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Ilídia Carol dos Santos Pereira Odontologia UFPE - 2020.2 Anatomia radiográfica dentomaxilomandibular ❖ Porque estudar anatomia radiográfica? - Saber anatomia topográfica (do ciclo básico, com seus acidentes anatômicos) para reconhecer a imagem radiográfica; - Evidenciar os reparos anatômicos e perceber as variações morfológicas (provenientes de variações anatômicas como idade, sexo, tamanho do corpo, etc); - Conhecer o normal para identificar o anormal; - A ausência de profundidade é responsável pela sobreposição de estruturas anatômicas da imagem. Nós temos corpos tridimensionais (altura, largura e comprimento), mas as imagens radiográficas são bidimensionais (apenas altura e largura, falta profundidade), por isso pode haver sobreposição. ❖ Densidades radiográficas da imagem: - Imagem radiolúcida: Imagens de estruturas que absorvem poucos raios X, sendo estruturas com menor massa atômica. Regiões em que, muitas vezes, a radiação não se deparou com obstáculos para atravessar. Ex.: Tecidos moles e áreas preenchidas com ar, como os seios maxilares. - Imagem radiopaca: Imagens com maior poder de absorção dos raios X. Ex.: Tecidos duros, como dentina, esmalte e ossos. ❖ Variações nos tons de cinza: Quanto ↑ o nº atômico = mais radiopaca é a imagem.Os tons de cinza dependem do número atômico dos elementos que fazem a estrutura ser radiografada. Os mais comuns são H(1), C(6), N(7), O(8), Ca(20), Ti(22), Cu(29), Zn(30), que estão presentes na tabela periódica. ❖ Componentes do dente e seu periodonto: Dente: Coroa e raiz. O periodonto é a estrutura que gera suporte e proteção ao dente, encontra-se nele a gengiva, osso alveolar, ligamentos periodontal e cemento, esmalte, dentina e polpa dentária. Ilídia Carol dos Santos Pereira Odontologia UFPE - 2020.2 ⤹ Esmalte: A parte mais mineralizada do corpo. Composição: 96% de minerais (cristais de hidroxiapatita), 2% de material orgânico e 2% de água. Origem: Epitelial - revestimento externo da coroa e com espessura variável a depender da região. Radiopaco. ⤹ Dentina - Composição: 70% de minerais (hidroxiapatita), 20% de material orgânico e 10% de água. Origem: Mesenquimal (está na coroa e raiz dental). É radiopaca, porém menos que o esmalte. Dentina coronária e radicular. - Dentina secundária: Formada depois da erupção dentária e é formada por causa dos desgastes fisiológicos (arcos dentais se atritando na mastigação dos alimentos), e na tentativa de repor essa dentina, surge uma ‘’nova’’, a dentina secundária. É do tipo crônica e de baixa intensidade. Quanto mais velho o indivíduo, mais dentina secundária terá e menor o volume da sua câmara pulpar. - Dentina terciária: Também se forma por estímulo, mas seu caso é um estímulo crônico de alta intensidade. Ex.: Pode surgir de forma reacional à cárie dentária e bruxismo. É crônico e de alta intensidade. ⤹ Polpa dentária - Composição: Tecido conjuntivo frouxo (não mineralizado, por isso é radiolúcido). Origem mesenquimal. Sua forma varia com o elemento dental. Diminui com a idade pela deposição de dentina secundária e possivelmente dentina terciária. ❖ Componentes do periodonto - Cemento: - Origem mesenquimal; - Tem a densidade próxima/igual à dentina; - Reveste toda a raíz; - Geralmente não é visto radiograficamente, por ser fina e sua densidade se confunde com a dentina; - Alguns casos específicos anormais podem evidenciar a estrutura na radiografia. Ex.: Hipercementose (aumento da produção de cemento). É comum em dentes posteriores. ❖ Componentes do periodonto de inserção (osso e dente) - Ligamento periodontal: - Feito de fibras colágenas; - Linha fina radiolúcida contornando as raízes; - Mais largo próximo à crista alveolar e ápice radicular; - Espaço do ligamento periodontal; Ilídia