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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEP. DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL ANA CARLA HOLANDA DIAS 2015005731 RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO I EL ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES Pau dos Ferros/RN 2017 ANA CARLA HOLANDA DIAS 2015005731 RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EL ENGENHARIA E CONSTRUÇÕES Relatório Final apresentado ao Conselho do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, como requisito para a aprovação nas Atividades de Estágio Supervisionado I. Orientador: M.Sc. Marília Cavalcanti Santiago Supervisor: Erlando Lopes de Holanda __________________________________ Assinatura do Supervisor na Empresa __________________________________ Assinatura do Orientador Recebido pelo Conselho de Curso em: ______/ _______ / ________ __________________________________ Assinatura do Coordenador de Curso LISTA DE FIGURAS Figura 1: Portas de madeira deterioradas .......................................................... 8 Figura 2: Fissuras na edificação ......................................................................... 9 Figura 3: Descolamento do revestimento ......................................................... 10 Figura 4: Eflorescências na alvenaria .............................................................. 11 Figura 5: Orçamento da reforma do piso .......................................................... 12 Figura 6 - Orçamento de pintura de escola ...................................................... 13 Figura 7: Fôrma do pilar ................................................................................... 14 Figura 8: Fabricação do concreto em obra ....................................................... 15 Figura 9: Concretagem do pilar ........................................................................ 15 Figura 10: Adensamento do concreto .............................................................. 16 Figura 11: Detalhe dos pilares .......................................................................... 16 Figura 12: Nivelamento do solo ........................................................................ 17 Figura 13: Recebimento do aço ....................................................................... 18 Figura 14: Estribos ........................................................................................... 18 Figura 15: Configuração final das vigas ........................................................... 19 Figura 16: Aplicação do desmoldante .............................................................. 20 Figura 17: Espaçadores de concreto ................................................................ 21 Figura 18: Correção de inclinação .................................................................... 21 Figura 19 - Vibração do concreto das vigas ..................................................... 22 Figura 20 - Detalhamento da viga V1 ............................................................... 23 Figura 21 - Detalhe da armadura em balanço .................................................. 23 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5 1.1 OBJETIVOS ....................................................................................................... 5 1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 5 1.3 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA ....................................................................... 6 1.4 ÁREA DE ATUAÇÃO DO ESTÁGIO .................................................................. 6 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ........................................................................ 6 2.1 LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO ............................................................... 6 2.2 ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ......................................... 7 2.3 ORÇAMENTO .................................................................................................. 11 2.4 ACOMPANHAMENTO DE OBRA .................................................................... 13 2.4.1 Concretagem de pilares .......................................................................... 13 2.4.2 Nivelamento do solo ................................................................................ 17 2.4.3 Ferragem .................................................................................................. 17 2.4.4 Execução das vigas ................................................................................. 19 2.4.5 Mudanças no projeto estrutural .............................................................. 