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aula Inflamação Aguda e Crônica

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INFLAMAÇÃO 
Prof. Carlos Renato Nogueira 
Mestre em Neurofarmacologia UFC 
Considerações Gerais 
 Estímulo 
 
Lesão Reversível 
 
Lesão Irreversível – “Ponto sem retorno” 
 
 Morte Celular 
 
Resp. Adaptativa 
 Inflamação 
 
Considerações Gerais 
 A inflamação (do Latim inflammatio, “atear fogo”) é 
uma reação complexa do tecido conjuntivo vascular que 
está presente nos locais que sofreram alguma forma de 
agressão e que, portanto, perderam sua homeostase. 
 
 É um processo que visa compensar essas alterações de 
forma e de função por intermédio de reações vasculares, 
com o objetivo final de livrar o organismo da causa 
inicial da lesão celular (ex. toxinas, bactérias) e das suas 
conseqüências (ex. células e tecidos necróticos). 
 
 
“ Resposta celular exudativa, 
proliferativa e ou fibroblástica em 
resposta a morte celular 
patológica” 
Considerações Gerais 
 
 A inflamação pode ser considerada, assim, uma reação 
de defesa local e que está estritamente interligada ao 
processo de reparação. 
 
 Inflamação e a reparação podem ser lesivas ao 
organismo: 
 - As reações de hipersensibilidades (picadas de insetos, 
Asma, drogas); 
 - Doenças crônicas (Aterosclerose e fibrose pulmonar); 
 - Reparação Fibrosa; 
Considerações Gerais 
 Componentes da resposta inflamatória: 
Considerações Gerais 
 Sinais cardinais da inflamação: Dor, Rubor, Calor, Tumor e 
Perda de função 
 
 
Considerações Gerais 
Considerações Gerais 
 A Inflamação pode ser dividida em dois padrões: 
 
 
AGUDA CRÔNICA 
 
Duração curta (minutos, 
horas ou poucos dias). 
 
Exudação ( Líquidos e 
Proteínas); 
 
Emigração Leucocitária 
(Neutrófilos) 
Duração mais longa. 
 
Associada 
histologicamente à 
presença de linfócitos, 
macrofágos, 
angiogenese, fibrose e 
necrose tecidual. 
 
Considerações Gerais 
 
 EXUDATO 
 
TRANSUDATO 
Líquido extravascular 
inflamatório rico em 
proteínas e restos 
celulares; 
 
D>1,020 
É um líquido com baixo 
teor de proteínas (maior 
parte albumina); 
 
 
D<1,012 
X 
 
Abscesso de Mandíbula 
 Em algumas situações durante a resposta aguda pode ocorrer 
a formação de pus. O pus é um material amarelado de 
consistência pastosa, resultado da digestão e da necrose do 
tecido agredido. 
 
 Onde há pus há uma grande concentração de neutrófilos. Esse 
volume de pus exerce grande pressão no interior do tecido e 
sua tendência é tentar extravasar; para tanto, pode se 
estabelecer um canal através do tecido conhecido como 
fístula. 
 
 Nessas circunstâncias, pode-se realizar drenagem no local 
afetado. 
Abscesso 
Abscesso de Mandíbula 
 
Abscesso 
Abscesso Hepático 
 
Abscesso Pulmonar 
 
Inflamação Aguda 
 Possui três componentes principais: 
 
1 - Alterações do calibre vascular: que aumenta o fluxo 
sangüíneo; 
 
2 - Alterações estruturais da microvasculatura: que permitem o 
extravasamento de proteínas e leucócitos interstício; 
 
3 - Emigração dos leucócitos da microcirculação para o foco da 
lesão. 
Alterações do Calibre Vascular 
1 - Vasoconstrição transitória 
seguida por vasodilatação; 
(Dor e eritrema) 
 
2 - Alentecimento da 
circulação, decorrente do 
aumento da permeabilidade 
da microvasculatura; 
(Extravasamento de líquido 
) 
 
3 - Estase acarretando 
marginação leucocitária 
 
Inflamação Aguda 
 O aumento da permeabilidade vascular leva ao 
extravasamento de um líquido rico em proteínas para o 
interstício – marca da inflamação aguda. 
 