Carol dos Santos Pereira Odontologia UFPE - 2020.2 - Serve de ‘’amortecedor’’ para os dentes, ajudando na acomodação do dente. ❖ Componentes do periodonto de inserção - Lâmina dura: - Linha contínua e radiopaca; - Espessura uniforme (1 mm); - Variação conforme a forma e posição das raízes. Observamos presença de lâmina dura (setas) e aumento do espaço pericementário (círculo) no dente 25, o que pode caracterizar clinicamente como pericementite. ❖ Componentes do periodonto de inserção - Crista óssea alveolar: - Região da união das lâminas duras. - Nível normal = 1,5 mm da junção amelo-cementária; - Forma da crista depende do dente em questão; - Dentes anteriores = Formato maus pontual/ ‘’em lança’’ - Dentes posteriores = forma mais plana - Indicativo de doença periodontal (reabsorção da crista, esfumaçamento). Osso alveolar: - Composto por: ⤹ Trabéculas ósseas (radiopacas) ⤹ Espaços medulares (radiolúcidas). ↳Na maxila: - Trabéculas finas e numerosas; - Padrão granular; - Aspecto de ‘’teia de aranha’’. ↳Na mandíbula: - Trabéculas em sentido horizontal; - Menor quantidade de trabéculas; - Espaços medulares maiores. Quanto mais trabéculas = menos espaços medulares. ❖ Resumo: Componentes do periodonto 1. Esmalte, 2. Dentina; 3. Câmara pulpar; 4. Canal radicular; 5. Osso alveolar (lâmina dura); 6. Ligamento 7. Crista alveolar. ❖ Componentes ósseos da maxila - Componentes radiolúcidos (❤ ): 1. ❤ Fossas nasais / Cavidade nasal: Ilídia Carol dos Santos Pereira Odontologia UFPE - 2020.2 Ar → ↓ densidade = imagem mais radiolúcida. Área simetricamente dispostas acima dos ápices radiculares dos incisivos → Dentes anteriores e superiores (está acima do ápice dos incisivos centrais). 2. ❤ Forame incisivo: Com a forma de oval ou de gota invertida, localiza-se entre os incisivos centrais superiores. 3. ❤ Sutura intermaxilar: Linha delgada na linha média, representa o local de união dos ossos maxilares. Se sobrepõe ao forame incisivo na radiografia. 4. ❤ Projeções narinas: Área arredondada na região do ápice dos incisivos centrais superiores. Sombreamento feito pela interferência do nariz. 5. ❤ Fosseta mirtiforme: Área discretamente radiolúcida, localizada entre o incisivo lateral e os caninos superiores. É uma área de depressão óssea. 6. ❤ Seio maxilar: Estrutura que aquece o ar e deixa a cabeça mais leve. - Cavidade que contém ar; - É o maior dos seios paranasais; - Ocupa grande parte da maxila; - Forma arredondada ou ovóide; - Comunicação com a cavidade nasal (óstio). Ilídia Carol dos Santos Pereira Odontologia UFPE - 2020.2 ↳ Extensões dos seios maxilares - Variações: Os seios maxilares podem apresentar, radiograficamente, algumas extensões, consideradas variações da normalidade. 1) Extensão anterior do seio maxilar: seio maxilar se projeta mais para a parte anterior, região do incisivo lateral e canino. 2) Extensão alveolar do seio maxilar: seio maxilar acompanha a região de crista óssea, do osso alveolar; formando um aspecto ondulado, no espaço alveolar. Implante e exodontia - comunicação com o seio nasal. 3) Extensão para o túber do seio maxilar: Seio maxilar se estende para a região do túber da maxila. 7. ❤ Canais nutrícios: São vistos como linhas que correspondem a trajetos intraósseos das arteríolas ou veias. Observa-se mais nas regiões de seios maxilares. ❖ Componentes ósseos da maxila - Componentes radiopacos: 1. ❤ Septo nasal: Divide as narinas. Espessa faixa que separa ao meio as fossas nasais e se estende do teto ao assoalho da mesma. Radiografia de incisivos centrais superiores evidenciam mais. Ilídia Carol dos Santos Pereira Odontologia UFPE - 2020.2 2. ❤ Espinha nasal anterior: Pequena área radiopaca em forma de ‘’V’’, visto abaixo do septo nasal na linha mediana, acima do forame incisivo. 