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Resumos cap. 01 ao 13- Formação econômica do Brasil

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - 
UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS 
ECONÔMICAS – DCEC 
Curso de Economia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo 
 
Beatriz Soares de Souza 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ilhéus, BA 
julho/2022 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ – 
UESC DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS 
ECONÔMICAS - DCEC 
Curso de Economia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resumo 
 
Beatriz Soares de Souza 
 
Trabalho apresentado como parte da 
avaliação da disciplina Formação 
econômica do Brasil, ministrada pelo 
Prof. Zilney Matos de Almeida. 
 
 
 
 
 
 
Ilhéus, BA 
julho/2022 
 
 
Sumário 
A Importância da Análise Histórica-Econômica ........................................................................... 4 
A Expansão Comercial Europeia, a Ocupação da América e os Modelos de Colonização ........... 6 
A Colonização Efetiva ................................................................................................................. 8 
O Perfil do Colonizador ............................................................................................................. 10 
A solução Açucareira ................................................................................................................ 12 
O Problema da Mão-de-Obra e a Solução Escravista ............................................................... 14 
A Crise da Economia Açucareira ............................................................................................... 16 
O Ciclo do Ouro ........................................................................................................................ 18 
A Ocupação do Interior ............................................................................................................. 20 
A Ruptura do Pacto Colonial .................................................................................................... 22 
A Expansão Cafeeira ................................................................................................................ 24 
A Abolição: Consequências ...................................................................................................... 26 
O modelo primário exportador .................................................................................................. 28 
REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 30 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Importância da Análise Histórica-Econômica 
 
Através do conhecimento histórico-econômico podemos responder a questões 
quanto a situação socioeconômica de um país. Ademais, sabemos que a economia 
é uma ciência social aplicada, logo se faz necessário uma reintegração histórica 
para auxiliar a análise de questões envolvendo o desenvolvimento social. Nesse 
contexto, sem o conhecimento mínimo da história, o economista não conseguirá 
atuar de forma inovadora e criativa. 
A priori, a história econômica surge devido às transformações trazidas pela 
revolução industrial na Europa no século XIX. O livro capital de Karl Marx, pode 
ser considerado o marco fundador da história econômica, visto que aborda os 
elementos básicos da metodologia da história econômica, os quais são: uma 
doutrina econômica definida, uma doutrina histórica definida, o questionamento de 
tais doutrinas e a formulação de hipóteses claras. 
Ademais, o surgimento da história econômica correspondeu à necessidade de 
abandonar o método síncrono utilizados pelos clássicos para expor a formação 
das categorias da economia política e adotar uma abordagem contínua das 
ocorrências econômicas na vida das sociedades. Dessa forma, a história 
econômica busca introduzir o processo de produção econômica num contexto 
histórico-cultural temporal. 
Nesse contexto, as leis econômicas irão esclarecer mecanismos pelos quais se 
deu um processo, mas não explicam a lógica implícita desse processo. A teoria 
econômica busca formular corretamente os problemas básicos de uma pesquisa. 
No contexto histórico-econômico é importante fundamentar a respeito do tempo e 
movimento. O tempo é a permanência da realidade social, enquanto o movimento 
pode ser compreendido como o conjunto de modificações verificadas no processo 
econômico, como as elevações e quedas da produção, elevação de preços, dentre 
outras. 
A partir disso, é necessário abordar sobre o conceito de conjuntura, a qual é um 
corte do movimento temporal da sociedade. Logo, a conjuntura pode ser tanto 
econômica quanto social as quais se interagem na criação do fato histórico. 
Ademais, o conceito de estrutura pode ser definido como um conjunto de relações 
majoritárias e a interdependência entre o todo e a parte, é o movimento 
permanente ou permanência do movimento que a caracterizam. Através da 
análise estrutural, 
podemos abordar sobre a questão do crescimento o qual se relaciona com as 
modificações quantitativas que se refere as variações dimensionais e qualitativas 
que dizem respeito as variações estruturais que apresentam momentos de 
arrancada e desaceleração. 
Por fim, é fundamental abordar sobre a importância da disciplina de formação 
econômica do Brasil para os discentes do curso de economia. O economista deve 
identificar como um cidadão que habita em um determinado país, que fala 
determinada língua e que reproduz um tipo específico de cultura. Diante disso, o 
economista deve atuar do ponto de vista de sua sociedade. 
No entanto, o Brasil possui ponto de vista étnico e cultural muito variado e 
devido a tal formação histórica, o povo brasileiro não se vê no outro. Muito disso 
se dá devido aos diversos grupos étnicos e suas combinações. Logo, se faz 
necessário conhecer e refletir sobre a história socioeconômica do Brasil, pois se a 
economia não pretende permanecer vítima da história é fundamental redescobrir 
essa perspectiva histórica, porque tal perspectiva pode trazer sentido para futuros 
problemas e fundamentação para a teoria de amanhã. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Expansão Comercial Europeia, a Ocupação da América e os 
Modelos de Colonização 
 
