognóstico de que existiria 
uma nova forma de energia desconhecida (“energia escura”), não desco-
berta ainda, que explique a expansão continuada do universo. 
Para alguns, a teoria que mais se aproxima da realidade é a que 
propõe ser o Universo infinito e eterno (“universo estacionário”). Porém, 
a adoção deste modelo não desfaz a questão básica: como se sucedeu o 
início? Para outros, a Teoria do Big Crunch (Grande Esmagamento) ou 
gnaB giB (Big Bang ao contrário), baseada em uma das suposições aven-
tadas por Friedman (“universo fechado”), é a mais plausível. Neste mo-
delo, a velocidade de expansão do universo paulatinamente diminuiria até 
parar de todo devido à atração gravitacional entre as galáxias, quando 
 
 
A 
Figura 7. A. Edwin Hubble. Fonte: Emílio Segre Visual Archives/AIP/SPL. B. Robert Wil-
son (direita) e Arno Penzias (esquerda). Atrás o aparelho que captou a radiação cósmica 
de fundo. Autoria: Roger Ressmeyer (Corbis). Fonte: El País, 26/02/2014. 
 
B 
8 
 
então se iniciaria o retrocesso (“encolhimento”), graças à chamada “me-
mória elástica universal”, até o colapso final do universo. O ponto chave 
da Teoria do Big Crunch, portanto, implica na diminuição da velocidade 
de afastamento entre as galáxias. Aí começam os problemas para a hipó-
tese. 
As observações de estrelas supernovas, a partir de 1998, compro-
vam, indubitavelmente, que as galáxias estão se afastando umas das ou-
tras a velocidades cada vez maiores. Em outras palavras, o Universo se 
expande cada vez mais e a velocidades crescentes. Por quê? 
A dupla de pesquisadores italia-
nos Christian Marinoni e Adeline 
Buzzi (figura 8) publicou estudo 
em que sustentam ser o Uni-
verso dominado pela “energia 
escura” que se opõe à gravi-
dade. Em seu trabalho con-
cluem também que o Universo é 
plano (“universo crítico” de Frie-
dman) e sua expansão é eterna, 
o que descarta a hipótese do Big 
Crunch e, portanto, a ciclicidade 
(expansão-esmagamento do 
universo). 
O trabalho da dupla utilizou uma constante desprezada por Einstein: 
a constante cosmológica. Ela seria usada pelo cientista na defesa do mo-
delo de Universo estável, mas esta conclusão surgiu no momento em que 
outros estudiosos descobriam haver afastamento das galáxias, ou seja, o 
Universo é instável. 
Segundo Marinoni e Buzzi, como a “energia escura” pode superar a 
atração gravitacional normal, seria ela a responsável pela aceleração do 
afastamento entre as galáxias. A maioria dos cosmólogos supõe que 73% 
do conteúdo do Universo seja “energia escura”, 23% “matéria escura”, a 
responsável pela manutenção da coesão das galáxias, e 4% da matéria 
constituinte dos astros celestes e dos seresvivos. 
Estando Marinoni e Buzzi corretos, outra consequencia de suas con-
clusões é a diminuição progressiva da oferta de matéria necessária para 
a formação de novos corpos celestes em substituição aos que “morrem”, 
podendo-se prever igual destino aos seres vivos. 
 Admite-se que 1 segundo após o Big Bang, ocorreu a aniquilação, 
decaimento e criação de novos pares de matéria e antimatéria. A tempe-
ratura teria caído para 10 bilhões de oK, grande parte das partículas ma-
ciças e da antimatéria teriam desaparecido, reunindo-se os quarks para 
gerar toda a matéria que conhecemos. 
Figura 8. Christian Marinoni e Adeline Buzzi. 
Fonte: Kosmologelei. 
9 
 