 A perda de proteína plasmática leva a P.O. Intravascular e 
 P.O. Intertiscial , que juntamente com o P.H acarreta um 
efluxo de líquido e seu acúmulo no interstício : 
 
 
 
 EDEMA 
Mecanismos de extravasamento 
vascular na Inflamação Aguda 
 Alterações vasculares: aumento da permeabilidade (Histamina, 
bradicinina, leucotrienos,neuropeptídios) 
Mecanismos de extravasamento 
vascular na Inflamação Aguda 
 Alterações vasculares: aumento da permeabilidade 
Mecanismos de extravasamento 
vascular na Inflamação Aguda 
 Alterações vasculares: aumento da permeabilidade 
Mecanismos de extravasamento 
vascular na Inflamação Aguda 
 Alterações vasculares: aumento da permeabilidade 
Principais células do exudato 
inflamatório 
 Neutrófilo 
 Eosinófilo 
 Linfócito 
 Plasmócito 
 Macrófago 
Extravasamento de Leucócitos e 
Fagacitose 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Etapas: 
1.Na luz: marginação, rolagem (adesão frouxa) e aderência (adesão firme); 
2.Transmigração através do endotélio (diapedese) - por meio de colagenase; 
3.Migração nos tecidos interticiais em direção a um estímulo quimiotático. 
 
Aderência e Transmigração 
 Selectinas: Ligam-se a moléculas de açúcar. Essas,por sua vez, unem-
se a ligantes específicos, imunoglobulinas. O aumento de aderência 
entre leucócito e endotélio gerado pelas selestinas é importante no 
fenômeno de rolamento. P, E e L. 
 
 Integrinas:Estão presentes, principalmente, nos leucócitos. Com uma 
ativação endotelial, libera-se moléculas que aumentam a expressão 
de integrinas dos leucócitos. Tais moléculas de adesão promovem 
aderência maior do leucócito ao endotélio, fenômeno chamado 
adesão. Elas ligam-se aos ICAMs e VCAMs, que são elementos das 
imunoglobulinas. 
 
 PeCAM: molécula de adesão no endotélio e no leucócito. Elas 
promovem aderência do leucócito do vaso e sua transmigração. 
 
 
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Adesão leucocitária + 
Diapedese (in vivo) 
Neutrophil adesion 
and response 
 
Quimiotaxia Leucocitária 
 Trata-se de locomoção orientada ao longo do gradiente químico. 
 Os quimioatratores podem ser de origem endógena ou exógena. As 
endógenas são representadas por componentes do sistema complemento 
(C3a, C5a), metabólitos do ácido araquidônico (Lipoxigenase – LTB4) e 
citocinas (IL-8). Os principais quimioatratores exógenas são os produtos 
bacterianos. 
 Todos os granulócitos, monócitos e, em menor grau, linfócitos respondem a 
eses estímulos em níveis variados. 
 Quando o neutrófilo chega no local da lesão, ocorre a ativação leucocitária 
a qual se dá por: 
 · Produção de metabólitos do ácido araquidônico; 
 · Degranulação e secreção de enzimas lisossômicas ; 
 · Atividade da explosão oxidativa (pos radicais livres); 
 · Modulação de moléculas de adesão ; 
 · Potenciação (TNF) 
 
Quimiotaxia Leucocitária 
 Ela ocorre através da ligação do estímulo quimiotático a 
receptores específicos dos leucócitos. 
 No citoplasma do neutrófilo temos filamentos de actina e 
miosina. O cálcio promove polimerização da actina e da 
miosina provocando,assim, emissão de pseudópodes. Ao 
mesmo tempo, na outra extremidade da célula, há 
despolimerização. Esses dois fatores associados levam à 
locomoção. 
 A posição do neutrófilo depende do padrão de receptor de 
membrana e da concentração de quimiocina presente no meio. 
 
 
 
Fagocitose 
 ETAPAS 
 1 Reconhecimento do agente lesivo pelo leucócito através das 
opsoninas pelo fênomeno da opsonização,ou seja, facilitação 
da fagocitose. Como exemplo de opsonimas temos C3 e Fc de 
IgG, as quais têm receptores correspondentes na superfície do 
leucócito; 
 2 Ligação do agente lesivo à célula; 
 3 Formação de prolongamentos citoplasmáticosem torno do 
agente lesivo, fenômeno conhecido como engolfamento; 
 4 Formação do fagolisossoma; 
 5 Morte da partícula 
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Quimiotaxia in vivo 
Fagocitose 
Mediadores Químicos da Inflamação 
 Os mediadores químicos originam-se do plasma ou de células, 
ligam-se a receptores específicos na célula alvo e podem estimular 
a liberação de outros mediadores. 
 Possuem vida curta, podendo ter efeitos em um ou mais alvos e 
possuem potencial de causar efeitos danosos. 
 
Aminas vaso-ativas 
 Elas estão em estoques pré-formados. As mais importantes são 
histamina e serotonina. 
 A histamina encontra-se em mastócitos e é liberada na fase 
imediata ou inicial da inflamação provocando vasodilatação e 
aumento de permeabilidade. Já a serotonina encontra-se no 
interior de plaquetas e promove aumento da permeabilidade. 
 
