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ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: PRINCÍPIOS E PRÁTICAS >> O conceito de orientação tem uma estreita relação com a educação, fazendo com que suas histórias sejam coincidentes. O conceito etimológico de educação vem dos vocábulos latinos educare e educere. O primeiro apresenta-nos o sentido de guiar, nortear, orientar o indivíduo. O segundo, o buscar as potencialidades do indivíduo no sentido de fazê-las vir de dentro para fora. A orientação educacional tem sua trajetória iniciada pela área de orientação vocacional, voltada para a escolha de uma profissão, tem como seu precursor Frank Parsons, em 1908, Boston, EUA. Tinha como configuração o aconselhamento. Em relação às escolas, ela surge em 1912, Detroit, EUA, com Jesse Davis. Sob a influência americana, em especial o counseling (conceito que faz referência ao processo de ajuda individualizado, que pretende adequada compreensão da informação profissional em relação às características pessoais.), o Brasil viveu suas primeiras experiências em orientação na década de 20, iniciadas com os trabalhos de Robert Mange, engenheiro suíço, que iniciou em 1924, no Liceu de Artes e Ofícios, em São Paulo, os primeiros trabalhos para criação de um serviço de seleção e orientação profissional para os alunos do curso de mecânica. Em 1931, Lourenço Filho criou o primeiro serviço público de orientação profissional no Brasil. Ainda muito voltado aos desejos da época, uma vez que focava nas aptidões naturais como forma de endosso e valorização das atividades sociais. Outro dado marcante é o MANIFESTO DOS PIONEIROS, DE 1932. Ele representa as causas e princípios educacionais face ao momento vigente que, se por um lado tinha um ideário dos pressupostos liberais e, portanto, a busca de uma educação integral com base nas aptidões naturais, por outro, buscava um trabalho mais dinâmico e mais ativo para seus alunos. O objetivo do manifesto era de ter uma educação voltada para todos sem discriminação de classe social. Os signatários afirmam: "Em nosso regime político, o Estado não poderá, decerto, impedir que, graças à organização de escolas privadas de tipos diferentes, as classes mais privilegiadas assegurem a seus filhos uma educação de classe determinada; mas está no dever indeclinável de não admitir, dentro do sistema escolar do Estado, quaisquer classes ou escolas, a que só tenha acesso uma minoria, por um privilégio exclusivamente econômico. Afastada a ideia de monopólio da educação pelo Estado, num país em que o Estado, pela sua situação financeira, não está ainda em condições de assumir a sua responsabilidade exclusiva, e em que, portanto, se torna necessário estimular, sob sua vigilância, as instituições privadas idôneas, a escola única se entenderá entre nós, não como uma conscrição precoce arrolando, da escola infantil à universidade, todos os brasileiros e submetendo-os durante o maior tempo possível a uma formação idêntica, para ramificações posteriores em vista de destinos diversos, mas antes como a escola oficial, única, em que todas as crianças, de 7 a 15 anos, todas ao menos que, nessa idade, sejam confiadas pelos pais à escola pública, tenham uma educação comum, igual para todos." A escola integral e única proposta pelo manifesto era definida em oposição à escola existente, chamada de tradicional. Assim conceituava o manifesto a escola ou educação nova: "A educação nova, alargando sua finalidade para além dos limites das classes, assume, com uma feição mais humana, a sua verdadeira função social, preparando-se para formar a hierarquia democrática pela ‘hierarquia das capacidades’, recrutadas em todos os grupos sociais, a que se abrem as mesmas oportunidades de educação. Ela tem, por objeto, organizar e desenvolver os meios de ação durável com o fim de dirigir o desenvolvimento natural e integral do ser humano em cada uma das etapas de seu crescimento, de acordo com uma certa concepção de mundo." Coerentemente com essa definição da "educação nova", os educadores propunham um programa de política educacional amplo e integrador, assim registrado no manifesto: "A seleção dos alunos nas suas aptidões naturais, a supressão de instituições criadoras de diferenças sobre base econômica, a incorporação dos estudos do magistério à universidade, a equiparação dos mestres e professores em remuneração e trabalho, a correlação e a continuidade do ensino em todos os graus e a reação contra tudo que lhe quebra a coerência interna e a unidade vital, constituem o programa de uma política educacional, fundada sobre a aplicação do princípio unificador que modifica profundamente a estrutura íntima e a organização dos elementos constitutivos do ensino e dos sistemas escolares." Dois anos após o manifesto, a Associação Brasileira de Educação oferece o primeiro curso de extensão sobre orientação educacional.
Na década de 80, continua o trabalho da busca de uma identidade para o orientador, assim como de um referencial que atendesse às reais necessidades, dentro de um contexto mais democrático que o país começava a viver, deixando de lado as questões do ajustamento para refletir questões desta realidade. Assim, a Orientação Educacional passou por vários períodos que podem ser assim sintetizados: PERÍODO IMPLEMENTAR: compreende o período de 1920 a 1941 e está associada à orientação profissional, preponderando a seleção e escolha profissional. PERÍODO INSTITUCIONAL: de 1942 a 1961: caracterizado pela exigência legal da Orientação Educacional nos estabelecimentos de ensino e nos cursos de formação dos orientadores educacionais. Nesse período, há a divisão funcional e institucional. Surge a escola pública; PERÍODO TRANSFORMADOR: de 1961 a 1970: pela Lei 4.024/61, a Orientação Educacional é caracterizada como educativa, ressaltando a formação do orientador e fixando as Diretrizes e Bases da educação nacional. PERÍODO DISCIPLINADOR: de 1971 a 1980: conforme a Lei 5.692/71, a Orientação Educacional é obrigatória nas escolas, incluindo o aconselhamento educacional. O Decreto 72.846/73, regulamentando a Lei 5.564/68, sobre o exercício da profissão de orientador educacional, disciplina os passos a serem seguidos; PERÍODO QUESTIONADOR: de 1980 a 1990: o orientador discute suas práticas, seus valores, a questão do aluno trabalhador, enfim a sua realidade no meio social. A prática da orientação volta-se para a concepção de educação como ato político. PERÍODO ORIENTADOR: a partir de 1990: a orientação volta-se para a "construção" do cidadão comprometido com seu tempo e sua gente, trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do diálogo.
A orientação educacional, hoje, caracteriza-se por um trabalho muito mais abrangente no sentido de sua dimensão pedagógica. Possui caráter mediador junto aos demais educadores, atuando com todos os protagonistas da escola no resgate de uma ação mais efetiva e de qualidade. Segundo Mírian Paura, a concepção de orientação educacional deve, hoje, estar comprometida com: * a construção do conhecimento através de uma visão da relação sujeito-objeto, em que se afirma, ao mesmo tempo, a objetividade do mundo, esta considerada como um momento individual de internalização da relação sujeito-objeto; *a realidade concreta da vida dos alunos,vendo-os como atores de sua própria história; *a responsabilidade do processo educacional na formação da cidadania,valorizando as questões do saber pensar, saber criar, saber agir e saber falar na prática pedagógica; *a atividade realizada na prática social, levando-se em consideração que dessa prática provém o conhecimento e que ele se dá como um empreendimento coletivo; *a diversidade da educação, questionando valores pessoais e sociais, submersos nos atos da escolha e da decisão do indivíduo; *a construção da rede de subjetividade que é tecida em diferentes momentos na escola e por ela; *o planejamento e a efetivação do projeto político-pedagógico da escola, em termos de sua finalidade, considerando os princípios que os sustentam, portanto a filosofia da educação que os fundamenta, e as demais áreas que os articulam.AULA 02 >> LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL >> O estudo da orientação associado ao conhecimento da legislação educacional brasileira torna-se importante para os profissionais da área em formação como instrumento de compreensão do desenvolvimento e evolução da própria Orientação Educacional. A partir da leitura de documentos legais, tais como; a Constituição, as Leis Orgânicas de Ensino, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, é possível perceber como a Orientação Educacional é vista pelos legisladores. Alem disso, vislumbrar os fundamentos que nortearam a prática da Orientação Educacional em sua trajetória histórica. Sendo assim, apresentamos como destaque deste estudo os documentos legais referentes à Educação e à Orientação Educacional de forma direta ou indireta.
Entende-se a Constituição como um conjunto de regras governamentais que legisla sobre os poderes e funções de um país, aplicando-se aos variados níveis da organização política, inclusive sobre o campo educacional. Nosso país, em sua história, possui algumas constituições, sendo a atual promulgada em 1988 e única com a participação popular. ASPECTOS RELEVANTES: *1824: Gratuidade da instrução primária; Criação de colégios e universidades; *1891: Atribui ao Congresso Nacional a legislação sobre o ensino superior; Atribui aos Estados a legislação sobre o ensino secundário e primário, assim como a manutenção das escolas primárias; *1934: Possui capítulo específico sobre a Educação e Cultura; Atribui à União o estabelecimento das diretrizes da educação nacional; Atribui à União e aos Estados a difusão da instrução pública em todos os seus graus. Define a educação como um direito de todos e devendo ser ministrada, pela família e pelos Poderes Públicos. *1937: institui que a educação integral da prole é o primeiro dever e o direito da família, sendo o estado apenas colaborador para facilitar a sua execução ou suprir as deficiências e lacunas da educação particular. Ensino pré-vocacional profissional destinado Às classes menos favorecidas; Ensino primário é obrigatório e gratuito; *1946: fixa como competência da União o estabelecimento das diretrizes e bases da educação nacional. A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Ensino primário obrigatório. Possui princípios de liberdade e ideais de solidariedade humana; *1967: educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. - possui o princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e de solidariedade humana. - amplia a obrigatoriedade do ensino no período de sete a catorze anos. *1988: a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, - será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno; -desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho; - possui princípio democrático, valorizando o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas e a gestão democrática; -gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; - -educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria.