Criaram-se quantidades iguais de matéria e antimatéria que decai-
ram em partículas e antipartículas mais leves (quarks e léptons). En-
tende-se que a matéria e a antimatéria não se anularam porque para cada 
100.000.000 de quarks e léptons (matéria), havia apenas 99.999.999 de 
antiquarks e antiléptons (antimatéria). Esse desequilíbrio é que teria ge-
rado as estrelas, os planetas e as galáxias. 
No átomo, que é formado por quarks e léptons, cada próton ou neu-
tron do núcleo é composto por três quarks. Sabemos que o núcleo de 
carga positiva está em equilíbrio com os elétrons (uma espécie de lépton) 
que o circundam e que têm carga negativa. 
Os constituintes da matéria relacionam-se entre si através de qua-
tro forças ou interações: (a) forte, (b) fraca, (c) eletromagnética e (d) 
gravitacional. 
A primeira é a que mantém os quarks dentro dos prótons e os pró-
tons e neutrons unidos, formando o átomo. Apesar de ser a maior das 
interações é a que possui o menor raio de ação. O glúon é a partícula que 
transmite esta força. 
A segunda é aquela que ocasiona a desintegração do neutron (de-
sintegração ). As partículas são os bósons W e Z. 
A interação eletromagnética faz com que o elétron gire em torno do 
núcleo atômico. O fóton, uma partícula sem massa, é o responsável pela 
transmissão da luz e outras radiações, como por exemplo, a interação 
eletromagnética. 
O gráviton é a partícula que transmite a força gravitacional, respon-
sável por a Terra se manter girando em torno do Sol, por exemplo. 
Quando a temperatura do bebe Universo atingiu 900 milhões de oK, 
ao final do primeiro segundo, os neutrons começaram a decair em pró-
tons. Essa transformação ocorre porque o neutron, que é instável, possui 
dois quarks down e um quark up. Quando decai em um up, libera um 
elétron (carga negativa) e um neutrino, transformando-se num próton. 
Acredita-se que nos três primeiros minutos formaram-se o hidrogê-
nio (77%), o hélio (23%) e o lítio (0,0000001%). Analisando-se a luz das 
nebulosas distantes no espaço, sabe-se que as quantidades desses três 
elementos é exatamente essa. 
Passados os três minutos iniciais, o Universo se estabilizou e conti-
nuou se expandindo. Pelos 250.000 anos seguintes a radiação era seu 
componente principal; as partículas de matéria movimentavam-se e for-
mavam um nevoeiro luminoso. Tal nevoeiro supostamente foi formado 
por raios gama energéticos que, com o progressivo resfriamento, deu lu-
gar aos raios X e, depois, as radiações infravermelhas (luz e calor). 
Trezentos mil anos após o Big Bang, por queda de temperatura 
(atinge os 3.000 oC), a imensa bola de fogo opaca transformou-se no 
Universo claro e transparente que conhecemos. 
10 
 
A condensação progressiva das nuvens gasosas devido a gravita-
ção, levou ao aumento da temperatura no seu interior e a fusão de nú-
cleos de carbono, iniciando-se aí a fusão nuclear. As estrelas começam a 
luzir e, entre elas, nosso Sol, que expulsou nuvens de gás que o envol-
viam. 
A matéria se acumulou em torno dos núcleos que iriam formar os 
planetas e satélites do nosso Sistema Solar. 
A Terra primitiva era fria e, ainda na forma de nuvens, anexava a 
matéria que passava nas imediações. 
Devido a presença de materiais radiativos e a incessante chuva de 
meteoritos, sua temperatura aumentou e atingiu os 10.000 oC. Por essa 
razão, o globo funde-se tornando-se líquido. Os metais pesados, como 
níquel e ferro, afundam e formam o núcleo ao mesmo tempo em que os 
elementos leves (silício, magnésio e oxigênio) dispõem-se sobre ele. 
Quando a queda dos meteoritos arrefece, a temperatura cai e a 
crosta terrestre se forma. 
Graças a atividade vulcânica, a atmosfera inicial de hidrogênio e 
hélio é enriquecida com outros elementos e compostos e surge a água. 
 
Glossário 
 
Ano-luz: distância percorrida por um raio de luz num ano, ou seja, 9,4605 
milhões de milhões de quilômetros. 
Antipartícula: cada partícula de matéria tem uma antipartícula correspon-
dente. Quando partícula e antipartícula se chocam, aniquilam-se, res-
tando apenas energia. 
Átomo: unidade básica da matéria comum, formado por núcleos compos-
tos por prótons e neutrons, em torno do qual orbitam elétrons. 
Elétron: partícula com carga elétrica negativa que circunda em torno do 
núcleo do átomo. 
°C: grau Celsius. 
°K: grau Fahrenheit. 
Lépton: partícula leve que engloba os elétrons e os neutrinos. 
Neutrino: partícula neutra sem massa, participando apenas das intera-
ções fracas e gravitacionais. 
Neutron: partícula descarregada eletricamente. Parecida com o próton, 
corresponde a aproximadamente metade das partículas no núcleo da mai-
oria dos átomos. 
Partícula: componente pequeno e individual da matéria. É formado de 
grandezas que a caracterizam, tais como, massa, rotação, carga elétrica, 
etc. 
Próton: partícula descarregada positivamente. É mais ou menos a metade 
das partículas no núcleo da maior parte dos átomos 
11 
 
