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BIOENERGÉTICA INTRODUÇÃO AO METABOLISMO Segundo uma das leis fundamentais da física, a energia não é criada e nem destruída, no entanto, ela pode ser transformada de um tipo em outro. As transformações de energia estão relacionadas a alterações químicas que ocorrem nas células. Estas transformações relacionam-se com o metabolismo. METABOLISMO – é a atividade química total de um organismo vivo e a cada instante consiste de milhares de reações químicas (Alberts et al., 2008). Uma reação relevante é aquela que faz uso de um substrato (moléculas orgânicas) disponível e o converte em um produto útil (molécula de ATP). METABOLISMO ENERGETICO ADENOSINA TRIFOSFATO – ATP O papel celular do ATP é de um transmissor de energia e não de um reservatório de energia livre. A quantidade de ATP em uma célula é em geral suficiente apenas para suprir suas necessidades de energia livre durante 1 minuto ou dois. A molécula de ATP possui a capacidade de mudar a conformação de outras moléculas, doando o grupamento fosfato. O papel celular do ATP Fonte de energia em alguns processos impulsionados por mudanças conformacionais Fornece energia para reações anabólicas (síntese de macromoléculas) Transporte de moléculas e íons através das membranas contra gradientes de concentração e de potencial elétrico REAÇÕES DE OXIDAÇÃO E REDUÇÃO Numa reação redox, o reagente A é oxidado e o agente B é reduzido. No processo, A perde elétrons e B ganha elétrons. Um próton pode ser transferido junto com um elétron. Assim, o que é realmente transferido é um átomo de hidrogênio. Os elétrons são partículas de carga negativa que ficam girando ao redor do núcleo atômico. ROTAS DE ENERGIA EM EUCARIOTOS Externamente à mitocôndria: glicólise e fermentação (citosol) No interior da mitocôndria: membrana interna - oxidação do piruvato, cadeia respiratória, matriz – ciclo do ácido cítrico. Quais moléculas podem ser oxidadas para gerar energia? 1 – Carboidratos 2 – Lipídios 3 – Proteínas A respiração celular ocorre em 3 estágios: 1 – Nutrientes (moléculas orgânicas) são oxidados e geram Acetil-CoA (Glicólise, ß-oxidação e oxidação de aminoácidos) coenzimas são reduzidas; 2 – Acetil-CoA é oxidado a CO2 no Ciclo de Krebs coenzimas são reduzidas; 3 – Coenzimas são oxidadas, transferindo os elétrons para O2, formando água e armazenando a energia envolvida na forma de ATP, na Cadeia Respiratória (Cadeia de Transporte de elétrons + Fosforilação Oxidativa) GLICÓLISE Na glicólise uma molécula de glicose e degradada em uma série de reações catalisadas por enzimas, gerando duas moléculas do composto de três átomos de carbono, o piruvato. Durante as reações sequenciais da glicólise, parte da energia livre da glicose e conservada na forma de ATP e NADH. Ocorre no citoplasma Quebra da glicose em piruvato Etapa comum aos organismos aeróbios e anaeróbios Durante a fase preparatória não há a formação de ATP, apenas gastos de 2 moléculas de ATP. 1º gasto – aprisionar a glicose dentro da célula, adicionando um grupamento fosfato no carbono 6. A fosforilação ocorre em C-6, já que C-1 é um grupo carbonil e não pode ser fosforilado. A quebra da glicose, formada por seis átomos de carbono, em duas moléculas de piruvato, cada uma com três carbonos, ocorre em 10 etapas, sendo que as primeiras 5 constituem a fase preparatória. Nessas reações, a glicose é inicialmente fosforilada no grupo hidroxil ligado ao C-6 (etapa 1). A D-glicose-6--fosfato assim formada é convertida a D-frutose-6-fosfato (etapa 2), a qual é novamente fosforilada, desta vez em C-1, para