A Sociedade durante a idade média constituía-se por três estamentos: os 
sacerdotes, nobres e servos. Ademais, conforme o pensamento medieval cada um 
destes grupos representava uma instituição divina. Na Europa Ocidental, tal 
estrutura era tão inflexível que descrevia a sociedade dividida em três ordens: os 
clérigos, os guerreiros e os trabalhadores. 
Os trabalhadores eram responsáveis por pela realização do trabalho que 
mantinham as demais castas. A medida de riqueza era determinada pela posse e 
propriedade de terra, que era dividida em feudos. Nesse contexto, a igreja católica 
era a instituição mais poderosa da época visto possuir o maior domínio das terras. O 
feudo compreendia uma aldeia e várias centenas de acres de terra arável onde o 
povo trabalhava. De outro modo, o feudo configurara-se como uma unidade 
política, econômica e jurídica, onde o senhor feudal exercia seu poder. 
Ao fim do século VIII, a Europa Ocidental regrediu ao estado de região 
exclusivamente agrícola. Logo, à terra é a única condição de riqueza, pois a 
existência social baseia-se na propriedade de terra. As relações entre os servos e 
os senhores feudais eram regidas por normas de suserania e vassalagem. Dessa 
forma, o servo devia total obediência e trabalho ao senhor feudal, enquanto este 
dava-lhe em troca o direito de arrendar uma faixa de terra para seu sustento. Além 
disso, o servo estava preso à terra e não lhe era permitido abondar o feudo, o servo 
não era considerado uma propriedade do senhor feudal, mas também não era um 
homem livre. 
A economia do período feudal pode ser caracterizada como uma economia 
fechada e autossuficiente, considerando que o comércio era quase inexistente e 
consistia apenas em trocas de poucas mercadorias as quaiseram necessárias 
para à reprodução do sistema. Além disso, como não havia um poder centralizado, 
não existia a possibilidade de arrecadação fiscal o que impedia o desenvolvimento 
de estradas e prestação de serviços. Ademais, como o feudo constituía uma 
unidade autônoma, havia enormes diversidades de pesos, medidas e moedas, o 
qual inviabilizava a prática das trocas. 
Por volta do século X, começou a surgir rachaduras na estrutural feudal quando 
cessaram as invasões bárbaras. Por conseguinte, ocorreu o aumento da 
população nos feudos, ocasionando a necessidade de aumentar a produção. 
Ademais, com o 
subterfúgio de reconquistar à Terra Santa, a nobreza feudal organizou-se e 
dirigiu-se ao oriente em busca de novas terras e produtos que pudessem ser 
comercializados na Europa. O movimento das cruzadas estava fundado a partir de 
diversos interesses, como a ampliação do domínio da igreja Católica, o avanço 
muçulmano através da igreja Ortodoxa, as terras que a nobreza buscava para 
cobrir suas dívidas e a segurança de manter o monopólio comercial por parte das 
cidades italianas. 
As cruzadas representaram grande mudança na estrutura econômica e na 
sociedade feudal e garantira a liberação do mediterrâneo para o transporte de 
mercadorias; possibilitaram o incremento das trocas de produtos orientais por 
artigos oriundos das regiões setentrionais da Europa; incentivaram o 
estabelecimento de feiras periódicas; geraram a necessidade de criação de uma 
polícia que garantisse a segurança; deram origem aos percursores dos banqueiros. 
Com a expansão comercial, ocorreu a desintegração do sistema feudal. Visto 
que a forma de organização feudal era incompatível com a burguesia. Em 
consequência disso, a burguesia lutou contra a forma de organização feudal, 
aliando-se ao rei o qual buscava aumentar sua autonomia. Durante o século XV, 
após a centralização do poder monárquico, Portugal passou a buscar novos 
territórios de modo a estabelecer feitorias e comercializar produtos de interesse 
para o mercado europeu. 
É nesse quadro de expansão comercial e territorial que começa a surgir as 
grandes navegações, e junto ao pioneirismo português, a Espanha também se 
concretizou como monarquia em decorrência da reconquista dos territórios 
controlados pelos árabes. Por conseguinte, surgiram as colonizações na América 
e os povos que colonizaram o continente não tinha a intensão de desenvolver o 
novo mundo. 
A partir das colonizações espanholas surgiram um tipo de colonização de 
exploração, a qual consistia em garantir às metrópoles a extração do máximo de 
riqueza possível das colônias. Com relação à colonização da América do Norte, a 
princípio não houve interesse europeu visto que as terras não possuíam produtos 
extrativos. 
 
A Colonização Efetiva 
 
A partir do século XV, convencionou o mundo moderno o qual pode ser 
caracterizado pelas grandes mudanças estruturais no mundo e transformações 
que fazem com ele seja qualitativamente diferente do mundo antigo. Dessa forma, 
ao fim do século XV nasceu a economia-mundo europeia. Ademais, é um sistema 
mundial, pois é maior que qualquer unidade política juridicamente definida. É uma 
economia- mundo porque o vínculo básico entre as partes do sistema é econômico 
ainda que esteja reforçado por arranjos políticos e estruturas confederativas. 
A partir disso, podemos considerar que a colonização é a parte integrante desse 
sistema mundial, tendo como consequência o descobrimento. Nesse contexto, 
surge o questionamento “por que foram os portugueses, habitantes de um dos 
menores países da Europa, os pioneiros da expansão marítima ocorrida a partir do 
século XV?”. 
A priori, é necessário abordar sobre as condições do continente europeu 
durante esse período: a gradativa desagregação do feudalismo, o crescimento das 
cidades, o renascimento do comércio, a formação de uma nova classe social, a 
busca por novos comércio e mercadorias, o êxodo rural, o fortalecimento 
monárquico, que com o tempo dá origem a uma nova forma de organização da 
sociedade. O pioneirismo português pode ser determinado na expansão marítima 
como resultado da procura de novas rotas de comércio com o Oriente, movimento 
acentuado pelo fechamento do Mediterrâneo, ocorrido a partir da tomada da 
Constantinopla pelos turcos, em 1453. 
Os portugueses, em decorrência do processo de centralização do poder 
monárquico durante o século XIV e de sua posição geográfica privilegiada, 
puderam reunir as condições para se lançarem em busca de uma rota comercial 
que permitisse à Europa manter acesso aos cobiçados produtos orientais. Portanto, 
a expansão marítima do século XV, ocorreu primordialmente pelos interesses 
comerciais europeus que estavam em jogo. Logo, o descobrimento da América 
nada mais é que um capítulo da história do comércio europeu. 
O Brasil possuía uma população rarefeita, organizada em tribos nômades, com 
domínio da agricultura e da criação de animais, onde tinha a possibilidade de 
extrair aquilo que necessitava para sobrevivência. A ocupação e o 
povoamento não se 
configuraram como objetivos para os portugueses, na verdade, não lhes restou 
alternativa. Ademais, diante das quantidades de metais preciosos que a Espanha 
extraía da América, outros países também se atiraram à tentativa de conquistar 
terras no novo mundo o que levou ao questionamento da soberania de Portugal 
sobre o Brasil. 
O litoral brasileiro passou a receber frequentes expedições, notadas por 
francesas e holandeses, o que constituía uma ameaça ao domínio português 
sobre o território. No entanto, em nenhum momento se perdeu de vista o próprio 
objetivo da expansão marítima, a qual era a busca por mercadorias que 
propiciassem altíssimos lucros ao comércio europeu. Dessa forma, a ocupação de 
terra só se justificaria, se dela fosse possível extrair riqueza. 
A partir disso, estabeleceu uma colonização fundada na produção de artigos 
tropicais, especialmente na cana-de-açúcar, a qual era o produto que mais 
propiciava lucros ao comércio europeu e os portugueses já dominavam as técnicas 
de plantio, armazenamento e transporte. Ao longo do processo de expansão 
comercial europeia iniciada no século XI, Portugal ocupou o papel principal. O 
sentido da colonização brasileira se deu através de uma vasta empresa comercial, 
mais completa que a antiga feitoria, mas sempre com o mesmo caráter que ela, 
destinada a explorar recursos naturais de um território virgem em proveito do 
comércio europeu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Perfil do Colonizador 
 
