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Aula 4 - 11-08-2010 - O sentido PROFUNDO da colonização

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Aula 4 - 11/08/2010 - O sentido PROFUNDO da colonização
Texto
	Fernando Novais - Portugal e Brasil na Crise do Antigo Sistema Colonial (1979) - tese de mestrado, cap. 2
Introdução
Para FN, ficar apenas no aspecto comercial (como o faz CPJr., análisando a relação colônia x metrópole) seria apenas superficial, ignorando a face mercantil de um proceso mais profundo - a formação do capitalismo moderno. Sobre CPJr.: “sua análise se deteve no meio do caminho”, “expansão comercial europeia é, na realidade, a face mercantil de um processo mais profundo, a formação do capitalismo moderno”
Talvez o Brasil não se resuma somente ao sentido da colonização, talvez fosse prudente 		inserir o país no conjunto do mundo colonial; em nenhum momento critica negativamente 		Prado, Novais apenas suplementa a visão inicial.
“O mirante” de Caio Prado.
CPJr. olha de fora p/ dentro na perspectiva do setor exportador (Colônia -> Metrópole). Novais fala do conjunto. Apesar de aceitar as características das Colônias acha necessário olhar mais a fundo sobre o “plano de fundo do mundo metropolitando”.
	- “Os grandes acontecimentos articulam-se basicamente à história do comércio europeu”.
	- A perspectiva comercial é suficiente para o sentido da colonização (social/econômico).
CPJr. - Tangenciando o Sentido Profundo
Não que CPJr. desconsidere esse plano de fundo (os acontecimentos no mundo metropolitano, a expansão comercial ultramarina e o processo de formação do capitalismo moderno), já que ele analisa que a colonização do Brasil é um pedaço de algo maior q acontece no mundo, mas para ele essa análise “mais profunda” não é foco, já que esta interessado nos aspectos comerciais da colonização e a partir dai desenvolver o “sentido” da colonização. CPJr. esta preocupado com o avanço comercial, 	“pinçando” o necessário para a definição de “sentido”:
	- deslocamento da supremacia comercial da rota mediterrânea para o atlântico.
	- mudança essa que torna os países “litorais” (UK, Países Ibéricos, etc) protagonistas.
	- colonização tropical + tipo de colono = exploração de recursos naturais voltado para o comércio europeu.
	- resultado natural/necessário = monocultura+latifúndio+escravidão.
Fernando Novais
Vai levar o “olhar” até a linha do horizonte e trabalhar no agregado. Avança a partir da faceta mercantil, entretanto com mais “profundidade” (nova roupagem, conceitos teoricos e até mesmo marxistas).
Antigo Sistema Colonial: colônias em posição subordinadas e definidas;
<>devem dar à metrópole um mercado para seus produtos (ser demanda), fornecer emprego/trabalho para os manufatureiros/artesãos da metrópole e fornecer matérias-primas/mercadorias que sejam úteis à metrópole.
<>graças às colônias os países Ibéricos não precisaram utilizar o protecionismo comercial (colônias eram o suficiente).
Forma mercantilista de colonização:colônia como “backup” da metrópole para garantir os ideários mercantilistas (bulionismo + balança de pagamentos favorável + protecionismo).
Vínculos entre sistema colonial e a “teoria” mercantilista.
No aspecto comercial Novais concorda com Prado em que a colônica deve ser mercado, mas essencialmente fornecer produtos tropicais e minérios para economia europeia; “eis, no fundo, o “sentido da colonização”.
Antigo Sistema Colonial inserido no Antigo Regime.
O Antigo Sistema Colonial é um dos pilares do Antigo Regime (exclusivo metropolitano, escravidão e tráfico de negros).
Antigo Regime: estados nacionais absolutistas, sociedade estamental, capitalismo comercial, mercantilismo, colônia, expansão ultramarina.
Função do Antigo Sistema Colonial como pilar do Antigo Regime: fomentar a acumulação de capital via exclusivo metropolitano + escravidão (e tráfico negreiro).
É uma visão pradiana + comércio histórico (mercantilismo e política contemporânea).
- absolutismo é chave para dominação: mantém sociedade coesa, agrupa capital para grandes investimentos (navegações).
- posição dominante do capital comercial (ou usurário): D-M-D’, ou D-D’.
- é o que ocorrerá (“acontece fora do sistema”) nas colônias brasileiras.
