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ARTE INDIGENA E A ARTE AFRO-BRASILEIRA Faculdade de Minas 2 Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................. 4 Máscara ....................................................................................................... 5 Cerâmica ...................................................................................................... 6 Dança e Músicas .......................................................................................... 8 Cestaria ........................................................................................................ 9 Arte Plumária ............................................................................................. 10 ARTE AFRO-BRASILEIRA ............................................................................ 11 Capoeira .................................................................................................... 12 Culinária ..................................................................................................... 14 Máscaras.................................................................................................... 15 Danças ....................................................................................................... 18 Cantores Afro-Brasileiros ........................................................................... 19 Esculturas .................................................................................................. 20 As artes indígenas ..................................................................................... 22 A CULTURA AFRICANA E A EDUCAÇÃO AFRO-BRASILEIRA .................. 24 Educação, África e história e cultura afro-brasileira ................................... 24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .............................................................. 29 Faculdade de Minas 3 FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação.Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética.Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. Faculdade de Minas 4 INTRODUÇÃO A arte indígena brasileira é um tipo de arte produzida pelos povos nativos brasileiros, antes, durante e depois da colonização portuguesa. Devido à grande diversidade dos índios brasileiros, é difícil definir um padrão artístico. Outro aspecto importante, é que a arte indígena é a representação de uma tribo, e não da personalidade de quem o faz. Por isso, essa arte é tão diversificada. Eles também usam apenas elementos naturais na composição da arte: madeira, palhas, cipós, resinas, ossos, dentes, couro, conchas, pedras, sementes, plumas, tintas, e etc. A arte africana chegou ao Brasil através dos negros, que foram trazidos pelos colonizadores portugueses. A partir daí, os elementos artísticos africanos fundiram- se (misturaram-se) com os elementos já presentes nas culturas indígenas e na portuguesa, para gerar novos componentes artísticos de uma arte sincrética, a arte afro-brasileira. É no Brasil, por exemplo, que supostamente surge a capoeira. A partir de danças africanas, acrescentada a um caráter marcial. É na música e na dança em que provavelmente está a maior influência africana na arte brasileira Faculdade de Minas 5 ARTE INDÍGENA A arte indígena brasileira é um tipo de arte produzida pelos povos nativos brasileiros, antes, durante e depois da colonização portuguesa, que começou no século XV. A grande diversidade dos índios brasileiros é difícil definir um padrão artístico, porém, a cerâmica, o trançado, os enfeites do corpo, as danças e os rituais merecem destaque. É importante saber que quando falamos que um objeto indígena é artístico, provavelmente estaremos lindando com conceitos da nossa civilização, porém, estranhos aos índios. Para eles, o objeto precisa ser perfeito ao produzido, e não na sua utilização. A arte indígena é a representação de uma tribo, e não da personalidade de quem o faz. Por isso, essa arte é tão diversificada. Eles também usam apenas elementos naturais na composição da arte: madeira, palhas, cipós, resinas, ossos, dentes, couro, conchas, pedras, sementes, plumas, tintas, e etc. As peças de cerâmica mostram os muitos costumes dos povos indígenas. Máscara Fonte: http://pluralreligioso.blogspot.com/2015/08/plano-de-aula-arte-africana-e-suas.html http://pluralreligioso.blogspot.com/2015/08/plano-de-aula-arte-africana-e-suas.html Faculdade de Minas 6 As máscaras para os índios são produzidas pelo homem comum, mas ao mesmo tempo, é a figura viva do sobrenatural. São feitas com troncos de árvores, cabaças, palhas, e são normalmente usadas em danças cerimoniais. As cores mais usadas pelos índios são: o vermelho muito vive o negro esverdeado, e o branco. A importância desse tipo de cor, é que ao fazerem a pintura corporal, os eles tem a intenção de transmitir a alegria com cores vivas e intensas. Além do mais, através dessa pintura corporal, as tribos se organizam socialmente, como por exemplo: guerreiros, nobres e pessoas comuns. Cerâmica Fonte:https://www.museudoindio.org.br/arte-indigena-pinturas-ceramicas-e-plumagem/ A fabricação de artefatos de cerâmica não é característica de todas as tribos indígenas. Entre os Xavantes, por exemplo, ela falta totalmente. Em algumas sua confecção é bastante simples, mas o que é importante ressaltar é que por mais elaborada que seja a cerâmica sua produção