Mediadores Químicos da Inflamação 
Metabólitos do ácido araquidônico (eicosanóides) 
O ácido araquidônico (AA) é um ácido graxo presente de forma 
esterificada na membranas das células. Os eicosanóides são 
produzidos pelas vias da ciclooxigenase e lipoxigenase que, são 
sistema enzimáticos. 
 
Estas vias são capazes de degradar o ácido araquidônico formando 
diferentes agentes que são importantes mediadores químicos. 
 
Os produtos da via lipoxigenase são os leucotrienos enquanto que os 
da via ciclooxigenase são prostaglandinas e tromboxano A2. As 
prostaglandinas provocam vasodilatação, inibição de agregação 
plaquetária e dor. 
 
O tromboxano A2 tem como funções vasoconstricção e promoção da 
agragação plaquetária. 
 
 
Mediadores Químicos da Inflamação 
Fator ativador plaquetário (PAF) 
Trata-se de um fosfolipídeo derivado de membrana de 
plaquetas, basófilos, mastócitos, macrofagos e células 
endoteliais. Os principais efeitos são: 
 Ativação e agregação plaquetária 
 Vasoconstricção e broncoconstricção quando em altas concentrações 
 Vasodilatação e aumento da permeabilidade quando em baixas 
concentrações 
 Adesão leucocitária 
 Quimiotaxia 
 Degranulação 
 Explosão oxidativa 
 
Mediadores Químicos da Inflamação 
Quimiocinas e citocinas 
 
 São proteínas produzidas por linfócitos, macrófagos, endotélio, células 
epiteliais e do tecido conjuntivo. 
 
 Seus nomes são dados de acordo com a célula produtora. Por 
exemplo, citocina produzida por monócitos chamam monocinas, 
linfócitos: linfocinas e assim por diante. 
 
 Na inflamação, as citocinas mais importantes são o fator de necrose 
tumoral (TNF α, β e γ ) e interleucina 1 (IL-1), responsáveis pela 
vasodilatação. 
 
Mediadores Químicos da Inflamação 
Óxido nítrico (NO) 
 Trata-se de um gás solúvel produzido por células endoteliais, 
macrófagos e neurônios específicos. Ele tem ação parácrina, 
ou seja, age em células próximas ao local de sua produção. 
Além disso, o NO possui vida média curta e relaciona-se à 
enzima NO-sintetase, que está presente em células 
endoteliais e em macrófagos. Um estímulo inflamatório induz 
produção e liberação de tal enzima pela célula. A 
conseqüência disso é a liberação de NO. 
 
 Suas ações principais referem-se ao relaxamento do endotélio 
(vasodilatação) e degradação de microorganismos. 
 
Mediadores Químicos da Inflamação 
Radicais livres do Oxigênio 
 Eles são produzidos por neutrófilos quando existem os 
seguintes 
 estímulos: exposição a agentes quimiotáticos, imunocomplexos 
e ação de macrófagos. Seus principais representantes são 
superóxido, peróxido de hidrogênio e anion hidroxila. 
 
 Pequenos níveis de radicais livres aumentam a expressão da 
quimiocina, da citocina e de moléculas de adesão. Por outro 
lado, altos níveis provocam dano epitelial, ativação de 
proteases e lesão de outros tipos de células causando lesão 
tissular. 
 
Mediadores Químicos da Inflamação 
Neuropeptídeos 
 Eles têm ação inicial. Seu principal representante é a 
substância P. 
 
 Suas ações são: aumento da permeabilidade vascular, 
transmissão dos sinais de dor, junto com a bradicinina, 
regulação da pressão sanguínea e estímulo da atividade 
secretória de células endoteliais e imunológicas, acarretando 
suas ações características. 
 
 
 
Padrões Morfológicos na Inflamação 
Aguda 
Inflamação Serosa: 
 
 Líquido ralo que provém do soro sanguíneo ou das 
secreções das céls.mesenquimais que revestem as 
cavidades peritoneal, pleural e pericárdica 
(chamados de derrame). 
 
 
Inflamação Serosa 
 
Inflamação Serosa 
 
Provavelmente pós queimadura superficiais ou de pressão do calçado 
Padrões Morfológicos na Inflamação 
Aguda 
Inflamação Fibrinosa: 
 
 Quando o extravasamento vascular é grande o suficiente 
para moléculas maiores, como a fibrina, atravessarem a 
barreira vascular, ou há estímulo pró-coagulante (céls. 
cancerosas); 
 
 Os exsudatos fibrinosos podem ser removidos por fibrinólise 
e/ou macrófagos (resolução), ou podem não ser removidos e 
com o crescimento de fibroblastos e angiogênese levar a 
cicatrização (organização). 
 