22 3 CONCLUSÕES .................................................................................................. 24 4 ANEXOS ............................................................................................................. 25 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 28 5 1 INTRODUÇÃO A construção civil crescente é sinônimo de desenvolvimento em um país. Para o semiárido brasileiro ela faz parte da promessa de vida mais confortável perante as chagas ambientais enfrentadas por essa região, como a escassez de água. A formação de engenheiros no cerne do nordeste brasileiro se mostra, portanto, como peça fundamental para a geração de ideias e o progresso infra estrutural esperado. Não obstante, é de extrema importância a interação dos estudantes de engenharia civil com o meio prático, ambiente onde sua profissão será desenvolvida. O estágio supervisionado se apresenta como uma oportunidade para iniciar a compreensão daquilo que tem sido estudado na universidade, permitindo uma relação com o cotidiano do seu trabalho (SCALABRIN e MOLINARI, 2013). No desenvolvimento deste relatório serão descritas as atividades de levantamento arquitetônico, análise de manifestações patológicas, orçamento e acompanhamento de obra, realizados durante o Estágio Supervisionado I. Desta forma, serão relacionados os conteúdos estudados ao longo da graduação com os aspectos observados na prática. 1.1 OBJETIVOS Abordar a parte prática da profissão de engenheiro civil, aplicando o conhecimento teórico obtido na graduação; Averiguar os processos de construção civil na vivência do canteiro de obras; Entender atividades particulares como levantamentos arquitetônicos, orçamentos e verificação do material comprado para uso no canteiro. 1.2 JUSTIFICATIVA A necessidade de profissionais cada vez mais preparados e com habilidades equivalentes às mudanças constantes dos métodos de construção civil exigem do graduando uma formação completa. Para isso, é essencial a experiência única fornecida pelo estágio supervisionado. Assim, tendo em vista que o aprendizado se mostra muito mais eficiente quando unido à prática, o estágio curricular obrigatório foi realizado na empresa EL 6 Engenharia, em Pau dos Ferros, proporcionando a oportunidade de perceber e direcionar aptidões técnicas. 1.3 IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA A empresa EL Engenharia e Construções foi fundada no ano de 2005 pelo engenheiro civil Erlando Lopes, até entãoengenheiro em exercício desde o ano de 1998, atuando na supervisão e gerenciamento de obras. A empresa dispõe de serviços especializados para construção e reformas, atendendo Pau dos Ferros e cidades vizinhas. O quadro de funcionários não é fixo, desde que há uma grande rotatividade de colaboradores. Para cada nova obra a empresa contrata uma equipe especializada naquele serviço. 1.4 ÁREA DE ATUAÇÃO DO ESTÁGIO O estágio se dividiu em uma série de atividades de acordo com a solicitação do engenheiro supervisor. Estas se constituíram em três fases. Primeiramente em campo, através de levantamentos arquitetônicos e de patologias das construções. Depois, iniciaram-se as atividades em escritório, com a elaboração de orçamentos, e por fim, se deu o acompanhamento e fiscalização da obra da construção de um edifício de três pavimentos, localizado na Rua Independência, no centro de Pau dos Ferros (RN). 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 2.1 LEVANTAMENTO ARQUITETÔNICO A primeira atividade desenvolvida na empresa foi o levantamento arquitetônico do Hospital Municipal Erika Emanuelle Soares Arquileu, no município do Encanto (RN). O objetivo era fazer as medições do ambiente manualmente em um papel e converte-lo em um projeto digitalizado no software AutoCAD. O engenheiro responsável recomendou que as medições fossem feitas inicialmente utilizando-se de um esboço, feito manualmente, da edificação. Ao chegar 7 no local, é feita uma pequena inspeção no ambiente, e de maneira rápida mas compreensível, tentar reproduzir um croqui da planta baixa do local para que as medidas possam ser registradas corretamente. Para a realização da atividade, além de se responsabilizar pelo transporte para deslocamento até o local de verificação, disponibilizou uma trena de fibra óptica de 50 metros. Foi estabelecido, que as medidas deveriam ser anotadas sempre arredondando as casas decimais para múltiplos de cinco, de maneira a padronizar as medições. Um registro fotográfico de cada ambiente também deveria ser feito para possíveis dúvidas no momento da digitalização. O processo de medições se mostrou um trabalho árduo, em parte devido a nossa inexperiência, mas especialmente por se tratar de um local com grande quantidade de janelas e portas, e de inclinação peculiar. Mesmo após todas as medidas serem retiradas em três dias, fez-se necessário