Como forma de cumprimento dos dispositivos educacionais assinalados na Constituição de 1937, o então Ministro da Educação, Gustavo Capanema, institui um conjunto de reformas chamadas de Leis Orgânicas: • LEI ORGÂNICA DO ENSINO INDUSTRIAL EM 1942 (DECRETO-LEI 4073) pela Reforma Capanema, é instituído oficialmente o Serviço de Orientação Educacional no Brasil, tendo o objetivo de correção e encaminhamento dos alunos-problemas, como pode ser visto em: “É instituído o Serviço de orientação Educacional, com a finalidade de correção e encaminhamento dos alunos-problemas e de elevação das qualidades morais, através de um regime de autonomia que facilita a educação social dos escolares. Referiu-se, ainda, a Lei, à facilitação da escolha profissional, esclarecendo e aconselhando, em cooperação com a família”. (Maia e Garcia, 1995 , p. 15). Nesta perspectiva, observa-se seu caráter adaptador, visando à inserção e adaptação do indivíduo às necessidades da sociedade, mediante a sua incorporação de valores morais. • LEI ORGÂNICA DO ENSINO SECUNDÁRIO EM 1942 (DECRETO-LEI 4244) > temos como destaque a apresentação da função da Orientação Educacional como apoio ao ensino e orientação profissional e de lazer a partir de aconselhamentos. Demonstra um caráter vocacional voltado para a escolha do Ensino Superior. • LEI ORGÂNICA DO ENSINO COMERCIAL EM 1943 (DECRETO-LEI 6141) > Na Lei Orgânica do Ensino Comercial de 1943 temos como destaque a apresentação da orientação com o caráter preventivo atuando também nas questões de ensino, saúde, ajustamento do indivíduo às normas estabelecidas na sociedade e orientação na escolha profissional, compreendendo a sua ação como meio de solução de problemas do aluno.
Leitão Cunha: Lei Orgânica do Ensino Primário em 1946 (Decreto-Lei 8259); Lei Orgânica do Ensino Normal em 1946 (Decreto-Lei 8530); LEI ORGÂNICA DO ENSINO COMERCIAL (AGRÍCOLA) EM 1946 (DECRETO-LEI 9613) > a Orientação apresenta-se a partir do caráter preventivo, sendo a orientação profissional um ajustamento do indivíduo à profissão estabelecida pelo mercado de trabalho. Nesse decreto verificamos principalmente o aparecimento da expressão “Orientação Profissional”, a estipulação das funções do orientador e a indicação de articulação com o corpo docente.
Segundo Grinspun (2006), a Orientação Educacional revela-se como um mecanismo dos legisladores para ajustar a população no campo educacional às demandas do mercado de trabalho e da sociedade quanto à estratificação das classes sociais. Outro aspecto relevante na evolução histórica da Orientação Educacional no Brasil refere-se à própria legitimação do papel do orientador mediante a legislação brasileira, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação da Educação Nacional e outras relacionadas ao tema, seguindo os modelos americano e francês.
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL E A ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL: Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961 (Lei 4024/61) verifica-se um capítulo destinado à Orientação Educacional fixando a formação de orientadores para os cursos primários e secundários, porém com ênfase dela para o Ensino Médio. É instituída a Orientação Educativa e Vocacional, em cooperação com a família, com a preocupação de ajustamento do indivíduo ao ambiente da escola, do trabalho e à própria sociedade. No tocante à formação do orientador, sua fundamentação baseava-se em conteúdos psicológicos como forma de construção de uma prática voltada para uma ideologia liberal do desenvolvimento da individualidade e de aptidões. Logo, o orientador ocupa papel central dentro do ambiente escolar para a aplicabilidade da diretriz educacional do país.
Em 1968 tem-se a regulação do exercício da profissão de Orientação Educacional a partir da Lei 5564/68, proporcionando a sua profissionalização baseada numa perspectiva psicológica e preventiva e tendo a finalidade não apenas de orientação profissional, mas também de auxiliador do desenvolvimento integral do indivíduo.
Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1971 (Lei 5692/71), que possui como eixo norteador a qualificação para o trabalho, é declarada a obrigatoriedade da Orientação Educacional nos estabelecimentos de ensino de 1° e 2° graus em cooperação com professores, a família e a comunidade, visando um aconselhamento vocacional que favoreça a escolha profissional conforme as necessidades do mercado de trabalho. Nesse contexto, Grinspun (2006) acrescenta que: “O Decreto-lei 69.450/71 e a Res. 2/72 fixaram outras atividades para a Orientação Educacional; o Parecer 339/72 ressaltou a importância da sondagem de aptidões, com isso reforçando o uso de técnicas apropriadas para o conhecimento das “vocações” dos alunos”(BRASIL, Parecer 339/72, p.146).
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (Lei 9394/96), fundamentada em princípiosdemocráticos, fixa a educação numa concepção abrangente: “Art. 1º - A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.” (BRASIL, Lei 9394, 1996). Em seu corpo textual não encontramos menção objetiva sobre a Orientação Educacional como na lei anterior, exceto a abordagem dada para a formação deste profissional: “Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.” (BRASIL, Lei 9394, 1996).
Mediante a análise da evolução histórica da Orientação Educacional, não podemos descartar a atuação desta quanto à educação profissional assinalada na lei, tornando-a presente de forma indireta. Outro aspecto relevante refere-se à instituição da gestão democrática no ensino público, que em sua concepção preconiza a participação dos profissionais da educação na elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola, possibilitando ao orientador uma prática educativa mais política no ambiente escolar. O profissional da Orientação Educacional e o Professor de Educação Física são os únicos que possuem a regulamentação da profissão por lei. Verificamos que a prática desta está vinculada à concepção de educação instituída. Logo, para a construção e compreensão da identidade desse profissional é necessária uma retrospectiva histórica do seu processo evolutivo. A Orientação Educacional foi durante muito tempo associado a um caráter preventivo e ajustamento do indivíduo tanto aos problemas detectados nas áreas de ensino, saúde e moral, às normas preestabelecidas pela a sociedade como também aos de orientação profissional, a partir de uma ideologia de individualidade e aptidões fundamentada em teorias psicológicas. Isso demonstra que sua presença no ambiente escolar não se institui a partir de uma necessidade da escola, mas sim como uma necessidade dos legisladores de implementar seus ideais e sua concepção de educação. H oje, percebemos que a prática da Orientação Educacional faz-se presente no cotidiano escolar perante as necessidades desta como agente de transformação e mediação do fazer pedagógico e do processo de aprendizagem. Nesse aspecto, Grinspum (2006) diz que: “A Educação é uma prática social, e a orientação deve ser vista como uma prática que ocorre dentro da escola, mas cujas atividades podem e devem ultrapassar seus muros; uma prática que caminha no sentido da objetividade, da subjetividade da Educação” (GRINSPUM, 2006, p. 20). S endo assim, destacamos que, atualmente, a Orientação não se limita a uma atuação burocrática, mas sim a uma atuação pedagógica com a finalidade de promover uma educação de qualidade pautada na cidadania e no desenvolvimento integral do aluno. Podemos destacar que além de ser instrumento de construção e da identidade do orientador educacional, o conhecimento da legislação no campo educacional é um eixo norteador de sua prática no cotidiano escolar, pois fundamenta sua ação quanto à organização das atividades e na garantia de uma educação de qualidade e acessível a todos.
AULA 03 >> RELAÇÕES INTERPESSOAIS NO COTIDIANO DA ESCOLA >> O cotidiano escolar apresenta a natureza das práticas, ações desenvolvidas/realizadas em seu interior e, na medida em que conheço essa realidade, passo a entender melhor as decisões que a escola efetiva através de seus diferentes atores. Estudar e analisar esta realidade ajuda o Orientador Educacional a compreender a reciprocidade e cumplicidade das diversas possibilidades, não só nas questões relativas ao currículo e à aprendizagem, mas também nas relações de poder, de saber, de afeto, de emoção. Grinspun (2006) ressalta a necessidade de entender como são produzidas essas práticas. Cabe então ao orientador educacional refletir sobre o cotidiano, procurando: desvelá-lo, trazendo à tona o que está oculto, menosprezado ou alienado; analisá-lo, priorizando que, para o indivíduo, é essencial o relativo, o particular, o coletivo, o duradouro, o efêmero,o transformador, o ameaçador etc; relacioná-lo com os outros cotidianos com os quais o indivíduo convive. Aqui é mencionado e caracterizado o cotidiano escolar, mas temos outros também: o familiar, o dos amigos, o do trabalho, o da religião, o pessoal etc; discuti-lo, interrogando sobre as determinações e obrigações, sobre as ambiguidades, sobre as diferenças e desigualdades; compreendê-lo, contextualizando a trama das relações e dos dramas que dele provém que pode provocar, se não tivermos a consciência de que em parte somos também responsáveis pelo cotidiano escolar; visualizá-lo, identificando o aproveitamento do espaço/tempo em que ele ocorre, da mesma forma como acontecem as tomadas de decisão na escola.
PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA: A escola precisa encontrar caminhos para atender às expectativas da sociedade a respeito da sua atuação. A família aparece como grande parceira nesta busca de uma educação de qualidade, para tanto a escola precisa estabelecer relações mais flexíveis e menos autoritárias entre educadores e sua clientela escolar. Esta mudança de ação, estabelece situações de aprendizagem de mão dupla: ora a escola estende sua função pedagógica para fora, ora a comunidade influencia os destinos da escola. A presença dos responsáveis e comunidade no interior da escola não é nenhuma novidade. Historicamente, tem sido estimulado por vários interesses, dentre eles pedagógicos e políticos. No Brasil, nos anos a partir de 1920, as teses reformistas defenderam a abertura da escola para os pais e famílias que foram denominados comunidades, atingindo as classes populares já que as elites tinham condições sociais privilegiadas. Por essas razões, as principais orientações dessa denominada integração, incidiram em torno de iniciativas sanitárias, melhoria do nível de higiene e saúde destas populações e de educação moral e cívica, despertando os pais para a necessidade de moralização dos costumes e hábitos dos seus filhos. A partir de 1970, no regime autoritário, a participação dos pais passou a ser compulsória mediante regulamentação e a obrigatoriedade da criação de alguns canais de comunicação, com regras burocráticas estabelecendo uma condição de “cidadania sob controle” (SPÓSITO ,1990, p. 52-56). Assim, foram marcadas estas propostas de aproximação ao longo do tempo, geralmente com a mesma intenção, voltadas para questões sanitárias ou assistencialistas, como cortina de fundo para interesses políticos.
Atualmente, buscamos uma escola de qualidade e diante de tantos entráveis na educação, evasão escolar, falta de recursos, fracasso escolar, a escola percebe que não pode mais ficar fechada ao mundo exterior e isolada de suas influências. Chega-se à ideia que a educação é um empreendimento social coletivo e que, embora tenha sua própria realidade, ela não pode se manter à margem do contexto na qual se insere. É necessário estreitar a parceria entre escola/família/comunidade. 
A estrutura da família mudou de paradigma cuja escola custa para abrir os olhos. A família não é mais da década passada onde comumente víamos a estrutura: pai, mãe e filhos. Hoje temos diversas estruturas de famílias: em processo de separação, famílias monoparentais, famílias reconstituídas, famílias construídas por casais homossexuais e muitos outros modelos que surgem todos os dias. Outro fato marcante é a saída da mulher para o mercado de trabalho para garantir a entrada de recursos financeiros necessários à manutenção e à sobrevivência das famílias. A tendência, portanto, é a família, diante de tantas variações, continuar apresentando esse processo dinâmico de transformações que todavia ocorre em todas as instâncias da sociedade. Enquanto fenômeno social, o processoeducativo não pode estar desvinculado de tudo que ocorre fora da escola, em especial o ambiente familiar. Porém, as maiores dificuldades estão relacionadas à falta de atitudes dialógicas, de convivência, verdadeiramente humana. Em suma, da participação efetiva na vida escolar. Um dos problemas neste relacionamento são os ruídos de comunicação. Os professores dizem que precisam da família em sua prática docente e que esses pais abandonam os filhos sob total responsabilidade da escola. Logo, ambos não compreendem os anseios uns dos outros e fracassam coletivamente. Cabe à orientação educacional estar atenta a esta realidade permeada de avanços e recuos para romper com práticas enraizadas, consciente, que este “desvelamento” da realidade, permite o crescimento, alimentando uma prática pedagógica reflexiva. 
A escola, por muitas vezes, age de maneira autoritária, distanciando sua prática dos reais anseios de todos os envolvidos. A resposta para melhoria da estrutura de comunicação está no afeto onde a escola estabelece um relacionamento solidário, vivo, respeitando, como diz Wallon, a dimensão afetiva. A partir do afeto, os canais de comunicação tornam-se meios para um melhor relacionamento. A escola, então, compreende melhor o significado humano em todas as dimensões. Com esta visão, o Orientador Educacional estabelece um espaço de convivência e socialização tão importante para a democratização do ensino e minimização dos espaços de conflito.
POSSÍVEIS FORMAS DE ARTICULAÇÃO: Reunião para informar os pais sobre a frequência e o rendimento; Encontro para trocas de experiência ou atividades de lazer entre escola e a comunidade; Uso do espaço escolar para reuniões da própria comunidade; Reunião para informar pais e responsáveis sobre a execução da proposta pedagógica da escola; Reuniões do conselho de escolar; Palestras com temas específicos; Reuniões para comemorar datas especiais (Dia das mães, Festa Junina, Natal etc.).
As relações humanas ocorrem em decorrência do processo de interação. Em situações de trabalho, compartilhadas por duas ou mais pessoas, há atividades a serem executadas, bem como interações e sentimentos recomendados: comunicação, cooperação, respeito, amizade. Essa multiplicidade de fatores exige um trabalho de articulação e integração para que ações individuais contribuam efetivamente na consecução dos objetivos pedagógicos da escola. O orientador educacional é corresponsável pelo sucesso ou o fracasso de uma boa comunicação e, consequentemente, por uma relação interpessoal  de qualidade, pois trabalha incentivando e articulando o trabalho coletivo.  Ao iniciar o processo de coordenação de um grupo, ele  precisa: dar  informações claras, organizar o tempo, o espaço, a rotina, as tarefas  para facilitar o processo de inclusão das pessoas na equipe. No livro O Coordenador Pedagógico e os Desafios da Educação, o autor ressalta ser necessário estabelecer vínculos, com princípios que tentam preservar a prática profissional, tais como: Exercício de colocarmo-nos no lugar do outro para que, a partir de suas próprias referências e não das nossas, possamos melhor compreendê-lo; é a tentativa de “calçar os seus sapatos”. É a perspectiva de que, nas relações que estabelecemos com o outro, possamos ser fiéis a nós mesmos, na coerência entre o sentir, o pensar e o agir, ao mesmo tempo em que valorizamos esse verdadeiramente, ser nas perspectivas do outro. Aceitação do sujeito tal como ele é, valorizando-o por si mesmo, num esforço de libertarmo-nos de nossas representações e não projetá-las no outro.	Manifestações de nossa disponibilidade para falar com, em vez de falar para, na perspectiva de uma troca na qual é mister, o comparecimento do ouvir ativo, do olhar sensível e do respeito à fala do outro.
ALGUNS PROBLEMAS QUE CERCAM AS RELAÇÕES HUMANAS: A tentativa de padronização de comportamentos. Perder de vista o contexto no qual se coloca o sujeito, dando ênfase ao pessoal. Despreparo para o enfrentamento dos conflitos que fazem parte das relações humanas. Achar que se voltar para as relações pessoais é agir de forma terapêutica saindo do campo pedagógico. As relações pedagógicas, bem como seus objetivos, não podem ser entendidas separadamente das relações interpessoais, já que estas se imbricam e se implicam mutuamente. 
Neste contexto, estabelecem-se os conflitos, lapidam-se os desejos, constroem-se os projetos. Enfim, é neste movimento entre pessoas que se dá de fato a ação educativa. Dessa forma, os processos podem ser favorecidos quando há investimento dos atores envolvidos no sentido do refinamento das relações desenvolvidas no cotidiano escolar.
AULA 04 >> Orientação Educacional e os Desafios Presentes no Contexto Escolar >> A Orientação Educacional, no contexto escolar, não pode ser compreendida de forma isolada, tendo sua organização e desenvolvimento atrelado a diversos fenômenos e aspectos presentes no cotidiano escolar e, até mesmo, no contexto social. Assim, podemos destacar como um desses aspectos, a globalização como marco de mudança política e cultural mundial, possibilitando novas posturas quanto ao acesso à informação e transformações na sociedade e nas instituições. As transformações na sociedade e nas instituições acabam gerando novas questões no interior da escola, influenciando o seu cotidiano como: intolerância, violência, diferenças e desigualdades, que necessitam de um olhar atencioso da Orientação Educacional. É verdade que essas questões durante muito tempo ficaram veladas na escola, cabendo apenas ao aluno o ajuste às normas preestabelecidas pela mesma. Hoje, compete à escola um tratamento dessas questões de forma mais critica, possibilitando ao aluno a construção de sua identidade numa cultura democrática e de paz. Destacamos, então, que a ação da Orientação Educacional deve ser de forma contextualizada quanto ao aspecto cultural, ou seja, é necessária a compreensão da realidade cultural brasileira. A realidade cultural do país é um aspecto importante para a compreensão da própria realidade social e histórica, já que a Educação possui como um dos seus objetivos a conservação e a transmissão do patrimônio cultural. Sendo assim, a Orientação Educacional tem a função de promover o resgate cultural em toda a sua complexidade, ou seja, características, diferenças, hábitos, normas e valores, promovendo um ambiente propício para a realização de ações que fortalecem a compreensão e o respeito à diversidade cultural presente no espaço escolar na atualidade. Percebe-se que o termo cultura possui significado variado, alterando-se conforme seu emprego em determinado tempo histórico.  Segundo o dicionário Aurélio (2008), cultura pode ser definida como: “1. Ato, efeito ou modo de cultivar. 2. O complexo dos padrões de comportamento, das crenças, das instituições, das manifestações artísticas,  intelectuais, etc., transmitidos coletivamente, e típicos de uma sociedade. 3. O conjunto dos conhecimentos adquiridos em determinado campo...”(p. 172) Nesse sentido, verificamos que no espaço escolar a questão cultural está muito presente nas relações interpessoais, pois é um campo que se cruzam e se chocam padrões de comportamento, crenças e conhecimentos diferenciados, gerando, às vezes, atos de intolerância e violência.
