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História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta 1. “A grande maioria dos estudiosos africanos e europeus concorda que a escravidão era uma atividade implantada na África, antes da chegada dos mercadores europeus no final do século XV. Mas que tipo de escravidão havia até então naquele continente? Alguns especialistas no assunto afirmam que, por aquela época, o que havia era um sistema interno, cuja configuração não se pode identificar, propriamente, como uma forma de exploração do trabalho, seria uma escravidão não devidamente institucionalizada.” (SOUZA, Talita T. B. A. Escravidão interna na África, antes do Tráfico Negreiro. Vértices. ano 5. nº 2, MAIO/AGO., 2003, p. 16) Com base no trecho acima e dos seus conhecimentos sobre a escravidão na África, é correto afirmar: Normalmente, os escravos eram prisioneiros de guerra, portanto, os escravos na grande parte das vezes eram inimigos de uma cidade e estrangeiros. 2. “A partir da segunda metade do século XX as “coisas” pareciam seguir um novo rumo. O aparecimento dos movimentos de independência e o aumento das pesquisas históricas sobre o continente, fizeram com que, para os africanos e alguns especialistas ocidentais, a África passasse a ser vista com outros olhos. O que antes era reconhecido como símbolo da inferioridade – a cor da pele – agora passava a ser elemento de orgulho e distinção positiva. Os estudos historiográficos e arqueológicos revelavam uma África com um passado recheado de sociedades ricas e complexas. O continente passava a ser valorizado. Porém, os desvios nas formas de perceber a África continuavam. Parte dessas novas pesquisas, conduzidas por um crescente corpo de historiadores africanos e africanistas, que reivindicava o reconhecimento da importância do papel da África na história da humanidade e tentava inverter os olhares preconceituosos e imagens negativas relacionadas aos africanos, acabou por incorrer em uma série de desacertos. Muitas vezes, influenciados pelas ideologias ou teorias do pan-africanismo e da negritude, assim como pela onda nacionalista que varria o continente, esses estudos seriam marcados por certa dose de desequilíbrio e ufanismo acerca das identidades e histórias africanas.” OLIVA, Anderson R. Os africanos entre representações: viagens reveladoras, olhares imprecisos e a invenção da África no imaginário Ocidental. Em Tempo de Histórias. Publicação do Programa de Pós-Graduação em História PPG-HIS/UnB, n.9, Brasília, 2005, p.110. I. Muito dessa visão sobre a África que o trecho relata foi influenciada pelas independências africanas, que defendiam ideais muitas vezes de imposição de uma etnia ou de construções de identidade nacionais que não respeitavam as diferenças I e III. 1 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta étnicas e culturais entre os povos africanos. II. O resultado desse tipo de historiografia da África é que, até hoje, a História da África produzida por africanos não é considerada uma historiografia relevante, pois é tendenciosa e partidária. A História da África reconhecida é a produzida por historiadores europeus e americanos. III. Apesar desse primeiro momento de uma historiografia ufanista, a História da África escrita e estudada por africanos trouxe novas leituras para a historiografia como um todo. Além disso, ela também renovou e apresentou novos elementos sobre a África. Sobre o trecho acima e essa nova fase de produção da historiografia sobre a África, é correto afirmar: 3. “A partir dos anos 80, podemos afirmar que houve uma lenta mas progressiva ascensão do negro na dramaturgia da teleficção. Mesmo assim, identificamos que em um terço das telenovelas produzidas pela Rede Globo até o final dos anos 90 não havia nenhum personagem afrodescendente. Apenas em outro terço o número de atores negros contratados conseguiu ultrapassar levemente a marca de 10% do total do elenco. Considerando que somos um país que tem uma população de cerca de 50% de afrodescendentes, essa é uma demonstração contundente de que a telenovela nunca respeitou as definições étnicoraciais que os brasileiros fazem de si mesmos.” ARAÚJO, Joel Z. O negro na dramaturgia, um caso exemplar da decadência do mito da democracia racial brasileira. Estudos Feministas, Florianópolis, 16(3): 979-985, setembro-dezembro/2008, p. 980-981. A partir do trecho acima e do movimento negro no Brasil, é correto afirmar: I. Uma das lutas dos movimentos negros foi pelo reconhecimento e pela valorização dos elementos estéticos dos negros, inclusive nos meios de comunicação em massa, como telenovelas. II. Essa baixa representatividade dos negros em telenovelas se dá, pois é recente a luta dos movimentos pela participação dos negros em novelas. Antes disso, havia uma resistência dos movimentos a ter espaço em meios de comunicação em massa. III. Os movimentos negros nunca se importaram muito com espaços na mídia, pois acreditavam existir questões mais prementes a serem resolvidas, como as desigualdades sociais e econômicas e as violências decorrentes do preconceito e discriminação. É correto apenas o que se afirma em: I 4. “A pretexto da incapacidade nacional, quando da falência da Companhia União Mercantil, que tinha uma carreira marítima entre Lisboa e Luanda, o Governo Português passou a subsidiar, desde 1864, uma companhia de O trecho é do contexto da Segunda Revolução Industrial, a partir de 1870, quando a industrialização se expandiu, e 2 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta navegação inglesa que estabeleceu uma ligação marítima entre Lisboa e as colônias da África ocidental. Mais tarde, nos anos de 1890, o Governo Português subsidiou outras companhias inglesas e até alemãs que faziam escala em Lisboa e Moçambique, passando por Angola e cidade do Cabo. Simultaneamente, lançavam-se grandes empreendimentos de engenharia, sobretudo portos e caminhos-de-ferro, financiados por capitais portugueses, mas sobretudo ingleses. Portanto, a mais-valia extraída aos miseráveis trabalhadores rurais portugueses estava servindo para financiar o desenvolvimento econômico nas colônias, onde os principais beneficiários eram os meios capitalistas estrangeiros, embora a grande burguesia nacional a eles estivesse associada.” (RATO, Maria Helena da C. O colonialismo português, factos de subdesenvolvimento nacional. Análise Social, vol. XIX (77-78-79), 1983-3.º, 4.º 5.º, 1121-1129, p. 1124) Com base no trecho acima e sobre o contexto que ele aborda, é correto afirmar: também expandiu a busca por matérias-primas e mercados de consumo, alcançando a África. 5. “A vitória de Afonso I marcou o início do mais longo reinado do Congo, ou seja, de 1506 a 1543. O papel desse rei foi fundamental abriu o país a Portugal, acarretando assim uma considerável reorganização política e econômica, bem como uma assimilação voluntária de elementos do cristianismo que acabou por se implantar ali de forma definitiva. Cristão desde 1491 e protetor dos raros missionários antes de 1506, esse chefe de facção, uma vez rei, transformou rapidamente a Igreja católica em religião de Estado. Seu filho Henrique, como bispo consagrado em Roma, esteve à frente da Igreja do Congo de 1518 a 1536. Em seguida, o controle do bispado caiu nas mãos dos portugueses. O tráfico negreiro intensificou-se a partir de 1514. Da mesma forma que o soberano de Portugal, Afonso I quis controlar o tráfico graças à organização de monopólios reais antes de tentar aboli-lo em 1526. Não funcionoue os monopólios reais foram constantemente desrespeitados pelos afro-portugueses de São Tomé e os vizinhos do reino, tanto na costa do Loango quanto no Ndongo, e até mesmo em Luanda, parte integrante do reino. O rei usou os recursos obtidos com o tráfico de escravos e com o comércio de marfim e de tecidos de ráfia para trazer técnicos e, sobretudo, missionários portugueses. Antes do fim de seu reinado, a vida sociopolítica transformara-se completamente. A diferença entre nobreza e os plebeus acentuara-se, à medida que a nobreza se tornava letrada e cristã, além de tomar parte no tráfico de escravos. As pessoas comuns eram duramente exploradas. A casa real foi reforçada pela importação de escravos do Pool e de outras I 3 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta regiões para a guarda real, assim como pelo crescimento da descendência de Afonso, a ponto de comprometer sua sucessão. Todos os reis a seguir seriam descendentes de Afonso, oriundos de uma ou outra de suas três principais filhas. O número sempre crescente de pretendentes ao trono levou a uma cisão da casa real em casas inimigas e, por fim, após 1665, a uma guerra civil que destruiu o reino tal como era antes dessa data. A presença de portugueses na cidade introduziu uma nova dimensão política. Ligados por casamento a diversas casas nobres, eram divididos entre afro-portugueses e enviados metropolitanos que animaram partidos opostos na corte até 1665 e intervieram em todas as lutas de sucessão”. (VANSINA, J. O Reino do Congo e seus vizinhos. OGOT, Bethwell A. História Geral da África V: África do século XVI ao XVIII, Brasília: UNESCO, 2010, p. 657-659) A partir do trecho acima e sobre a relação de portugueses e africanos, é correto afirmar: I. O trecho deixa