Ao considerar a formação do povo português podemos partir dos primeiros 
lusitanos, onde encontra-se numa mistura de iberos, lígures e celtas, os chamados 
celtiberos. Após, as terras portuguesas foram visitadas por gregos, cartagineses, 
fenícios e romanos. Ademais, o penúltimo grande encontro de etnias deu-se com a 
invasão moura, e a partir disso, começaram a conviver muçulmanos, cristãos e 
judeus. Como contato final, ocorreu a introdução de negros africanos para o 
trabalho escravo no século XV. Dessa forma, podemos concluir que o povo 
português como conhecemos hoje advém desse encontro de etnias. 
Outro aspecto importante e que diz respeito à primazia portuguesa na expansão 
marítima, a qual se deveu ao fato de Portugal já ter se organizado como um 
Estado Nacional no século XIV, quando teve início a dinastia de Avis. Ademais, é 
essencial considerar que o pioneirismo português pode ser explicado pelo convívio 
com diferentes culturas. Complementar a isso, a aliança entre o soberano e 
grupos mercantis, possibilitaram a expansão do capitalismo comercial em 
detrimento do feudalismo, nos principais países da Europa. 
Ao analisar a história e o perfil do colonizador é importante ressaltar o conceito 
de aventureiro e trabalhador. A priori, para o aventureiro a mira de todo o esforço, o 
ponto de chegada, assume a relevância tão capital,que chega a dispensar todos 
os processos intermediários. Seu ideal será colher o fruto sem plantar a árvore. O 
trabalhador é aquele que enxerga primeiro a dificuldade a vencer, não o triunfo a 
alcançar, medindo todas as possibilidades e esperdícios, e sabe tirar o máximo 
proveito do insignificante, tem todo sentido bem nítido para ele. 
Observando a sociedade criada pelo português no Brasil, podemos facilmente 
encaixá-la no perfil do aventureiro. Os pioneiros não vieram para cá com o intuito 
de criar uma sociedade, ou mesmo reproduzir a sua própria. Nesse aspecto, 
desde o primeiro momento, o português que veio para o Brasil criou formas para se 
beneficiar do trabalho de outrem. 
O português foi o primeiro povo europeu a conviver com as dificuldades nas 
regiões tropicais do globo. Isto, deve, em grande parte, às diversidades étnicas e 
cultural de sua formação, já que havia experimentado outros momentos de contanto 
com culturas 
diferentes. Tal capacidade de se moldar a várias situações, pôde ser vista na 
África, Ásia, e, sobretudo, no Brasil. Entretanto, na experiência brasileira, os 
portugueses e seus descendentes imediatos foram inexcedíveis. Além da 
capacidade de se moldar à nova terra, o português também foi insuperável na 
miscigenação. Esse fenômeno foi implantado no Brasil pelo motivo de o português 
vinha de sua terra natal sem família. Os primeiros portugueses nascidos no Brasil 
eram fruto da dominação do homem branco sobre a mulher indígena. 
A moralidade do português nas terras brasileiras seria muito mais flexível que 
aquela verificada na Metrópole. Em primeiro lugar, devemos situar o papel dos 
proprietários de terras no Brasil. Estes, em suas posses, concentravam quase 
todos os poderes em suas mãos. Os poderes do Estado e da Igreja, por mais que 
presentes, faziam vistas grossas para as suas atitudes. Ademais, as opiniões dos 
religiosos acerca das posturas morais dos colonos assemelha-se a uma 
constatação feita em sermão dominical e tão ineficaz quanto. 
Em outro aspecto, a análise do perfil dos colonizadores que ocuparam as 
termas brasileiras, devemos considerar a respeito do desenvolvimento de um 
verdadeiro desprezo pelo trabalho manual. De fato, a palavra trabalho, não 
configurava o vocabulário dos colonos. E, o trabalho manual, figurava menos ainda. 
O peso da Igreja Católica e sua tentativa de perpetuar a ordem feudal em Portugal e 
em suas colônias, contribuíram para a retração das atividades manufatureiras. 
O personalismo português iria se refletir na organização do Estado. Em uma 
sociedade estruturada para o benefício de uma minoria e na qual a maior parte da 
população ou era escrava ou estava afastada da propriedade dos meios de 
subsistências, não podia existir qualquer laço duradouro de solidariedade entre os 
grupos sociais. Nesse sentido, de pioneiros no contexto europeu passaram a 
retardatários e, hoje, conformaram-se ao papel de meros caudatários no processo 
da união europeia. 
 
 
 
 
 
A solução Açucareira 
O cultivo de cana-de-açúcar foi o principal motivo pelo qual as terras brasileiras 
se mantiveram em mãos portuguesas por tanto tempo. Ademais, é necessário 
compreender o processo pelo qual Portugal conseguiu tonar rentável uma 
exploração colonial por meio da agricultura, visto que as experiências de 
colonização até então desenvolvida baseavam-se no comércio, na extração de 
riquezas naturais ou na pilhagem. Foi na organização das técnicas de plantio de 
cana-de-açúcar e na produção em larga escala que os portugueses criaram um 
modelo novo de colonização: a plantagem. 
A priori, é necessário considerar que os europeus utilizavam o açúcar em 
ocasiões especiais ou como artigo medicinal. O mel de abelha era o principal 
adoçante para culinária. Como consequência da expansão de sua técnica de 
produção, o açúcar deixou de ser um produto restrito a nobreza para atingir 
mercados consumidores mais amplos. A produção portuguesa, ampliou a oferta ao 
final do século XV, possibilitando o barateamento do produto, de tal forma que hoje 
poderíamos considerar uma commodity. Além disso, a disseminação do consumo 
do açúcar levou o Rei D. Manuel I, de Portugal, a baixar as normas restringindo sua 
produção de modo a estancar a queda dos preços. É necessário considerar o 
papel dos flamengos na ampliação do mercado consumidor, e foi essa 
popularização do açúcar que facilitou o crescimento da oferta mediante a produção 
brasileira. 
Os primeiros indícios da produção de açúcar no Brasil em abundância dizem 
respeito ao engenho fundado por Martim Afonso de Souza, em São Vicente, 
provavelmente em 1534. Apesar de seu estabelecimento no atual Estado de São 
Paulo, o cultivo da cana logo encontrou melhores condições climáticas e de solo 
na região nordestina conhecida como Zona da Mata, faixa de terra do Recôncavo 
baiano até a Paraíba. Foram nos estados da Bahia e de Pernambuco por volta do 
século XVI, que a produção alcançou grande escala, contribuindo para o 
desenvolvimento da colônia. Ademais, o primeiro engenho pernambucano data de 
1539, e o baiano, de 1546. 
A atividade tomou tal grandeza que, conforme se pode inferir do relato de Pero 
de Magalhães Gandavo, por volta de 1560, havia 57 engenhados funcionando no 
Brasil, além de pelo menos cinco em construção. Além disso, a produção brasileira 
de açúcar beneficiou a experiência portuguesa, desenvolvida nas Ilhas do Atlântico, 
em meados 
do século XV. O empreendimento contava com o apoio de comerciantes 
italianos. No entanto, na medida que a produção portuguesa se ampliava, o 
monopólio dos italianos seria quebrado, possibilitando o sucesso da aliança 
formado por portugueses e flamengos, que viriam substituir os italianos. 
A aliança luso-flamenga viabilizou a implantação da indústria açucareira no 
Brasil. Além da experiência comercial dos holandeses, foi de suma importância 
para sua participação no financiamento para a construção dos primeiros engenhos 
no Nordeste brasileiro. Contudo, a estruturação da economia açucareira no Brasil 
encontrou dificuldades na insuficiência de trabalhadores para viabilizá-la. Devemos 
considerar a falta de mão-de-obra disponível em Portugal, visto que no próprio país 
ela se manifestava, verificando-se a escravidão negra na região do Algarve. 
A atração de trabalhadores somente seria possível através de salários 
compensadores, elevando custos, o que inviabilizaria a produção baseada em 
mão- de-obra livre. Além disso, a forma de ocupação do solo impunha um problema 
a mais, pois, diferentemente da experiência das ilhas do atlântico, onde havia 
pouca quantidade de terras disponível, a vastidão do território brasileiro 
possibilitava formas de utilização extensivas, através da produção em grandes 
unidades. A solução encontrada para os dois problemas foi a utilização de mão-
de-obra escrava, primeiramente indígena, depois africana, o cultivo em latifúndios, 
em que o senhor de engenho, acompanhado de um seleto grupo de trabalhadores 
livres, organizava e controlava a produção. 
É importante considerar ainda o fluxo de renda criado na colônia por conta da 
produção açucareira. Apesar dos elevados preços do açúcar, o grosso 
acumulação de capitais verificam-se no âmbito de circulação. Ademais, não 
podemos esquecer o caráter mercantilista da economia colonial. Ainda assim, com 
poucos recursos gerados do aviltamento dos preços dos produtos metropolitanos, 
tais como: manufaturas, peixes, azeite, sal e vinho, e pelos juros pagos aos 
comerciantes flamengos, os quais, financiaram a instalação dos engenhos. Outra 
característica marcante do fluxo circular da renda da economia açucareira estava 
no fato de a renda disponível se concentrar nas mãos de um restrito número de 
senhores de engenho. A economia açucareira caracterizava-se pela concentração 
da renda e da produção, assim como de sua localização geográfica. 
 
