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1. INTRODUÇÃO Em 1854, o anatomista italiano Filippo Pacini observou pela primeira vez a bactéria Vibrio cholerae em amostras de fezes de vítimas da cólera. No entanto, devido às crenças do momento, o seu trabalho foi ignorado durante muitos anos. Em 1883, Robert Koch, de viagem ao Egipto e a Índia para estudar a cólera, identifica a bactéria Vibrio cholerae e a caracteriza como sendo a causadora da doença, confirmando-o que havia sido descrito pelo pioneiro da descoberta (COURA. 2008). A cólera teve como reduto tradicional endêmico os vales dos rios Ganges e Brahmaputra na Índia. A partir dessa área, no período de 1817 a 1862, a doença expandiu-se por outras regiões sob a forma de epidemias maciças. Em um desses surtos, em meado do XIX, a doença atinge de forma dramática os moradores da cidade de Londres. Data dessa época o tão citado episódio da Broad Street onde, em espaço e tempo restritos, sucederam centenas de mortes por cólera. Essa ocorrência, descrita detalhadamente por John Snow (1854) seu trabalho foi fundamental do ponto de vista epidemiológico sobre “ A forma de transmissão da cólera pela água” (On de mode of communication of Cholera), tem sido relatada como a mais valiosa contribuição para o conhecimento médico-científico desta enfermidade, por suas conclusões sobre a origem hídrica da transmissão e por suas significativas observações (ROUQUAYROL et al. 2003). 0. Epidemiologia Supõe-se que a cólera seja uma doença da antiguidade, com descrições claras que antecedem 500 a.C. A actual disseminação mundial (i.e., 7ª Pandemia) é causada por um biótipo El Tor, identificado pela primeira vez em 1911 na estação de quarentena El Tor, no Golf pérsico. As epidemias devidas a este organismo surgiram primeiramente em Celebes, nos anos de 1930, disseminaram-se para o Oeste a partir do Sudeste Asiático, e chegaram ao mediterrâneo e à África na década de 1970. No Delta do Ganges, as epidemias do V.Cholerae clássico foram substituídas pelo El Tor em fins dos anos de 1960. Desde 1975, ocorreram surtos pequenos mas regulares, de cólera nos Estados Unidos, nas regiões do delta do Mississippi. Entre as cepas isoladas, a do El Tor predominou. Desde o período de 1990-1994, tem havido um declínio, principalmente devido à diminuição dos casos relacionados a viagens à América Latina. Em 1991, o V. Cholerae O 1 El Tor provocou surtos explosivos de cólera no Peru e, consequentemente, disseminou-se pela América Latina. Em Angola, tem sido registradas surtos de cólera em pelo menos cinco províncias do País desde 2016. A cólera afecta as províncias do Zaire, Cabinda, Uíge, Kwanza Norte e Luanda. A partir de 13 de Dezembro até 31 de Dezembro do ano de 2016, foram registados 73 casos de suspeita de cólera com 2 óbitos no município do Soyo, província do Zaire (NEVES et al.2016). Durante o ano de 2017, o Sistema de Vigilância Epidemiológica identificou 617 casos de cólera com 35 óbitos, nas epidemias ocorridas ao longo de todos os meses, excepto no mês de Novembro, em 4 províncias do país: Luanda, Cabinda, Zaire e Uíge (NEVES et al.2017). Durante o ano de 2018 a epidemia da cólera estendeu-se para a província do Kwanza Norte, aumentou a taxa de incidência, passando de 2,18 para 4,99 por 100.000 habitantes, segundo os dados do sistema de vigilância epidemiológica, a doença atingiu mais frequentemente o sexo feminino e nos maiores de 14 anos. O surto que aconteceu no mês de dezembro de 2018 na província do Uíge atingiu um total de 600 pessoas afetadas e fez mais de uma dezena de mortos. Só em Luanda no mesmo ano (2018) foram notificados mais de 80 casos da doença, 12 dos quais confirmados em laboratórios. Seis pessoas morreram (NEVES et al.2018). 0. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA No nosso quotidiano é corrente ouvir falar sobre a cólera que é uma doença transmitida por contaminação feco-oral directa ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados. No nosso país os casos de cólera continuam sendo controlados, mas as condições precárias de saneamento básico têm vindo contribuindo no surgimento de novos casos. No bairro Cassequel do Buraco encontramos grandes quantidades de lixo próximo as casas, vendedoras ambulantes comercializando seus produtos alimentares (como hortaliças e frutas) perto do lixo e crianças brincando nas valas de drenagem e de acordo com a falta de saneamento básico encontrado no bairro do Cassequel do Buraco que é um problema preocupante para a saúde, levou-nos a desenvolver a nossa pesquisa partindo da seguinte questão: Que conhecimentos, atitudes e práticas os moradores do bairro Cassequel têm sobre a cólera? 