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Apostila de Odontologia Legal Perícias e identificações O processo de identificação inclui a comparação de registros prévios e registros atuais. Registros prévios - exames e descrição detalhada sobre uma pessoa, coletados antes do fato. Registros atuais - partes anatômicas ou resíduos encontrados no exame pericial, coletados após o fato. A identificação humana determina a identidade de uma pessoa por meio das características que a diferenciam das demais e que são específicas apenas para si mesma. Os principais métodos utilizados para a identificação humana post-mortem, é datiloscopia, o exame de DNA e a Odontologia Legal. A análise odontológica se destaca por ser rápida, precisa e de baixo custo e as arcadas dentárias possuírem características capazes de individualizar uma pessoa. Os dados odontológicos são usados quando não é possível usar a datiloscopia. O prontuário odontológico pode ser usado em uma identificação ou para questões jurídicas. De acordo com o Art. 5º do Código de Ética Odontológica, o paciente tem DIREITO de acesso ao prontuário, e o cirurgião-Dentista tem DEVER de elaborar e manter. Art. 5° Constituem deveres fundamentais dos profissionais e entidades de Odontologia: VIII - Elaborar e manter atualizados os prontuários de pacientes, conservando-os em arquivo próprio; XVI - Garantir ao paciente ou seu responsável legal, acesso a seu prontuário, sempre que for expressamente solicitado, podendo conceder cópia do documento, mediante recibo de entrega. A Odontologia legal foi instituída pela resolução CFO-185/93, define como uma especialidade cujo objetivo consiste na pesquisa de fenômenos psíquicos, físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou ossada. Poderá ser feita no vivo, no cadáver inteiro ou esquartejado, ou ainda reduzido a fragmentos ou a simples ossos. Examina-se, sumariamente a espécie, a etnia, o sexo, a estrutura, a idade, a identificação pela arcada, o peso e conformação, as malformações, os sinais e profissionais e os individuais (cicatrizes, tipo sanguíneo, tatuagens, pertences). Para um método de identificação ser considerado aceitável, deve-se priorizar a análise das características do indivíduo. O conjunto de elementos sinaléticos devem preencher os cinco quesitos técnicos: Unicidade: Também chamado de individualidade, ou seja, que determinados elementos sejam específicos daquele indivíduo e diferentes dos demais. Imutabilidade: São as características que não mudam e não se alteram ao longo do tempo. Perenidade: Consiste na capacidade de certos elementos resistirem à ação do tempo, e permanecerem durante toda a vida e até após a morte, como por exemplo, o esqueleto. Praticabilidade: Um processo que não seja complexo, tanto na obtenção como no registro dos caracteres. Classificabilidade: Este requisito é muito importante, pois é necessária certa metodologia no arquivamento, assim como rapidez e facilidade na busca dos registros. A identificação das características odontológicas de cadáveres carbonizados, putrefeitos ou esqueletizados, são divididos em 3 etapas: 1ª ETAPA – Inspeção das particularidades odontológicas (presença de cárie, restaurações, próteses, tratamentos endodônticos, ausências dentárias); 2ª ETAPA - Consiste nas características e informações que contam no prontuário; 3ª ETAPA - Confronto dos dados obtidos nas duas primeiras etapas, consiste nas técnicas de identificação em odontologia legal. Classificação da documentação: Perícia em foro criminal O cirurgião dentista pode desempenhar a função de perito criminal, desde que possua conhecimento sobre o assunto. Os peritos têm o dever de ajudar na decisão judicial. Os dados elaborados podem determinar a resolução do caso. O odontolegista deve realizar um levantamento minucioso do fato, para que o exame