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OLÁ, CONCURSEIRO(A)! Seja muito bem-vindo(a) ao Manual de Redação Discursiva! É com muito prazer que apresentamos a vocês este material, preparado com carinho para auxi- liar no estudo e desenvolvimento de redações. Um dos maiores desafios de todos os (as) concurseiros (as) é conhecer a didática e as técnicas para que a produção do seu texto atenda aos requisitos e tenha uma boa avaliação. Vamos apresentar na prática todos os pontos exigidos pelas bancas de concursos e mostrar que a escrita de uma redação bem articulada é totalmente possível quando se tem o roteiro organizado. Neste material você encontrará o passo a passo para trabalhar o desenvolvimento de seu texto, mas para alcançar seu objetivo o mais importante será a sua dedicação não somente em estudar o material que tem em mãos agora em praticar a escrita para que possa aprimorar tudo o que foi estudado! Vamos juntos desvendar os mistérios da redação! R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 3 REDAÇÃO DISCURSIVA REDAÇÃO DISCURSIVA Neste material, vamos trabalhar a redação discursiva. Você estudará algumas característi- cas inovadoras no conceito de produção de textos para quem quer atingir um melhor resul- tado em provas que exijam do candidato a habilidade de produzir um texto. Aqui, serão apresentados os aspectos gerais da redação discursiva em sua estrutura textual, bem como todos os passos para a sua produção com eficiência. Porém, antes de iniciarmos, é importante dar atenção às dúvidas que geralmente são apresentadas pelos alunos para que se possa dar solu- ção aos principais problemas que eles relatam. DÚVIDAS FREQUENTES QUANTO À REDAÇÃO PARA CONCURSOS PÚBLICOS Por Que é tão Difícil Produzir um Texto Eficiente? Sempre se ouvem os temores de alunos quanto às provas que cobram dos candidatos habilida- des na produção de questões discursivas. Alguns dizem se sentirem tão despreparados que termi- nam por desistir dos concursos que trazem a redação como critério de classificação. Tem de se reconhecer que o hábito de escrever não está na prática do cotidiano da maioria das pessoas e que, hoje em dia, quando se dispõem a fazê-lo, exercitam essa habilidade nor- malmente em ambientes virtuais, como sites de comunicação e elaboração de e-mails. Nesses expedientes, ocorre o que chamam de “pacto da mediocridade” (sem intenção ofensiva), que caracteriza a postura displicente de como se escreve e a aceitação mútua de erros e desvios da norma culta escrita: “ele escreve errado, mas eu aceito para não ser cobrado por ele da mesma forma quando errar”. Usam-se imagens, símbolos gráficos, abreviações que mais se assemelham a códigos criptografados do que à própria língua portuguesa. O maior problema é que isso gera um reforço negativo: treina-se uma escrita que não promove a prática ideal da comunicação verbal normatizada. O resultado é que, quando ocorre a exigência da produção escrita, a prática que se tem não promove a eficiência nessa categoria de comunicação. Como, em Pouco Tempo, Desenvolver a Habilidade da Escrita em Quem tem Dificuldade de Passar para o Papel o que tem na sua Cabeça? Inicialmente, em um procedimento tradicional de produção de textos, começa-se pela apresentação de exemplos de textos bem escritos, mostra-se sua estrutura, apresentam-se as partes que o compõem. 4 Depois disso, inicia-se a identificação dessas partes e de como elaborá-las separadamente: como se constrói um parágrafo; quais são as fases de sua elaboração; quais são os diferentes tipos de parágrafos. Também é mostrado como podem ser os parágrafos que introduzem, desenvolvem e concluem um texto dissertativo. E só depois de exercitar esses primeiros procedimentos é que se passa à produção de um trabalho completo, buscando a eficiência do todo por intermédio do agrupa- mento de cada uma das partes estudadas até a formação de um bloco contínuo e completo. O truncamento desse trabalho ocorrerá certamente se o aprendiz não se dispuser a prati- car esses conceitos. É aí que começa a frustração dos potenciais autores, pois muitas vezes só vão tentar praticar a escritura da sua redação após terem terminado o estudo do livro didá- tico e sentem muita dificuldade no momento do agrupamento, isto é, de fazer virar o todo aquilo que aprendeu a fazer por partes. Se o resultado não for satisfatório, eles simplesmente assumirão a dificuldade como uma inabilidade pessoal. Como proposta de solução para essa dificuldade, vamos partir de um princípio inverso em que se começa da materialização do texto eficiente, satisfazendo os anseios dos nossos alunos: começamos pelo todo para depois estudarmos as partes. Esse trabalho consiste na elaboração de máscaras de redação, o que proporciona um pon- to de partida concreto na produção de redações eficientes a partir de modelos prontos e que poderão ser reproduzidos e adaptados para qualquer tema proposto pela banca organizado- ra do concurso, respeitando ainda o caráter da originalidade e da criatividade de cada autor. As máscaras de redação garantem a eficácia sobre os principais quesitos exigidos pelas bancas organizadoras dos critérios de correção dos textos, tais como progressão textual e sequencialização, coesão e, consequentemente, coerência, além de atender naturalmente à estrutura própria dos textos dissertativos. Outro ponto importante é o de permitir ao candidato uma projeção bem aproximada da extensão do seu texto em número de linhas. Essa proposta também tem a finalidade de desenvolver uma maior agilidade na projeção e na construção da redação, otimizando o tempo de sua elaboração durante a prova. Qual o Peso ou a Importância da Redação em um Concurso Público? O peso da redação é muito grande, por isso, ela faz a diferença na aprovação. Nos concur- sos atuais, a redação tornou-se o passaporte para o ingresso em grande parte das carreiras públicas, pois de nada vale um resultado positivo na prova objetiva se não obtiver sucesso em sua redação. Os candidatos costumam dedicar seu tempo de estudos à prova objetiva e deixar a redação por último. Na maioria das vezes, passam naquela e reprovam nesta. Não dá para subestimar a redação, é preciso exercitar sempre. O que Conta Mais para um Bom Resultado: ter Bons Conhecimentos sobre o Assunto apresentado na Proposta ou ter Bons Conhecimentos em Língua Portuguesa? R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 5 Em verdade, os dois aspectos são equivalentes em importância. No que diz respeito aos conhecimentos de língua portuguesa, estamos referindo-nos à estrutura e à linguagem do texto dissertativo. Subentende-se que quem domina esses dois aspectos não tenha dificuldades com a ortografia e outros aspectos gramaticais que, em prova, inclusive, pouco peso têm. Qual é a Diferença entre Tema e Título? z Tema é o assunto proposto pela instituição. Tem caráter geral e abrangente e propõe questões que devem ser abordadas obrigatoriamente com objetividade pelo candidato. Essa objetividade é um fator determinante para que sua composição fique delimitada àquilo que é possível desenvolver em sua redação. E o que é a delimitação do tema? É simples. É a elaboração de sua tese que, por sua vez, é seu posicionamento sobre esse tema. Na maioria das vezes, o número de linhas que é pro- posto para se desenvolver o tema é limitado. Geralmente, não passa de 30 linhas, por isso, é preciso ser claro e direto no desenvolvimento da argumentação; z Título é o nome que você dá à sua redação. Ele tem a função de apresentar e chamar a atenção sobre o assunto desenvolvido. Porém, é importante lembrar que são poucas as instituições que solicitam que o candidato dê um título ao texto. Se ele não for pedido, não é para colocá-lo. Se tiver de pôr Título, qual Palavra dele deve-se pôr em Maiúscula? Há duas possibilidades: z A primeira forma convencionada diz que só a primeira palavra do título deve ser iniciada por letra maiúscula, como em: É bom fazer redação com o Nélson! z A segunda forma permite que você coloque todasas palavras com iniciais maiúsculas, com exceção dos vocábulos monossilábicos e átonos (sem sentido próprio), como preposi- ções e artigos: É Bom Fazer Redação com o Nélson! 