Buscar

Prévia do material em texto

Fonética e 
Fonologia da 
Língua Portuguesa
A Fonética
Profª Juliana Fogaça Sanches Simm
• Unidade de Ensino: 02
• Competência da Unidade: Aprender como os sons da língua são
produzidos.
• Resumo: Estudo da produção dos sons da língua portuguesa, tendo em
vista as propriedades articulatórias envolvidas na produção das
consoantes e vogais, bem como a descrição e agrupamento dos
padrões encontrados.
• Palavras-chave: Sons da língua. Consoantes. Vogais.
• Título da Teleaula: A Fonética
• Teleaula nº: 02
Contextualização
• O que é o sistema consonantal?
• Como as consoantes são produzidas? 
• O que são semivogais ou glides?
• O que é o sistema vocálico?
• Como as vogais são produzidas?
• Como os ditongos são classificados? 
• O que é uma sílaba?
• Uma sílaba pode ser formada por quais
elementos?
Consoantes do 
português brasileiro: 
oclusivas,fricativas e 
africadas
Sistema consonantal
Conjunto dos segmentos consonantais, ou seja, 
das consoantes de uma língua.
O conceito de consoantes não se 
refere aos grafemas (letras), mas 
aos sons da língua, produzidos 
com obstrução parcial ou total da 
corrente de ar pelas cavidades 
oral e nasal.
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
Consoantes oclusivas (modo de articulação)
A produção é feita com um bloqueio total da passagem do ar pela boca.
• [p] pato e [b] bota - oclusivas bilabiais. Recebem essa descrição por
serem produzidas com oclusão total dos lábios.
• [t] tato e [d] dedo - oclusivas alveolares. A
articulação é feita com a ponta da língua na
região dos alvéolos. Ex: “tato” e “dado”.
• [k] casa e [g] gato - oclusivas velares. A
obstrução do trato é feita com o dorso da
língua na região do véu palatino. Ex: “carro” e
“gato”.
Atenção: 
vozeamento e não 
vozeamento
Consoantes fricativas (modo de articulação)
Produzidas com estreitamento do canal bucal, formando uma oclusão
apenas parcial, com ruído de fricção.
• [f] e [v] consoante fricativa labiodental. 
Ex: “ferro” [‘fxu]; “vala” [‘valA]; 
• [s] e [z] - consoante fricativa alveolar. 
Ex: “saia” [saia], “zorra” [‘zoxa]; 
• [S] e [Z] - consoante fricativa palato-alveolar. 
Ex: “chefe” [‘Sfi]; “juba” [‘ZubA]. 
Consoante africada (modo de articulação)
Produzidas com oclusão total e momentânea do fluxo de ar, seguida de
estreitamento do canal bucal, gerando um ruído de fricção.
• [tS] - consoante africada alvéolo-palatal não vozeada. Ex. "tirano"
• [dZ] - consoante africada alvéolo-palatal vozeada. Ex. "dicionário“
ATENÇÃO: A transcrição fonética não deve ser guiada pela 
ortografia, uma vez que, em muitos casos, temos essas 
africadas seguidas de [i] na fala, mas, na ortografia, tem-se 
"e", como é o caso de "leite" e "parede", cujas transcrições 
seriam [leitSi] e [paRedZi]. Esse par de africadas do português 
brasileiro é uma realização dos fonemas /t/ e /d/ em um 
contexto específico. 
Consoantes do 
português brasileiro: 
nasais, laterais, 
róticas e semivogais
Consoantes nasais (modo de articulação)
Produzidas com obstrução total e momentânea do fluxo de ar na
cavidade oral, com liberação pela cavidade nasal. Não possuem
distinção de vozeamento porque elas são naturalmente vozeadas.
• [m] mala e tempo - consoante nasal bilabial.
• [n] nada e junto - consoante nasal alveolar.
• [N] manha e pente - consoante nasal palatal.
Consoantes laterais (modo de articulação)
Sons produzidos com uma obstrução realizada com a ponta, lâmina
ou dorso da língua, porém, o ar passa pelas laterais da obstrução.
Essas consoantes possuem vozeamento espontâneo, não possuindo
pares não vozeados.
• [l] lata - consoante lateral alveolar.
• [] sal - consoante lateral alveolar velarizada.
• [] malha - consoante lateral palatal.
Consoantes róticas (modo de articulação)
São os conhecidos sons de "r". Os róticos são também chamados de
vibrantes, que podem ser simples, os chamados tepes (tap, em inglês),
ou complexas, que é o caso das vibrantes múltiplas.
• [R] - consoante tepe alveolar - "caro" [karu];
• [r] - consoante vibrante alveolar - “carro“ [karu]
• [] – consoante retroflexa alveolar - porta [pota]
As semivogais ou glides
São segmentos aproximantes, ou seja, a produção
desses sons é feita com a aproximação dos
articuladores em algum ponto do trato. Essa
aproximação não é tão crítica quanto a das
fricativas nem tão ampla quanto a das vogais.
• [J] - semivogal palatal, como em "pai" [‘paJ] e
"águia" [‘agJa];
• [W] - semivogal labiovelar, como em "pauta"
[‘paWtA] e "quase" [kWazi].
Esses sons não 
ocupam o núcleo da 
sílaba no português 
e participam sempre 
na formação de 
ditongos. 
(Fonte: MADRUGA, Magnun Rochel. Fonética e Fonologia da Língua 
Portuguesa. Ed. Educacional: Londrina, 2018. )
Vogais e ditongos
Sistema vocálico 
Conjunto dos segmentos vocálicos, ou seja, das vogais de uma língua.
O conceito de vogais não se 
refere aos grafemas (letras), mas 
aos sons da língua, produzidos 
sem obstrução da corrente de ar 
e com vibração das cordas vocais 
(sons vozeados).
(Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/home)
Vogais orais e nasais (classificação quanto ao fluxo de ar)
Vogais orais: passagem do fluxo do ar apenas pelo trato oral.
Vogais nasais: passagem do fluxo de ar pelo trato oral e pela cavidade nasal.
[a] mato
[] mesa
[] pé
[e] tapete
[i] amigo
[] chefe
[] nó
[o] bolo
[u] bula
[] dedo
[a)] maçã / banco
[e)] pente
[i)] lindo
[o)] bomba
[u)] fundo
o
ra
is
n
as
ai
s
15 segmentos vocálicos
Vogais altas, médias-altas, médias-
baixas e baixas (classificação quanto 
ao movimento de altura da língua)
Vogais altas: língua se eleva ao máximo.
Vogais médias-altas: língua em posição
intermediária + alta.
Vogais médias-baixas: língua em posição
intermediária + baixa.
Vogais baixas: língua na posição mais baixa.
(SEARA, NUNES, LAZZAROTTO-VOLCÃO, 2019, p. 50)
Vogais anteriores, posteriores e centrais (classificação 
quanto ao avanço ou ao recuo da língua)
Vogais anteriores: língua se dirige para a frente. [i] [] [e] []
Vogais posteriores: língua se movimenta para trás. [u] [] [o] []
Vogais centrais: língua em posição centralizada. [a] []
Vogais arredondadas e não arredondadas (classificação 
quanto à protrusão ou ao estiramento dos lábios)
Vogais arredondadas: produzidas com os lábios
arredondados. [u] [] [o] []
Vogais não arredondadas: produzidas com os
lábios estirados. [i] [] [e] [] [a] []
Vogais tônicas, pré-tônicas e pós-tônicas
(classificação quanto à tonicidade)
Vogais tônicas: posicionadas na sílaba tônica.
Vogais pré-tônicas: posicionadas antes da sílaba tônica.
Vogais pós-tônicas: posicionadas depois da sílaba tônica.
escola
pré-tônica
tônica
pós-tônica
Ditongo
• Decrescente: aquele em que a semivogal segue a vogal do núcleo da
sílaba.
• Crescente: aquele em que a semivogal precede a vogal do núcleo da
sílaba.
Fonte: Câmara Jr. (1970, p. 34).
Decrescente “quase”: Crescente
Representação 
das semivogais:
[w]
[j]
Resolução de 
Exercício
Sublinhe os segmentos consonantais que tenham a propriedade 
articulatória listada à esquerda (há três em cada grupo)
a. Vozeada b g s f z S
b. Desvozeada v f p z R s
c. Nasal l m N R p n
d. Oclusiva f p t k z m
e. Fricativa g d f s l v
f. Bilabial m b g l p S
Atividade
Considere o conceito a seguir:
“Ato ou processo de produzir voz, pela vibração das pregas vocais à saída
do ar dos pulmões”
(HOUAISS, Antonio. Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2009.)
O conceito diz respeito ao processo de: 
fonação.
vocalização.
articulação.
verbalização.
A sílaba do 
português 
brasileiro: 
estrutura e núcleo
Sílaba
Vogais e as consoantes: não se combinam aleatoriamente. Cada língua
estabelece uma possibilidade combinatória de sons, que é definida
pelo constituinte da língua chamado sílaba.
Sílaba: padrões de coordenação ou de tempo relativo entre
consoantes e vogais.
