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UNA - Inst i tuto Pol i técnico Curso de Eng. Mecânica E l em e n t o s d e M á q u i n a s P r o f . : D a n i e l G o m e s d a n i e l . j a n u a r i o @ p r o f . u n a . b r 1 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA ELEMENTOS DE MÁQUINAS FATOR DE PROJETO, FATOR DE SEGURANÇA E NORMAS DE PROJETO 2 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Fator de Projeto e Fator de Segurança Introdução O componente deve permitir que a tensão máxima seja inferior à resistência do componente, na geometria e condição de uso, em pontos de interesse específicos (pontos críticos) com uma margem suficiente, de modo que, apesar das incertezas, as falhas não ocorram. Resistência do componente: representa o nível de tensão que ocorre a perda de função. É uma propriedade do material ou de uma peça (elemento mecânico ). A resistência de um elemento depende da escolha, do tratamento e do processamento do material. 3 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Fator de Projeto e Fator de Segurança Introdução No projeto de elementos estruturais ou mecânicos deve-se restringir o carregamento a um nível seguro. A carga máxima que um elemento poderá suportar, sob condições normais de operação, é consideravelmente menor que carga limite de falha do material: - Essa carga máxima é conhecida como carga admissível ou carga de projeto; 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Fator de Projeto e Fator de Segurança Fator de Projeto (nd) A relação entre carga limite e carga admissível é definida como o Fator de Projeto (nd): O parâmetro pode ser carga, tensão, deflexão, torque, potência, velocidade, etc. O fator de projeto é adimensional e maior que 1 5 ou CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Fator de Projeto e Fator de Segurança Fator de Segurança (n) Depois do projeto ter sido determinado, o fator de projeto real pode mudar em razão: - Mudanças de arredondamento para um tamanho padrão de uma seção transversal ou - Utilização de componentes padronizados com dimensões maiores. O fator de projeto real é conhecido como fator de segurança n: - Tem a mesma função do fator de projeto nd; - Porém difere em valor absoluto. 6 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Fator de Segurança Tensão Limite x Tensão Admissível Tensão admissível (sadm): - É a máxima tensão que o componente pode suportar sem ocorrência de falha, mas com uma margem de segurança. 7 Tensão limite (slimite): - É obtida por meio de ensaios mecânicos do material - Ex: Limite de escoamento, Limite de ruptura, Limite de resistência à fadiga etc. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Fator de Segurança Tensão Atuante x Tensão Admissível No dimensionamento de componentes estruturais e mecânicos a tensão atuante (s) não pode ultrapassar a tensão admissível (sadm): 8 admss CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Fator de Segurança Tensão Limite Para materiais submetidos a esforços estáticos (constantes): - Materiais dúcteis: Limite de escoamento (sE); - Materiais frágeis: Limite de ruptura (sR); 9 Material dúctil Material frágil CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Fator de Segurança Tensão Limite Para materiais submetidos a esforços dinâmicos, a tensão limite é o limite de resistência à fadiga (Se) para uma vida infinita (N). 10 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Seleção de um Fator de Segurança A seleção do fator de segurança é uma tarefa de responsabilidade e envolve uma decisão de engenharia. FS muito baixo: - A possibilidade de falha se tornará grande e inaceitável; - O componente pode não executar a função para a qual foi projetada. FS muito alto: - Implica num projeto antieconômico e não funcional; - Por exemplo, pode ter um efeito inaceitável no peso de uma aeronave. 11 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Seleção de um Fator de Segurança A escolha apropriada do fator de projeto esta relacionada ao grau de incerteza existente no projeto. Portanto, a seleção deve ser feita com base em muitas considerações, como: 1.Incerteza nas propriedades dos materiais: - Composição química; - Processos de fabricação (tensões residuais, acabamento superficial, tratamentos termomecânicos, etc); - Armazenagem e transporte. 2.Tipos de falhas: - Materiais frágeis, falham subitamente sem nenhum avio prévio - Materiais dúcteis, passam por uma deformação antes de falhar; 12 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Seleção de um Fator de Segurança 3. Incerteza de cargas atuantes: - Constante; - Variável ( falha por fadiga); - Impacto; - Cargas acidentais; - Sobrecargas. Pode ser difícil prever os tipos de carregamento que um conjunto suportará em serviço, especialmente se o carregamento estiver sob o controle do usuário final ou da Mãe Natureza. Por exemplo, que esforços deverão suportar a roda e a estrutura de uma bicicleta? - Depende muito da idade, do peso e do grau de negligência do ciclista, do tipo de pista onde ela será usada, etc. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Seleção de um Fator de Segurança 3. Incerteza de cargas atuantes: - Constante; - Variável ( falha por fadiga); - Impacto; - Cargas acidentais; - Sobrecargas. O mesmo problema da incerteza das solicitações existe em todos equipamentos de transporte, navios, aeronaves, automóveis, etc. Os fabricantes dessas máquinas dedicam-se a extensos programas de testes para medir as solicitações operacionais típicas. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Seleção de um Fator de Segurança 4.Incerteza do método de análise (modelos matemáticos): - Modelos analíticos adotados; - Teorias de falhas utilizadas. 