Segundo Grinspun (2006), proporcionar o debate e a reflexão sobre a questão cultural poderá auxiliar o aluno no desvelamento de sua história cultural e social a partir do desenvolvimento de projetos, pesquisas e planos de ação que promovam o conhecimento e a reflexão sobre a cultura da comunidade escolar. Assim, mediante o envolvimento do aluno com a sua própria cultura desencadeará a compreensão dos valores e tradições, como também o desenvolvimento da visão da realidade que está em seu entorno. Percebemos a necessidade de a escola possuir uma proposta política pedagógica que contemple e valorize o aspecto cultural, sendo eixo norteador de um currículo. “A cultura é tudo aquilo que complementa a atividade escolar, do mesmo modo que é tudo aquilo em que se baseiao currículo da escola, portanto, para todos, inclusive, é claro, para a Orientação, ela é imprescindível, como fonte e origem, como fruto e produção.” (GRINSPUM, 2006, p. 72) O orientador será o mediador da compreensão e resgate da questão cultural no seio da instituição de ensino a partir do diálogo com os membros da comunidade escolar. Com essa ação, é possível que, também, sejam tratadas outras temáticas que de certa forma estão associadas ao aspecto cultural, pois dependem muito dos valores e padrões de comportamentos construídos por cada indivíduo. Uma dessas temáticas que podemos assinalar é o nosso modo de olhar e interpretar o mundo e a realidade que estamos inseridos.  Geralmente, o indivíduo desenvolve um olhar etnocêntrico sobre os fenômenos e as coisas, tendo o próprio padrão cultural como referencial para avaliação dos comportamentos e fenômenos alheios.
É na perspectiva desse olhar etnocêntrico que muitas vezes eclodem conflitos no cotidiano escolar, já que atitudes de intolerância em relação ao outro geram também atitudes de reprodução de desigualdades e de violência de forma implícita e explícita. A escola, então, torna-se um espaço no qual forças variadas encontram-se e desencontram-se carecendo de estratégias para uma coexistência democrática. 
A promoção de uma educação pautada no desenvolvimento da cidadania exige também o reconhecimento que a comunidade escolar é plural e diversificada, sendo necessário a oferta de oportunidades igualmente para todos os alunos e o rompimento com a prática de reprodução da diferença e desigualdade social. Segundo Grinspun (2006), compete aos sistemas de ensino o estímulo do exercício da cidadania, preocupando-se com a formação de sujeitos participativos e conscientes de seu papel na formação e transformação da sociedade. Logo, urge a concepção e desenvolvimento de um currículo que englobe conhecimentos ligados ao campo racional, mas também sentimentos e valores ligados ao campo emocional.
A formação do indivíduo de forma integral com base numa educação inclusiva com princípios democráticos e de qualidade está associada a uma visão da comunidade escolar de forma plural. Esta concepção de certa forma é recente e ainda está em processo. “A cultura escolar predominante nas nossas escolas se revela como “engessada”, pouco permeável ao contexto em que se insere, aos universos culturais das crianças e jovens a que se dirige e a multiculturalidade das nossas sociedades” (CANDAU, 2010, p. 53) Com esse “engessamento” da cultura escolar quanto à valorização da organização de estrutura em modelos padronizados e consecutivamente o ajustamento de todos aos mesmos modelos sem o debate, compreensão e reflexão da realidade, percebe-se que cada vez mais surgem conflitos no cotidiano escolar como forma de resistência ou até mesmo de intolerância ao outro e ao diferente.
É comum vermos na mídia manchetes relacionadas a conflitos no cotidiano escolar como agressão entre alunos, agressão aos professores, exclusão e bullying. Esses se dão de forma explícita, mas às vezes ocorrem de forma implícita a partir da negligência ou velamento da sua presença no cotidiano, tornando-se algo natural. Compete à escola proporcionar em sua proposta política pedagógica e, consecutivamente, em seu currículo espaço que contemple a abordagem de forma crítica dessas questões que estão presentes no contexto escolar como meio de reflexão do cotidiano escolar, extraindo do próprio, subsídios para a elaboração de estratégias para compreensão e superação das mesmas. Podemos destacar o multiculturalismo como movimento de reflexão do caráter monocultural da educação. Segundo Silva (2005), entende-se o multiculturalismo como um movimento político originário dos países dominantes do Norte, nos quais os grupos dominados culturamente reivindicavam o reconhecimento e a representação de suas práticas na cultura nacional. Essa concepção é fundamentada na Antropologia, como se vê a seguir: “ela contribuiu para tornar aceitável a ideia de que não se pode estabelecer uma hierarquia entre as culturas humanas, de que todas as culturas são epistemologicamente e antropologicamente equivalentes. Não é possível estabelecer nenhum critério transcendente pelo qual uma determinada cultura possa ser julgada superior a outra” (SILVA, 2005, p. 86)
No âmbito educacional, podemos identificar o multiculturalismo como mecanismo de reflexão de variados aspectos presentes na cultura, salientando não somente o pensamento crítico quanto às diferenças no meio escolar, mas também como são construídas e promovidas essas diferenças.
Atualmente, já desponta um novo olhar sobre a temática: a interculturalidade. Essa corrente amplia a percepção referente à cultura, pois propõe não somente o reconhecimento da diversidade cultural e sim o diálogo e a interrelação entre as diversas culturas, como nos destaca Candau: “Nesse sentido, trata-se de um processo permanente, sempre inacabado, marcado por uma deliberada intenção de promover uma relação dialógica e democrática entre as culturas e os grupos involucrados e não unicamente de uma coexistência pacífica num mesmo território. Esta seria a condição fundamental para qualquer processo ser qualificado de intercultural.” (CANDAU, 2010, p. 56) Conforme assinalado, há no espaço escolar a manifestação de conflitos no seu cotidiano como forma de resistência ou de intolerância ao outro e ao diferente. Uma dessas manifestações que frequentemente solicitam a presença da Orientação Educacional é a questão da indisciplina dos alunos. Devemos destacar que o papel da Orientação Educacional ao longo da sua trajetória evolutiva sempre esteve associado ao atendimento individual com caráter preventivo a partir de uma perspectiva psicológica, o qual tinha como objetivo o ajustamento do aluno ao meio social e, consecutivamente, às normas estabelecidas. 
Hoje, para Grinspun (2006), a Orientação Educacional possui uma ação mais abrangente e política, não se limitando à prática assinalada anteriormente. Sua atividade possui um aspecto mediador juntamente com os outros educadores e membros do contexto escolar na busca da compreensão dos fenômenos ocorridos e solução conjunta pautada na criticidade, nos direitos humanos e na ética profissional.
A indisciplina é um fenômeno que se manifesta independente da realidade socioeconômica e cultural nos espaços escolares ou em outros, tendo sua origem na motivação diversa. É caracterizada por condutas que se opõem ao ideal de disciplina prevista pela instituição para o desenvolvimento do ato educativo de forma harmoniosa. A caracterização de um ato como indisciplina está associada à concepção de disciplina de um indivíduo ou dado grupo, variando conforme os valores construídos e instituídos por uma comunidade. Pode-se considerar que um aluno sentar em uma mesa em dada escola seja identificado como indisciplina e em outra escola seja identificado como normal, ou seja, varia conforme a concepção da mesma em cada comunidade escolar.
Aquino (2003) destaca que: “Se partimos da suposição de que a indisciplina revela uma recusa a um tipo de vinculação inócua ou obsoleta entre os pares escolares, haveremos de convir que, em última instância, ela traria consigo os novos ventos democráticos” (p. 51) E também: “Sendo assim, é imprescindível reconhecer que o manejo das questões disciplinares requer alternativas buscadas coletivamente, que apontem para a presença inconteste e a participação ativa dos alunos na vida escolar, bem como um teor mais inclusivo das ações levadas a cabo pelos educadores.” (p. 52)
Verificamos que o tratamento da escola, no tocante à indisciplina, deve ser refletido de forma coletiva por toda a comunidade escolar englobando ações não somente relacionadas a posturas, como também em sua organização estrutural quanto ao projeto político pedagógico valorizando a pluralidade. Desta forma, distanciamos o caráter milagroso embutido no orientador quanto ao ajustamento imediato do aluno aos padrões da escola ou de viabilização de “receita” eficaz decomo lidar e solucionar os problemas decorrentes da questão da indisciplina. Podemos ressaltar o bullying como fenômeno que já ultrapassou a fronteira de um ato indisciplinar, caracterizando-se como uma violência e agressão física, moral ou material de forma intencional e sem motivação específica. Tal fenômeno durante muito tempo foi considerado como irrelevante, mas atualmente especialistas afirmam que, às vezes, promovem marcas para a vida inteira.