fique bem descrito. Um crime culposo (ou seja, aquele cometido sem a intenção de fazê-lo) caracteriza-se pela violação do dever de cuidado objetivo, decorrente de negligência, imprudência ou imperícia (modalidades de culpa). NEGLIGÊNCIA Na negligência, alguém deixa de tomar uma atitude ou de apresentar uma conduta que era esperada para a situação. Age com descuido, indiferença ou desatenção, não adotando as devidas precauções. IMPRUDÊNCIA A imprudência, por sua vez pressupõe uma ação precipitada e sem cautela. A pessoa não deixa de fazer algo, não é uma conduta OFICIAL – quando se origina de uma repartição. Ex: IML OFICIOSO – todo documento emitido pelo dentista. PROCEDÊNCIA ADMINISTRATIVO – todo documento elaborado pelo CD, para ser apresentado para uma pessoa, empresa. IML JUDICIAL – todo documento feito pelo CD usado em um processo judicial. FINALIDADE VERDADEIRO contém dados técnicos e fatos verídicos. FALSO - quando o documento difere da realidade. CONTEÚDO omissiva como a negligência. Na imprudência é tomado uma atitude diversa da esperada. IMPERÍCIA Para que seja configurada a imperícia, é necessário constatar inaptidão, ignorância, falta de qualificação técnica, teórica ou prática ou ausência de conhecimentos elementares e básicos para a ação realizada. Identificação IDENTIDADE – conjunto de características exclusiva de uma pessoa que possibilita sua distinção entre as demais. IDENTIFICAÇÃO – processo técnico, no qual determina a identidade de uma pessoa. Nos processos de identificação a Odontologia legal pode realizar exame clínico, análise da ficha odontológica e imagens radiológicas. As radiografias das arcadas dentárias, ante - mortem e post-mortem é um instrumento fundamental de identificação. A perícia é uma investigação realizada pelos peritos criminais, fazem exames e estudam os documentos com objetivo de elucidar um fato ou evidenciar um estado ou situação. Sistema Estomatognático Formado por estruturas estáticas e dinâmicas. ESTÁTICAS Maxila Mandíbula ATM Arcos dentários Osso hióide DINÂMICA mm.. Mastigatorios Língua Lábios Bochechas Supra e infra- hióideos Temperatura Coloração Estrutura dentária 100 Sem alteração Sem alteração 150 Amarelado Ruptura superficiais 175 Esmalte brilhante Fissuras e rupturas de raízes 215 Esmalte acinzentado Ruptura de raízes 255 Esmalte acinzentado e raízes castanhas Fissuras maiores 270 Coroa cinza e brilhante Esmalte afetado e com fissuras 400 Esmalte castanho escuro e dentina azulada Estalidos de coroas 800 Dentina carbonizada Diminuição do volume das raízes 1100 Dentina carbonizada esmalte castanho Fibras de tomes desaparecem Identificação pela Arcada Dentária Não existe pessoas com as arcadas dentárias iguais, ou seja, cada um possui características únicas. Através do material analisado deverá observar os registros para afirmar ou negar se pertence a pessoa procurada A identificação funciona, basicamente, pela comparação entre as chapas de raios X feitas pelo dentista do suposto falecido e chapas dos dentes do cadáver tiradas exatamente do mesmo ângulo. Identificação pela Anatomia do Crânio Estudo para identificação do crânio começando desde a mandíbula e maxila, e por último se analisa cada dente individualmente. Identificação pelo DNA É um método de identificação confiável, e depende do grau de degradação do corpo. A polpa dentária é uma das estruturas orgânicos disponíveis para análise do DNA. Determinação do sexo pelas características cranianas É necessário conhecer a anatomia craniana para poder distinguir o crânio masculino ou feminino. HOMENS Fronte mais inclinada para trás, e glabela maispronunciada. MULHERES Ossos mais leves, menores e extremidades com dimensões menores Estimativa de idade pelos dentes Deverá analisar vários aspectos: estrutura, peso, presença de rugosidade e outros. A presença dos 