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ELPOT - Aula 4 - Prof. Milton Domingos Xavier Página 1 Diodo de Potência A seguir temos o símbolo do diodo e suas características de operação através da curva v x i. Quando a tensão entre o anodo e o catodo for positiva e maior que VF (em torno de 0,7 V), é dito que o diodo está diretamente polarizado e está no estado de condução, ou seja, começa a conduzir corrente com uma pequena tensão sobre ele. Quando o diodo é reversamente polarizado, ou seja a tensão entre anodo e catodo é negativa, ele está no estado corte, bloqueando a passagem de corrente no sentido reverso. A entrada em condução de um diodo é considerada ideal, ou seja, rápida o suficiente para não afetar o resto do circuito de potência em que está inserido. Entretanto, no diodo real para o bloqueio leva-se um tempo adicional, chamado tRR – tempo de recuperação reversa. Isso ocorre porque na comutação do estado de condução para o bloqueio, ocorre a descarga da capacitância intrínseca da junção. Nesse intervalo de tempo tRR, a corrente no diodo torna-se negativa até que toda a carga armazenada na capacitância durante a condução se anule. Após a carga ter se anulado o diodo bloqueia. Esta corrente reversa pode, além de comprometer o bom funcionamento do circuito, gerar ruídos, sobretensões e perdas adicionais de comutação. Principais características: � É um dispositivo não-controlado (comuta espontaneamente se diretamente polarizado) � Conduz quando diretamente polarizado (VAK > 0) e bloqueia no sentido direto quando i < 0 . � Possui queda de tensão intrínseca quando em condução : VF ~ 1V (forward voltage) � Não são facilmente operados em paralelo � Pode conduzir reversamente durante um tempo trr (tempo de recuperação reversa - especificado pelo fabricante) Região Reversa Região Direta ELPOT - Aula 4 - Prof. Milton Domingos Xavier Página 2 A figura a seguir mostra como ocorre a comutação em um diodo. Comutação de um diodo A partir dos tempos de recuperação reversa, os diodos podem ser classificados quanto à velocidade de comutação (quanto menor for o tempo tRR, mais rápida será a sua comutação). Os diodos Schottky apresentam tempos de recuperação reversa muito pequenos, da ordem de 10 ns, pequena queda de tensão direta e são aplicados em altas freqüências e baixas tensões. Já o diodo ultra-rápido tem trr muito pequeno: próprio para tensões em torno de 400V mas pode ser usado em tensões superiores a 400V com um acréscimo no tempo de recuperação reversa. Os diodos rápidos são usados para maiores potências e menores freqüências. Já os diodos de uso geral (standard) são os diodos normalmente utilizados em frequências próximas à da rede CA (60Hz). A tabela a seguir mostra algumas linhas comerciais de diodos. ELPOT - Aula 4 - Prof. Milton Domingos Xavier Página 3 Os diodos de potência são fornecidos em vários tipos diferentes de encapsulamento como mostrado na figura a seguir. É através do encapsulamento que o calor gerado na junção do diodo se difunde para o ambiente. trr > 1µs - Baixas tensões - Altas freq. - Altas tensões - Altas freq. - Altas Potencias - Freq. médias - Baixas freq. trr ≈ 10ns ELPOT - Aula 4 - Prof. Milton Domingos Xavier Página 4 Perdas no diodo A perda total em um diodo é a soma das perdas no estado ligado, no estado desligado e no chaveamento. PT = PON + POFF + PSW PSW = PSWON + PSWOFF Onde: PON = VF . IF . ton / T POFF = VR . IR . toff / T PSWON = (1/6) . VR . IF . tF / T PSW = [1/(6T)] . VR . IF . (tF + tR) PSWOFF = (1/6) . VR . IF . tR / T VF = tensão direta ton = tempo de condução do diodo IF = corrente direta toff = tempo de desligamento do diodo VR = tensão reversa tF = tempo de descida ou fall time IR = corrente de fuga reversa tR = tempo de subida ou rise time Exercicio 1 No circuito abaixo Vin = 400V, f = 10KHz, d = 20% e IF = 30A. Se o diodo tem as características abaixo descritas, determine a perda total de potência no diodo. Solução: T = 1 / f = 1 / 10K = 100µs d = ton / T � 0,2 = ton / T � ton ≈ 0,2 .T toff / ton = 0,8.T / 0,2.T � toff = 4 . ton Isso implica que : � toff ≈ 0,8 .T T = ton + tF + toff + tR 100µ = ton + 1µ + 4 . ton + 0,1µ � ton = 19,78µs ���� toff = 79,12µs PON = VF . IF . ton/T = 1,1 . 30 . 19,78µ / 100µ = 6,53W � PON = 6,53W POFF = VR . IR . toff/T = 400 . 0,3m . 79,12µ / 100µ = 0,095W � POFF = 0,095W PSW = [1/(6T)] . VR . IF . (tF + tR) = [1 / (6 . 100µ)] . 400 . 