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Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 1 Curso de Geografia Disciplina de Cartografia Geral e Temática - GE- 331 Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler Unidade I - Cartografia na Geografia 1.1 Generalidades Define-se Cartografia como o conjunto de estudos e observações científicas, artísticas e técnicas baseado nos resultados de observações diretas ou na análise de documentos, elaboração de cartas, projetos e outros métodos de expressão, assim como a sua utilização (Associação Cartográfica Internacional, 1996). A carta (ou mapa) é vista como um meio de transcrição gráfica dos fenômenos geográficos e constitui o objeto principal de Cartografia. Assim, a pesquisa de métodos, de processos de elaboração e utilização de cartas, além do estudo exaustivo de seu conteúdo se constitui no objetivo primordial da Cartografia. O termo Mapa refere-se a qualquer representação plana (eventualmente com alto relevo) parcial ou total das superfícies da terra ou de um astro, em escala reduzida, mostrando seus componentes representados através de símbolos e/ou cores, os quais são concebidos arbitrariamente ou respeitando normas técnicas. A Carta é um tipo de mapa que faz parte um conjunto de folhas organizadas de forma sistemática com base em um plano nacional e/ou internacional de classificação cartográfica. Em função do rigor em sua elaboração, cartas são elaboradas por órgão nacionais e internacionais com reconhecimento técnico comprovado, o que permite que sejam usadas com uma maior segurança na precisão de medidas. No Brasil estes órgãos são o IBGE e o Exército. Planta é uma espécie de mapa em grande escala que a curvatura da terra é desprezada. Se destina a fornecer informações detalhadas de uma área de pequena extensão da superfície terrestre. O Croqui é um esboço gráfico sem escala definida, em breves traços, que facilita a identificação de detalhes a serem incluídos em uma planta ou mapa de uma determinada área. A história dos mapas é bastante antiga, com registros arqueológicos de mapas de mais 6.000 anos (Catal Hoykul, Turquia). Oliveira (1993) considera que o mapa é uma das formas mais antigas de comunicação gráfica, pois mesmo os povos que não tem conhecimento de escrita escrevem mapas. De modo geral, mapas primitivos representavam o povoado ou a região onde vivia o povo que o confecionou. Eram feitos Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 2 de barro, palha couro ou tecidos a mão, podendo ter funções decorativas ou como símbolo de poder e/ou espiritualidade. A geodésia e a matemática, aplicada na agrimensura já existia desde o tempo dos egípcios que aplicavam na Agrimensura. Os gregos desenvolveram suas técnicas, chegando a calcular a circunferência da terra e criando um sistema de coordenadas geográficas. Na idade média, todo este conhecimento foi posto de lado. Os mapas medievais eram extremamente esquemáticos e carregados de simbolismo religioso. Os primeiros mapas europeus que apresentavam elementos similares aos mapas de hoje, foram desenvolvidos com o incremento das viagens Mediterrâneas. Ao voltarem de viagens onde novas rotas de comércio foram descobertas, capitães-mescadores costumavam se reunir e trocar informações com seus colegas anotando as informações de navegação em tecidos ou couros de animais que ficavam estendidos sobre uma mesa em volta da qual era realizada a reunião. A origem do termo mapa, que vem do parece refletir esta prática, pois mappa latim do século XII significa, entre outras coisas, “pequena toalha” ou “gardanapo”. Aparentemente esta prática se desenvolveu ao longo dos séculos. A Carta Pisana (1275) já apresentava escala e a famosa “Rosa dos Ventos” com 16 pontas, a partir das quais projetavam linhas que cruzavam o mapa de uma ponta a outra, com o intuito de auxiliar ao navegador traçar rotas de navegação no Mediterrâneo. Este tipo de carta é também chamada de portulana e foi juntamente com a bússola (Flavio Gioia em 1300) e o astrolábio os principais instrumentos de navegação existentes na época dos grandes navegações e precurssor do mapa tais como conhecemos hoje. No oriente, mapas com descrições pormenorizadas de rotas náuticas já existiam a mais tempo. Os Mapas chineses eram extremamente detalhados, com informações de recursos naturais e localização de cidades e rotas de comércio até mesmo nas áreas continentais. O uso da bússola para navegação também ocorreu muito antes que os europeus: um relato detalhado dos procedimentos de navegação na China, com o uso da bússola no ano de 1086 é descrito em um livro de 1111-17. O primeiro mapa europeu com projeção cartográfica conhecida é de 1569, e foi elaborado pelo Cartógrafo Gerhard Mercatoris (Projeção de Mercator). 1.2 - A Forma da Terra: Geóide, Elipsóide e Datum. A Terra foi considerada plana até o século IV a.C. Naquela época pensava-se que a forma do planeta era retangular, circundada pelos mares e nos limites das águas com o espaço. No século III A.C., Erastóstenes prova a esfericidade da Terra, ao calcular a sua circunferência a partir da diferença de latitudes ente Syene e Alexandria. Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 3 α Solα Alexandria Siena Em 1686, Newton demonstrou matematicamente que a forma da Terra deveria apresentar um achatamento nos pólos, resultado do empuxo da força centrífuga da sua própria rotação. Esta hipótese foi comprovada por uma equipe de cartógrafos franceses no século XVIII ao compararem as medidas arcos de meridiano no Peru (equador) e a na Lapônia (próxima ao pólo). Hoje sabemos que o achatamento nos pólos é muito pequeno (desvio de 0.3% da forma esférica). O diâmetro da Terra do pólo Norte ao Pólo Sul, segundo a NASA, é de 12.713,54 quilômetros, enquanto que no equador é de 12.756,32 quilômetros. A diferença (42,78 quilômetros), é somente 1/298 do diâmetro do globo. A superfície da Terra é irregular, com cadeias montanhosas planaltos, depressões nos continentes e fossas abismais e cadeias submarinas nos oceanos. Contudo, estas irregularidades são insignificantes se comparadas às dimensões do planeta. Os aproximadamente 20 quilômetros que separam o ponto mais alto da Terra (monte Everest, com 8.848 metros) e o mais baixo (Fossa das Marianas, no pacífico com 11.034 metros abaixo do nível médio do mar), representa menos de 0,3% do raio médio da Terra (6.366,465 m). Embora fundamental nas representações detalhadas da superfície terrestre, tanto o achatamento dos pólos como a variação topográfica da superfície é virtualmente impossível de ser representada em determinadas escalas. Este é o caso dos globos escolares (escala aproximada de 1:46.500.00). Para representar a forma da Terra, a Cartografia utiliza as ferramentas da Matemática. Deste modo, a elaboração de mapas e cartas implica que a forma do planeta tem que ser matematicamente modelada. Para realizar este modelamento, é necessário se conseguir uma superfície terrestre adequada. Assim foi convencionado que a forma do planeta é representada pelo prolongamento dos mares sobre os continentes (nível médio do mar). A superfície resultante é denominada de Geóide. As variações de intensidade e direção da gravidade ao longo da superfície terrestre, que definem a superfície do geóide causarão ondulações nessa superfície, pois na prática o geóide é também um modelo do campo gravitacional terrestre (Figura 2). Figura 1 - Experimento de Erastóstenes. Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 4 As ondulações na superfície do geóide não seguem uma lei matemática que o descreva com exatidão. O Modelos matemáticos que se aproximam deste geóide são de construção muito complexa, otorna seu uso como um sistema de referência para os mapas uma tarefa pouco prática. Por esta razão, os geodesistas (pesquisadores da área da geodésia), optaram por usar em seu lugar elipsóides de revolução (Figura 3) para fazer o modelamento da forma física da Terra. Figura 3- Elipsóide de Revolução Um elipsóide é uma superfície de revolução que é a figura resultante da rotação de uma elipse em torno de um de seus semi-eixos( um maior outro menor) a partir da fórmula Sendo a = semi-eixo maior, b = semi-eixo menor e α = achatamento. O Elipsóide terrestre que mais se aproxima do Geóide é geocêntrico e formado pela rotação da elipse em torno do eixo que passa pelos pólos Sul e Norte geográficos. A determinação de coordenadas geodésicas de pontos no terreno é feita sobre a superfície elipsóidica. Ela é bem mais regular que uma superfície geoidal. As superfícies elipsódica e geoidais raramente coincidem. Num geóide a força de gravidade é igual em todos os pontos, mas sua direção sempre será perpendicular à superfície geodésica (Figura 4A). Assim, os instrumentos de medição comumente usados em medidas geodésicas possuem dispositivos niveladores que fazem que o eixo vertical do instrumento coincida com a direção de gravidade (que é perpendicular ao a superfície geoidal). Figura 2 – Geóide Mundial da NASA Fonte: Elba et al, 2003 a - b α = b Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 5 Como mostra a figura acima, a diferença existente entre o Geóide e o elipsóide tem peculiaridades em cada continente, cada país, em cada porção de Terra. Desta maneira, existem diferentes elipsóides (elipsóides locais), os quais são posicionados para atender as necessidades específicas de um país ou região (Figura 4B). Já os elipsóides globais tem outras funções, como de auxiliar no posicionamento de satélites das redes GPS ou GNSS ou no lançamento de naves espaciais. 1.2 – O Datum de uma Carta Geográfica Datum é palavra vem do latim e que significa dado, detalhe, pormenor. Datum é uma superfície de referência geodésica que representa a base dos levantamentos horizontais e verticais, dos quais são conhecidos os parâmetros necessários à determinação altimétrica e planimétrica de vértices destinados a levantamentos cartográficos e projetos de engenharia. De modo análogo, consideramos o trabalho de um pedreiro para construir um piso. Para nivelar o terreno, ele normalmente utiliza com uma mangueira cheia de água onde ele assinalará, nos extremos da área a ser trabalhada, a altura da coluna de água (o princípio físico dos vasos comunicantes). Assim, o nível do piso será determinado pela diferença centimétrica entre esta marca (o “datum” do pedreiro) e a altura que alcançará o piso (a “cota” do ponto). Geóide (Nível Médio do Mares) Elipsóide Normal ao Elipsóide Vertical do Lugar Superfície Física da Terra Geóide Elipsóide Global Elipsóide Local Área de melhor ajuste pelo Elipsóide Local C.G.E C.M.T CGE – Centro Geométrico do Elipsóide Local CMT – Centro de Massa da Terra Figura 4 - Superfícies de referência: Geóide, Elipsóide e Superfície do Terreno. A) Observar o ângulo entre a vertical do Elipsóide e do Geóide. B) Reparar que o