uma última visita ao local para correção de erros encontrados durante a digitalização do projeto. O resultado da planta baixa e fachada do hospital mencionado segue no anexo 1. O segundo levantamento arquitetônico foi realizado na Escola Municipal 7 de Setembro, no município de São Francisco do Oeste (RN). A escola possuía dimensões consideravelmente inferiores ao hospital anteriormente mencionado, mas as medições se deram de forma bem mais eficiente, sendo necessário apenas uma visita. O resultado da planta baixa pode ser observado no Anexo 2, ao final deste relatório. Essas medições foram efetuadas com o intuito de realizar o plano orçamentário para determinadas reformas, a serem discutidas mais detalhadamente nos tópicos que se seguem. 2.2 ANÁLISE DAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS Nas visitas para retirada de medidas do hospital, foram feitos registros fotográficos das principais manifestações patológicas encontradas no local para análise visual, e posterior verificação da necessidade de reformas. Segundo Cremonini (1988) a patologia das edificações é um ramo da engenharia que surgiu com o intuito de estudar os edifícios e seus componentes que por alguma razão passam a ter seu desempenho insatisfatório, fazendo uma análise dos defeitos através das origens, causas, mecanismos de ocorrência e consequências 8 de suas manifestações patológicas. As figuras a seguir apresentam os resultados da análise superficial elaborada para o hospital municipal da cidade do Encanto: Caso 1: Deterioração de portas de madeira Figura 1: Portas de madeira deterioradas Autoria própria (2017) Diversas portas de madeira do hospital se encontravam em estado avançado de deterioração. Os danos encontrados nesses casos provavelmente se relacionam às variações de temperaturas, e agente abióticos, como a água e o sol. Segundo (BRAGA et. al, 2009) a umidade nas portas produz: Fendilhação: Abertura de fendas na madeira; Retrações: Se trata da diminuição do volume de um material. Na madeira, ocorre quando o teor de umidade cai abaixo do ponto de saturação das fibras (QUOIRIN, 2004). Empolamentos: Neste caso, ocorre o contrário da retração, havendo um aumento no volume de material. Empenamento: Empenamento é qualquer distorção da peça de madeira em relação aos planos originais de suas superfícies (JANKOWSKY e GALINA, 2013). Putrefação da madeira: Apodrecimento da madeira. a) b) c) d) 9 As fendas ou fissuras encontradas agem como portas de entrada de umidade e favorecem o aparecimento de fungos e insetos xilófagos (que se alimentam de madeira), como os cupins. Caso 2: Fissuração Figura 2: Fissuras na edificação Fonte: Autoria própria (2017) As fissuras podem começar a surgir, de forma congênita, logo no projeto arquitetônico da construção, devido à incompatibilidade entre projetos de arquitetura, estrutura e fundações. Elas são problemas patológicos que podem anunciar um eventual estado perigoso para a estrutura e o comprometimento do desempenho da obra em serviço, além de exercer constrangimento psicológico aos usuários da edificação (CASOTTI, 2007). A alvenaria do hospital apresentou em alguns pontos fissuras de extensão considerável, que devem receber uma avaliação mais criteriosa em virtude de suas possíveis causas estarem ligadas à estrutura da edificação. Caso 3: Descolamento de revestimento cerâmico e piso antiderrapante a) b) c) 10 Figura 3: Descolamento do revestimento Fonte: Autoria própria (2017) Placas cerâmicas de diferentes tipos estão descoladas em partes do piso e do rodapé na edificação. Além disso, o desgaste provocou o descolamento também de parte do piso de borracha antiderrapante disposto em uma rampa do hospital. Problemas como esses merecem atenção especial quando em ambientes hospitalares, pois consistem em focos de acúmulo de fungos e impossibilitam a higiene adequada ao local. Com relação ao revestimento cerâmico, considera-se que este tipo de material não é totalmente estável, uma vez que se expande com o menor ou maior grau de deformação ou deslocamento. Outro fator a ser considerado para os revestimentos mencionados é que, com o aumento progressivo dos esforços, pode-se atingir estado de tensão, tal que, as peças do revestimento possam se romper ou se descolar, ocorrendo uma ruptura de ligação do revestimento com a camada de suporte (UCHÔA, 2015). Caso 4: Eflorescências a) b) c) d) 11 Figura 4: Eflorescências na alvenaria Fonte: Autoria própria (2017) Ao longo de toda a edificação era comum encontrar trechos na alvenaria onde a pintura estava danificada devido ao surgimento de eflorescências. Além disto, as eflorescências podem causar desagregação profunda e modificação no aspecto visual da estrutura. De acordo com Correia (2005) os principais problemas relacionados com as eflorescências em fachadas são os efeitos antiestéticos. Porém, ainda segundo o autor, o processo de cristalização de sais às superfícies porosas podem originar tensões que conduzem à degradação e envelhecimento precocedos materiais de revestimento. 