- acumulação primitiva (ou originária), condição fundamental, “a principal alavanca na gestação do capitalismo”; o cercamento após a acumulação primitiva permite capitalismo industrial, acontece tanto na europa quanto nas colônias (a acumulação primitiva); só é acumulação primitiva quando o capital acumulado é de fato precursor do capitalismo industrial; ou seja, se não for é uma acumulação como qualquer outra.
Indo além de Prado:
- caráter comercial das colônias + considerações do Antigo Regime (intermédio entre fim feudalismo e constituição do capitalismo comercial) = ideia de um sentido da colonização em plenitude.
- a colonização do novo mundo se apresenta como peça de um sistema, instrumento de acumulação primitiva e elemento constitutivo no processo de formação do capitalismo moderno.
O que garante “ir além de Prado”?
 	- exclusivo metropolitano (como mecanismo do sentido profundo).
Há trade-off ter uma visão mais geral/histórica?
	- a análise geral não afeta a essência da exploração colonial.
	- Portugal (em 1640) retorna o exclusivismo (devido à perda de vários ativos e das rotas 		das índias, ou seja, Portugal estava interessadas nestas até que elas se foram).
A escravidão negreira p/ Novais
”colonizar para o capitalismo”: tráfico torna-se um novo nicho comercial (bastante lucrativo), a partir do tráfico negreiro que se pode entender a escravidão africana colonial; ou seja, negros foram “forçados” a se adaptarem às lavouras. A escravidão indígena é interna (não gerava lucro para fora); tráfico contribuiu para a acumulação primitiva/originária.
CPJr. (sentido da colonização)
Colonização como desdobramento da expansão comercial europeia.
+ 
FN (sentido profundo da colonização)
Antigo Sistema Colonial como fator de acumulação primitiva da gênese de produção capitalista.
Implicações:
- preponderância do capital mercantil metropolitano.
 	- quase inexistência de um mercado interno na colônia.
 	- sociedade polarizada: senhores X escravos.
 	- quase inexistência de processos acumulação endógena.
(NOZOE)
O professor iniciou a aula por ilustrações que tratam do pensamento mercantilista, cujo auge aconteceu no sec. XVII e não no XVI. Na franca foi com o Colbert.
Continuamos com o historiograma da economia brasileira, agora com o Fernando Novais.
Hoje vamos pegar o tópico 1 do capitulo 2 da tese do Fernando Novais (50 páginas). Portugal e o Brasil na Crise do antigo sistema
A aula de hoje vai explicar sobre o Sentido profundo da Colonização (vai explicar a colocação da palavra "profundo", complementando o “sentido” de Caio Prado). A explicação vai do sentido da colonização para o sentido profundo da colonização, passando pelo Sistema colonial na era mercantilista até o antigo regime.
Para Caio Prado, o fim último da colonização era o comércio europeu, enquanto para Fernando Novais era a acumulação primitiva de capital constitutivo no processo de formação do capitalismo moderno.
Objetivo do livro é:
Analisar a política colonial portuguesa em relação ao Brasil em 1777-1808 (Crise do sistema colonial). 1777 está situado após a independência dos EUA e antes da Riqueza das NAÇÕES . 1808 marca a abertura dos portos no Brasil, e Dona Maria de Portugal.
Analisar a ideologia que formou a política (...que política? a mercantilista ou capitalista?...) (com base em que princípios essas mudanças foram feitas, qual a compreensão que as nações do mundo tinham desta relação e como se colocava no contexto da Europa, que já era conturbada, pois ainda vem a Revolução Francesa e o período de Napoleão).
As fontes de informações:
Legislação econômica
Memória da academia real de Lisboa
Bolsa de valores dos portos portugueses???
Níveis de análise:
Plano geral – a crise do antigo regime. Do ponto de vista dele, existem mudanças políticas que colocam Portugal a frente dos outros países (final séc. 18???). 
Plano concreto – a política colonial de Portugalem relação ao Brasil. Para Portugal a crise é como algum problema que vem de fora para dentro. O fato de permanecer igual enquanto o mundo se deslocava, Portugal tornava-se anacrônico. Todavia o mundo mudou, ao fim do séc. 18 deixou de ser mercantilista e tornou-se capitalista, situação anacrônica.