embora o CGE não coincida com o CMT, haverá uma determinada região da superfície terrestre (assinalada) onde ocorre o melhor ajuste entre as duas superfícies. Fonte: Erba et al (2003) Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 6 Da mesma forma, as cartas geográficas são confeccionadas de forma que todos os pontos estão à determinada distância de uma superfície de referência padrão (DATUM). Num trabalho em uma pequena área, o Datum pode ser arbitrado (uma superfície plana quaisquer). Nas cartas planialtimétricas oficiais, cada país, por razões políticas, científicas ou militares escolhe de forma independe seu próprio DATUM. Oliveira (1993) observa que o Datum é uma superfície de referência que consite de cinco parâmetros: ponto no terreno; altura geoidal; elipsóide de referência; coordenadas de referência de cada ponto de partida; azimute deste ponto. O Sistema de Posicionamento Global norte-americano adotou um DATUM próprio - o WGS 84 (World Geodetic System 1984) - permitindo que a rede de satélites possa localizar os pontos de forma uniforme na superfície terrestre. Você poderá encontrar informações sobre ele no site www.wgs84.com. Este Datum é considerado um padrão internacional, e todos os receptores GPS que utilizam o Sistema Norte-americano o usam como referência. Contudo, caso usemos uma carta ou mapas cujo DATUM seja diferente do WGS 84, devemos reconfigurar o aparelho GPS para utilizar o Datum destas cartas. No Brasil são adotados atualmente os seguintes datums: 1- Datum vertical: exclusivo para o controle altimétrico das cartas. Como ele usa como referência o plano do nível médio do mar, ele é determinado pelo mareógrafo localizado na cidade de Imbituba ( Santa Catarina) com apoio de diversos mareógrafos localizados em outras cidade litorâneas do Brasil. 2- Datum horizontal: utilizado para trabalhos geodésicos. Existem trabalhos referenciados ao antigo datum horizontal brasileiro, o Córrego Alegre – MG. Ao se utilizar o documento cartográfico, deve-se localizar esta informação, normalmente na base do documento. O sistema geodésico brasileiro utiliza as cartas do IBGE e do Exército que usam o SAD-69 (South American Datum ), adotado desde 1979. Recentemente o Projeto SIRGAS (Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas) http://sirgas.igm.gov.ar/igm2/index.php, procura compatibilizar os sistemas geodésicos utilizados por todos os países da América do Sul, através da definição e estabelecimento de um referencial único com precisão compatível com a tecnologia atual de posicionamento - os Sistemas Globais de Navegação por Satélite (GNSS). O elipsóide adotado neste projeto é o do GRS-80. No caso dos receptores GPS, deve-se chamar a atenção para o erro que pode ocorrer por não estarem configurados corretamente. Experiências feitas com GPS de navegação demonstraram que erros de posicionamento de aproximadamente 90 metros podem ser gerados pela não observância dos Datum de referência (no caso o WGS84 e SAD69) em condições de cobertura de satélite iguais. UNIDADE 2 - PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 7 Na confecção de um mapa, é imprescindível termos uma relação conhecida entre as verdadeiras posições na superfície da Terra e os pontos correspondentes no mapa. Deste modo, o primeiro passo para confecção de qualquer mapa cairá sobra escolha da sua Projeção Cartográfica. Como foi discutido anteriormente, a Terra é uma esfera (ou mais corretamente, um esferóide). O globo terrestre, que encontramos nas salas de aula de cartografia, é uma excelente opção para representar o modelo da superfície da Terra. Contudo, no caso de mapas e cartas de detalhe, a precisão necessária para representar a superfície terrestre, de modo a converter a sua superfície tridimensional (esfera) em uma superfície bidimensional (plana) tem que ser a maior possível. De modo geral os usuários de cartas planialtimétricas confeccionadas pelo Exército ou pelo IBGE não se preocupam com isto, pois tal informação encontra-se nas legendas dos mesmos. Contudo nós devemos compreender a origem desta informação por ser parte essencial em um mapa de boa qualidade. 2.1 Afinal de contas, o que é a “Projeção” de um Mapa? Projeção, em cartografia é o processo (sistemático) de transformarpartes da Terra esférica para uma representação plana, mas mantendo as relações espaciais anteriores. O termo projeção vem da noção de colocar uma fonte de luz dentro de um globo transparente e projetar as sombras dos meridianos, paralelos e outras características geográficas sobre um anteparo colocado tangencialmente ao globo. Este processo, na prática, é feito através da geometria e de fórmulas matemáticas. As irregularidades na forma da terra tornam difícil o processo de modelagem matemática da superfície terrestre. Assim, o primeiro passo no processo é modelar a Terra como um objeto sólido mais simples que tem a mesma área de superfície a ser representada. Montanhas depressões e vales são abstraídos neste momento, pois ocasionariam ao modelo matemático uma complexidade irrealizável. Os mapas que mostram uma porção pequena da superfície terrestre com grande detalhe (por exemplo, cartas do exército na escala 1:100.000), será necessário que a Terra seja modelada como um elipsóide, permitindo uma melhor aproximação à verdadeira forma da Terra. Organismos responsáveis pela cartografia oficial nos diversos países usam elipsóides diferentes, ajustando os