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Apostila de odontologia Legal

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Apostila de 
Odontologia 
Legal 
 
Perícias e identificações 
O processo de identificação inclui a 
comparação de registros prévios e registros 
atuais. 
Registros prévios - exames e descrição 
detalhada sobre uma pessoa, coletados antes 
do fato. 
Registros atuais - partes anatômicas ou 
resíduos encontrados no exame pericial, 
coletados após o fato. 
A identificação humana determina a 
identidade de uma pessoa por meio das 
características que a diferenciam das demais 
e que são específicas apenas para si mesma. 
Os principais métodos utilizados para a 
identificação humana post-mortem, é 
datiloscopia, o exame de DNA e a Odontologia 
Legal. A análise odontológica se destaca por 
ser rápida, precisa e de baixo custo e as 
arcadas dentárias possuírem características 
capazes de individualizar uma pessoa. Os 
dados odontológicos são usados quando não 
é possível usar a datiloscopia. 
O prontuário odontológico pode ser usado 
em uma identificação ou para questões 
jurídicas. 
De acordo com o Art. 5º do Código de Ética 
Odontológica, o paciente tem DIREITO de 
acesso ao prontuário, e o cirurgião-Dentista 
tem DEVER de elaborar e manter. 
Art. 5° Constituem deveres fundamentais dos 
profissionais e entidades de Odontologia: 
VIII - Elaborar e manter atualizados os 
prontuários de pacientes, conservando-os em 
arquivo próprio; 
XVI - Garantir ao paciente ou seu responsável 
legal, acesso a seu prontuário, sempre que 
for expressamente solicitado, podendo 
conceder cópia do documento, mediante 
recibo de entrega. 
 
 
A Odontologia legal foi instituída pela 
resolução CFO-185/93, define como uma 
especialidade cujo objetivo consiste na 
pesquisa de fenômenos psíquicos, físicos, 
químicos e biológicos que podem atingir ou 
ter atingido o homem, vivo, morto ou ossada. 
Poderá ser feita no vivo, no cadáver inteiro 
ou esquartejado, ou ainda reduzido a 
fragmentos ou a simples ossos. Examina-se, 
sumariamente a espécie, a etnia, o sexo, a 
estrutura, a idade, a identificação pela arcada, 
o peso e conformação, as malformações, os 
sinais e profissionais e os individuais (cicatrizes, 
tipo sanguíneo, tatuagens, pertences). 
Para um método de identificação ser 
considerado aceitável, deve-se priorizar a 
análise das características do indivíduo. O 
conjunto de elementos sinaléticos devem 
preencher os cinco quesitos técnicos: 
 
Unicidade: Também chamado de 
individualidade, ou seja, que determinados 
elementos sejam específicos daquele 
indivíduo e diferentes dos demais. 
Imutabilidade: São as características que não 
mudam e não se alteram ao longo do tempo. 
Perenidade: Consiste na capacidade de certos 
elementos resistirem à ação do tempo, e 
permanecerem durante toda a vida e até 
após a morte, como por exemplo, o 
esqueleto. 
Praticabilidade: Um processo que não seja 
complexo, tanto na obtenção como no 
registro dos caracteres. 
Classificabilidade: Este requisito é muito 
importante, pois é necessária certa 
metodologia no arquivamento, assim como 
rapidez e facilidade na busca dos registros. 
A identificação das características 
odontológicas de cadáveres carbonizados, 
putrefeitos ou esqueletizados, são divididos 
em 3 etapas: 
1ª ETAPA – Inspeção das particularidades 
odontológicas (presença de cárie, 
restaurações, próteses, tratamentos 
endodônticos, ausências dentárias); 
2ª ETAPA - Consiste nas características e 
informações que contam no prontuário; 
3ª ETAPA - Confronto dos dados obtidos nas 
duas primeiras etapas, consiste nas técnicas 
de identificação em odontologia legal. 
Classificação da documentação: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perícia em foro criminal 
O cirurgião dentista pode desempenhar a 
função de perito criminal, desde que possua 
conhecimento sobre o assunto. Os peritos 
têm o dever de ajudar na decisão judicial. Os 
dados elaborados podem determinar a 
resolução do caso. O odontolegista deve 
realizar um levantamento minucioso do fato, 
para que o exame fique bem descrito. 
Um crime culposo (ou seja, aquele cometido 
sem a intenção de fazê-lo) caracteriza-se pela 
violação do dever de cuidado objetivo, 
decorrente de negligência, imprudência ou 
imperícia (modalidades de culpa). 
NEGLIGÊNCIA 
Na negligência, alguém deixa de tomar uma 
atitude ou de apresentar uma conduta que 
era esperada para a situação. Age com 
descuido, indiferença ou desatenção, não 
adotando as devidas precauções. 
IMPRUDÊNCIA 
A imprudência, por sua vez pressupõe uma 
ação precipitada e sem cautela. A pessoa não 
deixa de fazer algo, não é uma conduta 
OFICIAL – quando se origina 
de uma repartição. Ex: IML 
 
 
 
 
OFICIOSO – todo documento 
emitido pelo dentista. 
 