1.3.JUSTIFICATIVA A cólera é um grave problema de saúde pública em Angola e, sobretudo em Luanda que de forma cíclica vão aparecendo surtos em algumas regiões da província, motivo pelo qual selecionamos o presente tema, que consideramos ser de extrema importância na medida em que contribuíra com conhecimentos relacionados com os conhecimentos, atitudes e práticas que os moradores do Bairro Cassequel têm sobre o tema, permitindo ter uma noção dos riscos do reaparecimento ou não da mesma. De lembrar ainda que são factores importantes para o aparecimento da cólera, as deficientes condições de saneamento básico e higiene comuns em todos os países em vias de desenvolvimento, sobretudo, pelo facto de ser uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, transmitida por contaminação feco-oral directa ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados. 2. OBJECTIVOS 2.1 Objectivo Geral Descrever os conhecimentos, atitudes e práticas dos moradores do bairro Cassequel no município de Luanda sobre a cólera de Março à Outubro de 2019. 2.2 Objetivos Específicos 1. Caracterizar o perfil sócio – demográfico dos moradores (sexo, idade e nível académico); 1. Identificar os conhecimentos dos moradores do bairro Cassequel do Buraco sobre o conceito da cólera, a causa, forma de transmissão, sinais e sintomas; 1. Identificar que atitudes o individuo tomaria perante um caso de cólera; 1. Enunciar que práticas os moradores do Bairro Cassequel do Buraco têm sobre as medidas de prevenção; e enumerar as práticas dos moradores sobre o tratamento da água de consumo e a higiene dos alimentos. 3. FUNDAMENTAÇÃO TEORÍCA Cólera é uma doença diarreica aguda, causada pelo Vibrio Cholerae O1 que se transmite ao homem pela água ou alimentos contaminados, produzindo uma entero toxina lábil (toxina colérica) que interage no sistema Adenil-ciclase no interior dos enterócitos, provocando um acúmulo de líquido e eletrólitos no lúmen intestinal (COURA 2008). Nas áreas endémicas a doença é mais comum nos meses de verão e outono, esta sazonalidade talvez seja provocada pelas condições ambientais que afetam a multiplicação dos vibriões (HARRISON 2006). A cólera existe em forma esporádica, endémica, epidémica e pandémica, a transição da forma epidémica para endémica pode estar relacionada a resistência imune adquirida da população. Durante o período epidémico ocorrem altas taxas de disseminação intra familiar (HARRISON 2006). 3.1 Agente causal O Vibrio Cholerae, também conhecido como Vibrião colérico, é o agente causador da cólera. Esta bactéria é membro do género Vibrio, da família Vibrionaceae. Foi descoberto em 1883 por Robert Koch, e deve seu nome à sua aparência quando observado ao microscópio óptico. Às cerca de 30 espécies incluídas nesse género são bastonetes gram-negativos, anaeróbios facultativos, móveis, curvados em forma de vírgula, possuindo de 1,4 a 2,6 micrómetros de comprimento (TAVARES 2008). Existe relativa resistência do biótipo clássico, o que lhe dá condições de sobreviver por mais tempo no meio ambiente. Multiplica-se melhor e mais rápido em meios de cultura, além de apresentar menor suscetibilidade aos agentes químicos e maior tendência a endemização (GONÇALVES et al. 2016).O Vibrio Cholerae é um micro organismo autóctone natural do ecossistema aquático e pode ser encontrado em forma livre na água ou associado ao zooplâncton, as plantas e aos organismos marinhos, como peixes (ARRUDA et al. 2010). 3.2 Transmissão Os homens doentes ou os portadores eliminam os vibriões pelas fezes ou pelos vómitos por período variável de alguns dias até vários meses. A transmissão corre em geral, através da ingestão de água contaminada; mas também por alimentos e utensílios contaminados por água, pelo manuseio ou pelos insectos, em especial as moscas. A propagação de pessoa a pessoa através do contacto directo é comum (WALTER et al. 2010). 3.3 Período de incubação O período de incubação da cólera vária de algumas horas até cinco dias dependendo do biótipo do bacilo, do inóculo, de sua capacidade toxigénica, da acidez gástrica no momento de ingestão e de sua neutralização pelos alimentos ingeridos (COURA 2008). 3.4 Fisiopatologia A fisiopatologia da doença está associada à ação, na luz intestinal, de uma toxina, a toxina colérica (CT), produzida pelo agente etiológico. A toxina, ao se fixar em receptores presentes na superfície dos enterócitos, inverte os mecanismos fisiológicos dessas células, que passam então a excretar água e a perder eletrólitos, resultando desse processo uma diarreia clorídrica em profusão. Os Vibrio cholerae penetram no organismo humano por via oral e os que conseguem escapar à acidez gástrica – que constitui a primeira linha de defesa do hospedeiro contra a cólera – localizam-se no intestino delgado, cujo meio alcalino lhes favorece a proliferação, resultando, posteriormente, em profusa liberação de uma exotoxina que atua sobre as células da mucosa intestinal, causando uma ruptura no seu equilíbrio fisiológico e fazendo com que seja secretada grande quantidade de líquido isotónico. A capacidade do Vibrio cholerae de produzir infecção intestinal é determinada por vários fatores de virulência. A mucinase, elaborada pelo agente, favorece a ultrapassagem da barreira representada pela camada de muco intestinal. Ao alcançar a mucosa do intestino delgado (duodeno e jejuno, principalmente), o Vibrio adere à borda ciliada das células epiteliais, graças ao fator de aderência. Em seguida, produz uma enterotoxina, constituída por 2 sub-unidades: A (interna) e B (externa). A sub-unidade B une-se ao gangliosídio GM 1, substância receptora presente nas