Como visto, as instituições de ensino possuem estruturas rígidas que muitas vezes ficam alheias às questões do contexto social e principalmente quanto ao fator da diversidade cultural. A valorização da formação do indivíduo de forma integral, incluindo o aspecto cognitivo e o aspecto emocional, torna-se uma necessidade para que este vivencie experiências para a constituição de sua identidade e a compreensão da sua realidade. Esse enfoque possibilita um olhar crítico sobre si próprio e sobre a sua realidade, dando subsídios para ações conscientes e de mudanças. Nessa perspectiva, o orientador é visto como agente de mediação desse processo no tocante ao estímulo do resgate da cultura brasileira no ato educativo, mediante o desenvolvimento de projetos de caráter interdisciplinar que favoreçam o conhecimento das variadas manifestações culturais existentes. É notório que a amplitude do território brasileiro e o processo de miscigenação ao longo da história possibilitam um farto repertório cultural para ser pesquisado e explorado. No entanto, não podemos nos esquecer de que no próprio interior do ambiente escolar, mesmo pertencendo ao mesmo território, micro forças culturais cruzam-se e chocam-se, revelando valores, linguagem, crenças, hábitos entre outros diferenciados, tornando, às vezes, as relações conflituosas. Assim, torna-se válido a garantia na proposta político e pedagógica o debate e diálogo sobre temas associados ao cotidiano escolar para o desenvolvimento e organização de um currículo comprometido com a pluralidade, a perspectiva da cidadania e do direito humano, compreendendo o aluno como sujeito histórico em sua formação, ou seja, no processo de ensino e aprendizagem. Essa contextualização possibilitará ao aluno e aos demais membros da comunidade escolar uma leitura crítica sobre os conflitos e desafios que surgem no cotidiano, utilizando os subsídios do mesmo para a superação, como também, na sua relação com o outro.
Segundo Grinspun (2006), em relação às transformações do contexto social, compete à Orientação Educacional auxiliar o aluno em três pontos básicos: perguntar, pesquisar e criar, sendo esses pilares para uma educação que garanta a sua emancipação e vivência no mundo. Isso, também, pode ser visto em: “Do mesmo modo que na escola se forma o homem conformista, é também na escola que se forma o homem contestador” (MAIA, 1995, p. 43). Tal afirmativa denota que a escola possibilita instrumentos para uma participação plena na sociedade. A partir da concepção de interculturalidade no processo educativo é possível a compreensão que todos possuem voz no ambiente escolar, cabendo a cada indivíduo a responsabilidade de promover espaço de diálogo e interação com o outro, com o similar e com o diferente. Nesse contexto, a intolerância, a indisciplina, a violência, o bullying entre outros farão parte do debate no cotidiano de toda a comunidade escolar e não apenas da Orientação Educacional, sendo os mesmos estudados e envolvidos no plano de ação ou contrato pedagógico como forma de conhecimento, prevenção e promoção de uma cultura de paz. De acordo com Candau (2010), a construção e reinvenção de espaços escolares de qualidade está condicionada aos seguintes fatores: a dinamização da estrutura organizacional e diversificação de atividades que contemplem a construção crítica e plural; articulação entre desigualdade e diferença numa proposta intercultural, incorporando as variadas contribuições culturais e o reconhecimento da cidadania como prática social do dia a dia. Portanto, compete ao orientador a promoção e a garantia de ambientes favoráveis para a efetivação de espaços escolares comprometidos com a promoção de uma real educação de qualidade.
AULA 05 >> A Orientação Educacional e a dificuldade de aprendizagem >> A função prioritária da escola é cuidar e garantir a aprendizagem, porém esta tarefa aparentemente simples (a escola ensina e o aluno aprende) não acontece tão facilmente e depende de inúmeras variáveis. Diante de um conceito tão complexo e abrangente é impossível uma única definição. Sempre aprendemos que aprendizagem é mudança de comportamento, entretanto alguns questionamentos devem ser levantados: Quais os fatores que interferem na aprendizagem? Que tipo de aprendizagem a escola deve se preocupar? O que causa o fracasso escolar? Quais os saberes necessários para o aluno dos dias de hoje? Segundo a Wikipédia: A aprendizagem está inevitavelmente ligada à História do Homem, à sua construção enquanto ser social com capacidade de adaptação a novas situações. Desde sempre se ensinou e aprendeu, de forma mais ou menos elaborada e organizada. Já antes do início deste século, existiam explicações para a aprendizagem, mas o seu estudo estava intimamente ligado ao desenvolvimento da Psicologia, enquanto ciência. Contudo não se processou de forma uniforme e concordante. O estudo da aprendizagem centrou-se em aspectos diferentes, de acordo com as diversas correntes da Psicologia e com as diferentes perspectivas que cada uma defendia. Dessas teorias, as que adquiriram maior relevo foram: - As comportamentalistas (behavioristas) - a aprendizagem é vista como a aquisição de comportamentos expressos através de relações mais ou menos mecânicas entre um estímulo e uma resposta, sendo o sujeito relativamente passivo neste processo. - As cognitivistas – a aprendizagem é entendida como um processo dinâmico de codificação, processamento e recodificação da informação. O estudo da aprendizagem centra-se nos processos cognitivos que permitem estas operações e nas condições contextuais que as facilitam. O indivíduo é visto como um ser que interage com o meio e é graças a essa interação que ele aprende. - As humanistas - a aprendizagem baseia-se essencialmente no caráter único e pessoal do sujeito que aprende em função das suas experiências únicas e pessoais. O sujeito que aprende tem um papel ativo neste processo, mas a aprendizagem é vista muitas vezes como algo espontâneo. 
Para Jean Piaget, a principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe. - O desenvolvimento intelectual partiu da ideia que os atos biológicos são atos de adaptação ao meio físico e organizações do meio ambiente, sempre procurando manter um equilíbrio. - O desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico. - A atividade intelectual não pode ser separada do funcionamento "total" dos organismos. - É uma teoria de etapas, que pressupõe que os seres humanos passam por uma série de mudanças ordenadas e previsíveis.
Segundo Walon, o indivíduo é social não como resultado de circunstâncias externas, mas em virtude de uma necessidade interna. Foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa. - Valorizou o aprendizado integral (intelectual, afetiva, social). - As emoções têm um papel preponderante no desenvolvimento da pessoa.  É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.
De acordo com Paulo Freire, se a educação sozinhanão transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda. - A aprendizagem deve levar os alunos a entender sua situação de oprimidos e agir em favor da própria libertação. - Deve desenvolver a criticidade dos alunos e propor a educação como forma para despertar a consciência dos oprimidos. - Pretende habilitar o aluno a "ler o mundo", trata-se de aprender a ler a realidade (conhecê-la) para em seguida poder reescrever essa realidade (transformá-la).
QUATRO FUNÇÕES DA EDUCAÇÃO: O processo de aprendizagem dá-se tanto de forma alienante como possibilidade libertadora. À educação, podemos atribuir quatro funções que interagem e se inter-relacionam. São elas: FUNÇÃO MANTENEDORA: a continuidade da conduta humana se realiza através da aprendizagem. FUNÇÃO SOCIALIZADORA: o indivíduo, à medida que se sujeita à educação, transforma-se em um ser social, identifica-se com o seu grupo, com as suas regras e seus códigos. FUNÇÃO REPRESSORA: permite a continuidade do homem histórico, garante também a sobrevivência do sistema específico que rege a sociedade. FUNÇÃO TRANSFORMADORA: a educação revela formas peculiares de expressão revolucionária.
Paín (2007), no livro Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem, também divide a aprendizagem em dimensões. São elas: - Dimensão biológica do processo de aprendizagem; - Dimensão cognitiva do processo de aprendizagem; - Dimensão social do processo de aprendizagem. Para finalizar, a aprendizagem sofre ainda a influência de condições internas e externas da aprendizagem, que dialogam o tempo inteiro e, assim, não permitem a dicotomia da noção do esquema estímulo--resposta. Apenas para melhor observação, as externas são definidas a partir do campo do estímulo e as internas que definem o sujeito.
Assim como é difícil definir aprendizagem, a definição do conceito de dificuldade na aprendizagem também é complexa. Raramente as dificuldades de aprendizagem têm origens apenas cognitivas e que comumente eram testadas a partir dos testes de QI. Tínhamos, então, o aluno-problema e rotineiramente lhe era atribuído a razão do fracasso, pois se considera apenas que existia algum comprometimento no seu desenvolvimento psicomotor, cognitivo, linguístico ou emocional, que são observados na escola, através de dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, da fala, da leitura, da escrita, do raciocínio ou das habilidades matemáticas. Porém, há outros tipos de fatores que se relacionam a essa problemática: desde a desestruturação familiar, sem poder desconsiderar as condições de aprendizagem que a escola oferece a esse aluno, até os outros fat ores intraescolares que favorecem a não aprendizagem.