 
PROCEDÊNCIA 
ADMINISTRATIVO – todo 
documento elaborado pelo CD, 
para ser apresentado para uma 
pessoa, empresa. IML 
 
JUDICIAL – todo documento 
feito pelo CD usado em um 
processo judicial. 
 
 
FINALIDADE 
VERDADEIRO contém dados 
técnicos e fatos verídicos. 
 
 
 
 
FALSO - quando o 
documento difere da 
realidade. 
 
 
CONTEÚDO 
omissiva como a negligência. Na imprudência 
é tomado uma atitude diversa da esperada. 
IMPERÍCIA 
Para que seja configurada a imperícia, é 
necessário constatar inaptidão, ignorância, 
falta de qualificação técnica, teórica ou prática 
ou ausência de conhecimentos elementares 
e básicos para a ação realizada. 
Identificação 
IDENTIDADE – conjunto de características 
exclusiva de uma pessoa que possibilita sua 
distinção entre as demais. 
IDENTIFICAÇÃO – processo técnico, no qual 
determina a identidade de uma pessoa. Nos 
processos de identificação a Odontologia legal 
pode realizar exame clínico, análise da ficha 
odontológica e imagens radiológicas. As 
radiografias das arcadas dentárias, ante -
mortem e post-mortem é um instrumento 
fundamental de identificação. A perícia é uma 
investigação realizada pelos peritos criminais, 
fazem exames e estudam os documentos 
com objetivo de elucidar um fato ou 
evidenciar um estado ou situação. 
Sistema Estomatognático 
Formado por estruturas estáticas e dinâmicas. 
 
 
 
 
ESTÁTICAS
Maxila 
Mandíbula ATM
Arcos 
dentários
Osso hióide 
DINÂMICA 
mm.. Mastigatorios
Língua Lábios
Bochechas
Supra e infra-
hióideos 
Temperatura Coloração Estrutura 
dentária 
100 Sem alteração Sem alteração 
150 Amarelado Ruptura 
superficiais 
175 Esmalte brilhante Fissuras e 
rupturas de 
raízes 
215 Esmalte 
acinzentado 
Ruptura de 
raízes 
255 Esmalte 
acinzentado e 
raízes castanhas 
Fissuras 
maiores 
270 Coroa cinza e 
brilhante 
Esmalte 
afetado e com 
fissuras 
400 Esmalte 
castanho escuro 
e dentina azulada 
Estalidos de 
coroas 
800 Dentina 
carbonizada 
Diminuição do 
volume das 
raízes 
1100 Dentina 
carbonizada 
esmalte castanho 
Fibras de 
tomes 
desaparecem 
Identificação pela Arcada 
Dentária 
Não existe pessoas com as arcadas dentárias 
iguais, ou seja, cada um possui características 
únicas. Através do material analisado deverá 
observar os registros para afirmar ou negar 
se pertence a pessoa procurada 
A identificação funciona, basicamente, pela 
comparação entre as chapas de raios X feitas 
pelo dentista do suposto falecido e chapas 
dos dentes do cadáver tiradas exatamente do 
mesmo ângulo. 
 
Identificação pela Anatomia do 
Crânio 
Estudo para identificação do crânio 
começando desde a mandíbula e maxila, e 
por último se analisa cada dente 
individualmente. 
Identificação pelo DNA 
É um método de identificação confiável, e 
depende do grau de degradação do corpo. A 
polpa dentária é uma das estruturas 
orgânicos disponíveis para análise do DNA. 
Determinação do sexo pelas 
características cranianas 
É necessário conhecer a anatomia craniana 
para poder distinguir o crânio masculino ou 
feminino. 
HOMENS 
Fronte mais inclinada para trás, e glabela maispronunciada. 
 
MULHERES 
Ossos mais leves, menores e extremidades 
com dimensões menores 
 
 
Estimativa de idade pelos dentes 
Deverá analisar vários aspectos: estrutura, 
peso, presença de rugosidade e outros. A 
presença dos 3° molares, de dentes decíduos 
e o estágio de formação das raízes, são 
fatores que ajudam a determinar a idade do 
indivíduo. 
 