é sempre feita sem a ajuda da roda de oleiro. As cerâmicas são utilizadas na fabricação de bonecas, panela, vasos e outros recipientes. Muitas são produzidas visando atender a demanda dos turistas. A cerâmica Marajoara foi desenvolvida por índios que habitavam a Ilha do https://www.museudoindio.org.br/arte-indigena-pinturas-ceramicas-e-plumagem/ Faculdade de Minas 7 Marajó. No Pará, a cerâmica do período de 400 a 1350 D.C. é a que tem mais registros de pesquisa. Os grupos indígenas que desenvolveram essa cerâmica a utilizavam com fins utilitários (como para a armazenagem de alimentos) e também decorativos. As peças desenvolvidas eram vasilhas, potes, urnas funerárias, apitos, bonecas, cachimbos, tangas para cobrir as genitálias das moças, além de outros. Muitas das peças representam homens e animais ou a mistura das características dos dois. A cerâmica Marajoara é caracterizada pelos traços simétricos e pelas cores. A resistência da peça era obtida através da inclusão de outros materiais como cascas de árvores e de ossos, pó de pedra, entre outras substâncias minerais na argila utilizada para a fabricação. Para a coloração, eram utilizados pigmentos vegetais como o urucum, o jenipapo, o carvão e o caulim. As descobertas das peças na ilha permitiram pesquisas sobre como viveram seus antigos habitantes.As descobertas de novas peças são dificultadas pelas características físicas e climáticas da ilha, já que ela tem o solo muito úmido e é inundada constantemente. O material já encontrado constitui riquíssimo acervo em diversos museus, como o Museu Emilio Goeldi, em Belém do Pará, o Museu Arqueológico da USP, o Museu Nacional do Rio de Janeiro, entre outros. Atualmente, no estado do Pará, busca-se manter a tradição da produção da cerâmica Marajoara através da formação de novos artesãos que produzem a cerâmica para a venda no mercado externo e interno, o Museu Nacional do Rio de Janeiro, entre outros. Atualmente, no estado do Pará, busca-se manter a tradição da produção da cerâmica Marajoara através da formação de novos artesãos que produzem a cerâmica para a venda no mercado externo e interno. Faculdade de Minas 8 Dança e Músicas Fonte:https://www.escoladigital.pb.gov.br/odas/danca-pataxo-1 O índio dança para celebrar atos, fatos e feitos relativos à vida e aos costumes. Dançam enquanto preparam a guerra; quando voltam dela; para celebrar um cacique, safras, o amadurecimento de frutas, uma boa pescaria; para assinalar a puberdade de adolescentes ou homenagear os mortos em rituais fúnebres; espantar doenças, epidemias e outros flagelos. As danças indígenas podem ser realizadas por um único individuo ou em grupo e, salvo raras exceções no alto Xingu, não é executada em pares. As mulheres não participam de danças sagradas, executadas pelos pajés ou grupos de homens. São utilizados, ainda, símbolos mágicos, totens, amuletos, imagens e diversos instrumentos musicais e guerreiros em danças religiosas, dependendo do objetivo da cerimônia. Em algumas delas muitos usam máscaras, denominadas dominós, que lhes cobrem o corpo todo e lhes servem de disfarce. A linguagem do corpo em movimento, sua organização estética e coreográfica, além do canto, ocupam um lugar fundamental no desempenho do ritual indígena. Entre os rituais e danças mais conhecidos dos índios brasileiros estão o toré e o kuarup. A dança do toré apresenta variações de ritmos e toadas dependendo de cada povo. O maracá – chocalho indígena feito de uma cabaça seca, sem miolo, na qual se colocam pedras ou sementes – marca o tom das pisadas e os índios dançam, em geral, ao ar livre e em círculos. O ritual do toré é considerado o símbolo maior de https://www.escoladigital.pb.gov.br/odas/danca-pataxo-1 Faculdade de Minas 9 resistência e união entre os índios do Nordeste brasileiro. Faz parte da cultura autóctone dos povos Kariri-xocó, Xukuru-Kariri, Pankararú Tuxá, (índios de Pernambuco) Pankararé, Geripancó, Kantaruré, Kiriri, Pataxó, Tupinambá, Tumbalalá, Pataxó Hã-hã-hãe, Wassu Cocal entre outros. A dança do kuarup (nome de uma árvore sagrada) – um ritual de reverência aos mortos – é própria de povos indígenas do Alto Xingu, em Mato Grosso. Iniciada sempre aos sábados pela manhã, os índios dançam e cantam em frente a troncos de kuarup, colocados no local onde os mortos homenageados foram enterrados. São amantes da música, que praticam em festas de plantação e de colheita, nos ritos da puberdade e nas cerimônias de guerra e religiosas. Os instrumentos musicais são: toró (flauta de taquara), boré (flauta de osso), o nimbe (buzina) e o uaí (tambor de pele e de madeira). Podemos comparar o homem indígena com o homem pré-histórico, pelo fato de eles terem sua própria maneira de viver, de construir seu próprio mundo, assim como o homem pré-histórico o índio constrói seus próprios adereços e etc. Ele também não tem obrigação de se casar, podem ter varias mulheres ao mesmo tempo (em algumas aldeias), criam suas próprias tintas para fazer suas pinturas tanto no corpo como em suas roupas, fazem suas próprias roupas, panelas, armas e etc. Cestaria Fonte: https://br.pinterest.com/pin/381680137172824667/ https://br.pinterest.com/pin/381680137172824667/ Faculdade de Minas 10 A cestaria diz respeito ao conhecimento tecnológico, à adaptação ecológica e à cosmologia, forma de concepção do mundo daquelas sociedades. O conjunto de objetos incorporados à vivência de uma determinada sociedade