6 Importante! Nomes próprios são sempre com iniciais maiúsculas. Use pontuação significativa se for necessário, como interrogação e exclamação. O ponto final é dispensável. É Preciso Usar Letra Cursiva ou pode ser de Forma? A letra cursiva (letra de mão) só será necessária se for uma exigência do edital. De uma maneira geral, o que se pede é a legibilidade. É importante sempre se lembrar de respeitar as regras de caixa alta e caixa baixa, ou seja, maiúscula e minúscula devem ser diferenciadas: Caixa alta <CALIGRAFIA>, caixa baixa <caligrafia>. O que é Texto em Prosa? Texto em prosa é aquele que naturalmente usamos para escrever um bilhete, uma carta, nos comunicarmos em e-mail etc. Ele se constrói em estrutura linear (linha cheia) por meio de parágrafos. É a forma comum de escrever. É contrária ao verso, que exige uma elaboração estrutural e demonstra preocupação com rimas e arranjos vocabulares alheios à sintaxe. Veja um exemplo de texto em verso: A rosa de Hiroxima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 7 Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada. 1 Agora um exemplo de texto em prosa: Hiroshima ou Hiroxima (広島市 ‘Hiroshima-shi’) é a capital da prefeitura de Hiroshima, no Japão. É cortada pelo rio Ota (Ota-gawa), cujos seis canais dividem a cidade em ilhas. Cresceu em torno de um castelo feudal do século XVI. Recebeu o estatuto de cidade em 1589. Serviu de quartel-general durante a Primeira Guerra Sino-Japonesa (1894–95). Em 6 de agosto de 1945, foi a primeira cidade do mundo arrasada pela bomba atômica de fissão denominada Little Boy, lançada pelo governo dos Estados Unidos, resultando em 250 000 mor- tos e feridos.2 É importante notar que redação para concurso é em prosa. O que eu Faço se Errar uma Palavra quando estiver Passando a Limpo minha Redação? Erro é erro, não dá para voltar no tempo. Porém, muitas instituições orientam os candidatos a passar um traço simples sobre a palavra e continuar escrevendo como se nada houvesse aconte- cido. Geralmente, nesses casos, o erro não é considerado. Sendo assim, não perca tempo sofrendo e faça como no exemplo a seguir: Vamos começar nossa redassão redação agora. Entendeu? TIPOLOGIA TEXTUAL Em geral, os textos são classificados em três modalidades distintas quanto à tipologia textual. Dessa forma, o texto pode ser descritivo, narrativo ou dissertativo. É comum que um texto se apresente com tipos mistos de modalidades, mas a intencionalidade estrutural do texto deve ser preservada para garantir uma tipologia predominante, isto é, o que importa é qual a intenção do autor que predomina no todo do texto. Podemos, então, pensar o seguinte: Se na leitura do texto predomina a imagem de alguém ou de algo, assim como acontece quando olhamos uma foto, é porque o texto é descritivo. Se predomina a revelação de um fato, o autor conta uma história, como uma fofoca, por exemplo, é porque esse texto é narrativo. 1 Disponível em: https://www.viniciusdemoraes.com.br/pt-br/poesia/poesias-avulsas/rosa-de-hiroxima. Acesso: 21 jun. 2022. 2 Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Hiroshima. Acesso em: 21 jun. 2022. Adaptado. 8 Se, na leitura, predomina o desenvolvimento de uma ideia, principalmente se autor quiser convencer-nos de algo, como uma propaganda, o texto é dissertativo. Para simplificar Descrição imagem Narração fato Dissertação ideia Vamos aprofundar o reconhecimento de cada tipo. Para isso, vamos ver quais são as carac- terísticas de cada modalidade para que você saiba diferenciá-los. Descrição Podemos ilustrar essa modalidade como uma espécie de fotografia textual, em que o observador absorve as informações por intermédio dos sentidos. Esse desenho feito com as palavras representa o que o observador vê paralisado no tempo, por isso, nada muda no desenvolvimento do texto. Dessa forma, não ocorre na representação do cenário (ou objeto) progressão temporal (sucessão de fatos), portanto, não há passagem do tempo. Na descrição, as principais informações são passadas por intermédio de palavras adjeti- vas, sempre submissas a palavras substantivas. Ex.: Na mistura do sangue com o leite das garrafas quebradas, viam-se os fios castanhos do cabelo do jovem embebidos naquele grosso líquido. Não devia ter mais de 20 anos, mas mostrava nas mãos calos que foram cultivados parece que há muito mais tempo. O que vemos nesse texto? Observe: z Sangue e leite estão misturados; z As garrafas estão quebradas; z Os cabelos são castanhos; z O jovem tem aproximadamente 20 anos; z Os cabelos estão embebidos; z O líquido é grosso; z As mãos eram calejadas; z Os calos foram cultivados. Por causa desses elementos descritivos, somos levados a imaginar o cenário estático. Observe que o todo do texto compõe uma imagem que nós, leitores, conseguimos criar em nosso raciocí- nio, como se fosse uma foto. Note ainda que isso ocorre porque não há passagem do tempo, isto é, não houve sucessão de fatos, tanto que o cenário é único e nada se altera, nada muda do começo ao fim, logo, é um texto que não apresenta progressão temporal. Por isso, o que predomina na leitura desse texto realmente é a imagem; trata-se, então, de uma descrição. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 9 Narração Vamos agora à narração. Assim como fizemos com a descrição, podemos também ilustrar como um filme a elaboração do texto narrativo, pois aqui ocorre a passagem do tempo regis- trando a ação apresentada no texto, por isso, sempre apresentará progressão temporal, pois sempre haverá uma mudança, uma transformação do fato apresentado inicialmente. A progressão temporal, como já vimos, trata-se de uma sucessão de fatos, e é essa sucessão que nos revela o fato principal, ao que damos o nome de ação. Por essa razão é que dissemos, também, que a narração apresenta a revelação de um fato, nesse caso, o fato principal, que, para acontecer, depende de fatos de menor importância que ele. Na narração, as informações importantes, portanto, estão associadas aos verbos, sempre submissos a palavras substantivas. É bom lembrar ainda que a narração apresenta também elementos que a diferenciam dos demais tipos de texto. Esses elementos são: z Personagem ou personagens: com quem acontece algo, um fato; z Narrador: aquele que conta o que aconteceu, narra o fato; z Tempo: quando aconteceu o fato; z Lugar: cenário, onde o fato aconteceu; z Ação: o que aconteceu. Note que nem todos aparecem obrigatoriamente em um único texto, mas o que nunca falta à narração é o personagem. Ex.: Um jovem leiteiro foi confundido com um assaltante e morto nesta madrugada com um tiro no coração. Um morador de nossa cidade, assustado com o barulho feito pelo traba- lhador da madrugada, eliminou o suposto marginal em nome da segurança dos que dormiam inocentes. Vejamos como fica nosso esquema narrativo: z Um jovem leiteiro foi confundido com um assaltante; z Um jovem leiteiro foi morto com um tiro no coração; z Um morador eliminou o suposto marginal; z Os inocentes dormiam. Os verbos garantem o dinamismo do texto, registrando o agente da ocorrência. Assim, entende- mos bem a diferença entre a descrição, que não apresenta movimento, pois nela não há sucessão de fatos, e, por isso, o tempo não passa: sem progressão temporal; e a narração, que apresenta sucessão de fatos: com progressão temporal. 10 Importante é perceber que o traço de diferença marcante entre os dois tipos de texto é a progressão do tempo. Para confirmar a progressãonesse texto, basta percebermos a mudança apresentada no contexto: o leiteiro estava vivo, trabalhando, e agora está morto. Para completar a análise desse texto, a partir do levantamento das características da nar- ração, vamos reconhecer seus elementos: z Personagens: o leiteiro e o morador da cidade; z Narrador: aquele que nos conta o fato; z Tempo: nesta madrugada; z Lugar: nossa cidade; z Ação: assassinato. Atenção: o que realmente diferencia a narração dos outros tipos de texto é a progressão temporal. Dissertação A dissertação é o tipo de texto mais comum de ser cobrado em provas de concurso, tanto na argumentação geral sobre temas diversos, quanto na exposição de seus conhecimentos em questões discursivas. Na dissertação, propõe-se uma tese sobre uma suposta verdade. Tal verdade deve ter exis- tência substancial, por isso, é representada por uma palavra substantiva. A sustentação dessa verdade, por sua vez, pode ser ilustrada por outras palavras substantivas. Veja o texto a seguir: Dissertação é um trabalho baseado em estudo teórico de natureza reflexiva, que consiste na orde- nação de ideias sobre um determinado tema. A característica básica da dissertação é o cunho refle- xivo-teórico. Dissertar é debater, discutir, questionar, expressar ponto de vista, qualquer que seja. É desenvolver um raciocínio, desenvolver argumentos que fundamentem posições. É polemizar, inclusive, com opiniões e com argumentos contrários aos nossos. É estabelecer relações de causa e consequência, é dar exemplos, é tirar conclusões, é apresentar um texto com organização lógica das ideias. Basicamente um texto em que o autor mostra as suas ideias. Assim, podemos entender a dissertação, diferenciando-a dos dois tipos anteriores, como um texto que apresenta a análise do autor sobre algo, revelando um entendimento lógico sobre o assunto que ele analisou. Por isso, dissemos inicialmente que é um texto que apre- senta uma ideia, ao que chamamos de tese, isto é, esse tipo de texto revela a ideia que o autor desenvolveu sobre um determinado assunto. Além disso, todas as informações que forem apresentadas sobre o assunto analisado serão os argumentos que representarão a análise feita pelo autor. Note que os argumentos são os motivos que levaram o autor a ter um posicionamento, uma ideia, uma tese sobre o assunto. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 11 Ex.: Não se pode mais tratar a vida humana como um simples exemplo de existência bioló- gica. Já está na hora de se entender que é preciso ter respeito à vida como uma atitude exis- tencial que deve ser encarada como essência de nossa natureza, o que vai além das próprias leis de um país. Atente-se para o que se pode destacar agora: z a verdade geral defendida, o nome do assunto = vida, especificamente a humana; z argumentos que sustentam essa verdade: respeito e essência. O substantivo vida representa a palavra-chave quanto à verdade defendida na tese do autor de que “Não se pode mais tratar a vida humana como um simples exemplo de existên- cia biológica”. Essa verdade é sustentada por dois argumentos positivos na defesa dessa tese: o respeito à vida e a vida como essência de nossa natureza. Observe que, nesse texto, não há progressão temporal, pois não há mudança alguma, já que não existe uma sequência de fatos; não há também a criação de uma imagem de alguém ou de algo; mas há uma evolução, um desenvolvimento da ideia apresentada no início do texto em relação à vida humana, ao que chamamos de progressão dissertativa, afinal, a ideia “progrediu”, a ideia ini- cial foi ficando sólida à medida que o texto se desenrolou. O que caracteriza definitivamente o texto dissertativo, então, é a existência de uma ideia base apresentada, a tese e o seu desenvolvimento, culminando em seu fortalecimento por meio dos argumentos. Esse fortalecimento chama-se fundamentação. No texto bem elaborado, a tese é tida como verdade pela fundamentação, portanto, pode- mos reconhecer nele a progressão discursiva. Por ora, vamos retomar o esquema anterior e aprofundá-lo para que não se esqueça de como diferenciar os três tipos de texto: descrição imagem — não há progressão temporal narração fato — há progressão temporal dissertação ideia — progressão discursiva ESTRUTURA DISSERTATIVA E PROGRESSÃO DISCURSIVA Neste assunto, trabalharemos alguns elementos importantes para iniciarmos nossa produção de textos. A dissertação é um tipo de texto que se caracteriza pela exposição e defesa de uma ideia que será analisada e discutida a partir de um ponto de vista. Para tal defesa, o autor do texto dissertativo trabalha com argumentos, fatos, dados, os quais utiliza para reforçar ou justifi- car o desenvolvimento de suas ideias. 