Estimativas da altura usando os 
dentes 
Incisivos centrais, laterais e caninos inferiores, 
comprovado por meio de cálculo pode 
determinar a altura mínima e máxima de um 
indivíduo. 
Autópsia Virtual 
A autópsia virtual é aplicada na identificação 
de corpos carbonizados e putrefatos, para 
desastres em massa e estimativas virtuais. 
 
 
 
 
 
 
 
Traumatologia, Asfixia e identificação 
Trauma 
O termo “trauma” é usado para definir ou 
descrever as lesões causadas por um evento 
que gera um ferimento de maneira 
inesperada, ou seja, envolvem danos 
causados por acidentes diversos, violência ou 
agressões, que podem ocasionar feridas 
graves e afetar órgãos, de modo que 
precisam ser tratados de forma ágil por 
especialistas. 
Lesão 
É um termo não específico usado para 
descrever qualquer dano ou mudança 
anormal no tecido de um organismo vivo. Tais 
anomalias podem ser causadas 
por doenças, traumas ou simplesmente pela 
prática de esportes. 
 
Energias vulnerantes 
A quantidade de energia física, química, 
biológica, genericamente chamada de trauma 
que transmitem essa energia, são 
denominados, agentes vulnerantes. 
Ação Contundente 
A transferência de energia cinética para este 
corpo produz uma lesão contusa, causada 
por pressão, deslizamento ou ambas. 
AÇÃO DIRETA – Quando resulta em danos 
na área de contato do agente com o corpo. 
AÇÃO INDIRETA – Quando o dano ocorre no 
lado oposto, ex: pancadas na cabeça. 
 
FÍSICA
•Mecânica 
•Térmica
•Barometrica
•Radiante
•Eletrica 
QUÍMICA
•Cáustica
•Veneno
MISTA
•Asfixia 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tecido
https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7as
https://pt.wikipedia.org/wiki/Trauma_f%C3%ADsico
https://pt.wikipedia.org/wiki/Esportes
As lesões contusas podem ser: abetas ou 
fechadas. 
Lesões Contusas Fechadas 
São lesões em que as características da pele 
na área acometida são mantidas, onde o 
golpe não consegue destruir a elasticidade 
superficial da pele. 
 
RUBEFAÇÃO – Vermelhidão (hiperemia) que 
acontece na área do trauma, em decorrência 
a dilatação dos vasos. 
 
 
 
TUMEFAÇÃO – Branqueamento e edema 
(inchaço) da pele na área do impacto, 
apresenta ao redor uma hiperemia 
EQUIMOSE – Lesão identificadas por meio da 
absorção de hemorragia que ocorre nos 
tecidos, provocada pelo sangue que 
transborda. 
 
 
 
As equimoses e sugilações geralmente são 
formadas por sugações nas ações sexuais. 
Petéquias e sugilações geralmente são 
decorrência de situações como: golpes. 
PETÉQUIAS: O sangramento subcutâneo é 
pequeno e somem rapidamente. 
SUGILAÇÕES: Aparecem inúmeras 
inflamações em forma de pontos 
avermelhados. 
As equimoses vão mudando de cor no 
decorrer dos dias, o sangue que é 
transbordado dos vasos para os tecidos é 
absorvido. 
Rubefação Hematoma 
Entorse Tumefação
Equimose Bossa
 
HEMATOMA - O hematoma é um acúmulo 
de sangue fora dos vasos sanguíneos, 
podendo acontecer em qualquer lugar do 
corpo. Geralmente o surgimento 
do hematoma é decorrente de alguma lesão 
ou trauma. Além disso, é identificado como 
uma mancha na pele que pode ser vermelha, 
azul, roxa ou até mesmo preta. 
 
BOSSA – Protuberância ou calombo formado 
em consequência de uma contusão; galo, 
inchaço. Acúmulo de uma substância 
amarelada, pode se misturar com sangue, 
devido a uma forte pressão. 
 
ENTORSE - A entorse consiste em lesões 
dos ligamentos na região de articulações por 
traumas torcionais. Popularmente, é 
conhecida como “torção”. Pode ocorrer em 
qualquer articulação do nosso corpo. 
Lesões Contusas Abertas 
São ocasionadas quando o agente 
contundente rasga os tecidos, de forma 
contínua. 
 
ESCORIAÇÃO – Escoriação são lesões 
simples, que ocorrem na camada mais 
superficial da pele. No geral, o sangramento é 
pequeno, porém podem ser muitos 
dolorosos porque as terminações nervosas 
ficam expostas. 
 