O Problema da Mão-de-Obrae a Solução Escravista 
 
É primordial abordar a questão da adoção do escravismo como forma básica de 
organização do trabalho. Para isso, é necessário lembrar os principais traços e 
objetivos da própria colonização caracterizada principalmente pelo 
estabelecimento de um conjunto de relações entre a metrópole e a colônia, 
convencionalmente chamado de pacto colonial. 
A priori, devemos considerar o caráter da expansão mercantil e colonial da 
Europa do século XVI, cujo impulso primordial era a aceleração da acumulação 
capitalista nos quadros da economia europeia. Nesse aspecto, a organização da 
colônia foi orientada para a produção de artigos comercializáveis na Europa, 
especialmente produtos tropicais e metais preciosos, necessários ao incremento da 
circulação de mercadorias. 
No caso da América Espanhola, a dominação e o saque dos territórios 
garantiram à metrópole a extração e a apropriação do outro e da prata em grandes 
quantidades. Quanto ao Brasil, a aparente inexistência de metais condicionou os 
portugueses a procurarem organizar colonização com base na produção 
açucareira voltada para o mercado europeu. Ademais, no quadro mais amplo da 
economia global, verifica-se que as colônias se configuraram, desde o início, como 
setores produtivos especializados dentro das grandes rotas comerciais. 
Em consequência de tais objetivos, foram adotados em toda a América formas 
de trabalho compulsórias, nas regiões mineiras colonizadas pela Espanha, por 
meio da servidão; nas demais foi implantado o escravismo que se tornou o regime 
de trabalho preponderante no continente. Ademais, a implantação do trabalho 
assalariado na colônia representaria, evidentemente, uma grande limitação a 
esses objetivos, principalmente considerando-se a quantidade de terras 
disponíveis, o que poderia levar os trabalhadores a se transformarem, com o 
tempo, em proprietários. 
Dessa forma, a simples transferência de mão-de-obra da metrópole para a 
colônia constituiria um entrave à acumulação. Ademais, deve-se considerar a 
pequena população portuguesa da época, insuficiente para fornecer a quantidade 
de braços necessários à tarefa da colonização sem que os salários se tornassem 
por demais elevados. Por outro lado, dados os custos, a produção colonial só se 
tornaria economicamente viável se pudesse ser organizada em larga escala, o que 
pressupunha enormes investimentos iniciais. Assim, desde logo estava afastada 
a 
possibilidade de se estabelecer uma colonização com base na pequena 
propriedade autônoma ou no trabalho assalariado. 
Outro aspecto curioso é o motivo pelo qual não foram utilizados escravos 
nativos. Por volta de 1580, a predominância dos negros era absoluta, uma das 
razões para a substituição do índio pelo africano foi a oposição da Igreja Católica à 
escravização dos indígenas. Dessa forma, na substituição dos indígenas por 
negros, um dos pontos que talvez tenha importado é a rarefação demográfica dos 
aborígenes, e as dificuldades de seu apresamento e transporte. Logo, a não-
adoção sistemática da escravidão indígena são insatisfatórias e insuficientes 
algumas explicações correntes na historiografia. 
Além disso, o tráfico negreiro constituía um dos mais importantes setores do 
comércio mundial o qual gerava altos lucros e permitia a acumulação de grandes 
capitais na Europa. Um último aspecto a ser ressaltado diz respeito à questão da 
forma assumida pelo tráfico no continente africano pois a África surge como um 
imenso viveiro de força de trabalho, ainda no século XVII, sua população equivalia 
à da Europa e representava um quinto da população do globo. Ademais, sua 
localização fronteira com relação à América viabilizava o transporte de escravos. 
Portanto, é possível concluir que o escravismo colonial e, especificamente, o 
escravismo africano não deve ser entendido como uma opção por um tipo de 
trabalhador supostamente dócil e disciplinado, mas sim como uma imposição das 
condições econômicas e históricas da época, porquanto a colonização, desde o 
início, se configurou como uma empresa comercial, com necessidade de se 
adaptar ao objetivo primordial da expansão mercantil e colonial, da promoção e 
acumulação capitalista. Ademais, a sociedade escravista brasileira não foi uma 
criação do escravismo, mas o resultado da integração da escravidão da grande 
lavoura com os princípios sociais preexistentes da Europa. 
 