indígena expressa concretamente significados e concepções daquela sociedade, bem como a representa e a identifica. Enquanto arte, em cada peça produzida existe também uma preocupação estética, identificando o artesão que a produziu e aquela sociedade da qual ela é cultura material. Para uso e conforto doméstico, podem-se citar os cestos-coadores, que se destinam a filtrar líquidos; os cestos-tamises, que se destinam a peneirar a farinha e os cestos-recipientes, que se destinam a receber um conteúdo sólido ou armazená- lo, sendo também utilizados para a caça e a pesca, para oprocessamento da mandioca, para o transporte e para a guarda de objetos rituais, mágicos e lúdicos. Os cestos cargueiros, como diz o nome, destinados ao transporte de cargas, apresentam uma alça para pendurar na testa e têm o formato paneiriforme, com base retangular e borda redonda, sendo conhecido pelo nome de aturá. Também são muito utilizados os cestos- cargueiros de três lados, jamaxim, que dispõem de duas alças para carregar às costas, tipo mochila. Em geral, esse cesto suporta até dez quilos de mandioca. Arte Plumária Fonte: http://www.imagensdobrasil.art.br/produtos/3512/20/4/Cocar#.Xj8j9zJKh1s http://www.imagensdobrasil.art.br/produtos/3512/20/4/Cocar#.Xj8j9zJKh1s Faculdade de Minas 11 Existem dois grandes estilos na arte plumária, são eles, os trabalhos majestosos e grandes, como os diademas, e os delicados adornos de corpo, que está no colorido e na combinação dos matizes, que seriam um tipo de colar. ARTE AFRO-BRASILEIRA Fonte: https://www.faecpr.edu.br/site/portal_afro_brasileira/3_I.php A arte africana chegou ao Brasil através dos negros, que foram trazidos pelos colonizadores portugueses - inicialmente, durante o período colonial, prática que se estendeu até o Império - para trabalhar como mão de obra escrava. A partir daí, os elementos artísticos africanos fundiu-se (misturaram-se) com os elementos já presentes nas culturas indígenas e na portuguesa, para gerar novos componentes artísticos de uma arte sincrética, a arte afro-brasileira. É no Brasil, por exemplo, que supostamente surge a capoeira. A partir de danças africanas, acrescentada a um caráter marcial, a fim de auxiliar os escravos a defender-se e atacar. É na música e na dança em que provavelmente está a maior influência africana na arte brasileira, em expressões como maracatu, coco, jongo, carimbo, lambada, maxixe, injeta e inclusive o samba, a principal ou mais conhecida forma de música de raízes africana surgida no Brasil. https://www.faecpr.edu.br/site/portal_afro_brasileira/3_I.php Faculdade de Minas 12 A arte do negro (africano ou brasileiro) foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou reconhecimento e passou a ser devidamente valorizada no início do século XX a partir do movimento modernista. Capoeira Fonte: http://fabianaeaarte.blogspot.com/2012/10/danca-afro-brasileira.html A capoeira é uma expressão cultural afro-brasileira que ritualiza movimentos de artes marciais, jogo, dança e música. A origem cultural do que se transformaria capoeira foi trazida de Angola para o Brasil depois do século 16 em regiões da Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Participantes da capoeira formam uma roda e revezavam tocando instrumentos musicais como o berimbau, cantando e fazendo a luta ritual em pares no centro do círculo. A capoeira é marcada por acrobacias e uso extensivo de rasteiras e chutes. A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na épocada escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o http://fabianaeaarte.blogspot.com/2012/10/danca-afro-brasileira.html Faculdade de Minas 13 contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade. Ao chegarem ao Brasil, os africanos perceberam a necessidade de desenvolver formas de proteção contra a violência e repressão dos colonizadores brasileiros. Eram constantemente alvos de práticas violentas e castigos dos senhores de engenho. Quando fugiam das fazendas, eram perseguidos pelos capitães-do- mato, que tinham uma maneira de captura muito violenta. Os senhores de engenho proibiam os escravos de praticar qualquer tipo de luta. Logo, os escravos utilizaram o ritmo e os movimentos de suas danças africanas, adaptando a um tipo de luta. Surgia assim à capoeira, uma arte marcial disfarçada de dança. Foi um instrumento importante da resistência cultural e física dos escravos brasileiros. A prática da capoeira ocorria em terreiros próximos às senzalas (galpões que serviam de dormitório para os escravos) e tinha como funções principais à manutenção da cultura, o alívio do estresse do trabalho e a manutenção da saúde física. Muitas vezes, as lutas ocorriam em campos com pequenos arbustos, chamados na época de capoeira ou capoeirão. Do nome deste lugar surgiu o nome desta luta. Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. A polícia recebia orientações para prender os capoeiristas que praticavam esta luta. Em 1930, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. O presidente gostou tanto desta arte que a transformou em esporte nacional brasileiro. Faculdade de Minas 14 Culinária Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=-ulBVxztjdw O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baía, o azeite de dendê, confirmou a excelência da pimenta malagueta sobre a do reino, deu ao Brasil o feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha. A cozinha negra, pequena, mas forte, fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau. O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso. Negros e mulatos (da Guiné e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549, com o Governador Tomé de Souza, que comia mal e era preconceituoso: entre outras coisas, não admitia sopa de cabeça de peixe, em honra a São João Batista. Bem que o Padre Nóbrega tentou convencê-lo de que era bobagem, mas Tomé de Souza resistiu, até que o jesuíta mandou deitar a rede ao mar e ela veio só cabeça de peixe, bem fresca e o homem deixou a mania, entrou na sopa. Da guiné vieram, principalmente, fulas e mandingas, islamitas e gente de bem comer.As fulas eram de cor opaca, o que resultou no termo “negro fulo” (entrando depois na língua a expressão “fulo de raiva”, para indicar a palidez até do branco). https://www.youtube.com/watch?v=-ulBVxztjdw Faculdade de Minas 15 Os mandingas também entraram na língua como novo sinônimo para encantamentos e artes mágicas. Mas os iorubanos ou nagôs, os jejues, os tapas e os haussás, todos sudaneses islamitas e da costa oeste também, fizeram mais pela nossa cozinha porque eram mais aceitos como domésticos do que a gente do sul, o povo de Angola, a maioria de língua banta, ou do que os negros cabindas do Congo, ou as minas, ou os do Moçambique, gente mais forte, mais submissa e mais aproveitada para o serviço pesado. O africano contribuiu com a difusão do inhame, da cana de açúcar e do dendezeiro, do qual se faz o azeite-de-dendê. O leite de coco, de origem polinésia, foi trazido pelos negros, assim como a pimenta malagueta e a galinha de Angola. Máscaras Mascara Gelede do Benin no Brasil Fonte: https://www.pinterest.ch/pin/544302304960152072/ https://www.pinterest.ch/pin/544302304960152072/ Faculdade de Minas 16 As "máscaras" são as formas mais conhecidas da plástica africana. Constituem síntese de elementos simbólicos mais variados se convertendo em expressões da vontade criadora do africano. Foram os objetos que mais impressionaram os povos europeus desde as primeiras exposições em museus do Velho Mundo, através de milhares de peças saqueadas do patrimônio cultural da África, embora sem reconhecimento de seu significado simbólico. A máscara transforma o corpo do bailarino que conserva sua individualidade e, servindo-se dele como se fosse um suporte vivo e animado, encarna a outro ser; gênio, animal mítico que é representando assim momentaneamente. Uma máscara é um ser que protege quem a carrega. Está destinada a captar a força vital que escapa de um ser humano ou de um animal, no momento de sua morte. A energia captada na máscara é controlada e posteriormente redistribuída em benefício da coletividade. Como exemplo dessas máscaras destacou as Era e as Guelede é ou Gelede. Religião Fonte:https://oglobo.globo.com/sociedade/condenada-record-tera-de-transmitir-quatro-programas-sobre-religioes-de-matriz- africana-23415498 As únicas religiões que tem relação com a arte africana no Brasil são o Candomblé, e o Culto aos Gunguna efetivamente de origem africana. O Culto de Irá em menor número no Brasil é o maior responsável pela divulgação da https://oglobo.globo.com/sociedade/condenada-record-tera-de-transmitir-quatro-programas-sobre-religioes-de-matriz-africana-23415498 https://oglobo.globo.com/sociedade/condenada-record-tera-de-transmitir-quatro-programas-sobre-religioes-de-matriz-africana-23415498 Faculdade de Minas 17 Ioruba Art. em todo mundo, Estados Unidos, Cuba, Alemanha, França, Inglaterra, Espanha, são os países onde o maior número de peças pode ser encontrado, em museus e coleções particulares. Literatura Africana-Dança Na dança africana, cada parte do corpo movimenta- se com um ritmo diferente. Os pés seguem a base musical, acompanhados pelos braços que equilibram o balanço dos pés. O corpo pode ser comparado a uma orquestra que, tocando vários instrumentos, harmoniza-os numa única sinfonia. Outra característica fundamental é o poli centrismo que indica a existência no corpo e na música de vários centros energéticos, assim como acontece no cosmo. A dança africana é um texto formado por várias camadas de sentidos. Esta dimensionalidade é entendida como a possibilidade de exprimir através e para todos os sentidos. No momento que a sacerdotisa dança para Oxum, ela está criando a água doce não só através do movimento, mas através de todo o aparelho sensorial. A memória é o aspeto ontológico da estética africana. É a memória da tradição, da ancestralidade e do antigo equilíbrio da natureza, da época na qual não existiam diferenças, nem separação entre o mundo dos seres humanos e os dos deuses. A repetição do padrão-musical manifesta a energia que os fieis estão invocando. A repetição dos movimentos produz o efeito de transe que leva ao encontro com a divindade, muito usado em rituais. O mesmo ato ou gesto é praticado num número infinito de vezes, para dar à ação um caráter de atemporalidade, de continuação e de criação continua. Nas dançasafricanas o contato contínuo dos pés nus com a terra é fundamental para absorver as energias que deste lugar se propagam e para enfatizar a vida que tem que ser vivida agora e neste lugar, ao contrario das danças ocidentais pré-formadas sobre as pontas a testemunhar a vontade de deixar este mundo para alcançar outro. Faculdade de Minas 18 Danças Fonte: https://br.pinterest.com/pin/355854808048116523/ Existem várias