raios polar e equatorial (semi-eixos) para os melhores valores da região de interesse. No Brasil são utilizados três: Hayford (que no Brasil está em desuso) Córrego Alegre e SAD 69. No caso de mapas que mostram uma área grande com pequeno detalhe (mapas mundi, por exemplo), adota-se o modelo esférico (Figura 6) por ser matematicamente Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 8 mais simples e porque em escalas pequenas, a distorção devido às irregularidades na forma da Terra pode ser consideradas desprezíveis. Selecionado o modelo matemático apropriado, o próximo passo é reduzir o tamanho do modelo para a escala desejada do mapa. O passo final no processo é projetar o reticulado (meridianos e paralelos) sobre a superfície de desenvolvimento (Qualquer superfície que pode ser planificada). Superfícies e métodos de projeções diferentes são usados para obter mapas com propriedades geométricas diferentes. A Figura 7 abaixo representa os três tipos de projeção básicos, das quais se derivam à maioria das projeções de mapas conhecidos. Como qualquer projeção ocasiona uma distorção em razão da passagem da forma esférica para a plana, a escolha da projeção adequada considerará algumas propriedades as quais serão discutidaos seguir. Figura 7 – Os tipos de projeções básicas, da esquerda para a direita: cilindro, cone e plano. 2.2 As Propriedades das Projeções 2.1.1 - Propriedades geométricas O processo matemático de uma projeção sempre resulta em alguma distorção das relações geométricas que são representadas corretamente no esferóide que são a conformidade, à distância, a direção, a escala e a área. 1ª Conforme (ou Princípio da Conformidade) Quando a escala de um mapa em qualquer ponto é a mesma em qualquer direção, a projeção é dita conforme. Meridianos e paralelos interceptam-se em ângulos retos. A forma é preservada localmente. Figura 6 Esferóide Figura 5 Elipsóide Ф λ Ф - Latitude Geodesica Λ - Longitude Geodesica Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 9 2ª Distância - Uma projeção é dita eqüidistante quando representa distâncias em escala do centro da projeção para qualquer outro lugar no mapa. 3ª Direção - Um mapa preserva a direção quando os azimutes são corretos em todas as direções. 4ª Escala - Será a relação entre uma distância representada em um mapa e a distância em verdadeira grandeza. 5ª Área - O mapa é de igual área ou equivalente quando representar áreas globais de modo que todas as areas tenham a mesma relação proporcional com a verdadeira grandeza. Na transformação das superfícies terrestres para um plano, não há como eliminar todas as distorções resultante desta transformação. Deste modo, não é possível representar todas as distâncias ou todos os ângulos corretamente em um mapa. Em vista disto, procura-se produzir mapas de modo que representem apropriadamente determinadas características geométricas, por vezes minimizando a distorção em algumas destas propriedades à custa de maximizar a deformação em outras. Em função das propriedades básicas anteriormente citadas, teremos quatro classes de projeções escolhidas para representar à superfície terrestre que será usada conforme nossa necessidade: equivalentes, eqüidistantes, azimutais, e conforme. 2.2.2 - Projeções equivalentes As projeções equivalentes são as também chamadas de “igual área”. Elas se caracterizam pela propriedade de não deformar as áreas, conservando uma relação constante com a superfície terrestre . Para conseguir isto, o cartógrafo sacrificará a forma do objeto representado. As Projeções equivalentes são bastante usadas para mapas temáticos que mostram distribuição de cenários como população, distribuição de terras agricultáveis, áreas florestadas, etc. Também são chamadas projeções de igual área, homolográfica, ou equiareal. Figura 8 : Um Esferóide e o plano dele derivado. Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 10 Cilíndrica Igual Área de Behrmann Azimutal Igual Área de Lambert Figura 9 – projeções equivalentes (igual área). 2.2.3 - Projeções eqüidistantes As Projeções eqüidistantes procuram preservar a escala em alguma parte do mapa. Em função do processo de projeção, não é possível representar todas as distâncias corretamente em escala mas é possível produzir uma projeção tal que todas as distâncias a partir de um ou dois locais sejam verdadeiras em escala ou na quais todas as distâncias medidas perpendicularmente a uma linha sejam verdadeiras em escala. Cônica Eqüidistante Cilíndrica Eqüidistante Azimutal Eqüidistante Miller Eqüidistante Figura 10 – projeções eqüidistantes 2.2.4 - Projeções azimutais As Projeções azimutais (ou zenitais) representam determinadas relações angulares corretamente. Do mesmo modo com as distâncias, nem todas as relações Cônica Igual Área de Albers Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 11 angulares podem ser representadas corretamente em um único mapa. Contudo é possível representar todas as relações angulares corretamente sobre um único ponto, e em razão disto, é usada ocasionalmente em alguns mapas aeronáuticos e náuticos. Azimutal Hemisfério Leste Azimutal Hemisfério Oeste Azimutal Hemisfério Norte Azimutal Hemisfério Sul Figura 11 – projeções azimutais 2.2.5 - Projeções Conforme A projeção conforme, ao contrário da equivalente, não deforma os ângulos (forma) mas altera a área. A propriedade definidora das projeções conforme é que em qualquer ponto no mapa, a escala é a mesma em todas as direções sobre o ponto, apesar da escala do mapa variar de ponto a ponto. A propriedade de representação correta de ângulos só se aplica aos ângulos que têm lados pequenos. As formas de áreas pequenas são preservadas nesta projeção, mas as formas de áreas maiores são distorcidas. O termo conforme foi aplicado para projeções por Gauss em 1825, e substituiu as designações anteriores: ortomórfica e autogonal. 