células do epitélio intestinal; e a subunidade A penetra através da parede celular, atingindo o interior do enterócito e activando a Adenil-ciclase. Desse processo resulta um acúmulo de AMP-cíclico, que determina o aumento da secreção intestinal, levando à diarreia e à desidratação. Esse fluído é pobre em proteína e rico em Na+, K+, Cl- e HCO3-, e sua perda maciça conduz, rapidamente, ao quadro de desidratação. Contudo, a bomba de Na+ é preservada, o que permite a reabsorção do sódio em presença de glicose, explicando a notável eficiência da reidratação oral no tratamento da doença. Por outro lado, o tratamento tardio ou insuficiente pode ser incapaz de evitar a evolução do quadro para graves alterações fisiopatológicas: a insuficiência renal aguda, os transtornos próprios da hipocalemia, atonia intestinal, arritmias cardíacas, hipotensão e colapso cardíaco (GONÇALVES et al. 2016). 3.5 Reservatório Os principais reservatórios do Vibrio Cholerae são o homem e as fontes de água. O homem é o reservatório usual do Vibrio Cholerae toxigénico. Contudo, vários estudos têm demonstrado que o Vibrio Cholerae O1 pode ser isolado de ambientes aquáticos, principalmente associados a estuários, indicando que animais marinhos (como, por exemplo, moluscos e crustáceos) podem ser reservatórios naturais do Vibrio Cholerae (GONÇALVES et al. 2016). São fontes de infeção, os doentes no período de incubação, na fase das manifestações clinicas e na convalescença, bem como os portadores assintomáticos. Os bacilos são eliminados pelas fezes e pelo vómito (GONÇALVES et al. 2016). 3.6 Disseminação Durante epidemias, a cólera é transmitida principalmente pela água. Um grande número de vibriões atinge as fontes de água através de volumosas fezes líquidas que embebem roupas pessoais e de cama e contaminam o ambiente. As condições para o desenvolvimento de epidemias são, frequentemente, pobreza extrema e ausência de água potável. Ocasionalmente, alimentos contaminados espalham a doença. Mariscos crus ou mal cozidos ou vegetais frescos lavados com água contaminada são normalmente os responsáveis. Durante os intervalos entre as epidemias, o V.Cholerae aloja-se em superfícies de água salobra sob uma forma que não se desenvolve em cultura, e que pode ser detetado por métodos específicos de ampliação genética (ATOUGUIA 2009). 3.7 Suscetibilidade à cólera Em áreas onde a cólera ocorre anualmente, as taxas mais altas de infeção incidem sobre crianças com menos de 5 anos de idade. Os índices sobre as crianças mais velhas e adultos são menores devido a imunidade intestinal local, que diminui o risco. Entretanto, a maior parte da população é de pessoas com mais idade, e muitos dos pacientes tem mais de 5 anos. Crianças em fase de amamentação raramente contraem cólera porque recebem anticorpos protetores do leite materno. A cólera tende, mais frequentemente, a acometer pessoas do grupo sanguíneo O, sendo mais violenta neste do que nos outros grupos; por outro lado, a doença é menos severa em indivíduos com sangue do tipo AB. Populações com fornecimento de água encanada potável e com tratamento efetivo do lixo apresentam menor risco de contrair a doença, a despeito da suscetibilidade do hospedeiro (BEERS et al, 2006). 3.8 Sintomatologia O quadro clínico da doença pode ter um inicio súbito ou progressivo com diarreia aquosa leve ou moderada, indistinguível das demais gastroenterites, ou grave com diarreia volumosa tipo `água de arroz´, sem sangue logo no início, acompanhados de febre e dor abdominal. Nos casos graves, onde o volume de fezes líquidas pode ultrapassar 1.000 ml/hora, pode ocorrer hipotensão arterial, choque hipovolemico e necrose tubular renal aguda, se não tratados imediatamente. Nestes casos o desequilíbrio hidroeletrolítico é acompanhado por cãibras, fraqueza geral (COURA 2008). A diarreia e os vómitos são as manifestações mais frequentes. Na forma leve (em mais de 90% dos casos), o quadro costuma se iniciar de maneira insidiosa, com diarreia discreta, sem distinção das diarreias comuns, podendo também apresentar vómitos. Esse é o quadro mais comum em crianças, podendo ser acompanhado de febre, o que o torna ainda menos característico, razão pela qual são exigidos métodos laboratoriais para a sua confirmação (ARRUDA et al. 2010). Nos casos mais graves, mais típicos, embora menos frequentes, o início é súbito, com diarreia aquosa, abundante e irreprimível, com inúmeras dejeções diárias, as fezes podem apresentar-se amarelo-esverdeado sem pus, muco ou sangue (ARRUDA et al. 2010). A diarreia e os vómitos dos casos graves determinam uma extraordinária perda de líquido, tal quadro decreta rápida e intensa desidratação, que se não tratada precoce e adequadamente, leva a graves complicações e até o óbito (ARRUDA et al. 2010). A evolução desse processo pode se apresentar com muitas manifestações de desequilíbrio hidroeletrolítico e metabólico, constatadas por: sede, rápida perda de peso, perda do turgor da pele, principalmente das mãos (sintoma conhecido como "mãos de lavadeira"), prostração, olhos fundos com olhar parado e vago, voz sumidiça e cãibras. O pulso torna-se débil, surge hipotensão, há cianose e esfriamento de extremidades. As cãibras decorrem do distúrbio hidroeletrolítico no nível muscular e podem atingir a musculatura abdominal, a musculatura dos membros superiores e dos membros inferiores (pantorrilhas, principalmente) (ARRUDA et al. 2010). 