Para Pain (2007), esta dificuldade pode partir de vários fatores: *Fatores orgânicos; *Fatores específicos; *Fatores ambientais; *Fatores psicógenos. O fracasso do aluno também pode ser entendido como um fracasso da escola por não saber lidar com a diversidade dos seus alunos. Existem problemas de aprendizagem que são produzidos nas relações e no marco da instituição escolar. São alguns exemplos: - Resistência às normas disciplinares; - Problemas de integração; - Desqualificação do professor; - Inibição. Diferente dos problemas de aprendizagem que supõem baixo nível intelectual, não permitindo ao sujeito aproveitar suas possibilidades. Ambos os casos levam ao fracasso escolar, mas necessitam de intervenções diferenciadas que podem ser: médica, psicológica, pedagógica, entre outras. Cabe ao orientador preocupar-se principalmente em construir situações de ensino que possibilitem aprendizagem, buscar os meios, as técnicas e as instruções adequadas para favorecer a aprendizagem.
O fracasso escolar está associado às dificuldades de aprendizagem escolar, as quais se manifestam principalmente entre crianças do segmento popular. É um tema que desperta interesse desde o final do século XVIII, quando médicos já se preocupavam em estudar o tema. Assim, o fracasso escolar teria como causa a anormalidade orgânica. Grinspun (2006) destaca algumas concepções relevantes quanto à explicação do fracasso escolar, as quais são apresentadas como estudos sobre o tema ao longo dos anos. Com a corrente psicopedagógica, o fracasso escolar era explicado a partir da medição da inteligência, destacando-se os estudos de Binet e Claparède, sendo o primeiro o criador da escala métrica da inteligência infantil. Com a influência das teorias psicanalíticas, o fracasso escolar estava relacionado ao problema de ajustamento ou de aprendizagem escolar, na qual o aluno com anormalidade escolar era considerado “criança-problema”, sendo tal anormalidade oriunda do ambiente sócio-familiar. No Brasil, uma das autoras que se destaca quanto a essa temática é Maria Helena Patto, que analisa as raízes históricas das concepções sobre o fracasso escolar.
Segundo Grinspun (2006), a evolução histórica da análise do fracasso escolar pode ser definida pelas seguintes teorias: *TEORIA PSICOLÓGICA, na qual o fracasso escolar é devido às características individuais do aluno, sendo ele incapaz de adaptar-se à escola. *TEORIA DA CARÊNCIA CULTURAL, na qual o fracasso escolar é decorrente das influências de fatores extraescolares, levando o aluno a uma deficiência cultural. *TEORIA DAS DIFERENÇAS CULTURAIS, na qual o fracasso escolar é explicado a partir da padronização da escola que não reconhece as diferenças culturais, promovendo a marginalização das camadas populares no ambiente escolar. *TEORIA CRÍTICO REPRODUTIVISTA, na qual o fracasso escolar é motivado à desigualdade social exercida por condicionantes sociais. *FATORES INTRAESCOLARES, nos quais o fracasso escolar é explicado pela própria organização do sistema escolar e a promoção da seletividade. *TEORIAS ESTRUTURAIS, na qual o fracasso escolar é visto como responsabilidade de todos os membros do processo educacional.
O papel do Orientador Educacional, na dimensão contextualizada, diz respeito, basicamente, ao estudo da realidade do aluno, trazendo-a para dentro da escola, no sentido da melhor promoção do seu desenvolvimento. A Orientação Educacional – como abordamos – não existe para padronizar os alunos nos paradigmas escolhidos como ajustados, disciplinados ou responsáveis. A prática não vem desvinculada da teoria. Precisamos da construção do conhecimento, do pensamento e da linguagem do nosso aluno. Cabe ao Orientador junto aos demais profissionais da educação, e, dentro das suas especificidades, favorecermos as relações entre o desenvolvimento e o aprendizado do aluno. Para Grinspun (2006): “A Orientação Educacional se fez presente na evolução histórica do fracasso escolar, tendo atribuições específicas conforme a forma de compreender o próprio fracasso escolar, ou seja, a concepção estabelecida. Hoje, cabe ao orientador refletir, discutir, viabilizar meios para a superação do fracasso escolar. Isso significa fomentar meios para que a problemática seja debatida de forma coletiva na escola.”
AULA 06 >> O Planejamento Em Orientação Educacional >> O ato de planejar é uma ação constante em qualquer atividade no meio escolar, inclusive na Orientação Educacional. Muitas vezes, o planejamento está associado a um processo burocrático e sem compromisso com a realidade para qual é destinado, tornando-se apenas um instrumento formal para controle pedagógico. Ao contrário dessa concepção, o planejamento é um processo de racionalização da prática pedagógica como destaca Libâneo: “O planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social” (1992, p. 222) Sendo assim, o planejamento é um processo contínuo que auxilia e orienta a tomada de decisão sobre determinada situação ou realidade, visando à eficiência e à eficácia da prática pedagógica.
O planejamento é um instrumento fundamental para a sistematização de ações significativas sobre uma determinada realidade, pois possibilita uma visão mais objetiva e integral quanto à real necessidade da execução da ação e a sua finalidade.O planejamento constitui-se numa estratégia para a superação do improviso. O planejamento possui significados variados, sendo caracterizado conforme a concepção teórica utilizada, porém podemos destacar alguns aspectos sobre a organização do mesmo: - análise de informações relevantes do presente e do passado, objetivando, principalmente, o estabelecimento de necessidades a serem atendidas; - estabelecimento de estados e situações futuras, desejados; - previsão de condições necessárias ao estabelecimento desses estados e situações; - escolha e determinação de uma linha de ação capaz de produzir os resultados desejados, de forma a maximizar os meios e recursos disponíveis para alcançá-los (LÜCK, 1991, p.24). Para Lücke (1991), geralmente, o planejamento está associado aos termos plano e projeto, porém cada um tem a sua singularidade, conforme é destacado no quadro abaixo: ●Planejamento – ação de planejar, processo. ● Plano e Projeto – são as descrições resultantes do planejamento e especificadoras das decisões tomadas e do curso de ação a seguir (LÜCK, 1991, p.33).
Podemos destacar alguns aspectos importantes na concepção do planejamento, os quais se relacionam entre si: racionalidade: emprego do raciocínio para solução de problemas, a partir do estabelecimento de relações entre dados elementos; tomada de decisão: estabelecimento de um compromisso de ação efetiva e transformadora embasada numa visão crítica da realidade; futurismo: orientador para o futuro, considerando dados do passado e do presente.
O planejamento em Orientação Educacional possibilita uma significação de sua prática dentro do contexto escolar. É a partir dele que verificamos o seu sentido e perspectiva frente às necessidades de dada instituição. Logo, percebemos que a sua organização está vinculada à concepção de educação da própria unidade escolar. Segundo Lücke (1991), na década de 80, percebe-se uma crise no sentido da Orientação Educacional. Com o estabelecimento da antiorientação, surge uma visão negativa que desconsidera o papel do orientador nas escolas, devido à associação dele a uma atuação limitada e tecnicista. Sendo assim, fez-se necessário uma revisão das ações da Orientação Educacional, a qual sucedeu a partir do desenvolvimento de uma visão mais política sobre a sua própria atuação.
Hoje, vivenciamos um período de reconstrução da Orientação Educacional que visa à reflexão do seu papel na escola mediante a fixação de sua identidade, da afirmação da importância de sua prática no contexto educacional, sendo extremamente importante a prática de um planejamento integrado ao fazer pedagógico da escola. Nesse contexto, Lücke (1991) destaca que a organização da Orientação Educacional deve contemplar uma prática dinâmica e interativa no ato educativo, já que se transforma devido à interação de variados aspectos que surgem na prática pedagógica. Assim, classifica as funções da Orientação em dois grupos que interagem entre si: funções de organização e funções de implementação. As funções de organização são definidas como todas as atividades desenvolvidas que visam à preparação, ordenação e sistematização quanto às ações de auxílio e de transformação desejada, nas quais estão incluídas a pesquisa de dados, o planejamento e avaliação. As funções de implementação são definidas como as atividades elaboradas que visam impulsionar uma transformação no meio, nas quais estão incluídas o aconselhamento, o acompanhamento, a coordenação, a consultoria, o encaminhamento, e a orientação em grupo.