danças. Entre elas destacam-se: lundu, batuque, Ijexá, capoeira, Coco (dança) congadas e jongo. Tipos de Danças Africanas mais comuns: Quizomba Ritmo quente, originário de Angola, não para de conquistar cada vez mais praticantes. É uma das danças sempre tocadas nas discotecas, não só africanas. Quente, suave, apaixonante… Vário estilo, técnicas, influencia. Toda variedade ediversidade de Quizomba. Samba É uma dança de salão angolana urbana. Dançada a pares, com passadas distintas dos cavalheiros, seguidas pelas damas em passos totalmente largos onde o malabarismo da cavalheira conta muito em nível de improvisação. O Samba caracteriza-se como uma dança de passadas. Não é ritual nem guerreira, mas sim dança de divertimento principalmente em festas, dançada ao som do Samba. Danças Cabo-verdianas Toda a variedade de ritmos originários de Cabo Verde: Funána, Mazurca, Morna, Coladeira, Batuque. Danças Tribais Uma forte característica trazida para o Estilo Tribal das danças tribais é a coletividade. Não há performances solos no Estilo Tribal. As bailarinas, como numa tribo, celebram a vida e a dança em grupo. Dentre as várias disposições cênicas do Estilo Tribal estão à roda e a meia lua. No grande círculo, as bailarinas têm a oportunidade de se comunicarem visualmente, de dançarem umas para as outras, de manterem o vínculo que as une como trupe. Da https://br.pinterest.com/pin/355854808048116523/ Faculdade de Minas 19 meia lua, surgem duetos, trios, quartetos, pequenos grupos que se destacam para levar até o público esta interatividade. Cantores Afro-Brasileiros Fonte:http://www.esquinamusical.com.br/14-musicas-brasileiras-contra-o-racismo/ Gilberto Gil: (1942-) nasce em Salvador, Bahia, em 26 de junho. Gilberto Passos Gil Moreira ingressa na Universidade Federal da Bahia, em 1960, para cursar administração de empresas. Participa de vários festivais, apresentando composições que rompem com a linha tradicionalista da música popular brasileira. Uma delas é Domingo noparque, arranjada pelo maestro experimentalista Rogério Duprat e apresentada por Gil e Os Mutantes. Participa de um show ao lado de Caetano Veloso no teatro Castro Alves, em Salvador, pouco antes de exilar-se em Londres (1969). Sua música Aquele abraço, mostrada na ocasião, transforma-se em um de seus maiores sucessos. Nos anos 80, Gil torna-se grande divulgador da música jamaicana no Brasil. Sua música é caracterizada pela riqueza rítmica e melódica. Milton Nascimento: (1942-) nasce no Rio de Janeiro em 26 de outubro. Os pais adotivos levam-no para Três Pontas, Minas Gerais. Aos 15 anos organiza um conjunto vocal, o Luar de Prata, com Wagner Tiso. Em 1966, Elis Regina grava Canção do sal. No ano seguinte, obtém o segundo lugar no 2o FIC, da TV Globo, com Travessia, em parceria com Fernando Brant. Sua música resgata tradições do barroco mineiro (com temas árcades e religiosos), da música vocal dos escravos africanos, e as mistura ao rock, notadamente dos Beatles. http://www.esquinamusical.com.br/14-musicas-brasileiras-contra-o-racismo/ Faculdade de Minas 20 Também pesquisa elementos indígenas brasileiros. É admirado por influentes jazzistas internacionais. Grava numerosos sucessos em LPs: Clube da Esquina (1972), Milagre dos Peixes (1974), Minas (1976), Gerais (1977), Clube da Esquina 2 (1978), Sentinela (1981), Anima (1984), Milton (1988), entre outros. Pixinguinha: Alfredo da Rocha Viana Filho, o Pixinguinha (1898-1973), nasce no Rio de Janeiro, em 23 de abril. Seu apelido vem do cruzamento de "pixídio" (menino bom, no dialeto africano falado por suaavó) e "Pixinguinha", ironia dos vizinhos do bairro suburbano de Catumbi à sua aparência quando contrai varíola. Grava seus primeiros discos entre 1910 e 1911, integrando o grupo Pessoal do Bloco. Em 1920 se apresenta para a corte da Bélgica. Em 1928, grava o samba-choro Carinhoso, ainda em versão instrumental. A primeira gravação com letra, escrita por João de Barro, é de 1937, com Orlando Silva. Esculturas Fonte:https://babaojeleke.wordpress.com/2016/06/11/de-africano-a-afro-brasileiro-etnia-identidade-religiao/ Escultura da tribo Makonde, da África Oriental, c. 1974. Esculturas em madeira A escultura em madeira é a fabricação de múltiplas figuras que servem de atributo às divindades, podendo ser cabeças de animais, figuras alusivas a acontecimentos, fatos circunstanciais pessoais que o homem coloca frente às forças. Existem também objetos que denotam poder, como insígnias, espadas e lanças com https://babaojeleke.wordpress.com/2016/06/11/de-africano-a-afro-brasileiro-etnia-identidade-religiao/ Faculdade de Minas 21 ricas esculturas em madeira recoberta por lâminas de ouro sempre denotando um motivo alusivo à figura dos dignitários. Os utensílios de uso cotidiano, portas e portais para suas casas, cadeiras e utensílios diversos sempre repetindo os mesmo desenhos estilísticos. A cultura Afro-brasileira e a Arte Indígena na educação Desde 2008, uma lei tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Indígena no sistema de ensino do Brasil. A norma, de número 11.645/2008, inclui o trabalho de conteúdos referentes às contribuições dessas duas culturas na formação da sociedade brasileira. Em Santa Maria, essa lei é aplicada através de um projeto de oficinas de arte- educação nas áreas de dança, teatro e música chamado “Somos Todos Um Para Uma Cultura de Paz”, realizado pela organização Oca Brasil, além do trabalho