FERIDA CONTUSA – É provocada por onde 
há o esgarçamento da pele e que atinge o 
tecido celular subcutâneo. São produzidas por 
objeto rombo e são caracterizadas por 
traumatismo das partes moles, hemorragia e 
edema. 
Escoriação Blast Injury
Ferida 
contusa
Encravamento 
BLAST INJURY – É causada após uma 
explosão causando propagação de gases 
gerando movimento rápido e brusco. 
 
ENCRAVAMENTO – Lesão produzida pela 
penetração de objeto afixado em qualquer 
parte do corpo. 
Instrumentos Cortantes 
Causam ferida incisa quando a energia cinética 
é provocada pelo deslizamento e pressão de 
parte cortante da lâmina fixa. 
Na parte inicial apresenta-se um pouco mais 
profunda e findando com a cauda da 
escoriação. 
A cauda da escoriação indica a finalização do 
movimento realizado com o instrumento, 
revelando se o agressor é dentro ou canhoto. 
Feridas incisas: 
ESGORJAMENTO: Lesão provocada por 
objeto cortocontudente, na região do 
pescoço, podendo ocorrer por homicídio ou 
acidental. 
DEGOLAMENTO: Agressão que provoca 
lesão incisa na parte posterior do pescoço, 
podendo ser profunda ou superficial. 
DECAPITAÇÃO: Quando a agressão ocasiona 
a remoção da cabeça. 
ESQUARTEJAMENTO: Desmembramento 
ou corte do copo em pedaços. 
ESPOJAMENTO: Ferimentos encontrados 
nas mãos ou antebraços. 
Instrumentos Perfurantes 
Instrumentos com ponta afiada, que numa 
agressão a ponta ao ser introduzida no corpo, 
afasta as fibras dos tecidos pela pressão. 
Instrumentos Perfurocortantes 
Material pontiagudo ou que os fios de corte 
é capaz de causar perfurações ou cortes. 
Asfixias Mecânicas 
Dificuldade ou impossibilidade de respirar, que 
pode levar à anóxia; pode ser causada por 
estrangulamento, afogamento, instalação de 
gases tóxicos, obstrução mecânica ou 
infecciosas das vias aéreas superiores. 
Tipos de Asfixias 
• Ausência ou redução da pressão de 
oxigênio na atmosfera; 
• Obturação dos orifícios respiratórios 
externos; 
• Obturação do trato respiratório; 
• Restrição dos movimentos respiratórios 
do tórax; 
• Função cardíaca diminuída, que impede 
a manutenção do fluxo circulatório; 
• Diminuição da capacidade do sangue de 
transportar oxigênio; 
• Incapacidade de células de tecido 
periférico em usar oxigênio. 
Sinais clássicos da Asfixia: 
HEMORRAGIAS PETEQUIAS 
Coleções pontuais de sangue. 
 
CONGESTAÇÃO E EDEMA 
Obstrução do retorno venoso e lesão capilar, 
resultando em vasodilatação. 
 
4 mecanismos principais da Asfixia: 
ANOXIA – Ocorre pela compressão direta da 
laringe ou traqueia. 
ISQUEMIA CEREBRAL – Compressão do 
sistema nervoso e ou arterial. 
INIBIÇÃO CARDÍACA REFLEXA – Ocorre 
pela estimulação de barorreceptores nos 
seios carotídeos e artérias carótidas. 
LESÃO NA COLUNA – Rara, ocorre em 
enforcamento com queda livre do corpo. 
Sufocamento 
Por obstrução 
dos orifícios 
respiratórios 
Impede a passagem do ar 
produzido anóxia. 
Por oclusão do 
trato respiratório 
Geralmente entre a 
faringe e a bifurcação da 
traqueia. 
Por compressão 
torácica 
abdominal 
Produz a fixação dos 
movimentos respiratórios. 
Devido à falta de 
ar respirável 
Devido a redução da 
concentração de oxigênio 
para respirar 
 
 
Identificação de Corpos 
carbonizados 
1° GRAU: atingem as camadas superficiais da 
pele. Apresentam vermelhidão, inchaço e dor 
local suportável, sem a formação de bolhas; 
2° GRAU: atingem as camadas mais profundas 
da pele. Apresentam bolhas, pele 
avermelhada, manchada ou com coloração 
variável, dor, inchaço, desprendimento de 
camadas da pele e possível estado de 
choque; 
3º GRAU:atingem todas as camadas da pele 
e podem chegar aos ossos. Apresentam 
pouca ou nenhuma dor e a pele branca ou 
carbonizada; 
4 º GRAU: destruição total da pele e tecidos 
profundos; 
5º GRAU: restos cremados. 
 