2.3 ORÇAMENTO O primeiro orçamento realizado correspondeu à troca do piso das salas de cirurgia do hospital anteriormente mencionado, e foi inteiramente acompanhado pelo engenheiro supervisor. Neste momento, ele ainda explicou como utilizava as tabelas do SINAPI (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), além de apresentar de maneira sucinta como era feito o cálculo de seu BDI (Benefícios e Despesas Indiretas). a) b) c) 12 O BDI é um percentual relativo às despesas indiretas que incide sobre os custos diretos de maneira geral, a fim de compondo, incluindo o lucro, o preço de venda ou produção de um serviço ou produto (ANDRADE, 2008). Como ele está em função de diversas variáveis, parte delas inerentes a cada projeto, esse preço de venda muda de acordo com o serviço a ser prestado. Para o orçamento da reforma relativa ao hospital, o engenheiro responsável recomendou a utilização de um BDI correspondente a 22% sobre o valor total do serviço. Na Figura 5 segue o orçamento final pronto: Figura 5: Orçamento da reforma do piso Fonte: Autoria própria (2017) O orçamento acima corresponde a apenas uma sala de cirurgia, com área equivalente a 22 m². Posteriormente, o engenheiro supervisor nos solicitou o orçamento para a pintura com tinta látex da escola 7 de Setembro anteriormente mencionada, devendo- se admitir um BDI equivalente a 20%. Neste caso, o orçamento não pode ultrapassar o valor de quinze mil reais. Para obtenção do valor numérico da área a ser pintada, foi necessário executar com cautela primeiramente uma memória de cálculo, especificando a área da alvenaria (consideradas interna e externas) e de esquadrias. 13 Figura 6 - Orçamento de pintura de escola Fonte: Autoria própria (2017) 2.4 ACOMPANHAMENTO DE OBRA Nesta etapa iniciou-se o acompanhamento da obra correspondente a construção de um edifício comercial de três pavimentos localizado na Rua da Independência, centro de Pau dos Ferros/RN. No momento da primeira visita, as fundações já haviam sido executadas, e a concretagem dos pilares estava sendo iniciada. O engenheiro nos forneceu então todos os projetos estruturais digitalizados para um melhor entendimento dos processos construtivos daquele canteiro de obras. Os tópicos a seguir estão dispostos na ordem cronológica dos serviços realizados na obra, sendo descritos de acordo com sua ocorrência. 2.4.1 Concretagem de pilares Etapa de grande importância, a execução dos pilares exige atenção especial. Para esta situação, devido à altura dos pilares, e a concretagem ser feita manualmente, ela foi dividida em duas etapas. Após o posicionamento correto da armadura do pilar com o arranque, as formas foram montadas manualmente: 14 Figura 7: Fôrma do pilar Fonte: Autoria própria (2017) Neste caso, o concreto foi dosado e preparado no canteiro de obras e sem utilização de betoneira. Um problema encontrado na concretagem foi a dificuldade em usar todo o concreto feito antes da perca de consistência. No entanto, como a concretagem não contou com mecanização, os colaboradores encarregados não conseguiram realizá-la em tempo hábil, e a trabalhabilidade rapidamente estava sendo comprometida. Para que o graute (concreto mais fluído, com agregado graúdo de pequena dimensão, especial para solidarização da armadura) utilizado continuasse trabalhável, adicionar mais água à mistura não era a providência mais adequada e, no entanto, era a medida adotada. Sabe-se que essa prática altera as características de um concreto que foi previamente dosado para possuir determinada resistência com quantidades estabelecidas de água, cimento e agregado. A adição de água irá modificar o graute. A situação descrita era uma preocupação do engenheiro residente, que acompanhou de perto esta etapa para ajudar a controlar os tempos de concretagem e adição de água, de modo a tentar garantir que no ensaio de resistência a ser feito posteriormente, o concreto dos pilares apresentasse resultados satisfatórios. a figura abaixo: a primeira imagem ilustra o processo de mistura do concreto, e a segunda, a adição de água quando a trabalhabilidade deste começa a cair. 15 Figura 8: Fabricação do concreto em obra Fonte: Autoria própria (2017) A concretagem é então feita bem próximo as formas, como é possível observar a seguir: Figura 9: Concretagem do pilar Fonte: Autoria própria (2017) Para o adensamento do concreto, o colaborador utilizava uma estaca de madeira, desferindo pancadas leves ao longo da forma, durante o intervalo em que outro balde de graute era abastecido. a) b) 16 Figura 10: Adensamento do concreto Fonte: Autoria própria (2017) A desforma era feita com dois dias, e então dava-se início a concretagem da parte superior do pilar. A Figura 11 (a) ilustra parte do pilar concretado e parte com as formas. Na Figura 11 (b) é possível visualizar a demarcação dessa diferença de concretagem. Figura 11: Detalhe dos pilares Fonte: Autoria própria (2017) A cura, de acordo com Brito (2010) após a concretagem os pilares e vigas devem ser molhados continuamente durante um prazo de sete dias, e no mínimo três a) b) 17 dias. No entanto, na obra em questão esse procedimento não foi seguido. A cura dos pilares, molhando a superfície do concreto com água só foi feita durante um dia. Como consequência da cura insuficiente, pode haver uma secagem muito rápida do concreto, proporcionando o aparecimento de fissuras e até mesmo diminuição da resistência em superfícies maiores (BRITO, 2010). 2.4.2 Nivelamento do solo A próxima etapa foi de regularização do solo. Neste caso não haviam grandes diferenças de altitude, sendo necessário somente a adição de camadas de areia, e posterior apiloamento (compactação) do solo, seguindo as inclinações especificadas em projeto. Figura 12: Nivelamento do solo Fonte: Autoria própria (2017) O nivelamento foi marcado com o auxílio de linhas de nylon. Os colaboradores explicaram que a parte frontal, e o lado direito do solo iriam possuir inclinação um pouco maior que os outros lados, para facilitar o escoamento de água (na limpeza, por exemplo), do edifício. As diferenças variavam em 10 cm. 2.4.3 Ferragem Antes da execução das vigas, realizou-se um pedido de barras de aço específicas para esta etapa. Ao serem entregues, a contagem e verificação são feitas, para só então confirmar o recebimento do material. 18 Figura 13: Recebimento do aço Fonte: Autoria própria (2017) Um colaborador encarregado de fazer os estribos para as vigas mostrou a bancada onde eles são moldados. Ele ressaltou um ponto interessante desta bancada. Os espaçamentos contam com um centímetro a menos do que os tamanhos-padrão, devido à dobra feita acrescer esse centímetro ao comprimento final do estribo. Um exemplo é: se o estribo a ser feito deve ter comprimento equivalente a 45 cm, a barra é posicionada na marca de 44 cm, pois o restante será recuperado na dobra. Assim, após isso, nos foi ensinado como dobrar o aço, e então moldar um estribo na prática. Na Figura 14 estão, da esquerda para a direita, a bancada de moldagem do aço, o estribo feito por nós como teste, e alguns dos estribos prontos ao fim do dia para utilização nas vigas. Figura 14: Estribos Fonte:Autoria própria (2017) a) b) c) 19 2.4.4 Execução das vigas A montagem da armadura das vigas foi um processo lento e cuidadoso, sempre seguindo as instruções de projeto. Neste caso, a armação da viga se dava já no local onde ela seria concretada. Algumas vigas se iniciaram em arranques (barras de aço expostas) existentes no edifício ao lado. Estes, foram deixados ali propositalmente, pois já se tinha em mente no futuro estender a edificação. Na Figura 15 é possível observar o cruzamento de algumas vigas já montadas: Figura 15: Configuração final das vigas Fonte: Autoria própria (2017) Após a montagem do aço de cada viga, o engenheiro supervisor solicitava a conferência da armadura da mesma, de acordo com o projeto, e junto ao mestre de obras. As formas utilizadas nesta obra eram de madeira compensada, novas, e seriam reutilizadas nas vigas dos pavimentos superiores. Para facilitar o processo, aplicou- se nas formas um desmoldante caseiro, ao qual o colaborador chamou de “óleo de motor queimado”. Apesar de difundida em pequenos canteiros de obra, esta solução não é recomendada pois uma camada muito grossa de óleo pode se formar, e seu o excesso penetrando pelos poros do concreto impregna e o deixa com pouca 20 aderência, que por sua vez se torna prejudicial à aplicação posterior de revestimentos (ABBATE, 2003). Figura 16: Aplicação do desmoldante Fonte: Autoria própria (2017) Os espaçadores (chamado pelos colaboradores desta obra de “cocadas”), que tem função de garantir o cobrimento das armaduras nas estruturas e também para assegurar o posicionamento das armaduras no centro das formas (NAKAMURA, 2011), foram confeccionados em campo, com uma mistura de cimento, água e agregado miúdo. Ao ser questionado qual seria a espessura do espaçador e o motivo, o mestre de obras afirmou que a conta a ser feita era simples: A viga tem 15 cm de seção, e a armadura ocupou 10 cm, restando 5cm. Assim, dividindo para os dois lados, ele conclui que o cobrimento desta viga é 2,5 cm. Na Figura 17 é possível verificar que o processo de fabricação destes espaçadores no canteiro se dá de forma prática e rebuscada: 21 Figura 17: Espaçadores de concreto Fonte: Autoria própria (2017) Logo durante a colocação