3° molares, de dentes decíduos e o estágio de formação das raízes, são fatores que ajudam a determinar a idade do indivíduo. Estimativas da altura usando os dentes Incisivos centrais, laterais e caninos inferiores, comprovado por meio de cálculo pode determinar a altura mínima e máxima de um indivíduo. Autópsia Virtual A autópsia virtual é aplicada na identificação de corpos carbonizados e putrefatos, para desastres em massa e estimativas virtuais. Traumatologia, Asfixia e identificação Trauma O termo “trauma” é usado para definir ou descrever as lesões causadas por um evento que gera um ferimento de maneira inesperada, ou seja, envolvem danos causados por acidentes diversos, violência ou agressões, que podem ocasionar feridas graves e afetar órgãos, de modo que precisam ser tratados de forma ágil por especialistas. Lesão É um termo não específico usado para descrever qualquer dano ou mudança anormal no tecido de um organismo vivo. Tais anomalias podem ser causadas por doenças, traumas ou simplesmente pela prática de esportes. Energias vulnerantes A quantidade de energia física, química, biológica, genericamente chamada de trauma que transmitem essa energia, são denominados, agentes vulnerantes. Ação Contundente A transferência de energia cinética para este corpo produz uma lesão contusa, causada por pressão, deslizamento ou ambas. AÇÃO DIRETA – Quando resulta em danos na área de contato do agente com o corpo. AÇÃO INDIRETA – Quando o dano ocorre no lado oposto, ex: pancadas na cabeça. FÍSICA •Mecânica •Térmica •Barometrica •Radiante •Eletrica QUÍMICA •Cáustica •Veneno MISTA •Asfixia https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7as https://pt.wikipedia.org/wiki/Trauma_f%C3%ADsico https://pt.wikipedia.org/wiki/Esportes As lesões contusas podem ser: abetas ou fechadas. Lesões Contusas Fechadas São lesões em que as características da pele na área acometida são mantidas, onde o golpe não consegue destruir a elasticidade superficial da pele. RUBEFAÇÃO – Vermelhidão (hiperemia) que acontece na área do trauma, em decorrência a dilatação dos vasos. TUMEFAÇÃO – Branqueamento e edema (inchaço) da pele na área do impacto, apresenta ao redor uma hiperemia EQUIMOSE – Lesão identificadas por meio da absorção de hemorragia que ocorre nos tecidos, provocada pelo sangue que transborda. As equimoses e sugilações geralmente são formadas por sugações nas ações sexuais. Petéquias e sugilações geralmente são decorrência de situações como: golpes. PETÉQUIAS: O sangramento subcutâneo é pequeno e somem rapidamente. SUGILAÇÕES: Aparecem inúmeras inflamações em forma de pontos avermelhados. As equimoses vão mudando de cor no decorrer dos dias, o sangue que é transbordado dos vasos para os tecidos é absorvido. Rubefação Hematoma Entorse Tumefação Equimose Bossa HEMATOMA - O hematoma é um acúmulo de sangue fora dos vasos sanguíneos, podendo acontecer em qualquer lugar do corpo. Geralmente o surgimento do hematoma é decorrente de alguma lesão ou trauma. Além disso, é identificado como uma mancha na pele que pode ser vermelha, azul, roxa ou até mesmo preta. BOSSA – Protuberância ou calombo formado em consequência de uma contusão; galo, inchaço. Acúmulo de uma substância amarelada, pode se misturar com sangue, devido a uma forte pressão. ENTORSE - A entorse consiste em lesões dos ligamentos na região de articulações por traumas torcionais. Popularmente, é conhecida como “torção”. Pode ocorrer em qualquer articulação do nosso corpo. Lesões Contusas Abertas São ocasionadas quando o agente contundente rasga os tecidos, de forma contínua. ESCORIAÇÃO – Escoriação são lesões simples, que ocorrem na camada mais superficial da pele. No geral, o sangramento é pequeno, porém podem ser muitos dolorosos porque as terminações nervosas ficam expostas. FERIDA CONTUSA – É provocada por onde há o esgarçamento