12 Para atender a esse propósito, a dissertação deve apresentar uma organização estrutural que conduza as informações ao leitor de forma a seduzi-lo quanto ao reconhecimento da verdade proposta como tese. Compreende-se como estrutura básica de uma dissertação a divisão da exposição da argumen- tação em três partes distintas: a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Acompanhe cada uma dessas partes a seguir. Introdução A introdução do texto dissertativo é a apresentação de seu projeto. Ela deve conter a tese de sua dissertação, ou seja, deve apresentar seu posicionamento sobre o tema proposto pela banca. Esse momento é muito importante para o leitor, pois é aí que será mostrada a identificação de suas ideias com o tema. É um bom momento para apresentá-lo aos argumentos sequen- cialmente ordenados de acordo com a progressão que você dará à sua redação (progressão textual). A introdução deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os objetivos do texto e o plano do desenvolvimento. Sem ter medo de apresentar alguma previsibilidade de seu projeto, você, autor, deve expor os caminhos por que percorrerá em sua explanação. Lembre-se de que o leitor, corretor de seu trabalho, é um professor experiente e é a orga- nização que mais o impressionará nesse momento. Por isso, não tenha medo de ser objetivo e previamente ilustrativo quanto aos seus propósitos de trabalho. Ex.: Parágrafo de introdução Todos sabem o quanto a tecnologia vem implementando novos valores à vida do homem moderno principalmente no que diz respeito a sua vida em sociedade (1). É notório o desenvolvimento da tecnologia em campos como o da educação (2) e o dos serviços sociais (3). Essas inovações vão ainda muito além disso, atingindo vários outros espaços do cotidiano (4) da maioria das pessoas. z (1) A tese: a tecnologia vem implementando novos valores à vida do homem moderno principalmente no que diz respeito a sua vida em sociedade; z (2), (3), (4) Argumentos levantados a fim de sustentar a tese: o desenvolvimento da tec- nologia em campos como o da educação (2) / o dos serviços sociais (3) / inovações atingindo vários outros espaços do cotidiano (4). Desenvolvimento O desenvolvimento é a parte em que você deve expor os elementos que vão fundamentar sua tese, que pode vir especificada por intermédio de argumentos, pormenores, exemplos, cita- ções, dados estatísticos, explicações, definições, confrontos de ideias e contra-argumentações. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 13 Você poderá usar tantos parágrafos quanto achar necessário para desenvolver suas teo- rias; porém, em redações de curta extensão, o ideal é que cada parágrafo apresente objetiva- mente apenas um dos argumentos a serem desenvolvidos ou, ainda, que esses argumentos sejam agrupados caso vários deles devam ser apresentados para sustentar sua tese. Ex.: apresentação do primeiro argumento sobre “o desenvolvimento da tecnologia em campos como o da educação”: Alguns argumentam que é importante reconhecer o papel das redes mundiais de infor- mação para o favorecimento da construção do conhecimento. Hoje é possível visitar um museu, consultar uma biblioteca e até mesmo estudar sem sair de casa. Por meio da internet, saberesde nível mundial podem ser alcançados por qualquer pessoa que os deseje. Basta estar diante de um computador, ou de posse de um desses modernos aparelhos celulares, para se ligar a qualquer momento ao universo virtual. Hoje é possível ler qualquer livro a qualquer momento em um desses dispositivos. Ex.: apresentação do segundo argumento sobre “o desenvolvimento da tecnologia em campos como o dos serviços sociais”: Outro aspecto que merece destaque especial é quanto ao atendimento oferecido ao cida- dão pelos órgãos do serviço público. Já é possível registrar um boletim de ocorrência via computador ou ainda agendar a emissão de passaportes junto às agencias da Polícia Federal em qualquer lugar do Brasil. Consultas médicas podem ser marcadas em hospitais públicos ou privados e os exames realizados podem ser consultados diretamente do banco de dados dessas entidades. Ex.: apresentação do terceiro argumento sobre “as inovações em vários outros espaços do cotidiano”: E isso não para por aí. Ainda convém lembrar que de muitas outras formas a tecnologia interfere positivamente em nossas vidas. As relações sociais intensificaram-se depois do surgimento das várias redes de relacionamento, tendo início com o Orkut e o Facebook, per- mitindo que as pessoas se reencontrem em ambientes virtuais, o que antigamente exigiria muito esforço coletivo para tais eventos. Programas como o Zoom e o Google Meet possibi- litam que as pessoas conversem e interajam em diferentes partes do mundo sem nenhum custo além dos já dispensados com seus provedores residenciais. Uma mãe que mora longe dos filhos já pode vê-los, ou aos netos, pela tela de um notebook ou celular, sempre que sentir saudade. Conclusão A conclusão é a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da disser- tação. Deve, pois, conter, de forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da argumentação básica empregada no desenvolvimento. Ex.: considerações finais: 14 Tendo em vista os aspectos observados sobre esse admirável mundo de facilidades téc- nicas, só nos resta comentar que não foi só o computador que tornou a vida do cidadão mais simples e confortável, mas outros campos da tecnologia também contribuíram para isso. Os aparelhos de GPS, que nos orientam a qualquer direção, ou ainda diversos dispositivos médicos portáteis, garantem a melhora da qualidade de vida de todos os homens do nosso tempo. ESTRATÉGIAS ARGUMENTATIVAS Coesão Coesão pode ser considerada a “costura” textual, a “amarração” na estrutura das frases, dos períodos e dos parágrafos que fazemos com palavras. Para garantir uma boa coesão no seu texto, você deve prestar atenção a alguns mecanismos. A seguir, em negrito, há exemplos de períodos que podem ser melhorados utilizando os mecanismos de coesão: z Elementos anafóricos: esse, essa, isso, aquilo, ele... São palavras referentes a outras que apareceram no texto, a fim de retomá-las. Ela = Dolores seu = Ela o = poder Ex.: Dolores era beleza única. Ela sabia do seu poder de seduzir e o usava z Elementos catafóricos: este, esta, isto, tal como, a saber... São palavras referentes a outras que irão aparecer no texto: Ex.: Este novo produto a deixará maravilhosa, é o xampu Ela. Use-o e você não vai se arrepender! O pronome demonstrativo este apresenta um elemento do qual ainda não se falou = o xampu. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 15 z Coesão Lexical São palavras ou expressões equivalentes. A repetição de palavras compromete a qualida- de do texto, mostrando falta de vocabulário do redator. Assim, é aconselhável a utilização de sinônimos: Ex.: Primeiro busquei o amor, que traz o êxtase — êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Nesse caso, a palavra alegria aparece como sinônimo semântico da palavra amor, representando-a. z Coesão por Elipse ou Zeugma (Omissão) É a omissão de um termo facilmente identificável. Podemos ocultar o sujeito da frase e fazer o leitor procurar no contexto quem é o agente, fazendo correlações entre as partes. Ex.: O marechal marchava rumo ao leste. Não tinha medo, (?) sabia que ao seu lado a sorte também galopava. A interrogação representa a omissão do sujeito marechal que fica subentendido na oração. z Conectivos Principais � Preposições e suas locuções: em, para, de, por, sem, com... � Conjunções e suas locuções: e, que, quando, para que, mas... � Pronomes relativos, demonstrativos, possessivos, pessoais: onde, que, cujo, seu, este, esse, ele... Ex.: Os programas de TV, em que nós podemos ver muitas mulheres nuas, são imorais. Desde seu início, a televisão foi usada para facilitar o domínio da sociedade. Como exemplo, podemos citar a chegada do homem à Lua, quando os EUA conseguiram, com sua propagan- da capitalista frente a uma Guerra Fria, a simpatia de grande parte da população do planeta. Coerência Coerência textual é uma relação harmônica que se estabelece entre as partes de um texto, em um contexto específico, e que é responsável pela percepção de uma unidade de sentido. Sendo assim, os principais aspectos envolvidos nessa questão são: z Coerência Semântica Refere-se à relação entre significados dos elementos da frase (local) ou entre os elementos do texto como um todo: Ex.: Paulo e Maria queriam chegar ao centro da questão. 