formar D- frutose-1,6-bifosfato (etapa 3). Nas duas reações de fosforilação, o ATP é o doador de grupos fosforil. A frutose-1,6-bifosfato e dividida em duas moleculas de três carbonos, a di-hidroxiacetona-fosfato e o gliceraldeido-3-fosfato (etapa 4). A di-hidroxiacetona-fosfato e isomerizada a uma segunda molécula de gliceraldeido-3-fosfato (etapa 5), finalizando a primeira fase da glicólise. Na fase preparatória da glicólise, a energia do ATP e consumida, aumentando o conteúdo de energia livre dos intermediários, e as cadeias de carbono de todas as hexoses metabolizadas são convertidas a um produto comum, o gliceraldeido-3-fosfato. Cada molécula de gliceradeido-3-fosfato e oxidada e fosforilada por fosfato inorgânico (não por ATP) para formar 1,3-bifosfoglicerato (etapa 6). Ocorre liberação de energia quando as duas moléculas de 1,3- bifosfoglicerato são convertidas a duas moléculas de piruvato (etapas 7 a 10). O rendimento líquido são duas moléculas de ATP por molécula de glicose utilizada, já que duas moléculas de ATP foram consumidas na fase preparatória. A energia também é conservada na fase de pagamento com a formação de duas moléculas do transportador de elétrons NADH por molécula de glicose. FUNÇÕES DA VIA GLICOLÍTICA 1.Transformar glicose em piruvato 2.Sintetizar ATP com ou sem oxigênio 3.Preparar a glicose para se degradada totalmente em CO2 e H2O 4.Permitir a degradação parcial da glicose em anaerobiose 5.Produzir alguns intermediários que serão utilizados em diversos processos biossintéticos. A fosforilação da glicose garante que os intermediários da via permaneçam na célula. NAD+ - nicotinamida adenina dinucleotídeo FADH2 – flavina adenina dinucleotídeo METABOLISMO AERÓBIO E ANAERÓBIO METABOLISMO ANAERÓBICO Como os organismos vivos surgiram inicialmente em uma atmosfera sem oxigênio, a quebra anaeróbia da glicose provavelmente seja o mais antigo mecanismo biológico de obtenção de energia a partir de moléculas orgânicas combustíveis. • Fermentação: É uma rota bioquímica onde ocorre a regeneração do NAD+, redução do piruvato a lactato ou etanol, mantendo o processo continuado da glicólise em condições anaeróbicas. É uma garantia de que os NADH serão regenerados para continuar o processo. Fermentação lática e alcoólica: Em ambos os casos (fermentação alcoólica e lática), os dois elétrons (e um próton) do NADH são transferidos ao carbono central do piruvato. Todavia, no caso da fermentação alcoólica, a reoxidação do NADH é precedida pela liberação de dióxido de carbono (descarboxilação). Leveduras e outros microrganismos fermentam glicose em etanol e CO2, em vez de lactato. A glicose e convertida a piruvato pela glicólise, e o piruvato e convertido a etanol e CO2 em um processo de duas etapas: Na primeira etapa, o piruvato e descarboxilado em uma reação irreversível catalisada pela piruvato- descarboxilase. Essa reação e uma descarboxilação simples e não envolve a oxidação do piruvato. Na segunda etapa, o acetaldeído é reduzido a etanol pela ação da álcool-desidrogenase, com o poder redutor fornecido pelo NADH derivado do gliceraldeido-3-fosfato (glicólise). A piruvato-descarboxilase está presente na levedura utilizada na fabricação de cervejas e pães (Saccharomyces cerevisae). O CO2 produzido pela piruvato descarboxilase na levedura da cerveja é responsável pela efervescência característica. Na panificação o CO2 liberado pela piruvato- descarboxilase, faz a massa crescer. Quando tecidos animais não podem ser supridos com oxigênio suficiente para realizar a oxidação aeróbia do piruvato e do NADH produzidos na glicólise, NAD+ e regenerado a partirde NADH pela redução do piruvato a lactato. Alguns tecidos e tipos celulares que como os eritrócitos (que não possuem mitocôndrias, e, portanto, não podem oxidar piruvato até CO2), produzem lactato a partir da glicose mesmo em condições aeróbicas. A redução do piruvato por essa via e catalisada pela lactato-desidrogenase. O lactato formado pelos músculos esqueléticos em atividade pode ser reciclado; ele é transportado pelo sangue até o fígado, onde é convertido a glicose durante a recuperação da atividade muscular exaustiva. NADH doa elétrons para o piruvato (reduz o puruvato), quebrando as ligações duplas do piruvato e formando lactato. Fermentação no rúmen – Ruminantes Pré-estômagos Simbiose com microrganismos que fermentam alimentos fibrosos produzindo AGVs como principal fonte energética dos ruminantes. O fato dos ruminantes possuírem câmeras fermentativas em seu trato digestivo lhes conferem maior eficiência no aproveitamento de alimentos fibrosos (e dos produtos da fermentação), principalmente nos animais mantidos em pastejo. Destino do propionato Utilizado pelas células das paredes dos pré- estômagos Captado pelo fígado, sendo o principal precursor da glicose no metabolismo dos ruminantes (gliconeogênese). VISÃO GERAL DA RESPIRAÇÃO CELULAR CARACTERIZAÇÃO DA MITOCÔNDRIA A maioria das bactérias atuais respiram como as mitocôndrias e provavelmente as células eucarióticas atuais são descendentes de anaeróbicos primitivos que sobreviveram em um mundo que se tornou rico em oxigênio. CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO OU CICLO DE KREBS O ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs, ciclo do ácido tri carboxílico é uma via catabólica central e praticamente universal por meio da qual os compostos derivados da degradação de carboidratos, gorduras e proteínas são oxidados a CO2, com a maior parte da energia da oxidação temporariamente armazenada nos transportadores de elétrons FADH2 e NADH. Durante o metabolismo aeróbio, esses elétrons são transferidos ao O2, e a energia do fluxo de elétrons é capturada na forma de ATP. Funções do Ciclo de Krebs Oxidar a acetil-CoA em CO2 e H2O Fornecer elétrons para a cadeia respiratória Grande gerador de energia (ATP) Intermediários são precursores de compostos bioquimicamente importantes Características do Ciclo de Krebs Ocorre na matriz mitocondrial É um ciclo metabólico – oxaloacetato (inicia a via) é regenerado no final do ciclo. O ciclo de Krebs ocorre em aerobiose É comum ao metabolismo de lipídios, glicídios e proteínas Via anfibólica – degrada a acetil-CoA em CO2 e água (catabolismo) e intermediários são utilizados para a síntese de outros compostos (anabolismo). Reações do Ciclo de Krebs PRODUÇÃO DE acetil-coA Antes de entrarem no Ciclo de Krebs, os esqueletos de carbono dos açúcares e ácidos graxos são convertidos ao grupo acetil da acetil-CoA, a forma na qual a maioria dos combustíveis entra no ciclo. A acetil-CoA entra no ciclo do ácido cítrico (na mitocôndria de eucariotos, no citosol em bactérias) quando a citrato-sintase catalisa sua condensação com o oxaloacetato para a formação de citrato. Em sete reações sequenciais, incluindo duas descarboxilações, o ciclo do ácido cítrico converte citrato a oxaloacetato e libera dois CO2. A via é cíclica, de modo que os intermediários não são exauridos; para cada oxaloacetato consumido na via, um é produzido. Para cada acetil-CoA oxidada pelo ciclo do ácido cítrico, o ganho de energia consiste em três moléculas de NADH, uma de FADH2 e um nucleosídeo trifosfatado (ATP ou GTP). Além da