Quark: partícula elementar (carregada) que sofre a força forte. Prótons e 
neutrons são compostos de três quarks cada. 
 
Bibliografia 
 
AMABIS, J. M. e MARTHO, G.R., 1998. Fundamentos de Biologia Moderna. 
2a ed. São Paulo, Editora Moderna Ltda. 661 p. 
AMERICAN MUSEUM OF NATURAL HISTORY. Disponível em: 
https://www.amnh.org/explore/resource-colletions/cosmic-hori-
zons/prifile-georges-lemaitre-father-of-the-big-bang/. Acesso em: 
15 de março de 2018. 
ASIMOV, I., 1972. O Universo. 2a ed. Rio de Janeiro, Bloch Editores. 325 
p. 
BBC FRED HOYLE. Disponível em: www.bbc.co.uk/science/space/uni-
verse/scientists/fred_hoyle. Acesso em: 15 de março de 2018. 
BERTIN, L., 1965. La Tierra Nuestro Planeta. Barcelona, Editorial Labor, 
S.A. 568 p. 
BUSCA BIOGRAFÍAS. Disponível: https://www.buscabiografias.com/bio-
grafia/verDetalhe/4195/George%20Gamov. Acesso em:15 de 
março de 2018. 
CENTRO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E CULTURAL. Disponível em: 
https://www.cdcc.sc.usp.br. Acesso em: 23 de março de 2018. 
COUPER, H. e HENBEST, N., 1998. Big Bang: a História do Universo. São 
Paulo, Editora Moderna. 45 p. 
DUTCH NATIONAL ARCHIVES, THE HAGUE, ANEFO. Wikimedia Commons, 
the free repository. Disponível em: https://commons.wikime-
dia.org/wiki/File:Gerard_Kuiper_1964.jpg. Acesso em: 14 de março 
de 2018. 
EL PAÍS, 26/02/2014. El País. O Big Bang completa 50 anos, de Alícia 
Rivera. Disponível em: https://brasil.elpais.com/bra-
sil/2014/02/25/siciedad/1393353195_324347.html. Acesso em: 15 
de março de 2018. 
EMILIO SEGRE VISUAL ARCHIVES/AIP/SPL. Disponível em: 
www.bbc.co.uk/science/space/universe/scientists/edwin_hubble. 
Acesso em: 15de março de 2018. 
FEDERAÇÃO RUSSA. Wikimedia Commons, the free repository. Disponível 
em: https://commons.wikimedia.org/File:Fridman_AA.jpg?use-
lang=pt. Acesso em: 15 de março de 2018. 
FOTOS DE ALBERT EINSTEIN. Disponível em: www.blogodorium.com.br. 
Acesso em: 14 de março de 2018. 
GLEISER, M., 1997. A Dança do Universo: dos Mitos de Criação ao Big 
Bang. 1a reimpressão. São Paulo, Companhia das Letras. 434 p. 
GRIBBIN, J. R., 1984. O Big Bang. São Paulo, O Correio da UNESCO, 
11(12):5-13. 
https://www.amnh.org/explore/resource-colletions/cosmic-horizons/prifile-georges-lemaitre-father-of-the-big-bang/
https://www.amnh.org/explore/resource-colletions/cosmic-horizons/prifile-georges-lemaitre-father-of-the-big-bang/http://www.bbc.co.uk/science/space/universe/scientists/fred_hoyle
http://www.bbc.co.uk/science/space/universe/scientists/fred_hoyle
https://www.buscabiografias.com/biografia/verDetalhe/4195/George%20Gamov
https://www.buscabiografias.com/biografia/verDetalhe/4195/George%20Gamov
https://www.cdcc.sc.usp.br/
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gerard_Kuiper_1964.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gerard_Kuiper_1964.jpg
https://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/25/siciedad/1393353195_324347.html
https://brasil.elpais.com/brasil/2014/02/25/siciedad/1393353195_324347.html
http://www.bbc.co.uk/science/space/universe/scientists/edwin_hubble
https://commons.wikimedia.org/File:Fridman_AA.jpg?uselang=pt
https://commons.wikimedia.org/File:Fridman_AA.jpg?uselang=pt
http://www.blogodorium.com.br/
12 
 