 
 
A Crise da Economia Açucareira 
 
A implantação da economia colonial no Brasil, correspondeu à estruturação da 
indústria açucareira, cujas características básicas são: monocultura, latifúndio, 
produção de artigos tropicais para mercado externo, mão-de-obra escrava e a 
imposição do exclusivo metropolitano. Ademais, a indústria açucareira constituiu 
uma extraordinária fonte de riqueza para a metrópole lusa, tornando-se o Brasil o 
maior produtor mundial durante o século XVI. 
Todavia, essa economia entraria em declínio a partir do século XVII, levando 
Portugal a perder o seu lugar como potência mundial o que provocou a alienação 
de sua soberania. Ao longo de quase todo o século XVI, Portugal logrou derrotar 
os invasores e manter a soberania sobre a colônia. Esse domínio entrou em crise a 
partir de 1580, quando a monarquia lusitana passou a ser controlada pela 
Espanha, em decorrência da questão sucessória que levou ao fim da Dinastia de 
Avis. 
Assim, tendo em vista a incorporação de Portugal ao Império espanhol, esta 
provocou as primeiras disputas entre o reino lusitano e os Países Baixos, que 
tiveram início já em 1595, quando os holandeses promoveram a pilhagem de 
feitorias lusitanas na costa da África. Logo depois, atacaram Salvador. Mas a 
trégua assinada entre Espanha e Holanda suspendeu por algum tempo as 
escaramuças. 
A partir de 1621, o conflito seria retomado, sobretudo depois da criação da 
Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. Entre 1624 e 1625, ocorreu a 
primeira invasão Holandesa ao Brasil, tendo como alvo a Bahia. Em 1630 houve 
um novo ataque, dessa vez em Pernambuco. De qualquer forma, os batavos 
conseguiam permanecer em Pernambuco por mais de duas décadas, o que foi 
possível, em grande medida, pela administração imposta pelo Conde João Maurício 
de Nassau-Siegen, o qual era figura do renascimento. 
Com o fim domínio espanhol, em 1640, não significaria o término da guerra 
contra holandeses. A luta pela expulsão dos holandeses continuou mesmo depois 
do fim da denominação espanhola, principalmente porque os Países Baixos não 
mais pretendiam renunciar à área conquistada no Nordeste brasileiro e dos lucros 
auferidos com o controle direto sobre a população açucareira. Finalmente, Portugal 
conseguiria retomar para si o território após noves anos de guerra (1645-1654). 
Apesar da vitória militar, as consequências das invasões seriam 
economicamente desastrosas para Portugal. As exportações brasileiras 
encontravam, pois, a partir da segunda metade do século XVII, um poderoso 
concorrendo no açúcar antilhano, e não apenas naquele produzido em colônias 
holandesas, mas também em ilhas ocupadas pela Inglaterra e pela França. 
Efetivamente, esses países iniciaram a ocupação de seus territórios no Caribe 
por meio do estabelecimento de pequenas propriedades organizadas em torno de 
núcleos de povoamento europeu. A partir da organização de áreas produtoras de 
açúcar pela Holanda, este país passou a colaborar com as colônias inglesas, 
fornecendo crédito para compra de equipamentos e escravos. Ademais, o 
desenvolvimento da produção açucareira na região contribuiu também para o 
crescimento das economias nas colônias inglesas da América do Norte. 
Verificou-se a organização de um inédito sistema econômico quadrangular no 
Novo mundo, integrando pelo comércio as colônias de exploração antilhanas e as 
zonas de povoamento da América do Norte, o que permitiria, o desenvolvimento 
das treze colônias. Todavia, para o Brasil, asconsequências de todas essas 
transformações seriam graves e duradouras, pois de dominador absoluto do 
mercado, o açúcar brasileiro passa à posição de competidor. 
Já para Portugal, os resultados seriam, do ponto de vista político e econômico, 
catastróficos. É importante assinalar que do Brasil, Portugal ainda tentaria extrair, 
por meio da exploração das riquezas naturais, a possibilidade de sua sobrevivência 
como nação soberana: a partir do século XVIII, o ouro brasileiro, jorrando em 
grandes quantidades permitiria a metrópole manter uma aparência de 
prosperidade. 
 
 
 
 
 
 
 
O Ciclo do Ouro 
 
Ao reconquistar a autonomia política, em 1640, Portugal encontrava-se em 
situação bastante frágil, considerando que, além de haver perdido a maior parte 
dos entrepostos comerciais do Oriente durante o domínio espanhol, e ainda depois 
dele, enfrentava agora a concorrência da produção antilhana de açúcar e a 
consequência baixa dos preços do produto brasileiro. 
No final do século XVII, era evidente que os acordos assinados com o governo 
britânico não seriam capazes de solucionar a crise econômica decorrente da 
decadência da produção açucareira. A esperança voltar-se-ia, então, para as 
primeiras descobertas de ouro, realizadas ainda durante a década de 1690 por 
exploradores paulistas. 
Com a descoberta de ouro, teria início um novo ciclo na economia 
colonial, alterando-se também as relações entre Portugal e o Brasil. De fato, o ouro 
extraído do Brasil daria novo impulso aos negócios portugueses e seria 
parcialmente responsável pelo financiamento da revolução indústria. 
Com a descoberta do ouro e diamante no Brasil e a sua exploração em escala 
até então sem precedentes tiveram várias e profundas repercussões no mundo 
português. Em primeiro lugar, conduziu uma grande percentagem da população 
das religiões costeiras do Pernambuco e Rio de Janeiro. Em segundo lugar, ao 
mesmo tempo que estimulava enormemente economia colonial, ajudando a resolver 
uma crise econômica. Em terceiro lugar, o aumento da procura de escravos oeste-
africanos para as minas e plantações do Brasil conduziu a um aumento 
correspondente do comércio esclavagista com a África ocidental e à procura de 
novos mercados de escravos nessa região. 
As primeiras descobertas de ouro levaram para a região das minas um grande 
contingente de pessoas, e logo atraíram a atenção e fiscalização dos portugueses. 
Ao mesmo tempo em que chamavam a atenção da coroa, as jazidas de ouro 
atraíam também levas de forasteiros, vindos não só de Portugal, mas também da 
Bahia, Pernambuco e do Rio de Janeiro. 
 
De qualquer forma o ouro continuava a jorrar em grandes quantidades e as 
primeiras medidas impostas pela Metrópole logo se mostraram insuficientes para 
evitar o contrabando. Em 1713, houve a primeira tentativa de estabelecimento 
de 
Casas de fundição e o ouro só poderia circular fundido em barras com o selo 
real. Em 1719, procurou-se implantar as casas de fundição mais uma vez, a 
oposição generalizada inviabilizou o regime. Somente em 1725 começaria a 
funcionar a primeira casa de fundição. 
O ciclo da mineração mão ficou restrito ao ouro. Simultaneamente, iniciou-se a 
exploração de diamantes, especialmente no Distrito Diamantino. As primeiras 
descobertas datam de 1729. Diante disso, o governador foi obrigado a comunicar 
o achado a Lisboa e a Fazenda Real logo impôs normas rígidas sobre a região. A 
partir de então, a exploração constituiria um privilégio concedido a poucas pessoas, 
obrigadas a pagar uma quantia fixa pelo direito de extração. 
A mineração provocou mudanças consideráveis na vida da colônia. A ocupação 
do território, que desde o século XVI se dera sobretudo nas terras próximas ao 
litoral, agora se dirigia para o interior. A organização social, até então fundada nos 
grandes centros de produtos de açúcar no Nordeste, passou a ser Centro-sul do 
País. Portanto, verifica-se que a economia mineira foi responsável por 
transformações significativas na vida brasileira, sendo a principal delas o 
estabelecimento de uma civilização urbana em torno das regiões auríferas. 
É primordial ressaltar que, apesar da extraordinária riqueza gerada, o ouro 
brasileiro não contribuiu para que Portugal retomasse o papel de grande potência. 
Pelo contrário: acentuou sua dependência em relação à Inglaterra, que pôde tirar 
proveito da transferência de enormes quantidades do mental para o pagamento 
das importações lusitanas, obtendo recursos necessário para o financiamento da 
Revolução Industrial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ocupação do Interior 
 