da pele e que atinge o tecido celular subcutâneo. São produzidas por objeto rombo e são caracterizadas por traumatismo das partes moles, hemorragia e edema. Escoriação Blast Injury Ferida contusa Encravamento BLAST INJURY – É causada após uma explosão causando propagação de gases gerando movimento rápido e brusco. ENCRAVAMENTO – Lesão produzida pela penetração de objeto afixado em qualquer parte do corpo. Instrumentos Cortantes Causam ferida incisa quando a energia cinética é provocada pelo deslizamento e pressão de parte cortante da lâmina fixa. Na parte inicial apresenta-se um pouco mais profunda e findando com a cauda da escoriação. A cauda da escoriação indica a finalização do movimento realizado com o instrumento, revelando se o agressor é dentro ou canhoto. Feridas incisas: ESGORJAMENTO: Lesão provocada por objeto cortocontudente, na região do pescoço, podendo ocorrer por homicídio ou acidental. DEGOLAMENTO: Agressão que provoca lesão incisa na parte posterior do pescoço, podendo ser profunda ou superficial. DECAPITAÇÃO: Quando a agressão ocasiona a remoção da cabeça. ESQUARTEJAMENTO: Desmembramento ou corte do copo em pedaços. ESPOJAMENTO: Ferimentos encontrados nas mãos ou antebraços. Instrumentos Perfurantes Instrumentos com ponta afiada, que numa agressão a ponta ao ser introduzida no corpo, afasta as fibras dos tecidos pela pressão. Instrumentos Perfurocortantes Material pontiagudo ou que os fios de corte é capaz de causar perfurações ou cortes. Asfixias Mecânicas Dificuldade ou impossibilidade de respirar, que pode levar à anóxia; pode ser causada por estrangulamento, afogamento, instalação de gases tóxicos, obstrução mecânica ou infecciosas das vias aéreas superiores. Tipos de Asfixias • Ausência ou redução da pressão de oxigênio na atmosfera; • Obturação dos orifícios respiratórios externos; • Obturação do trato respiratório; • Restrição dos movimentos respiratórios do tórax; • Função cardíaca diminuída, que impede a manutenção do fluxo circulatório; • Diminuição da capacidade do sangue de transportar oxigênio; • Incapacidade de células de tecido periférico em usar oxigênio. Sinais clássicos da Asfixia: HEMORRAGIAS PETEQUIAS Coleções pontuais de sangue. CONGESTAÇÃO E EDEMA Obstrução do retorno venoso e lesão capilar, resultando em vasodilatação. 4 mecanismos principais da Asfixia: ANOXIA – Ocorre pela compressão direta da laringe ou traqueia. ISQUEMIA CEREBRAL – Compressão do sistema nervoso e ou arterial. INIBIÇÃO CARDÍACA REFLEXA – Ocorre pela estimulação de barorreceptores nos seios carotídeos e artérias carótidas. LESÃO NA COLUNA – Rara, ocorre em enforcamento com queda livre do corpo. Sufocamento Por obstrução dos orifícios respiratórios Impede a passagem do ar produzido anóxia. Por oclusão do trato respiratório Geralmente entre a faringe e a bifurcação da traqueia. Por compressão torácica abdominal Produz a fixação dos movimentos respiratórios. Devido à falta de ar respirável Devido a redução da concentração de oxigênio para respirar Identificação de Corpos carbonizados 1° GRAU: atingem as camadas superficiais da pele. Apresentam vermelhidão, inchaço e dor local suportável, sem a formação de bolhas; 2° GRAU: atingem as camadas mais profundas da pele. Apresentam bolhas, pele avermelhada, manchada ou com coloração variável, dor, inchaço, desprendimento de camadas da pele e possível estado de choque; 3º GRAU:atingem todas as camadas da pele e podem chegar aos ossos. Apresentam pouca ou nenhuma dor e a pele branca ou carbonizada; 4 º GRAU: destruição total da pele e tecidos profundos; 5º GRAU: restos cremados. Resfriamento e Hipotermia Hipotermia é quando a temperatura do corpo se encontra abaixo dos 35°C. O organismo humano, para realizar suas funções metabólicas, precisa apresentar temperatura entre 36°C e 37.5°C. As lesões provocadas pelo frio