claro que a influência de Portugal sobre os reinos africanos foi imensa. Uma delas foi a grande conversão dos africanos ao catolicismo. Todavia, um dos fatores que Portugal não influenciou completamente foi na escravidão. A escravidão já existia na África. O que Portugal fez foi torná-la uma atividade comercial e um elemento econômico, justamente após chegar ao Congo, em 1483. II. Uma das práticas comuns de Portugal, como o trecho bem ilustra, foi converter ao cristianismo os povos das regiões onde chegava. A finalidade, com isso, era facilitar o comércio de escravos. Os africanos cristianizados eram preferidos e, logo, mais fáceis de vender. III. A grande quantidade de africanos trazidos ao Brasil foi determinante para a formação de uma cultura brasileira possuidora de elementos africanos. Todavia, como os africanos eram cristianizados, não houve impacto das religiões africanas na formação da cultura brasileira. Assinale a alternativa que indique os itens corretos acima: 4 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta 6. “Após os processos de independência ocorridos entre os anos 1950 e 1970, a África passou a ser sacudida por uma série de conflitos internos, principalmente a partir da década de 1980. A situação econômica do continente que não era muito favorável tendeu a piorar. A repetição dos golpes políticos, o aparecimento de surtos epidêmicos, os focos de fome aguda, as rivalidades inter-étnicas, passaram a ser apresentadas e divulgadas não apenas nos textos dos teóricos e nos discursos dos políticos locais, preocupados com a solução de seus problemas, mas, também em alguns dos mais potentes meios de comunicação de massa que a humanidade já se deparou: a Televisão, o cinema e os jornais. Esses problemas, frutos das diásporas da escravidão, das presenças colonialistas e das contingências internas da própria África após a Segunda Guerra, transformaram-se em imagens que inundam nossas mentes de forma cotidiana. Quase sempre elas se limitam a representar os estereótipos e deixam de revelar tanto suas histórias como outras faces do continente. É a África da fome, das misérias, das guerras, das epidemias, dos massacres, da Aids, da desesperança. Como se não existissem outras imagens, nas quais a fome, as guerras e a instabilidade política não fossem regras. No Ocidente, a televisão, com seu noticiário centrado no eixo Nova York – Londres - Paris - Tóquio, apenas abre espaço para a África para divulgar suas misérias e epidemias. É claro que não estamos desconsiderando as emissoras africanas que concentram sua programação nos eventos locais, e nem os programas especiais – como a CNN Africa – e emissoras específicas – como a portuguesa RTP África. Porém de uma forma geral, nos jornais impressos essa realidade se repete. Tornam-se elementos comuns no imaginário elaborado sobre a África, as imagens de sociedades “tribais” em conflito permanente; cidades desorganizadas e sujas; natureza selvagem e incontrolável; padrões culturais ritualizados e folclorizados; doenças misteriosas e temidas – como o vírus ebola –; e comportamentos “primitivos”, como a crença de alguns grupos sul-africanos de que a violência sexual praticada contra meninas virgens possibilitaria a cura da Aids, ou ainda de algumas sociedades islamizadas do norte da África que praticam a clitoridectomia.” OLIVA, Anderson R. Os africanos entre representações: viagens reveladoras, olhares imprecisos e a invenção da África no imaginário Ocidental. Em Tempo de Histórias. Publicação do Programa de Pós-Graduação em História PPG-HIS/UnB, n.9, Brasília, 2005 (p. 111-112) A partir do trecho acima e sobre o período após as II e III 5 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta independências da África, é correto afirmar I. O trecho deixa claro que, desde as independências das nações africanas, o país é terreno de uma série de desgraças, como a miséria, a fome, doenças e guerras e que, infelizmente, é só isso que a África consegue apresentar. II. A opinião pública mundial ainda vê a África de uma maneira esteriotipada e geral, e muito dessa visão é produzida ainda por uma mídia com valores centrados no ocidente e que poucou absorvem sobre as particularidades culturais da África. III. Desde as independências africanas, problemas políticos assolam alguns países africanos, como as guerras e os governos militares e militarizados. Por exemplo, em 1976, em torno de 50% das nações aficanas eram governadas por militares, direta ou indiretamente. Marque, abaixo, a alternativa que indica o(s) item(ns) correto(s) acima: 7. “As coisas ocorreram diferentemente no Magreb. Por um lado, podemos dizer que houve um constante esforço para integrar o Magreb (em particular, o Marrocos) na economia-mundo capitalista, desde suas origens, ou seja, desde o final do século XV. Por outro lado, parece que a região não tinha conhecido grandes mudanças nas relações de produção até a metade do século XIX, ou mesmo mais tarde. Entre 1450 e 1830, uma boa parte (mas não a totalidade) das relações entre o Magreb e a Europa, através do Mediterrâneo, era condicionada pela atividade dos corsários; essa, do ponto de vista econômico, pode ser assimilada, de alguma forma, ao comércio de luxo com os países longínquos, mediante ambiguidades análogas àquelas que apresentavam o tráfico de escravos setecentista na África Ocidental. Todavia, contrariamente ao tráfico de escravos, as expedições corsárias começaram a desaparecer no século XVIII, cedendo espaço a trocas comerciais mais regulares, em particular no Marrocos e na Tunísia. Desde a segunda metade do século XVIII, o Marrocos cultivava gêneros industriais e alimentícios, os quais eramexportados para a Europa junto a produtos de origem animal e minerais. Essas atividades foram consideravelmente estendidas após 1820. A maior resistência da Argélia a tal integração econômica explica, na verdade, sua conquista relativamente precoce, sobrevinda em uma época em que a dominação política da Europa sobre a África ainda não se encontrava generalizada.” WALLERSTEIN, Immanuel. A África e a economia-mundo. AJAYI, J.F. Ade. História geral da África VI: África do século XIX à década de 1880. Brasília: UNESCO, 2010, p. 34-35. Sobre o trecho acima e I e III 6 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta a relação econômica da África com a Europa, é correto afirmar I. Grande parte da relação da Europa com o Marrocos e o Magreb, discutida no texto, se deu durante o período colonialista, por meio de atividades de pirataria. II. O norte da África se manteve ileso das políticas neocoloniais europeias nos séculos XIX e XX. Isso ocorreu, porque o norte da África já mantinha um comércio bem constituído com a Europa. III. Como o trecho ressalta, foi só após 1820 que a integração econômica ficou mais intensa, caracterizando já os novos momentos da Revolução Industrial. Selecione, abaixo, a alternativa que indique os itens corretos acima: 8. “Com efeito, na década de 1870, a luta entre as grandes potências europeias desloca-se para o continente africano. Nessa altura, a Inglaterra põe em marcha um plano de expansão a que a França e a Prússia, enfraquecidas pela guerra de 1870 e pelas convulsões sociais que se lhe seguiram, procuram neutralizar. Assim, sob a égide do rei Leopoldo II da Bélgica, efetua-se em Bruxelas a conferência internacional de 1876, que ficou conhecida pelo nome de Conferência Geográfica, para a qual Portugal não foi convidado. Deste modo, ignoravam-se deliberadamente as pretensões coloniais de Portugal, cujos territórios africanos iam de facto servir como moeda de troca entre as grandes potências. Prova disso são os sucessivos tratados que alternativamente atribuem vantagens e desvantagens a Portugal. Esta diplomacia culmina com o Ultimato Inglês de 11 de Janeiro de 1890, a que o Governo Português foi obrigado a ceder, apesar de ter tentado obter ajuda quer da Alemanha, quer da França”. (RATO, Maria Helena da C. O colonialismo português, factos de subdesenvolvimento nacional. Análise Social, vol. XIX (77-78-79), 1983-3.º, 4.º 5.º, 1121-1129, p. 1125) Sobre o trecho acima e as disputas dos países europeus pelos territórios africanos, é correto afirmar: I. A exclusão de Portugal ocorreu, pois ela ainda era uma nação poderosa e detentora de diversos territórios na África. Essa exclusão funcionou, pois, já em 1890, Portugal tem que ceder seus territórios. II. As principais nações neocoloniais europeias que desempenharam as ações na África no século XIX e XX que caracterizaram o imperialismo do período foram Alemanha, Inglaterra, Bélgica e França. III. As reuniões e conferências organizadas para discutir as ações e os direitos europeus sobre a África só reuniam países europeus, excluindo países africanos e da América. Assinale, abaixo, a alternativa que indica os itens corretos: II 7 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta 9. “Contudo, e neste apartado em que pós-colônia ainda implica a nação, e na sequência de tratar da forma como a Europa conquistou territórios, racializou as realidades e impôs a sua hegemonia epistémica aos povos sem história. Pius Adesanmi revela os discursos de resistência que emergem do que ele trata como “global South” (Adesanmi, 2004: 42). Para ele, a pós-colônia africana falhou, devido às exclusões no quadro do Estado, às disfuncionalidades devidas ao neocolonialismo e a formas internas de colonialismo, como o domínio violento da etnicidade e a prevalência de narrativas de violência (Adesanmi, 2004: 50- 52). A associação entre o domínio do mercado e a globalização operada a partir do Norte conjugam-se igualmente no embranquecimento da história associado ao privilégio branco e ao predomínio das línguas de colonização (Adesanmi, 2004: 54). É neste apartado que à pós-colônia se associa a subsistência do discurso colonial.” SÁ, Ana Lúcia. A ideia de pós-colônia em cientistas sociais africanos na diáspora. Anais do 7.º CONGRESSO IBÉRICO DE ESTUDOS AFRICANOS, 2010, p. 5. A partir do trecho acima e dos processos de independência das nações africanas, é correto afirmar: As independências africanas foram cercadas de esperança de que resolveriam os problemas africanos, porém, logo as permanências do colonialismo e do neocolonialismo se mostraram problemáticas 10. “Da rala pátria portuguesa, poucos homens, muito poucos, não mais de 2 mil por ano, saíram, no século XVI, para velejar nos cinco mares. Madeira, Açores, Cabo Verde, Bissau, Cacheu, Bisiguiche, Mina, São Tomé. Luanda, Benguela, Quelimane, Moçambique, Goa, Diu, Ormuz, Colombo, Malaca, Macau, Laguna, Piratininga, Rio de Janeiro, Salvador, Pernambuco, Maranhão. Os desclassificados do reino — deserdados, marginais urbanos, comerciantes cripto-judeus bastardos da pequena nobreza, funcionários, militares, baixo clero secular — se deslocavam até a periferia para colonizar as conquistas, enquanto cativos asiáticos, americanos e, sobretudo, africanos, eram deslocados para o centro para serem explorados colonialmente nos campos e cidades metropolitanas. De fato, no século XVI, o número de escravos introduzidos no reino se aproxima do número de portugueses partindo para os três continentes.” (ALENCASTRO, Luiz Felipe de. A economia política dos descobrimentos. NOVAES, Adauto (org.). A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 193-207, p. 198) A partir do trecho acima e considerando a escravidão praticada por Portugal, é correto afirmar: Ao chegar na África, Portugal encontrou já uma prática de escravidão, a qual era, no entanto, fruto de guerras ou de formas de estabelecimento de laços de dependência, que demonstravam o poder de quem tinha escravos. Portanto, a escravidão não era a base da economia da África. 11. “Da rala pátria portuguesa, poucos homens, muito poucos, Ao chegar na África, Portugal 8 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta não mais de 2 mil por ano, saíram, no século XVI, para velejar nos cinco mares. Madeira, Açores, Cabo Verde, Bissau, Cacheu, Bisiguiche, Mina, São Tomé. Luanda, Benguela, Quelimane, Moçambique, Goa, Diu, Ormuz, Colombo, Malaca, Macau, Laguna, Piratininga, Rio de Janeiro, Salvador, Pernambuco, Maranhão. Os desclassificados do reino — deserdados, marginais urbanos, comerciantes cripto-judeus bastardos da pequena nobreza, funcionários, militares, baixo clero secular — se deslocavam até a periferia para colonizar as conquistas, enquanto cativos asiáticos, americanos e, sobretudo, africanos, eram deslocados para o centro para serem explorados colonialmente nos campos e cidades metropolitanas. De fato, no século XVI, o número de escravos introduzidos no reino se aproxima do número de portugueses partindo para os três continentes.” (ALENCASTRO, Luiz Felipe de. A economia política dos descobrimentos. NOVAES, Adauto (org.). A descoberta do homem e do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998, p. 193-207, p. 198) A partir do trecho acima e considerando a escravidão praticada por Portugal, é correto afirmar: encontrou já uma prática de escravidão, a qual era, no entanto, fruto de guerras ou de formas de estabelecimento delaços de dependência, que demonstravam o poder de quem tinha escravos. Portanto, a escravidão não era a base da economia da África. 12. “Dada a estreita relação identificada entre a integração da África à economia imperial e o desenvolvimento das cidades, devemos agora nos perguntar qual o destino do urbanismo e da economia urbana na região após sua conquista pelos Vândalos. Ora, a partir das primeiras décadas do século V, as cidades africanas conhecem mudanças significativas nas formas tradicionais do urbanismo, com a perda de importância do fórum em benefício do complexo episcopal, o abandono de alguns lugares de espetáculo e a conversão de muitos edifícios públicos em igrejas. Constata-se uma menor regulamentação da malha urbana pelas autoridades municipais, com a ocupação de ruas e de outros espaços públicos por casebres, lojas e oficinas. Mas, apesar disso, as escavações em Cartago e em outros sítios urbanos não mostram nenhuma diminuição da área habitada. Com a reconquista bizantina, no segundo quarto do século VI, inúmeros trabalhos de construção são empreendidos em diversas cidades. Em geral, trata-se da edificação de igrejas e fortificações, mas em Cartago verificam-se também restaurações das ruas e dos edifícios de habitação, além de importantes trabalhos de reconstrução dos portos. A organização dessas cidades, porém, havia-se modificado em profundidade, já que não se organizavam mais em torno do fórum, mas da fortaleza e das igrejas. Pode-se, portanto, Os bizantinos foram que conseguiram expulsar os vândalos, no ano de 533 d.C., após um período longo de pacificação entre vândalos e bizantinos 9 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta afirmar que, por essa época, as formas tradicionais de vida cívica haviam desaparecido, mas não, certamente, a vida urbana em si.” OLIVEIRA, Julio César M. de. O conceito de Antiguidade Tardia e as transformações da cidade antiga: o caso da África do Norte. Revista de E. F. e H. da Antiguidade, Campinas, nº 24, jul. 2007/jun.2008, p. 131. A partir do trecho acima e dos seus conhecimentos sobre a presença vândala e bizantina no norte da África, é correto afirmar: 13. “Desde aproximadamente os anos 1960 – a década da aceleração do processo de independência das colônias europeias, da derrubada da segregação racial nos Estados Unidos, dos movimentos estudantis de 1968 – desmoronou- se boa parte do mundo que as ciências humanas haviam construído. Mais precisamente, houve um profundo “descentramento” (decentering) desse mundo na academia – isto é, uma mudança dos paradigmas que guiam a pesquisa. A experiência europeia/norteamericana deixou de ser o padrão para se pensar a história do restante da humanidade. A relação entre “centro” e “periferia” no mundo moderno foi radicalmente re-definida a partir de uma perspectiva dialética, enfatizando a profunda interação e interpenetração entre esses dois “extremos”. Paralelamente, no imaginário dos pesquisadores, os “subalternos” (os “de baixo” na pirâmide social) ganharam voz, pensamento estratégico e participação ativa no processo histórico.” SLENES, Robert W. A importância da África para as Ciências Humanas. História Social, n. 19, segundo semestre de 2010, p. 20. Sobre o trecho acima, é correto afirmar: I. O trecho deixa claro que os processos de independência da África ocorreram totalmente isolados do resto do mundo. Em outras palavras, o mundo virou as costas para as nações africanas e as independências pouco refletiram no mundo ocidental. II. As independências dos países africanos trouxeram um novo problema global, que era a oposição entre países desenvolvidos e países subdesenvolvidos, ou da oposição entre 1º e 3º mundos, por exemplo. III. As independências africanas trouxeram novos elementos para interpretar o mundo, já que junto delas estava a discussão da situação da África, agora independente e autônoma, e das culturas que ali existiam e existiram. Indique a alternativa que apresenta os itens corretos: II e III. 14. “Escravos provenientes das regiões subequatoriais, embarcados através de Luanda, Cabinda e Benguela, chegariam à Bahia até o final da vigência do tráfico (1850). Entretanto, a proporção deste contingente foi bem mais II 10 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta significativa durante o século XVII do que nos períodos subseqüentes, porquanto, a partir da segunda metade do século, a abertura do comércio direto com a Costa da Mina transformaria alguns portos desta região em importantes entrepostos para o abastecimento de escravos à Bahia. As nações da Costa da Mina, a partir de então, suplantariam, em muito, os contingentes que saíam de Angola." Alguns fatores se conjugaram para determinar a alteração nos rumos do tráfico baiano. Como necessitaremos fazer constantes referências ao processo que engendrou esta mudança, abriremos aqui um breve parêntese para ordenar alguns de seus principais fatos, antes de analisarmos os chamados Ciclos de Angola, no século XVII e o da Costa da Mina, que o seguiu no século XVIII.” OLIVEIRA, Maria Inês C. de. Quem era os “Negros da Guiné”? A origem dos africanos da Bahia. Afro-Ásia, 19/20, (1997), 37-73, p. 42 Com base no trecho acima e sabendo que a Costa da Mina são partes que hoje pertencem a Gana, Togo, Benin e Nigéria, é correto afirmar: I. Essa mudança de região de obtenção de escravos significou a busca de escravos no Norte da África, onde estava a Costa da Mina. II. Em Angola, os povos