Resfriamento e Hipotermia 
Hipotermia é quando a temperatura do corpo 
se encontra abaixo dos 35°C. O organismo 
humano, para realizar suas funções 
metabólicas, precisa apresentar temperatura 
entre 36°C e 37.5°C. 
As lesões provocadas pelo frio pode ser: 
1º GRAU – Eritema; 
2º GRAU – Vesicação; 
3º GRAU– Necrose. 
Lesão por eletricidade 
 Queimadura elétrica é uma lesão ocasionada 
por uma corrente elétrica que passa pelos 
tecidos. As lesões por eletricidade podem ser 
categorizadas em queimaduras tipo "flash", 
queimaduras em arco e queimaduras elétricas 
diretas ou verdadeiras. Cada uma delas 
possuindo sua característica clínica e 
prognóstico. Estas lesões ocorrem no 
percurso da corrente entre os pontos de 
saída e de entrada. 
A resistência do organismo à passagem da 
corrente elétrica depende de muitos fatores, 
tanto externos quanto internos. 
A pele úmida, transpirada ou mal enxugada 
favorece a passagem da corrente, e mais 
ainda se a vítima se encontra sobre um chão 
molhado. 
 
Marcas de mordida 
Podem ser estudados na pele da vítima ou do 
agressor. Os casos mais frequentes de 
mordidas são: estupro, abuso infantil, 
sequestro e roubo. 
DISTORÇÃO PRIMÁRIA – Ocorre quando a 
marca da mordida ocorre. 
DISTORÇÃO SECUNDÁRIA – Ocorre após a 
mordida e nos tecidos como resultado da 
passagem do tempo. 
 
Lesões por meios Químicos 
São provocadas por substância química em 
contato com a pele ou mesmo através das 
roupas. 
 
Ácido Sulfúrico 
Escaras roxas, pretas 
ou castanho escuras, 
secas e endurecidas, 
que ao serem 
arrancadas provocam 
hemorragias. 
 
Soda Cáustica 
Escaras vermelhas e 
brancas, por hidratação 
celular. 
Ácido Nítrico Escaras amarelas 
Ácido Clorídrico Escaras cinza a roxas. 
Ácido Fênico Escaras esbranquiçadas. 
 
Ácido Acético 
Escaras moles e 
úmidas, esbranquiçadas 
a amareladas. 
 
 
Papel do Dentista em Casos de Abuso 
Infantil 
Maus-tratos é uma violência praticada por um 
agente contra um outro ser que esteja sob 
seus cuidados. Este tipo de agressão pode se 
consolidar de 2 formas, seja física ou 
psicológica. 
Os maus tratos pode ser: 
POR OMISSÃO 
Carências físicas: abandono, falta de higiene 
mínima, falta de suprimento de alimentos, falta 
de proteção às inclemências climáticas 
(intempéries, frio, desidratação etc.); 
 
Carências afetivas: de gravíssimas 
proporções no desenvolvimento da criança. 
POR AÇÃO 
Maus-tratos físicos: sob a forma de contusões 
(tapas, murros, chutes, empurrões); lesões 
mecânicas (punctórias, incisas e perfuro 
incisas); queimaduras, por sólidos ou líquidos 
quentes, ou com objetos específicos 
(cigarros); intoxicações por álcool, sedativos 
(drogas psicolépticas) ou gás de cozinha, 
entre outras. 
Abuso sexual 
Maus-tratos psíquicos: gritos, encerros ou 
encarceramento prolongado, abuso 
emocional, coação, ameaças de castigos 
severos etc. 
Lesões 
Lacerações do lábio superior 
Escoriações na mucosa oral 
Mordeduras humanas 
Queimaduras química 
 
Equimoses múltiplas e hematomas – pode 
se localizar em qualquer parte do corpo. 
 
Equimoses Elipsoidais – produzidas por 
dedos, nos braços e antebraços. 
 
Áreas de alopecia – na região frontal e 
parietal. 
Arranhões – lineares ou semilunares, em 
qualquer parte do corpo. 
 
Deformidades da orelha externa – orelha 
em couve-flor, rupturas da cartilagem e 
sobre reparação espontânea. 
 
Queimaduras Térmicas – reproduz o objeto 
aquecido. 
 
Lesões genitais – lacerações, equimoses. 
 