pode ser: 1º GRAU – Eritema; 2º GRAU – Vesicação; 3º GRAU– Necrose. Lesão por eletricidade Queimadura elétrica é uma lesão ocasionada por uma corrente elétrica que passa pelos tecidos. As lesões por eletricidade podem ser categorizadas em queimaduras tipo "flash", queimaduras em arco e queimaduras elétricas diretas ou verdadeiras. Cada uma delas possuindo sua característica clínica e prognóstico. Estas lesões ocorrem no percurso da corrente entre os pontos de saída e de entrada. A resistência do organismo à passagem da corrente elétrica depende de muitos fatores, tanto externos quanto internos. A pele úmida, transpirada ou mal enxugada favorece a passagem da corrente, e mais ainda se a vítima se encontra sobre um chão molhado. Marcas de mordida Podem ser estudados na pele da vítima ou do agressor. Os casos mais frequentes de mordidas são: estupro, abuso infantil, sequestro e roubo. DISTORÇÃO PRIMÁRIA – Ocorre quando a marca da mordida ocorre. DISTORÇÃO SECUNDÁRIA – Ocorre após a mordida e nos tecidos como resultado da passagem do tempo. Lesões por meios Químicos São provocadas por substância química em contato com a pele ou mesmo através das roupas. Ácido Sulfúrico Escaras roxas, pretas ou castanho escuras, secas e endurecidas, que ao serem arrancadas provocam hemorragias. Soda Cáustica Escaras vermelhas e brancas, por hidratação celular. Ácido Nítrico Escaras amarelas Ácido Clorídrico Escaras cinza a roxas. Ácido Fênico Escaras esbranquiçadas. Ácido Acético Escaras moles e úmidas, esbranquiçadas a amareladas. Papel do Dentista em Casos de Abuso Infantil Maus-tratos é uma violência praticada por um agente contra um outro ser que esteja sob seus cuidados. Este tipo de agressão pode se consolidar de 2 formas, seja física ou psicológica. Os maus tratos pode ser: POR OMISSÃO Carências físicas: abandono, falta de higiene mínima, falta de suprimento de alimentos, falta de proteção às inclemências climáticas (intempéries, frio, desidratação etc.); Carências afetivas: de gravíssimas proporções no desenvolvimento da criança. POR AÇÃO Maus-tratos físicos: sob a forma de contusões (tapas, murros, chutes, empurrões); lesões mecânicas (punctórias, incisas e perfuro incisas); queimaduras, por sólidos ou líquidos quentes, ou com objetos específicos (cigarros); intoxicações por álcool, sedativos (drogas psicolépticas) ou gás de cozinha, entre outras. Abuso sexual Maus-tratos psíquicos: gritos, encerros ou encarceramento prolongado, abuso emocional, coação, ameaças de castigos severos etc. Lesões Lacerações do lábio superior Escoriações na mucosa oral Mordeduras humanas Queimaduras química Equimoses múltiplas e hematomas – pode se localizar em qualquer parte do corpo. Equimoses Elipsoidais – produzidas por dedos, nos braços e antebraços. Áreas de alopecia – na região frontal e parietal. Arranhões – lineares ou semilunares, em qualquer parte do corpo. Deformidades da orelha externa – orelha em couve-flor, rupturas da cartilagem e sobre reparação espontânea. Queimaduras Térmicas – reproduz o objeto aquecido. Lesões genitais – lacerações, equimoses. Lesões anais – estende-se ao períneo, lacerações e rupturas. Tipos de Identificação Humana Datiloscopia é dedicada à análise das impressões digitais. Suas técnicas permitem identificar indivíduos. Dadas essas particularidades, o Estado é responsável por registrar as impressões digitais dos cidadãos para permitir sua identificação. Nesse contexto, a datiloscopia adquire importância, o que permite às pessoas obter, registrar, classificar e reconhecer as impressões digitais. A datiloscopia trata da identificação e exame das impressões digitais e se divide em datiloscopia civil (que identifica pessoas para fins civis, como expedição de documentos etc.) e datiloscopia criminal (que identifica pessoas indiciadas em inquéritos, acusadas em processos