A partir do final do século XVI o domínio espanhol e as tentativas holandesas de 
controle de parte do território brasileiro, o movimento das bandeiras tomaria novo 
impulso, em decorrência das dificuldades de obtenção de mão-de-obra africana, já 
que as guerras entre Espanha e Holanda haviam desorganizado o tráfico para as 
colônias da América. 
Além do interior de São Paulo e de Minas Gerais, a Amazônia também 
constituiu um foco inicial de atração. Primeiramente espanhóis, partindo de Quito, 
percorreram a região no sentido Oeste-leste, em busca de um suposto paraíso 
tropical, conhecido nas lendas europeias como El Dorado – uma terra que jorraria 
ouro e que seria habitada por um povo guerreiro, cujas mulheres seriam 
excelentes cavaleiras. 
A penetração das ordens religiosos não se limitou à região Amazônica, tendo 
em vista seus propósitos confessionais. As ordens fundaram missões não apenas 
na região norte, mas também na região sul, particularmente a área que atualmente 
cobre as fronteiras entre Brasil, Paraguai e Argentina. Os religiosos estabeleciam-
se nessa região onde organizavam núcleos de povoamento indígena, 
supostamente para protegê-los dos colonizadores brancos. Vistas as condições em 
que se deu a ocupação do interior da capitania de São Vicente, do Vale 
Amazônico e da região compreendida por Brasil, Argentina e Paraguai tinha como 
objetivo o abastecimento de engenhos dessas regiões. 
O crescimento da produção na zona açucareira logo constituiria um estímulo à 
expansão dos currais, o que gerou conflitos entre criadores e proprietários de 
engenho. Isso se deve ao fato de que a plantação da cana era feita de maneira 
extensiva, ou seja, não havia qualquer preocupação com a preservação do solo, 
uma vez que o imenso território da colônia permitia que as culturas fossem 
transferidas de local. O conflito acabou por empurrar a criação de gado cada vez 
mais para o interior do Nordeste, e as fazendas fixaram-se na zona semiárida e no 
sertão, impróprios para o cultivo. 
De qualquer forma, o crescimento cada vez maior da produção açucareira levou 
também ao surgimento de novas sesmarias. Por sua vez, as novas sesmarias 
contribuíram também para a expansão das áreas de criação de gado. 
A ocupação da região das minas abriria uma nova fronteira para a criação de 
animais. A alta dos preços e a insuficiência do abastecimento incentivou a 
instalação de 
fazendas, não só no interior de Minas Gerais, mas também Goiás e Mato Grosso 
do Sul. Ademais, o interior do Paraná, de Santa Catarina e, inclusive, os pampas 
do Rio Grande do Sul começaram a ser também ocupados por gado oriundo das 
missões jesuíticas e que era comercializado em centros do interior de São Paulo. 
Com a expansão das estâncias de gado no Sul, a produção desses artigos 
também seria exportada para o Norte da colônia. 
Quanto ao sal, o crescimento da população no Centro-Sul da colônia levaria ao 
aumento do consumo. Além do gado bovino e das salinas, um outro fator que 
contribuiu para a ocupação territorial foi a criação de equinos. O cavalo foi 
reintroduzido na América pelos europeus, e o aumento do rebanho foi estimulado, 
dada a sua importância como meio de transporte. Já a criação de mulas foi 
incentivada pelo aumento da produção mineira, que gerou a necessidade de 
transportedo ouro para o porto do Rio de Janeiro. A criação de animais 
permaneceu, ao longo de todo o período colonial, como uma das poucas atividades 
que não foram submetidas ao controle absoluto da Coroa, dando origem a uma 
camada de homens livres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Ruptura do Pacto Colonial 
 
Até o final do século XVII, verificava-se na Europa o predomínio do capital 
comercial, em que o processo de acumulação dava-se, primordialmente, na 
esfera da circulação se mercadorias. Dentro desse quadro, o sistema colonial 
exercia um papel fundamental, uma vez que garantia às burguesias 
metropolitanas o fornecimento de produtos que alcançavam elevados preços no 
comércio internacional, permitindo, dessa forma, o aumento da acumulação. 
 
Após séculos de riqueza proveniente do comércio, a indústria finalmente 
assumia o predomínio da economia europeia. O desenvolvimento industrial, 
porém, era incompatível com a existência de monopólios. A expansão da 
indústria requeria a conquista de mercados cada vez mais amplos, não apenas 
consumidores, mas também fornecedores de matérias-primas
 Ademais, ao processo de desenvolvimento industrial corresponderia o início 
do questionamento de todos os monopólios, entre os quais se incluía, 
evidentemente, o pacto colonial. Aliás, as investidas contra o pacto colonial não 
seriam conduzidas apenas por vozes ligadas aos interesses da indústria 
britânica. Também no Brasil houve manifestações de oposição à sua vigência. 
Diante desse quadro, Portugal começaria a sofrer pressões para afrouxar as 
restrições que impunha ao comércio do Brasil, sua principal colônia. 
O episódio da vinda da Família Real para o Brasil está diretamente ligado às 
guerras napoleônicas e à luta entre França e Inglaterra pela hegemonia 
econômica e política mundial. Em 1806, Napoleão decide derrotar a Inglaterra 
pelo “Bloqueio Continental”. Ainda no início de 1807, tendo em vista esses 
objetivos, Napoleão forçou os russos a aceitarem a sua política, de que era peça 
fundamental o bloqueio da Europa ao comércio inglês. Assim, em agosto de 
1807, o governo de Lisboa recebia a nota franco-espanhola exigindo que Portugal 
declarasse guerra à Grã- Bretanha. 
Evidentemente, Portugal não poderia resistir militarmente às forças 
napoleônicas, e a derrota era certa. A Inglaterra, por sua vez, não permitiria um 
abalo tão grande em seus interesses econômicos. Em face dessa perspectiva, a 
saída apontada pelos diplomatas britânicos foi a transferência da Família Real 
para o Rio de Janeiro. Em 29 de Novembro de 1807, o Príncipe Regente D. João 
VI partiu com a Família Real para o Brasil. 
Algumas medidas tinham que ser tomadas para a época em que terminasse o 
bloqueio na Europa, e as outras nações concorressem com a Grã-Bretanha no 
Brasil. Foi assim que, entre 1809 e 1810, foram assinados dois tratados, que 
conferiam imensos privilégios econômicos e políticos à Inglaterra. O primeiro 
deles era, no dizer de Nelson Werneck Sodré, um modelo de perfeição quanto às 
concessões, pois concedia tudo, suavizando por vezes as concessões com o mito 
da reciprocidade. O segundo versava, basicamente, sobre normas de comércio e 
navegação e, entre outras cláusulas, garantia aos navios ingleses o direito de 
pagar no Brasil as mesmas taxas que os navios portugueses pagavam nos portos 
britânicos. 
As consequências, contudo, seriam muito mais amplas. alguns setores da 
sociedade portuguesa tentariam, por meio da Revolução do Porto, reverter a 
situação, exigindo a volta da Família Real a Portugal e reimplantando o pacto 
colonial. Em face da possibilidade de reimplantação plena do pacto colonial, 
tomaram vulto as manifestações favoráveis à emancipação. A independência viria, 
pois, como resultado da confluência dos interesses pessoais de D. Pedro com os 
dos grandes proprietários de terra, empenhados em evitar as consequências de 
uma rebelião popular que pudesse pôr em risco seus privilégios. 
Diante disso, a diplomacia britânica tratou de intermediar o reconhecimento da 
independência, defendendo principalmente os interesses da Inglaterra, em 1827, o 
Brasil assinou acordo com a Grã-Bretanha, em que, além de se comprometer a 
extinguir o tráfico negreiro dentro de quatro anos, garantia a manutenção dos 
direitos de 15% sobre as importações britânicas. Conseguia a Inglaterra, depois 
da independência, manter a economia brasileira submetida aos objetivos do 
expansionismo comercial britânico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Expansão Cafeeira 
 