Lesões anais – estende-se ao períneo, 
lacerações e rupturas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tipos de Identificação Humana 
Datiloscopia é dedicada à análise das 
impressões digitais. Suas técnicas permitem 
identificar indivíduos. 
Dadas essas particularidades, o Estado é 
responsável por registrar as impressões 
digitais dos cidadãos para permitir sua 
identificação. Nesse contexto, a datiloscopia 
adquire importância, o que permite às 
pessoas obter, registrar, classificar e 
reconhecer as impressões digitais. 
A datiloscopia trata da identificação e exame 
das impressões digitais e se divide em 
datiloscopia civil (que identifica pessoas para 
fins civis, como expedição de documentos 
etc.) e datiloscopia criminal (que identifica 
pessoas indiciadas em inquéritos, acusadas em 
processos ou em crimes). 
É amplamente utilizada para identificação e 
solução dos crimes. A análise e comparação 
de impressões digitais estão baseadas em 
três princípios: 
1° Permanece inalterado; 
 
2° É uma característica única e não existem 
dedos que possuam as mesmas 
características da crista; 
3° Possuem padrões de cume únicos que são 
classificados sistemicamente. 
Há quatro tipos de impressões digitais: 
ARCO: é o datilograma geralmente adéltico, 
formado por linhas que atravessam o campo 
digital, apresentando em sua trajetória formas 
mais ou menos paralelas abauladas ou 
alterações características. 
PRESILHA INTERNA OU ALÇA ULNAR: é o 
datilograma com um delta à direita do 
observador, apresentando linhas que, partindo 
da esquerda, curvam-se e voltam ou tendem 
a voltar ao lado de origem, formando laçadas. 
PRESILHA EXTERNA OU ALÇA RADIAL: é o 
datilograma com um delta à esquerda do 
observador, apresentando linhas que, partindo 
da direita, curvam-se e voltam ou tendem a 
voltar ao lado de origem, formando laçadas. 
VERTICILO: é o datilograma com um delta à 
direita e outro à esquerda do observador, 
tendo pelo menos uma linha livre e curva à 
frente de cada delta. 
 
Sistema de Vucetich 
Vucetich criou o seu próprio sistema de 
arquivamento e identificação, que foi 
implantado pela polícia de La Plata em 1891, e 
é utilizado ainda hoje. A fórmula utilizada por 
Vucetich é: 
 
A cada tipo de impressão digital são atribuídos 
um número e uma letra. É a partir daí que se 
compõe uma fórmula datiloscópica, conhecida 
como sistema datiloscópico de Vucetich. 
 
No arquivamento de Vucetich são utilizados 
os dez dedos das mãos da pessoa para 
classificação e arquivamento. Todas as 
impressões são coletadas e distribuídas em 
uma ficha específica que contém a sequência 
polegar, indicador, médio, anular e mínimo. 
Quando se examina uma impressão digital 
num suporte, obtida à custa do contato da 
última falange sobre a qual se depositou uma 
fina camada de tinta apropriada, verifica-se: 
A) Linhas pretas que correspondem as 
impressões das cristas papilares; 
B) Linhas brancas, paralelas as anteriores, que 
correspondem aos sulcos que existem entre 
as cristas; 
C) Pontos brancos sobre as linhas pretas, 
espaços punctiformes que correspondem 
aos poros (aberturas dos ductos excretores 
das glândulas sudoríparas). 
 
Quanto à disposição das linhas assinaladas, um 
desenho de polpa digital exibe três sistemas 
bem definidos: 
A) SISTEMA BASAL, um conjunto de linhas 
que se apresentam com trajeto paralelo ao 
sulco que se separa a segunda da terceira 
falange (primeira e terceira no caso dos 
polegares; 
B) SISTEMA MARGINAL, acima e ao redor 
do núcleo, constituído por um conjunto de 
linhas das bordas e extremidades da terceira 
falange (primeira e terceira no caso de 
polegares); 
 C) PONTOS BRANCOS, sobre as linhas 
pretas, espaços punctiformes que 
correspondem aos poros (aberturas dos 
ductos excretores das glândulas sudoríparas). 
 