ou em crimes). É amplamente utilizada para identificação e solução dos crimes. A análise e comparação de impressões digitais estão baseadas em três princípios: 1° Permanece inalterado; 2° É uma característica única e não existem dedos que possuam as mesmas características da crista; 3° Possuem padrões de cume únicos que são classificados sistemicamente. Há quatro tipos de impressões digitais: ARCO: é o datilograma geralmente adéltico, formado por linhas que atravessam o campo digital, apresentando em sua trajetória formas mais ou menos paralelas abauladas ou alterações características. PRESILHA INTERNA OU ALÇA ULNAR: é o datilograma com um delta à direita do observador, apresentando linhas que, partindo da esquerda, curvam-se e voltam ou tendem a voltar ao lado de origem, formando laçadas. PRESILHA EXTERNA OU ALÇA RADIAL: é o datilograma com um delta à esquerda do observador, apresentando linhas que, partindo da direita, curvam-se e voltam ou tendem a voltar ao lado de origem, formando laçadas. VERTICILO: é o datilograma com um delta à direita e outro à esquerda do observador, tendo pelo menos uma linha livre e curva à frente de cada delta. Sistema de Vucetich Vucetich criou o seu próprio sistema de arquivamento e identificação, que foi implantado pela polícia de La Plata em 1891, e é utilizado ainda hoje. A fórmula utilizada por Vucetich é: A cada tipo de impressão digital são atribuídos um número e uma letra. É a partir daí que se compõe uma fórmula datiloscópica, conhecida como sistema datiloscópico de Vucetich. No arquivamento de Vucetich são utilizados os dez dedos das mãos da pessoa para classificação e arquivamento. Todas as impressões são coletadas e distribuídas em uma ficha específica que contém a sequência polegar, indicador, médio, anular e mínimo. Quando se examina uma impressão digital num suporte, obtida à custa do contato da última falange sobre a qual se depositou uma fina camada de tinta apropriada, verifica-se: A) Linhas pretas que correspondem as impressões das cristas papilares; B) Linhas brancas, paralelas as anteriores, que correspondem aos sulcos que existem entre as cristas; C) Pontos brancos sobre as linhas pretas, espaços punctiformes que correspondem aos poros (aberturas dos ductos excretores das glândulas sudoríparas). Quanto à disposição das linhas assinaladas, um desenho de polpa digital exibe três sistemas bem definidos: A) SISTEMA BASAL, um conjunto de linhas que se apresentam com trajeto paralelo ao sulco que se separa a segunda da terceira falange (primeira e terceira no caso dos polegares; B) SISTEMA MARGINAL, acima e ao redor do núcleo, constituído por um conjunto de linhas das bordas e extremidades da terceira falange (primeira e terceira no caso de polegares); C) PONTOS BRANCOS, sobre as linhas pretas, espaços punctiformes que correspondem aos poros (aberturas dos ductos excretores das glândulas sudoríparas). As impressões são classificadas em: • Impressões de patentes; • Impressões plásticas; • Impressões latentes. De modo geral, as impressões latentes podem ser descritas como aquelas deixadas na cena do crime. Tais impressõespodem estar visíveis ou não: Impressões latentes visíveis são aquelas que mostram detalhes das papilas que podem ser identificados pelos dedos contaminados com substâncias tais como sangue, tinta, gordura ou sujeira e que, naturalmente deixam um contraste sobre o seu fundo, ou são produzidas quando impressões digitais são pressionadas contra superfícies plásticas (que se deformam), tais como betume, alcatrão, superfícies com película aderente, cera e queijo. As verdadeiras impressões latentes ("escondidas") não são visíveis a olho nu, e consistem substancialmente apenas de secreções naturais da pele humana. Tais impressões exigem tratamento para que se tornem visíveis. Esse tratamento é chamado "revelação