que ali habitavam eram do tronco banto, enquanto que os da Costa da Mina, eram de descendência iorubá. III. Essa mudança pouco significou, a não ser administrativamente para Portugal, pois os povos de Angola e da Costa da Mina eram de um mesmo reino. Indique a alternativa abaixo que indica os itens corretos acima: 15. “Estes agentes operaram através da identificação, dentro da complexidade de traços da cultura afro-brasileira, daqueles aspectos considerados “puros”, que supostamente expressassem a contribuição mais sofisticada das nobres culturas africanas para a cultura e a nação brasileiras. A estes traços “puros” foram contrapostos os traços supostamente “menos nobres” e “impuros”, que representavam tanto as culturas africanas menos sofisticadas como aspectos que haviam sido corrompidos por um sincretismo exagerado e se identificavam com uma série de “forças negativas” na cultura brasileira, tais como a mentalidade do “malandro”, a mágica dos índios “civilizados”, o catolicismo popular e, por último, a magia negra africana e não-africana. Nesta dicotomia de influências africanas, o lado bom era associado com o que era alternativamente definido como culturas “mina”, “nagô”, “sudanesa” e até mesmo “iorubá”, vindas dos escravos deportados da África Ocidental sub-saariana. De acordo com uma longa linhagem de intelectuais, começando no final do século XIX, os escravos desta “sofisticada” II e III. 11 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta parte da África, acima do Equador, seriam a grande maioria dos africanos na Bahia e em outras partes do Brasil, onde as formas “mais puras” do candomblé emergiram, tais como o Maranhão. Onde o sistema religioso africano se tornou, como se dizia, abastardado, isto tinha a ver com a suposta origem “bantu” dos africanos. Os “bantus” eram freqüentemente descritos como rudes e sem nenhuma habilidade particular, se comparados aos “iorubá”. Ou seja, eles eram mais fáceis tantode se submeterem aos senhores de escravos, como para combatê-los através da malfadada magia negra. A pesquisa histórica mostra que a idéia de que os “mina” eram mais civilizados, mas também mais passíveis de se revoltarem, estava presente na opinião pública e entre os donos de escravos em fins do século XIX. A rebelião dos malês, em 1835, em Salvador, que foi encarada como uma conspiração liderada por escravos islâmicos, certamente, contribuiu para esta reputação. No entanto, foi apenas depois que viajantes estrangeiros relataram o orgulho “iorubá”, e seus finos traços, em seus escritos, que muitas vezes foram best sellers no Brasil, que tal estereótipo popular ganhou status e se tornou parte da auto-imagem da nova nação.” (SANSONE, Livio. Da África ao Afro: uso e abuso da África entre os intelectuais e na cultura popular brasileira durante o século XX. Afro- Ásia, 27 (2002), 249-269, p. 260-261) Sobre o trecho acima e a imigração de africanos para o Brasil, é possível afirmar: I. Conforme o texto acima, podemos afirmar que vieram três grupos principais de africanos para o Brasil: os bantos, da costa ocidental, os iorubás, da região do Golfo da Guiné e os berberes, islamizados pelas invasões árabes. II. O trecho mostra que a definição dos africanos trazidos ao Brasil eram muito gerais e não compreendiam as complexidades dos diversos povos africanos. Tanto que o nome iorubá é uma identidade construída sobre os povos africanos de uma região e que, no entanto, serviu para definir todo um conjunto de negros traficados para o Brasil. III. A compreensão dos negros no Brasil, como o trecho indica, era construída a partir do olhar e das categorias cunhadas e utilizadas pelos europeus. Portanto, mesmo no Brasil, a elite colonial, imperial e republicana, na maioria branca, nunca teve como finalidade entender a origem da grande população negra que compunha o país. Assinale a alternativa correta: 16. “Negro da Guiné e gentio da Guiné’ foram as primeiras designações utilizadas para marcar a origem dos escravos africanos chegados à Bahia no século XVI. Mais do que um registro de procedência, estas expressões queriam significar II 12 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta a condição mesma de escravo na linguagem corrente da época. Seu uso se generalizara em Portugal, desde o final do século anterior, quando o tráfico de escravos começou a se transformar na mais potente empresa comercial daquele país. A multiplicidade cultural da África passava a ser ignorada pelos portugueses na razão direta em que o caráter de mercadoria se incorporava ao conjunto de sua população. Mas não linha sido sempre assim (p. 37). E o que era a Guiné, nos primeiros tempos do tráfico? No início, para os portugueses, a Guiné teria se restringido ao litoral da costa ocidental africana, que tinha como centro comercial a feitoria de Cachéu, subordinada às ilhas de Cabo Verde. Esta era a área descrita nos contratos de arrendamento do século XV. Entretanto, à medida em que a expansão do comércio português avançou para o sul, o termo passou a ser também utilizado para designar as partes do litoral então conhecidas como Costa da Pimenta, Costa do Marfim, Costa do Ouro e Costa dos Escravos. Assim, toda a África Ocidental ao norte do Equador, do Rio Senegal ao Gabão, era conhecida então como a Guiné (p. 39). OLIVEIRA, Maria Inês C. de. Quem era os “Negros da Guiné”? A origem dos africanos da Bahia. Afro-Ásia, 19/20, (1997), 37-73. I. Os portugueses tiveram uma preocupação bastante grande em definir claramente quem eram os africanos com quem se relacionavam, pois, assim, conseguiriam definir as características de cada um para vender no tráfico. II. Os portugueses não se preocupavam em entender quais eram os povos africanos. Assim, os negros acabavam sendo organizados conforme o porto de origem e, então, misturava-se muitos rivais e povos que não falavam o mesmo idioma. III. A presença portuguesa na África auxiliou na reorganização do território e na pacificação dos conflitos entre grupos inimigos, pois, ao delimitar territórios novos, Portugal acabou unindos os rivais. Com base no trecho acima e no impacto da escravidão e da presença europeia na África, é correto afirmar: 17. “Neste momento, da montagem e afirmação do colonialismo europeu, houve uma migração da imagem do africano confundido anteriormente com o escravo para o reforço do estigma do selvagem, primitivo e infantil. Todos esses elementos seriam selos antagônicos às imagens divulgadas sobre os europeus, associadas ao progresso tecnológico, à crença de que suas civilizações seriam superiores, ou ainda à divulgada teoria de que as mentes e estruturas europeias eram as mais complexas do orbe. Uma das bases para o preconceito com os africanos foi a influência da teoria da evolução das espécies de Darwin, pela qual espécies menos aptas não sobreviveriam 13 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta Tachados de preguiçosos e inábeis ao trabalho sofisticado, os africanos deveriam ser disciplinados e ensinados pelos serviços braçais, mesmo que compulsórios. Os africanos eram considerados povos que se encontravam ainda na infância da humanidade. Aos preconceitos anteriores articulam-se, no século XIX, as crenças científicas, oriundas das concepções do Evolucionismo Social e do Determinismo Racial, que alocaram os africanos nos últimos degraus da evolução das “raças” humanas. Infantis, primitivos, tribais, incapazes de aprender ou evoluir, os africanos deveriam receber, portanto, a benfazeja ajuda europeia por meio das intervenções imperialistas no continente.” OLIVA, Anderson R. Os africanos entre representações: viagens reveladoras, olhares imprecisos e a invenção da África no imaginário Ocidental. Em Tempo de Histórias. Publicação do Programa de Pós-Graduação em História PPG-HIS/UnB, n.9, Brasília, 2005, p. 103. A partir do trecho acima e da ação europeia na África, é correto afirmar: 18. “No entanto, a escravidão oriental e ocidental, tanto sob sua forma mais antiga, quanto sob a forma colonial que se expandiu na África no século XVIII, visava, em sua essência, estabelecer um modo de produção que fizesse do escravo, praticamente privado de direitos, um bem imobiliário ou uma mercadoria negociável e cedível. Os escravos formavam, por muitas vezes, o grosso da população ativa de uma sociedade, como ocorria no sistema ateniense e nas plantações coloniais da Arábia medieval, ou mesmo na América pós-colombiana. Esse fenômeno engendrou um conflito que continuaria a afligir o continente africano até o século XX.” (DIAGNE, P. As estruturas políticas, econômicas e sociais africanas durante o período considerado. OGOT, Bethwell A. História geral da África V: África do século XVI ao XVIII, Brasília; UNESCO, 2010, p. 28-29) Sobre o trecho acima e a escravidão praticada entre os séculos XVI e XIX, é correto afirmar: Os africanos saíam de diversos portos portugueses na África, como os de Guiné, da Costa da Mina e de Daomé 19. “No século I D.C., surgiu o reino de Axum que conseguiu unificar a região. Herdando uma parte da cultura do sul da Arábia engrandeceu a sua capital com importantes monumentos. O seu prestígio e poderio foram atestados pela cunhagem de moedas, seguindo os modelos romanos. A introdução do Cristianismo em Axum ficou a dever-se a Frumêncio, jovem