30 . (1µ + 0,1µ) = 22W � PSW = 22W PT = PON + POFF + PSW = 6,53 + 0,095 + 22 = 28,62W � PT = 28,62W *** Perceba que pela fórmula de PSW = (1/6) . VR . IF . f . (tF + tR) , se aumentarmos a frequência 10x , a perda de potência no chaveamento (PSW) aumentará em 10x, enquanto as perdas por condução (Pon e Poff) permanecem praticamente inalteradas (razão cíclica d não foi alterada). Dados: VF = 1,1V IR = 0,3mA tF = 1µs tR = 0,1µs ELPOT - Aula 4 - Prof. Milton Domingos Xavier Página 5 Para comprovar isso, vamos aplicar ao exercicio anterior f = 100KHz, e refazer os cálculos: Assim, temos: T = 1 / f = 1 / 100K = 10µs d = ton / T � 0,2 = ton / T � ton ≈ 0,2 .T toff / ton = 0,8.T / 0,2.T � toff = 4 . ton Isso implica que : � toff ≈ 0,8 .T T = ton + tF + toff + tR 10µ = ton + 1µ + 4 . ton + 0,1µ � ton = 1,78µs ���� toff = 7,12µs PON = VF . IF . ton/T = 1,1 . 30 . 1,78µ / 10µ = 5,87W � PON = 5,87W POFF = VR . IR . toff/T = 400 . 0,3m . 7,12µ / 10µ = 0,085W � POFF = 0,085W PSW = [1/(6T)] . VR . IF . (tF + tR) = [1 / (6 . 10µ)] . 400 . 30 . (1µ + 0,1µ) = 220W � PSW = 220W PT = PON + POFF + PSW = 5,87 + 0,085 + 220 = 226W � PT = 226W Conclusão: Comparando os resultados, com o aumento da frequencia de 10KHz para 100KHz: � PSW aumentou 10x � Pon e Poff praticamente não se alteraram � PT aumentou aproximadamente 8x ( = 226 / 28,62 ) ** Portanto, neste caso, não vale a pena operar em 100KHz. Exercicio 2 (proposto) Na figura abaixo, Vin = 500V , f = 50KHz, d = 80% e IF = 20A. Para as características de diodo a seguir, determine a perda total de potência no diodo. Respostas: ton = 4 . toff � toff = 3,67µs e ton = 14,64µs PON = 29,3W POFF = 0,03W PSW = 141,6W PT ≈ 171W Dados: VF = 2V IR = 0,3mA tF = 1,5µs tR = 0,2µs DESAFIO: 1) Para qual valor de frequência de chaveamento teremos Pon = Psw/2 ? 2) Para qual valor de razão cíclica d teremos Pon = Psw , se f = 30KHz ? ELPOT - Aula 4 - Prof. Milton Domingos Xavier Página 6 Principais parâmetros dos diodos de potência � PIV (Tensão de pico inversa) = Tensão inversa máxima que pode ser aplicada nos terminais do diodo sem ruptura. Se a PIV nominal for excedida,o diodo começará a cunduzir no sentido inverso (período >> µs), e poderá ser danificado neste instante. A PIV é também chamada de PRV (Peak Reverse Voltage) ou tensão de ruptura. � IF(AVG)MAX (Corrente Direta Média Máxima) = Corrente máxima que o diodo pode suportar com segurança quando estiver diretamente polarizado. Está na faixa de alguns poucos a centenas de ampéres. � tRR (Tempo de Recuperação Reverso) = Intervalo de tempo em que a corrente reversa flui pelo diodo. É uma das características mais importantes no chaveamento em altas velocidades, pois influi diretamente na dissipação térmica do diodo. No diodo real, a passagem do estado ligado para desligado não é instantânea. Antes de desligar, uma corrente inversa flui por um breve período (período até ns) e o diodo não desliga até que a corrente inversa caia a zero. Esse tempo varia de centenas de ns a µs. Os diodos com tRR baixo são usados em aplicações de alta frequência, como inversores, fontes chaveadas, choppers (conversores DC-DC), etc. � TJmax (Temperatura Máxima de Junção) = Temperatura máxima que o diodo pode suportar sem apresentar defeito. As temperaturas nominais em diodos de silicio variam de – 40ºC a +180ºC. A operação em temperaturas mais baixas resulta em melhor desempenho e aumento de vida útil. Os diodos são em geral montados em dissipadores de calor para que haja melhora nas condições nominais de temperatura. � IFSM (Corrente Máxima de Surto) = Corrente máxima que o diodo pode suportar durante um eventual defeito ou transitório no circuito. Obsevar a máxima corrente de pico no diodo: IFSM > IPICO ELPOT - Aula 4 - Prof. Milton Domingos Xavier Página 7 Proteções dos diodos � Sobretensão Quando o diodo está diretamente polarizado, a tensão em seus terminais é baixa, não ocorrendo problemas. Entretanto, um diodo inversamente polarizado atua como circuito aberto. Se a tensão reversa nos terminais exceder a PIV, a corrente reversa dispara. Como resultado da corrente alta e da tensão alta, é bem provável que a dissipação de calor na junção exceda o seu valor máximo, danificando o diodo. Por segurança, na prática, utilizamos: PIV > 1,2 . VRmáx (operação reversa) � Sobrecorrente O fabricante especifica o valor nominal de corrente máxima com base nas temperaturas máximas de junção. Recomenda-se que a corrente no circuito seja mantida abaixo desse valor. A proteção contra sobrecorrente é proporcionada pela utilização de fusível. � Transitórios Transitórios ou transientes são picos de tensão de curta duração que surgem durante a comutação (ou também devido a fatores externos: descargas elétricas atmosféricas, por exemplo), podendo ultrapassar a tensão máxima reversa suportável pelo diodo. A proteção contra transientes é feita com circutios RC série conectados em paralelo com o diodo. Esse artificio anula ou reduz a taxa de variação de tensão dv/dt e é denominado circuito SNUBBER.