3.9Diagnóstico clínico Quanto da ingestão de água ou alimentos contaminados com o vibrião colérico, o indivíduo poderá ter infecção inaparente ou iniciar o quadro clínico na doença após um período de incubação que vai de poucas horas, aqueles que desenvolvem a doença são catalogados em casos leves, moderados ou graves, dependendo principalmente da intensidade da diarreia. Costuma-se a classificar as formas clínicas em: • Sem sinais de desidratação; • Com sinais de desidratação leve ou moderada; • Com desidratação grave. Os pacientes da forma clínica começam com discreta diarreia, leve dor abdominal e mal-estar, assemelhando-se a outras gastroenterites. É o quadro mais frequente, de fácil recuperação, porem de importância epidemiológica, pois eles são os que mantém a infeção (WALTER et al, 2010). Os pacientes com sinais de desidratação leve ou moderada têm diarreia de maior intensidade, acompanhada por náuseas e vómitos aquosos, que se instalam mais rapidamente. Sede, pele fria e sinais evidentes de desidratação estão presentes; pode haver evolução para situações mais graves (WALTER et al, 2010). Os poucos que evoluem com desidratação grave apresentam diarreia aquosa e volumosa, com numerosas dejeções diárias, e as fezes têm aspecto de água amarelo-esverdeado e odor característico de `peixe´, sem muco e sangue, e em alguns casos as fezes podem ter características de " água de arroz". Vómitos, consequentes à acidose metabólica, vinculados a grande perda hidroeletrolítica, são semelhantes às fezes e com frequência variável. A febre habitualmente está ausente. A desidratação resultante da perda hidroeletrolítica através da diarreia e dos vómitos é acompanhada por sede intensa, astenia, rápida perda de peso, diminuição da turgência cutânea, dando as mãos o aspecto de "mãos de lavadeira". Olhar parado e vago, prostração, voz sumida e cãibras musculares também fazem parte da sintomatologia. O paciente deverá receber atendimento rápido e adequado, caso contrario choque hipovolemico grave e óbito são esperados (WALTER et al, 2010). 3.10 Diagnóstico laboratorial Consiste, habitualmente, no cultivo de fezes e ou vómitos em meios apropriados, objectivando o isolamento e a identificação bioquímica do Vibrio Cholerae O1 toxigénico, bem como a sua subsequente caracterização sorológica. Recomenda-se a pesquisa laboratorial de todos os casos suspeitos apenas em áreas sem evidência de circulação do Vibrio Cholerae O1 toxigénico. Em áreas de circulação comprovada, o diagnóstico laboratorial deverá ser feito em torno de 10% dos casos em adultos e 100% em crianças menores de 5 anos. Porém o tamanho da amostra dependerá do volume dos casos e da capacidade operacional do laboratório. Tais exames objetivam aferir a propriedade do diagnóstico clínico, monitorizar a circulação do Vibrio Cholerae patogénico na população e avaliar sua resistência aos antibióticos e às possíveis mudanças do sorotipo em casos importados. Outros patógenos devem ser pesquisados, principalmente nos casos negativos de Vibrio Cholerae (WALTER et al. 2010). 3.11 Tratamento Uma reposição hidroeletrolítica precoce e completa previne a morte e todas as complicações. Modernas soluções de reidratação oral, baseadas em arroz ou em outros alimentos ricos em carbohidratos, hidratam eficientemente e reduzem substancialmente os vómitos e a diarreia (30% a 50%) quando comparadas com os tratamentos intravenosos ou baseado em reidratação oral com glicose. Com exceção dos casos mais graves para tratar a cólera, principalmente se iniciada assim que a diarreia começar. Todas as variedades de diarreia aquosa levam à perda de fluido com composições similares, que variam de acordo coma taxa de perda. A terapia de hidratação oral e o tratamento indicado para todas as situações, exceto quando o paciente está em choque ou em coma. A terapia de reidratação em campo, porque apresenta poucos riscos, e muito mais barata, a sua administração não requer pessoal com treinamento médico e mostra-se eficaz. A descoberta de que a absorção de sódio pelas vias de co-transporte na mucosa intestinal é mantida durante a cólera e outras doenças diarreicas abriu caminho para o desenvolvimento de soluções de reposição oral seguras, de baixo custo e eficientes (ATOUGUIA 2009). O tratamento com reposição hidroeletrolítica deve ser iniciada imediatamente em qualquer caso suspeito de cólera antes do isolamento do bacilo. Nos casos leves ou moderados pode ser iniciada a reposição através do soro caseiro por via oral livremente apos cada evacuação. Nos casos mais graves deve ser imediatamente instalada a reposição intravenosa com soro fisiológico e Ringer lactato na base de 30ml/kg a cada meia hora, seguida de 70ml/kg em cada duas a três horas até a melhora do paciente, quando deve se reiniciar a reposição oral. Substituição rápida de líquidos e eletrólitos, bases com alto teor de sódio para corrigir as perdas de sódio nas fezes ou lactato de Ringer para doentes com ˃ de 10% de perda de peso (HARRISON 2006). O tratamento antibiótico (visando a evitar a disseminação do bacilo no meio ambiente) deve ser feito com tetraciclina 500mg de 6 em 6 horas, durante 3 dias, ou doxiciclina 300mg dose única para adultos, devendo ser iniciado tão logo o paciente tolere o medicamento por via oral (COURA 2008). 