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1 PROTOCOLO EXPERIMENTAL Módulo/Disciplina: ANATOMIA PATOLÓGICA II - MEDICINA Período: 6º Tema: PATOLOGIA ÚTERO Introdução ÚTERO A parte do colo uterino visível na vagina é a ectocérvice, e é revestida por epitélio plano estratificado não queratinizado, tendo cor esbranquiçada. O endocérvice vai do orifício cervical externo ao interno (região do istmo ou transição para a cavidade endometrial). Tem glândulas mucosas que se abrem no canal endocervical. Tanto as glândulas como o epitélio do canal são do tipo cilíndrico simples mucoso. 2 BIÓPSIA DE ENDOCÉRVICE O material consta de um pequeno fragmento obtido por biópsia do colo uterino (endocérvice). O epitélio de revestimento do canal cervical (em cima na foto) mostra metaplasia escamosa com atipias, descritas em maior detalhe nos quadros abaixo. O corte passa pela saída de uma glândula endocervical. Na parte profunda do fragmento há glândulas endocervicais normais. O estroma apresenta infiltrado inflamatório crônico (portanto, cervicite crônica inespecífica). O epitélio de revestimento da endocérvice (foto da D.) mostra metaplasia escamosa com as alterações características do condiloma plano viral na metade superficial; e as da neoplasia intraepitelial cervical ou NIC na metade profunda. Notar a desorganização da estrutura em camadas do epitélio e a variação de tamanho e cromatismo dos núcleos. O condiloma plano é causado pelo papiloma vírus humano (HPV). É de transmissão venérea e atualmente extremamente frequente. É muito comum que as alterações do condiloma se associem às da neoplasia intraepitelial cervical (NIC) ou displasia do epitélio cervical, já que estas também são devidas ao mesmo vírus. Ambas se acompanham de cervicite crônica inespecífica. 3 CONDILOMA PLANO VIRAL As alterações do condiloma plano viral são vistas nas camadas superficiais do epitélio e caracterizam-se por atipias nucleares (os núcleos ficam hipercromáticos e de forma e tamanho irregular, às vezes parecendo 'amassados'), e halo claro em volta do núcleo, o que se chama coilocitose (koilos = buraco). O conjunto é designado atipias coilocitóticas. É frequente também a binucleação. NEOPLASIA INTRAEPITELIAL CERVICAL (NIC) OU DISPLASIA DO COLO UTERINO. As alterações assim designadas iniciam-se nas camadas profundas do epitélio e progridem às superficiais. As células do tipo basal, que normalmente se restringem à camada mais profunda, passam às camadas seguintes e, na displasia grave (também chamada NIC III ou carcinoma in situ), ocupam toda a espessura do epitélio (não é o caso aqui). Além disso, os núcleos ficam maiores e variam de tamanho, a cromatina é densa, há perda da relação núcleo-citoplasma e da disposição regular do epitélio em camadas. As mitoses, normalmente limitadas à camada basal, são observadas também em camadas suprabasais e até em células já bem diferenciadas. No presente material, as alterações displásicas se restringem ao terço inferior do epitélio, falando- se portanto em displasia leve ou NIC I. Nas camadas superficiais há atipias coilocitóticas devidas ao condiloma plano. É comum a coexistência das duas alterações, pois ambas são causadas pelo HPV. 4 CERVICITE CRÔNICA INESPECÍFICA é notada como infiltrado linfoplasmocitário na lâmina própria. 5 CARCINOMA IN SITU. O carcinoma in situ corresponde ao grau máximo de displasia (ou seja, é classificado como displasia grave) e à Neoplasia Epitelial Cervical (NIC) III (ou seja, afeta toda a espessura do epitélio). (O NIC I acomete o terço profundo, o NIC II dois terços). As células atípicas não invadem o estroma subjacente, portanto a membrana basal está preservada. Esta é a razão do termo in situ. Contudo, o carcinoma in situ é o início de uma lesão neoplásica, ou seja, se não removida, evoluirá para carcinoma epidermoide invasivo. As células no carcinoma in situ lembram as da camada basal normal pelo seu