de impressão latente". Para revelar as impressões latentes, o especialista faz uso de alguns processos químicos ou físicos, nos quais as reações com as secreções da pele farão com que a impressão latente contraste com seu fundo. A técnica do pó é o método comumente usados pelas agências policiais. Os pós utilizados para o processo de desenvolvimento são compostos pelos componentes: óxido de chumbo, trissulfeto de antimônio, lampblack, iodeto de chumbo e sulfeto mercúrio. Outro componente é o aglutinante como agente adesivo como sílica gel, caulino, resina e amido. Determinação de gênero e raça A ascendência pode ser acessada através do estudo do esqueleto facial e da comparação das características com as principais características de três grupos raciais: mangóide, negróide e caucasóide. Craniometria A análise dos ossos do crânio contribui na identificação humana, auxiliando a antropologia forense nas suas três áreas, pelo reconhecimento do grupo biológico (raça, estatura e sexo), do indivíduo biológico (reconstrução facial, marcas de estresse), e a identificação positiva, caracterizada pela análise da arcada, anomalias e sobreposição de fotografias do crânio. A craniometria representa a medição do crânio, cujos valores podem determinar o sexo, a ancestralidade, estatura e a idade do indivíduo. O crânio feminino tem fronte mais vertical, sutura frontonasal (localizada entre o osso frontal e os ossos nasais) curva, saliências ósseas e os processos mastoídes, que são preenchidos por células aéreas mastóideas e revestido internamente por uma membrana mucosa e estiloide, que se caracteriza pela projeção espicular do aspecto inferior do osso temporal, apresentando-se em ambos os processos, menos desenvolvidos que no crânio masculino. Rugoscopia palatina As rugas palatais foram equiparadas a impressões digitais e são únicas para um indivíduo. Pode ser de especial interesse em casos desdentados e também em certas condições em que não há dedos a serem estudados, como corpos que sofreram queimaduras ou decomposição grave. CLASSIFICAÇÃO DE THOMAS E KOTZE A) Dimensão e prevalência de Rugae; B) Comprimento - determinado de acordo com a última dimensão rugal e classificado como ruga primário, secundário e fragmentário; C) Prevalência - o Rugae é determinado contando e registrando o número em cada categoria (Primário, Secundário e Fragmentário) e não o número total de cada lado; D) Área - determinação da área de superfície das rugas primárias; Detalhes das rugas primárias - Estes podem ser descritos como anulares, papilares, reticulados, ramos, unificação, quebras, unificação com dimensões não primárias do padrão de rugas não-primárias - Distância entre a maioria papila incisiva e ponto mais anterior no padrão das rugas, independentemente do lado; E) Distância entre a papila incisiva e a borda posterior do último sulco primário ou secundário; F) Distância entre a papila incisiva e a borda posterior do último sulco (incluindo fragmentário); G) Ângulo de divergência - Medido em grau entre a linha formada pelo rafe palatal medial e a linha que une a papila incisiva com a origem da maioria das rugas primárias ou secundárias posteriores em um lado do palato; H) Largura - A linha que une as pontas da cúspide mesiopalatal do primeiro molar superior permanente ou do segundo molar decíduo é usada para projetar um ponto abaixo e perpendicular a ele na margem gengival para determinar a largura; I) O ponto de profundidade abaixo e perpendicular à linha que une as pontas da cúspide mesiopalatal do primeiro molar permanente superior ou do segundo molar decíduo na rafe mediana é usado para determinar a profundidade; J) Centro - A distância perpendicular entre a linha que une as pontas da cúspide mesiopalatal do primeiro molar permanente superior ou do segundo molar decíduo e o ponto na rafe