Inflamação Fibrinosa 
Padrões Morfológicos na Inflamação 
Aguda 
Inflamação Supurativa ou Purulenta: 
 
 Produção de grandes quantidades de pus ou exsudato 
purulento, com neutrófilos, céls. necróticas e liquído de edema; 
 
 Abcessos são coleções localizadas focais de tecido 
inflamatório purulento causadas por supuração contida em um 
tecido, órgão ou espaço confinado. 
 
 
Inflamação Purulenta 
 
Inflamação Purulenta 
Padrões Morfológicos na Inflamação 
Aguda 
Úlceras: 
 
 Defeito local, ou escavação, da superfície de um 
órgão ou tecido que é produzida pelo 
desprendimento(esfacelamento) de tecido 
inflamatório necrótico; 
 
 Encontrada geralmente em mucosas e em 
inflamações subcutâneas dos membros inferiores em 
pessoas idosas com problemas circulatórios. 
 
Úlceras 
 
 
Inflamação Crônica 
Inflamação Crônica 
Inflamação Crônica 
Características histológicas: 
 
Infiltrado de células mononucleares, que incluem macrófagos, linfócitos e 
plasmócitos, reflexo de uma reação persistente à lesão; 
 
Destruição tecidual, induzida pelas células inflamatórias; 
 
Tentativas de cicatrização por substituição do tecido danificado por tecido 
conjuntivo, realizada pela proliferação dos vasos sanguíneos (angiogênese) e 
fibrose. 
 
 
 
Inflamação Crônica 
 Frente as características histológicas podemos criar 
uma definição para IC como sendo: 
 
 Processo inflamatório de duração prolongada (semanas a 
meses) na qual há inflamação ativa, destruição tecidual e 
tentativas de reparação ocorrendo simultaneamente. 
 
 
 
 
 
Infiltração de células 
mononucleares 
Infiltração de células 
mononucleares 
Macrófagos : SFM 
 
– Migração em 48 h (iniciada ainda na resp. inflamatória aguda); 
 
– Tipo celular predominante nesta fase; 
 
– Atuação como modulador da resposta mediada por neutrófilos (adesão, 
quimiotaxia,ativação); 
 
– Participam também no processo de fagocitose; 
 
– Ativação (IFN γ, endotoxinas) : aumento do tamanho, > níveis 
de enzimas lisossomais, metabolismo + ativo, > capacidade 
fagocitária ; 
 
– Secreção de produtos biologicamente ativos = lesão tecidual 
e fibrose 
Macrófago 
 
Macrófago 
 O macrófago é uma figura central na inflamação 
crônica devido ao grande número de substâncias 
produzidas quandoativado: 
 
 Substâncias tóxicas p/ céls. e matriz extracelular 
 (RLs, proteases); 
 Substâncias Quimiotáticas; 
 Fatores de crescimento: fibroblastos, vasos,colágeno; 
 Perpetuação da resposta inflamatória. 
 Destruição tecidual (marco da infl. Crônica). 
Inflamação Granulomatosa 
 Tipo distinto de reação inflamatória crônica na qual o tipo celular 
predominante é um macrófago ativado semelhante a uma célula 
epitelial (epitelióide). 
 Ocorre na tuberculose, lepra, brucelose, sífilis, algumas micoses, 
beriliose, e reações de lipídios irritantes; 
 Os granulomas podem ser de dois tipos: 
 Granulomas de Corpo Estranho 
 Granulomas Imunes 
 
 *Os macrófagos apresentam o material estranho a linfócitos T, que ativados 
produzem citocinas como IL-2 (ativa outros linfócitos T) e IFN- (transforma 
macrófagos em céls. epitelióides). 
 
Inflamação Granulomatosa 
 É uma área focal de inflamação granulomatosa. Consiste em um agregado 
microscópico de macrófagos transformados (epitelióides) circundado por 
células mononucleares (linfócitos e/ou plasmócitos). 
Leitura Sugerida 
 
 
 
 
 
Resumidamente 
 Este é um tipo especial de inflamação crônica! 
 A inflamação granulomatosa ocorre apenas frente a alguns 
agentes agressores específicos, que apesar de não serem tão 
intensos não são facilmente eliminados pelos leucócitos. 
 Alguns exemplos desses agentes agressores: algumas bactérias (da 
tuberculose, brucelose, salmonelose, lepra e sífilis), fungos (da 
histoplasmose, blastomicose) e protozoários (da toxoplasmose e da 
leishmaniose), por vírus e ricketsias. 
 Esses microrganismos persistentes no tecido provocam a agregação 
de células de defesa, levando à formação de granulomas 
(específicos). 
 Acompanhe a seqüência de eventos que levam à formação de um 
granuloma: 
 
Mecanismo Resumido 
 
+ 
Antígeno mal 
degradável 
LINFOCINAS 
IFN-  IL-2 IL4 
C.E. 
 C.G. 
GRANULOMA 
Macrófagos 
 
Obrigado!!!

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