A extração de ouro e de pedras preciosas monopolizou a atenção da Metrópole 
portuguesa durante a maior parte do século XVIII. O declínio da mineração 
acentuou-se no último quartel do século XVIII. O esgotamento das jazidas não foi 
acompanhado, naquele momento, por outra atividade que pudesse manter o nível 
de vida alcançado no auge do processo. Apesar dessa decadência, a mineração 
criou as bases para o desenvolvimento da principal atividade que a sucedeu: a 
cultura cafeeira.
A introdução do café no Brasil ocorreu ainda no início do século XVIII. A maneira 
como se deu a introdução das primeiras mudas no País é incerta. Vale notar que a 
introdução do café deu-se por contrabando de forma semelhante à saída das 
primeiras mudas de seringueiras da Amazônia. Mesmo assim, a plantação de café 
se difundiria pelo território brasileiro, alcançando o Rio de Janeiro ainda em meados 
do século XVIII. O crescimento do consumo mundial de café, associado à crescente 
urbanização e à industrialização que tomavam curso na Europa, favoreceu o 
desenvolvimento da cultura cafeeira. Entretanto, o desenvolvimento do cultivo 
encontraria limitações em dois pontos fundamentais: o fornecimento de mão-de-
obra e os custos de transportes. 
 
A escravidão atingiria, durante o século XIX, o seu auge, pois a expansão 
cafeeira exigiria um fluxo constante de mão-de-obra escrava. O final do tráfico, 
em 1850, estimularia o comércio interno de escravos, verificando-se um 
deslocamento das regiões estagnadas para a região cafeeira. Devemos 
considerar também, como um agravante da crise de mão-de-obra, o fato de que 
a “vida útil” de um escravo era de aproximadamente sete anos. 
 
Apesar das resistências dos cafeicultores, a extinção do tráfico indicava, 
para um futuro não muito distante, a abolição da escravatura. Por mais que a 
mata pudesse ser derrubada para as novas plantações e que o problema da 
mão-de- obra fosse solucionado, ainda existia a restrição imposta pelos custos 
de transporte. 
 Até a implantação das primeiras ferrovias, o principal meio de escoamento 
da produção era a nula. A introdução das primeiras ferrovias permitiria a 
superação das restrições impostas pelos meios de transporte, fazendo que o 
café se expandisse para uma região fértil: o Oeste Paulista. 
É importante assinalar que as ferrovias seriam implantadas com técnicas e 
capitais britânicos, embora o governo brasileiro tenha tido uma participação 
direta no seu desenvolvimento, por meio da constituição de empresas, das quais 
era o principal acionista, e também pela concessão de aval aos empréstimos 
obtidos na Inglaterra. 
Além da implantação do transporte ferroviário, um outro fator contribuiria para 
esta grande expansão cafeeira: trata-se da introdução da mão-de-obra imigrante 
nas novas regiões produtoras. Na verdade, aproveitando-se da desestruturação 
da agricultura europeia, a partir de meados do século XIX, os produtores 
paulistas iniciaram o aliciamento de famílias para as suas plantações de café. 
Viu-se que a introdução do transporte ferroviário e a implantação do trabalho 
de imigrantes viriam a eliminar os dois grandes entraves à expansão da 
agricultura cafeeira. A partir de então, o café tornar- se-ia o principal produto da 
economia brasileira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Abolição: Consequências 
Apesar do papel centralexercido durante a época mercantilista, ao iniciar-se o 
século XIX, o tráfico negreiro e a própria escravidão seriam postos em xeque. 
Passou-se a criticar a escravidão em nome da moral, da religião e da 
racionalidade econômica. Descobriu-se que o cristianismo era incompatível com a 
escravidão; o trabalho escravo menos produtivo do que o livre; e a escravidão 
uma instituição corruptora da moral e dos bons costumes. 
Foi com esses argumentos que a escravidão e o tráfico passaram a ser 
questionados, especialmente pela Inglaterra, que pretendia remover todos os 
obstáculos ao avanço triunfante do capitalismo industrial, entre os quais se 
incluíam aqueles que limitavam a expansão do mercado. 
O combate ao tráfico negreiro tornar-se-ia, doravante, um problema 
internacional. Os reflexos no Brasil não demorariam a se fazer sentir, tanto que, 
dos tratados de 1810 já constava a exigência de abolição gradativa do comércio 
de escravos, cláusula que foi renovada no acordo de 1827, pelo qual, entre outras 
medidas, o governo brasileiro se comprometia a acabar com o tráfico em 1831. 
Contudo, a oposição dos grandes proprietários seria imensa. Os grandes 
proprietários rurais de forma alguma poderiam concordar com a adoção de 
medidas que, a médio prazo, provocariam a extinção do escravismo, sustentáculo 
de seu poder econômico e, consequentemente, de seu domínio político. Em face 
da pressão dos grandes proprietários de terras, a cláusula do Tratado de 1827 que 
determinava a extinção do tráfico negreiro em 1831 tornar-se-ia letra-morta. 
A Inglaterra não aceitaria o descumprimento do acordado, passando a tomar o 
tráfico como pirataria. Assim, até meados da década de 1840, a questão 
permaneceria insolúvel: de um lado, a Inglaterra, que exigia o cumprimento do 
acordo que determinava a extinção do tráfico, de outro, o governo brasileiro que, 
controlado pelos grandes proprietários, não se preocupava em cumprir a lei. A 
eliminação do tráfico significava, a médio prazo, o fim da escravidão. Os grandes 
fazendeiros, especialmente aqueles ligados à agricultura cafeeira, passaram, 
então, a exigir soluções alternativas para o problema da obtenção de braços para a 
lavoura. 
Como já foi assinalado, a substituição do escravo pelo trabalhador estrangeiro 
seguiu, num primeiro momento, a proposta feita pelo Senador Nicolau de Campos 
Vergueiro. Contudo, logo surgiram atritos entre proprietários de terras e 
trabalhadores, devido aos expedientes usados pelos fazendeiros para tornar a 
dívida dos trabalhadores perpétua. Assim, rebeliões contra os maus-tratos eram 
frequentes, dado o inconformismo dos estrangeiros com a condição a que eram 
reduzidos.
A extinção do escravismo era, portanto, uma questão de tempo. Mas, 
enquanto a escravidão não fosse oficialmente abolida, haveria necessidade de 
se encontrar uma solução para a carência de braços na agricultura. Esta viria, 
finalmente, por meio da implantação do assalariamento. 
Desde a década de 1850, o Brasil vinha assistindo a um processo de 
modernização. Os vultosos capitais comprometidos num comércio que originara 
algumas das maiores e mais sólidas fortunas brasileiras achavam-se agora 
disponíveis. Além disso, a lei Eusébio de Queiroz produzira uma relativa 
normalização nas relações entre Brasil e Inglaterra. O resultado foi um 
crescimento extraordinário e uma alteração na própria estrutura econômica. 
Surgiram bancos, indústrias e empresas comerciais, além de ter havido a 
ampliação dos meios de comunicação e de transportes. 
 