mercador cristão. Ele foi tutor do futuro rei Ezana. Consagrado em Alexandria como primeiro bispo de Axum, influenciou o referido rei para adotar oficialmente o Cristianismo, o que veio aacontecer em 333 D.C.” I e III 14 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta (BRANCO, Alberto Manuel Vara. Do Reino de Axum ao Reino da Etiópia (Século I D.C. ao século XVII): A Força e o Isolamento do Cristianismo na África do Norte e Nordeste. Millenium, 48 (jan/jun), 2015. Pp. 63-74 p. 65- 66) Sobre o reino de Axum, é correto afirmar: I. Um dos principais ícones do Reino de Axum são as estelas que servem como lápides enormes que rememoram os chefes e líderes. II. Axum foi sempre um reino dominante na região e só foi derrotado com a chegada dos franceses, no século XIX. III. O Reino de Axum foi um importante polo de comércio no século I d.C. Seu principal contato e comércio era com o Oriente Médio. Assinale a alternativa que representa os itens corretos: 20. “O confronto entre a participação da população negromestiça nestes primeiros carnavais e o caráter "civilizado" que as elites brancas desejavam imprimir à festa, vai gerar o que pode ser denominado de "colaboração competitiva de protagonistas negros e brancos", ritualizando, cada grupo, "suas identidades etnicamente específicas." Dessa forma, "a festa dramatiza duas oposições axiais: Civilização (riqueza) versus Barbárie (pobreza); e Europa versus África. No cruzamento desses dois eixos, os brancos ocupam sempre o primeiro termo (Civilização/Europa). Os negros ocupam ora o segundo (Civilização/ África), ora o terceiro (Barbárie/ África), dependendo, ao que tudo indica, do seu status socioeconômico" (Fry et al., 1988, p. 251-252). Entretanto, já nos primeiros carnavais desse século, o afrancesamento acentuado dos festejos tornou a presença dos negros, que além da participação no desfile dos préstitos - legitimando as regras do carnaval "civilizado", demonstrando uma estratégia "conformista" - ocupava as ruas da cidade com seus batuques, grupos de mascarados e afoxés , algo incômodo e por demais semelhante ao velho entrudo, dando lugar a uma sistemática intolerância racial e cultural das elites, seja através dos seus jornais , seja pela via da repressão policial (Risério, 1981; Menezes, 1994; Guerreiro , 1994). Em 1905, por exemplo, após insistentes pedidos através dos jornais, uma portaria do chefe de polícia, reeditada nos anos seguintes, proibia expressamente "a exibição de costumes africanos com batuques" durante os festejos carnavalescos (Fry et al., 1988, p. 253). Reafirmava-se, assim, uma vez mais, a segmentação sócio- étnica dos espaços , o caráter aristocrático e elitista da sociedade.” MIGUEZ, Paulo. A cor da festa – cooptação e O trecho acima relata uma prática bastante comum da República, que era impedir as manifestações da cultura africana e afro-brasileira, além de criminalizá-las e perseguí- las. 15 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta resistência: espaço de construção da cidadania negra no carnaval baiano. Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v. XXV, n. 1, p. 161-170, junho 1999, p. 164-165. Sobre o trecho acima e a constituição do elemento negro na sociedade ao longo do século XX, é correto afirmar: 21. “O confronto entre a participação da população negromestiça nestes primeiros carnavais e o caráter "civilizado" que as elites brancas desejavam imprimir à festa, vai gerar o que pode ser denominado de "colaboração competitiva de protagonistas negros e brancos", ritualizando, cada grupo, "suas identidades etnicamente específicas." Dessa forma, "a festa dramatiza duas oposições axiais: Civilização (riqueza) versus Barbárie (pobreza); e Europa versus África. No cruzamento desses dois eixos, os brancos ocupam sempre o primeiro termo (Civilização/Europa). Os negros ocupam ora o segundo (Civilização/ África), ora o terceiro (Barbárie/ África), dependendo, ao que tudo indica, do seu status socioeconômico" (Fry et al., 1988, p. 251-252). Entretanto, já nos primeiros carnavais desse século, o afrancesamento acentuado dos festejos tornou a presença dos negros, que além da participação no desfile dos préstitos - legitimando as regras do carnaval "civilizado", demonstrando uma estratégia "conformista" - ocupava as ruas da cidade com seus batuques, grupos de mascarados e afoxés , algo incômodo e por demais semelhante ao velho entrudo, dando lugar a uma sistemática intolerância racial e cultural das elites, seja através dos seus jornais , seja pela via da repressão policial (Risério, 1981; Menezes, 1994; Guerreiro , 1994). Em 1905, por exemplo, após insistentes pedidos através dos jornais, uma portaria do chefe de polícia, reeditada nos anos seguintes, proibia expressamente "a exibição de costumes africanos com batuques" durante os festejos carnavalescos (Fry et al., 1988, p. 253). Reafirmava-se, assim, uma vez mais, a segmentação sócio- étnica dos espaços , o caráter aristocrático e elitista da sociedade.” MIGUEZ, Paulo. A cor da festa – cooptação e resistência: espaço de construção da cidadania negra no carnaval baiano. Estudos Ibero-Americanos. PUCRS, v. XXV, n. 1, p. 161-170, junho 1999, p. 164-165. Sobre o trecho acima e a constituição do elemento negro na sociedade ao longo do século XX, é correto afirmar: O trecho acima relata uma prática bastante comum da República, que era impedir as manifestações da cultura africana e afro-brasileira, além de criminalizá-las e perseguí- las. 22. “O domínio romano na África remonta ao período republicano, quando em 146 a.C. foi criada a África Proconsular, correspondente ao estado africano cartaginês. César e, definitivamente, Augusto anexaram a Numídia. II, III e IV 16 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta Calígula e depois Cláudio acrescentaram as duas Mauritânias. Sob Septímio Severo, que era africano originário de Léptis, a urbanização e a civilização da África romana chegaram ao ápice. Após as etapas iniciais de conquista e o estabelecimento de colônias, ocorreu o processo de romanização, quando se operou uma transferência de cultura, isto é, quando instituições, religião e língua dos romanos se difundiram entre a população nativa. Tal processo, no entanto, afetou em diferentes graus um conjunto humano que na África do Norte, era desprovido de homogeneidade.” CORASSIN, Maria Luiza. Romanização e marginalidade na África do Norte. Revista Brasileira de História. N.5, p. 157- 165, 1985, p. 158. Sobre o domínio romano no norte da África, é correto afirmar: 23. “O neo, portanto, traduz o status político do Estado “explorado” e ao mesmo tempo distingue através das ações das “novas metrópoles” o lugar dos novos-colonizadores promovendo uma ruptura entre o passado e o presente. Não existiria uma permanência do colonialismo uma vez que o Estado subjugado encontra-se agora numa situação de interferência financeira, econômica e política, mas não de dependência. As “novas metrópoles” distintas das antigas não se configuram mais em sedes governamentais com políticas de Estado empreendedoras, mas em empresas e empreendimentos que têm entre seus investidores chefes de Estado, financiadores de campanhas políticas e interesses disseminados que não equacionam as necessidades dos espaços ocupados nem necessitam de uma legislação unificadora. Com isso, esse sistema perde uma referência fixa, um nome, se torna mais perverso.” LOPES, Ana Mónica H. Neocolonialismo na África. Sankofa. Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana Ano IV, Nº 8, Dezembro/2011, p. 14-15. (adaptado)O trecho acima trata de que fenômeno histórico do século XIX? Neocolonialismo 24. “O resultado desse êxodo foi o declínio, quando não a completa paralisação de inúmeros serviços essenciais anteriormente a cargo dos europeus. Em certos casos, como no Senegal, africanos foram especialmente treinados para ocupar as funções vagas. Na África Ocidental Inglesa, postos até então reservados aos brancos foram ocupados por africanos instruídos, o que, conforme salientou Richard Rathbone, explica em parte a lealdade da elite durante a guerra. Na África Ocidental Francesa, o governador-geral queixava-se de que os britânicos, os quais, contrariamente A Primeira Guerra Mundial se iniciou pelas disputas imperialistas dos países europeus, as quais se transferiram para todos os domínios dos países, inclusive a África. 17 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta aos franceses, não estavam sujeitos à mobilização geral em suas colônias, aproveitavam-se da situação para ocupar o terreno vago deixado pela partida dos agentes comerciais franceses. A presença europeia somente se reforçaria notadamente no Egito, onde desembarcaram vastos contingentes britânicos para a ofensiva aliada no Oriente Médio. Aos olhos dos africanos, o espetáculo inédito de europeus combatendo-se entre si – coisa que jamais haviam feito durante a ocupação colonial – talvez tenha sido ainda mais chocante do que o aparente êxodo. Pior ainda, os colonizadores incitavam os súditos uniformizados a matar o “inimigo” branco, até então pertencente a um grupo considerado sacrossanto dada a cor de sua pele, sendo todo ataque a qualquer de seus membros punido com a máxima severidade.” CROWDER, Michael. A Primeira Guerra Mundial e suas consequências. BOAHEN, Albert A. História geral da África VII: África sob a dominação colonial, 1880-1935, Brasília: UNESCO, 2010, p. 328-330. Com base no trecho acima e da situação na África, é correto afirmar: 25. “O terceiro grupo era o dos Getulos, nome dado aos verdadeiros nômades dos limites setentrionais do Saara”. (WARMINGTON, B.H. O período cartaginês. MOKHTAR, Gamal. História geral da África II: África Antiga. Brasília: UNESCO, 2010. p. 474) Sobre os Getulos, é correto afirmar: Os nomes Getulos, Mouros e Númidas são designações gerais de grupos diversos. Isso demonstra a grande variedade cultural do norte da África. 