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Sheila Wayszceyk – Medicina XLVIII BIOELETRICIDADE - Células vivas →diferença de potencial entre os dois lados da membrana Interior → negativo Exterior → positivo - Origem potencial → distribuição assimétrica de íons - Potencial → duas formas principais: 1. De repouso 2. De ação ❖ POTENCIAL DE REPOUSO, TRANSMEMBRANA, REGIME ESTACIONÁRIO OU ESTADO FIXO - Esse potencial tem sua origem em um mecanismo simples, de alternância entre transporte ativo e passivo de pequenos íons - Mecanismo de [ ] e o tipo de transporte: 1ª fase: os íons Na+ entram passivamente na célula, através do gradiente de [ ] 2ª fase: a célula expulsa esses íons ativamente, ao mesmo tempo que introduz, também ativamente, um íon K+ 3ª fase: esse íon K+ tem grande mobilidade, e volta passivamente para o lado externo da membrana, conferindo-lhe carga positiva. Do lado interno, íons fosfato e especialmente proteínas aniônicas fornecem carga negativa. - As [ ] iônicas intra e extracelular permanecem constantes durante todo o tempo - Todas as células possuem potencial transmembrana, que desaparece com a morte celular - Potencial de repouso → -40 mV a -90 mV (variação) - Potencial de repouso → fibras nervosas → -65 mV - Células nervosas → Na+, K+, Cl- - Na+: fora para dentro → passivo K+: dentro para fora → passivo dentro para fora → ativo fora para dentro → ativo - Potencial de repouso é um complexo estado de equilíbrio dinâmico dependente de 3 fatores: Sheila Wayszceyk – Medicina XLVIII 1. Diferente permeabilidade dos íons: durante o potencial de repouso, a membrana é 40x mais permeável a K+ que a Na+. Favorece a saída de K+, meio interno fica mais negativo. 2. Íons não difusíveis (fosfato) (proteínas aniônicas → internamente): são carregados negativamente, [ ] internamente. 3. Bomba de Na+-K+: cada vez que a bomba atua, ela retira 3Na+ e coloca 2K+. Tira 3 cargas positivas e coloca 2 positivas. Repouso carregado negativamente internamente. Bombeia sódio → exterior Bombeia potássio → interior Déficit de íons positivos no interior ❖ POTENCIAL DE AÇÃO - Variação de potencial da membrana com retorno - Transmitido impulso nervoso → membrana por fração de segundo → fica mais permeável ao sódio Fica mais negativo fora Mais entrada de Na+ e meio interno fica menos negativo - Variação rápida do potencial de membrana, seguida por retorno ao potencial de repouso - Tecidos excitáveis → aplicação de estímulo (químico ou elétrico) → série de eventos - Despolarização: abertura dos canais de Na+ com penetração de uma diminuta quantidade de íons Na+, suficiente para anular a diferença de potencial transmembrana. Canais de Na+: mais rápido → responde rápido Canais de K+: resposta lenta Comporta externa: ativação Comporta interna: inativação Sheila Wayszceyk – Medicina XLVIII - Polarização invertida: continua a entrada de Na+, e com um pouco mais desses íons, a parte interna da célula fica positiva. A variação de potencial não para em V=0, ela ultrapassa assumindo valores positivos (interior da célula fica positivo) O excesso de Na+ que entra na célula vai além do contrabalanço de eletronegatividade interna A partir do zero já é polarização invertida Polarização invertida → ultrapassagem - Repolarização: logo em seguida, fecham-se os canais de Na+, e o íon K+ sai da célula, repolarizando-a. A bomba de sódio se encarrega de expulsar o pequeno excesso de íons Na+ que estava no interior da célula, e tudo volta ao estado normal. Fecham-se canais de Na+ e abrem-se os de K+ Bomba Na+, K+ corrige as [ ] iônicas Abertura dos canais vide desenho acima em Despolarização Observação: velocidade de saída de K+ é rápida, o canal é lento, a resposta ao estímulo é lenta. ❖ INICIAÇÃO AO POTENCIAL DE AÇÃO Sheila Wayszceyk – Medicina XLVIII 1. Evento: estímulo e abertura dos canais de Na+ 2. Variação potencial de membrana (-65mv em direção ao zero) 3. Abertura dos canais de sódio voltagem dependente 4. Influxo de sódio 5. Varia potencial de membrana cada vez mais 6. Mais canais de sódio se abrem 7. Fechamento dos canais de sódio e abertura dos canais de potássio 8. Bomba de sódio e potássio 9. Potencial de repouso ❖ PÓS-POTENCIAL NEGATIVO - Atraso na repolarização em função de uma saída excessiva de K+, o que vai diminuir o gradiente de K+ - A repolarização → rápida →-30/-35 mV - -35 mV → -65 mV → mais lenta ❖ PÓS-POTENCIAL POSITIVO - Em -65 mV a repolarização continua, atingindo voltagens mais negativas que o próprio repouso, caracterizando uma hiperpolarização. A grande corrente de saída de íons K+ pelos canais voltagem dependentes de K+ gera temporariamente um potencial mais negativo do que o potencial de membrana. Esse fenômeno é conhecido como hiperpolarização. Nesse ponto, as comportas inibitórias dos canais voltagem dependentes de K+ se fecham e o potencial de membrana volta a ser comandado pelos canais de repouso de K+. As bombas de Na+-K+ continuam bombeando íons Na+ para fora e íons K+ para dentro, prevenindo dessa forma a perda do potencial de repouso de membrana a