3. ❤ Conchas nasais: Observa-se as conchas nasais inferiores, projetadas dentro da cavidade nasal. 4. ❤ Y invertido de Ennis: Intersecção do assoalho da fossa nasal com a parede anterior do seio maxilar. 5. ❤ Processo zigomático da maxila: Imagem superposta à região dos dentes molares superiores, sob a forma de ‘’U’’ ou ‘’V’’. 6. ❤ Osso zigomático: Imagem difusa posteriormente ao processo zigomático da maxila e de menor radiopacidade. Nem sempre é observável. 7. ❤ Tuberosidade damaxila: É o limite posterior da apófise alveolar e tem o aspecto de osso reticulado. Ilídia Carol dos Santos Pereira Odontologia UFPE - 2020.2 8. ❤ Processo coronóide da mandíbula: Pode estar na radiografia periapical de molares superiores. Imagem radiopaca de forma cônica, abaixo ou sobreposta ao túber. 9. ❤ Hâmulo pterigóideo: Observado distalmente à tuberosidade e apresenta-se em forma de gancho que se prolonga para baixo e para trás. 10. ❤ Corticais do seio maxilar: Linhas periféricas que delimitam o seio maxilar ↳ Assoalho do seio maxilar: mais inferior no seio. ↳ Parede anterior: Frente. ↳ Parede posterior: Atrás. 11. ❤ Septo do seio maxilar (ou tabides): São ossos que formam separações nesses seios maxilares e assim gerando cavidades, pode apresentar ou não e variar em número. 12. ❤ Assoalho da fossa nasal: Linha que delimita inferiormente a fossa nasal. Sobreposta à região do seio maxilar. ❖ Componentes ósseos da mandíbula - Componentes radiolúcidos: 1. ❤ Foramina lingual: Área circular delimitada pelos tubérculos genianos, abaixo do ápice dos incisivos centrais, na linha média da face. Passagem da artéria incisiva ao nervo lingual. Ponto radiolúcido. 2. ❤ Canais nutrícios: Linhas que correspondem a trajetos intraósseos das arteríolas ou veias. Ilídia Carol dos Santos Pereira Odontologia UFPE - 2020.2 3. ❤ Canal mandibular: Trajeto radiolúcido delimitado por linhas radiopacas, abaixo dos molares e pré-molares inferiores, vem da região do forame mandibular terminando no forame mentoniano. 4. ❤ Fóvea da glândula submandibular: Área radiolúcida difusa, sem limites definidos, abaixo da linha milo-hióidea, no terço posterior do corpo da mandíbula. 5. ❤ Forame mentoniano/mentual: Imagem arredondada ou oval na altura, ou superposta, aos ápices dos pré-molares inferiores. Saída do canal mandibular. ❖ Componentes ósseos da mandíbula - Componentes radiopacos: 1. Protuberância mentual: Linha densa em forma de ‘’V’’ invertido que se estende sob os ápices dentários de incisivos centrais e pré-molares. Projeção radiográfica do mento. 2. Tubérculos genis: Pequenas projeções ósseas que estão ao redor da foramina lingual, bilateralmente, na face lingual da mandíbula. 3. Linha oblíqua externa: Linha espessa que se continua com a borda anterior do ramo ascendente da mandíbula ao terço médio das raízes dos molares. 4. Linha milo-hióidea: Linha de inserção do músculo milo-hióideo, que se origina na porção média do ramo ascendente, cruzando-o até atingir a borda anterior da sínfise mentoniana, passando pelo terço apical das raízes dos dentes (na ‘’ponta dos dentes’’). Ilídia Carol dos Santos Pereira Odontologia UFPE - 2020.2 5. Cortical do canal mandibular: O canal é radiolúcido, mas as paredes são ósseas, logo são estruturas mais compactas, e por isso são radiopacas. No seu centro está o canal mandibular. 6. Base da mandíbula: Cortical inferior da mandíbula devido ao aumento da densidade óssea. ↝ Objetivos finais do conteúdo: - Conhecer o normal para reconhecer o anormal e as variações de normalidades; - Reconhecer e identificar estruturas sobrepostas; - Variação anatômica/morfológica: reconhecer. Referências: https://odontoufpel.github.io/radiografiasperiapi cais/main.html https://odontoufpel.github.io/radiografiasperiapicais/main.html https://odontoufpel.github.io/radiografiasperiapicais/main.html