2.2.6 - Outras Projeções Enquanto muitas projeções buscam aperfeiçoar uma das quatro projeções geométricas acima, outras não tentam manter quaisquer delas, buscando um equilíbrio entre propriedades diferentes. Por exemplo, enquanto uma projeção poderia não ser conforme ou equivalente, poderia manter uma distorção mínima de formas e áreas dentro de uma região.Tais projeções especiais são freqüentemente usadas como base para mapas temáticos. Figura 12 – projeção conforme (Lambert) Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 12 As projeções nos programas de georeferenciamento Em Programas de Georeferenciamento, se faz necessário definir a projeção que será adotada. Como exemplo, reproduzimos uma relação de projeções e seus parâmetros do Software Spring. Figura 13 - Parâmetros solicitados quando uma projeção é escolhida no Spring. Projeção Modelo de Terra Origem Paralelo Padrão Comentários Sem Projection - - - Não tem projeção. Pode se utilizada para qualquer área definida num sistema de coordenadas planas. Offsets ficam a critério do usuário. UTM SAD 69 Hayford/Córrego Alegre Hayford Clark Astro-Chuá WGS84 Long (*) - Utilizada em cartas topográficas. A longitude de origem corresponde ao meridiano central do fuso ou zona UTM. Valores para o Brasil : 33W, 39W, 45W, 51W, 57W, 63W, 69W ou 75W. Usa offsets e um fator de escala que não podem ser alterados pelo usuário. Mercator SAD 69 Hayford/Córrego Alegre Hayford WGS84 Long (*) Prim.Lat. Utilizada em cartas náuticas. A longitude de origem pode ser qualquer valor, pois os meridianos são representados por linhas retas igualmente espaçadas. Offsets ficam a critério do usuário. Gauss SAD 69 Hayford/Córrego Alegre Hayford WGS84 Long (*) - No Brasil, era usada nas antigas cartas topográficas. A longitude de origem corresponde ao meridiano central do fuso ou zona Gauss. Valores para o Brasil : 36W, 42W, 48W, 54W, 60W, 66W ou 72W. Offsets e o fator de escala usados no Brasil são apresentados por "default", mas o usuário pode alterar os valores. Lambert Million SAD 69 Hayford/Córrego Alegre Hayford WGS84 Long (*) - (**) Padrão para cartas ao milionésimo (4 x 6 graus). Longitude de origem para o Brasil: 54W. Requer que seja informado o retângulo envolvente para que os parâmetros da projeção sejam automaticamente calculados. Offsets ficam a critério do usuário. Lambert SAD 69 Hayford Clark WGS84 Lat. Long. Prim. Lat Seg. Lat Utilizada nas cartas ao milionésimo e em cartas aeronáuticas. Ao contrário da Lambert Million, requer que todos os parâmetros da projeção sejam fornecidos pelo usuário. Offsets ficam a critério do usuário. Policônica SAD 69 Hayford WGS84 Lat. Long. - Utilizada em mapas temáticos e mapas políticos em escalas pequenas. A latitude de origem normalmente é a linha do equador. Valor de Longitude de origem no Brasil : 54W. Offsets ficam a critério do usuário. Cilíndrica Esfera R=6371 km Long (*) Prim.Lat. Utilizada para mapeamentos em escalas pequenas. A primeira latitude normalmente é a linha do equador. Offsets ficam a critério do usuário. Polar Estereográfica Hayford WGS84 Long. (*) - Utilizada no mapeamento das regiões polares. É necessário informar se o plano de projeção está no hemisfério norte ou sul. Offsets ficam a critério do usuário. É apresentado um fator de escala "default", mas o usuário pode alterar o valor. Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 13 Bipolar Esfera R= 6371220 m - - Utilizada em mapeamentos dos continentes americanos. Offsets ficam a critério do usuário. Albers SAD 69 Hayford WGS84 Lat. Long. Prim.Lat. Seg.Lat. Deve ser utilizada em mapeamentos temáticos que requerem cálculo preciso de áreas. Offsets ficam a critério do usuário. Miller Esfera R= 6371 km Long. (*) - Utilizada para mapeamentos em escalas pequenas. Offsets ficam a critério do usuário. LatLong SAD 69 Córrego Alegre Hayford Clarke-1866 WGS84 - - Deve ser utilizada para dados matriciais com resolução espacial estabelecida em graus decimais. Por motivos óbvios, os offsets são nulos e não podem ser alterados pelo usuário. Sinusoidal Esfera R= 6371 km - - Pode ser utilizada em mapeamentos temáticos em escalas pequenas que requerem cálculo preciso de áreas. Offsets ficam a critério do usuário. (*) - O Equador é o eixo para a Latitude de origem. (**) - Primeira e Segunda latitude são calculadas pelo sistema. Fonte: Tutorial do programa Spring 3.1 2.3 – Coordenadas Geográfica e Cartesianas Ao usarmos receptores GPS, nos referimos a nossa “posição” nas superfícies terrestre ou ‘Locais que são descritos de um modo único de forma que uma posição não possa ser confundida com outra.’ Isto é alcançado usando um sistema de coordenadas, para descrever posições. Como analogia, usaremos o sistema de coordenadas cartesianas, visto em nossas aulas de matemática no ensino médio. O eixo Y teria valores como, por exemplo, a latitude de uma posição e o X a longitude. As coordenadas do ponto (x,y) corresponderiam a Longitude e Latitude de um ponto. y x Posição (x,y) Figura 14 -Esquema básico de posicionamento por coordenadas Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 14 Um receptor GPS tem a habilidade para usar qualquer um dos diferentes sistemas de coordenada, tais como o LAT/LON (latitude e. longitude), UTM (Universal Transverse Mercator), Grade Irlandesa, Grade Sueca, Grade Suíça, Grade Finlandesa, ou Grade de Usuário. O termo grade (grid) refere-se a disposição das linhas imaginárias no terreno em qualquer um dos sistemas de coordenadas. A que você seleciona (no menu CONFIGURAÇÃO, na maioria dos aparelhos) será determinado pelos mapas e cartas que você usa pois você geralmente espera que o receptor exiba coordenadas de posição no mesmo sistema que é usado por seus mapas. Figura 15 - Globo Terrestre com o sistema de coordenadas Lat/Log (grade) sobreposto. 2.4 – Meridianos e Paralelos São vários são os processos utilizados na determinação de coordenadas ou da localização de pontos na superfície terrestre. Contudo, e em primeiro lugar, devemos nos familiarizar com as noções de latitude e longitude sobre o globo terrestre. Considere a grade LAT/LOG das esferas terrestre abaixo representadas. Nela teremos: 1 - O equador, que corresponde a um círculo imaginário determinado na superfície terrestre pela interseção desta com um plano perpendicular à linha dos pólos, passando pelo centro da Terra. 2 - A paralela ao plano do equador determinará a seção que é chamada paralelo de latitude. Logo, paralelos de latitude ou simplesmente paralelos são todos os círculos determinados pelas interseções com a superfície terrestre de planos paralelos ao plano do equador. Grade (grid) Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 15 ’ Fugira 16 – paralelos de latitude A seção formada pela interseção da superfície terrestre com um plano que passe por um ponto na superfície terrestre e pelos pólos (PN e PS) é chamada meridiano de longitude. Assim, meridianos de longitude ou meridianos, são os traços feitos pelas interseções de todos os planos que contêm os pólos com a superfície terrestre. Um ponto na superfície terrestre (interseção de um paralelo e de um meridiano) será definido em coordenadas geográficas pela latitude do paralelo e pela longitude do semi-meridiano que passam por esse ponto. Figura 17 – meridiano de longitude O meridiano de longitude mais famoso é que passa sobre o Observatório de Greenwich na Inglaterra. Ao primeiro meridiano é arbitrado o valor de 0°. A partir daí, são 180° de longitude a leste (direita) e 180° de longi tude para o oeste (esquerda) do Meridiano Principal. A linha do equador divide o globo em duas partes iguais (HemisfériosNorte e Sul). O equador está na latitude 0°. Deste ponto, e ste valor aumenta até 90° de latitude ao norte (acima) e 90° de latitude para o sul (abaixo) do equador. Além do Primeiro Meridiano, Meridiano Principal ou de Greenwich outro meridiano de importância para um Sistema de Coordenadas Geográficas é o Meridiano 180° (antimeridiano de Greenwich) também conhecido como Linha Internacional de Mudança de Data. Convenciona-se que leste deste Meridiano é o dia seguinte ao dia a oeste do mesmo meridiano. Latitude Longitude Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 16 Meridiano Principal (0º) Linha internacional de mudança de data (180º) Figura 18 – linha internacional de mudança de data 2.5 - Projeção Transversa de Mercator A idéia da Projeção Transversa de Mercator tem suas raízes no século 18, mas não foi utilizada praticamente até após a Segunda Guerra Mundial, quando foi adotada pelo exército americano em 1947. Antes de qualquer coisa vamos ver a origem do nome “Universal Transversa de Mercator (UTM). O termo Universal é devido à utilização do elipsóide de Hayford (1924), que era conhecido como elipsóide Universal, usado como modelo matemático de representação do globo terrestre. Transversa é o nome dado à posição ortogonal do eixo do cilindro em relação ao eixo menor do elipsóide. A expressão Mercator refere-se ao matemático holandês (1512-1594), considerado pai da cartografia, que idealizou a projeção que apresenta os paralelos como retas horizontais e os meridianos como retas verticais. Adotada por muitas agências de cartografia nacionais e internacionais, inclusive a OTAN, é comumente usado em cartografia topográfica e temática, para referenciamento de imagens de satélite e como sistema de coordenadas para bases cartográficas para Sistemas de Informação Geográfica. 2.6 – Sistemas de Coordenadas 2.6.1 -Sistema de coordenadas de LAT/LON LAT/LON (Latitude e Longitude) é o sistema de coordenadas mais utilizado no mundo inteiro. Projeta linhas de latitude (paralelos) e linhas de longitude (meridianos) sobre a superfície da terra. Linhas de latitude são o Equador e as linhas horizontais que são paralelas a ele. Linhas de longitude são as linhas verticais que são perpendiculares Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 17 ao equador e atravessam os pólos. Uma posição é descrita como sendo a interseção de uma linha de latitude com uma linha de longitude. A grade correspondente vai até 180 graus a leste ou oeste do Meridiano Principal que é longitude de 0°, sendo que o Meridiano Princi pal passa por Greenwich, Inglaterra, e até 90 graus a norte ou sul do equador. As latitudes que interceptam os pólos norte e sul são, respectivamente 90°N e 90°S, enquanto que o eq uador é latitude de 0°. Devemos nos lembrar ainda das subdivisões de um grau, os minutos (há 60 minutos para cada grau) que são descritos com “ 60’ “ Os Minutos por sua vez, também podem ser divididos em unidades menores os segundos. Há 60 segundos em cada um minuto a notação é “ 60” “. Quando usamos um receptor GPS isto também pode ser expresso em frações de um minuto como decimais ou como segundos. Deste modo uma coordenada de posição Lat/Lon pode ser expressa de dois modos: como N25°4 7.50’ (hhº mm,mm`) ou N25°47'30” (hhº mm`ss.ss”). 