longo prazo. O potencial de repouso de -65 mV é restabelecido e o neurônio é considerado repolarizado. ❖ LIMIAR PARA INICIAÇÃO DO POTENCIAL DE AÇÃO - É uma pequena variação do potencial suficiente para que aconteça ativação em cascata de abertura dos canais de Na+ ❖ LEI DO TUDO OU NADA Sheila Wayszceyk – Medicina XLVIII - Se o limiar não for atingido, ou seja, a despolarização ou o influxo de sódio não forem suficientemente fortes, não ocorre o potencial de ação. - Só existe de uma forma, depende da intensidade do estímulo, tem que ser suficiente para atingir o limiar. ❖ PLATÔ - Impede que a repolarização aconteça imediatamente após a polarização invertida - Um potencial de ação é uma alteração rápida na polaridade da tensão elétrica, de menos para mais e de volta para menos. Esse ciclo completo dura poucos milissegundos. Cada ciclo, e, portanto, cada potencial de ação possui uma fase ascendente, uma fase descendente e, ainda, uma curva de tensão elétrica inferior a do potencial de repouso de membrana. Em fibras musculares cardíacas especializadas, uma fase de platô, com tensão elétrica intermediária pode preceder a fase descendente Potencial de ação no músculo cardíaco Gráfico: ❖ RITIMICIDADE (DESCARGA REPETITIVA) - Descarga rítmica como os batimentos cardíacos e a frequência respiratória - Auto-excitáveis - Membrana (estado natural) deve ser permeável aos íons sódio para a despolarização automática ❖ PERÍODO REFRATÁRIO - Célula não responde a novos estímulos Sheila Wayszceyk – Medicina XLVIII - 2º potencial de ação não vai acontecer enquanto a membrana estiver despolarizada - Condição: potencial de membrana retorna ao potencial de repouso ou quase - Período refratário absoluto: incapaz de gerar outro potencial de ação e independe da intensidade do estímulo já que ele não é suficiente para abrir canais de Na+ e assim não acontece um 2º potencial - Período refratário relativo: necessário um estímulo mais intenso que o normal para gerar potencial de ação Mais próximo do potencial de repouso Poderia abrir canais de Na+ e gerar 2º potencial ❖ PROPAGAÇÃO DE POTENCIAL DE AÇÃO - Existem dois sentidos: 1. Dendritos → corpo celular → axônio (propagação ortodrômica → natural) → ocorre em neurôniose gliais 2. Axônio → corpo celular → dendritos (antidrômica) → só em gliais - Ortodrômica: condução no sentido naturalmente programado para o nervo - Antidrômica: propagação em sentido contrário ❖ VARIAÇÕES NO POTENCIAL DE REPOUSO E POTENCIAL DE AÇÃO EM FUNÇÃO DAS CONDIÇÕES DO SISTEMA - Aumento da [ ] externa de K+, diminui PR de -65 mV até 0 (fica menos negativo) - Diminuição da [ ] externa de Na+, diminui PA, pois diminui a quantidade disponível de Na+ para entrar - Substâncias que bloqueiam os canais de Na+, bomba de Na+ e ocupam os receptores, alteram o PR e PA Ex: anestésicos locais, que bloqueiam temporariamente os canais de Na+ não ocorrendo resposta a dor e impedindo o potencial de transmissão. ❖ NEURÔNIO - Unidade funcional do SN - Codifica tudo o que sentimos e pensamos Sheila Wayszceyk – Medicina XLVIII - Membrana excitável que pode produzir, conduzir e transferir o impulso. - Constituição: corpo celular Dendritos Axônio - Dendrito: recebe informação proveniente de outros neurônios a que se associa (70-80% das sinapses nos dendritos) Mais dendritos, mais área para receber informação aferente e mais ramificado é o axônio - Axônio: saída da informação eferente - Telodendro: transmissão da informação proveniente do corpo celular e dos dendritos de um neurônio → sinapse Impulsos nervosos entre neurônios Ramificação: aumenta a área de contato com os dendritos e possibilidade de sinapses - Neurônios se diferenciam das demais células por ter morfologia adaptada para o processamento da informação - Mielinização: a parte que não tem a bainha, tem o nódulo de Rivier onde acontece as trocas iônicas - Condução saltatória: aumenta a velocidade de transmissão do impulso e diminui o gasto energético - Bomba consome 70% do ATP do encéfalo - Bainha feita por células gliais - Periférico feita por células de Schwan Sheila Wayszceyk – Medicina XLVIII - Esclerose múltipla, uma doença desmielizante: a EM ataca as bainhas de mielina dos feixes de axônio do encéfalo, medula espinhal e nervos ópticos. Lesões que se desenvolvem ao redor dos feixes de axônios É dita múltipla porque a doença ataca muitos sítios no sistema nervoso ao mesmo tempo Pessoas com EM caracterizam-se por uma diminuição marcante da velocidade de condução de seus nervos ópticos - Guillain-Barré: doença que ataca a mielina dos nervos periféricos que inervam o músculo e a pele. Essa doença pode se seguir a doenças infecciosas ou inoculações menores e parece resultar de uma resposta imunitária anômala contra a própria mielina Os sintomas derivam diretamente do retardo e/ou falha na condução do potencial de ação nos axônios que inervam os músculos. Esse déficit de condução pode ser demonstrado clinicamente pelo estímulo elétrico de nervos periféricos da pele, medindo-se, então, o tempo decorrido para evocar uma resposta.