regular das escolas na inclusão desses temas em seus currículos. Conforme relata a professora e antropóloga Maria Rita Py Dutra, coordenadora pedagógica da Oca Brasil, essa regulamentação aponta para a necessidade de se dar visibilidade aos feitos relacionados ao povo negro e indígena, bem como para a importância do convívio respeitoso com pessoas de diferentes grupos étnicos e a eliminação do discurso racista, tanto em livros didáticos, quanto no convívio diário na escola ou sala de aula. Maria Rita conta que esse direcionamento contrasta com a forma como era tratado o ensino dessas culturas antes de sua obrigatoriedade: “O ensino daHistória e Cultura Indígena era voltado para um índio idealizado, que vivia na taba, caçando e pescando, totalmente deslocado da situação atual do índio brasileiro. No que diz respeito aos Afro-brasileiros, ocorria duas situações: ou sua presença era negada, através da invisibilidade (não se falava nele), ou quando se falava, era para reforçar os estereótipos existentes no imaginário social da sociedade brasileira, associados à inferioridade”. Deste modo, a professora e antropóloga explica que a lei está ajudando a se pensar estratégias de mudanças na abordagem, mas que não se pode negar a resistência e falta de subsídios para o trabalho com essa temática. Por outro lado, é possível notar que alunos de ascendência Indígena e Afro-brasileira passam a se ver com mais segurança e autoestima, orgulhosos de suas origens. Faculdade de Minas 22 Ao abordar a atuação do Projeto “Somos Todos Um Para Uma Cultura de Paz”, que realiza suas oficinas com aproximadamente 150 crianças de escolas públicas de Santa Maria desde março, Maria Rita comenta que a iniciativa está sendo bem recebida nas escolas por onde passa: “A Oca trabalha com arte-educação e já tem acúmulo na área da educação das relações étnico-raciais. Os alunos são levados acantar, tocar,construir instrumentos. É um novo paradigma, eles adoram. Agora, eles estão preparando-se para o espetáculo Roda da Terra, que acontecerá no mês de agosto, no Teatro Treze de Maio”. As artes indígenas “Arte” é uma categoria criada pelo homem ocidental, mas o que deve ou não deve ser considerado arte não é um consenso. Os objetos indígenas que consideramos arte ou artesanato são produzidos por eles para uso no cotidiano ou nos rituais, de acordo com as categorias de sexo, idade e posição social. As formas de manipular pigmentos, plumas, fibras vegetais, argila, madeira, pedra e outros materiais conferem singularidade à produção indígena. Mas não podemos falar em uma única arte indígena, e sim em “artes indígenas”, já que cada povo possui particularidades na maneira de se expressar e de conferir sentido às suas produções. Outra questão interessante que muitas pessoas não sabem é que as artes produzidas pelos indígenas vão além dos objetos exibidos nos museus e feiras, como cuias, cestos, cabaças, redes, remos, flechas, bancos, máscaras, esculturas, mantos e cocares. Os índios também se manifestam com expressividade por meio da dança, da música e da pintura, seja no próprio corpo, seja nas construções rochosas, árvores ou outras formações naturais. Em todos esses casos, não se trata apenas de uma questão estética, mas de meios e ferramentas de comunicação e expressão – entre homens e mulheres, entre povos e entre mundos. Os objetos também são instrumentos de troca entre os povos indígenas, inclusive com o “homem branco”. Hoje em dia, o comércio é uma alternativa de geração de renda, ao mesmo tempo em que divulga e valoriza a produção cultural Faculdade de Minas 23 indígena. Movimento Hip Hop Fonte: https://circularcultural.com.br/soul-breaking-fortalece-movimento-hip-hop-em-fortalece-movimento-hip-hop-em-maringa/ Os negros africanos trouxeram muitos ritmos, instrumentos maneiros, batuques e danças pra lá de animadas. O som vindo da África é irado! Tem samba de roda, maracatu, capoeira e muito mais. Tem o HIP HOP. Sente só, moleque, o movimento! Sou doido por HIP HOP e RAP. Você sabe o que é? O hip hop é um movimento cultural iniciado nos Estados Unidos e muito apreciado aqui no Brasil. Ele foi adotado, principalmente, pelos jovens negros e pobres de algumas cidades grandes como forma de discussão e protesto contra o preconceito racial, a miséria e a exclusão. O RAP faz parte desse movimento. É um ritmo musical que combina texto e rimas . https://circularcultural.com.br/soul-breaking-fortalece-movimento-hip-hop-em-fortalece-movimento-hip-hop-em-maringa/ Faculdade de Minas 24 A CULTURA AFRICANA E A EDUCAÇÃO AFRO- BRASILEIRA “A educação é o meio mais forte que você pode usar para mudar o mundo” Nelson Mandela Esta apostila visa reafirmar as medidas adotadas pelo estado, para implementar uma educação inclusiva e igualitária, respeitando a cultura trazida do seio familiar para o ambiente de ensino. Para tanto, sustentaremos este trabalho, na implementação da lei 10639/03, lei esta que completa 11 anos e muito pouco foi feito para efetivar sua implementação, tornando o ambiente escolar, muitas vezes, hostil a nossas crianças. O Ministério da Educação (MEC), a representação da UNESCO no Brasil, em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), produziram o livro “História e cultura africana e afro-brasileira na educação infantil”, com o objetivo de construir um sistema de ensino que vise a inserção de conteúdos que relacionem a história e a cultura da África e afro-brasileiros no currículo da educação básica, transmitindo o real valor cultural, civilizatório e epistemológico em nossa sociedade.