das formas, foi percebido um pequeno desvio na primeira viga armada. A solução indicada pelo mestre de obras foi prender em uma barra da viga uma linha de aço, fixando-a na outra extremidade ao muro do lado. Ela permanecerá nesta posição até a desforma. Figura 18: Correção de inclinação Fonte: Autoria própria (2017) A concretagem das vigas aconteceu de forma diferente dos pilares. Neste caso, maiores cuidados foram tomados. Devido a necessidade de um maior volume de concreto, uma betoneira foi providenciada. A quantidade dos materiais para composição do concreto em cada betonada foram as seguintes, segundo um dos colaboradores: 1 saco de cimento (50kg); 4 latas de areia (18 L cada lata); 4 latas de brita (18 L cada lata); 1,5 latas de água (18 L cada lata); a) b) c) 22 Nos foi informado que a quantidade correta de água seria duas latas de 18 litros, mas como a areia estava úmida, essa quantidade foi reduzida para uma lata e meia. O concreto deve ser adensado imediatamente após seu lançamento nas formas, pois tanto a falta de vibração quanto o excesso podem causar sérios problemas ao concreto (BRITO, 2010). O adensamento nas vigas foi mecânico, e feito por meio de um vibrador de imersão do tipo agulha. Figura 19 - Vibração do concreto das vigas Fonte: Autoria própria (2017) 2.4.5 Mudanças no projeto estrutural O projeto estrutural para esta edificação foi feito para ser executado por completo em uma vez. No entanto inicialmente só o primeiro edifício foi levantado. Agora, com a execução do segundo, algumas adaptações ao projeto previamente elaborado foram necessárias. A principal delas constitui na redução no comprimento de algumas vigas e retirada de pilares destas. O motivo seria a falta de espaço. O terreno inicialmente previsto para a localização do edifício foi diminuído, e consequentemente a edificação também. Esta alteração ocorreu nas três vigas dispostas longitudinalmente. A Figura 23 20 apresenta o detalhamento da viga original. O pilar P2, circulado, foi eliminado, e a armadura do vão central da viga foi substituída por aquela do vão à esquerda. Esta opção se deu após o mestre de obras em discussão com o engenheiro chegar à conclusão que devido aos diâmetros, comprimento e quantitativo de barras ser maior naquele lado, estariam a favor da segurança. Figura 20 - Detalhamento da viga V1 Fonte: Autoria própria (2017) Outra alteração, recomendada pelo engenheiro supervisor, foi a adição de uma varanda em balanço na extremidade posterior do edifício. Para isso, a armadura das vigas alteradas anteriormente mencionadas foi estendida por 1,60 m, como é possível observar na Figura 21: Figura 21 - Detalhe da armadura em balanço Fonte: Autoria própria (2017) 24 3 CONCLUSÕES O estágio cumpre o objetivo ao inserir o estudante no seu futuro ambiente de trabalho. Acompanhar as atividades desenvolvidas no canteiro de obras significa poder observar de maneira lúdica e prática toda a teoria estudada em sala de aula. O contato direto com os colaboradores também se mostrou muito importante. Ele permitiu aprender algumas denominações de campo para o que na universidade é ensinado o termo técnico, além de entender como as soluções na prática em um canteiro de obras precisa ser rápida e concisa. A elaboração de orçamentos apresentou noções dos valores reais na construção civil, e o acompanhamento da obra anteriormente citada permitiu observar os processos de execução, e os problemas que atrasam o desenvolvimento de uma obra, que variam desde o clima até a saúde dos colaboradores. As outras atividades desenvolvidas representaram uma amostra da extensão e pluralidade do trabalho de um engenheiro, além de possibilitar o interesse por outras áreas da engenharia além daquela destinada a execução de obras. 25 4 ANEXOS Anexo 1: Planta baixa do Hospital Municipal Erika Emanuelle Soares Arquileu 26 Anexo 1.2: Cortes e fachada do Hospital Municipal Erika Emanuelle Soares Arquileu 27 Anexo 2: Planta baixa da Escola 7 de Setembro 28 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBATE. Desmoldante: um para cada tipo de fôrma. 2003. Disponível em: <http://techne.pini.com.br/engenharia-civil/70/artigo286230-1.aspx> Acesso em 22 de março de 2017. ANDRADE J. N. Bonificação ou Benefícios e Despesas Diretas. 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Diagnóstico de defeitos em madeira por tomografia de raios x. 2004. Tese de Doutorado. Programa de Pós-graduação em Engenharia de Materiais e Processos, Universidade Federal do Paraná. SCALABRIN I. C. MOLINARI A. M. C. A importância da prática do estágio supervisionado nas licenciaturas. UNAR. Araras, 2013. UCHÔA, João Carlos Barleta. Análise numérica e experimental da fadiga termomecânica em argamassas colantes no sistema de revestimento cerâmico. Tese de doutorado. Brasília, 2016.