Conforme já salientado, o planejamento em Orientação Educacional não pode ser organizado de forma isolada, sendo necessária sua integração à concepção de educação proposta pela unidade escolar, ou seja, sua dimensão filosófica, política, social e pedagógica. Tais dimensões, apesar de serem enumeradas isoladamente, no contexto manifestam-se de forma articulada. Grinspun (2006) assinala que a escola é caracterizada como uma organização complexa que tem uma função dicotômica, pois, apesar de ser um espaço formal de transmissão de saberes e valores historicamente e socialmente construídos, também é um espaço de transformação e de experiências variadas entre diferentes indivíduos e diferentes grupos. Assim, destacamos alguns aspectos relevantes quanto à dimensão filosófica, política, social e pedagógica da escola, que o orientador deve estar atento à organização de seu planejamento. Em relação à dimensão filosófica, compreende-se a reflexão sobre a concepção de homem que temos e queremos formar, envolvendo não somente o aluno, mas também os demais membros da comunidade escolar. Isso significa pensar na concepção de mundo e na relação dos indivíduos com o mesmo, sendo a escola um local de interação e expressão dos valores, saberes, normas variadas. No tocante à dimensão social, compreende o compromisso da escola na preparação do aluno para uma participação ativa na sociedade, possibilitando a ruptura de modelos sociais hierarquizados como é visto no trecho a seguir: “A importância da abordagem social está justamente em compreender a escola como participante da produção de novos valores, da difusão e socialização de conquistas sociais, econômicas e culturais dos grupos com os quais ela está comprometida” (GRINSPUN, 2006, p. 92). Quanto à dimensão política, compreende-se a formação política do aluno, a partir da promoção de vivências que fomentam a prática da cidadania, como também na própria construção da proposta político-pedagógica visando a uma educação de qualidade com princípios democráticos. Em relação à dimensão pedagógica, compreende-se o próprio ato de ensinar, sendo o currículo o mecanismo principal dessa ação. Grinspun (2006) estipula a finalidade da questão pedagógica como: Em relação à dimensão pedagógica, compreende-se o próprio ato de ensinar, sendo o currículo o mecanismo principal dessa ação. Grinspun (2006) estipula a finalidade da questão pedagógica como: “o fortalecimento da educação, enquanto dimensão da prática social global; do ensino, enquanto atividade calcada na realidade objetiva de quem aprende, e da aprendizagem, enquanto processo pessoal e intransferível que acontece dentro de cada indivíduo, tendo em vista seu amadurecimento” (GRINSPUN, 2006, p. 95).
Percebemos, então que o currículo escolar é um instrumento de suma importância no processo de ensino-aprendizagem. É a partir do mesmo que se tem a organização do conhecimento escolar e consecutivamente as atividades desenvolvidas pelo professor. Silva (2005) destaca que o currículo sempre é decorrente do resultado de uma seleção de determinados saberes válidos para uma dada sociedade ou sistema educacional, logo se torna um instrumento político ligado às relações de poder que direciona a formação da subjetividade e identidade do indivíduo. Mediante essa característica, o currículo deve ser constituído pela coletividade, garantindo saberes e atividades significativas no ato educativo tendo em vista a formação de sujeitos ativos e conscientes de seu papel na sociedade, isto é, que se transforme em um verdadeiro instrumento de “libertação” do indivíduo. Nessa perspectiva, compete ao Orientador Educacional o planejamento de ações que tenham a finalidade de discussão e reflexão sobre as dimensões da escola para a construção de um projeto político-pedagógico que valorize o aluno como ser ativo e sujeito do seu processo de ensino-aprendizagem. Vale lembrar que o projeto político-pedagógico da escola trata-se de um planejamento que orienta as ações da escola em sua totalidade, ou seja, é a própria identidade da escola. É a partir da construção do projeto político-pedagógico que a escola constrói a sua autonomia, sendo um espaço onde todos se tornam responsáveis pelo processo de ensino-aprendizagem, canalizando atitudes para uma educação plena e de qualidade.
Vasconcellos (2006) apresenta as finalidades do projeto político-pedagógico, as quais se destacam: ●o resgate da intencionalidade da ação, possibilitando a sua (re)significação; ●a transformação da realidade; ●a orientaçãopara um objetivo comum a todos; ●a construção da unidade; ●a racionalização de ações e recursos; ●a valorização da participação coletiva.
Como membro participante da comunidade escolar, é fundamental a participação do Orientador Educacional na construção do projeto político-pedagógico, pois possibilita a reflexão sobre a realidade existente, como também o auxílio e mediação do grupo na busca de solução para as problemáticas verificadas na mesma. É pautado no projeto político-pedagógico da escola que o orientador também deve problematizar os mecanismos utilizados no ato educativo como o currículo e a avaliação. Quanto ao currículo, é necessário o estímulo de uma visão crítica do educador em sua prática educativa, fornecendo dados sobre a comunidade escolar para a contextualização desse currículo. Essa ação possibilitará que educadores percebam que a elaboração do currículo escolar está condicionada a vários fatores, inclusive a sua percepção de mundo e de educação. Em relação à avaliação, auxiliar a compreensão do educador que a mesma não se limita apenas à medição de saberes ensinados e consecutivamente em classificação dos alunos em aptos e não aptos. A avaliação deve ser compreendida como ato diagnóstico a favor da aprendizagem do aluno, como orientador da tomada de decisões no ato de ensinar.
Segundo Lücke (1991), o plano anual de ação em Orientação Educacional corresponde ao delineamento global de ação para um determinado ano, o qual se refere: • ao posicionamento da Orientação Educacional face ao projeto político-pedagógico da escola; • ao enfoque de ação; • a identificação das necessidades; • as propostas de ação para atendimento das necessidades assinaladas. Destacamos que o plano anual de ação deverá ser flexível, mediante as necessidades e condições do próprio contexto escolar. Logo, o plano pode ser modificado periodicamente, inclusive durante o processo de seu desenvolvimento, como é visto no trecho a seguir: “Como sua função é orientar a prática, partindo das exigências da própria prática, ele não pode ser um documento rígido e absoluto, pois uma das características do processo de ensino é que está sempre em movimento, está sempre sofrendo modificações face às condições reais” (LIBÂNEO, 1992, p. 223). O plano anual de ação possui itens necessários para sua organização e caracterização. Esses devem ser relacionados entre si para que haja coerência e compreensão da necessidade de seu desenvolvimento, tornando-os num formato integrado. A seguir, apresentamos os itens do plano conforme descritos por Lücke (1991): Levantamento e descrição da realidade - Revela o conhecimento e a descrição do contexto que é destinada a ação como a caracterização dos alunos (quantidade, turma, faixa etária, realidade socioeconômica entre outros) e a caracterização da escola (localidade, proposta pedagógica, recursos humanos e estruturais entre outros). Análise da realidade - Revela o estabelecimento de prioridade e alternativa de ação a partir da demanda da realidade de dado contexto para que sejam validados os objetivos e a própria elaboração do plano. Estipulação de objetivos - Revela que toda ação tem intencionalidade visando à produção de resultados eficazes e a transformação de uma realidade. Especificação da ação - Revela as estratégias de desenvolvimento do plano, inclusive a previsão de cronograma do mesmo. Avaliação - Revela a transformação de dada realidade devido ao desenvolvimento do plano e a própria reflexão sobre ação para uma nova tomada de decisão.
Sendo assim, o planejamento em Orientação Educacional torna-se um instrumento de ruptura da imagem negativa construída ao longo do tempo como mero agente de ajustamento do aluno no espaço escolar. Mediante o trabalho contínuo e sistemático no fazer pedagógico da escola, o orientador demonstra o seu comprometimento com a construção do aluno como cidadão preocupado com o seu tempo e contexto, pressupondo uma concepção contextualizada, isto é, integrada ao cotidiano escolar e dos próprios alunos, ou seja, “o principal papel da Orientação será ajudar o aluno na formação de uma cidadania crítica, e a escola na organização e realização de seu projeto pedagógico” (GRINSPUN, 2006, p. 33). Isso significa um novo olhar da Orientação Educacional sobre o cotidiano escolar que visa a parcerias com os demais membros deste para um trabalho coletivo voltado para a promoção de uma educação de qualidade.
AULA 7 >> Orientação Educacional e o Trabalho Integrado no Contexto Escolar >> A escola é um sistema formado por um grupo de pessoas, no qual as funções se inter-relacionam e formam uma rede de relações inseridas no contexto social. Possui o objetivo de desenvolver o aluno plenamente de forma que ele possa agir e pensar de maneira crítica. Ela se apresenta como uma organização complexa dentro da sociedade, apresentando variação em sua dinâmica e funcionamento, conforme as transformações históricas da própria sociedade e concepção de educação. Logo, seus objetivos variam conforme esta nuance: ora apresentando-se com caráter tradicional, ora com caráter progressista. Segundo Grinspun (2006) A organização do trabalho escolar é “a mediação entre o trabalho docente e a prática social global” (p. 103), sendo justificada pela consequência de sua ação além do seu espaço. Gadotti (2006 apud GRINSPUN, 2006) destaca alguns indicadores necessários para uma organização escolar que tenha como objetivo a emancipação das camadas populares: a) Quem faz parte da escola, seus atores e funções; b) estrutura escolar e o sistema educacional dizem respeito às condições materiais, físicas e de legislação; c) atos escolares são relacionados ao processo de ensino-aprendizagem, atividades, planejamento, currículo, avaliação e outros; d) meios escolares são as ferramentas utilizadas pela escola; e) relações sociais: como se estabelece as relações no interior e no exterior da escola; f) conflitos: que devem ser considerados para toda a organização da unidade; g) limites e possibilidades: reflexão sobre os objetivos e finalidades da escola.
Segundo Grinspun (2006), para uma análise profunda da organização escolar, é necessária a consideração de três eixos: a escola como instituição social, a escola como agência pedagógica e a escola como relação educacional. Logo, refletir sobre a organização da escola significa analisar a complexidade dos seus elementos constituintes, sua estruturação e mecanismo, envolvendo questões como instituição, organização e mediação. Grinspun (2006) diz : “A escola é o espaço de ensinar e aprender de forma sistematizada; constitui o acesso às fontes de produção do conhecimento científico e tecnológico e, portanto, é espaço de formação de cidadania”.