 
As impressões são classificadas em: 
• Impressões de patentes; 
• Impressões plásticas; 
• Impressões latentes. 
De modo geral, as impressões latentes 
podem ser descritas como aquelas deixadas 
na cena do crime. Tais impressõespodem 
estar visíveis ou não: Impressões latentes 
visíveis são aquelas que mostram detalhes das 
papilas que podem ser identificados pelos 
dedos contaminados com substâncias tais 
como sangue, tinta, gordura ou sujeira e que, 
naturalmente deixam um contraste sobre o 
seu fundo, ou são produzidas quando 
impressões digitais são pressionadas contra 
superfícies plásticas (que se deformam), tais 
como betume, alcatrão, superfícies com 
película aderente, cera e queijo. 
As verdadeiras impressões latentes 
("escondidas") não são visíveis a olho nu, e 
consistem substancialmente apenas de 
secreções naturais da pele humana. Tais 
impressões exigem tratamento para que se 
tornem visíveis. Esse tratamento é chamado 
"revelação de impressão latente". 
Para revelar as impressões latentes, o 
especialista faz uso de alguns processos 
químicos ou físicos, nos quais as reações com 
as secreções da pele farão com que a 
impressão latente contraste com seu fundo. 
A técnica do pó é o método comumente 
usados pelas agências policiais. Os pós 
utilizados para o processo de 
desenvolvimento são compostos pelos 
componentes: óxido de chumbo, trissulfeto 
de antimônio, lampblack, iodeto de chumbo e 
sulfeto mercúrio. Outro componente é o 
aglutinante como agente adesivo como sílica 
gel, caulino, resina e amido. 
 
Determinação de gênero e raça 
A ascendência pode ser acessada através do 
estudo do esqueleto facial e da comparação 
das características com as principais 
características de três grupos raciais: 
mangóide, negróide e caucasóide. 
Craniometria 
A análise dos ossos do crânio contribui na 
identificação humana, auxiliando a 
antropologia forense nas suas três áreas, pelo 
reconhecimento do grupo biológico (raça, 
estatura e sexo), do indivíduo biológico 
(reconstrução facial, marcas de estresse), e a 
identificação positiva, caracterizada pela 
análise da arcada, anomalias e sobreposição 
de fotografias do crânio. 
A craniometria representa a medição do 
crânio, cujos valores podem determinar o 
sexo, a ancestralidade, estatura e a idade do 
indivíduo. 
O crânio feminino tem fronte mais vertical, 
sutura frontonasal (localizada entre o osso 
frontal e os ossos nasais) curva, saliências 
ósseas e os processos mastoídes, que são 
preenchidos por células aéreas mastóideas e 
revestido internamente por uma membrana 
mucosa e estiloide, que se caracteriza pela 
projeção espicular do aspecto inferior do 
osso temporal, apresentando-se em ambos 
os processos, menos desenvolvidos que no 
crânio masculino. 
Rugoscopia palatina 
As rugas palatais foram equiparadas a 
impressões digitais e são únicas para um 
indivíduo. Pode ser de especial interesse em 
casos desdentados e também em certas 
condições em que não há dedos a serem 
estudados, como corpos que sofreram 
queimaduras ou decomposição grave. 
CLASSIFICAÇÃO DE THOMAS E KOTZE 
 
A) Dimensão e prevalência de Rugae; 
B) Comprimento - determinado de acordo 
com a última dimensão rugal e classificado 
como ruga primário, secundário e 
fragmentário; 
C) Prevalência - o Rugae é determinado 
contando e registrando o número em cada 
categoria (Primário, Secundário e 
Fragmentário) e não o número total de cada 
lado; 
D) Área - determinação da área de superfície 
das rugas primárias; Detalhes das rugas 
primárias - Estes podem ser descritos como 
anulares, papilares, reticulados, ramos, 
unificação, quebras, unificação com 
dimensões não primárias do padrão de rugas 
não-primárias - Distância entre a maioria 
papila incisiva e ponto mais anterior no padrão 
das rugas, independentemente do lado; 
E) Distância entre a papila incisiva e a borda 
posterior do último sulco primário ou 
secundário; 
F) Distância entre a papila incisiva e a borda 
posterior do último sulco (incluindo 
fragmentário); 
G) Ângulo de divergência - Medido em grau 
entre a linha formada pelo rafe palatal medial 
e a linha que une a papila incisiva com a 
origem da maioria das rugas primárias ou 
secundárias posteriores em um lado do 
palato; 
H) Largura - A linha que une as pontas da 
cúspide mesiopalatal do primeiro molar 
superior permanente ou do segundo molar 
decíduo é usada para projetar um ponto 
abaixo e perpendicular a ele na margem 
gengival para determinar a largura; 
I) O ponto de profundidade abaixo e 
perpendicular à linha que une as pontas da 
cúspide mesiopalatal do primeiro molar 
permanente superior ou do segundo molar 
decíduo na rafe mediana é usado para 
determinar a profundidade; 
J) Centro - A distância perpendicular entre a 
linha que une as pontas da cúspide 
mesiopalatal do primeiro molar permanente 
superior ou do segundo molar decíduo e o 
ponto na rafe palatina mediana determina o 
centro. 
Classificação dos padrões de unificação de 
rugas: 
• Convergência 
• Divergência. 
Fotografias e impressão do arco maxilar: 
Vantagens: comparações futuras podem 
ser feitas, fáceis de executar e 
econômicas. 
Programas de software de computador: 
A sobreposição de várias fotografias 
digitais para comparar o padrão ruga e 
pode ser executada usando vários 
softwares de computador, por exemplo, 
RUGFP-ID, Software de comparação 
Palatal Ruga (PRCS versão 2.0). 
Calcorrugoscopia ou impressão de 
sobreposição: Pode ser usada para 
realizar análises comparativas. 
Estereoscopia: Pode ser usada para obter 
a imagem tridimensional da anatomia das 
rugas palatais. 
Estereofotogrametria: Permite uma 
determinação precisa do comprimento e 
posição de cada ruga Palatal 
 