Para analisar uma definição ele faz aproximações sucessivas ate chegar no conceito final, superando-se.
O sistema colonial europeu serve como instrumento da acumulação primitiva (acumulação comercial, entenda-se sec. XVI). O sentido profundo da colonização foi: comercial e capitalista, isto é, elemento constitutivo no processo de formação do capitalismo moderno (industrial). 
Repito aqui: para Caio Prado, o fim último da colonização era o comércio europeu, enquanto para Fernando Novais era a acumulação primitiva de capital constitutivo no processo de formação do capitalismo moderno.
Esquematizando, os marcos do mercantilismo foram a crise do feudalismo (sec. XV) e renascimento, enquanto os marcos do capitalismo foram a Revolução Francesa e a Revolução Industrial (no final do século XVIII).
Existem quase dois séculos entre um modo de produção e a firmação do outro, ou seja, para chegar de uma situação a outra foi necessária uma transição para a condição sine qua non do capitalismo, que era a acumulação do capital (acumulação primitiva ou originária = pecado original). Outra condição foi a transição do trabalho para uma relação assalariada (contratual); outra condição é o mercado consumidor, que depende de relações mercantilizadas (troca) com uma moeda.
Segundo Marx, a acumulação primitiva é:
Conceito chave para explicar a origem do Capitalismo, mais exatamente, para explicar como surge historicamente a relação capitalista de trabalho, entre duas classes sociais: capitalistas e assalariados (ênfase na separação do trabalhador dos meios de produção, pertencentes agora aos capitalistas).
No fundo, o conceito procura descrever como, e ao mesmo tempo, aparecem o trabalhador livre (separado dos meios de produção), e o proprietário dos meios de produção de outro lado.
Este processo aconteceu antes do aparecimento do capitalismo, isto é, durante o feudalismo, período durante o qual a agricultura é o principal segmento de produção e, portanto, a terra o mais importante meio de produção.
Isso desvincula o conceito de que o trabalhador também é dono dos meios de produção (hoje isso seria inconcebível). Além disso, chega-se num estágio de que a moeda pode comprar qualquer coisa.
Trata-se portanto do processo de separação dos meios de produção, onde os meios de produção ficam com os capitalistas, e o emprego de trabalhadores transforma-se em capital.
Fala da importância do cercamentos dos campos comunais, lei dos pobres, contrariando a idéia de que o capitalista é quem vai fazendo economias até ficar rico.
Para Fernando Novais, o sentido profundo da colonização é explicado por um processo teórico para se chegar ao “profundo”, cujo ponto de partida é a noção de antigo regime, que se tratou de uma transição ente feudalismo e capitalismo, período em que ocorreu a acumulação primitiva, cuja característica principal era a presença simultânea de elementos do antigo modo de produção e a formação de elementos do modo de produção que está sucedendo-o. Trata-se de vários elementos relacionados, nos seguintes âmbitos para caracterizar o antigo regime (todos são interdependentes):
Política – absolutismo e centralização do poder (sai do poder difuso para o centralizado), caracterizando o antigo regime. Para garantir a expansão marítima o estado precisa ter um determinado nível de organização, dado a necessidade de investimento, tempo.
Social – Estamentos/ordens (privilégios políticos), ou seja, leis diferentes para cada estamento. Temos até situações parecidas no Brasil, como a inconfidência mineira, onde o Tiradentes foi o mais ralé que se ferrou, e os mais ricos têm desterro na África. No capitalismo todos são iguais (até certo ponto). Esse item é remanescente do feudalismo que desaparece efetivamente após a Revolução Francesa (ultimo elemento a desaparecer)
Economia – Capitalismo mercantil (d – m – d’)
Políticas mercantilistas – série de medidas aplicadas interna e externamente.
Expansão marítima e comercial – externamente, voltada para fora. Devemos entender como ela se relaciona com o capitalismo comercial, e que no processo de expansão ultramarina são descobertas terras que serão colonizadas (sistema colonial). 
Sistema colonial. A relação entre todas metrópoles e suas colônias era o interesse mercantil (política mercantilista). A colônia não pode vender para outras metrópoles (políticas mercantilistas). Defende que a existência da colônia é dinamizar o crescimento da metrópole.