palatina mediana determina o centro. Classificação dos padrões de unificação de rugas: • Convergência • Divergência. Fotografias e impressão do arco maxilar: Vantagens: comparações futuras podem ser feitas, fáceis de executar e econômicas. Programas de software de computador: A sobreposição de várias fotografias digitais para comparar o padrão ruga e pode ser executada usando vários softwares de computador, por exemplo, RUGFP-ID, Software de comparação Palatal Ruga (PRCS versão 2.0). Calcorrugoscopia ou impressão de sobreposição: Pode ser usada para realizar análises comparativas. Estereoscopia: Pode ser usada para obter a imagem tridimensional da anatomia das rugas palatais. Estereofotogrametria: Permite uma determinação precisa do comprimento e posição de cada ruga Palatal Tanatologia Forense A tanatologia forense é a parte da medicina legal que aborda sobre a morte, dos fenômenos a ela relacionados e da legislação que lhe é concernente. Ou seja, é uma ciência que vai surgir com a finalidade de esclarecer a realidade da morte, as características ante e pós-morte e, desta forma, colaborar para o diagnóstico diferencial médico-legal. O exame tanatológico constitui-se de grande importância pericial, definindo tempo, causa e até o local da morte, utilizando-se também de características peculiares presentes no cadáver, podendo até finalizar um caso de difícil elucidação por meio da análise e exame dos arcos dentais. A cronologia da morte é o tempo em que aparecem as várias fases por que passa o cadáver, desde o instante em que se processa a morte. Quando a respiração e atividade cardíaca é cessada, tem início a morte dos tecidos e órgãos, numa sucessão mais ou menos regular, que depende das exigências nutritivas. Destino dos corpos EXUMAÇÃO Nos casos de exumação, os corpos ou esqueletos devem voltar para a sepultura. INUMAÇÃO Ainda é o destino mais comum (maioria dos casos de morte natural), ou após necropsia realizada no Instituto Médico Legal ou no Serviço de verificação de óbitos. CREMAÇÃO Incineração do cadáver. TRANSPLANTE A transferência e a implantação de tecidos e órgãos. Modalidades de morte MORTE NATURAL É aquela que ocorre por força independente das ações do próprio homem, que advém da senilidade ou das patologias. MORTE SUSPEITA É a que gera um caso duvidoso quanto a causa jurídica. Não se pode desprezar a hipótese de ela ter sido provocada por causas naturais, mas as circunstâncias inspiram desconfiança, e então é imposto o exame necroscópico para esclarecimento. Neste caso, considera-se cinco hipóteses a saber: A) Morte súbita; B) Criptoviolência (suspeita circunstancial): inexistência de lesões externas, suspeita de violência oculta (por exemplo: envenenamento); C) Violência indefinida: existência de lesões externas insuficientes para caracterizar a etiologia jurídica; D) Violência definida: existência de lesões que apontam para determinada natureza jurídica, porém somente esclarecida com exame necroscópico; E) Infortúnio do trabalho: dúvida quanto aonexo causal. MORTE VIOLENTA São consideradas as mortes que ocorrem por força de acidentes, em consequência de suicídio ou de atos criminosos. MORTES ACIDENTAIS São as mortes decorrentes de acidentes domésticos, como queda de escadas, ingestão acidental de venenos, eletrocussões, mortes resultantes de acidentes de trabalho, acidentes de trânsitos, acidentes de aviação etc. SUICÍDIO É todo caso de morte que resulta direta ou indiretamente, de um ato positivo ou negativo, cumprido pela vítima, que sabia dever produzir esse resultado. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: Odontologia Legal & Antropologia Forense, 2ª edição - VANRELL, Jorge Paulete; HUPP, James R.; TUCKER, Myron R.; ELLIS, Edward.Cirurgia oral e maxilofacial contemporânea. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 692 p