3.12 Complicações As complicações decorrem, fundamentalmente, da depleção hidro-salina causada pela diarreia e pelos vómitos. Ocorrem mais frequentemente nos indivíduos idosos, diabéticos ou com patologia cardíaca prévia. A desidratação não corrigida levará a uma deterioração progressiva da circulação, da função renal e do balanço hidroeletrolítico, produzindo dano a todos sistemas do organismo. Em consequência, sobrevém choque hipovolemico, necrose tubular renal, íleo paralítico, hipocalemia (levando a arritmias), hipoglicemia (com convulsão e coma em crianças) (GONÇALVES et al. 2016). Alterações do sistema nervoso central, que variam de torpor até convulsões graves, ocorrem em até 10% das crianças, não sendo comuns nos adultos. Eventualmente surge também anúria por insuficiência pré- renal, que pode se tornar irreversível (BATISTA et al. 2003). O aborto é comum no 3°trimestre de gestação, em casos de choque hipovolémico. As complicações podem ser evitadas com hidratação adequada (GONÇALVES et al. 2016). 3.13 Cuidados de Enfermagem • Repouso no leito; • Registar os sinais, sintomas e o plano de tratamento instituído; • Verificar os sinais vitais do paciente, principalmente o pulso, e anotar o resultado da verificação na ficha individual do paciente; • Iniciar administração de soro de rehidratação oral de acordo com a conduta terapêutica adequada; • Observar a aceitação oral; • Instalar, nas crianças, sonda nasogástrica se forem constadas as seguintes condições: - Perda de peso após as 2 primeiras horas de tratamento com soro de reidratação oral - Vómitos persistentes - Dificuldades de ingestão de soro de reidratação oral • Realizar balanço hídrico, observando atentamente as perdas; • Orientar os pacientes e/ou os acompanhantes sobre os cuidados de prevenção e controlo das doenças diarreicas; A avaliação do estado de hidratação do paciente determinará a possibilidade de alta, que será dada sempre que o paciente estiver com a hidratação restabelecida (GONÇALVES 2002). 3.14 Prevenção A profilaxia da cólera depende da existência de infraestruturas sanitária adequada, incluindo sistema público ou doméstico de abastecimento de água, recolhimento do lixo e dejetos humanos, aliada a vigilância sanitária e epidemiológica e as adequadas práticas de higiene pessoal. Em situações de epidemia, na ausência das condições mencionadas, medidas de tratamento de água e da comida devem ser tomadas, visando reduzir a disseminação do bacilo. 3.14.1 Águapotável Porque a água contaminada é a fonte habitual de transmissão da cólera é crucial o fornecimento de água potável, para o consumo e preparação de alimentos e em particular para lavar as mãos. Nas áreas urbanas, deve ser disponibilizada água potável através de um sistema de abastecimento de água, contudo em situações de emergência, a água pode ser fornecida por camiões-cisterna. Nas zonas rurais onde não há nenhuma fonte de água tratada e, onde a água existente é a de poços, rios, deve ser feito o tratamento de água adicionando produtos químicos a base de cloro ou pela fervura até a ebulição, ou, outros métodos existentes, para o tratamento da água. A cloração (processo de adição de cloro à água como um método de purificação) deve ser recomendada, principalmente em situações de emergência, mesmo quando a água potável é segura (GONÇALVES et al. 2016). 3.14.2 Segurança e higiene dos alimentos Os alimentos contaminados constituem uma fonte de transmissão secundária da doença, que se deve ter em conta. As atividades de promoção da saúde devem ser intensificadas quando há uma ameaça de cólera, sublinhando a importância de: • Evitar comer alimentos crus (exceção: frutas e legumes que devem ser bem lavados com água potável); • Cozinhar alimentos cuidadosamente; • Lavar as mãos com água e sabão depois de defecar, ou após o contacto com as fezes, após mudar as fraldas das crianças, antes de preparar ou comer alimentos e de preparar a alimentação das crianças; • Lavar e secar cuidadosamente todos os utensílios com água potável (GONÇALVES et al. 2016). Dessa forma em cada litro de água destina a lavagem dos utensílios domésticos e limpeza de superfícies deve ser acrescido de 15 ml (colher de sopa) de hipoclorito de sódio 2% ou água sanitária, contendo 2% de cloro ativo (GONÇALVES et al. 2016). Os cuidados com a comida incluem o aquecimento adequado, tendo-se em vista que o patógeno não sobrevive a temperaturas superiores a 60ºC. Os alimentos devem ser consumidos ainda quente. Se forem destinados a consumo posterior, devem ser mantidos sob refrigeração ou congelados e reaquecidos antes do consumo. É indispensável manter os alimentos longe de insectos e roedores, bem como lavar as mãos antes das refeições e apos o uso do sanitário. O lixo deve ser acondicionado em recipientes fechados até a coleta ou incinerado em locais apropriados (BATISTA et al, 2003). 