-----------------, 1995. No Início, Antes e Depois do Big Bang. Rio de Ja-
neiro, Editora Campus. 276 p. 
HAAS, A., 1963. La Origen de la Vida y del Hombre. Madrid, La Editorial 
Católica, S.A. 552 p. 
HAWKING, S.W., 1988. Uma Breve História do Tempo: do Big Bang aos 
Buracos Negros. Rio de Janeiro, Editora Rocco Ltda. 262 p. 
KEPLER, A., 1975. Biologia Geral. 2a ed. Porto Alegre, Livraria Sulina Edi-
tora. 380 p. 
KOKORIK. Wikimedia Commons, the free repository. Disponível em: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:James_hopwod_Je-
ans.jpg. Acesso em: 4 de março de 2018. 
KOMOLOGELEI. Disponível em: https://kosmologelei.word-
press.com/2013/03/07/flacher-kosmos/ Acesso em: 21 de março 
de 2018. 
KUMPINSKI, I. e KÉPES, A.D., 1971. Biologia Geral. 3a ed. Porto Alegre, 
Livraria Sulina Editora. 302 p. 
MARINONI, C. e BUZZI, A., 2010. A geometric mesure of dark energy 
with pairs of galaxies. Nature, 468: 539-541. 
ORR Jr., C., 1966. Entre a Terra e o Espaço. Rio de Janeiro, Gráfica Editora 
Livro S.A. 247 p. 
PAT RAWLINGS. Wikimedia Commons, the free repository. Disponível em: 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Protopla-ne-
ary_disk_jhpg. Acesso em: 03 de março de 2018. 
RAMBO, A.B. e ULLMANN, R.A., 1978. Antropologia. 7a ed. São Leopoldo, 
Gráfica UNISINOS. 168 p. 
RÜEGG, N.R., FONSECA, M.A., NEGRÃO, O.B.M., AMARAL, I.A., CAMP-
BELL, L., CANIATO, R., FIGUEIREDO, A., MACEDO, A.B., CARNEIRO, 
C.D.R., ARID, F.M., PONTUSCHKA, BARBOSA, R.H. e HERZ, R.J., 
1976. Investigando a Terra. São Paulo, Editora McGraw-Hill do Bra-
sil, Ltda. v. II, 240 p. 
STEINER, J.P., 1999. O Instante Zero - O Começo de Tudo. Superinteres-
sante, 111:75-99. 
WEINBERG, S., 1980. Os Três Primeiros Minutos do Universo. Lisboa, Gra-
vida-Publicações Lda. 202 p. 
WIKIMEDIA COMMONS. Wikimedia Commons, the free repository. Dispo-
nível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kant_gema-
elde_3.jpg. Acesso em: 04 de março de 2018. 
 
Internet: 
 
http://www.map.gsfc.nasa.gov/html/big_bang.html. 
http://www.geocities.com/CapeCanaveral/hangar/9640/nebulosa.html. 
http://www.geocities.com/CapeCanaveral/6344/gleiser.html. 
http://www.geocities.com/collegepark/7236/laplace.html. 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:James_hopwod_Jeans.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:James_hopwod_Jeans.jpg
https://kosmologelei.wordpress.com/2013/03/07/flacher-kosmos/
https://kosmologelei.wordpress.com/2013/03/07/flacher-kosmos/
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Protopla-neary_disk_jhpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Protopla-neary_disk_jhpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kant_gemaelde_3.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kant_gemaelde_3.jpg
http://www.map.gsfc.nasa.gov/html/big_bang.html
http://www.geocities.com/CapeCanaveral/hangar/9640/nebulosa.html
http://www.geocities.com/CapeCanaveral/6344/gleiser.html
http://www.geocities.com/collegepark/7236/laplace.html

Mais conteúdos dessa disciplina