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DOENÇAS DA CÓRNEA 
 
BRENO RODRIGUES 
INTRODUÇÃO 
A luz atravessa todo o sistema óptico até 
chegar na retina, e na retina existem os 
fotorreceptores que vão receber a energia 
luminosa e transformar em potencial 
elétrico que será transmitido por uma rede 
de condutos. Nervo óptico que se divide em 
fibras nasais e temporais. Após isso o 
quiasma óptico, onde há o cruzamento das 
fibras nasais. Depois, o trato óptico que é a 
junção das fibras nasais do lado contrário 
com as fibras temporais do mesmo lado. 
Corpo geniculado lateral, radiações ópticas 
até o lobo occipital onde a imagem é 
formada. É assim que nós enxergamos. 
A córnea é a parte externa do olho que tem 
mais contato com o ambiente. Ela precisa 
ser transparente para que a luz atravesse e 
chegue à retina. Ela funciona como uma 
lente convergente de 40 mioptrias no 
processo de refração da luz no olho. Tem 
mais importância que o cristalino para a 
refração, que possui cerca de 20 dioptrias. 
 
CÓRNEA 
❖ Funções: 
− Transmissão dos raios luminosos, 
refração e proteção das estruturas 
oculares; 
− 60% do poder refrativo do olho. 
Espessura: 540µm 
Transparência: 
− Estrutura do estroma; 
− Fibras colágenas especialmente 
espaçadas; 
− Matriz extracelular com 
proteoglicanos. 
Falando um pouco da histologia: a córnea é 
basicamente fibra colágena. É constituída 
por 5 camadas: 
− Epitélio; 
− Membrana de Bowman: camada de 
estrutura do epitélio; 
− Estroma: parte mais espessa da 
córnea, onde estão as fibras de 
colágeno especialmente 
espaçadas; 
− Membrana de Descemet; 
− Endotélio. 
 
Essas partes precisam estar perfeitas para 
enxergar bem. 
Lembrando que a córnea é um tecido que 
está sempre em desidratação e é 
avascular, sua nutrição se dá através do 
filme lacrimal externamente, e pelo humor 
aquoso no lado interno. 
Endotélio 
Única camada de células com 4 a 6 µm de 
espessura. 
Responsável pela retirada do excesso de 
água (mantém o estado de desidratação) e 
pela atividade da bomba sódio e potássio 
(enzima Na+K+ATPase). 
Se esse endotélio estiver defeituoso, seja 
pela baixa quantidade de células ou por 
células defeituosas, que não vão conseguir 
manter o estado de desidratação, ocorre o 
edema. No edema, a água invade o as 
fibras colágenas e bagunça, fazendo com 
que perca a transparência. Essa doença é 
chamada Ceratopatia bolhosa. 
DOENÇAS DA CÓRNEA 
Ceratopatia bolhosa 
 
− Espessamento do estroma- acima 
de 650µm; 
BRENO RODRIGUES 
− Formação de fibrose e 
vascularização corneal; 
− Baixa de acuidade visual; 
− Sensação de corpo estranho; 
− Lacrimejamento; 
− Muita dor devido a presença de 
bolhas rotas ou íntegras. 
A córnea é um dos tecidos mais inervados 
do corpo humano, senão o mais inervado. 
Por isso sentimos tanto incômodo quando 
cai um cisco no olho. 
Causas: 
− Trauma; 
− Cirurgia de catarata; 
− Glaucoma refratário; 
− Rejeição e falência de córnea 
transplantada (reconhece como 
antígeno, inicia processo 
inflamatório e isso causa edema; 
− Distrofia endotelial de Fuchs 
(doença hereditária em que o 
paciente possui poucas células 
endoteliais). 
Tratamento: 
− Colírios com substâncias 
hipertônicas (NaCl); 
− Lentes de contato terapêuticas (pra 
proteger as terminações nervosas 
e não sentir tanta dor); 
− Punções estromais; 
− Recobrimento da córnea com 
conjuntiva ou membrana amniótica; 
− Transplante endotelial (fase inicial, 
estroma ainda está transparente); 
− Transplante penetrante de córnea 
(estágios mais avançados); 
− Cross-linking. 
Ceratocone 
 