5.Condições ambientais esperadas em serviço: - Corrosão, - Desgastes; - Requisitos de manutenção; - Vibrações desconhecidas. 6.Riscos à vida e a danos materiais. 15 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Seleção de um Fator de Segurança Para a maioria das aplicações estruturais e de máquinas o fator de projeto é determinado por meio de: - Especificações de projeto - Normas técnicas; - Projetos já existentes; - Indicações tabeladas em livros e/ou revistas especializadas; - Na experiência do projetista 16 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA A tabela abaixo mostra um conjunto de fatores para materiais dúcteis que podem ser escolhidos com base no conhecimento ou julgamento do projetista sobre a qualidade das informações utilizadas. - O coeficiente global de projeto é tomado como o maior dos três fatores escolhidos. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Seleção de um Fator de Segurança CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA ú á Exemplos de Fatores de Segurança • Correntes:............n ≈ 1,1 a 1,5. • Correias:.............. n≈ 1,1 a 1,8. • Cabos de aço: Pás, guindastes, escavadeiras e guinchos:.................. n ≈ 5,0; Pontes rolantes:............................................................ n ≈ 6,0 a 8,0; Elevadores de baixas velocidades (carga):.................. n ≈ 8,0 a 10,0; Elevadores de altas velocidades (passageiros):........... n ≈ 10,0 a 12,0. • Aviação comercial:....... n ≈ 1,2 a 1,5 • Aviação militar:............. n ≈ 1,1 • Mísseis...... n ≈ 1,0 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Exemplos de Fatores de Segurança Os baixos valores dos fatores de segurança em aeronaves são necessários para manter o baixo peso e são justificados: - Sofisticados modelos numéricos (FEM) e analíticos; - Testes rigorosos dos materiais utilizados; - Extensos testes em protótipos em escala real; - Inspeções rigorosas de falhas dos equipamentos em serviço 20 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Normas de projeto e de Segurança Associações de engenharia e/ou agências governamentais desenvolveram normas para aplicações específicas de projetos de engenharia. Estas normas oferecem orientações e recomendações para fatores de segurança: - Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT; - American Society of Testing and Materials – ASTM – Normaliza propriedades mecânicas e ensaios de materiais; - American Iron and Steel Institute – AISI – Normalização de aços; - International Standard Organization – ISO – Normas técnicas variadas - Society of Automotive Engineers (SAE) – Sociedade dos Engenheiros Automotivos 21 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Normas de projeto e de Segurança Associações de engenharia e/ou agências governamentaisdesenvolveram normas para aplicações específicas de projetos de engenharia. Estas normas oferecem orientações e recomendações para fatores de segurança: - American Welding Society – AWS – Normaliza procedimentos e propriedades de juntas soldadas. - American Gear Manufacturers Association – AGMA – Normaliza dimensionamento de engrenagens. - American Society of Mechanical Engineers – ASME – Vários códigos de projetos, principalmente vasos de pressão. - Anti-Friction Bearing Manufacturers Association (AFBMA) 22 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Exemplo 01 23 O braço de controle está submetido ao carregamento mostrado na figura abaixo. Determinar o diâmetro requerido do pino de aço em C se a tensão de cisalhamento admissível do aço for tadm = 8 ksi. Observe na figura que o pino está sujeito a cisalhamento duplo. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Exemplo 01 - Solução 24 Diagrama de corpo livre do braço: Determinação das reações de apoio em C, usando as equações de equilíbrio: kipF FM AB ABc 3 055338 :0 5 3 kipCCF xxx 1053:0 54 kipCCF yyy 6053:0 53 Força resultante em C: kipFC 082,661 22 Diâmetro do pino em C: A V adm t pold 696,0 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Exercício proposto 01: 1.Um cabo de aço classe 6X37 de diâmetro ½”, tem uma carga de ruptura mínima efetiva igual a 10,4 tf. Este cabo será usado em uma ponte rolante (Considerar o F.S para ponte rolante igual a 7). Qual a carga máxima que este cabo pode suportar, sem ocorrência de falha (carga admissível)? 25 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Exercício proposto 02: 1.A tensão atuante em um cabo de aço de um elevador de passageiros é de 1550 MPa. O limite de resistência à tração do cabo de aço (retirado de catálogo do fabricante) é igual a 3880 MPa. Encontre o fator de segurança e determine se o mesmo é adequado para esta situação? 26 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Exercício proposto 03: 27 O conjunto é usado para suportar a carga distribuída w = 500 lb/pé. O aço utilizado na haste BC e nos pinos em B e C possui um limite de escoamento à tração igual a 36 ksi e um limite de escoamento ao cisalhamento igual a 18 ksi. A haste tem 0,4 pol de diâmetro e cada pino tem 0,3 pol de diâmetro. Determine o fator de segurança para a haste BC e para os pinos em B e C. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Referências Bibliográficas BEER, Ferdinand Pierre et al. Mecânica dos Materiais. 5ª ed. São Paulo: Makron Books, 2007. (disponível no acervo) BUDYNAS, Richard G.; NISBETT, J. Keith. Elementos de máquinas de Shigley: projeto de engenharia mecânica. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2011. HIBBELER, R.C.. Resistência dos Materiais. 5ª Ed São Paulo: Prentice Hall do Brasil, 2004. (disponível no acervo) NORTON, Robert L. Projeto de máquinas: uma abordagem integrada. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2006. 28 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA