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Fonética e Fonologia no Trabalho

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19/10/2020
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Fonética e 
Fonologia da 
Língua Portuguesa
Fonética e Fonologia no 
Mercado de Trabalho
Profª Juliana Fogaça Sanches Simm
• Unidade de Ensino: 04
• Competência da Unidade: Abordar a aplicação da Fonética e a 
Fonologia no mercado de trabalho. 
• Resumo: Entender a importância da fonética e da fonologia para
diversas áreas e campos de trabalho como no ensino de língua materna
e de língua estrangeira; na alfabetização; na fonoaudiologia e para o
direito.
• Palavras-chave: Mercado de Trabalho. Ensino. 
Fonética Forense. 
• Título da Teleaula: Fonética e Fonologia no 
mercado de trabalho. 
• Teleaula nº: 04
Contextualização
• Como se dá a aquisição de uma língua?
• A escrita é o reflexo da fala?
• O que é hipo e hipersegmentação na escrita?
• No processo de aprendizagem da escrita por
uma criança, como diferenciar desvios de erros
de escrita?
• Qual a diferença entre alfabetização e
letramento?
• Por que temos dificuldades de pronunciar
determinados sons de línguas estrangeiras?
• O que é fonética forense?
Alfabetização e 
Fonoaudiologia
Aquisição da Língua
Oralidade: exposição da criança a uma língua falada em seu ambiente
desde o seu nascimento (espontaneamente).
Escrita: é realizada com a instrução explícita do código que a criança
precisa dominar para relacionar sua fala com esse código.
A escrita não é o 
reflexo da fala.
Oralidade
 A oralidade (a fala) é afetada por diferentes
aspectos que vão desde a ordem linguística até
a aspectos extralinguísticos, como região, sexo
dos falantes, idade, escolaridade etc.
 É mais dinâmica do que a escrita.
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Escrita
Escrita inicial: representação da oralidade.
Exemplos: "mininu" e "bunecu"
No entanto, a criança também estabelece
hipóteses sobre o funcionamento da escrita no
seu percurso de aprendizagem, guiando-se
pela pronúncia das palavras.
Exemplo: “birnco”: o “r” é movido para uma
posição de coda silábica.
Escrita: regida por normas 
que definem como o texto 
deve ser expresso e como as 
palavras devem 
ser grafadas.
Correspondência grafema-fonema
 Não é biunívoca (de um para um). Um fonema pode 
ser representado 
por vários 
grafemas e um 
grafema pode 
representar 
diferentes fonemas
Encontros consonantais não nativos do português 
brasileiro
Vogais Ortográficas
a, e, i, o, u (não se tem símbolo específico para /ɛ/ e /ɔ/)
Para a indicação da relação fonema-grafema, a ortografia atual da nossa
língua utiliza três diacríticos básicos: o acento agudo (´),
o acento circunflexo (^) e o til (~).
Ex: médico; velório; âmago (diferente de amargo);
melão, limões.
Acento grave: função morfossintática.
João foi à aula.
Hipo e 
hipersegmentação
na escrita
Desafio da Criança
Segmentar as palavras de acordo com a norma ortográfica e não conforme
o seu conhecimento fonológico.
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
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Escrita de crianças em fase de aprendizagem
O modo como as crianças segmentam, isto é, como elas deixam espaços
ou os omitem entre as palavras, revela que o conhecimento rítmico
também é um fator que precisa ser aprendido pelas crianças em sua fase
de alfabetização.
Hipossegmentação: omissão do espaço entre as
palavras.
Hipersegmentação: inserção de espaços gráficos
inesperados em uma palavra.
Hipossegmentação
Incorporação de unidades lexicalmente átonas à uma palavra sintática:
• sesquecer - "se esquecer"
• sevirão - "se virão"
• Chamavase - "chamava-se"
• tedar - "te dar”
Hipersegmentação
Evidencia o papel do peso silábico na delimitação de unidades capazes
de figurarem-se como elementos independentes na escrita:
• em controu - "encontrou"
• amanhe seu - "amanheceu"
• em bora - "embora"
• em trou - "entrou"
Desvios 
fonológicos e 
escrita
Aprendizagem da escrita
Pode-se ter casos em que a criança teve um desenvolvimento típico da
fala, mas tem dificuldade com a escrita e vice-versa, e há ainda casos em
que o desenvolvimento atípico da fala acarreta problemas na
aprendizagem da escrita.
Desvio fonológico
Desenvolvimento atípico do sistema fonológico da criança. Tais casos
referem-se a um déficit específico da linguagem, ou seja, a algo que não
tem base articulatória ou motora e refere-se simplesmente à aquisição
desviante das relações estabelecidas pela língua.
Em torno dos cinco anos: a criança deve apresentar o sistema fonológico
plenamente adquirido.
Profissional de Fonoaudiologia: diagnostica o sujeito
com um déficit específico de linguagem.
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Criança com desvio fonológico
Tende a reproduzir na escrita o sistema fonológico de sua língua
materna. Por exemplo: Substituição de “p” por “b”.
Casos atípicos: a criança com desvio produz formas em que os grafemas
não têm relação com os fonemas que representam ou estão
desordenados na estrutura da palavra.
Exemplos de uma criança que não reconhece o
contraste entre /s, z/ e /S, Z/:
safariz "chafariz“; obizetos "objetos“; zutar
"juntar“; casa "caixa"
Desvios de escrita
O fato de a criança apresentar erros de escrita de forma mais comum que
a média não quer dizer que ela seja disléxica. Alguns erros de escrita
podem ter motivação linguística.
Nos exemplos, a substituição dos grafemas pela criança não é aleatória: 
“s”- usada para representar as fricativas coronais não vozeadas [S]
“z” - usada para representar a contraparte vozeada [Z]
O fato de ela não substituir "ch" por "m", por
exemplo, evidencia que suas substituições não
são escolhidas ao acaso.
Resolução de 
Exercício
Adaptada - Enade 2013
Um menino de 9 anos de idade, está no terceiro ano de uma escola pública e
apresenta dificuldades de aprendizagem. Segundo a professora, ele escreve
do mesmo modo que fala. Dessa forma, foi solicitado à mãe que
encaminhasse o menino para uma avaliação fonoaudiológica, pois a
professora acredita que ele seja disléxico [...]. Segue, um trecho de sua
escrita:
“Eraumaves um castelo muinto velho e eumdia treis
mininos pobres quetinham passado por lá. Come saram
a reformar o castelo e a notisia se espahol e os mininos
creseram e finalmente o castelo ficol pornto os mininus
foram entrando elá dentro tinha sinco cuartos.”
Avalie as afirmações a seguir.
I. A aquisição da linguagem escrita está relacionada às práticas sociais nas quais a criança 
está inserida, podendo essas representar obstáculos para um bom desempenho escolar. 
Diante disso, as dificuldades de escrita do menino podem estar influenciadas pelas 
práticas de letramento de seus familiares e amigos.
II. A dificuldade de segmentação das palavras é uma das características da dislexia; logo, 
é correto afirmar que o menino é disléxico.
III. O menino apresenta um texto cujas características demonstram o apoio na oralidade, 
as quais fazem parte do processo normal de aquisição da linguagem escrita. São 
exemplos desse apoio: transcrição fonética, junção e separação indevida de palavras.
É correto apenas o que se afirma em:
a) Apenas I e II.
b) Apenas I e III.
c) Apenas III.
d) Apenas I.
Perguntas
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Alfabetização e 
letramento
Alfabetização e o sistema linguístico-fonológico
Têm uma relação extremamente estreita. Porém,
o aprendizado da escrita não pode ser
entendido como uma transcrição da língua que
falamos.
Papel da escrita na 
realidade social dos 
alunos 
Transcende à 
alfabetização
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
Noção do senso comum
A alfabetização é a simples codificação de fonemas, em que a relação
entre os fonemas /p/ + /a/ resulta em /pa/, portanto, o código escrito
"pa“ deve ter uma relação direta com essa representação da língua oral.
Resultado: suporte a 
métodos de 
aprendizagem da escrita 
cujo objetivo era explorar 
a consciência fonológica 
do aluno para que ele 
associasse sons às letras.
Distinção entre 
alfabetizado e 
não alfabetizado
Avanços na sociedade (+gafocêntrica)
Exigências de maior domínio da leitura e da escrita.
O mundo letrado exigeque as pessoas sejam competentes quanto à
escrita, ou seja, que dominem práticas comunicativas que vão além do
ler e escrever, para além de apenas desenhar letras e decodificar
significados.
Letramento
Focaliza os aspectos sócio-históricos da aquisição
de uma sociedade.
Papel do professor: transformar pessoas
alfabetizadas em sujeitos letrados.
A diferença entre alfabetização e letramento precisa
estabelecer-se na sala de aula para que as pessoas
saiam da escola podendo engajar-se em práticas
sociais distintas que lhe deem condições de não apenas
sobreviver, mas de exercer com plenitude sua
cidadania.
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
Finalidade da escrita
O professor deve orientar o aluno para um percurso em que a escrita
não seja uma tarefa apenas de transcrição, mas algo significativo para
sua vida, em que a sua produção seja também uma ação comunicativa.
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
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Produção de sons 
da língua 
estrangeira
Língua estrangeira
Quando aprendemos uma língua estrangeira nos
deparamos com alguns sons que não
conseguimos pronunciar, embora não sejamos
incapazes de produzi-los.
Produção de sons em 
uma língua estrangeira 
envolve aprender uma 
gramática internalizada, 
cujo domínio nós não 
possuímos
Domínio da 
estrutura 
gramatical 
da outra 
língua
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
Domínio de outra língua
Devemos aprender as relações contrastivas, não contrastivas e
combinatórias da língua estrangeira.
Exemplo: falante de português aprendendo espanhol.
Como é a produção das vogais por brasileiros aprendizes de 
espanhol como língua estrangeira? E dos falantes de espanhol 
aprendendo português? Transferência do 
funcionamento do 
sistema fonológico da 
língua materna 
para a produção em 
língua estrangeira
Transferência fonético-fonológica da língua materna para 
a língua estrangeira
Utilização de estratégias e conhecimentos que os falantes adquiriram com
o uso de sua língua materna (estratégia cognitiva).
Ex: produção da oclusiva /g/ do morfema –ing, que indica o aspecto
progressivo no inglês
Importante: Sotaque.
“making” mak[ing] em vez de mak[ɪŋ].
Fonética Forense e 
processamento da 
linguagem natural
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Fonética Forense
Aplicação do conhecimento, teorias e métodos da fonética às tarefas
do contexto policial para apresentação de evidências em tribunais, a
qual desenvolve novos métodos e teorias especificamente dedicadas à
investigação.
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
A Fonética Forense tem por objetivo identificar aspectos característicos da
fala de uma pessoa e somente dela.
Utiliza-se de parâmetros fonético-acústicos, em geral, para determinar
características idiossincráticas do falante, ou seja, o que é específico de
uma determinada pessoa.
Importância: produção de provas capazes de serem
utilizadas no âmbito jurídico como fundamentação
técnica de uma sentença jurídica.
Identificação de locutores
Objetiva determinar se a fala de uma pessoa em situação de suspeição, isto
é, suspeita de um crime, pode ser identificada como a mesma de um
criminoso.
Método: comparação da voz suspeita com outras diferentes vozes,
utilizando-se parâmetros fonéticos acústicos para a confirmação ou
refutação da suspeita.
Processamento de Linguagem Natural
Área que estuda como desenvolver mecanismos para que softwares
sejam capazes de processar a linguagem natural.
Desenvolvimento de tecnologias: comandos de voz no smartphone e
Google Assistente, por exemplo.
Um dos domínios: Conversão Texto-Fala (TTS do
inglês, Text-To-Speech).
Resolução de 
Exercício
Situação-problema
Em sua aula de espanhol para adultos, você percebeu que a maioria dos seus
alunos custa a perceber que algumas vogais do português não são pronunciadas
em espanhol, pois, embora o vocabulário seja parecido, os sistemas linguísticos
são diferentes e com características específicas. Observe dados da pronúncia de
um dos alunos:
a. mujer - muj[ɛ]r b. diez - di[ɛ]z c. negócios - neg[ɔ]cios
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Situação-problema
Como professor de espanhol, você sabe que a pronúncia nativa dessas palavras
é realizada com as vogais médias altas [e] e [o].
Quais alternativas seriam possíveis para os alunos perceberem essa diferença?
Qual a explicação linguística para essa dificuldade de adequar-se à pronúncia
em língua estrangeira?
Solução
Em muitos casos, o falante assimila um
determinado som para aquele mais próximo do
que ele encontra em sua língua materna. É um
processo de transferência do conhecimento da sua
gramática internalizada para a língua estrangeira.
Solução
Atuação do professor:
• Elaboração de atividades de aprendizagem de
maneira implícita, em que o aprendiz é exposto
à categoria que ele não conhece, assim, é levado
ao conhecimento pela exposição à língua.
• Explicitação dos sons ou das estruturas da língua
que o aluno deve aprender a reconhecer como
diferentes da sua língua materna.
Perguntas
Recapitulando
• Oralidade e Escrita;
• Aquisição da língua;
• Correspondência grafema-fonema;
• Escrita de crianças em fase de aprendizagem;
• Hipossegmentação e Hipersegmentação;
• Desvios fonológicos e escrita;
• Letramento;
• Importância da consciência fonológica;
• Aprendizagem de língua estrangeira;
• Fonética forense;
• Tecnologias de conversão texto-fala.
Revisão
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Referências
HOUAISS, Antonio. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 
2009.
SEARA, Izabel Christine; NUNES, Vanessa Gonzaga; LAZZAROTTO-VOLCÃO, 
Cristiane. Para conhecer Fonética e Fonologia do português brasileiro. 2. ed. 
São Paulo: Contexto, 2019.
SILVA, Thaïs Cristófaro. Dicionário de Fonética e Fonologia. São Paulo: 
Contexto, 2017.
SILVA, Thaïs Cristófaro. Fonética e Fonologia do português 
brasileiro. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2019.
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