núcleo ovalado e citoplasma escasso. Porém apresentam desorganização da arquitetura em camadas, atipias nucleares e figuras de mitose em qualquer altura do epitélio. Em alguns núcleos notam-se nucléolos evidentes, um sinal de ativa síntese proteica. Acima fragmento de colo uterino mostrando a ectocérvice (normal, à E) e a região limítrofe da endocérvice, está com carcinoma in situ do epitélio superficial (áreas basófilas). Ao lado região de transição, mostrando substituição abrupta do epitélio plano normal à E. por carcinoma in situ à D. No epitélio normal as células basais são vistas só na camada mais profunda e as células das outras camadas contêm vacúolos de glicogênio. No carcinoma in situ células escuras ocupam toda a espessura do epitélio. 6 O carcinoma in situ recobre extensa área da superfície da endocérvice, substituindo o epitélio normal, que deveria ser cilíndrico simples mucoso, como o das glândulas. Em certos trechos, o epitélio atípico substitui também o epitélio glandular em continuidade. A isto se chama extensão glandular do carcinoma in situ, mais evidente na lâmina seguinte. Abaixo glândulas endocervicais normais são constituídas por epitélio cilíndrico simples mucoso. As células têm núcleo basal e citoplasma colunar alto que se cora em róseo pálido por estar cheio de muco. Notar a regularidade das células e dos núcleos. CARCINOMA EPIDERMÓIDE DO COLO UTERINO. O tumor é formado por brotos sólidos de células com graus variados de diferenciação. Há extensa infiltração dos tecidos do colo, reação desmoplásica (produção de tecido fibroso induzida pelo tumor) e reação inflamatória crônica inespecífica. 7 Imagem escaneada da lâmina, mostrando fragmento de colo uterino em grande parte substituído por tecido neoplásico maligno (grande área basófila) mal delimitado, que infiltra o ecto- e o endocérvice. Adenocarcinoma do endométrio. Este tumor ocorre geralmente após a menopausa, quando o endométrio está atrófico. A principal queixa é hemorragia pós-menopausa. É a neoplasia maligna mais comum do TGF em países desenvolvidos. Entre nós, ainda perde do Ca. do colo uterino. São comuns antecedentes de obesidade, hipertensão arterial, diabetes e situações em que 8 há aumento dos níveis de estrógeno. Após a menopausa há na supra-renal produção aumentada de androstenediona, um precursor de andrógenos. Esta, no tecido adiposo, se transforma em estrona (uma forma de estrógeno) pela enzima aromatase (fenômeno favorecido em mulheres obesas). Neste exemplo, a neoplasia é exofítica, ou seja, cresce para a cavidade endometrial e infiltra pouco o miométrio. O tumor é bem diferenciado, do tipo endometrióide, isto é, lembra o endométrio não neoplásico. É constituído em parte por áreas papilíferas e em parte por glândulas densamente agrupadas, quase sem estroma entre elas, dando o aspecto 'back to back', próprio do adenocarcinoma. Mitoses são raras e áreas de necrose não são notadas neste espécime, mas outros casos podem ser muito mais agressivos. Materiais/Equipamentos a) Microscópio óptico b) Lâminas histológicas: Carcinoma de útero - HE Procedimento No microscópio, siga a sequência correta para focalização: objetiva de 4x 10x 40X; Pequeno aumento (objetiva de 4X): Posicione o material e focalize o corte. Médio aumento (objetivade 10X) e Maior aumento (40X): a) Observe as lâminas b) Identifique microscopicamente as estruturas relacionadas nas lâminas supracitadas Discussão 1- Diferencie NIC e carcinoma in situ 2- Quais as características do carcinoma epidermoide do colo uterino? 3- Quais as características do adenocarcinoma do colo uterino? 9 Referências Ross | Histologia - Texto e Atlas - Correlações com Biologia Celular e Molecular, 7ª edição. JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia Básica- Texto e Atlas. 12ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013 ROBBINS, Patologia Básica, 9 ed. Site: http://anatpat.unicamp.br/aulas2.html