3.14.3 Saneamento ambiental O adequado saneamento do meio pode reduzir significativamente o risco de transmissão do vibrião. O saneamento deficiente pode levar à contaminação das fontes da água. As populações devem conhecer a importância de construir e usar corretamente as latrinas, conhecendo os perigos de defecar a céu aberto, ou próximo de fontes de água, e da importância de mãos com sabão depois de qualquer contacto com excrementos. É necessário enfatizar a importância do uso das latrinas entre as crianças (GONÇALVES et al. 2016). No caso de grandes grupos de pessoas que se reúnem para convívios, nomeadamente comícios, funerais, festas religiosas, deve-se ter o cuidado especial para assegurar a distribuição de alimentos seguros, cumprindo todas as regras de higiene, e também a eliminação segura de dejetos humanos, bem como, a disponibilização de instalações adequadas para a lavagem das mãos (GONÇALVES et al. 2016). 3.14.4 Vacinação Em situações que se prevê de risco elevado da doença, poderá recorrer-se à vacinação. Trata-se de uma vacina oral e consiste na administração de 2 doses antes da exposição. Pode ser administrada a crianças com idades superiores a um ano (GONÇALVES et al. 2016). Vários tipos de vacinas vêm sendo desenvolvidos, não havendo ainda proteção adequada- há baixa eficácia, não prevenindo infeção assintomática (BATISTA et al, 2003). 3.15 Medidas de controle da cólera • A notificação de casos suspeitos é fundamental no controlo de surtos; • Garantir o acesso da população aos serviços de diagnóstico e tratamento; • Garantir o destino e o tratamento adequado das fezes; • Garantir a recolha e a destruição adequada do lixo; • Promover medidas que visem à redução do risco de contaminação de alimentos, em especial por meio do comércio ambulante; • Definir procedimentos para garantir a qualidade dos processos de limpeza e desinfeção, principalmente para serviços de saúde áreas onde se confecionam alimentos (ROUQUAYROL et al. 2003) 4. METODOLOGIA 4.1. Tipo de estudo Trata-se de um estudo observacional, descritivo e transversal quanti-qualitativo sobre os conhecimentos, atitudes e práticas dos moradores do bairro Cassequel do Buraco sobre a cólera. 4.2. Local de estudo: O estudo foi realizado no bairro Cassequel do Buraco no distrito da Maianga no município de Luanda. 4.3. População em estudo: A população de estudo foi constituída por moradores do bairro Cassequel do Buraco, abordados na via pública. 4.4. Amostra: A amostra foi não probabilística, constituída por 121 moradores do referido bairro. 4.5. Critério de inclusão: Englobamos os moradores, com idades iguais e superiores à 18 anos, que estiveram presentes no dia da realização do inquérito e se mostraram disponíveis para o preenchimento do inquérito. 4.6. Procedimentos éticos: O protocolo foi aprovado pelo GIVA da Escola de Formação de Técnicos de Saúde de Luanda, posteriormente foi feito o pedido para a recolha de dados á administração da Maianga. Foi elaborado também um termo de consentimento livre e esclarecido no qual os participantes foram informados que o estudo era meramente académico e não seriam obrigados a participar tendo sido garantida a condição de anonimato. 4.7. Procedimento de recolha de dados: Os dados foram recolhidos por intermédio de um questionário elaborado com 12 perguntas fechadas. 4.8. Processamento de dados: Após a recolha de dados, os mesmos foram processados usando o Microsoft Office 365 e pelo SPSS para a emissão da tabela de distribuição de frequências. 4.9. Variáveis de estudo: Variáveis sócio demográficas: Idade; Sexo; Nível de escolaridade. Variáveis de estudo: Conceito da cólera; Causa da cólera; Transmissão da cólera; Sintomas da cólera; Sinais da cólera; Prevenção contra a cólera; Consumo da água tratada; Destino do lixo doméstico; O tratamento da água para o consumo; Onde adquires as frutas e legumes; Após a compra de um alimento cru (frutas e legumes), o que fazer; Que medida tomar quando se tem um parente em casa com cólera. 4.10. APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS Tabela nº 1 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, de acordo com a idade. Faixa etária / anos Fr % 18 - 22 58 47,9 23 - 27 26 21,5 28 - 32 14 11,6 33 - 37 6 5,0 38 - 42 9 7,4 43 - 47 3 2,5 48 - 57 5 4,1 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 1 revelam que 58 (47,9%) compreendem a faixa etária dos 18-22 anos e 5 (4,1%) compreendem a faixa etária dos 48-57 anos de idade. Tabela nº 2 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto ao sexo. Sexo Fr % Feminino 37 29,8 Masculino 84 69,4 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº2 revelam que 100% dos inqueridos 84 (69,4%) são do sexo masculino e 37 (29,8%) são do sexo feminino. Tabela nº 3 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto ao nível de escolaridade. Nível de escolaridade Fr % 1 Ciclo 22 18,2 2 Ciclo 76 62,8 Ensino superior 23 19 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº3 revelam que dos 100% inqueridos, 76 (62,8%) da amostra em estudo fez o 2º