“é significativo para o desenvolvimento humano, para a formação da personalidade e aprendizagem. Nos primeiros anos de vida, os espaços coletivos educacionais que a criança pequena frequenta são privilegiados para promover a eliminação de toda e qualquer forma de preconceito,discriminação e racismo. As crianças deverão ser estimuladas desde muito pequenas a se envolverem em atividades que conheçam, reconheçam e valorizem a importância dos diferentes grupos étnico-raciais na construção da história e da cultura brasileiras”. (BRASIL, 2009b). Educação, África e história e cultura afro-brasileira A história e educação africana fazem parte da cultura brasileira, de uma forma velada as contribuições dos descendentes africanos foram sendo mascadas por um sistema colonialista ao qual fomos impostos e impomos a nossas crianças. Faculdade de Minas 25 “Convivemos e conhecemos literaturas, materiais didáticos e de apoio pedagógico eivados de estereótipos raciais, sem a devida mediação pedagógica do professor e sem a necessária revisão e atualização das editoras. Em outros momentos, nós mesmos podemos ter sido sujeitos realizadores ou destinatários de tais práticas” Visamos a construção de um ambiente que reconheça e demonstre o real valor étnico-cultural de todas as crianças da classe, que não reproduza práticas de discriminação e preconceito racial, mas que, antes, eduque para e na diversidade, escola essa de direito social e não de desconstrução civilizatória, para todos, sem negar as diferenças e sim acolhendo-as. Temos como principio a lei 10639/03 e os parecer CNE/CP n° 03/04 e na Resolução CNE/CP n° 01/04, são iniciativas eesforços governamentais importantes, que podem ser considerados marcos na efetivação da democracia, do direito à educação e do respeito à diversidade étnico-racial. A lei, parecer e a resolução representam aqui a luta de anos de uma categoria até então esquecida pelo poder público e que a partir de então passam a ter políticas públicas voltadas única e exclusivamente a eles. Levando em conta que a História da África é muito complexa, como aplicaremos esta nova face a educação brasileira? Partiremos da educação infantil, ou seja na primeira infância é onde a criança, material bruto a ser lapidado e não racista, precisa ser tratada e educada de uma nova forma. “O papel da educação infantil é significativo para o desenvolvimento humano, para a formação da personalidade e aprendizagem. Nos primeiros anos de vida, os espaços coletivos educacionais os quais a criança pequena frequenta são privilegiados para promover a eliminação de toda e qualquer forma de preconceito, discriminação e racismo. As crianças deverão ser estimuladas desde muito pequenas a se envolverem em atividades que conheçam, reconheçam, valorizem a importância dos diferentes grupos étnico-raciais na construção da história e da cultura brasileiras”. Aos professores da educação infantil, cabe a árdua tarefa de realizar praticas pedagógicas que valorizem e não omitam adiversidade sócio cultural, desde muito cedo, podemos mostrar aos alunos que as diferenças culturais, podem tornar-se fascinantes, se apresentadas de forma adequada, mostrando que as experiências do mundo são muito maiores e ricas, que nossas experiências locais. Faculdade de Minas 26 Uma sociedade igualitária é formada por civilizações, histórias, grupos sociais, etnias e raças diversas, reeducando-os a lidar com preconceitos aprendidos no ambiente familiar e nas relações sociais. No entanto, sabemos que o reconhecimento da diversidade não é uma tarefa simples, pois requer a valorização das diferentes culturas, ou seja, a compreensão dos meandros da construção cultural situados na dinâmica das relações sociais e políticas que constituem nossa sociedade. Atingir esse objetivo se torna uma difícil tarefa, quando se trata de culturas produzidas por grupos sociais e étnico-raciais, cuja participação social e política é ainda pouco estudada e conhecida no campo educacional, quando não omitida – e em nossa sociedade como todo –, em decorrência de um processo históricode dominação e silenciamento. Esse é o caso das culturas de matriz africana em diferentes partes do mundo e, em nosso caso específico, no Brasil. Para evitar equívocos que venham a ser considerados preconceito ou ate mesmo racismo, se faz necessário um conhecimento mais profundo da cultura africana e de outras culturas que compõem a nossa sociedade e venham a interferir no cotidiano de nossas vidas, quais os reais valores culturais, quer sejam negros, pardos, mulatos ou de outra etnia. Por isto, se faz necessário recontar a história, para dar visibilidade ao sujeito e suas praticas, enfatizando o papel protagonista da população negra de todo o mundo, e suas contribuições na construção do mundo em que vivemos. Cabe lembrar que a educação é um dever do Estado, da família e da escola, e um direito da criança. Como tal, deve ser ofertada dignamente a todas as crianças brasileiras, independentemente de classe social, raça, etnia, sexo, gênero, região e religião, garantido pelo artigo 227 da Constituição Federal de 1988. (BRASIL, 1988) Existem casos em que as profissionais se negam a tocar no corpo da criança negra pequenininha, trocar suas fraldas e carregá-la; pesquisas mostraram situações