26. “O tráfico atlântico de escravos teve um profundo impacto sobre o crescimento da população brasileira. No espaço de trezentos anos, navios negreiros trouxeram mais de quatro milhões de africanos para os portos brasileiros e, por ocasião do primeiro censo nacional em 1872, africanos e seus descendentes, Iivres e escravos, perfaziam 58% do total da população do país. Entretanto, apesar da importância do tráfico de escravos para a evolução demográfica da população brasileira, até bem pouco tempo o conhecimento sobre o assunto era relativamente pequeno”. (KLEIN, Herbert S. A demografia do tráfico atlântico de escravos para o Brasil. Estudos Econômicos, São Paulo, 17(2): 129-149, maio/ago. p. 129-130) Sobre o trecho acima e sobre os africanos trazidos à força para o Brasil, é correto afirmar: I. Apesar do elevado contigente de africanos trazidos ao Brasil, pouca influência cultural africana pode ser detectada na formação da cultura brasileira. II. Os africanos tiveram uma grande influência na formação III 18 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta da cultura brasileira, todavia, não influeciaram a religão, pois todos tiveram que se tornar cristãos e abdicar de suas religiões III. Os africanos vinham principalmente de regiões que hoje correspondem a Angola, Guiné, Congo, Moçambique e do Golfo da Guiné, vindo, assim, negros de origem banto e iorubá. Assinale a alternativa alternativa com a sequência correta: 27. “Paulo Dias de Novaes empenhou-se tão bem quando da sua estadia na corte do Ndongo que obteve da corte de Portugal um contrato de conquista e de colonização. Essa colônia receberia o nome de Angola, nome este inspirado do título do rei do Ndongo. Paulo Dias chegou em 1575 e fundou Luanda no ano seguinte. Ali se consagrou ao tráfico de escravos e tentou sobrepujar uma comunidade de afro-portugueses oriunda de São Tomé que o havia precedido na região. Esse grupo cedeu-lhe o lugar e instalou-se na corte do ngola. Porém, em 1579, pressões metropolitanas obrigaram Dias a executar seu contrato. O rei do Ndongo, após ter sido informado de tal fato, mandou massacrar preventivamente todos os portugueses de sua corte e forneceu assim o pretexto para uma guerra que iria durar quase um século, até 1671. No início, a situação militar variava muito já que as alianças locais se dividiam entre os adversários. Entretanto, os portugueses conseguiram, não sem esforço, erguer algumas fortificações no interior das terras. A partir de 1612, contudo, uma aliança se criou entre os portugueses e os mbangala (chamados jaga), comunidades de guerreiros nômades que já viviam de rapina na região antes de 1600. Com a ajuda deles, e principalmente a dos jaga kasanje, os portugueses ocuparam uma boa parte do reino de 1617 a 1621, e o rei se refugiou no Leste do país. Os aliados arrasaram a região conquistada, causando a ruína de todo o país. Mesmo o tráfico de escravos se interrompeu e a fome se alastrou. Um tratado de paz foi então elaborado em 1622 e 1623, sendo o ngola representado por sua irmã, Nzinga Mbande, que foi batizada em Luanda com o nome de Anna. Todavia, colocou-se à frente de um partido antiportuguês. O rei morreu no início do ano de 1624 (homicídio ou suicídio?), Nzinga tornou-se regente, e depois rainha em 1626. Enquanto isso, os jaga kasanje ocupavam sempre a melhor parte do Ndongo. Portanto, a partir de 1626, os portugueses retomaram a guerra contra Nzinga, mas também contra Kasanje, e tentaram impor um rei fantoche. No decorrer das operações, Kasanje fundou uma base no vale do Cuango em 1626, a partir da qual edificou o Estado imbangala na II e III 19 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta década de 1630, ao passo que Nzinga conquistou o reino de Matamba que ela transformou em um formidável centro de oposição ao regime português. Quando os holandeses ocuparam Luanda, Nzinga aliou-se a eles contra Portugal” (VANSINA, J. O Reino do Congo e seus vizinhos. OGOT, Bethwell A. História Geral da África V: África do século XVI ao XVIII, Brasília: UNESCO, 2010, p. 662) A partir do trecho acima e sobre a relação de portugueses e africanos, é correto afirmar: I. Quando o trecho fala que o tráfico de escravos foi interrompido. Não foi somente pela guerra, mas também pela Lei Feijó, que tornava ilegal o tráfico de escravos. Isso fez com que Portugal tentasse rapidamente acabar com as guerras, já que elas se tornavam caras e não tinham mais a lucratividade de antes. II. Grande parte da compreensão que temos dos africanos é que formavam tribos desorganizadas e que aceitavam trocas desvantajosas, de conterrâneos por fumo ou pinga. Todavia, o trecho acima desmente isso ao mostrar que os africanos possuíam organização e consciência política e que conseguiam entender e jogar os jogos de poder contra os europeus. III. Apesar de os portugueses, por meio dos traficantes e da Igreja, reduzirem as diferenças entre os africanos que saíam da África e chegavam às colônias, tratando suas origens de forma genérica, a atuação dos portugueses em territórios africanos conhecia os diferentes grupos e buscava alianças e explorar asrivalidades. Indique a alternativa que apresenta os itens corretos: 28. “Percebe-se, portanto que, entre 1870 e 1950, ocorreu um significativo reforço da carga negativa na maneira como os europeus representavam aos africanos. Os domínios territoriais e políticos ganharam dimensões até então não imaginadas, sendo a África subsaariana efetivamente ocupada pelos homens brancos, com a exceção da Libéria e da Etiópia. As vitórias militares e a imposição dos padrões tecnológicos europeus fizeram com que a crença da superioridade europeia ganhasse força. Ainda embalados pelas teorias de que eram superiores, os europeus tentaram justificar teoricamente sua dominação sobre os africanos. Ninguém se tornou mais célebre nessa tarefa do que o prêmio Nobel de literatura de 1907, o escritor britânico Rudyard Kipling, que definiu a presença europeia em África como uma prova de altruísmo do homem civilizado. Os europeus, em sua argumentação, apareciam como missionários que deveriam se sacrificar para levar a civilização aos africanos bárbaros.” OLIVA, Anderson R. Os africanos entre representações: viagens reveladoras, olhares imprecisos e a invenção da África no imaginário I, II e III. Todos os itens apresentam afirmações corretas 20 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta Ocidental. Em Tempo de Histórias. Publicação do Programa de Pós-Graduação em História PPG-HIS/UnB, n.9, Brasília, 2005, p. 108. A partir do trecho acima, é correto afirmar: I. O sentimento de superioridade europeia descrito no trecho acima, principalmente a crença de que estavam desenvolvendo algo benéfico, é uma das características do Imperialismo, que caracterizou a ação europeia na África entre os séculos XVIII e XIX. II. O altruísmo europeu gerou uma série de contrariedades, como, por exemplo, guerras e massacres para tentar “salvar” as populações africanas que não aceitavam ou resistiam ao cristianismo, às formas econômicas e sociais europeias e à cultura ocidental. III. Os europeus, no período que aborda o trecho acima, sentiam-se tão superiores aos africanos que, em 1884 e 1885, reuniram- se, com a presença de apenas uma representante africana (a Abissínia), para decidir sobre a divisão territorial da África. Identifique, abaixo, a alternativa que indica os itens corretos acima: 29. “Retomando a perspectiva africana duas questões advêm dessa afirmativa realista, mas parcial da presença neocolonial. A primeira diz respeito ao fato dos países africanos não investirem sistematicamente em educação, pesquisa e desenvolvimento tecnológico. Consequentemente, a maior parte deles continua, como no período colonial, na posição de fornecedor de matéria- prima. É importante pensarmos que o Estado colonial deixou sequelas graves para serem suplantadas a curto ou médio prazo; que as guerras civis e os problemas de governabilidade dificultaram a implementação de políticas que viabilizassem o desenvolvimento e aquisição de tecnologias. No entanto, é necessário lembrarmos também que a existência de conflitos internos não é apenas resultante de ações internacionais, mas em alguns casos da desigualdade social e da ausência de políticas públicas inclusivas que levam a revolta e ao questionamento do Estado. Quando equacionamos o PIB per capta, o IDH e as taxas de desigualdade social têm-se a impressão de estarmos imersos numa esquizofrenia. Temos situações como a Guiné Equatorial que devido à exportação de Petróleo tem um PIB per capta de 17 608 USD, mas a maior parte da população vive na linha da pobreza, com