Estrutura da sílaba
Fonte: Selkirk (1982).
Estrutura da sílaba
estudantedan
ataque
núcleo
coda
livro
ataque + núcleo
escola
núcleo + coda
educação
núcleo
Núcleo Silábico
“Ápice ou ponto de destaque e proeminência em
uma sílaba. É a unidade obrigatória lexicalmente
presente na estrutura silábica.” (SILVA, 2017, p.
160)
Em português, 
somente as 
vogais ocupam o 
núcleo das 
sílabas
f o n o l o g i a
5 vogais = 5 sílabas = 5 núcleos silábicos
A sílaba do 
português 
brasileiro: onset e 
coda silábica
Onset ou ataque silábico
Onset: “Elemento que precede o núcleo de uma sílaba e é geralmente
formado por uma ou mais consoantes.” (SILVA, 2017, p. 163)
Onset simples = formado por apenas uma consoante (C1V).
Onset complexo = formado por duas consoantes (C1C2V).
t r a n s c r i ç ã o
3 onsets ou ataques silábicos
Estrutura do Onset
Onset simples CV 
da palavra “pé” 
(Fonte: MADRUGA, Magnun Rochel. Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa.
Ed. Educacional: Londrina, 2018. )
Onset complexo CCV 
da palavra “prato” 
Coda silábica
Parte pós-vocálica da sílaba que é ocupada por um som consonantal.
Coda simples = formada por apenas uma consoante (VC1).
Coda complexa = formada por duas consoantes (VC1C2).
2 codas silábicas
p o r t u g u ê s
Constituição da 
rima silábica
Constituição da rima
Rima: é composta pelo núcleo e pela coda. Define se a sílaba é leve ou
pesada.
• Leve: não possui coda, podendo ser constituída só pelo núcleo (V),
por onset simples e núcleo (CV) ou por onset complexo e núcleo
(CCV)
• Pesada: possui a coda preenchida por uma ou
mais consoantes .
Estrutura das sílabas leve e pesada
Sílaba “pers” da 
palavra perspectiva
(Fonte: MADRUGA, Magnun Rochel. Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa. Ed. Educacional: Londrina, 2018. )
CV (leve) “ta” CVCC (pesada) “pers”
Sílaba “ta” da 
palavra pata
Português
Ditongos crescentes possuem a semivogal associada ao onset.
Ditongos decrescentes têm associação à coda.
Estrutura das sílabas com ditongos CGV e CVG
Sílaba [paJ] da 
palavra "pai" 
Sílaba [bJe] da 
palavra "bienal" 
(Fonte: MADRUGA, Magnun Rochel. Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa. Ed. Educacional: Londrina, 2018. )
Glide: “Segmento que 
apresenta características 
articulatórias de uma 
vogal, mas que não pode 
ocupar a posição de 
núcleo de uma sílaba.”
Moldes silábicos do português brasileiro 
V → é CCVC → três 
VCC → instante CCVCC → transporte 
VC → ir VV → aula 
CV → cá CVV → lei 
CVC → lar CCVV → grau 
CVCC → monstro CCVVC → claustro 
CCV → tri 
(Fonte: MADRUGA, Magnun Rochel. Fonética e Fonologia da Língua Portuguesa. Ed. Educacional: Londrina, 2018. )
Resolução de 
Exercício
1. Analise a constituição silábica da palavra a seguir:
CADERNO
Em “caderno”, são detectáveis 3 ataques silábicos; 3 núcleos silábicos; e
1 coda silábica.
Verdadeiro
Falso
2. Analise a constituição silábica da palavra a seguir:
TELEFONE
Em “telefone”, são detectáveis 4 sílabas, uma vez que há quatro sons
vocálicos em posição de núcleo silábico.
Verdadeiro
Falso
Perguntas
Observe a representação dos padrões silábicos das palavras a seguir:
Panela cv.cv.cv
Feliz cv.cvc
Trator ccv.cvc
Água v.cv’v
Faça a representação do padrão silábico de:
quadro
Recapitulando
• As consoantes do português brasileiro;
• As vogais do português brasileiro;
• A sílaba do português brasileiro.
Revisão
Referências:
SEARA, Izabel Christine; NUNES, Vanessa Gonzaga; LAZZAROTTO-VOLCÃO, Cristiane. 
Para conhecer Fonética e Fonologia do português brasileiro. 2. ed. São Paulo: 
Contexto, 2019.
SILVA, Thaïs Cristófaro. Dicionário de Fonética e Fonologia. São Paulo: Contexto, 2017.

Mais conteúdos dessa disciplina