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1 Colecistites – Histopatologia P5 | Carolina Canales Colecistites É a inflamação da vesícula biliar. Pode ser aguda, crônica, ou aguda superposta a crônica. Colecistite Aguda Pode ser calculosa ou acalculosa. Colecistite Calculosa aguda É a inflamação aguda da VB que decorre em 90% dos casos por obstrução do ducto cístico ou do colo da VB. Fisiopatologia: A obstrução oriunda dos cálculos causa inflamação da parede: o Mecânica: aumento da pressão intraluminal e distensão por produção reativa de muco, com consequente isquemia da mucosa e parede. o Química: os cálculos irritam a parede da vesícula, que libera fosfolipase A2, que converte lecitina em lisolecitina, um potente irritador químico que rompe a camada mucosa de glicoproteína e expõe o epitélio a ação dos sais biliares. o Bacteriana: proliferação de bactérias como E.coli, klebsiella, Streptococcus, staphylococcus etc – pode ou não se desenvolver, mais tardiamente. Aspectos Clínicos • Dor em QSD ou epigástrio + febre, anorexia, êmese, náuseas. • Leucocitose moderada • Pode aparecer de modo súbito, constituindo uma emergência cirúrgica ou como sintomas leves que cedem até mesmo sem intervenção médica. Colecistite Alitiásica Aguda Fisiopatologia Costuma ocorrer em pcte acamado ou em jejum prolongado em que a falta de estimulo para a contração da VB leva a comprometimento da estase biliar, absorção de água e aumento da concentração da bile, formando a lama biliar. A inflamação e o edema de parede comprometem o fluxo sanguíneo da A. cística, a estese biliar, bile viscosa e muco da VB. A lama biliar, rica em sais biliares, causa o processo inflamatório, congestão, colonização bacteriana e necrose. A bile viscosa e o muco, junto a lama biliar, causam a obstrução na ausência de cálculos. A obstrução da VB pode ser também por neoplasias, estenose fibrosa, áscaris lumbricoides. Aspectos Clínicos • Os sintomas clínicos da colecistite acalculosa aguda tendem a ser mais insidiosos, uma vez que os sintomas são obscurecidos pelas condições subjacentes que precipitam os ataques • Uma maior proporção de pacientes não apresenta sintomas referentes à vesícula biliar; • Como resultado da demora no diagnóstico ou da própria doença, a incidência de gangrena e perfuração é muito maior na colecistite acalculosa que na calculosa. 2 Colecistites – Histopatologia P5 | Carolina Canales Morfologia Macroscópica Vesícula aumentada, de paredes espessadas e tensa, com coloração vermelho vivo que pode ir a verde devido hemorragias subserosas. A luz da vesícula biliar pode conter um ou mais cálculos e está preenchida por uma bile nebulosa ou turva, que contém grandes quantidades de fibrina, pus e hemorragia. Em casos leves, a parede da vesícula biliar está espessada, edematosa e hiperêmica; Em casos mais severos, ela é transformada em um órgão necrótico verde- negro, chamada de colecistite gangrenosa, com perfurações pequenas a grandes; Quando o exsudato presente na VB for constituindo apenas por pus e a via colocística está obstruída, chama-se empiema da VB. Quando a inflamação é sobreposta a colecistite crônica, pode-se observar fibrose e volume normal ou diminuído. edema de parede e necrose de mucosa Morfologia Microscópica Edema Infiltrado inflamatório neutrofílico Áreas de hemorragia e congestão dos vasos Deposição de fibrina Erosões mucosas Alterações epiteliais reativas variáveis que se assemelham a displasia Amarelo = infiltrado neutrofilico Verde = infiltrado neutrofilico na camada muscular Espessamento purulento difuso da parede da vesícula biliar. A mucosa da vesícula biliar é hemorrágica e há pedras presentes. 3 Colecistites – Histopatologia P5 | Carolina Canales Azul = vaso congesto Vermelho = exsudato livre no lúmen Papilas rompidas na mucosa Colecistite enfisematosa. Edema difuso, focos de hemorragia, múltiplas coleções de gás cístico na parede da vesícula biliar 4 Colecistites – Histopatologia P5 | Carolina Canales Colecistite Crônica Pode ser uma sequela de surtos de colecistite aguda, mas na maioria dos casos se desenvolve na ausência desses. É definida como um infiltrado inflamatóriomononuclear na mucosa e parede da vesícula biliar , com grau variável de fibrose mural. Fisiopatologia Ainda é pouco conhecida, mas sabe-se que a obstrução biliar não é requisito. A supersaturação de bile predispõe a inflamação crônica e em grande parte das vezes, a formação de cálculos. Morfologia Macroscópica A vesícula pode estar contraída ou de tamanho normal – aumentado; A serosa que geralmente é lisa e brilhante pode estar apagada por fibrose subserosa; Podem haver aderências fibrosas – sequela de inflamação aguda previa; Parede pode estar espessada e branco-acinzentada; Morfologia Microscópica Grau de inflamação varia: desde linfócitos difusos, macrófagos e plasmócitos na mucosa e no tec fibroso subseroso (leve) a fibrose subepitelial e subserosa. Inflamação crônica leve com seios de Rokitansky-Aschoff, granulomas (de seios Rokitansky-Aschoff rompidos), hipertrofia do músculo liso. o Seios de Rokitansky Aschoff: herniações diverticulares da mucosa por entre feixes da camada muscular. Hiperplasia neuromatosa, colágeno hialinizado, calcificação distrófica, agregados linfoides (5%) infiltração estromal e mural por células inflamatórias mononucleares , predominantemente linfócitos e plasmócitos Alterações mucosas variáveis (normal, atrófica, ulcerada), secundária à as erosões e/ou cicatrizações. FIBROSE + INFI LINFOCÍTICO Apresentação Clínica • Dor abdominal intermitente • Intolerancia a alimentos gordurosos • Nauseas e vomitos • Flautulencia Infiltrado mononuclear mucosa da vesícula biliar está infiltrada por células inflamató rias 5 Colecistites – Histopatologia P5 | Carolina Canales Mucosa atrófica e LP fibrótica. Na parede da vesícula biliar, a fibrose subepitelial e subserosa está presente. Os seios de Rokitansky-Aschoff são proeminentes (estruturas glandulares no fundo da parede). A saculação da mucosa pelas paredes forma o seio de Rokitansky-Aschoff (contendo bile) 6 Colecistites – Histopatologia P5 | Carolina Canales Na colecistite crônica, a vesícula biliar mostra fibrose da parede, aqui melhor notada na serosa. Há infiltrado inflamatório crônico inespecífico em todas as camadas, aqui visível na lâmina própria* e na serosa. Quando há agudização do processo inflamatório (por exemplo, por nova infecção bacteriana), aparece exsudato de fibrina e neutrófilos, que pode ser francamente purulento e evoluir para necrose da parede (fala-se em gangrena da vesícula). Uma feição característica da colecistite crônica são os seios de Rokitansky- Aschoff, prolongamentos do epitélio de revestimento que penetram entre os feixes de fibras musculares lisas. São achados comum em colecistites crônicas e não devem ser confundidos com carcinoma. * lâmina própria = córion da mucosa. Notar que a vesícula biliar não tem submucosa.