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Direito tributário I ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO. 1.ARRECADAÇÃO DA RECEITA PÚBLICA. O Estado possui diversas fontes de arrecadação: 1. Receita originária: oriunda do próprio patrimônio do Estado. (imóveis, empresas estatais, exploração de recursos naturais, etc.) 2. Receita derivada: Advinda do patrimônio de terceiros (particulares) : a) derivada de contrato: o Estado busca recursos por meio de contratos celebrados com os particulares que, no entanto, têm a l i v re disposição de vontade para firmá-los ou não. Nesses contratos é prevista, de alguma forma, a devolução do valor contratado, inclusive com o acréscimo de rendimentos (p. ex., títulos da dívida pública); b) derivada de soberania: os recursos são captados no patrimônio dos particulares, pela imposição do Estado que exerce seu poder soberano, sem considerar a disposição de vontade do contribuinte, que, assim, fica obrigada a adimplir a obrigação, até coercitivamente, se necessário. Os valores dessa forma de arrecadação não são devolvidos diretamente ao contribuinte, mas são convertidos em obras e serviços públicos. 2. LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL A atividade financeira do Estado vinha sendo regida pela Lei n° 4.320, de 17- 3-1964. Entretanto, a CF, promulgada em 5-10-1988, determinou que nova l ei complementar disporia sobre finanças públicas (art. 163 da CF). Essa disposição constitucional só foi atendida com a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) (Lei Complementar nº 1 0 1 , de 4-5-2000), que estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal. A l e i complementar é l ei de caráter nacional .Portanto, tem vigência sobre todo o território nacional. Sobrepõe-se a todas as leis federais, estaduais e municipais. Por essa razão, obriga todos os entes federativos, os Três Poderes, Tribunais de Contas e Ministério Público. Obriga também, no âmbito do Poder Executivo (federal, estadual e municipal), a administração direta, os fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes. As normas da LRF dispõem basicamente sobre: a) orçamento público: rigoroso equilíbrio entre receita e despesa; b) receita pública: previsão e arrecadação; c) despesa pública: definições e limites; d) endividamento: limites; e) gestão patrimonial; f) transparência na gestão fiscal: escrituração; consolidação de contas, relatórios, prestação de contas e fiscalização. 3. RECEITA PÚBLICA No direito financeiro, o conceito de receita pública corresponde a toda entrada de recursos monetários, seja por arrecadação de tributos (impostos, taxas e contribuições), que representa variação positiva no patrimônio líquido, seja pela obtenção de empréstimo, portanto, endividamento, que consiste em simples permuta de valores (troca de dinheiro por obrigação) e não produz, no ato do empréstimo, variação no patrimônio líquido. A receita pública classifica-se em: a) receita corrente: a que produz variação positiva no patrimônio líquido, por aumento de valor do ativo. Por exemplo: arrecadação de tributos; recebimento de dividendos de sociedades de economia mista ou de empresas estatais dependentes e t c; b) receita de capital: a que corresponde a permuta de valores ativos e passivos. Por exemplo: operações de crédito (tomada de empréstimos públicos ou privados), alienação de bens (venda de controle acionário de empresas estatais privatizadas) etc. 4. DESPESA PÚBLICA No direito financeiro, o conceito de despesa pública corresponde a toda saída de numerário, seja por uma variação negativa no patrimônio líquido, seja por um fato que simplesmente permuta valores e que, portanto, não altera o patrimônio líquido. A despesa pública classifica-se em: a) despesas correntes: as que produzem variação negativa no patrimônio líquido. Por exemplo: custeio (pagamento de pessoal c i v i l e militar, de material de consumo e t c ) ; b) despesas de capital: as que representam simples permuta de valores do ativo. Por exemplo: investimentos (obras públicas, equipamentos e instalações, aquisições de imóveis, concessão de empréstimo e t c ) . 5. ORÇAMENTO PÚBLICO. No direito financeiro, o orçamento é documento fundamental para a atividade financeira do Estado. De acordo com a melhor doutrina, Aliomar Baleeiro define: "Nos Estados democráticos, o orçamento é considerado o ato pelo qual o Poder Legislativo prevê a autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei." O orçamento, no Estado de Direito, não é mero documento de caráter contábil ou administrativo, mas, sim, poderoso instrumento de política econômica e social que, para sua execução, depende da correta e eficaz alocação dos recursos. Existem três leis orçamentárias, de acordo com o art. 165 da CF: a) orçamento plurianual: é na verdade u m plano de metas de política governamental que envolve programas de duração prolongada. É uma programação econômica voltada para os vários setores de atividade do governo; b) lei de diretrizes orçamentárias: de acordo com o § 2° do art. 165 da CF, "compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento"; c) orçamento anual: é o que abrange o orçamento fiscal (receitas e despesas), referente aos três Poderes da União, fundos, órgãos e entidades de administração direta e indireta, fundações instituídas e mantidas pelo poder público, além do orçamento de investimentos das empresas estatais, bem como o orçamento da seguridade social. O orçamento anual é de um exercício financeiro público, que no Brasil, desde o tempo do Império, coincide com o ano c i v i l , ou seja, de 1º de j a n e i r o a 3 1 de dezembro. 6. DÍVIDA PÚBLICA A dívida pública é constituída pelos empréstimos que os governos, federal, estaduais e municipais, obtêm por meio de operações de crédito, internas ou externas. As operações de crédito com a finalidade de obter empréstimos classificam-se em: a) operações de crédito por antecipação de receita: são uma modalidade de empréstimo, de curto prazo, que o Estado faz para suprir déficit de caixa. Devem ser pagas no mesmo exercício financeiro. O Estado oferece em garantia desse empréstimo parte de sua receita. Por exemplo: a arrecadação do ICMS de determinado período; b) operações de crédito em geral: são as demais, que não resultam de antecipação de receita. São empréstimos de longo prazo que objetivam atender, em geral, a despesas de capital e são tomados mediante colocação, j u n t o a investidores nacionais ou estrangeiros, de títulos da dívida pública. 7. PREÇOS ADMINISTRADOS - TARIFAS O Estado pode, por meio de concessão, autorizar particulares a explorar serviços que, por sua natureza essencial, são públicos. É o que ocorreu no Brasil, em larga escala, com a privatização das empresas estatais (telefonia, energia elétrica, água e t c ) . Por esses serviços, o Estado autoriza a cobrança de preços administrados, mais conhecidos como tarifas. A alteração da t a r i fa necessita de autorização do ente federado concedente do serviço.