O movimento abolicionista conheceria, a partir de então, um grande 
crescimento, estimulado pelo fato de, nas zonas urbanas, a mão-de-obra cativa 
não ser mais indispensável. (...) Todavia, a luta pelo fim da escravidão 
mostrar-se-ia longa, pois embora o movimento abolicionista crescesse, as 
forças escravistas ainda lograriam algumas vitórias. A solução final viria em 
1888, com a assinatura da Lei Áurea, a lei que aboliu a escravidão do Brasil. 
As consequências porém, seriam amplas. Tendo perdido a sua principal 
base de apoio, o Império seria posto abaixo apenas um ano e meio depois do 
fim da escravidão, e as camadas dominantes encontrariam na República uma 
nova forma de organização política que lhes permitisse defender os seus 
interesses. Um último aspecto a se considerar diz respeito à própria 
deformação das mentalidades provocada pela escravidão. A escravidão 
deixava, pois, sua marca sobre o futuro, traduzida em racismo e exclusão 
social. 
 
 
 
O modelo primário exportador 
A economia brasileira – como, de resto, toda a economia latino-americana – 
organizar-se-ia, entre o final do século XIX e a crise de 1929, de acordo com o 
modelo primário-exportador. Ou seja: apesar de formalmente independente, o 
país mantinha a sua produção voltada para o fornecimento de artigos primários 
destinados a abastecer o mercado externo. 
É necessário remontar ao período correspondente à primeira fase da 
Revolução Industrial. Esta constituiu-se numa das mais extraordinárias 
transformações da História, pois, pela primeira vez, o homem não mais estaria 
sujeito às intempéries e às variações climáticas para conseguir prover a sua 
subsistência. Portanto, para se compreender a extensão das transformações 
provocadas pela revolução industrial, deve-se atentar para os reflexos que o 
fenômeno engendrou nas economias agrárias ou naquelas em que havia pouco 
avanço tecnológico. 
A atividade industrial permite romper os limites enfrentados pelas economias 
agrárias e aumentar a produtividade. O resultado é o aprofundamento da divisão 
de trabalho por meio de uso de máquinas cada vez mais complexas em maior 
quantidade. A partir de então o mundo assistiria ao processo de 
aprofundamento da Revolução Industrial, que entraria em sua segunda fase – 
correspondente, como se sabe, ao desenvolvimento do setor de transportes e 
das indústrias química, petrolífera e de base. 
Nessa etapa, consolidou-se, do ponto de vista político e ideológico, o livre-
cambismo. Ao mesmo tempo, ampliou-se o sistema de divisão internacional do 
trabalho baseada no mercado mundial, em que a especialização não se limitava 
mais apenas aos trabalhadores de um mesmo setor, mas incorporava a esse 
sistema áreas e países inteiros. 
Podemos resumir as características do sistema econômico mundial a partir da 
segunda metade do século XIX da seguinte forma: Crescimento econômico 
acentuado em muitos países que integram o sistema capitalista; Dinamização 
demográfica; Formação e expansão de um fundo de conhecimentos técnicos 
transmissíveis; Internacionalização crescente das economias industrializadas 
europeias e dos países exportadores de produtos primários; Desenvolvimento de 
países distantes da Europa; Aumento das transações financeiras internacionais; 
Crescimento do fenômeno do imperialismo e surgimento do neocolonialismo. 
Não obstante a autonomia política ter sido obtida em 1822, a economia 
brasileira continuou reproduzindo as características básicas do modelo colonial ao 
longo de quase todo o século XIX. Tais características podem ser assim resumidas: 
latifúndio, monocultura, produção em larga escala, mercadorias tropicais 
destinadas aos países temperados, abastecimento de manufaturas por meio de 
importação e mão-de-obra escrava. 
No caso da economia mercantil-escravista cafeeira nacional, estava ela baseada 
na acumulação de capital feia ainda nos tempos coloniais. O capital mercantil, 
oriundo do tráfico de escravos, o capital usurário urbano, o comércio de mulas, etc. 
O comissário de café foi o principal agente na organização e na centralização de 
capital que facilitou a criação das primeiras fazendas. Mesmo que o fazendeiro já 
dispusesse de terras e escravos, restava o problema do custeio de despesas 
correntes e, neste ponto, a presença do comissário se fazia imprescíndivel para a 
maior parte dos novos propietários. 
O desenvolvimentodo capitalismo na economia cafeeira contribuiu para o 
declínio político dos fazendeiros escravistas, centralizados na região do Vale do 
Paraíba e principais sustentáculos do regime monarquico. A abolição da 
escravatura em 1888, foi a gota d’água que fez transbordar os último resquicios do 
equilíbrio de forças que matinham o império. Os fazendeiros de café das regiões 
modernizadas, no caso, o Oeste Paulista,estiveram na linha de frente da campanha 
republicana, reivindicando o fim da centralização no Rio de Janeiro e a adoção de u 
federalismo nos moldes da constituição dos Estados Unidos, com o qual poderiam 
estruturar um Estado que pudesse atendê-los sem nenhum entrave ou restrição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
MENDONÇA, Marina Gusmão de; PIRES, Marco Cordeiro. Formação 
Econômica do Brasil. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.