expectativa de vida de 51,1 anos e a oferta educacional é de apenas 7,7 anos. Estranhamente, o governo deste país não procurou usar seu estoque petrolífero como forma de embargo contra a invasão de seus mares e despejo de lixo tóxico.” LOPES, Ana Mónica H. Neocolonialismo na África. Sankofa. Revista de História da África e de Estudos I 21 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta da Diáspora Africana Ano IV, Nº 8, Dezembro/2011, p. 16- 17. I. Muitos dos conflitos que existem hoje na África são frutos da desigualdade oriunda das próprias políticas de governos que hoje administram os países, os quais, apesar de possuir recursos financeiros e materiais, optam por políticas que resultam na concentração de renda. II. Os problemas que existem até hoje na África são todos frutos da colonização europeia e da forma escusa e pouco ética que os países europeus ainda agem na África, buscando matérias-primas baratas e fomentando a guerra entre os povos. III. Os países africanos têm grandes problemas para obter recursos financeiros e capital, pois seus recursos foram todos exauridos e os países só são explorados pelas outras nações. Por isso, os países africanos não conseguem investir no desenvolvimento das nações. A partir do trecho acima e da situação da África após as independências, é correto afirmar: 30. (ENADE 2008) O TRÁFICO NEGREIRO. Mapa baseado no original: PÉTRÉ-GRENOVILLEAN, Olivier. La documentation photographique. In: Les traites negrières. Paris: 2003. p. 29. Na análise do mapa e do gráfico sobre o ritmo do tráfico negreiro, conclui-se que: Nos séculos XVIII e XIX, o fluxo de escravos africanos para regiões de colonização portuguesa na América sofreu pouca oscilação. 31. A historiografia atual sobre o processo de independência das colônias ibéricas, trouxe novas questões e olhares para pensarmos esse cenário de maneira mais ampla. Nesse sentido, para essa nova perspectiva é correto afirmar que: A historiografia atual sobre os processos de independência nas colônias ibéricas, defende que é necessário estar atento as especificidades desses processos, pois cada contexto apresenta particularidades próprias. 32. A Historiografia sobre a Colonização na América passou por várias interpretações ao longo dos anos. Essas mudanças paradigmáticas da historiografia foram fomentadas por um deslocamento central de análise das grandes sínteses e modelos que enfatizam também aspectos do cotidiano, da cultura e da sociedade. Nesse sentido, a respeito do pensamento marxista sobre a Colonização, é correto afirmar que: A interpretação marxista sobre a Colonização da América foi predominante na primeira metade do século XX e acreditava que a América Latina serviria apenas para acumulação e exploração por parte das metrópoles europeias. 33. A historiografia sobre a independência das colônias ibéricas durante a primeira metade do século XX tentou trazer comparações entre essas independências com a independência das treze colônias. As questões apresentadas por essa corrente de pensamento sobre o processo ocorrido Segundo a historiografia sobre a independência das colônias ibéricas durante a primeira metade do século XX, esse processo foi marcado por mais 22 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta na América Latina, perdurou até a segunda metade do século XX, quantos outras interpretações começaram a questionar a primeira proposta. De acordo com a historiografia sobre a independência dos países latino americanos escrita na primeira metade do século XX, é corretor afirmar que: continuidades do modelo colonial do que rupturas de fato, chegando a acreditar que nem as ideias de liberdade se concretizaram efetivamente, diferente do que aconteceu nos EUA. 34. Abaixo, você poderá ler trecho do Decreto nº 487 do Código Penal de 1890 que, em seu Capítulo XIII, tratava dos “vadios e capoeiras”: Art. 402 – Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade e destrezacorporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem, andar em correrias com armas ou instrumentos capazes de produzir uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordens, ameaçando pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal: Pena de prisão celular de dois a seis meses. Parágrafo único: É considerada circunstância agravante pertencer o capoeira a algum bando ou malta. Aos chefes ou cabeças se imporá a pena em dobro. FONTE: História e cultura africana e afro-brasileira na Educação Infantil. Brasília: Ministério da Educação, 2014. p. 88. Sobre esta lei e seus significados no contexto de sua produção, avalie as afirmativas a seguir. I. O objetivo da lei era o de buscar preservar a cultura brasileira, ameaçada pela presença de técnicas de luta importadas de outros países. II. A perseguição à prática da capoeira associava-se à criminalização da identidade cultural africana, vista como socialmente indesejável. III. A capoeira era temida pela sociedade por ter sido uma forma de luta desenvolvida pelos escravos como forma de resistência e defesa. IV. Apesar da lei ser de 1890, ainda existia no Brasil a crença da inferioridade racial dos negros oriunda da herança escravista do país. Assinale a alternativa correta. Estão corretas apenas as afirmativas I, II e III 35. Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. § 1o O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política À Lei n. 10.639, de 2003. check_circle 23 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta pertinentes à História do Brasil. § 2o Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.” Ao que a esse trecho corresponde? 36. Chamamos de limites do mundo colonial algumas dificuldades que a metrópole não era capaz de prever. Independentemente do modelo de colonização, o interesse imediato era garantir a exploração das riquezas e manter o território submisso. Entretanto, ao longo dos séculos que sucedem o início da colonização, esses limites foram ampliados. [...]. E, é fato que o modelo de exploração e a relação entre metrópoles e colônias passaram a se esgotar por meio dos processos de independência. Com base nesse enunciado, que processos deram ritmo de transformação e contribuíram, então, para a independência e desenvolvimento das colônias? Analise as opções afirmativas a seguir, e identifique a que traduz a resposta correta. O crescimento populacional nas colônias, as mudanças geracionais, o dinamismo da economia, os debates e as disputas políticas, e os avanços tecnológicos que foram sendo desenvolvidos independentes de ação ou interferência das metrópoles. 37. Consolidados os projetos coloniais nas Américas, é preciso entender o cotidiano de seus habitantes. Trata-se de entender a dinâmica de vivência sob múltiplos atores: homens e mulheres livres, escravos e escravas africanas, senhores proprietários, funcionários da burocracia estatal, indígenas das mais variadas etnias. A sociabilidade na colônia era espaço privilegiado para a difusão de culturas políticas e de consolidação dos projetos locais. Não só da metrópole, mas dos colonos. No século XVII, quando as estruturas coloniais da América portuguesa estavam a pleno vapor – embora existisse uma estrutura de exploração colonial bem constituída –, não havia ambientes e espaços de sociabilidade plenamente desenvolvidos. Isso, porque, segundo alguns historiadores, havia uma sensação de ambiguidade e desconforto que atravessa a vida social da colônia devido às condições básicas da colonização, pois havia limitações políticas e estruturais significativas, além da proibição expressa de instalação de instituições educacionais e culturais formais. Com base nesse enunciado afirmativo, segundo alguns historiadores podemos identificar um trinômio conceitual que pode explicar toda essa realidade. Qual seria esse trinômio? A partir dos estudos desenvolvidos na obra, aprecie as opções a seguir e assinale a correta. Uma sociedade sob o tripé da “instabilidade – com falta de solidez; da precariedade – com escassez e insuficiência de recursos e procedimentos; e da provisoriedade – onde tudo acontecia de forma temporária”. 38. De 1808 a 1810, os criollos ilustrados, que eram filhos de espanhóis nascidos na América e educados com uma educação iluminista, insatisfeitos com o domínio espanhol, Nessas Juntas, grupos de Criollos se reuniam para tentar propor leis que trouxessem 24 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta criam as Juntas Autônomas. Essas Juntas tiveram um grande papel nos processos de independência da América Espanhola. Nesse sentido, a respeito das Juntas Autônomas é corretor afirmar que: benefícios para a colônia e para uma conseguirem um maior poder político dentro do território americano. 39. De acordo com a metáfora, em um primeiro momento, os portugueses tinham uma visão mais transitória acerca do território explorado, preocupando-se pouco com grandes transformações e impactos sobre a nova colônia. Uma prova disso é a configuração das cidades que atualmente chamamos de históricas. [...]