16 Não caberia aqui pensar em centro como bairro de uma cidade. É nesse caso que entra o estudo da coesão por meio do vocabulário. z Coerência Sintática Refere-se aos meios sintáticos que o autor utiliza para expressar a coerência semântica: “A felicidade, para cuja obtenção não existem técnicas científicas, faz-se de pequenos fragmentos...” Como leitor do texto, você deve entender que o pronome cuja foi empregado para estabe- lecer posse entre obtenção e felicidade. É nesse caso que entra o estudo da coesão com o emprego dos conectivos. z Coerência Estilística Refere-se ao estilo do autor, à linguagem que ele emprega para redigir. O leitor atento a isso consegue facilmente entender a estrutura do texto e relacionar bem as informações textuais. Além disso, percebendo se a linguagem do texto é figurada ou não, seu raciocínio interpreta- tivo deverá funcionar de uma determinada maneira, como podemos ver neste texto de Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa: Já sobre a fronte vã se me acinzenta O cabelo do jovem que perdi. Meus olhos brilham menos. Já não tem jus a beijos minha boca. Se me ainda amas por amor, não ames: Traíras-me comigo. (Ricardo Reis/Fernando Pessoa) Elementos Importantes de Coesão e Coerência Para continuarmos o estudo de coesão e coerência, devemos relembrar alguns elementos gramaticais importantes. Acompanhe a seguir. z Pronomes Demonstrativos Indicam posição dos seres em relação às pessoas do discurso, situando-os no tempo e/ou no espaço (função dêitica destes pronomes). Podem também ser empregados fazendo refe- rência aos elementos do texto (função anafórica ou catafórica). São eles: R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 17 ESTE (A/S), ESSE (A/S), AQUELE (A/S) Têm função de pronome adjetivo ISSO, ISTO, AQUILO, O (A/S) Têm função de pronome substantivo MESMO, PRÓPRIO, SEMELHANTE, TAL (E FLEXÕES) Quando são demonstrativos, são pronomes adjetivos Empregos do pronome demonstrativo: � Indicando localização no espaço: Este (aqui): pronome de 1ª pessoa: o falante o emprega para referir-se ao ser que está junto dele. Ex.: Este é meu casaco! — a moça avisou, enquanto o segurava. Esse (aí): pronome de 2ª pessoa: o falante o emprega para referir-se ao ser que está junto do seu ouvinte. Ex.: Passe-me essa jarra de suco, por favor. — pediu ela ao rapaz que sentara à sua frente. Aquele (lá): pronome de 3ª pessoa: a referência será ao ser que está distante do falante e do ouvinte. Ex.: As duas no portão não aguentavam decuriosidade, quem seria aquele moço na esquina? � Indicando localização temporal: Este (presente): Neste ano, haverá Copa do Mundo. Esse (passado próximo): Nesse ano que passou, não tivemos Copa do Mundo. Esse (passado futuro): A próxima copa será em 2014. Nesse ano, poderemos ver todos os jogos acontecerem aqui em nosso país. Aquele (passado distante ou bastante vago): Naquela época, não havia iluminação elétrica. � Fazendo referências contextuais (funções anafórica e catafórica): Este: refere-se a um elemento sobre o qual ainda se vai falar no texto (referência catafórica). Ex.: Este é o problema: estou dura. Pode também fazer uma referência de especificação a um elemento já expresso (referência anafórica). Ex.: Ana e Bia saíram, esta foi ao cinema. Esse: refere-se a um elemento já mencionado no texto (referência anafórica). Ex.: Comprei aspirina. Esse remédio é ótimo. Este: refere-se à última informação antecedente a ele no texto; Aquele: refere-se à informação mais distante dele no texto. Ex.: Ana, João e Cris são irmãos; esta é quieta, esse fala pouco e aquela fala muito. z Período Composto 18 � Que, o/a (s) qual (s): referem-se à coisa ou pessoa. Ex.: O livro que li é ótimo. / O livro o qual li é ótimo; � Quem: refere-se à pessoa, sempre preposicionado. Ex.: Esta é a aluna de quem falei; � Cujo (parecido com o possessivo): estabelece posse. Ex.: Este é o autor com cujas ideias concordo; � Onde (= em que): refere-se a lugar. Ex.: A rua onde (em que) moro é movimentada. Atenção! � Observar a palavra a que se refere o pronome relativo para evitar erros de concordân- cia verbal. Ex.: Lemos os livros que foram indicados pelo professor (que = os quais → livros); � Respeitar a regência do verbo ou do nome, usando a preposição exigida quando neces- sário. Ex.: Este é o livro a que me refiro. O verbo “referir-se” pede a preposição “a”; por isso, ela aparece antes do “que”. Ex.: Esta é a obra por que tenho admiração. A preposição “por” foi exigida pelo substantivo “admiração”; � Os pronomes como, quando e quanto também podem ser relativos; � Os relativos compõem as orações subordinadas adjetivas; � As orações adjetivas podem ser explicativas (cujo conteúdo é explicativo, genérico, uma informação a mais) ou restritivas (cujo conteúdo é de restrição, especificação, informação importante no contexto). z As Orações Subordinadas Adjetivas e a Semântica As orações adjetivas são iniciadas sempre por pronomes relativos e podem ser de dois tipos: � Explicativa: O homem, que é racional, mata. A oração adjetiva deste caso não tem sentido restritivo, pois todos os homens são racionais; � estritiva: O homem que fuma morre mais cedo. A oração adjetiva deste caso repor- ta-se apenas ao homem fumante. z Emprego de Cujo e Onde ONDE Lugares Este é o prédio onde fica o 1º cartório. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 19 CUJO SUBS. CUJO SUBS. POSSE Concorda com o substanti- vo posterior e indica que esse substantivo pertence a outro termo substantivo anterior ao cujo Esta é a jovem de cujo pai eu lhe falei. Este é o pai de cuja jovem eu lhe falei. Conjunções Coordenativas, Locuções Conjuntivas, Preposições e Locuções Prepositivas � Adição: e, nem, (não só...) mas também, mas ainda, tampouco, (não só...) como também. Ex.: A água cristalina brota da terra e busca seu caminho por entre as pedras; � Adversidade/oposição: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obs- tante. Ex.: Este candidato não estudou muito, mas foi aprovado; � Alternância: ou... ou, ora... ora, quer... quer, seja... seja. Ex.: Ou estude, ou aguente a reprova; � Conclusão: logo, portanto, pois (depois de verbo), por isso, então. Ex.: Bebida alcoólica pode causar vício, portanto sua venda deve ser considerada ilícita; � Explicação: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. Ex.: Não se preocupe, que eu arrumarei toda esta bagunça. z Conjunções Subordinativas Adverbiais � Causa: porque, como (somente no início do período), que, já que, visto que, por (+ infiniti- vo), graças a, na medida em que, em virtude de (+ infinitivo), em face de, desde que, uma vez que. Ex.: Como estava muito doente, foi ao médico; � Comparação: mais... que, menos... que, tão/tanto... como, assim como, como. Ex.: Ele sempre se posicionou como um líder; � Concessão: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, se bem que, apesar de (+ infi- nitivo), em que pese a (+ infinitivo), posto que, malgrado. Ex.: Embora não esteja me sentindo bem, assistirei à aula até o final; � Condição: se (às vezes prevalece a ideia de causa, outras vezes, de tempo, ou, ainda, de oposição), caso, desde que, a não ser que, a menos que (a ideia pode ser desdobrada em de concessão), contanto que, uma vez que. Ex.: Eles não conseguirão vaga para este ano letivo, a menos que haja alguma desistência; � Conformidade: conforme, como, segundo, consoante. Ex.: Tudo aconteceu como eles imaginaram; � Consequência: (tão/tanto...) que, de modo que, de maneira que, de sorte que. Ex.: Tanto lutou, que progrediu muito na vida; � Finalidade: a fim de que, a fim de (+ infinitivo), que, porque, para que, para (+ infiniti- vo). Ex.: Faça bem a sua parte do projeto para que não haja reclamações; 20 � Proporcionalidade: à proporção que, à medida que, na medida em que, quanto mais, quanto menos, conforme. Ex.: À medida que o progresso avança, o romantismo diminui; � Tempo: quando (a ideia pode ser desdobrada em ideia de condição), enquanto, mal, logo que, assim que, sempre que, desde que, conforme. Ex.: Mal ele chegou, todas o rodearam. Paralelismo Paralelismo pode ser entendido como equilíbrio da organização textual, promovendo no texto coerência em sua elaboração e, portanto, em seu sentido. Esse mesmo equilíbrio deve assim ser entendido nos períodos, pois sua redação também deve apresentar uma sequência lógica para que ele tenha sentido claro e realmente dê a informação pretendida pelo seu autor. Veja, como exemplo, o que diz o professor Othon Marques Garcia em seu livro Comunica- ção em Prosa Moderna: Se coordenação é, como vimos, um processo de encadeamento de valores sintáticos idênticos, é justo presumir que quaisquer elementos da frase — sejam orações, sejam termos dela —, coordenados entre si, devam — em princípio, pelo menos — apresentar estrutura gramatical idêntica, pois — como, aliás, ensina a gramática de Chomsky — não se podem coordenar fra- ses que não comportem constituintes do mesmo tipo. Em outras palavras: as ideias similares devem corresponder forma verbal similar. Isso é o que se costuma chamar paralelismo ou simetria de construção3A Vejamos agora alguns exemplos de construções que apresentam erros de paralelismo: � Paralelismo semântico: Em sua última viagem pela América Latina como represen- tante do governo brasileiro, o presidente visitou Havana, a República Dominicana, Washington e o Presidente Barack Obama. Observe que nesse caso o verbo “visitou” está sendo empregado de maneira a sugerir que se pode visitar uma cidade da mesma forma como se visita uma pessoa, ou seja, está empregado de forma errada, já que ocorre um duplo sentido a esse verbo com essa construção. Uma forma correta de representar a ideia pretendida pelo texto é: Em sua última viagem pela América Latina como representante do governo brasileiro, o presidente visitou Havana, a Repúbli- ca Dominicana, Washington e nesta última cidade foi ver o Presidente Barack Obama. � Paralelismo sintático: Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, mas conse- guiram se tornar os campeões este ano. 3 GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro, Editora FGV: 2010, p. 52-53. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 21 Veja como a conjunção adversativa “mas” foi indevidamente empregada, dando uma ideia de que ser campeão é oposto ao fato de se esforçar para vencer. O correto nesse caso seria empregar uma conjunção que conduzisse logicamente a primeira oraçãoà ideia da vitória apresentada na segunda oração, como em: Nosso time se esforçou bastante em todos os jogos, por isso (e, dessa forma, logo, consequentemente...) conseguiu se tornar o campeão este ano. Progressão Textual A progressão textual é o processo pelo qual o texto se constrói a partir de elementos semânticos e gramaticais. Novas informações devem ser somadas e ligadas às informações anteriores e não apenas repetidas. Deve haver a continuidade e a evolução dos conceitos já apresentados que podem ser conquistadas por intermédio dos elementos de coesão. Veja uma simulação do projeto de máscaras de redação e observe na prática como a pro- gressão textual ocorre: Muito se tem discutido ultimamente sobre (blá, blá, blá) por causa de (blá, blá, blá). Sabe- -se que alguns fatores como (blá, blá, blá), (blá, blá, blá) e (blá, blá, blá) são a base do desen- volvimento desse problema. As consequências imediatas de (blá, blá, blá) só poderão ser avaliadas quando (blá, blá, blá). O primeiro passo a se tomar é o de (blá, blá, blá). Além de (blá, blá, blá), também se pode especular que (blá, blá, blá). Ainda convém chamar a atenção para mais um ponto determinante sobre (blá, blá, blá), que é (blá, blá, blá). O resultado de todo esse esforço é (blá, blá, blá) e é em busca de (blá, blá, blá) que se deve (blá, blá, blá). Sendo assim, (blá, blá, blá). Você pode perceber que, mesmo não abordando assunto algum, há um encadeamento lógico da estrutura do texto que conduz a uma eficiência argumentativa que admite a ideali- zação de uma vasta margem de desenvolvimentos sobre variados temas. TEORIA DAS MÁSCARAS Depois de observar as dificuldades que as pessoas têm de se expressarem por meio da escrita, colocamos aqui soluções definitivas para esses problemas, sem a pretensão de criar fórmulas mágicas, mas sim de criar um referencial mais concreto e imediato. Leia inicialmente o texto piloto de nosso projeto: z Projeto de dissertação: Exemplos arroz com feijão; z Tema: A alimentação do brasileiro; z Tese: A comida dos brasileiros é muito saudável e tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de trabalho; z Argumentos: carboidratos no arroz com feijão; proteínas no bife com salada; glicose e cafeína do cafezinho preto com açúcar. 22 1° Parágrafo Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida é saudável e tem tudo de que os brasi- leiros necessitam para seu longo dia de trabalho. Verifica-se que os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no bife com salada, além da glicose no cafezinho preto com açúcar, fornecem um completo abastecimento de energia somada ao prazer. 2° Parágrafo É de fundamental importância o consumo de alimentos ricos no fornecimento de ener- gia para a movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia própria consumida durante o dia. 3° Parágrafo Além disso, as proteínas da carne no bife que comemos servem para repor a massa muscular perdida durante o trabalho. E, somando-se a isso, há as fibras das verduras e folhas, que ajudam no processamento dos alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimentos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária. 4° Parágrafo Ainda convém lembrarmos outro hábito que contribui para o sucesso do nosso bem ela- borado cardápio (que é): o de tomarmos um cafezinho após as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar reabastece nosso cérebro de energia desviada para os órgãos processa- dores da digestão no momento em que comemos. Essas substâncias reprimem a sonolência típica da hora do almoço, mantendo-nos despertos. 5° Parágrafo Levando-se em consideração esses aspectos práticos do prato do brasileiro, somos leva- dos a acreditar que não é apenas por prazer que somos seduzidos pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos causará debilidade, além de insatisfação. Observe o texto apresentado e sua estrutura. Imaginemos que o tema proposto a nós fosse “A alimentação do brasileiro” e que, a partir desse tema, tivéssemos que produzir uma dis- sertação sobre ele. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 23 A primeira coisa a fazer seria a delimitação do tema, ou seja, deveríamos buscar com obje- tividade uma tese, dentro desse tema, sobre a qual fôssemos capazes de argumentar, como esta: “A comida dos brasileiros é muito saudável e tem tudo de que ele necessita para seu longo dia de trabalho”. O próximo passo seria o de levantar alguns argumentos que sustentassem a tese proposta com valor de verdade. Veja como fizemos: Já que estávamos falando da alimentação dos brasileiros, nada melhor do que falarmos sobre seus pontos positivos, pontos estes reconhecidos até por especialistas em alimenta- ção mundial: o valor nutricional que compõe o nosso prato mais popular — isso mesmo, o “PF”, “prato feito”, que encontramos em bares, pequenos restaurantes e, principalmente, na maioria das mesas do povo brasileiro: o arroz com feijão, bife e salada, finalizado com um cafezinho preto. Decompomos esse prato e identificamos seus principais ingredientes, aqueles merecedores de destaque como boa argumentação a favor de nossa tese. Marcamos o “carboidrato”, presente no arroz e no feijão, como nosso primeiro ponto positivo. Depois foi a vez das “proteínas” presentes no bife com salada e chegamos, finalmente, à “cafeína” e ao “açúcar” presentes no cafezinho. Pronto, já temos a primeira parte de nosso projeto organizado. O próximo passo é juntar tudo no primeiro parágrafo, de maneira organizada, de forma que as ideias sejam apresentadas em uma sequência que deixe claro ao leitor sobre o que será falado e também qual será a sequência de argumentos que será apresentada para dar credibilidade a nossa tese. Veja o modelo do primeiro parágrafo: Todos sabem o quanto, em nosso país, _________________________________________. Verifi- ca-se que ________________________, __________________________, além de ______________________, fornecem (ou: resultam, culminam, têm como consequência...) ________. Compare agora com o parágrafo preenchido com a tese e com os argumentos e veja a amarração que conseguimos: Todos sabem o quanto, em nosso país, a comida é saudável e tem tudo de que os brasi- leiros necessitam para o seu longo dia de trabalho. Verifica-se que os carboidratos no arroz com feijão, as proteínas no bife com salada, além da glicose no cafezinho preto com açúcar, fornecem um completo abastecimento de energia somada ao prazer. A partir daí, fizemos o mesmo para os parágrafos seguintes, impondo a eles estruturas programadas com relação lógica de coerência e coesão. Você perceberá que a continuidade e a progressão textual foram sendo procuradas e construídas para dar evolução ao texto e aos argumentos. No segundo parágrafo, iniciamos com uma frase de apresentação que valoriza o primeiro argumento, depois fomos completando os espaços em branco que ligavam os argumentos 24 entre si com relações preestabelecidas de: finalidade ― com a conjunção “para” ―; explica- ção ― com o “que” ― causa ― com a locução “por causa de”. Veja que, para manter a continuidade textual recuperando sempre a ideia central do pará- grafo, preocupamo-nos em acrescentar o pronome demonstrativo “Esse”, fechando com uma conclusão sobre esse argumento. É de fundamental importância o _________________________________ para _______________. Podemos mencionar, por exemplo, ___________ que _______________, por causa de ____________. Esse _________________________________________________________. Observe como ficou a sequência completa do segundo parágrafo: É de fundamental importância o consumo de alimentos ricos no fornecimentode ener- gia para a movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia própria consumida durante o dia. Veja agora uma coletânea de frases que podem auxiliá-lo na introdução de seus parágrafos iniciais: z É de conhecimento geral que... z Todos sabem que, em nosso país, há tempos, observa-se... z Cogita-se, com muita frequência, que... z Muito se tem discutido, recentemente, acerca de... z É de fundamental importância o (a).... z Ao fazer uma análise da sociedade, busca-se descobrir as causas de.... z Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual... Assim como no segundo parágrafo, o terceiro e o quarto também seguiram o mesmo prin- cípio quanto às relações de coesão. As conjunções foram posicionadas para dar coerência a quase qualquer tipo de argumentação. Veja as estruturas vazias e seus respectivos parágrafos completos: 3º Parágrafo Além disso, ______________________________________________. E, somando-se a isso, ________________ que _________________________________________________. Daí _______________________ e de ______________________________________. Além disso, as proteínas da carne no bife que comemos servem para repor a massa muscular perdida durante o trabalho. E, somando-se a isso, há as fibras das verduras e folhas que ajudam no processamento dos alimentos pelos órgãos digestivos. Daí a possibilidade de reafirmarmos o valor nutricional do conjunto de alimentos de nosso prato mais tradicional e de justificarmos os hábitos desenvolvidos em nossa cultura culinária. 