em que os docentes se negaram a cuidar dos cabelos crespos das crianças negras, rejeitaram receber sua família, atribuíram xingamentos e apelidos pejorativos e foram agressivos. Tais atitudes não somente ferem princípios da ética profissional, mas também são casos de racismo e, portanto, devem ser punidos na forma da lei. Como profissionais da educação, somos responsáveis pelas ações pedagógicas que Faculdade de Minas 27 realizamos e pelas marcas negativas que podemos imprimir na história de vida e na auto estima dos estudantes. Não se pode esquecer de que as crianças são diversas e possuem níveis distintos de desenvolvimento humano. Contudo, todas se desenvolvem. Nesse caso, é importante atentar para a presença, no interior do espaço infantil, de crianças com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Para cada atividade proposta, essa particularidade do humano deve ser considerada, e as propostas devem ser reorganizadas de forma a garantir o direito à participação e à aprendizagem dessas crianças. Para que tais praticas se efetivem positivamente, é necessário planejar, evitando praticas improvisadas, ter objetivos claros, adequar o espaço físico tornando-o confortável, levar ao conhecimento da família as praticas a serem desenvolvidas em sala de aula. Ao reconhecer que essa questão ainda é tratada de forma desigual em nossa sociedade, é importante que tais práticas, expressas por meio de elementos culturais de matriz africana, não sejam realizadas de maneira fragmentada e estereotipada, sob o risco de perderem o seu potencial histórico formador, nossas crianças quando ingressão a educação infantil têm poucos vícios, desconhecem o racismo e suas praticas, são puras e inclusivas. Ao implementar qualquer projeto em nossa comunidade ou escola, devemos levar em conta que nossos valores culturais não são os únicos, que os demais indivíduos e seus valores culturais, também ajudam, dando sentido a sua realidade, temos também que ter a percepção de que muitos problemas interpessoais nascem nas diferenças culturais: a negação do outro por sua origem social, étnica, religiosa ou de gênero. Como sugestão, oriento os colegas a conhecerem o Projeto Espaço Griô e o Projeto Capoeira que tematizam as culturas afro-brasileira e africana na educação infantil, transmitindo seus valores civilizatórios e sua transmissão oral. Ambos os temas podem ser enriquecidos a partir das experiências do professor e da professora da educação infantil, e do conhecimento de cada turma e demais integrantes da comunidade escolar. Faculdade de Minas 28 Os dois projetos, Espaço Griô e Capoeira, foram produzidos para abarcar as especificidades de dois grupos etários, de crianças de 0 a 3 anos e de crianças de 4 a 5 anos. Cada projeto encontra-se assim organizado: a) Com as mãos na massa – esta seção apresenta o projeto e, logo após o título, localiza o professor e a professora sobre o tema abordado. Nesta parte, propõe- se um diálogo teórico com as especificidades das culturas afro-brasileira e africana, com indicações para a formulação de práticas pedagógicas na educação das relações étnico-raciais na educação infantil; b) O que se desenvolve noprojeto – esta seção trata das principais dimensões da formação humana que se pretende trabalhar nas atividades propostas; c) O que se aprende – esta seção apresenta os objetivos de aprendizagem previstos no projeto, que podem ser incrementados pelo professor de cada turma e escola de educação infantil; d) O que as crianças já sabem – esta seção apresenta os saberes construídos que as crianças podem ter sobre temas e assuntos tratados nos projetos, e também alerta sobre capacidades que elas possuem no ciclo de vida em que se encontram. e) Atividade – esta seção apresenta o desenvolvimento do projeto. Cada projeto encontra-se organizado por grupo etário e subdivide-se em atividades. Cada atividade proposta reúne um conjunto de etapas com sugestões de propostas e orientações didáticas para o desenvolvimento dos projetos. Além disso, em cada projeto há explicações, informações e dicas organizadas em caixas de texto. Faculdade de Minas 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: BRASIL. Decreto nº 65.810, de 8 de dezembro de 1969. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 9 dez. 1969. Disponível em: . BRASIL. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 14 jul. 1990. Disponível em: . BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, DF, 10 jan. 2003. Disponível em: . NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Brasília: Ministério das Relações Exteriores, Ministério da Justiça, 1948. Disponível em: . UNESCO. História geral da África. Brasília: UNESCO, MEC, UFSCar, 2010. 8v. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. História e cultura africana e afro-brasileira na educação infantil / Ministério da Educação. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. --Brasília : MEC/SECADI, UFSCar, 2014. PRANDI, Reginaldo - REVISTA USP, São Paulo, n.46, p. 52-65, junho/agosto 2000 www.arteindigena.com www.suapesquisa.com/artesliteratura/arte_africana.htm http://www.arteindigena.com/ Faculdade de Minas 30 www.faecpr.edu.br/site/portal_afro_brasileira/3_I.php www.abordo.com.br/inabra/texto5.htm culinaria-afro-brasileira.blogspot.com/p/culina.html culturaafrobrasil.blogspot.com/2008/08/capoeira.html www.suapesquisa.com/educacaoesportes/historia_da_capoeira.htm