. Quanto aos espanhóis, a intervenção deles no território teve como características mudanças mais drásticas. Pergunta-se: que diferenças foram essas quanto a construção das cidades nas colônias portuguesas e espanholas, na visão dos estudiosos das histórias latino-americanas? Analise as opções apresentadas, e identifique a correta no relativo apenas à construção das cidades por esses colonizadores. A intervenção portuguesa na natureza, durante a construção das cidades, era mínima: mantiveram-se as ladeiras, as curvas e os acidentes geográficos, mesmo sendo empecilhos para a dinâmica do cotidiano - era necessário apenas retirar riquezas, independentemente do futuro cultural que se desenharia; já a intervenção espanhola no território, durante a construção de suas cidades, teve como características mudanças mais drásticas, como a transformação do relevo, construção de grandes espaços como as plazas e os prédios públicos – isso tudo refletia num desejo de desenvolvimento cultural e das artes 40. Discutindo a questão da etnia e do etnocentrismo na História, Edgar Ferreira Neto argumenta: “A necessidade, portanto, de preservar o caráter especial da Europa cristã, os seus desígnios sagrados, os seus mecanismos de controle social arraigados em séculos, levou, no processo de descoberta do outro, a tentativas de encontrar elementos concretos que permitissem distinguir o europeu cristão dos povos descobertos. O fato de os “outros” não apenas falarem, mas articularem ideias, de reconhecerem o papel e a força que os unem à comunidade, retirou-os imediatamente daquela categoria de sylvestres homines, animais, mas não foram imediatamente guindados às categorias plenas nem de animais sociais nem de animais sociáveis, ou seja, de iguais.” (NETO, Edgar. F. História e etnia. In: CARDOSO, C.F.; VAINFAS, R. (org.). Domínios da História. Rio de Janeiro: Campus, 1997, p. 457) Sabendo que relações entre culturas se estabelecem, uma das formas dessa relação é o etnocentrismo. A melhor definiçãopara etnocentrismo é: A crença na superioridade de uma cultura, tornando-a o padrão do que é o correto e o ideal para todas as outras. 25 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta 41. Durante a colonização existia uma relação entre Metrópole e Colônia. O modelo de administração espanhol era diferente do modelo de administração português. Sobre esta afirmação é correto dizer que: A Espanha subdividiu o território conquistado em vice- reinados cada território administrado por um vice-rei. Enquanto Portugal adotou um modelo diferente. 42. Leia o trecho abaixo “[...] No século XIX, já no período do Estado nacional, esse quadro social escravista interno altamente estável permitiu a expansão inaudita do tráfico negreiro transatlântico – nas letras da lei, proibido desde 1831 – e do próprio escravismo brasileiro. No período de quarenta anos compreendido entre a vinda da família real para o Brasil (1808) e o fim definitivo do tráfico, em 1850, foi introduzido mais de 1,4 milhão de cativos no Império, ou seja, cerca de 40% de todos os africanos desembarcados como escravos em três séculos da história do Brasil. Nesse sentido, as mudanças que se operaram no escravismo brasileiro oitocentista, em especial o incrível arranque da cafeicultura no vale do Paraíba, que rapidamente converteu o Brasil no maior produtor mundial do artigo, contou com práticas arraigadas de longa duração, que possibilitavam introduzir enormes massas de estrangeiros escravizados sem colocar em risco a segurança interna dessa sociedade. No século XIX, a maior ameaça ao escravismo brasileiro veio de fora, ou seja, da pressão antiescravista inglesa. Não por acaso, a resposta ideológica que os senhores e políticos brasileiros deram à ação diplomática e militar inglesa recorreu, entre outros pontos, à própria lógica de funcionamento sistêmico da escravidão brasileira. Ao fazê- lo, inverteram a visão ideológica que foi predominante na Colônia. Com efeito, salvo um ou outro caso, as autoridades metropolitanas sediadas na América portuguesa sempre entenderam que o setor de homens negros e mulatos livres representava mais risco do que segurança à ordem colonial. Em outras palavras, a maioria dos dirigentes metropolitanos não tinha consciência do processo institucional do escravismo brasileiro. [...]” (MARQUESE, Rafael de Bivar. A dinâmica da escravidão no Brasil. Resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX. Novos Estudos – CEBRAP, São Paulo, n. 74, mar. 2006. Disponível em: . Acesso em: 1 jan. 2018.) Sobre o trecho acima e o uso, no Brasil, de mão-de-obra escrava e vinda da África, é correto afirmar: A situação do africano enquanto escravo era uma situação de “coisa”. Ou seja, ele não era considerado como um ser humano, mas sim como mercadoria. Por isso, podia ser guardado, transportado, comprado e vendido 43. Leia o trecho abaixo “A crise dos anos 30 não conturbou III 26 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta somente a economia ocidental, evidenciando o papel determinante doravante ocupado pelos Estados Unidos da América, ela marcou um decisivo ponto de inflexão: os fenômenos econômicos ganharam uma dimensão social. Desde então, tudo o que se passa no centro do sistema tem repercussões sobre o conjunto da periferia, geralmente através de um fortalecimento da ação econômica ocidental. A Segunda Guerra Mundial, ao ter transformado o continente africano em um campo estratégico privilegiado do conflito mundial, acelerou o processo, introduzindo junto aos colonizados a ideia relativa ao direito dos povos em dispor por eles próprios de si. À euforia da reconstrução no pós-guerra, pródiga em investimentos infraestruturais favoráveis à industrialização, sucedeu, posteriormente à crise mundial consecutiva à guerra da Coreia (1951- 1952) e à crise de Suez (1956), uma fase de reestruturação mais difícil, balizada pelas descolonizações. A retomada geral, ocorrida em meados dos anos de 1960, produziu a crença em um momento de “milagre”. Mas o desabamento profundo da conjuntura que se seguiu a partir dos anos de 1970 engendrou uma nova crise das relações norte-sul, cuja saída ainda é imprevisível.” COQUERY-VIDROVITCH, Catherine. As mudanças econômicas na África em seu contexto mundial (1935-1980). MAZRUI, A.A.; WONDJI, C. História geral da África VIII: África desde 1935. Brasília: UNESCO, 2010, p. 337. A partir do trecho acima e da História da África no século XX, é correto afirmar: I. O primeiro parágrafo do trecho acima, apesar de mencionar que a crise dos anos de 1930 atingiu o mundo inteiro, sabemos que ela não repercutiu na África, uma vez que as nações africanas já estavam independentes e, logo, desarticuladas da economia mundial. II. Como dito no segundo parágrafo do trecho acima, a Segunda Guerra Mundial teve, na África, um de seus campos de conflitos, diferentemente da Primeira Guerra Mundial, quando os conflitos entre as nações europeias não foram transferidos para a África. III. Todo o período logo após a Segunda Guerra Mundial até os anos 1990, do que trata o terceiro parágrafo do texto acima, é o período da Guerra Fria, quando uma série de crises e disputas foram engendradas, tendo como cenário também a África e dando continuidade as incertezas sobre o continente. Assinale, abaixo, a alternativa que indica a sequência correta: 44. Leia o trecho abaixo “Tal ideia parece-nos um pouco exagerada, como é aliás apontado por Elikia M’BOKOLO em “Afrique Noire Histoire et Civilisations”, já que se, por um lado, a Conferência resulta essencialmente de uma Conferência de Berlim 27 de 37 História da África e da Cultura Afro-brasileira Pergunta (ENUNCIADO EM ORDEM ALFABÉTICA) Resposta iniciativa alemã, potência que comparativamente às outras suas congéneres europeias tinha menores interesses em África, por outro, ela de facto corresponde, grosso modo, à regulação de questões decorrentes da exploração comercial dos territórios que cada país reivindicava para a sua esfera de influência, tendo, por isso, assumido uma importância relevante a ocupação efectiva desses territórios por parte das potências administrantes” BORGES, João M. A constituição do Estado Moderno em África: o problema das fronteiras. Brief Papers, n°2/95, CEsA, Lisboa, 1995, p. 1. Qual é o evento que o trecho acima aborda? 45. Leia o trecho abaixo “Uma parcela expressiva da sociedade brasileira compartilha a crença de ter construído uma nação — diferentemente dos Estados Unidos e da África do Sul, por exemplo — não caracterizada por conflitos raciais abertos. Além disso, imagina-se que em nosso país as ascensões sociais do negro e do mulato nunca estiveram bloqueadas por princípios legais tais como os conhecidos Jim Crow e o Apartheid dos referidos países. Para os que imaginam e advogam a singularidade paradisíaca brasileira, isto significa dizer que o critério racial jamais foi relevante para definir as chances de qualquer pessoa no Brasil. Em outras palavras, ainda é fortemente difundida no Brasil a crença de que a cultura brasileira antecipa a possibilidade de um mundo sem raças.” BERNARDINO, Joaze. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil. Estudos Afro-Asiáticos, Ano 24, nº 2, 2002, p. 249. Qual o conceito ou palavra que melhor define o trecho acima: Democracia racial. 46. Leia o trecho abaixo: “Os escravos são as mãos e os pés do senhor do engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda, nem ter engenho corrente. E do modo como se há com eles, depende tê-los bons ou maus para o serviço. Por isso, é necessário comprar cada ano