ciclo, 23 (19%) está no ensino superior e 22 (18,2%) fez o 1º ciclo. Tabela nº 4 – Distribuição da amostra dos moradores dobairro Cassequel, quanto ao conceito da cólera. Conceito da cólera Fr % É uma doença sexualmente transmissível 3 2,5 É uma doença infecciosa causada por picada de mosquito 25 20,7 É uma doença infecciosa que se contrai através do consumo de água e alimentos contaminados pelo Vibrio cholerae 93 76,9 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 4 revelam que dos 100% inqueridos, 93 (76,9%) afirmam que a cólera é uma doença infecciosa que se contrai através do consumo de água e alimentos contaminados pelo Vibrio Cholerae, e 3 (2,5%) dizem que a cólera é uma doença sexualmente transmissível. Tabela nº 5 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto a causa da cólera. Causa da cólera Fr % É causada pela contaminação pela bactéria Vibrio Cholerae 91 75,2 É causada pela contaminação pelo vírus Vibrio Cholerae 24 19,8 É causada pela contaminação pelo bacilo de Koch 6 5 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 5 revelam que dos 100% inqueridos, 91 (75,2%) afirmam que a cólera é causada pela contaminação pela bactéria Vibrio Cholerae e a menor frequência (6) dizem que a cólera é causada pela contaminação pelo bacilo de Koch, que correspondeu a 5% do total da amostra. Tabela nº 6 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto a transmissão da cólera. Transmissão da cólera Fr % Comer alimentos expirados 7 5,8 A partir da água e alimentos contaminados com fezes humanas com a presença das bactérias Vibrio cholerae 103 85,1 Beber água do tanque 11 9,1 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 6 revelam que dos 100% dos inqueridos, 103 (85,1%) afirmam que a cólera é transmitida a partir da água e alimentos contaminados com fezes humanas com a presença das bactérias Vibrio cholerae e 7 (5,8%) dizem que a cólera é transmitida pela ingestão de alimentos expirados. Tabela nº 7 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto os sintomas da cólera. Fonte: Ficha de inquérito Sintomas da cólera Fr % Febre 11 9 Diarreia volumosa 104 86 Dor de cabeça 6 5 Total 121 100% Interpretação: Os resultados da tabela nº 7 revelam que dos 100% inqueridos, 104 (86%) afirmam que o sintoma da cólera é a diarreia volumosa e, 6 (5%) dizem que o sintoma da cólera é a dor de cabeça. Tabela nº 8 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto os sinais da cólera. Sinais da cólera Fr % Acne 10 8,3 Olhos côvados e enrugamento da pele das mãos e dos pés 98 81 Comichão 13 10,7 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados na tabela nº 8 revelam que 100 % dos inqueridos, 98 (81%) dizem que os sinais da cólera são olhos côvados e enrugamento da pele das mãos e dos pés, e 10 que correspondem a 8,3% da amostra afirmam que a acne é um sinal da cólera. Tabela nº 9 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto a prevenção contra a cólera. Prevenção contra a cólera Fr % Vacina contra a cólera 22 18,2 Lavar os alimentos e tratar a água 95 78,5 Alimentação equilibrada 4 3,3 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 9 revelam que 100% dos inqueridos, 95 (78,5%) afirmam que lavar os alimentos e tratar a água é o melhor método de prevenção contra a cólera e 4 (3,3%) dizem que o método de prevenção contra a cólera é ter uma alimentação equilibrada. Tabela nº 10 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto o consumo da água tratada. Consomes água tratada Fr % Sim 104 86 Não 17 14 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 10 revela que dos 100% inqueridos, 104 (86%) consomem água tratada e 17 (14%) consomem água não tratada. Tabela nº 11 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto o destino do lixo doméstico. Destino do lixo doméstico Fr % Levar ao contentor 108 89,3 Queimar 2 1,7 Deitar no chão 11 9 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 11 revelam que dos 100% dos inqueridos, 108 (89,3%) afirmam que levam o lixo nos contentores e 2 (1,7%) dizem que queimam o lixo doméstico. Tabela nº 12 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto o tratamento da água para o consumo. Tratamento da água para o consumo Fr % Fervura 54 44.6 Cloração 58 47,9 Não trata a água 9 4,4 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 12 revelam que dos 100% inquiridos, 58 que corresponde a 47,9% tratam a água para o consumo usando o método de cloração e 9 (4,4%) não tratam a água para o consumo. Tabela nº 13 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto o lugar onde adquires as frutas e legumes. O lugar onde adquires as frutas e legumes Fr % No mercado informal 67 55,4 Na rua 12 9,9 No mercado formal 42 34,7 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 13 revelam que dos 100% inquiridos, 67 (55,4%) da amostra adquire suas frutas e legumes no mercado informal e 12 (9,9%) adquire suas frutas e legumes na rua. Tabela nº 14 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto as medidas a tomar após a compra de um alimento cru (frutas e legumes). Após a compra de um alimento cru (frutas e legumes) Fr % Consumir sem lavar 1 0,8 Lavar com água e