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RESUMO DA CRIANÇA NA IDADE COMTEPORANEA PARTE1

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RESUMO DA CRIANÇA NA IDADE COMTEPORANEA
As mudanças do que é ser criança na atualidade estariam levando à indistinção entre a infância e a vida adulta, como ocorria na Idade Média, por exemplo?
Não vejo como indistinção. Crianças e adultos são diferentes, ainda que estejam compartilhando informações, produtos culturais e situações sociais comuns. O que os difere são os modos de pensar e significar esses elementos da cultura. Não é possível afirmarmos um retorno a épocas passadas, uma vez que já está consolidada na nossa cultura a ideia de infância como um tempo de vida distinto da idade adulta. Na Idade Média, a infância não tinha a configuração que passou a ter na Modernidade. Desse modo, não podemos dizer que estamos retornando àquele tempo, nós já temos infância como valor importantíssimo na nossa sociedade. A infância já é algo que não pode ser desfeito. É um valor, é uma ideia, é um pilar na nossa cultura. Ela existe e os adultos participam como aqueles que educam as crianças, aqueles que protegem a criança, do ponto de vista jurídico inclusive, e aqueles que vão permitir que as crianças se desenvolvam. Não dá para pensar a infância fora da relação com a vida adulta. Agora, o que é interessante pensar é como essas relações entre crianças e adultos têm ganhado outras configurações porque nós adultos temos contribuído para que as crianças sejam dessa forma. Eu não vejo como indistinção, mas como uma outra forma de se relacionar com a criança, que tem provocado novos valores no modo como cada sujeito se vê nesse processo.
O que é ser criança hoje na percepção das crianças e na dos adultos, segundo suas pesquisas?
A criança de hoje está imersa em um mundo muito diferente daquele de décadas atrás. Ela participa de diversas esferas da vida social de forma mais engajada. Ela traz uma experiência mais atravessada pela tecnologia, pela mídia. Vive uma infância mais voltada para o ambiente doméstico, para a escola e muito permeada pelo consumo – isso apareceu de forma bem significativa nas falas das crianças. Nesse sentido, possui conhecimentos e experiências que não estão mais restritos ao âmbito da família e da escola, mas se processam nas interações com a mídia e com os mais diversos meios de informação. Em contrapartida, nós, adultos, somos de uma geração específica, que ainda conserva uma visão de infância muito permeada pela ideia da inocência em termos de conhecimento para participar da vida social. Mas, de repente, nos deparamos com uma criança muito diferente das imagens que ainda compartilhamos. Percebo, em minhas pesquisas, que há mais diferenças do que pontos em comum entre a visão de infância de crianças e a de adultos. Talvez o ponto de convergência entre ambas as visões esteja nas experiências lúdicas, no brincar.
Pouco depois que a criança passava do período de amamentação, se tornava a companheira natural do adulto. Para a época, formar uma pessoa responsável era formar alguém para servir, ou seja, as crianças aprendiam o que deviam saber ajudando os adultos, por intermédio do trabalho. O trabalho era uma imposição a todos. 
No início do século XVII, no período denominado Renascimento, a estrutura de ensino é um identificador da ausência de um conceito específico para infância. Não havia instituição escolar e os educadores ministravam aulas em lugares públicos, igrejas, mercados, praças, etc., para grupos de estudantes que não se dividiam por idade. 
Uma vez que não existia essa diferenciação e nem separação de conteúdo para mais velhos ou mais jovens, verificava-se um aprendizado da vida, a partir da convivência direta e cotidiana, entre eles. A aprendizagem continuaria se fazendo a partir da convivência da criança ou do jovem com os adultos e, por isso, ainda não se verifica a existência de um padrão de educação infantil. “A criança era, portanto, diferente do homem, mas apenas no tamanho e na força, enquanto as outras características permaneciam iguais” (ARIÈS, 1981, p.14). 
Observa-se que uma das principais missões do século atual é justamente a educação. Porque é dela que o indivíduo nasce, cresce e se desenvolve buscando seu objetivo no futuro. Por isso, na medida em que o mundo avança, percebe-se que a educação precisa acompanhá-lo, de forma coerente e lógica.
Nessa perspectiva o sentimento de infância é algo que caracteriza a criança, a sua essência enquanto ser, o seu modo de agir e pensar, que se diferencia da do adulto, e portanto merece um olhar mais específico.
Na Idade Média não havia clareza em relação ao período que caracterizava a infância, muitos se baseavam pela questão física e determinava a infância como o período que vai do nascimento dos dentes até os sete anos de idade, como mostra a citação da descrição feita por Le Grand Propriétaire (Ariès, 1978 : 6 ) :
De um lado a criança é vista como um ser inocente que precisa de cuidados, do outro como um ser fruto do pecado. Segundo kramer :
Nesse momento, o sentimento de infância corresponde a duas atitudes contraditórias: uma considera a criança ingênua, inocente e graciosa e é traduzida pela paparicação dos adultos, e a outra surge simultaneamente à primeira, mas se contrapõe à ela, tornando a criança um ser imperfeito e incompleto, que necessita da “moralização” e da educação feita pelo adulto ( kramer, 2003:18 ).

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