Prévia do material em texto
* Loucura e sociedade na perspectiva de Michael Foucault * Seria possível um conceito sobre a loucura? , * Os leprosários Alta Idade Média até o final das Cruzadas multiplicam-se os leprosários Final da Idade Média –lepra desaparece do mundo ocidental Permanecem os valores e imagens que tinham aderido a personalidade do leproso * Os novos habitantes dos leprosários A lepra foi substituída inicialmente pelas doenças venéreas. “De repente, ao final do século XV como por direito de herança”(Foucault) “Eles logo se tornaram tão numerosos que é necessário pensar na construção de outros edifícios “em certos lugares espaçosos de nossa cidade e arredores, sem vizinhança”.(Foucault). * A loucura ‘admitida’ Idade Média, “a existência dos loucos era admitida” (FOUCAULT,1984, p.262), sendo possível para os séculos.diferentes vagar de um canto para o outro. Os “mais excitados”, no entanto, eram colocados em pequenas casas; anunciavam-se, assim, os primeiros sinais da vindoura política de exclusão relegada à loucura ao longo dos anos. * A loucura ‘admitida’ e a relação com a verdade “período de latência dos antigos leprosários” Renascimento Sultifera Navis “Os loucos eram levados, pelos marinheiros e mercadores, em número bem considerável, e [...], eram ali perdidos, purificando-se assim de sua presença, a cidade de onde eram originários.” (FOUCAULT, 1995, p. 11). “[...] aquele que sabe muitas coisas do que aqueles que não são loucos: ele tem uma visão de uma outra dimensão.[...] A verdade transparece através dele,mas ele não a possui.” (FOUCAULT, 2002c, p. 239) * A desqualificação da Loucura após o Renascimento Loucura capturada por um discurso amplo que a desqualificava enquanto linguagem; Inaugura-se o enredo de um jogo de forças com a razão, razão essa que se tornava o ponto alto do regime de verdades ocidental. A loucura se tornava uma linguagem falsa, incapaz de falar a verdade. * A loucura ‘misturada” Grande Internação Século XVII –sociedade industrial Passa ocupar os grandes asilos em meio a moribundos e inimigos da ordem pública. Esses sujeitos, excluídos do convívio em sociedade, eram aqueles que viviam na ociosidade. Muitas destas casas de correção acontecem nos antigos leprosários. * No Brasil As instituições asilares vivem o modelo da Grande Internação: pobres, pessoas que “ameaçam” a ordem social, doentes mentais habitam os hospitais psiquiátrico A exclusão da loucura não é exclusiva a condição de desrazão, de ser um portador de transtornos mentais.ná A exclusão faz parte do imaginário social. Cena de uma emergência em um CAPS III em um sábado pela manhã: Uma prostituta, um cadeirante,um homem alcoolizado. * A loucura ‘diferenciada’ Século XVIII - Os indesejáveis com capacidade de produzir retornam para as cidades permanecendo apenas ‘os loucos’ – noção da loucura a ociosidade. * . Psiquiatra francês Philippe Pinel (1745-1826) liberando os loucos de suas correntes no asilo Salpêtrière, em Paris em 1795. . * A apropriação pelo saber médico: Loucura e periculosidade Em outras palavras, a psiquiatria a partir do momento em que começou a funcionar como saber e poder no interior do domínio geral da higiene pública da proteção do corpo social, sempre encontrou o segredo dos crimes que podem habitar toda loucura, ou então o início de loucura que deve habitar todos os indivíduos perigosos para a sociedade. Em suma, foi preciso que a psiquiatria, para funcionar como eu lhes dizia, estabelecesse a pertinência fundamental da loucura ao crime e do crime à loucura. (FOUCAULT 2002,p.160) * Final do Século XVIII A noção de loucura - doença mental O hospital passa a ser o lugar da verdade da doença:[...] a verdade permanente das doenças,não mais podia esconder-se ali(FOUCAULT,2002,P.304). O internamento toma uma outra significação, torna-se medida de caráter médico. Pinel na França e Tuke na Inglaterra – as correntes se desfazem a constituem-se amarras morais nos asilados, uma amarra transparente que incide no corpo através da disciplina : * Tratamento moral Submissão a duchas e banhos frios, clinoterapia tendo caráter punitivo. “[...] esses tratamentos não eram nem psicológicos nem físicos: eram ambos ao mesmo tempo (FOUCAULT,2000,p.82). A loucura á associada a um problema que diz respeito à alma. O louco esta inserido num sistema moral, encontrando-se aparentado como criança e ligada ao erro. * Técnicas utilizadas pela medicina psiquiátrica A clinoterapia: conhecida como sonoterapia ou tratamento com repouso. A balneoterapia: aplicação de banhos quentes e frios alternados. A laborterapia: cura através dos trabalhos forçados. A malarioterapia: febre alta poderiam melhorar quadros psiquiátricos. O eletrochoque: tratamento com choque. * A “[...] história na Psiquiatria, como em qualquer outro lugar, é aquilo de que é preciso lembrar para não repetir.” (SWAIN, 1987, p.4) * Loucura e cultura Cada cultura tem o seu limiar Em relação aos domínios da exclusão “a loucura só existe em uma determinada sociedade”. * Os domínios da exclusão da loucura: em [...] todas as sociedades há sujeitos que têm comportamentos diferentes dos das outras, escapando às regras comumente definidas [...] domínios de atividades; nas suas relações com o trabalho; nos domínios da sexualidade, família e na reprodução da sociedade; nos domínios da fala e da linguagem e nos domínios dos jogos e das festas (FOUCAULT, 2002,p.260), * Marta da Praça e Toinho da Praça TANTAS HISTÒRIAS E OLHARES SOBRE O SUJEITO Maria e Toinho da Praça A exclusão no imaginário social S * O que ela nos evoca? Horror e fascínio Ramalho (1999, p. 53) “[...] o louco escracha aquilo que não queremos saber “[...] a loucura faz parte doravante de nossa relação com os outros e conosco mesmos, assim como a ordem psiquiátrica atravessa nossas condições de existência cotidiana.” (FOUCAULT, 2002b, p. 326) * Seria possível um conceito sobre loucura? “[…] está sempre em falso: ao mesmo tempo objetivada e objetivante, oferecida e recuada, conteúdo e condição. Para nós, ainda, ela tem a condição de uma coisa enigmática; inacessível […]” (FOUCAULT, 1995, p. 457). * . Seria possível um conceito sobre loucura? * * *