lixívia e consumir 120 99,2 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº 14 revelam que 100% dos inquiridos, 120 (99,2%) lavam os alimentos com água e lixívia antes de consumir e apenas 1 (0,8%) consome os alimentos crus sem lavar. Tabela nº 15 – Distribuição da amostra dos moradores do bairro Cassequel, quanto as medidas a tomar quando se tem um parente em casa com cólera. Medida tomar quando se tem um parente em casa com cólera Fr % Dar medicamentos tradicionais 0 0 Dar bastante água e levar ao hospital ou um centro médico mais próximo 120 99,2 Esperar que passe 1 0.8 Total 121 100% Fonte: fichas de inquérito Interpretação: Os resultados da tabela nº15 revelam que dos 100% inquiridos, 120 que corresponde a 99,2% da amostra em estudo afirmam que a medida melhor medida a tomar quando se tem um paciente em casa com cólera é dar bastante água e levar ao hospital mais próximo e apenas 1 (0,8%) diz que a medida a se tomar seria esperar que passe. 5. CONCLUSÕES De acordo com os resultados do presente trabalho, concluímos que: · A maioria, 58 (47,9%) tinham idades compreendidas entre os 18-22 anos de idade, sendo que 84 (69,4%) são do sexo masculino, 76 (62,8%) referiram frequentar o 2º ciclo; · Quanto ao Conhecimento, 93 (76,9%) sabem que a cólera é uma doença infecciosa que se contrai através do consumo de água e alimentos contaminados pelo Vibrião Colérico, 91 (75,2%) sabem que a cólera é causada pela contaminação pela bactéria Vibrio Cholerae, 103 (85,1%) compreendem que ela é transmitida a partir de água e alimentos contaminados com fezes humanas com a presença das bactérias Vibrio Cholerae, 104 (86%) conhecem o sintoma da cólera que é a diarreia volumosa, 98 (81%) sabem que os sinais da cólera são os olhos côvados e enrugamento da pele das mãos e dos pés; · Em relação as atitudes e práticas, 95 (78,5%) alegam que para prevenir-se contra a cólera lavam os alimentos e tratam a água, 104 (86%) consomem água tratada, 108 (89,3%) levam o lixo doméstico ao contentor, 58 (47,9%) afirmam tratar a água para consumo usando o método de cloração, 67 (55,4%) adquirem suas frutas e legumes no mercado informal,120 (99,2%) lavam os alimentos crus com água e lixívia, 120 (99,2%) perante a um caso de um parente com suspeita de cólera afirmam que dariam bastante água e depois levar a um hospital ou centro médico mais próximo. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS De acordo com as conclusões, consideramos ser importante que: · Sejam feitas mais palestras permitindo assim que as pessoas saibam identificar e prevenir-se da doença, sabendo que a cólera é uma doença infecciosa; · As pessoas fervam a água para o consumo ou usem métodos de desinfecção da água para o consumo; · Se aumentem as campanhas de sensibilização sobre a importância do consumo da água tratada; · Consideramos ainda importante que as pessoas adquiram os alimentos em locais seguros, livres de contaminação do Vibrião colérico. Referências Bibliográficas ARRUDA et al. Manual integrado de vigilância epidemiológica da cólera, 2ª ed Editora MS. 2010 GONÇALVES et al. Manual de prevenção e controlo da cólera e de outras doenças diarreicas agudas, 1ª ed. Ministério da saúde. 2016 HARRISON. Medicina Interna, 15ª ed. MC graw Hill.2002 HARRISON. Medicina interna, 17ª, ed. Anthony. S. Fausci. 2008 JORGE ATOUGUIA. Doenças transmitidas por águas e alimentos 6ª ed. Universidade aberta.2009 JOSÉ RODRIGUES COURA. Síntese das doenças infecciosas e parasitas, 1ª ed. Guanabara Koogan. 2008 JOSÉ RODRIGUES COURA. Dinâmica das doenças infeciosas e Parasitárias, 2ª ed. Editora Guanabara MARIA ROUQUAYROL e NAOMAR DE ALMEIDA FILHO. Epidemiologia e Saúde, 6º ed. Guanabara Koogan. 2003 NEVES et al. Boletim epidemiológico, 2ª ed Editora EAL-Edições de Angola.2017 NEVES et al. Boletim epidemiológico, 1ª ed Editora EAL-Edições de Angola.2016 NEVES et al. Boletim epidemiológico, 3ª ed Editora EAL-Edições de Angola.2018 NETEMO, D.B. et al. Sebenta da Disciplina de Projecto Tecnológico. Escola de Formação de Técnicos de Saúde de Luanda. 2017. Luanda-Angola RODRIGO BATISTA. Manual de infetologia, 1ª ed. Revinter. 2003 TAVARES, WALTER. Rotinas de diagnóstico e tratamento das doenças infeciosas e parasitárias, 2ª ed. Editora Atheneu, 2009 GLOSSÁRIO Adenil-ciclase - é uma enzima amplificadora, que converte trifosfato de adenosina em monofosfato cíclico de adenosina. AMP-cíclico- é um nucleotídeo sintetizado no interior das células a partir do ATP, sob ação de uma enzima ligada à membrana. Anúria- é a ausência total da produção da urina. Cl- Cloro. Convalescença- Período de recuperação. Depleção- Redução de alguma substância ou processo físico, químico ou biológico. Enterócitos - é um tipo de célula epitelial da camada superficial do intestino delgado e intestino grosso. HCO3- Bicarbonato. Hipocalemia- baixa concentração de potássio no sangue. Íleo paralítico-é a ausência temporária dos movimentos contráteis normais do intestino. Inóculo- parte do patógeno capaz de causar infecção. K- Potássio. Lúmen - é um espaço interno ou cavidade dentro de uma estrutura com formato de tubo num corpo, como as artérias e o intestino. Na- Sódio. 44