4º Parágrafo R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 25 Ainda convém lembrarmos _______________________________, (que é): _______________. Esse ____________________________________ para ____________________________. Essa(s) ______________ ____________________________. Ainda convém lembrarmos outro hábito que contribui para o sucesso do nosso bem ela- borado cardápio, que é o de tomarmos um cafezinho após as refeições. Esse conjunto da cafeína mais o açúcar reabastece nosso cérebro de energia desviada para os órgãos processa- dores da digestão no momento em que comemos. Essas substâncias reprimem a sonolência típica da hora do almoço, mantendo-nos despertos. Para os parágrafos de desenvolvimento, também podemos relacionar frases que você poderá escolher para dar originalidade ao seu texto: z Ao se examinarem alguns..., verifica-se que... z Pode-se mencionar, por exemplo, ... z Em consequência disso, vê-se, a todo instante, ... z Alguns argumentam que... z Além disso... z Outro fator existente... z Outra preocupação constante... z Ainda convém lembrar... z Por outro lado... z Porém, mas, contudo, todavia, no entanto, entretanto... Lembramos que esses exemplos são apenas sugestões e que você poderá desenvolver construções que atendam sua necessidade a partir de quando for adquirindo experiência com a produção de textos. Tanto quanto podemos criar padrões para a introdução e para o desenvolvimento de nossas reda- ções, também podemos criá-los para a conclusão de nossa dissertação. Acompanhe a organização de nosso último parágrafo: Levando-se em consideração esses aspectos _________________, somos levados a acreditar que _________________, mas também _____________________. Sendo assim, ____________________ _____________. Teremos, após preencher o modelo: Levando-se em consideração esses aspectos práticos do prato do brasileiro, somos levados a acreditar que não é apenas por prazer que somos seduzidos pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos causará debilidade além de insatisfação. Os aspectos conclusivos presentes nesse último parágrafo garantem ao leitor a clareza de que se chegou ao final do desenvolvimento da tese inicial. 26 As frases em destaque dão força conclusiva ao parágrafo, conduzindo a sequência textual a uma possível solução para os problemas propostos, ou, ainda, podem gerar simples constata- ções das verdades idealizadas. Você também pode contar com uma pequena lista de frases que podem auxiliá-lo nessa tarefa: z Em virtude dos fatos mencionados... z Por isso tudo... z Levando-se em consideração esses aspectos... z Dessa forma... z Em vista dos argumentos apresentados... z Dado o exposto... z Por todos esses aspectos... z Pela observação dos aspectos analisados... z Portanto... / logo... / então... Após a frase inicial, pode-se continuar a conclusão com as seguintes frases: z ...somos levados a acreditar que... z ...é-se levado a acreditar que... z ...entendemos que... z ...entende-se que... z ...concluímos que... z ...conclui-se que... z ...é necessário que... z ...faz-se necessário que... Observe como fica, então, a soma dos parágrafos e como se deu a criação da primeira máscara: R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 27 MÁSCARA 1 1º Parágrafo Todos sabem o quanto, em nosso país, _____________________________. Verifica-se que _____________________, _____________________________ além de ______________________________ fornecem (ou: resultam, culminam, têm como consequência...) _______________________. 2º Parágrafo É de fundamental importância o ____________________________________ para ____________________. Podemos mencionar, por exemplo, ________________ que ___________________, por causa de ___________. Esse ____________________. 3º Parágrafo Além disso, _________________________________________. E, somando-se a isso, __________________ que ________________________________________. Daí ________________________ e de ______________________. 4º Parágrafo Ainda convém lembrarmos ____________ (que é): _______________. Esse ________________ para __________________. Essa(s) __________________________. 5o Parágrafo Levando-se em consideração esses aspectos ________________, somos levados a acreditar que _____________, mas também _______________. Sendo assim, ___________________. Agora que vimos o processo de criação das máscaras, você poderá começar também seu trabalho de produção. Antes, porém, vamos apresentar mais dois outros modelos de másca- ras de redação que você poderá usar como base para suas próprias criações. Observe como as máscaras garantem o encadeamento das ideias, a coesão entre as ora- ções e a coerência com as várias possibilidades argumentativas. A seguir, temos mais um exemplo de máscara: 28 MÁSCARA 2 1º Parágrafo Entre os aspectos referentes a _________________, três pontos merecem destaque especial. O primeiro é _____________________; o segundo ________________ e, por fim, ______________. 2º Parágrafo Alguns argumentam que ______________ para _________________. Isso porque _____________________. Dessa forma, _______________. 3º Parágrafo Outra preocupação constante é _______________, pois _______________. Como se isso não bastasse, ____________ que ________________. Daí ______________ que _____________ e que ________________________. 4º Parágrafo Também merece destaque __________ o (a) qual _____________________. Diante disso, ________________ para que __________________________. 5º Parágrafo Tendo em vista os aspectos observados _________, só nos resta esperar que __________________, ou quem saiba _________________.Consequentemente, _____________. Sugerimos a você que faça suas primeiras redações com base em uma das máscaras pron- tas. Conforme for avançando nos estudos, você poderá construir suas próprias máscaras personalizadas. Por fim, preparamos uma máscara de organização sequencial para seu projeto de redação. Use-a para se organizar. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 29 PROJETO DE TEXTO (monte sua dissertação) 1º TEMA: ________________________________________________. 2º TESE: _________________________________________________. 3º ARGUMENTOS a) ______________________________. b) ______________________________. c) ________________________________. (1º parágrafo) Tese + argumentos ________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________. (2º parágrafo) Justificativas (por que isso ocorre?): argumento “a” + provas e exemplos (mostre casos conhecidos ou dê exemplos semelhantes ao seu argumento) Construa o parágrafo unindo as informações anteriores ao argumento “a” . ________________________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________. Faça o mesmo esquema no 3º e 4º parágrafos para os argumentos “b” e “c” _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________. _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________. Elabore sua conclusão: (confirme sua tese dizendo que, se algum dos argumentos não for considerado, a ideia inicial não poderá ser sustentada, ou que os resultados propostos não serão atingidos) _________________________________________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________. APROFUNDAMENTO DA ELABORAÇÃO DO PARÁGRAFO DISSERTATIVO Vamos agora aprofundar o nosso trabalho com a estrutura dos textos dissertativos. Para isso, trabalharemos as várias modalidades de parágrafos que podem ser utilizados para a elaboração de uma boa dissertação. Mostraremos aqui a continuidade de nosso projeto de máscaras e os vários arranjos que são possíveis ao construí-las. Parágrafo de Introdução 30 O parágrafo de introdução tem como uma de suas funções mais importantes a de apresen- tar a tese que será defendida no decorrer da redação. É também possível e bastante didático que você faça uma prévia dos argumentos que serão trabalhados na sustentação dessa tese. Assim, o leitor poderá ser orientado, logo de saída, a acom- panhar o ritmo do seu pensamento e a sequência das suas argumentações. z Tipos Diferentes de Parágrafos de Introdução � Declaração Inicial Na declaração, afirma-se ou nega-se algo de início para, em seguida, justificar-se e compro- var-se a assertiva com exemplos, comparações, testemunhos de autores etc. Vejamos um exemplo desse tipo de parágrafo aplicado à nossa proposta básica, que é o projeto arroz com feijão. Mais uma vez, colocamos a disposição vazia do parágrafo, que pode- rá ser utilizada por você sempre que desejar, seguida de um exemplo. Modelo nº 1: É fato notório que ______________________________. Sabe-se que ________________________, além da ________________________________________________________. Preenchendo o modelo, teremos: É fato notório que a alimentação do brasileiro é boa e tem tudo de que necessitamos para suprir os desgastes de um dia de trabalho. Sabe-se que os carboidratos do arroz e do feijão, as proteínas do bife e da salada, além da glicose do cafezinho preto com açúcar fornecem um completo abastecimento de energia somada ao prazer. � Definição O parágrafo por definição é entendido como um método preferencialmente didático, pois busca, por intermédio de uma explicação clara e breve, a exposição do significado de uma ideia, palavra ou de uma expressão. É a forma de exposição dos diversos lados pelos quais se pode encarar um assunto. Pode apresentar tanto o significado que o termo carrega no uso geral quanto aquele que o falante pretende determinar para o propósito do seu discurso. Uma definição é um enunciado que descreve um conceito, permitindo diferenciá-lo de outros conceitos associados. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 31 Veja como, em nosso parágrafo de exemplo, exploramos o conceito global e generaliza- do sobre o assunto. Você perceberá como o modelo vazio traz a indução do assunto a ser definido. Vale lembrar que, como se trata de uma definição, a base dessa informação deve susten- tar-se em uma verdade consagrada, diferentemente do que vimos no exemplo anterior, já que a declaração inicial pode basear-se em uma posição pessoal a ser defendida. Modelo nº 2: ___________ é a denominação dada a _____________. Essa _____________________, mas a hipótese mais aceita é a de que _______________________. Outra versão afirma que esse ___________________, que tem origem ________________. O que se sabe é que _________________. Preenchendo o modelo, teremos: Arroz com feijão é a denominação dada a um prato típico da América Latina. Essa receita não tem uma origem certa, mas a hipótese mais aceita é a de que seria fruto de uma com- binação do arroz (de origem oriental) trazido pelos portugueses ao Brasil com o feijão, que já seria consumido no Brasil pelos índios. Outra versão afirma que esse prato foi a união do arroz com a feijoada, que tem origem africana ou portuguesa. O que se sabe é que, ao longo dos séculos, esse prato foi se popularizando por todo o país, passando a ser uma parte quase que indispensável da refeição dos brasileiros. � Divisão O parágrafo de divisão, processo também quase que exclusivamente didático, por cau- sa das suas características de objetividade e clareza, consiste em apresentar o tópico frasal (frase que introduz o parágrafo) sob a forma de divisão ou discriminação das ideias a serem desenvolvidas (normalmente, a divisão vem precedida por uma definição, ambas no mesmo parágrafo ou em parágrafos distintos). Usamos aqui como representação desse modelo o conceito de silogismo. Silogismo é um termo filosófico com o qual Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita, constituí- da de três proposições declarativas que se conectam de tal modo que, a partir das primei- ras duas, chamadas premissas, é possível deduzir uma conclusão. A teoria do silogismo foi exposta por Aristóteles em sua obra Analíticos anteriores. 32 Modelo nº 3: _________ pode ser representado de duas maneiras diferentes: ________, que é ___________, e _____________, que é _______________. Enquanto a primeira ______ se apresenta ____________________, esta, por sua vez, realiza-se por intermédio de _____________________. Preenchendo o modelo, teremos: O silogismo pode ser representado de duas maneiras diferentes: silogismo simples, que é formado por um único núcleo argumentativo, e silogismo composto, que é formado por diver- sos núcleos argumentativos de elaboração complexa. Enquanto a primeira teoria se apresenta pela estrutura filosófica básica consagrada pela antiguidade, esta, por sua vez, realiza-se por intermédio de vários silogismos desenvolvidos para atender às novas perspectivas de sedução e convencimento. � Alusão Histórica A elaboração de um parágrafo por alusão histórica é um recurso que desperta sempre a curiosida- de do leitor por meio de fatos históricos,lendas, tradições, crendices, anedotas ou acontecimentos de que o autor tenha sido participante ou testemunha (desenvolve-se geralmente por meio da compara- ção com o presente ou retorno a ele). A vantagem desse método é o de podermos mostrar o desenvolvimento cronológico de um assunto, expondo sua evolução no tempo. Ao utilizar um fato histórico para sustentar uma tese, lembre-se de que a história é a ciên- cia que estuda o homem e sua ação no tempo e no espaço, concomitantemente à análise de processos e eventos ocorridos no passado, e, como ela é uma ciência, tem, por conseguinte, um grande valor argumentativo. Observe como é simples: Modelo nº 4: Desde a época da _______, sabe-se que ____________ para _______________. Principalmente hoje em dia, reconhece-se que ___________________________. Preenchendo o modelo, temos: Desde a época da escravidão no Brasil, sabia-se que a alimentação dada a esses novos bra- sileiros era boa e tinha tudo de que eles necessitavam para suprir os desgastes de um longo dia de trabalho. Hoje em dia, principalmente, já se reconhece que os carboidratos do arroz e do feijão, as proteínas da carne e das verduras fornecem um completo abastecimento de energia R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 33 somada ao prazer, justificando os hábitos do passado como responsáveis pela tradição alimentar que preservamos. � Interrogação A ideia núcleo do parágrafo por interrogação é colocada por intermédio de uma pergunta a qual serve mais como recurso retórico, uma vez que a questão levantada deve ser respon- dida pelo próprio autor. Seu desenvolvimento é feito por intermédio da confecção de uma resposta à pergunta. Modelo nº 5: Será possível determinar qual é _________________ para ___________________? (Resposta) ___ ______________________________________________________________________________. Preenchendo o modelo, teremos: Será possível determinar qual é a melhor combinação de alimentos para atender às necessidades diárias de nossa população? Qualquer nutricionista dirá que sim, pois alimen- tos ricos em carboidratos e proteínas devem compor essa alimentação e não há quase nada mais apropriado do que nosso tradicional prato de todos os dias. O arroz com feijão tem as proporções perfeitas para satisfazer essa necessidade que todos têm de recomposição de for- ça e de energia. Parágrafos de Desenvolvimento Após o primeiro parágrafo, que, como já vimos, pode apresentar a tese e também os argumentos principais que serão desenvolvidos, chega a hora de abordar os elementos que sustentarão essas afirmações iniciais. Os parágrafos seguintes deverão conter os recursos argumentativos que articularão o convencimento do leitor quanto à tese apresentada. z Tipos Diferentes de Parágrafos de Desenvolvimento As possibilidades de ordenação do parágrafo são várias: exploração de aspectos espaciais e temporais, enumeração de pormenores, apresentação de analogia ou contraste, citação de exemplos e apresentação de causas e consequências. Acompanhe a seguir. � Desenvolvimento por Exploração Espacial 34 Ao argumentar, você pode se servir da exposição de informações relativas ao lugar em que os fatos ocorreram. Modelo nº 1: A cidade (ou região) em destaque é ______, que fica localizada em _________________, região ______ de _________. É aí onde se localiza ________________________ dessa região. Cercada por ________________________, foi bem no centro desse _______________________________________________. Preenchendo o modelo, teremos: A cidade em destaque é Pindaíba da Serra, que fica localizada em Monte Mole, região nobre de Pindorama. É aí onde se localiza uma das mais belas reservas naturais de paioca-rija, um cipó medicinal e afrodisíaco muito cobiçado pelos moradores dessa região. Cercada por uma densa floresta de mambutis gigantes, foi bem no centro desse santuário tropical que a próspera cida- dezinha se tornou uma espécie de centro cultural da região por preservar até hoje um dos mais tradicionais rituais de nossa história: a sagração da taioba-plus, entidade sagrada e reverenciada pelos devotos naobilicos. � Desenvolvimento por Exploração Temporal Nesse modelo, o leitor é informado do momento em que os fatos ocorreram com a indi- cação de datas e outros aspectos temporais. Pode-se recorrer nesse momento aos artifícios empregados no próprio parágrafo de alusão histórica, já que este também se serve de refe- rências cronológicas. Modelo nº 2: No passado, quando pensávamos em __________, notávamos que ______________ era ______________ comparada à que vemos recentemente. Hoje, por outro lado, _____________________________ tornaram-se _______________. O resultado disso é que _____________, na atualidade, tornou-se _______________. Preenchendo o modelo, teremos: No passado, quando pensávamos em alimentação, notávamos que sua relação com a sobre- vivência era muito maior comparada à que vemos nos nossos atuais. Hoje, por outro lado, a qualidade desses alimentos e a qualidade da saúde que eles proporcionam tornaram-se o foco desse pensamento. O resultado disso é que comer, na atualidade, tornou-se um ritual de bem viver. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 35 � Desenvolvimento por Exploração de Pormenores ou de Enumerações Nesse modelo de parágrafo, tem-se por objetivo enumerar características, relacionar aspectos importantes sobre algum assunto. A apresentação das ideias pode ser ou não ordenada segundo uma ordem de importância. A ordem depende do que se pretende enfatizar. Modelo nº 3: Entre os aspectos referentes a _________________, três pontos merecem destaque especial. O primeiro é _______________________________; o segundo diz respeito __________________ e, por fim, _________________________________. Ao preenchermos o modelo, teremos: Entre os aspectos referentes à alimentação dos brasileiros, três pontos merecem destaque especial. O primeiro é quanto aos carboidratos presentes no arroz com feijão; o segundo diz res- peito às proteínas presentes no bife com salada e, por fim, a glicose somada à cafeína no cafezinho preto com açúcar, que fornecem um completo abastecimento de energia somada ao prazer. � Desenvolvimento por exploração de contraste de ideias Na ordenação do parágrafo por exposição de contrastes entre si, você pode se servir de comparações, ideias paralelas, ideias diferentes e ideias opostas. Modelo nº 4: Muitos acreditam que _________________________, por causa da _____________________. Por outro lado, sabe-se também que ______________________________________, quando muitas vezes ____________ _____________________. Ao preenchermos o modelo, teremos: Muitos acreditam que o cafezinho preto com açúcar pode causar excitação e ansiedade quando consumido em excesso, por causa da cafeína e da glicose presentes nele. Por outro lado, sabe-se também que essas substâncias fornecem uma carga suplementar de energia nos deixando despertos logo após o almoço, quando muitas vezes somos acometidos por uma sonolência indesejada. � Desenvolvimento por Exploração de Ideias Analógicas e Comparação 36 Para organização das ideias, nossos redatores utilizam expressões que indicam confronto, valendo-se do artifício de contrapor ideias, seres, coisas, fatos ou fenômenos. Tal confronto tanto pode ser tanto de contrastes como de semelhanças. Analogia e com- paração são também espécies de confronto: A analogia é uma semelhança parcial que sugere uma semelhança oculta, mais completa. Na comparação, as semelhanças são reais, sensíveis numa forma verbal própria, em que entram normalmente os chamados conectivos de comparação (quanto, como, do que, tal qual) [...]4. Por exemplo: Modelo nº 5: No caso das _______________, porque cada qual tem seus próprios valores ________________. Enquanto a _________________, as ________, por sua vez, _____________________. Ao preenchermos o modelo, teremos: No caso das proteínas do bife e da salada que comemos, seria melhor não generalizar, porquecada qual tem seus próprios valores para a alimentação. Enquanto a carne é rica em proteínas que repõem as perdas musculares pelo desgaste do dia a dia, as verduras, por sua vez, oferecem as fibras que nos auxiliam no processamento dos alimentos pelo nosso organismo ajudando na absorção dos nutrientes. � Desenvolvimento por Exploração de Causa e Consequência Dentro de uma perspectiva lógica e simples, devemos compreender causa como um fator gerador de problemas e consequência como os problemas gerados pela causa. Trabalhar com causas e consequências é apresentar os aspectos que levaram ao problema discutido e às suas decorrências. Modelo nº 6: É de fundamental importância o __________________ para ___________________. Podemos mencionar, por exemplo, ________________ que ________________, por causa _____________. Ao preenchermos o modelo, teremos: 4 Ibidem, p. 232. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 37 É de fundamental importância o consumo de alimentos ricos no fornecimento de ener- gia para a movimentação do nosso corpo. Podemos mencionar, por exemplo, o arroz com feijão que diariamente abastece a nossa mesa, por causa de sua riqueza em carboidratos. Esse complexo alimentar nos recompõe da energia própria consumida durante o dia. Parágrafo de Conclusão A conclusão de uma dissertação é o momento de se mostrar que o objetivo proposto na introdução foi atingido. É de fundamental importância que não ocorra contradição com a tese proposta no início de sua redação, o que descaracterizaria toda a argumentação. Nesse momento, deve-se fazer uma síntese geral ou retomar a ideia inicial, reforçando os pontos de partida do raciocínio. Pode-se também demonstrar que uma solução a um proble- ma foi encontrada ou que uma proposta de solução pode ser alcançada, ou, ainda, que uma resposta a uma pergunta foi encontrada. Esse momento pode também gerar um questionamento final, desde que não concorra com suas exposições anteriores. A satisfação do leitor deve ser contemplada na conclusão para que ele não se sinta frustrado pela expectativa criada quanto ao tema. A volta ao início do texto que a conclusão faz é algo que chamamos de circularidade. Esse caráter finalizador da conclusão também colabora para a progressão e continuidade textual. z Tipos Diferentes de Parágrafos de Conclusão Podemos enumerar alguns exemplos de conclusões satisfatórias que todos poderão usar em seus textos dissertativos. � Conclusão por Síntese ou Resumo O primeiro recurso com que trabalharemos será o do resumo ou da síntese geral. Nesse caso, retoma-se, resumidamente, aquilo que se explorou durante o texto: Modelo nº 1: Levando-se em consideração esses aspectos __________ somos levados a acreditar que não é apenas por _______________, mas também ________________. Sendo assim, ______________. Ao preenchermos o modelo, teremos: Levando-se em consideração esses aspectos práticos do prato do brasileiro, somos leva- dos a acreditar que não é apenas por prazer que somos seduzidos pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde. Sendo assim, a falta de qualquer um desses ingredientes nos causará debilidade, além de insatisfação. � Conclusão por Questionamento 38 Nesse modelo, parte-se de um questionamento para encerrar seu raciocínio. Mas não se esqueça de que você não deve colocar em dúvida os argumentos desenvolvidos em sua redação. Modelo nº 2: O que mais há para ser tomado como ____________ (?) ___________ acreditar que ____________, mas também ___________ (?). Certamente que sim, pois _________________. Preenchendo o modelo, teremos: O que mais há para ser tomado como positivo e prático no prato dos brasileiros? O que sabemos nos leva a acreditar que não é apenas por prazer que somos seduzidos pela nossa culinária, mas também por tudo o que ela nos oferece para a manutenção de nossa saúde. E a falta desses ingre- dientes mudará a saúde de nossa população? Certamente que sim, pois a carência de tais ingredien- tes nos causará debilidade, além de insatisfação. � Conclusão por Resposta, Solução ou Proposta Levanta-se uma (ou mais) hipóteses ou sugestões do que se deve fazer para transformar a história mostrada durante o desenrolar do texto. Modelo nº 3: Tendo em vista os aspectos observados sobre ______________, só nos resta esperar que ___________. Ou quem saiba ainda que _______________ para que ______________________. Conse- quentemente, ___________________________. Preenchendo o modelo, teremos: Tendo em vista os aspectos observados sobre nossa alimentação, só nos resta esperar que se garanta a todo brasileiro o acesso a esse rico cardápio. Ou quem saiba ainda que se divulgue o sucesso de nossa combinação alimentar para que o mundo saiba que no Brasil se come bem. Consequentemente, será possível a qualquer um balancear com eficiência e baixo custo do que se põe na mesa de sua casa. Agora, comece a criar seus próprios arranjos e utilizar essas técnicas para compor reda- ções eficientes que garantam seu sucesso em qualquer tipo de concurso que peça a você um posicionamento específico sobre qualquer tema. CONSTRUINDO AS MÁSCARAS DE REDAÇÃO Vamos agora montar nosso quebra-cabeças? Veja como arranjamos os modelos de manei- ras diferentes. R ED A Ç Ã O D IS C U R SI VA 39 Modelo nº 1 — Introdução (Declaração Inicial) É fato notório que __________________________. Sabe-se que ______________________, além da ______________________________________. Modelo nº 2 — Desenvolvimento (Pormenores ou de Enumerações) Entre os aspectos referentes a __________________, três pontos merecem destaque especial. O primeiro é _____________________; o segundo _____________________ e por fim _________________________. Modelo nº 3 — Desenvolvimento (Temporal) No passado, quando pensávamos em ____________, notávamos que ________________ era _________________ comparada à que vemos recentemente. Hoje, por outro lado, _____________________________ tornaram-se ____________. O resultado disso é que __________, na atualidade, tornou-se _____________________. Modelo nº 4 — Desenvolvimento (Contraste de Ideias) Muitos acreditam que _____________________, por causa da _________________. Por outro lado, sabe-se também que ________________, quando muitas vezes _______________. Modelo nº 5 — Conclusão (Síntese ou Resumo) Levando-se em consideração esses aspectos _______________, somos levados a acre- ditar que não é apenas por _____________________, mas também __________. Sendo assim, _________________. 40 Nova máscara É fato notório que ______________________________. Sabe-se que ____________________________, além da __________________. Entre os aspectos referentes a _____________________________, três pontos merecem destaque especial. O primeiro é _______________________________; o segundo __________________________ e, por fim, _____________________________________. No passado, quando pensávamos em _____________, notávamos que ___________________ era ________________ comparada à que vemos recentemente. Hoje, por outro lado, __________________________ tornaram-se _________________. O resultado disso é que _________, na atualidade, tornou-se _________________. Muitos acreditam que __________________________, por causa da ______________________. Por outro lado, sabe-se também que ___________________, quando muitas vezes ______________. Levando-se em consideração esses aspectos _____________________, somos levados a acre- ditar que não é apenas por ________________________, mas também ______________________. Sen- do assim, ________________________. Observe que fizemos a opção por abrir nossa redação com uma declaração inicial. Como abordamos um tema geral, sem uma relevância científica notória e que representa na verda- de um conhecimento cultural somado às observações de médicos e nutricionistas, a declara- ção foi a melhor alternativa, já que não se compromete com a obrigatoriedade de