acetil-CoA, qualquer composto que origine um intermediário do ciclo do ácido cítrico com quatro ou cinco carbonos – por exemplo, os produtos da degradação de muitos aminoácidos – podem ser oxidados pelo ciclo. IMPORTÂNCIA DA GLICÓLISE E DO CICLO DO ÁCIDO CÍTRICO A glicólise e o ciclo do ácido cítrico fornecem os precursores necessários para a síntese de muitas moléculas biológicas. REAÇÕES ANAPLERÓTICAS Quando os intermediários do Ciclo de Krebs são desviados do ciclo do ácido cítrico para outras vias, eles são repostos por algumas reações anapleróticas, que produzem intermediários de quatro carbonos por meio da carboxilação de compostos de três carbonos; essas reações são catalisadas por piruvato-carboxilase, PEP- carboxicinase, PEP-carboxilase e enzima málica. Enzimas que catalisam carboxilações comumente utilizam a biotina para ativar o CO2 e transportá-lo a aceptores, como piruvato ou fosfoenolpiruvato. FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA: A descoberta em 1948 por Eugene Kennedy e Albert Lenhinger de que as mitocôndrias são os sítios da fosforilação oxidativa em eucariotos marcou o início da fase moderna dos estudos de transduções biológicas de energia. A fosforilação oxidativa é a culminação do metabolismo produtor de energia nos organismos aeróbicos. A fosforilação oxidativa envolve a redução do O2 a H2O com elétrons doados pelo NADH e FADH2. Este processo ocorre nas cristas mitocondriais. Transportadores de elétrons: São complexos multiproteicos associados a grupos prostéticos, componentes não proteicos essenciais as funções catalíticas de certas enzimas. Complexo I - NADH ubiquinona-desidrogenase Complexo II - succinato desidrogenase Complexo III - citocromo c-oxidorredutase Complexo IV - citocromo oxidase COMPLEXO I Cofatores – átomos de ferro e enxofre. Ubiquinona (Q) – proteína pequena localizada dentro da membrana. Ubiquinol (QH2) – forma reduzida COMPLEXO II – recebe os elétrons do FAD No complexo I a ubiquinona foi reduzida a ubiquinol pelo NAD, no complexo II pelo FAD. COMPLEXO IV CARACTERIZAÇÃO DA ATP – SINTASE – SÍNTESE DE ATP A ATP – sintase é um complexo enzimático que sintetiza o ATP na membrana mitocondrial interna. TEORIA QUIMIOSMÓTICA A teoria quimiosmótica postula que as diferenças nas concentrações transmembrana de prótons são centrais para a transdução de energia. Obedece ao gradiente de concentração – mais concentrado no espaço intermembrana, menos concentrado nas cristas. O retorno de H+ fornece energia para a ATP sintase sofrer uma mudança conformacional, que transforma ADP em ATP pela adição de um fosforo. BALANÇO ENERGÉTICO Produto final = 36 ou 38 ATP A quantidade de NADH da glicólise irá variar em função dos sistemas circulares ou lançadeiras. SISTEMAS CIRCULARES OU LANÇADEIRAS – evitar que os NADH fiquem dispersos no citosol Circuito malato-aspartato - mitocôndrias do rim, fígado e coração. Circuito do glicerol-3- fosfato – mitocôndrias do músculo esquelético e encéfalo. LANCADEIRA MALATO- ASPARTATO As mitocôndrias, assim como as bactérias gram-negativas, têm duas membranas. A membrana mitocondrial externa é prontamente permeável a moléculas pequenas e a íons, que se movem livremente por canais transmembrana, formados por uma família de proteínas integrais de membrana chamadas de porinas. A membrana interna é mais difícil de ser ultrapassada Oxidação do NAD+ redução do oxalacetato formação do malato joga pra dentro da mitocôndria Objetivo: Garantir que os NAD formados na glicólise (citosol) sejam transportados para o complexo I (cristas mitocondriais) LANCADEIRA GLICEROL-3-FOSFATO