No ceratocone, a córnea, que tem um 
formato quase semiesférico, vai se 
tornando mais pontuda, em formato de 
cone. 
Cerato=córnea e cone=formato de cone 
mesmo. 
É uma doença progressiva, que tende a 
começar na puberdade e progride até cerca 
dos 30-35 anos de idade. 
É sempre bilateral, porém irregular. 
Possui um fator genético, mas o papel 
hereditário ainda é indefinido. 
À medida que a doença evolui, a estrutura 
ocular deixa de ser perfeita e a visão piora. 
Gera um alto astigmatismo irregular. 
Associações sistêmicas – Down, Turner, 
Marfan e Atopia. 
Associações oculares – Ceratoconjuntivite 
vernal, ato de coçar os olhos (acredita-se 
que o colágeno de quem tem ceratocone é 
mais maleável, por isso o ato de coçar 
muito os olhos pode fazer com o tempo que 
a córnea adquira esse formato cônico). 
No Ceratocone, a córnea mais curva causa 
maior refração, levando à miopia. Além 
disso, a irregularidade da córnea também 
leva ao astigmatismo (visão turva). Por 
isso, essas condições estão relacionadas 
ao Ceratocone, e tratando-o elas também 
serão corrigidas. 
Tratamento: 
− Lentes de contato rígidas: para 
aplanar as córneas, ajuda a corrigir 
erros de refração possivelmente 
adquiridos; 
− Anel intra-estromal (Ferrara, 
Keraring): é colocado um anel ao 
redor do centro da córnea com 
intuito de aplanar através da força 
de tração; 
− Cross linking: aplicação de luz 
ultravioleta em alta dosagem 
controlada com colírio de 
riboflavina (que age como um 
cofator) que impede a progressão 
da doença, mas não melhora a 
visão do paciente; 
− Transplante penetrante; 
− Transplante lamelar anterior; 
− Transplante lamelar anterior com 
laser de femtosegundo. 
BRENO RODRIGUES 
Existem dois tipos principais de tratamento: 
para impedir a progressão da doença e 
para melhorar a visão do paciente. O cross 
linking é o único que impede a progressão 
da doença. Os outros tratamentos são para 
melhorar a visão. Transplante geralmente é 
usado em último caso, quando a doença já 
está avançada. Nele, pode-se manter o 
endotélio do paciente para diminuir as 
chances de rejeição do enxerto. 
O Ceratocone tende a progredir até por 
volta dos 30 anos porque a luz ultravioleta 
realiza um trabalho de “cross liniking 
natural”, enrijecendo o colágeno como 
acontece na pele. 
ÚLCERA DE CÓRNEA 
Também conhecidas como ceratites, são 
infecções que causam ulceração na 
córnea. Podem ser: 
− Ceratites bacterianas 
(principalmente); 
− Ceratites fúngicas; 
− Ceratites virais. 
Ceratites bacterianas 
 
Causadas por: 
− Staphylococcus, Micrococcus; 
− Streptococcus sp; 
− Pseudomonas sp; 
− Enterobacteriaceae (Enterobacter). 
Mecanismos de defesa: 
− Epitélio corneal íntegro; 
− Filme lacrimal com 
imunoglobulinas, lisozima, beta-
lisina e lactoferrina; 
− Ação de limpeza das pálpebras. 
Existem algumas bactérias que mesmo 
com o epitélio íntegro, conseguem invadir o 
tecido. É menos frequente, mas acontece. 
São elas: 
− Neisseria gonorrhoae; 
− Corynebacteria diphteria; 
− Hemophyilus; 
− Listeria. 
Fatores de risco (em geral, criam uma porta 
de entrada que possibilita a entrada das 
bactérias): 
− Traumatismo ocular: um arranhão 
ou retirada de parte do epitélio por 
um trauma; 
− Doença corneal pré-existente: 
como a ceratopatia bolhosa; 
− Lentes de contato: pode gerar 
pequenos traumas no epitélio, que 
perde sua continuidade e cria 
portas de entrada para infecções 
bacterianas. Usar lentes durante 
muito tempo ou depois do prazo de 
validade (em geral, vale 30 dias) e 
sem a higiene correta, pode 
transformar a lente em um meio de 
cultura para bactérias. 
− Uso corticoide tópico: muito usado 
na oftalmologia, deve-se ter 
cuidado ao usar corticoides por 
muito tempo devido ao seu 
potencial imunossupressor, que 
facilita o surgimento de infecções. 
Sinais e sintomas: 
− Dor e lacrimejamento; 
− Diminuição da visão; 
− Secreção purulenta; 
− Hiperemia conjuntival. 
Diagnóstico laboratorial é feito através de 
(primeiro faz a raspagem no local da lesão 
e depois encaminha pro laboratório): 
− Citologia; 
− Bacterioscopia; 
− Cultura. 
Tratamento: 
• Úlcera pequena (menor que 2 mm) 
e periférica: monoterapia com 
quinolona (ciprofloxaxina). 
• Úlcera central ou maior que 2 mm: 
utilizacolírios mais fortificados, em 
combinação (cefalotina + 
BRENO RODRIGUES 
gentamicina ou vancomicina + 
ceftazidima). 
Ceratites fúngicas 
 