Escola e democracia: uma articulação necessária. Diante de um mundo em constante transformação, a escola e a educação necessitam redefinir sua função social, pois sempre que a sociedade defronta-se com mudanças significativas, seja de ordem social, econômica ou tecnológica, novas atribuições são exigidas à escola, que deve repensar novos padrões de agir, sentir, pensar e desejar. O processo de democratização da escola no Brasil: *A educação Jesuíta. *O processo de industrialização. *O Movimento dos pioneiros da Educação Nova.
A escola para todos é uma realidade, mas o Brasil ainda apresenta taxas altas de distorção série/idade, analfabetos funcionais e altos índices de evasão escolar. Uma opção para a democratização da escola é a gestão democrática. 
Ação Integrada: A administração, a supervisão escolar e a orientação compõem a equipe técnico-administrativa, tendo importantes funções no processo de ensino e aprendizagem, pois influenciam as atividades desenvolvidas no ambiente escolar. Essas funções estão interligadas, já que a atividade de uma determinada área afeta a outra. É preciso, assim, analisar a divisão de trabalho e a distribuição dos papéis na escola (sejam elas grandes ou pequenas), para que não se olvide a relevância dos princípios de funcionamento do sistema e a aplicação de medidas integradoras quesejam necessárias para evitar paralelismos e conflitos gerados pela divisão de trabalho. Desta forma, desenvolve-se a consciência de uma atuação em conjunto onde suas ações e relações se interfluenciam e se interdependem. “a ação do corpo técnico-administrativo deve ser não só integrada mas também integradora. Para tanto, deve pautar-se por atitudes, direções e objetivos comuns, o que estabelecerá a coerência interna necessária para se garantir a unidade preconizada.(…) um objetivo comum do corpo técnico-administrativo é a criação de condições favoráveis ao máximo desenvolvimento das potencialidades da comunidade escolar, promovida num ambiente de cooperação, reciprocidade, em que todos os participantes do processo educativo atuam como companheiros que têm muito a contribuir com suas percepções, experiências, conhecimentos e habilidades na análise e decisão sobre as problemáticas do dia a dia do processo educativo. Mediante a análise e decisão conjunta dessas problemáticas promover-se-ia o desenvolvimento de potencialidades desejado.”(p. 32-33) (Lück (2005).
A ação do Orientador Educacional face ao trabalho integrado. Para favorecer o trabalho integrado e integrador, não se pode ignorar que o clima de confiança deve ser pautado na ética libertadora e no autêntico diálogo. Cabe então a toda equipe superar a tendência à fragmentação do trabalho, estar atenta e reagir às relações autoritárias, saindo, assim, da inércia e do comodismo, visando a uma educação libertadora, através da interação e participação. Não se pode perder o foco da análise do que se passa dentro da escola. É preciso direcionar as inovações necessárias ao bom desempenho e de suas funções sem correr o risco de tomar posições e medidas unilaterais e exclusivas de alguns setores por desconsideração ou até em detrimento de outros setores e/ou do conjunto. Quando se respeita a cultura da escola, os fundamentos, ideais e princípios comuns, sonhos, estabelece-se, dessa forma, o fio integrador de ações específicas e garante-se a sua articulação e interligação. Percebe-se que a atuação do Orientador Educacional não se restringe à ação burocrática dentro da escola, sua função é de suma importância na promoção de uma educação crítica e transformadora. Portanto, a ação do Orientador Educacional deve estar em conformidade com o Projeto Político-Pedagógico da escola, sendo também um sujeito ativo no processo de ensino-aprendizagem, facilitando e promovendo, junto com os demais educadores, a construção ou ampliação de conceitos dos alunos através da reflexão e da interação com os seus pares e sua realidade. No entanto, para a concretização dessa ação, é imprescindível o planejamento a partir da análise do conhecimento prévio do aluno para o desenvolvimento de atividades que propiciem, realmente, uma aprendizagem significativa para o exercício da cidadania na sociedade. Quando se respeita a cultura da escola, os fundamentos, ideais e princípios comuns, sonhos, estabelece-se, dessa forma, o fio integrador de ações específicas e garante-se a sua articulação e interligação. Para isso a Orientação Educacional atuará junto aos segmentos da escola com atribuições específicas: *com os alunos, quanto ao estímulo para uma participação significativa e crítica; *com os professores, quanto à colaboração e participação na elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola, como também, na reflexão crítica sobre a prática pedagógica; *com a direção, quanto a participação nas tomadas de decisão diretiva e administrativa relacionadas à organização da escola; *com os funcionários, quanto a colaboração na valorização de suas atribuições; *com os pais e comunidade escolar, quanto ao fomento da participação da família e comunidade no planejamento do projeto político pedagógico da escola e nas tomadas de decisão que visem à harmonia e o funcionamento da escola.
O papel do Orientador Educacional face à organização escolar pauta-se pela prática vinculada ao projeto Político-Pedagógico da escola, voltada para uma escola de qualidade. Para saber mais sobre esse assunto. Para Lück (2005), o processo de consultoria é uma maneira de garantir um trabalho integrado. 
Consultoria é definida como: “o processo pelo qual se partilha com outra pessoa ou grupo de pessoas, em caráter de mutualidade, informações, ideias, opiniões sobre determinada problemática, promovendo seu entendimento e permitindo o envolvimento das pessoas a ela relacionadas, com o fim de gerar bases objetivas para a tomada de decisões e de medidas eficientes a respeito.” (LÜCK, 2005)
AULA 08 >> O Mundo Do Trabalho >> Não se pode ter uma visão ingênua do processo de escolha profissional, é necessário ter claro, que em uma sociedade de classes: Poucos são os que escolhem; Alguns são escolhidos; A grande maioria é marginalizada
TEORIAS TRADICIONAIS (abordagem liberal): Dá-se por meio do que se poderia chamar de “modelo de perfis”, através de uma avaliação entre o perfil pessoal e a comparação com os perfis ocupacionais existentes. *A função da orientação profissional seria ajudar o indivíduo a conhecer-se. *Nesta visão, o individuo tem em suas mãos a possibilidade de ultrapassar os obstáculos colocados pela realidade. *A escola assegura melhoria da condição de vida.
TEORIAS CRÍTICAS: Surgem no Brasil no final da década de 70 e início na de 80. Propõem-se a analisar as teorias já existentes, desvelando as concepções de ser humano e sociedade nelas contidas. Seus principais teóricos são Althusser (1983), Bourdieu & Passeron (1975) e no Brasil, Luiz Antônio Cunha. A escola reproduz e justifica a desigualdade social. Questiona a Orientação Vocacional, pois esta toma como postulado as condutas liberais e que a sociedade não oferece igualdade de escolha e de condições
TEORIAS PARA ALÉM DA CRÍTICA: Tenta superar a dicotomia entre o indivíduo e a sociedade. Propõe uma nova abordagem denominada “socio-histórica”. Trabalha com a ideia da multideterminação do humano e que as profissões e ocupações não são imutáveis. Para esta teoria, de acordo com a origem social do indivíduo, ele terá maior ou menor liberdade de escolha, porém esta será sempre multideterminada. Seu maior representante é Vygostsky. A linguagem ganha grande função e por esta razão o trabalho em grupo é privilegiado 
“Discutir, refletir, criticar e recriar as condições de trabalho e os mecanismos necessários para dele nos utilizarmos em busca de uma sociedade que dê melhores condições de vida para a classe trabalhadora, promovendo, com suas ações, viver em uma sociedade mais justa e mais humana.” GRINSPUN - 2006 
TEORIAS PSICOLÓGICAS: Analisam os fatores internos do individuo que explicam a escolha profissional do mesmo. *Teoria Traço e Fator: Inicia a área da orientação profissional, fundamentando sua prática em testes vocacionais, pois acredita que as aptidões, interesses e características da personalidade do indivíduo são inatos. - Usa instrumentos para medir as aptidões, inventariar ou testar os interesses e descrever a personalidade do indivíduo.
*Teorias Psicodinâicas: Têm o objetivo de explicar a formação da personalidade e a escolha profissional do indivíduo. - São fundamentadas na psicanálise, ou seja, no desenvolvimento afetivo sexual do indivíduo, pois acreditam que a constituição da personalidade ocorre a partir das relações dos impulsos da mesma com o meio. *Teorias Desenvolvimentistas: - Surgem em 1950 como crítica à teoria traço e fator. - Acreditam na concepção de desenvolvimento vocacional, o qual se processa durante toda a vida do indivíduo por meio de etapas evolutivas. *Teorias Decisionais: São fundamentadas nos pressupostos da administração de empresas e da economia. - Têm o objetivo de dar racionalidade à escolha profissional, que se dá a partir de análise (preditiva, avaliativa e decisória) dos elementos que intervêm na mesma. - Definem que o orientador profissional deve colaborar com o indivíduo durante a análise dos elementos que intervêm na escolha profissional.
TEORIAS GERIAS: Entendem que a escolha profissional é

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