 
Tanatologia Forense 
A tanatologia forense é a parte da medicina 
legal que aborda sobre a morte, dos 
fenômenos a ela relacionados e da legislação 
que lhe é concernente. Ou seja, é uma ciência 
que vai surgir com a finalidade de esclarecer 
a realidade da morte, as características ante 
e pós-morte e, desta forma, colaborar para o 
diagnóstico diferencial médico-legal. 
 O exame tanatológico constitui-se de grande 
importância pericial, definindo tempo, causa e 
até o local da morte, utilizando-se também de 
características peculiares presentes no 
cadáver, podendo até finalizar um caso de 
difícil elucidação por meio da análise e exame 
dos arcos dentais. A cronologia da morte é o 
tempo em que aparecem as várias fases por 
que passa o cadáver, desde o instante em 
que se processa a morte. 
Quando a respiração e atividade cardíaca é 
cessada, tem início a morte dos tecidos e 
órgãos, numa sucessão mais ou menos 
regular, que depende das exigências 
nutritivas. 
Destino dos corpos 
 
EXUMAÇÃO 
Nos casos de 
exumação, os corpos 
ou esqueletos devem 
voltar para a sepultura. 
 
 
INUMAÇÃO 
Ainda é o destino mais 
comum (maioria dos 
casos de morte natural), 
ou após necropsia 
realizada no Instituto 
Médico Legal ou no 
Serviço de verificação 
de óbitos. 
CREMAÇÃO Incineração do cadáver. 
 
TRANSPLANTE 
A transferência e a 
implantação de tecidos 
e órgãos. 
 
Modalidades de morte 
MORTE NATURAL 
É aquela que ocorre por força independente 
das ações do próprio homem, que advém da 
senilidade ou das patologias. 
 
MORTE SUSPEITA 
É a que gera um caso duvidoso quanto a 
causa jurídica. Não se pode desprezar a 
hipótese de ela ter sido provocada por causas 
naturais, mas as circunstâncias inspiram 
desconfiança, e então é imposto o exame 
necroscópico para esclarecimento. Neste 
caso, considera-se cinco hipóteses a saber: 
A) Morte súbita; 
B) Criptoviolência (suspeita circunstancial): 
inexistência de lesões externas, suspeita de 
violência oculta (por exemplo: 
envenenamento); 
C) Violência indefinida: existência de lesões 
externas insuficientes para caracterizar a 
etiologia jurídica; 
D) Violência definida: existência de lesões que 
apontam para determinada natureza jurídica, 
porém somente esclarecida com exame 
necroscópico; 
E) Infortúnio do trabalho: dúvida quanto aonexo causal. 
 
 
 
MORTE VIOLENTA 
São consideradas as mortes que ocorrem 
por força de acidentes, em consequência de 
suicídio ou de atos criminosos. 
MORTES ACIDENTAIS 
São as mortes decorrentes de acidentes 
domésticos, como queda de escadas, 
ingestão acidental de venenos, eletrocussões, 
mortes resultantes de acidentes de trabalho, 
acidentes de trânsitos, acidentes de aviação 
etc. 
SUICÍDIO 
É todo caso de morte que resulta direta ou 
indiretamente, de um ato positivo ou 
negativo, cumprido pela vítima, que sabia 
dever produzir esse resultado. 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: 
Odontologia Legal & Antropologia Forense, 
2ª edição - VANRELL, Jorge Paulete; 
HUPP, James R.; TUCKER, Myron R.; ELLIS, 
Edward.Cirurgia oral e maxilofacial 
contemporânea. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2015. 692 p