2.6.2 - Sistema de coordenadas UTM O UTM (Universal Transverse Mercator) é encontrado em mapas terrestres que são produzidos por provedores de mapas governamentais. Quando usamos mapas para orientação no terreno ou em levantamento topográficos de pequena extensão, as coordenadas UTM são bem mais fáceis para usar que Lat/Lon. Em razão de estes mapas terem os ângulos preservados (suas projeções são “conformes”) faz que a tarefa de plotar uma posição tenha que ser feita se utilizando de alguns artifícios matemáticos. Como a UTM tem uma grade cujos ângulos são retos e valores em metros, a sobreposição desta grade nestes mapas governamentais permite a plotagem extremamente rápida e prática dos pontos. Para compreendermos sua construção, Imagine a Terra como uma laranja, com pólos, linha do equador, paralelos e meridianos desenhados sobre ela. Imagine usar uma faca e retirar dois pequenos círculos no pólo norte e no pólo sul. Fazendo um corte na casca da laranja na direção norte-sul e repetindo este corte norte-sul a intervalos iguais, pode se obter 60 pedaços. Estas são as 60 zonas ou fusos (Figura 19). Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 18 Figura 19 - Fuso UTM Cada um destes fusos formará a base de uma projeção de um mapa. O achatamento necessário para projetar a superfície curva da casca da laranja em uma superfície plana pode ser visualizado forçando a tira de casca laranja sobre uma superfície plana. Ao comprimirmos o centro da fatia, podemos forçar a casca a ficar totalmente plana sobre superfície lisa. Contudo esta ação de planificação resulta em uma distorção leve das características geográficas dentro deste fuso (o que não nos interessa, pois a idéia é um mapa sem distorções). Para resolver isto optou por um o fuso relativamente estreito (6º), de tal modo que esta distorção pode ser ignorada pela maioria dos usuários de mapas. Será esta a razão pelo qual se pode fazer medidas rápidas em mapas UTM (conforme) e, ao mesmo tempo, gerar modelos planos do terreno a ser estudado (equivalência). Deste modo a Projeção de Mercator (não transversa) é uma projeção conforme pseudocilíndrica (preserva a forma). O sistema de projeção muda à orientação do cilindro sobre o qual o mapa é projetado de modo que sucessivas pequenas regiões apresentem pequena distorção. Estas regiões possuem 6° de ampl itude (Figura 20) e são traduzidas pelas diversas rotações do elipsóide sobre o cilindro até, completarem uma circunferência (360°) perfazendo uma divisão em sessenta fusos verticais. Figura 20 - Cilindro Transverso UTM, com a faixa de projeção em destaque Os fusos UTM são numerados, sentido leste, a partir do anti-meridiano 180°( como vocês já viram anteriormente, é oposto ao Meridiano de Greenwich). O primeiro fuso recebe o número 1 e assim consecutivamente no sentido leste até o fuso 60.’ (Figura 21) Figura 21 - O 60 fusos e 20 segmentos UTM planificados. A esfera mostra a localização de um dos fusos. Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 19 No sentido Norte-Sul, a divisão é feita em segmentos de 8°. A nomenclatura é usada somente entre os paralelos 84° N e 80° S, com eçando a 80° S, com a letra C até a letra X. Os idealizadores do sistema omitiram as letras I e O pois poderiam ser confundidas com números (. . 2.5.2 - Sistema de Coordenadas UTM As coordenadas UTM são expressas em metros. O eixo E (Easting) representa a coordenada no sentido leste-oeste. O eixo N (Northing) representa a coordenada no sentido norte-sul. Para evitar coordenadas negativas (o que é comum quando trabalhamos com LAT/LOG), é atribuído o valor 500.000 m ao meridiano central. Assim, para os 6° de amplitude do fuso, o eixo E varia aproximadamente de 160.000 m a 840.000 m para cada fuso (Figura 24). Para o eixo N, a referência é o equador e o valor Figura 24 - Exemplo de um fuso e de suas coordenadas 25N P M 242322212019 Em RR, os Fusos são o “20” e o “21”, e os segmentos “N” e “M”. Figura 23 - Os segmentos do sistema UTM em Roraima. Observe que no Estado de Roraima o segmento N abrange a totalidade do Estado. Polo Norte Polo Sul 6º Longitude Limite LESTE do fuso 10.000Km 8.000 Km 6.000 Km 4.000 Km 2.000 Km 0 Km 0 Km 2.000 Km 4.000 Km 6.000 Km 10.000 Km 8.000 Km L a t i t u d e S u l N o r t e 90 0 Km 70 0 Km 50 0 Km 30 0 Km 10 0 Km 0º 10º 20º 30º 10º 20º 40º 50º 60º 70º 80º 90º 30º 40º 50º 60º 70º 80º 90º Meridiano Central Equador Limite OESTE do fuso Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 20 atribuído depende de hemisfério. Quando tratamos de regiões no hemisfério norte, o equador tem um valor de N igual a 0 m. No hemisfério sul, o equador tem um valor N igual a 10.000.000 m 2.6.3 - Sistema de coordenadas de outros países Coordenadas OSGB são semelhantes à UTM, mas é usadas apenas na Grã Bretanha. Elas devem ser usadas com o datum de GBR36, ou seja, este sistema de coordenadas não pode ser usado em outras partes do mundo. Do mesmo modo a Grade Irlandesa usa o datum da Irlanda, a Grade Finlandesa usa datum KKJ; a Grade Sueca usa o datum RT90, e a Grade Suíça usa o datum Suíço. Todos estes sistemas são usados exclusivamente nos territórios dos países que os instituíram (apesar se serem disponíveis nos GPS do Brasil!). 