Causada principalmente em moradores da 
zona rural, em geral por trauma corneal 
com material orgânico. A principal ceratite 
envolvendo trauma com material orgânico 
ainda é a ceratite bacteriana, mas a ceratite 
fúngica também abrange uma grande 
porcentagem dos casos. Além disso, 
pacientes imunodeprimidos (diabéticos 
crônicos, acamados, tratamento 
imunossupressor sistêmico) tendem a 
desenvolver úlceras fúngicas com maior 
frequência. 
Agentes causais: 
− Fungos filamentosos: Aspergilus e 
Fusarium. 
− Fungos leveduriformes: Cândida. 
Sinais e sintomas são bem parecidos com 
a úlcera fúngica. Detalhes da história 
epidemiológica podem ajudar no 
diagnóstico, mas só a cultura pode indicar 
qual o agente etiológico com precisão. 
Dentre os principais sinais, estão: 
− Espessamento do epitélio; 
− Infiltrados; 
− Lesões satélites: diferencia da 
úlcera bacteriana por poder ter 
lesões adjacentes; 
− Placa endotelial e hipópio. 
Tratamento: 
− Fungos filamentosos: Natamicina 
(pimaricina) 5% de 1/1h + 
debridamento associado a 
Cetoconazol 1 comp. VO 200mg de 
12/12h. 
− Fungos leveduriformes: 
Anfotericina B 0,15% (1,5 mg/dl) + 
debridamento associado a 
Fluconazol VO 150mg/dia. 
OBS: existem estudos que mostram que o 
cetoconazol VO também é absorvido pelo 
humor aquoso, ajudando na proteção do 
olho. 
Ceratites virais 
 
Ceratite herpética: possui um aspecto 
dendrítico. Tende a acontecer em 
remissões e recorrências, assim como a 
Herpes labial (momentos de estresse ou 
baixa imunidade). Além disso, também tem 
como característica a diminuição da 
sensibilidade nervosa. 
Tratamento é feito com Aciclovir pomada 
oftalmológica 0,03g (Aciclovir oral também 
pode ser utilizado). 
Intervenções cirúrgicas 
Tratamento cirúrgico das ceratites de uma 
forma geral é aconselhado quando o 
tratamento medicamentoso não tem o 
efeito esperado. Por ser um tecido 
avascular, a chance de rejeição em um 
transplante de córnea é muito menor do 
que nos tecidos vasculares. Mas a falta de 
sangue também diminui a quantidade de 
células de defesa, dificultando a proteção 
desse tecido. 
• Recobrimento Conjuntival: após 
uma semana sem regressão do 
infiltrado. Retira-se um retalho da 
conjuntiva ao lado da córnea para 
cobrir a úlcera e auxiliar no 
processo de defesa já que é um 
tecido vascularizado. Após isso, 
quando recuperado da úlcera, 
pode-se fazer um transplante de 
córnea com fins ópticos. 
• Transplante tectônico: em casos de 
perfuração, afinamento importante 
e comprometimento do estroma 
profundo.

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