Isso tudo é o que explica as transformações que permitem a passagem do feudalismo para o capitalismo. Vale observar que a Inglaterra deveria ter evoluído da mesma forma, mas foi retardatária porque tivera problemas para centralizar a força de seu estado (consegue no séc. XVIII). Tentando somente aí enquadrar suas colônias no mercantilismo, ocorrendo as rebeliões das colônias da nova Inglaterra. Ao tentar re-afirmar o antigo regime, a Inglaterra vai ser a primeira a ficar fora do sistema mercantilista, e fazer entrar em colapso o antigo regime (1776 – publicação da riqueza das nações). Ao fazer isso consegue entrar nas outras metrópoles.
Mas como se explica o aparecimento do Antigo Regime no processo de Novais?
Novais dá todos os créditos para o Dobb de que o que origina a crise é o comércio. Para que os senhores feudais consigam sustentar o comércio, eles aumentam as explorações dos servos.
Insurreições camponesas
Locais próximos às rotas (dissolução dos laços feudais). Onde existe a possibilidade de fuga, o senhor flexibiliza os laços feudais e começa a pagar a parte do servo em dinheiro, levando excedentes para a cidade para trocar por moeda. Começou a se formar uma relação de arrendamento.
Locais onde o impacto se fez nas camadas mais altas (enrijecimento da servidão), pois o nível de urbanização é menor (exemplo Europa Oriental), com maiores dificuldades de fugas, etc.
Insurreições urbanas, onde ocorre a diferenciação Social (comerciante desapropriando artesãos). 
Ou seja, se instaura uma crise social que arrefece (esfria, acalma) o comércio interno, agravado pela depressão monetária (padrão de moeda em prata, que tem grande desabastecimento, circulava-se menos moedas, e aumentando-se o preço). Soluções:
Burguesia começa a associar-se a formação de estados nacionais (Borgonha)
Acirramento da disputa comercial
Da junção dos itens acima, chega-se nas antigas rotas para cidades italianas/flamengas.
Tem-se dificuldade na abertura de novas rotas, pois precisava-se de grande volume de capital, alto risco e com longa maturação, onde o estado nacional encabeça a nível nacional essas dificuldades, chegando-se ao estado absolutista, onde o principal comerciante de Portugal era o próprio rei de Portugal.
Dentro dos estados absolutistas:
Unifica e disciplina as ordens (Estamentos) e 
Utiliza políticas mercantilistas que fomentam o comercio
O êxito desses dois itens reforça o processo de constituição do estado unificado.
Todos os elementos do antigo regime estão descritos acima.
A noção de antigo regime permite explicar:
A relação entre a formação dos estados nacionais e a expansão ultramarina. A colônia era um meio de garantir a expansão do comércio.
A presença pioneira de Portugal é a passagem da casa de Borgonha para Avis, de onde vai sair o primeiro rei comerciante de Portugal (precocemente centralizado).
A concorrência comercial e colonial entre Portugal e Espanha, países baixos, Inglaterra e França, que têm processos de unificação diferenciados (estados nacionais e expansão ultramarina foram assincrônicos). Todas partes constituem seus impérios em cima de Portugal e Espanha ou dos dois, pois o mundo já estava divido por estes através do Tratado de Tordesilhas (em 7/7/1494)
A principal critica que se faz ao Fernando Novais é que ele já sabe que ocapitalismo já existia, e ele explica o que veio antes pelo que veio depois (a finalidade da acumulação primitiva era promover o capitalismo). A principal diferença com Caio Prado era que para este o sentido da colonização era o comércio, ou seja, este ficou no meio do caminho, não chegando ao papel histórico da acumulação primitiva do capital. Caio prado também não explica os motivos da crise do antigo regime, somente que isso aconteceria quando as condições naturais se esgotassem, o que não se observou até hoje (inclusive a colônia Brasil tem sua independência em 1822 e torna-se industrializada em 1930). Novais consegue mostrar com seu conceito de acumulação primitiva que o sistema colonial se torna obsoleto e descartável, superando-se no Brasil com abertura dos portos (1808), abolição (1850). O séc. XIX no Brasil para Caio Prado é explicado de maneira diferente. Vale observar que Caio Prado também não explica o porque da utilização de mão de obra negra, somente aponta que o índio era considerado “preguiçoso”, não adaptado a serviços pesados, enquanto Novais diz que o tráfico de escravos negros era lucrativo para a metrópole, enquanto a mão de obra indígena não lhe trazia lucro algum.