2.6.4 - Grades de usuário nos aparelhos GPS Grades usuário são grades fora do padrão que são usadas em áreas operacionais relativamente pequenas. Tal área tem seus sistemas de grade definidos localmente ou em áreas que não são diretamente suportadas por quaisquer dos sistemas de coordenadas embutidos. UNIDADE III – NOÇÕES DE ESCALA EM MAPAS 3.1 - Introdução Todo bom mapa tem três qualidades básicas: ter um sistema de coordenadas (que se baseia num sistema de projeção sobre o qual ele foi definido) uma representação cartográfica (a “legenda” do mapa) e por fim uma escala. Por ser imprescindível, o conceito de escala é absolutamente necessário para entendermos a construção de um mapa. É muito comum falarmos em mapas de grande escala e de pequena escala. A expressão “maior” e o “menor” correspondem a maior ou menor redução de escala. Para memorizarmos isto, vale uma regra simples: “Quanto MAIS DETALHES um mapa tiver, MAIOR será sua escala. Quanto MENOS DETALHES o mapa tiver, MENOR sua escala.” Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 21 Mas, afinal de contas, o que é “detalhe” em mapas? Teve-se ter em mente que a escolha de uma escala a ser usada numa carta ou mapa depende da finalidade a que ela se destina. Se nosso objetivo é reproduzir edificações na sua verdadeira grandeza, a escala escolhida para o mapa deve permitir isto. Por convenção, só seria possível reproduzir, em sua verdadeira grandeza, objetos que tenham o tamanhos superiores a 0,5 mm (a largura da ponta do grafite de nossas lapiseiras) O advento da tecnologia mudou um pouco esta perspectiva, pois os aplicativos de cartografia digital expandiram este limite. Contudo devemos considerar que para a reprodução de detalhes do terreno em sua verdadeira grandeza, a espessura do traçado do mapa será o limite físico que devemos considerar. 3.2 - Classificação dos mapas por escala: Em termo de escala, podemos classificar os mapas, de um modo geral, em: Mapa Escala Detalhe de projeto civil 1:100 Terraplanagem 1:200 Plantas de propriedade urbana 1:500 Planta de fazenda 1:1000 Plantas cadastrais ou plantas de cidades ou mapas de zoneamento urbano Até 1: 5.000 Levantamentos de detalhe ou planos topográficos 1;5.000 a 1:25.000 Cartas topográficas 1:25.000 a 1:250.000 Cartas corográficas 1:1.500.000 a 1:5.000.000 Cartas Gerais 1:5.000.000 Fonte: Libault (1975) Já os mapas geológicos poderiam ser classificados da seguinte forma: Mapa Escala Escala de Detalhe até 1:25.000 Escala de semi-detalhe – de 1;25.000 até 1:100.000 Escala de reconhecimento ou síntese acima de 1:100.000 Fonte:Santos (1989) 3.3 – Conceito de escala Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 22 Todo o mapa é uma representação esquemática e reduzida da superfície terrestre. Esta redução se faz segundo determinada proporção entre o desenho e a superfície real, a escala. Deste modo, escala é “A Relação entre o tamanho dos elementos representados em um mapa e o tamanho correspondente medido sobre a superfície da Terra.” Esta relação pode ser mostrada através de uma relação numérica como, por exemplo, 1:100.000 (se diz 1 para 100.000), sendo: - o valor 1 (antes dos dois pontos) é o numerador da escala; - o número 100.000 (após os dois pontos) indica o número de unidade na paisagem (ou o número de vezes que a superfície foi reduzida) é chamado de denominador da escala; Não existe unidade em uma escala. Quando queremos comparar uma distância no mapa em relação ao terreno, utilizaremos a unidade que melhor nos convier. Deste modo de o valor do numerador corresponder a 1 metro.... então 100.000 corresponderá a 100.000 metros! Em termos práticos, o numerador corresponderá a distância no mapa e o denominador a do terreno. Isto quer dizer que uma escala 1:100.000, 1 metro deste mapa equivale a 100.000 metros de terreno. Esta relação pode ser definida matematicamente da seguinte forma: Sendo: 1 - numerador N – denominador D - distância no mapa D - distância do Terreno E - escala 3.4 – Como se enuncia a escala dos mapas? 1 N d D E = = Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 23 Os enunciados das escalas nos mapas possam se de dois tipos: numéricas e gráficas. Para a escala numérica teríamos vários tipos de enunciado: 1- enunciado francês = ___1___ 100.000 2 - o enunciado inglês = 1/100.000 3 - o enunciado internacional (adotado no Brasil) = 1:100.000 A escala gráfica é um segmento de reta dividido de modo a permitir a medida de distância da carta. Este tipo de escala permite visualizar, de modo apreensível, as dimensões dos objetos figurados na carta. Sua maior vantagem é o fato que ao reproduzirmos o mapa por cópia xerográfica, a ampliação ou redução sofrida pelo mapa será acompanhada pela escala gráfica, preservando a escala do mapa. Figura 26 - Alguns estilos de escala gráfica. Em cada uma vemos os elementos fundamentais de uma escala gráfica: o título, que corresponderá à escala numérica; uma unidade ou divisão principal que será a grandeza usada como unidade de comprimento (que, no caso, é de 50 metros); e o talão, que agrupará o conjunto de unidades. Ge-331 – Cartografia Geral e Temática – Prof. Dr. Fábio Luiz Wankler 24