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O inciso V do artigo 74 da Lei n. 14.133/2021 prescreve hipótese de inexigibilidade de licitação para “aquisição ou locação de imóvel cujas caracte...

O inciso V do artigo 74 da Lei n. 14.133/2021 prescreve hipótese de inexigibilidade de licitação para “aquisição ou locação de imóvel cujas características de instalações e de localização tornem necessária sua escolha.”. É curioso que na Lei n. 8.666/1993 a mesma hipótese foi qualificada pelo legislador como de dispensa de licitação, de acordo com o inciso X do seu artigo 24. A rigor, a qualificação dada pela Lei n. 14.133/2021 é a correta, porque se trata realmente de inexigibilidade. Note-se que só é lícito comprar ou locar imóvel cujas necessidades de instalação e de localização condicionem a escolha da Administração Pública. Portanto, se a Administração Pública quiser comprar ou locar imóvel em região central de determinado município e existirem vários imóveis que podem atender aos seus propósitos, em princípio ela deve proceder à licitação pública. A contratação direta encontra lugar nas situações em que houver somente um imóvel cujas características atendam aos interesses da Administração Pública, pelo que, a rigor jurídico, está-se diante de hipótese em que ocorre inviabilidade de competição e, por conseguinte, inexigibilidade em vez de dispensa de licitação. O aspecto mais controverso sobre a contratação por parte da Administração Pública de aquisição ou locação de imóveis diz respeito aos critérios que são levados em conta para avaliar se o imóvel é o único que atende às suas necessidades. Ocorre que na compra ou locação de imóvel principalmente na locação há vários aspectos que devem ser ponderados. É plausível que existam dois imóveis próximos, com dimensões semelhantes, porém com características diferentes, pelo que apenas um deles atenda às necessidades da Administração Pública. Imagine que um deles esteja situado em prédio novo, com portaria 24 horas, com rede lógica, elétrica, sem necessidades de muitas reformas. O outro prédio é antigo, sem portaria 24 horas, sem vigilância, sem rede lógica e elétrica, com problemas hidráulicos, em péssimo estado de conservação. A comparação entre os dois prédios, muito embora estes sejam semelhantes em metragem e localização, autoriza concluir que o primeiro é o único que atende à Administração Pública. Sendo assim, o inciso V do artigo 74 da Lei n. 14.133/2021 andou bem ao prescrever que a inexigibilidade depende das características de instalações e de localização. Ou seja, enfatizando-se, as instalações importam e podem ser decisivas. Ressalta-se que, nos casos concretos, vários elementos podem e devem ser considerados pela Administração Pública. Ademais, é forçoso reconhecer grau de discricionariedade para avaliar tais elementos. Dessa sorte, diante da discricionariedade, o inciso III do § 5º do artigo 74 da Lei n. 14.133/2021 exige da Administração Pública “justificativas que demonstrem a singularidade do imóvel a ser comprado ou locado pela Administração e que evidenciem vantagem para ela.” A propósito, o mesmo § 5º do artigo 74 estabelece outras duas condicionantes à discricionariedade da Administração Pública. De acordo com o inciso I, é necessária a “avaliação prévia do bem, do seu estado de conservação, dos custos de adaptações, quando imprescindíveis às necessidades de utilização, e do prazo de amortização dos investimentos;” O inciso II, por sua vez, demanda a “certificação da inexistência de imóveis públicos vagos e disponíveis que atendam ao objeto;” Diante desses elementos, advirta-se que os órgãos de controle não devem tomar para si a discricionariedade dos agentes administrativos e pretender intrometer-se no mérito das decisões, sobremaneira em situações dúbias. A dúvida, nestes casos, milita em favor da Administração Pública, em homenagem ao atributo dos atos administrativos que importa na presunção de legitimidade destes. Aliás, em vista das variáveis que determinam a escolha de imóveis pela Administração Pública, a experiência prática denota que a maioria dos contratos de locação são firmados sem licitação. É realmente difícil, em razão de tantas variáveis, estruturar licitação para a seleção de imóvel destinado à aquisição ou locação, muito embora seja possível, tudo dependendo das especificidades de cada caso. Perceba-se que o inciso X do artigo 24 da Lei n. 8.666/1993 exige que o imóvel a ser adquirido ou comprado se destine ao atendimento das finalidades precípuas da Administração Pública. Essa exigência, acertadamente, não foi reproduzida no inciso V do artigo 74 da Lei n. 14.133/2021. Sucede que a finalidade da Administração Pública é definida por lei, sempre com vista a contemplar o interesse público. O fato é que não há finalidade precípua em contraposição à finalidade acessória. Ou a Administração Pública foi incumbida de aportar a dadas finalidades e, logo, tudo o que for relacionado a isso é legítimo, inclusive a compra ou locação de bens imóveis por meio

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APOSTILA - CONTRATOS E LICITAÇÕES
67 pág.

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